Conhecem o Alfa, o pequeno extraterrestre? Veio do Planeta Maquineta onde só havia máquinas. Máquinas para brincar, para cozinhar, para ensinar. Nasceu amarelinho como o sol, com duas antenas como as borboletas e no seu peito, tic-tac, tic-tac, batia um coração igual ao dos meninos. Sentia-se ali muito sozinho e sonhava ter amigos. Certo dia, resolveu meter-se num disco voador para voar pelo céu. Voou, voou, voou até que descobriu, ao longe, um planeta azul. – Terra – anunciou a voz metálica da nave. – Que maravilha! Quando se aproximou, que viu ele? Uma nuvem de balões azuis, vermelhos, de todas as cores, subindo na sua direcção. – Como as pessoas são amáveis! Que maneira simpática de me receberem… Mal adivinhava que era o primeiro dia de aulas e havia festa nas escolas. – Parece que estão mesmo a convidar-me… – pensou o Alfa, carregando no pedal para aterrar. A nave pousou no pátio das traseiras, onde, por pouco, não chocou com um gato. – Miau… Que vens tu fazer para aqui? Miau… Vens caçar pássaros? – perguntou-lhe o gato. – Ando à procura de amigos. O gato riu-se à maneira dos gatos e disse: – Não contes comigo. Está na hora de afiar as unhas. Deu dois passos e viu um girassol com a cara muito redonda. – Que vens fazer para aqui? Apanhar flores? O pequeno Alfa murmurou: – Ando à procura de amigos. O girassol riu-se à maneira dos girassóis, abanando as pétalas douradas, e virou-lhe a cara, pois a única coisa que lhe interessava era apanhar sol. Um bocadinho triste, o Alfa foi andando até à porta da escola, onde estavam os meninos. Uns eram brancos, outros amarelos, outros cor de chocolate. Mas nenhum era amarelo como ele. Iriam aceitá-lo? – Olhem! Tão giro! – exclamou um deles. – Tão amarelo! Se um burro o vê é capaz de o confundir com uma banana… – gracejou outro. – Como te chamas? – Sou o Alfa. Todos queriam admirá-lo, tocar-lhe, brincar com ele. – Senhora professora, o Alfa pode ser a nossa mascote? Se a professora se aproximasse, seria melhor tornar-se invisível. Mas nem teve tempo. À sua frente surgiu logo uma senhora espantada, com os cabelos em pé, pois estava à espera de encontrar um hamster ou um ursinho de peluche. – Estás mascarado? Alguém entornou uma lata de tinta amarela na tua cabeça? – Sou mesmo assim. Ando à procura de amigos. A professora sorriu, deu-lhe a mão e entraram todos na sala de aula. Agora, o Alfa está na escola, com as crianças do 1.° ano. Sabe tudo o que lhe ensinou a máquina sabichona do Planeta Maquineta, mas pouco sabe da vida. Quem quer ser seu amigo? Luísa Ducla Soares