1 UNIVERSIDADE DO CONTESTADO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL MARCIA MORO ÍNDICE DE DESEMPENHO MUNICIPAL: APLICAÇÃO DE UM MODELO METODOLÓGICO PARA OS MUNICÍPIOS DE SANTA CATARINA CANOINHAS 2013 2 MARCIA MORO ÍNDICE DE DESEMPENHO MUNICIPAL: APLICAÇÃO DE UM MODELO METODOLÓGICO PARA OS MUNICÍPIOS DE SANTA CATARINA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para a obtenção do título de Mestre, do Curso de Mestrado em Desenvolvimento Regional, ministrado pela Universidade do Contestado – UnC, sob orientação da professora Dra. Marley Vanice Deschamps. CANOINHAS 2013 3 ÍNDICE DE DESEMPENHO MUNICIPAL: APLICAÇÃO DE UM MODELO METODOLÓGICO PARA OS MUNICÍPIOS DE SANTA CATARINA MARCIA MORO Este Trabalho de Conclusão de Curso (dissertação) foi submetido ao processo de avaliação para a obtenção do Título de: Mestre em Desenvolvimento Regional E aprovado na sua versão final em ___________________ (data), atendendo às normas de legislação vigentes da Universidade do Contestado e Coordenação do Curso de Mestrado em Desenvolvimento Regional. _____________________________________ Maria Luiza Milani Avaliadores: Profª. Drª. Marley Vanice Deschamps (Orientadora) Profª. Drª. Deborah Ribeiro Carvalho (PUCPR) (Membro externo) Profº. Dr. Reinaldo Knorek (UNC) Membro Profº. Dr. Jairo Marchesan (UNC) (Suplente) 4 Dedicatória Dedico este trabalho a meus familiares, principalmente meu marido pela paciência e pelas noites mal dormidas. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço aos familiares, amigos, colegas de estudo e trabalho pela paciência; à professora orientadora pela ajuda nos momentos certos e aos professores avaliadores pelas dicas para que este trabalho pudesse ser concluído. 6 “Não importa aonde você parou... Em que momento da vida você cansou... O que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar". Recomeçar é dar uma chance a si mesmo... É renovar as esperanças na vida e o mais importante... Acreditar em você de novo. [...]” (Carlos Drummond de Andrade) 7 RESUMO O presente trabalho propõe aplicar uma metodologia de um índice composto, para determinar um índice de desempenho municipal para os 293 municípios do estado de Santa Catarina. Será determinado o Índice Catarinense de Desempenho Municipal (ICDM) com periodicidade anual e ainda, o Índice Catarinense de Desempenho das Secretarias de Desenvolvimento Regionais (ICD-SDR’s) pelo mesmo processo metodológico. A pertinência dos Indicadores Sociais, reestabelecida na década de 1980, está diretamente ligada à formulação, implementação e monitoramento das políticas públicas por lideranças populares, políticos e pela população em geral. Essa aferição das desigualdades nos torna capazes de proporcionar um meio de interpretação dos vários aspectos da dinâmica socioeconômica nos diversos segmentos do território, pois estatísticas devidamente combinadas podem representar aproximadamente um conceito de condição de vida idealizado. A composição de um índice envolve uma série de decisões metodológicas buscando na sintetização das informações estatísticas o reflexo das políticas públicas à luz da realidade social, para tanto, a seleção do conjunto básico de indicadores deve se ajustar a disponibilidade de sistemas de informação, fontes de dados, recursos, prioridades e necessidades específicas em cada região visando à redução das disparidades regionais aplicando gastos públicos estratégicos. Até o momento, como medida síntese o estado de Santa Catarina tem a sua disposição o IDH-M com periodicidade decenal, pois a base de dados para gerar os indicadores é disponibilizada pelo Censo Demográfico do IBGE, e o Índice Firjam de Desenvolvimento Municipal (IFDM) anual. Optou-se neste trabalho por adotar a metodologia desenvolvida pelo IPARDES para o estado do Paraná, o Índice Paranaense de Desempenho Municipal (IPDM) para determinar o ICDM, pois além de serem estados vizinhos pertencentes a região sul possuem algumas características comuns como a considerável participação na produção agropecuária e o atendimento à educação básica (infantil, fundamental e médio) por quase todos os municípios estudados. O conjunto de dados para seu cálculo está disponível nos sistemas de informações anuais, oriundas de registros administrativos, em sua maioria, obrigatórios e disponibilizados pelos Ministérios do Trabalho, Educação e Saúde, possibilitando avaliar e monitorar as políticas públicas adotadas neste estado anualmente. Inicia-se uma discussão sobre qual das metodologias mostra-se mais eficaz na avaliação dos municípios catarinenses mediante análise dos resultados e de suas características construtivas sinalizando que mais do que disponibilidade de dados é reforçar a importância das dimensões adotadas sugerindo que trabalhos futuros procurem aperfeiçoar este processo metodológico através da inserção de uma nova dimensão. Palavras chave: indicadores, índices, desempenho, desenvolvimento, crescimento. 8 ABSTRACT This paper proposes a methodology for applying a composite index to determine an index of municipal performance for the 293 municipalities of the state of Santa Catarina. The Santa Catarina Municipal Performance Index ( ICDM) will be determined on an annual basis and also the Santa Catarina Performance Index Departments of Regional Development (ICD - SDR 's) by the same methodological process. The relevance of Social Indicators, reestablished in 1980, is directly linked to the formulation, implementation and monitoring of public policies for popular, political leaders and the general population. This measurement of inequality enables us to provide a means of interpretation of various aspects of socio-economic dynamics in the various segments of the territory, as duly combined statistics may represent about a concept of idealized condition of life. The composition of an index involves a number of methodological decisions aiming at synthesizing the statistical information reflects the policies in the light of social reality , therefore, the selection of the core set of indicators should fit the availability of information systems, sources of data, resources, priorities and needs in each region in order to reduce regional disparities by applying strategic public spending. So far as summary measure the state of Santa Catarina has at its disposal the HDI -M decennial intervals, as the database to generate the indicators is available from the demographic census and Firjam Municipal Development Index (IFDM) annual. We chose this work by adopting a methodology developed by IPARDES for the state of Paraná, Paraná Municipal Performance Index (PMDI) to determine the ICDM, as besides being neighbors belonging to southern states have some common characteristics such as the considerable participation in agricultural production and fulfillment of basic education (kindergarten, primary and secondary) for almost all municipalities. The set of data for its calculation is available in the annual information derived from administrative records, mostly required and provided by the Ministries of Labor, Education and Health, allowing you to evaluate and monitor public policies adopted in this state annually systems. Starts a discussion about which of the methodologies shown to be more effective in assessing the municipalities of Santa Catarina by analyzing the results and their construction rather than signaling that data availability is to reinforce the importance of the dimensions tested suggesting that future studies seek to perfect this methodological process by inserting a new dimension. Keywords: indicators, indexes, performance, development, growth. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Processo de agregação de valor informacional no indicador....... 29 Figura 2: Indicadores no processo de formulação de Políticas quadro teórico – conceitual de referência.................................................. 32 Figura 3: Dimensões da Sustentabilidade................................................. 52 Figura 4: Mesorregiões do Estado de Santa Catarina – 2010.................. 85 Figura 5: Secretarias de Desenvolvimento Regional de SC – 2010........ 90 Figura 6: Índice Firjam de Desenvolvimento Municipal – IFDM: Santa Catarina – 2005........................................................................... Figura 7: Índice Catarinense de Desempenho Municipal – ICDM – 2005 92 93 Figura 8: Índice Firjam de Desenvolvimento Municipal – IFDM: Santa Catarina – 2010............................................................................. 94 Figura 9: Índice de Desenvolvimento Humano – IDH-M – 2010.................. 95 Figura 10: Índice Catarinense de Desempenho Municipal –ICDM– 2010... 95 Figura 11:Classificação dos municípios segundo grupos do ICDM – Santa Catarina – 2010........................................................................... 98 Figura 12: Valor do rendimento nominal médio mensal dos domicílios Particulares permanentes com rendimento domiciliar, por situação do domicílio- Total (R$) - SC – 2010............................ 100 Figura 13: Índice Catarinense de Desempenho das Secretarias de Desenvolvimento Regional – Santa Catarina – 2008................. 107 Figura 14: Índice Catarinense de Desempenho das Secretarias de Desenvolvimento Regional – Santa Catarina – 2008.................. 108 10 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: ICDM: Média municipal e Coeficiente de Variação (CV) – Santa Catarina – 2005/2010........................................................................... Gráfico 2: Contribuição das dimensões para a variação da média do ICDM – Santa Catarina – 2005/2010................................................... Gráfico 3: Crescimento 97 médio dos 50 maiores e menores ICDM – Santa Catarina – 2005/2010........................................................................... Gráfico 4: ICD – SDR: 96 Média das Secretarias de Desenvolvimento 99 e Coeficiente de Variação (CV) – Santa Catarina – 2008/2010.............. 109 Gráfico 5: Contribuição das dimensões para a variação da média do ICD-SDR – Santa Catarina – 2010...................................................................... 110 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Agências de produção e disseminação de estatísticas públicas.......................................................................................... Quadro 2: Sites nacionais com estatísticas, indicadores e 34 relatórios Sociais ............................................................................................ 35 Quadro 3: Relação de alguns indicadores por área temática.......................... 40 Quadro 4: Fundamentos básicos para o Desenvolvimento Humano............... 45 Quadro 5: Classificação do nível de desenvolvimento segundo o IFDM......... 48 Quadro 6: Indicadores que compõem o IFDM – 2012 ano base 2010............ 48 Quadro 7: Indicadores que compõem o IPDM................................................. 50 Quadro 8: Princípios de Bellagio ..................................................................... 54 Quadro 9: Dimensões e Indicadores do IDNA – 2007............................. ....... 58 Quadro 10: Relação dos Indicadores Socioambientais disponíveis pelo IBGE – 2013.................................................................................. 61 Quadro 11: Descrição das informações estatísticas básicas e fontes de dados do IPDM............................................................................. 81 Quadro 12: Número de municípios segundo nível do ICDM – Santa Catarina – 2005/2010.................................................................... 98 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Produto Interno Bruto de Santa Catarina (mil reais).......................... 86 Tabela 2: Evolução do IDH do estado de Santa Catarina – 1991 a 2010.................................................................................................. 87 Tabela 3: ICDM: Média municipal segundo dimensões do ICDM – Santa Catarina – 2005/2010......................................................................... 97 Tabela 4: Número de estabelecimentos por setor de atividade econômica – 2010.................................................................................................. Tabela 5: Número de estabelecimentos 102 por subsetores de atividade econômica de SC – 2010................................................................... 102 Tabela 6:Média municipal dos indicadores que compõem o ICDM_educação e taxa de crescimento – 2005/2010.................................................... 105 Tabela 7: Média dos indicadores do ICDM_saúde e taxa de crescimento 2005/2010........................................................................................... Tabela 8: ICD-SDR: Média segundo 106 dimensões – Santa Catarina – 2008/2010.......................................................................................... 109 Tabela 9: Média dos ICDM e ICD-SDR – Santa Catarina – 2010..................... 115 13 LISTA DE SIGLAS APL’s Arranjos Produtivos Locais CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CDR Conselhos de Desenvolvimento Regional CEBEJA Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos CEBRAP Serviço Brasileiro de Aprendizagem Profissional CEDEPLAR Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais CEPAM Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal CIDE (RJ) Centro de Investigações Econômicas CIRJ Centro Industrial do Rio de Janeiro CODEPLAN(DF) Companhia do Planejamento do Distrito Federal CONDEPE (PE) Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco CV Coeficiente de Variação DATASUS Banco de Dados do Sistema Único de Saúde DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos EDUDATA Sistema de Estatísticas Educacionais FEE (RS) Fundação de Economia e Estatística FGV Fundação Getúlio Vargas FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro FUNDAP Fundacion para el Desarrollo Integral de Pequisas Socioeconômicos IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBICT Instituto Brasileiro de Informações em Ciência e Tecnologia ICDM Índice Catarinense de Desempenho Municipal ICDM_educação Índice Catarinense de Desempenho Municipal: dimensão Educação ICDM_renda Índice Catarinense de Desempenho Municipal: dimensão renda ICDM_saúde Índice Catarinense de Desempenho Municipal: dimensão saúde ICD-SDR’s Índice Catarinense de Desempenho das Secretarias de 14 Desenvolvimento Regional IDEB Índice de Desempenho da Educação Básica IDH Índice de Desenvolvimento Humano IDH_M Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IDHAD Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade IEL Instituto Euvaldo Lodi IFDM Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social IPDM Índice Paranaense de Desempenho Municipal IPEA Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas IPEADATA Banco de dados do IPEA IPLANCE (CE) Instituto de pesquisa e Estratégia Econômica LP Lavoura Permanente LT Lavoura Temporária MTE Ministério do Trabalho e Emprego NEPO North East Procurement Organisation ONU Organização das Nações Unidas PDE Plano de Desenvolvimento da Educação PDET Programa de disseminação de Estatísticas de Trabalho PIA População em idade ativa PIB Produto Interno Bruto PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento RAIS Relação Anual de Informações Sociais RDH Relatório do Desenvolvimento Humano RNB Renda Nacional Bruta SDR’s Secretarias de Desenvolvimento Regionais SEADE (SP) Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados SEEC Serviço de Estatística da Educação e Cultura SEI (BA) Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SESI Serviço Social da Indústria SIDRA Sistema IBGE de Recuperação Automática 15 SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade SINASC Banco de dados dos nascidos vivos SUS Sistema Único de Saúde VBP Valor Bruto da Produção 16 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 18 2 ÍNDICADORES DE DESENVOLVIMENTO E DESEMPENHO: TEORIAS E CONCEITOS ......................................................................................................... 26 2.1 INDICADORES E ÍNDICES: CONCEITOS, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. ........................................................... 26 2.1.1 Indicadores Sociais: Avaliadores de Políticas Públicas .................................... 27 2.1.2 Fontes dos Dados estatísticos ......................................................................... 33 2.1.3 Taxas: Razões que Estabelecem Indicadores ................................................. 39 2.1.4 Indicadores: Limites e legitimidades ................................................................. 41 2.2 INDICADORES SINTÉTICOS ............................................................................. 43 2.2.1 IDH_M, IFDM e IPDM: Definições e Metodologias ........................................... 44 2.3 INDICADORES SOCIOAMBIENTAIS – A QUARTA DIMENSÃO ....................... 51 2.3.1 Desenvolvimento Sustentável .......................................................................... 51 2.3.2 Indicadores de sustentabilidade ....................................................................... 55 2.4 DESENVOLVIMENTO, CRESCIMENTO E DESEMPENHO .............................. 62 2.4.1 Desenvolvimento e Crescimento ...................................................................... 63 2.4.1.1 Evolução das Teorias do Desenvolvimento Regional ................................... 66 2.4.2 O Processo de Desenvolvimento no Brasil em Santa Catarina ........................ 71 2.4.3 Desempenho .................................................................................................... 78 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 80 4 RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO DO ICDM E ICD-SDR’s ..................... 84 4.1 CONFORMAÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO CATARINENSE .................. 84 4.2 SECRETARIAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - SDR’S ....................... 87 4.3 ICDM ................................................................................................................... 91 4.3.1 Discutindo Sobre as Dimensões do ICDM ....................................................... 99 4.3.1.1 ICDM_renda ................................................................................................ 100 4.3.1.2 ICDM_ Educação ........................................................................................ 104 4.3.1.3 ICDM_Saúde ............................................................................................... 105 4.4 ICD-SDR’s ........................................................................................................ 106 4.5 OS MODELOS METODOLÓGICOS: ESPECIFICAÇÕES E CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS....... ..................................................... 110 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 113 17 6 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 119 7 APÊNDICES ........................................................................................................ 126 APENDICE A – ÍNDICE CATARINENSE DE DESEMPENHO MUNICIPAL – ICDM. ................................................................................................................................ 126 APÊNDICE B: ÍNDICE CATARINENSE DE DESEMPENHO DAS SECRETARIAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL – ICD-SDR ...................................................... 134 APÊNDICE C: PROCEDIMENTOS PARA DETERMINAÇÃO DO ICDM ................ 135 APÊNDICE D: PROCEDIMENTOS PARA DETERMINAÇÃO DO ICD-SDR: ......... 139 8 ANEXOS .............................................................................................................. 143 ANEXO A: METODOLOGIA IPDM .......................................................................... 143 ANEXO B:MUNICIPIOS QUE COMPÕEM AS 36 SDR’S DE SC - 2012 ................ 149 18 1 INTRODUÇÃO A pertinência dos Indicadores Sociais, reestabelecida na década de 1980, está diretamente ligada à formulação e implementação de políticas públicas, que atendem as necessidades sociais buscando a melhora na qualidade de vida da população. Posteriormente indicadores e índices foram aprimorados no sentido de subsidiar as atividades de planejamento público não só mediante a formulação de políticas sociais, como também possibilitando o monitoramento de sua eficiência e permitindo aprofundar a investigação acadêmica sobre a mudança social e sobre as determinantes dos diferentes fenômenos sociais. Para Mitchell (1996), os indicadores permitem obter informações sobre determinado assunto através do tratamento de dados originais, ainda, Jannuzzi (2001) o descreve como específico, sensível, reprodutível, comunicável, periódico a custos factíveis e desagregáveis em termos geográficos. Já os índices são destinados a comparar grupos de variáveis, sendo que Mueller et al. (1997) definem como um valor agregado de indicadores pré-estabelecidos e correlacionados. Já, Jannuzzi (2001) os difere em indicador simples (construídos a partir de uma estatística social específica) e indicador composto, também chamado de indicadores sintéticos ou ainda índices sociais (elaborados mediante a aglutinação de dois ou mais indicadores simples). Os índices, portanto, são ferramentas que possibilitam identificar as características econômicas e sociais essenciais para um desenvolvimento sustentável regional. Defende-se que através da medição das desigualdades podese proporcionar um meio de interpretação dos vários aspectos de um processo de estagnação econômica e os seus efeitos políticos e culturais nos diversos segmentos na sociedade. Esses instrumentos de medição possibilitaram traduzir quantitativamente um conceito abstrato de desenvolvimento socioeconômico na busca por estratégias para melhorar a utilização dos escassos recursos pelos gestores públicos e ainda permitiu as lideranças populares, aos políticos e até a população em geral utilizá-los para avaliar os avanços e retrocessos refletidos pelos respectivos programas, visando apontar a eficácia ou ineficácia dos mesmos. 19 Discutir sobre a importância e as características das medidas sínteses de avaliação para as políticas públicas, torna-se relevante à medida que se pretende descobrir qual atenderia melhor a este propósito, com intuito de avaliar a relação insumo/objetivo/resultado e assim corrigir e implementar programas para obtenção de um maior êxito, ou seja, num maior dinamismo econômico e social. Em resumo, indicadores e índices são medidas estatísticas que buscam numa análise quantitativa uma resposta qualitativa da realidade estudada, relacionada ao processo de análise, formulação e implementação de políticas públicas. Sua matéria-prima são os dados coletados pelas agências estatísticas por meio dos censos (periodicidade decenal), estimativas amostrais e registros administrativos provenientes das prefeituras municipais de responsabilidade de coleta dos gestores que deve ser feita de forma padronizada e por pessoal qualificado. Enfatizando a relevância da criação de indicadores sintéticos, apresenta-se algumas das atuais ferramentas de medição dos avanços e retrocessos das ações públicas implementadas tanto nacionalmente quanto internacionalmente: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), Índice Firjam de Desenvolvimento Municipal (IFDM) e Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM). Os modelos serão descritos de forma a apontar as diferenças e semelhanças entre seus métodos além de ressaltar suas possíveis virtudes e limitações. O estado de Santa Catarina possui duas medidas sínteses, a primeira foi desenvolvida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que faz uso de uma metodologia e disponibiliza uma medida estatística conhecida como IDH-M, sintetizando três dimensões: emprego e renda; educação; e saúde. São disponibilizados para todos os municípios brasileiros a cada dez anos, pois utilizada os dados dos censos demográficos. Essa medida busca descrever o nível de desenvolvimento humano, definido pelo PNUD (2011) como a expansão das escolhas pessoais às quais valorizamos, o crescimento econômico seria um meio importante de alargamento das possibilidades de escolha das pessoas. A segunda medida foi desenvolvida pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAM), através do Sistema FIRJAN, parceiro das empresas do Estado do Rio de Janeiro, que desenvolveu uma metodologia própria, o IFDM 20 também calculado para todos os municípios da nação, através de publicações anuais. O Sistema FIRJAM (2013) define que sua metodologia determina com precisão: “se a melhora relativa ocorrida em determinado município decorre da adoção de políticas específicas ou se o resultado obtido é apenas reflexo da queda dos demais municípios”. Seu índice é composto por dados oficiais dos aspectos básicos indispensáveis ao desenvolvimento local oriundos de pesquisas divulgadas pelo Ministério do Trabalho, Ministério da Educação e Ministério da Saúde, dividido com igual ponderação nas três principais áreas do desenvolvimento humano: emprego e renda, educação e saúde. Este trabalho propõe a determinação de uma terceira medida síntese, para tanto, adota como base a metodologia desenvolvida pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), que criou o IPDM. Desenvolvido em 2009, o IPDM mede o desempenho da gestão e das ações públicas dos 399 municípios paranaenses. Sua análise permite verificar o crescimento de suas taxas percentuais comparando-as aos resultados obtidos no período anterior ao ano em questão, a qual relaciona um conjunto básico de indicadores disponíveis num sistema de informações anuais provenientes de registros administrativos obrigatórios, em sua maioria, disponibilizados pelos Ministérios do Trabalho, Educação e Saúde verificando assim se houve melhora, ou não, em seu desempenho. Buscou-se, portanto, na sintetização dos dados estatísticos municipais, determinar um Índice de Desempenho Municipal, de periodicidade anual, para os 293 municípios que compõem o estado de Santa Catarina, denominado Índice Catarinense de Desempenho Municipal (ICDM). Tendo como objeto de estudo a metodologia IPDM, pois como define Jannuzzi (2001) um índice deve ser reprodutível em diferentes territórios reafirmando sua legitimidade. Este índice possibilitará avaliar e monitorar as políticas públicas adotadas no estado de forma mais frequente que a decenal utilizada através da análise do IDH_M e de forma diferenciada do IFDM que é anual. E ainda, a aplicação desta mesma metodologia para o cálculo do Índice Catarinense de Desempenho das Secretarias de Desenvolvimento Regionais (ICDSDR’s), criadas neste estado em 2003, nos corrobora com uma ferramenta diferenciada para avaliar o desempenho destes conjuntos municipais. 21 A escolha desta metodologia, para a determinação do ICDM e ICD-SDR’s, está diretamente ligada à disponibilidade de indicadores com recorte municipal e periodicidade anual oriundas das informações coletadas diretamente das prefeituras municipais. Estas informações, em sua maioria, são provenientes de levantamentos estatísticos obrigatórios, propiciando assim, uma medida mais próxima da realidade a ser avaliada, buscando na sintetização dos indicadores de renda, educação e saúde, identificar as potencialidades e fragilidades detectadas nos municípios catarinenses. Mas qual destes três processos metodológicos avalia melhor os municípios catarinenses? Como avaliar índices com metodologias e objetivos diferenciados? Que padrão deve ser adotado para se chegar a uma conclusão definitiva? Será que a resposta está ao comparar os resultados com a realidade sintetizada pela medida? Será que apenas isso seria suficiente? Na busca pelas respostas inicialmente abordou-se sobre as diferenças entre desenvolvimento, crescimento e desempenho. Durante muito tempo o conceito de desenvolvimento esteve associado somente ao conceito de crescimento econômico, pois muitos economistas clássicos acreditavam no nível de renda como condição para se chegar ao desenvolvimento, sem se preocuparem com a distribuição dos mesmos. Com os avanços nos debates sobre crescimento e desenvolvimento, este passou a configurar-se como um processo, ressaltando a ideia de que as sociedades devem cumprir etapas para alcançar o desenvolvimento, atentas ao fato de que esse movimento envolve incerteza, descontinuidade, conflito de interesses e particularidades. As teorias sobre o processo de desenvolvimento estão em constante transição, elas evoluem de acordo com as necessidades humanas. Brandão (2007) fala que essas teorias dependem das especificações, da investigação da sua inserção em uma divisão do trabalho, definindo o regionalismo como a expressão política desses grupos que nada mais é do que construir sua identidade territorial. Em Furtado (1967) a concepção de desenvolvimento caracteriza-se por modificações que acompanham e intensificam a divisão social do trabalho e o aumento da produtividade, para ele a dinamização socioeconômica deve visar à qualidade de vida da população. Agora, quando se fala em desempenho, este é definido como a medida do rendimento de uma região através do reflexo das políticas públicas adotadas. Os 22 critérios de seleção de seus indicadores devem corresponder à realidade questionada, sua periodicidade anual contribui para um monitoramento mais criterioso para que possa identificar as potencialidades e as fragilidades visando buscar alternativas nas decisões tomadas para melhorar seus resultados. Necessita-se, para tanto, de uma base governamental forte e estruturada que crie e gere políticas públicas nacionais consistentes que possam ser adaptadas de acordo com a necessidade das regiões menores. Ao Estado cabe formular propostas que busquem a redução das disparidades regionais aplicando gastos públicos estratégicos, visando pensar e agir em múltiplas escalas, explorando as potencialidades de cada território através de ações nacionais de caráter regionais. Para tanto, é essencial a mobilização e a participação da sociedade civil organizada na elaboração dessas estratégias de adaptação dos planos nacionais. Segundo Boisier (2004) os projetos políticos são a base para desenvolver uma região, e que um programa de desenvolvimento deve ser estabelecido respeitando cinco dimensões: a paz, a economia, a justiça, o meio ambiente e a democracia, e ainda baseados no IDH da região como referência para se estabelecer prioridades na determinação das políticas públicas. Temos ao nosso “alcance”, metodologias com a finalidade de interpretar realidades concretas, por meio de índices e indicadores que possibilitam informar, monitorar e avaliar os programas de políticas públicas introduzidas. Apresentam-se, portanto, os índices, como pontos-chave na construção de um instrumento coerente que possibilite identificar limitações e possíveis correções em busca da equidade. Para determinar esta ferramenta adicional a pesquisa se caracteriza como aplicada, pois gera conhecimento visando auxiliar na solução de problemas específicos, e ainda, a análise dos índices possibilita verificar a melhora, ou não, do desempenho e, consequentemente, a resposta dos municípios às políticas públicas implementadas, além de que, quando se analisa seus sub-índices: ICDM_renda, ICDM_educação e ICDM_saúde, pode-se identificar potencialidades e fragilidades. Utiliza-se um método indutivo, pois parte do particular, pressupondo que essa metodologia também pode ser aplicada para os municípios catarinenses, colocando a generalização como resultado da coleta de dados particulares. A abordagem é quantitativa, pois recorre à linguagem matemática para descrever as características de um fenômeno, traduz em números a realidade 23 estudada, podendo classificá-la e organizá-la através de métodos estatísticos em que seu alcance no tempo é instantâneo, pois gera índices ano a ano. Quanto a técnica coleta de dados, esta também é quantitativa, pois como define Polit et al. (2004) esse tipo de estudo requer procedimentos estruturados e instrumentos formais para a coleta de dados, faz uso, portanto, de dados estatísticos oriundos de fontes num sistema de informações anuais, provenientes de registros administrativos obrigatórios, em sua maioria, disponibilizados pelos Ministérios do Trabalho, Educação e Saúde. O acesso aos dados deu-se via download das planilhas, disponíveis para todos os 293 municípios ano a ano, nas plataformas coordenadas pelo Sistema de produção e disseminação de estatísticas públicas o IBGE: Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) para produção agropecuária (que compõe o subíndice renda) juntamente com os dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). Para determinar as características do mercado de trabalho fez-se uso do banco de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com dados sobre emprego e renda disponibilizados no Programa de Disseminação de Estatísticas do Trabalho (PDET). Para a dimensão educação utilizou-se os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP); e para a dimensão saúde tem-se como fonte de dados, o Banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). O sub-índice ICDM_renda envolverá indicadores que possibilitem diagnosticar as fragilidades no setor econômico através da análise de renda e de emprego formal, pois o trabalhador formal pertence a uma rede de proteção social desenvolvida visando à redução da vulnerabilidade de seus componentes, propiciando maior acesso a crédito para aquisição de bens e serviços o que contribui para o crescimento econômico da região e da produção agropecuária que, muito embora o estado possua uma pequena área territorial , contribui significativamente com essa produção no Brasil. O sub-índice ICDM_educação é uma dimensão que tornou-se alvo de discussão política no momento em que o processo de modernização social exigia qualificação humana. Investir em educação de qualidade e em pesquisa abre muitas possibilidades de desenvolvimento regional. Abrange os quatro grupos da educação básica: Educação infantil (através do atendimento em creches e pré-escolas); ensino 24 fundamental para séries iniciais e séries finais (taxa de não-abandono1, taxa de nãodistorção2; percentual de docentes com curso superior e a nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB); e ensino médio (taxa de nãoabandono, taxa de não-distorção e percentual de docentes com curso superior). O sub-índice ICDM_saúde envolve indicadores considerados vitais para análise da sua qualidade: mortalidade geral por causas mal definidas3; óbitos infantis (menores de 5 anos); e nascidos vivos com mais de 7 consultas de pré-natal realizadas, pois a redução da mortalidade infantil mostra a eficiência das ações implementadas neste setor e estarão diretamente ligadas à melhora deste índice. Para determinar o ICDM, após o levantamento da base de dados que contemplam as três dimensões acima citadas, os cálculos serão feitos nas planilhas do Microsoft Excel 2010 e o processamento dos dados numéricos é feita através de procedimentos estatísticos compilados através das informações oriundas da metodologia do IPDM disponibilizada no site do IPARDES e detalhadas num quadro teórico com técnicas estatísticas definidas e seguidas rigorosamente. Na busca pela validação dos resultados obtidos, através da medição estatística adotada, utiliza-se um método indutivo, pois parte da observação dos índices do IFDM disponíveis para os anos de 2005/2010 e IDH_M 2010, a fim de determinar a existência de coerência entre a medida calculada (ICDM) e as já existentes. Quanto às muitas inquietações que surgiram no estado catarinense acerca do processo de descentralização iniciado em 2003, principalmente porque sua divisão se deu por decisões políticas e não por semelhanças econômicas e sociais entre os municípios, o que se pretende nesse momento é analisar o crescimento do índice do conjunto de municípios que compõem as Secretarias de Desenvolvimento Regionais (SDR’s) através do cálculo do Índice de Desempenho das Secretarias de Desenvolvimento Regional (ICD-SDR). Para contemplar a determinação do ICD-SDR , o processo dar-se-á através do agrupamento dos dados base para cada grupo de municípios que compõem as 1 Determinada através do cálculo do complemento da taxa de abandono. Taxa de distorção refere-se ao total de alunos matriculados fora de sua idade-série correspondentes. Taxa de não-distorção é determinada através do cálculo do complemento da taxa de distorção. 3 Pertence a lista de tabulação por causas evitáveis: Sintomas, sinais e achados anormais, exceto síndrome da morte súbita na infância; morte fetal de causa não especificada; e afecções originados no período perinatal, não especificadas. 2 25 36 SDR’s possibilitando assim a determinação dos indicadores necessários para o cálculo do índice pelo mesmo processo metodológico do ICDM. Sua interpretação deu-se mediante a análise da taxa de crescimento no período de 2008 a 2010. Nas considerações busca-se definir qual das três medidas, IDH_M, IFDM ou ICDM, melhor avalia o nível de desempenho dos municípios catarinenses. 26 2 ÍNDICADORES DE DESENVOLVIMENTO E DESEMPENHO: TEORIAS E CONCEITOS Os indicadores sociais ganharam corpo cientifico quando o PIB per capita, nos anos 1960, mostrava-se cada vez menos eficaz como medida que representasse o bem-estar social, o crescimento econômico já não mais era visto como condição determinante para o desenvolvimento de uma região. Desenvolvimento caracteriza-se por modificações que acompanham e intensificam a divisão social do trabalho através do aumento da produtividade e da dinamização socioeconômica que devem visar à qualidade de vida da população. Porém, quando se fala em desempenho tem-se a medida da evolução de uma região onde, se os critérios de seleção de indicadores são realmente adequados e correspondem à realidade questionada, identifica as potencialidades e as fragilidades visando buscar alternativas nas decisões tomadas para melhorar seus resultados. Sobre a pertinência dos Indicadores Sociais, reestabelecia em 1980, como ferramenta de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas, sobre as principais teorias de desenvolvimento diferenciando-a de crescimento e desempenho. Descrevem-se os principais índices e indicadores disponíveis, fundamenta-se sobre sua importância como ferramenta de gestão das políticas sociais e suas características construtivas e a descrição das três principais ferramentas nacionais de avaliação: o IDH-M, IFDM, e principalmente o IPDM, objeto de estudo desta dissertação. 2.1 INDICADORES E ÍNDICES: CONCEITOS, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. Segundo Mitchell (1996), indicador é uma ferramenta que permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade através do tratamento de dados originais. Para Mueller et al. (1997), um indicador pode ser um dado individual ou um agregado de informações, sendo que um bom indicador deve conter os seguintes atributos: simples de entender; quantificação estatística e lógica coerente, além de comunicar eficientemente o estado do fenômeno observado. 27 O livro Indicadores Básicos de Saúde no Brasil (2008) define: Em termos gerais, os indicadores são medidas-síntese que contém informação relevante sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Vistos em conjunto, devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância das condições de saúde. A construção de um indicador e um processo cuja complexidade pode variar desde a simples contagem direta de casos de determinada doença, até o cálculo de proporções, razoes, taxas ou índices mais sofisticados, como a esperança de vida ao nascer. (REDE Interagencial de Informação para a Saúde, 2008, p.13) Muito embora esta definição seja dirigida aos indicadores da área da saúde, os mesmos princípios podem ser aplicados às demais áreas como renda e educação, pois enfatiza a necessidade de coerência entre o sistema de indicadores e o tema a ser analisado, sendo que este pode ser determinado por taxas, razões ou índices obtidos por procedimentos estatísticos padronizados, os chamados indicadores sintéticos resultantes de uma composição de variáveis. Índice é um valor agregado final de todo um procedimento de cálculo onde se utilizam, inclusive, indicadores como variáveis em sua composição. Para Shields et al. (2002), um sistema ou um fenômeno tem seu estado revelado pelo índice, ou seja, pode identificar e avaliar a eficiência das políticas públicas adotadas. Para Prabhu et al. (1996) a construção de um índice se dá através do estabelecimento e da associação de vários elementos correlacionados. Jannuzzi (2001) resume que um conjunto de indicadores deve refletir um determinado aspecto da realidade social observada, sua contagem envolve uma série de decisões metodológica: primeiro deve-se definir o tema de acordo com o objeto de avaliação, segundo especificam-se as suas dimensões, ou seja, definem-se os indicadores que tornam o objeto específico, claro e possível de ser quantificado; terceiro consiste na obtenção das estatísticas públicas; e quarto é a combinação destas estatísticas através de um processo metodológico. Nesta dissertação, entende-se que o índice pode representar em valores numéricos a correta interpretação da realidade questionada. 2.1.1 Indicadores Sociais: Avaliadores de Políticas Públicas Até os anos 1960, o PIB per capita era amplamente utilizado como medida de representatividade para o bem social, mas mostrava-se cada vez menos eficaz, pois avaliar a renda representava apenas o poder aquisitivo da sociedade e não 28 assegurava o acesso à educação, saúde e lazer. Jannuzzi (2001, p. 14) comenta que as publicações dos livros: Social Indicators e Toward a Social Report, elaborados naquela década sob encomenda do governo americano, são vistos como marcos importante no processo, inaugurando o que viria a se chamar de “Movimento de Indicadores Sociais” na época. Em meados da década de 1980, a pertinência dos Indicadores Sociais é reestabelecida com o aprimoramento das novas experiências de formulação e implementação das políticas públicas através do planejamento participativo. Jannuzzi (2001, p. 15) define um indicador social como: [...] uma medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou pragmático (para formulação de políticas). É um recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se processando na mesma. (JANNUZZI, 2001, p. 15) Para o mesmo autor (2001, p.16), “os indicadores podem se referir à totalidade da população ou a grupos sociodemográficos específicos, dependendo do interesse substantivo inicialmente idealizado”. Como afirmam Guimarães e Jannuzzi (2004, p.14), os indicadores também devem responder a compromissos estabelecidos na agenda político-institucional, “a exemplo da Constituição Federal/Estadual, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Plano Nacional de Atenção Básica à Saúde, Estatuto da Criança e Adolescente, compromissos internacionais, etc”. As estatísticas públicas são a matéria-prima para a sua construção, são retiradas de dados censitários, estimativas amostrais e registros administrativos. São expressos através de taxas, proporções, médias, índices, distribuição por classes e também por cifras absolutas. Na figura 1, tem-se a sistematização do processo que pode determinar um indicador: primeiramente a dificuldade ou “problema” deve ser identificado através de observação; depois os dados estatísticos devem ser coletados e finalmente analisados para determinar uma possível solução. 29 Figura 1: Processo de agregação de valor informacional no indicador Fonte: JANNUZZI (2001, p. 17) Após a coleta dos dados, os sistemas de indicadores devem ser determinados por meio de um conjunto de indicadores que representam um determinado aspecto da realidade local, que caracterizam um fenômeno social. Segundo Jannuzzi (2001), a montagem de um sistema de indicadores envolve uma série de decisões metodológicas, agrupadas em quatro etapas, a saber: a) [...] correspondente a definição operacional do conceito abstrato ou temático a que refere o sistema em questão, elaborada a partir do interesse teórico ou programático referido; b) [...] passa-se à especificação das suas dimensões, das diferentes formas de interpretação ou abordagem do mesmo, tornando-o, de fato, um objeto específico, claro e passível de ser “indicado” de forma quantitativa; c) [...] consiste na obtenção das estatísticas públicas pertinentes, provenientes de Censos Demográficos, pesquisas amostrais, cadastros públicos; d) Por fim, através da combinação orientada das estatísticas disponíveis computam-se os indicadores, compondo um Sistema de Indicadores Sociais, que traduz em termos mais tangíveis o conceito abstrato inicialmente idealizado. (JANNUZZI, 2001, p.17-18) As classificações mais comuns segundo a área temática da realidade social são: demografia, educação, saúde, mercado de trabalho, habitação, etc.. Alguns dos principais sistemas de indicadores amplamente utilizados em estudos sociais são: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Índice Gini que mede o grau da concentração de renda de um determinado grupo populacional. Outra classificação são os indicadores objetivos ou quantitativos e os indicadores subjetivos ou qualitativos. Os primeiros se referem a ocorrências concretas ou entes empíricos da realidade social, construídos a partir de estatísticas públicas disponíveis como taxa de desemprego. O segundo corresponde aos diferentes aspectos da realidade levantados em pesquisas de opinião pública ou grupos de debate como índice de confiança nas instituições. E ainda Jannuzzi (2001, p. 21), “devido a estas diferenças conceituais, indicadores objetivos e 30 subjetivos referidos a uma mesma dimensão social podem não apontar as mesmas tendências”. Têm-se também os indicadores descritivos (apenas “descrevem” características e aspectos da realidade empírica, como a taxa de mortalidade infantil ou a taxa de evasão escolar) e normativos (refletem explicitamente juízos de valor ou critérios normativos com respeito à dimensão social estudada, são mais complexos e precisam de definições conceituais mais específicas). Outro critério importante destacado pelo autor, diz respeito à quantidade de indicadores utilizados, os indicadores simples (construídos a partir de uma estatística social específica) e os indicadores compostos, também chamados de indicadores sintéticos ou ainda índices sociais (elaborados mediante a aglutinação de dois ou mais indicadores simples). Porém, às vezes, é na simplicidade e na capacidade de síntese que se avalia o bem-estar, a condição de vida ou o nível econômico dos diversos grupos sociais. Visando a análise e formulação de Políticas Sociais, Jannuzzi (2001) busca na diferenciação dos indicadores quanto à natureza do ente indicado. Podem ser: a) os indicadores-insumo (input indicators) correspondem as medidas associadas à disponibilidade de recursos, financeiros ou equipamentos alocados para um processo ou programa que afeta uma dimensão da realidade social (...) quantificam os recursos disponibilizados; b) os indicadores-produto (outcome ou output indicators) são aqueles mais propriamente vinculados às dimensões empíricas da realidade social, referidos às variáveis resultantes de processos sociais complexos, com a expectativa de vida ao nascer, (...) retratam os resultados efetivos dessas políticas; c) os indicadores-processo ou fluxo (throughput indicators) são indicadores intermediários , que traduzem em medidas quantitativas o esforço operacional de alocação de recursos humanos, físicos ou financeiros (indicadores-insumo) para obtenção de melhorias efetivas de bem-estar (indicadores-produto); d) indicador-estoque refere-se à medida de uma determinada dimensão social em um momento específico, como os anos de escolaridade; indicador de performance ou fluxo procura abarcar mudanças entre dois momentos distintos, como o aumento dos anos de escolaridade. (JANNUZZI, 2001, p. 23-24) Outra classificação importante é diferenciar os indicadores segundo três aspectos relevantes de avaliação dos programas sociais: a) Indicadores para a avaliação da eficiência dos meios e recursos empregados; b) Indicadores para avaliação da eficácia no cumprimento das metas; c) Indicadores para avaliação da efetividade social do programa. 31 Por fim, o mesmo autor relata que há outras tipologias empregadas para diferenciar os indicadores, (2001, p.25) “segundo a ordem de precedência dos mesmos em um modelo explicativo causal, segundo o período de referência do indicador ou ainda segundo a natureza relativa ou absoluta da medida”. Resume que um indicador deve ter um grau de cobertura adequado, deve ser específico, sensível (capacidade de refletir a alteração de mudanças significativas), reprodutível, comunicável, atualizável periodicamente a custos factíveis e ser amplamente desagregável em termos geográficos. E ainda, deve-se ter cuidado com a combinação de indicadores, pois se os indicadores constitutivos têm baixa associação entre si podem não ser suficientes para descrever a realidade observada, um índice composto pode não produzir necessariamente uma medida social de maior validade. Como anuncia Jannuzzi (2001, p. 29): Pode ser preferível dispor-se de um indicador parcial sabidamente limitado, mas do qual se pode intuir claramente seu significado, do que uma medida composta, com significado abstrato demais para ter pronta e clara identificação empírica com a realidade social. (JANNUZZI, 2001, p. 29) Para garantir sua inteligibilidade necessita da transparência e da comunicabilidade das metodologias adotadas, deve ser atualizado periodicamente e a factibilidade de sua obtenção a custos módicos é outro aspecto crucial na construção e seleção de indicadores sociais para uma dada temática e assim podese acompanhar as mudanças sociais, avaliar o efeito dos programas implementados e corrigir eventuais erros. Um atributo fundamental para justificar a produção de indicadores está relacionado ao processo de análise, formulação e implementação de políticas públicas que são resultados de discussões políticas e sociais ao longo das décadas. Jannuzzi (2001, p. 11), em seu livro Indicadores Sociais do Brasil retrata que jornalistas, lideranças populares, políticos e a população em geral vêm utilizando Indicadores Sociais para avaliar os avanços e retrocessos, refletidos pelos programas ou atividades públicas efetivas, na condição de vida da população e ainda “apontar a eficácia ou ineficácia das políticas públicas ou defender suas posições quanto as prioridades sociais a atender”. Começa-se a produzir Relatórios Sociais de forma sistemática com o objetivo de disseminar as Estatísticas Públicas. 32 No site do PNUD, uma rede de desenvolvimento global da Organização das Nações Unidas (ONU) que desde 1990 disponibiliza colaborativa mente suas próprias soluções para os desafios dos desenvolvimentos nacionais e globais, está disponível o Relatório do Desenvolvimento Humano (RDH), o qual tem proporcionado perspectivas novas sobre alguns dos desafios mais prementes enfrentados pela humanidade: O Relatório do Desenvolvimento Humano é uma publicação anual independente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Jeni Klugman é a principal autora do Relatório de 2010, traduzido para mais de uma dúzia de idiomas e lançado em mais de 100 países anualmente. O Relatório é editado em inglês pela Palgrave Macmillan. Os textos completos do Relatório de 2010 e todos os Relatórios anteriores desde 1990 estão disponíveis nos principais idiomas da ONU, para download gratuito, no sítio dos Relatórios na Internet: http://hdr.undp.org/. (PNUD, 2011) Como cita Jannuzzi (2001), todo indicador deve satisfazer outras duas propriedades básicas além da relevância social, presentes na sua própria definição: validade de constructo e confiabilidade. Enfim, a validade diz respeito à “proximidade” entre indicador e indicando, propriedade fundamental para justificar o emprego e a denominação de uma medida quantitativa qualquer como um Indicador Social (...). A confiabilidade de um indicador é uma propriedade relacionada à quantidade de levantamento dos dados usados no seu cômputo. (JANNUZZI, 2001, p.26-27) Na figura 2, Jannuzzi (2001) sistematiza o processo de formulação de Políticas Públicas iniciado pelo diagnóstico, passando pela formulação de possíveis soluções, pela implementação e finalmente pela avaliação dos resultados obtidos. Figura 2: Indicadores no processo de Formulação de Políticas – quadro teórico-conceitual de referência Fonte: JANNUZZI (2001, p. 34). 33 Garcia (2001) resume que para diversos autores a avaliação é uma iniciativa organizacional, uma operação que busca constatar os resultados de uma ação empreendida tendo como base a definição de referências previamente definidas com critérios de aceitabilidade. Para uma boa avaliação é necessária a correspondência entre a realidade e a medida. Ao fazer uso de um indicador, este deve refletir a realidade estudada e na busca por melhores resultados seus indicadores devem ser calculados a partir de pesquisas amostrais, realizadas por agências públicas confiáveis, coletadas de forma padronizada, por pessoal qualificado e seguindo um protocolo previamente estabelecido e ainda sua compilação estatística deve seguir critérios e técnicas padronizadas. Só assim as políticas públicas poderão ser avaliadas e futuramente, se necessário, reformuladas de forma coerente. 2.1.2 Fontes dos Dados estatísticos Um indicador ao dispor de séries históricas extensas, possibilita a comparação do avanço do mesmo, necessitando de estatísticas anuais em escalas municipais pelo país afora, fazendo uso de dados provenientes de registros administrativos públicos de modo a cotejar e inferir tendências e avaliar os efeitos das políticas sociais implementadas. Diferente de outros países latino-americanos, no Brasil, as estatísticas sociais, econômicas e demográficas são produzidas, compiladas e disseminadas por diferentes agências (federais e estaduais). O IBGE cumpre seu papel como produtor de dados primários, compilador de informação proveniente de Ministérios e como agente coordenador e disseminador de estatísticas. Inicialmente os Censos Demográficos eram utilizados a fim de contabilizar o tamanho da população de um país e suas regiões para fins militares e fiscais. Modernamente, após passarem por grandes aprimoramentos metodológicos são responsáveis pelo levantamento de inúmeras informações de caráter social e econômico. Como afirma Jannuzzi (2001, p. 40), no censo de 2000 foram levantados mais de 65 quesitos de informações nos boletins da amostra, como “características demográficas [...] (sexo, idade, migração [...]) características socioeconômicas 34 (rendimento, posse de bens [...]) e características dos domicílios particulares (composição material, número de cômodos [...]).” A divulgação dos resultados ocorre na forma de tabelas organizadas em volumes temáticos e fascículos para cada unidade da federação. Os volumes são: 1) Dados Populacionais em nível distrital; 2) Características gerais da população e instrução; 3) Características Domiciliares e das Famílias; 4) Fecundidade, Nupcialidade e Mortalidade; 5) Características da Mão de obra e Migração. Segundo Guimarães e Jannuzzi (2004), com a ampliação do corpo estatístico e a rapidez com que absorvem as novas tecnologias de informação e comunicação, as agências e os institutos estaduais de estatísticas têm parcela fundamental para a pesquisa nessa área. Seja pela ampliação do escopo das estatísticas públicas disponíveis, seja pela prontidão e versatilidade com que as mesmas passaram a ser disseminadas como pela Internet, CD-ROMs inteligentes, microdados e outros meios e suportes. O quadro 1 apresenta as principais agências de produção e disseminação de estatísticas públicas. Quadro1: Agências de produção e disseminação de estatísticas públicas. AGÊNCIAS ESTATÍSTICAS IBGE Estaduais de Ministérios/Secretarias estatísticas de Estado Censos Demográficos X Pesquisas Amostrais X X Registros Administrativos X X X Fonte: JANNUZZI (2001, p. 38) E ainda, com o desenvolvimento de novas tecnologias de hardware e software tornou possível também a disseminação dos resultados através de meios magnéticos de baixo custo e fácil operação como os CDs-ROM, e ainda podem ser consultados através da Internet4, acessando o Sistema IBGE de Recuperação Automática de Dados (SIDRA) onde os microdados estão disponíveis para download. 4www.ibge.gov.br 35 Têm-se ainda os anuários estatísticos e Relatórios de Indicadores Sociais comumente organizados de forma temática, contemplando indicadores e estatísticas dos diversos aspectos da realidade social e da intervenção pública, como: População, Saúde, Educação, Cultura, Lazer, Mercado de Trabalho, Renda, Previdência Social, Segurança Pública e Meio Ambiente. As agências estaduais de estatísticas como SEADE, IPARDES, FEE produzem também anuários estatísticos e publicações especializadas com dados provenientes de suas pesquisas, estatísticas retiradas das fontes do IBGE e dados administrativos das Secretarias Estaduais, Concessionárias de Serviços Públicos e Federações Patronais da Indústria e Comércio. (JANNUZZI, 2001, p.59) Contudo, a internet tem revolucionado as formas de disseminação de todo tipo de informação, seja ela jornalística, acadêmica ou estatística. No quadro 2 observa-se uma relação dos principais sites nacionais responsáveis pela disseminação de informações e criação de relatórios. Quadro 2: Sites nacionais com estatísticas e indicadores. (continua) INSTITUIÇÃO SITE DADOS ESTATÍSTICOS NA ESFERA FEDERAL IBGE www.ibge.gov.br INEP www.inep.gov.br DATASUS www.datasus.gov.br Ministério do Trabalho www.mtb.gov.br Ministério do Planejamento www.planejamento.gov.br Cons. Nac. Des. Científico www.cnpq.br tecnológico AGÊNCIAS ESTADUAIS DE ESTATÍSTICAS CODEPLAN(DF) www.codeplan.df.gov.br CONDEPE(PE) www.condepefidem.pe.gov.br F. João Pinheiro (MG) www.fjp.gov.br FEE(RS) www.fee.tche.br IPARDES(PR) www.ipardes.gov.br IPLANCE(CE) www.ipece.ce.gov.br SEADE(SP) www.seade.gov.br SEI(BA) www.sei.ba.gov.br INSTITUTOS DE PESQUISA E ANÁLISE CEBRAP www.cebrap.org.br CEDEPLAR www.cedeplar.ufmg.br 36 (conclusão) INSTITUTOS DE PESQUISA E ANÁLISE CEPAM www.cepam.org/ DIEESE www.dieese.org.br Esc. Nac. Ciências Estatísticas www.ence.ibge.gov.br FUNDAP www.fundap.sp.gov.br Fundação Carlos Chagas www.fcc.org.br FGV www.fgv.br IBICT www.ibict.br IPEA www.ipea.gov.br/ Instituto Pólis www.polis.org.br NEPO www.nepo.unicamp.br Fonte: Dados da pesquisa – acesso aos sites em setembro de 2013. Os censos demográficos, pela quantidade de informações prestadas ao recenseador e disponibilizadas em forma de microdados (por registro), possibilitando inúmeros cruzamentos, constituem-se como principal fonte de dados para a construção de indicadores que auxiliam na formulação de políticas públicas, sobretudo no âmbito municipal. Ao determinar indicadores e índices, seus resultados são diretamente influenciados pelos dados base, retirados dos bancos de dados de cada agência estatística responsável pela alimentação de seus sistemas de informação e qualquer notificação relevante deve ser relacionada em suas notas técnicas. Determinadas informações podem mudar com o tempo, por exemplo, as informações obtidas nos dados de saúde, alguns casos podem passar por revisão de diagnósticos podendo ser modificadas. É importante, portanto, que no momento do acesso às suas planilhas de dados, observar a divulgação das datas de atualização. Na sequência relacionam-se informações consideradas essenciais segundo as principais agências estatísticas consultadas no decorrer deste trabalho. IBGE5: Desde sua primeira edição em 1999, as informações básicas municipais levantadas pelo IBGE são dados estatísticos e cadastrais que compõem sua base de informações sobre a estrutura, a dinâmica e o funcionamento das instituições públicas municipais, em especial a prefeitura, compreendendo, também, diferentes políticas e setores que envolvem o governo municipal e a municipalidade. 5Disponível 05/05/2013. em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/default.shtm acesso em 37 Constitui um conjunto relevante de indicadores de avaliação e monitoramento do quadro institucional e administrativo das cidades brasileiras através de atualizações periódicas. Tais indicadores expressam, de forma clara e objetiva, tanto a capacidade dos gestores municipais em atender às populações como avaliar a oferta e a qualidade dos serviços públicos locais. IPEA6: Seus dados são atualizados e documentados de forma sistemática e apresentados na mesma unidade monetária. Recursos disponíveis permitem a manipulação matemática e a extração dos resultados em planilhas ou gráficos, em sua base de dados inclui séries estatísticas da economia brasileira e dos aspectos que lhe são mais pertinentes na economia internacional. Como fonte de dados destacam-se os microdados provenientes de várias pesquisas do IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Censos Demográficos) e dos vários ministérios (Censo Escolar, Mortalidade, Rais/Caged, entre outras). Seus indicadores sociais abrangem temas diversos, como nível de renda per capita, desigualdade na distribuição de renda dos indivíduos e domicílios, desempenho educacional, condições de saúde e habitação, inserção no mercado de trabalho, situação dos direitos humanos da população, entre outros. Sempre que possível, apresentam séries históricas de periodicidade mensal, anual e decenal para o país, grandes regiões, estados, regiões metropolitanas, desagregadas segundo a localização rural ou urbana dos domicílios, cortes etários, níveis de desempenho educacional, anos de escolaridade, sexo e cor dos indivíduos. MTE-CAGED7: O Ministério do Trabalho e Emprego liberou à comunidade usuária o acesso aos microdados da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED. O Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Coordenação Geral de Estatísticas do Trabalho (CGET), mantém uma comunidade que trata de questões relacionadas ao Programa de Disseminação de Estatísticas do Trabalho (PDET) e assuntos relacionados ao Mercado de Trabalho em nível nacional. 6 Disponível em: http://www.ipeadata.gov.br/ acesso em 05/05/2013. Técnica MTE 088/2012 (20/06/2012) Disponível em: http://portal.mte.gov.br/portal-mte/ acesso em 05/05/2013. 7Nota 38 INEP8: O censo educacional é um levantamento de dados estatísticos, realizado todos os anos e coordenado pelo INEP. É elaborado com a colaboração das secretarias estaduais e municipais de educação com a participação de todas as escolas públicas e privadas do país. Abrande diferentes etapas e modalidades: ensino regular (educação Infantil e ensinos Fundamental e Médio), educação especial e educação de jovens e adultos (EJA). O Censo Escolar coleta dados sobre estabelecimentos, matrículas, funções docentes, movimento e rendimento escolar. Essas informações são utilizadas para traçar um panorama nacional da educação básica e servem de referência para a formulação de políticas públicas e execução de programas na área da educação, incluindo os de transferência de recursos públicos. Além disso, os resultados obtidos no Censo Escolar sobre o rendimento (aprovação e reprovação) e movimento (abandono) escolar dos alunos do ensino Fundamental e Médio, juntamente com outras avaliações do Inep (Saeb e Prova Brasil), são utilizados para o cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), indicador que serve de referência para as metas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), do Ministério da Educação. DATASUS9: O SIM (SIM/SVS/MS) foi criado pelo Ministério da Saúde em 1975 para a consolidação de dados sobre mortalidade, com abrangência nacional, sendoalimentados pelas secretarias municipais e estaduais de saúde com base na Declaração de Óbito. A informatização das atividades do Sistema Único de Saúde (SUS), dentro de diretrizes tecnológicas adequadas, é essencial para a descentralização das atividades de saúde e viabilização do Controle Social sobre a utilização dos recursos disponíveis. A partir de 2011 o DATASUS passa a integrar a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, conforme Decreto Nº 7.530 de 21 de julho de 2011 que trata da Estrutura Regimental do Ministério da Saúde. A esse sistema compete disponibilizar informações que podem servir para subsidiar análises objetivas da situação sanitária, tomadas de decisão baseada em evidências e elaboração de programas de ações de saúde. 8 9 Disponível em: http://portal.inep.gov.br/basica-censo acesso em 05/05/2013. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=01 acesso em 05/05/2013. 39 A mensuração do estado de saúde da população é uma tradição em saúde pública. Teve seu início com o registro sistemático de dados de mortalidade e de sobrevivência. Dados de morbidade, incapacidade, acesso a serviços, qualidade da atenção, condições de vida e fatores ambientais passaram a ser métricas utilizadas na construção de indicadores, que se traduzem em informação relevante para a quantificação e a avaliação das informações em saúde. Os dados disponíveis são oriundos do Sistema Único de Saúde, este gerido pelo Departamento de Análise de Situação de Saúde em conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. De uma maneira geral, as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde enviam periodicamente a sua Base de Dados para o Ministério da Saúde. Este só pode considerar a Base Nacional completa quando todas as Unidades da Federação enviaram seus dados. A partir daí, é feita a consolidação, inclusive com a redistribuição dos óbitos pelo local de residência, a qual é a forma tradicional de apresentar os dados de Mortalidade. Eventualmente, são feitas algumas correções nas informações, em conjunto com as Secretarias Municipais e Estaduais, principalmente quanto ao cruzamento de causa de óbito por sexo e idade. O Sistema de Informações de Mortalidade coleta aproximadamente 40 variáveis das declarações de óbito, sendo várias delas específicas para óbitos fetais e de menores de 1 ano. 2.1.3 Taxas: Razões que Estabelecem Indicadores Dentre os muitos indicadores sociais usados pelas instituições governamentais e internacionais, há alguns mais convencionais, onde é possível fazer uma primeira análise de forma simples sem o risco de uma combinação estatística indevida. As taxas são calculadas através da razão entre dois momentos de uma área temática (demográficos, educacionais, culturais, ciência e tecnologia, mercado de trabalho, renda, pobreza, habitacionais e infraestrutura urbana, qualidade de vida, meio ambiente e opinião pública) é expressa em termos de % (porcentagem ou percentagem), quando multiplicada por 100, e a cada 1000, 10000 habitantes quando multiplicada por estes números. Relaciona-se a seguir (quadro 3) alguns 40 indicadores sociais organizados segundo algumas áreas apresentando como é feito o cálculo para a sua determinação. Quadro 3: Relação de alguns indicadores por área temática. ÁREA INDICADOR CALCULO TEMÁTICA Taxa de natalidade Nascimentos vivos ao ano x 1000 População estimada meio de ano Indicadore Taxa de Crianças ≤ 14 anos+ adultos ≥ 65 anos x 100 s de saúde dependência de População de 15 a 65 anos crianças /idosos Taxa de Óbitos de crianças com até 1 ano x 1000 Indicadore mortalidade infantil Nascidos vivos ao ano s de saúde Esperança de vida Número médio de anos de vida de recém-nascidos, supondo ao nascer os riscos de mortalidade do presente. Taxa de Indicadore crescimento s demográfico demográfic os Demográfic Taxa de População residente de áreas urbanas x 100 os urbanização Total da população Taxa de Indivíduos que não sabem ler/escrever x100 analfabetismo População de 15 anos ou mais Indicadore Taxa de Matrículas no nível escolar y x 100 s atendimento Público-alvo normativo do nível escolar y educaciona escolar is Taxa de Taxa de evasão: Evadidos ao final do período letivo x 100 desempenho no Matrículas ao final do período letivo sistema escolar Taxa de reprovação: Reprovados ao final do p. letivo x 100 Matrículas ao final do período letivo Tiragens de jornal Soma tiragens princ. Jornais diários x 1000 Indicadore por mil habitantes Total de habitantes s culturais Proporção da PEA Pessoal com nível superior x100 Indicadore com nível superior p. economicamente ativa s de Razão Número de cientistas e técnicos x 10000 ciência e pesquisadores por População tecnologia 100 mil habitantes Taxa de Ocupados + procurando trabalhox 100 Indicadore participação Total de pessoas com 10 anos ou mais s de Taxa de Desempregados x 100 mercado desemprego aberto Ocupados + desempregados de trabalho e oculto Rendimento médio Salários + abonos + gratificações ou retiradas/ganhos líquidos do trabalho Renda ou PIB per Renda familiar total capita Número de pessoas na família Indicadore Renda familiar Rendimentos individuais + rendas financeiras s de renda média e pobreza Proporção de Total fam. Com renda inferior à linha indigência/pobreza x 100 indigentes ou Total de famílias na região em estudo pobres Proporção de Pop. Que declara dispor de parques e jardins x 100 população com População total da região Indicadore acesso a parques e s de meio jardins ambiente Fonte: Jannuzzi (2001) adaptado. 41 2.1.4 Indicadores: Limites e legitimidades Os indicadores sintéticos, traduzidos em forma de índices, são considerados instrumentos efetivos para o empoderamento da sociedade civil, de controle e direcionamento das atividades do poder público. Devem ser usados de forma responsável, inteligível e transparente ao estabelecer seus parâmetros de discussão, porém Guimarães e Jannuzzi (2004) relata que são muitas as inquietações que surgem em torno desta ferramenta. Entretanto, os aspectos conceituais e metodológicos para a construção dos índices de medição tanto da pobreza quanto dos níveis de vida e do desenvolvimento humano e/ou socioeconômico - ainda que elaborados por instituições respeitadas - revelam problemas que ainda não foram devidamente superados, carecendo de aprofundamento analítico efetivo no uso dos mesmos no processo de formulação e avaliação de políticas públicas (GUIMARÃES e JANNUZZI, 2004, p.1) E ainda, a crença de que as novas tecnologias disponíveis para a criação de novos indicadores sintéticos, como o IDH e outros índices em escalas municipais, garantiriam uma melhor gestão dos recursos e dos programas sociais. Sua criação, na realidade, veio da necessidade de suprir as deficiências apontadas pelos chamados indicadores de Primeira Geração – por exemplo, o PIB e o PIB per capita – pois o crescimento econômico, por si só, não garantia a evolução no nível de qualidade de vida da população, isso levou à busca por novas informações e indicadores que possibilitassem essa medida. Já se destacou a importância da transparência, da simplicidade do entendimento de um indicador. O IDH com seu reduzido número de dimensões tem permitido a comparação entre diferentes regiões ou diferentes momentos no tempo, e também sinalizou aos gestores públicos que o alcance pelo progresso não é exclusivo do crescimento econômico, possibilitando assim, introduzir debates sobre a importância da melhora das condições de saúde e educação. Porém, as médias nacionais podem ocultar assimetrias de distribuição necessitando de mudanças. Como cita Jannuzzi (2001), há fortes críticas ao uso do indicador PIB per capita, uma média que não retrata a forma como o produto econômico se distribui pela sociedade. Ao IDH surgem críticas acerca da sua não adequabilidade em representar a dimensão “padrão de vida” presente em sua definição conceitual, porém apenas isso não invalida o uso do IDH, mas serve para apontar suas limitações. 42 Ainda argumentam Guimarães e Jannuzzi (2004) que as limitações deste índice começam com a constatação de que vários países não possuem informações atualizadas sobre a esperança de vida e educação, mas elaboram um “ranking mundial de desenvolvimento humano”. Outra importante limitação do IDH (2004, p. 5), é o fato de ele estar “estreitamente vinculada ao plano das políticas públicas [...] geralmente lastreado num processo de negligenciamento do entendimento de que um indicador nada mais é do que a medida operacional do conceito”. A análise dos resultados está sendo restrita a apreciação da variação do indicador construído, mudanças estruturais necessárias para se adaptar às mudanças da realidade não estão sendo cumpridas e com isso não haveria eventuais avanços ou retrocessos das condições de vida. Neste sentido afirmam que perdura uma excessiva preocupação com a “operacionalização do fenômeno”, ao citarem Mendonça e Souto (2001, p. 95) destacam que esse processo “acaba produzindo uma inversão, mediante a qual o indicador — medida operacional do conceito — acaba por deslocar e ocupar o lugar do conceito”. Ficando assim restrito às três dimensões observadas e não ao todo tão necessário. E ainda, por mais criteriosas e rigorosas que as metodologias apresentem na prática, a construção de índices compostos gera hipóteses muito arbitrárias. A criação de um único índice pode não revelar as reais necessidades de um país, pode não ser diretamente interpretável, ainda mais sendo baseado em médias nacionais que terminam por ocultar as disparidades existentes no interior do país. Nesse contexto de legitimação política, institucional e científica, dispor de um índice mais compreensivo – em informação agregada- para diversas aplicações no processo de formulação e avaliação de políticas públicas passou a ser um compromisso assumindo ou mesmo esperado dos técnicos em outras agências estatísticas estaduais, ao Norte e ao Sul do país. (GUIMARÃES e JANNUZZI, 2004, p. 9) Surge então, a necessidade de se criar instrumentos de medicação mais atualizados e mais específicos possíveis, sua viabilidade passa a não estar ligada a sua abrangência, mas sim às características das especificidades de uma região. Muito embora as metodologias criadas possam ser reaplicadas em outras escalas e regiões, desde que estejam disponíveis os indicadores necessários, antes de se criar uma medida comparativa no tempo e espaço precisa-se definir qual a agenda 43 de compromissos sociais que se está tomando como referência, pois como afirmam Guimarães e Jannuzzi (2004): Com tais definições operacionais é possível construir uma tipologia de Deficit Social – ou um indicador sintético qualitativo- identificando padrões similares de Déficits setoriais entre os municípios, construindo situações-tipo ou "arquétipos" municipais, para os quais se poderiam formular e definir programas sociais semelhantes, integrando ações para lidar com as várias carências identificadas. (GUIMARÃES e JANNUZZI, 2004, p.12) As Tipologias de Déficit Social, portanto, permitem definir um conjunto de programas, investimentos e linhas de financiamento “customizado” para garantir maior eficiência na alocação de recursos públicos à espera de melhores resultados. Com o avanço dos processos de descentralização, a geração e disseminação de estatísticas de caráter municipal passam a assumir um papel mais relevante nos processos de planejamento. Pois, muitas vezes um indicador mais apropriado e refinado pode contemplar com maior precisão o público-alvo, para tanto seria necessário verificar quais dimensões seriam indispensáveis para fazer a leitura das desigualdades em relação ao desempenho socioeconômico direcionado ao desenvolvimento. 2.2 INDICADORES SINTÉTICOS Com o progressivo desgaste do PIB como indicador de nível de desenvolvimento socioeconômico, institutos de pesquisa começaram a desenvolver metodologias envolvendo um índice estatístico sintético, Jannuzzi (2001, p.120), define como “forma de cômputo baseado em diferenças com relação a valores limites e o método de agregação de indicadores parciais em índices sintéticos”. Portanto, um conjunto de indicadores que expressam um fenômeno que se quer explicar, analisar ou avaliar é denominado indicadores sintéticos. Sua determinação está vinculada a disponibilidade de informações estatísticas pertinentes ao tema em questão e sua compilação envolve uma série de processos estatísticos devidamente relacionados. Anteriormente estabeleceu-se a relevância da combinação de indicadores, que representem uma mesma temática, na busca pela sintetização clara da realidade social por meio da quantificação. Sua inteligibilidade é garantida mediante transparência, com metodologias fáceis de reproduzir, uma fonte de dados confiável 44 e periodicidade para um melhor acompanhamento das mudanças sociais. Este trabalho analisa três índices considerados importantes para uma análise do contexto social através de indicadores os quais envolvem três áreas: renda, educação e saúde. Consideradas importantes para determinar o nível de desenvolvimento e medir o desempenho de uma região o IDH_M, o IFDM e o IPDM. Sendo a metodologia desenvolvida pelo Ipardes (IPDM), o objeto de estudo, para determinar o Índice Catarinense de Desempenho Municipal para os 293 municípios catarinenses e ainda verificar a possibilidade da obtenção de um Índice Catarinense de Desempenho das Secretarias de Desenvolvimento Regionais (ICD-SDR’s) para as 36 secretarias com este mesmo processo estatístico. 2.2.1 IDH_M, IFDM e IPDM: Definições e Metodologias O conceito do Desenvolvimento Humano veio, em parte, da necessidade de um modelo que identificasse o crescimento das lideranças na década de 1980, também que ajudasse na identificação dos problemas latentes dos países menos desenvolvidos e como uma alternativa para definir metas de crescimento. A definição de Desenvolvimento Humano, segundo o PNUD: [...] é um paradigma de desenvolvimento que é muito mais do que a ascensão ou queda do rendimento nacional. Trata-se de criar um ambiente no qual as pessoas possam desenvolver seu pleno potencial e levar vidas produtivas e criativas, de acordo com suas necessidades e interesses. As pessoas são a verdadeira riqueza das nações. Desenvolvimento é, portanto, sobre a expansão das escolhas as pessoas têm de levar uma vida que eles valorizam. E é, portanto, muito mais do que o crescimento econômico, que é apenas um meio muito importante um de alargamento das escolhas das pessoas. (PNUD, 2011) Dessa forma, o aumento das condições de melhores serviços de saúde, da segurança, dos meios de subsistência, o lazer e o acesso à educação refletem um melhor desenvolvimento. Para o fundador do relatório de Desenvolvimento humano, Mahbub ul Haq (1934-1998) (PNUD, 2010): [...] desenvolvimento é ampliar as escolhas das pessoas, em princípio, estas escolhas podem ser infinitas e podem mudar ao longo do tempo [...]. O objetivo do desenvolvimento é criar um ambiente propício para as pessoas desfrutarem vida longa, saudável e criativa. (PNUD, 2010) Em resumo, os fundamentos básicos do desenvolvimento humano (quadro 4) envolvem levar uma vida longa e saudável, ser instruído, ter acesso aos recursos necessários para um padrão de vida satisfatório, participar da comunidade sendo 45 livre para a tomada de decisões que afetam suas vidas. Para que isso seja possível, necessita-se de uma condição financeira favorável, dinheiro pode não ser tudo, mas é o meio para chegar a este fim. Quadro 4: Fundamentos básicos para o Desenvolvimento Humano FUNDAMENTO DESCRIÇÃO Progresso social Maior acesso ao conhecimento, nutrição e serviços de saúde. Economia A importância do crescimento econômico como um meio para reduzir a desigualdade e melhorar os níveis de desenvolvimento humano. Eficiência Em termos da utilização dos recursos e disponibilidade. Desenvolvimento humano é pró-crescimento e produtividade, desde que esse crescimento beneficia diretamente os pobres, as mulheres e outros grupos marginalizados. Equidade Participação liberdade Em termos de crescimento econômico e outros parâmetros de desenvolvimento humano. empowerment governança democrática, e Particularmente igualdade de gênero, direitos civis e políticos, e liberdade cultural, sobretudo para os grupos marginalizados definidos por áreas urbanas e rurais, sexo, idade, religião, etnia, parâmetros físico / mental, etc. Sustentabilidade Para as gerações futuras em termos ecológicos, econômicos e sociais. Segurança A segurança na vida diária contra tais ameaças crônicas como Humana fome, desemprego, conflitos, etc. Fonte: Dados disponíveis em: www.pnud.org.br, acesso em 2011. Em 1990 os economistas Amarthya Sen e Mahbud ul Haq criaram uma medida síntese para classificar e comparar os países pelo seu grau de “desenvolvimento”, chamado de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O IDH é construído a partir da aglutinação de indicadores representativos das três áreas básicas: Renda, Educação e Saúde10. Renda: é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, pois expressa o poder de paridade de compra (PPP) constante; 10 Dados disponíveis em: http://www.pnud.org.br (acesso em 27/04/2013). 46 Educação: O acesso ao conhecimento é medido por: a) média de anos de educação de adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos durante a vida por pessoas a partir de 25 anos; e b) a expectativa de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que uma criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os mesmos durante a vida da criança; Saúde: Uma vida longa e saudável é medida pela expectativa de vida. Segundo Jannuzzi (2001), como esses indicadores são medidos de formas diferentes, eles são transformados em medidas entre 0 e 1, a partir de valores normativos (piso e teto), o índice final é a média destas medidas transformadas. Com base neste índice os países são classificados de acordo com os seguintes intervalos: inferior a 0,5 é considerado baixo; entre 0,5 e 0,8 é considerado médio; e acima de 0,8 seu nível de desenvolvimento é considerado alto. Tendo por base o IDH, a partir de um ajuste metodológico o PNUD desenvolveu o IDH_M, em escala municipal e estadual, utilizando-se dos dados disponibilizados pelos censos demográficos, os quais são realizados no Brasil a cada dez anos. Na concepção do PNUD, a melhora destes índices reflete o alargamento das possibilidades de escolha das pessoas garantindo oportunidades de acesso à educação e à cultura. No entanto, as médias nacionais podem ocultar assimetrias de distribuição necessitando de mudanças como relata Hermet (2002, p. 79:80): O sinal para a revisão foi dados por Mahdub ul Haq, autor do Indicador de Desenvolvimento Humano (IDH) que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) utiliza desde 1990 como índice estatístico comparativo em seu relatório final. [...] o IDH, que abrange três parâmetros em vez de um único: renda per capita, é claro, que não se pode deixar de incluir, mas também a expectativa de vida e o nível de educação atingido em cada país. Mas a mudança mais decisiva reflete-se simbolicamente à linguagem. Em sua própria denominação, o novo indicador já nem sequer se remete à economia: refere-se ao humano. Já não se focaliza do crescimento, certamente desejado, dos fluxos de produção, mas sim, estende-se a elementos que expressam uma melhora tangível no modo de vida das populações desafortunadas. (HERMET, 2002, p.79:80) E ainda, ao considerar um ajuste de desigualdade ao seu índice original, cria o índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD), utilizando 47 elementos que expressam as populações menos favorecidas levando aos países que queiram melhorar seu desempenho a olhar para os desafortunados. O IDH_M, portanto, mede o nível de desenvolvimento de um município ou estado com periodicidade decenal. Busca incentivar os municípios e Estados a buscarem alternativas para melhorar seus índices através de investimentos em educação e saúde e uma distribuição mais homogênea de renda garantindo a todos, acesso a uma qualidade de vida que oportuniza acesso à educação e a cultura. Na busca pelo desenvolvimento eda necessidade de monitorar as diferentes realidades de um território e expressar em números os níveis de desenvolvimento de uma região em recortes menores, as cinco organizações (FIRJAN, CIRJ, SESI, SENAI, IEL11) que compõem o Sistema FIRJAN, parceiro das empresas do Estado do Rio de Janeiro, desenvolveu em 2007 uma metodologia própria, que abrange todos os 5.564 municípios da nação, o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM) com recorte municipal e estadual e periodicidade anual. Por ter recorte municipal, foram privilegiados os aspectos básicos indispensáveis ao desenvolvimento local. Contudo, cabe ressaltar que o olhar municipalizado do desenvolvimento de uma região não recai exclusivamente sobre as responsabilidades de suas prefeituras, mas sim – e sobretudo – sobre as ações conjuntas e responsáveis das três esferas de governo, setor empresarial e sociedade civil organizada. (FIRJAN, 2011) É importante ressaltar que esta mesma metodologia possibilitou gerar o índice de desenvolvimento por Unidades da Federação, graças à divulgação oficial das variáveis componentes do estado. Uma vez que há realidades distintas no Brasil, é essencial lembrar que analisar apenas os índices de desenvolvimento pode tornar um diagnóstico muito superficial, sugere-se então, estudar também o cenário socioeconômico no qual os municípios estão inseridos, verificar se houve progresso numa determinada região, em dado período de tempo. O índice varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo de 1, maior será o nível de desenvolvimento da localidade, o que permite a comparação entre municípios ao longo do tempo. Devido à atribuição de notas de corte fixas, essa metodologia possibilita determinar com precisão se a melhora relativa ocorrida em determinado município decorre da adoção de políticas específicas, ou se o resultado obtido é apenas reflexo da queda dos demais municípios. (FIRJAN, 2011) 11Juntas, FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, CIRJ - Centro Industrial do Rio de Janeiro, SESI - Serviço Social da Indústria, SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e IEL - Instituto Euvaldo Lodi, trabalham a fim de garantir uma posição de destaque para a indústria fluminense nos níveis político, econômico e social do cenário nacional. (www.firjan.org.br) 48 Com base nessa metodologia, estipularam-se as seguintes classificações (quadro 5): Quadro 5: Classificação do nível de desenvolvimento segundo o IFDM. IFDM Classificação 0,0 até 0,4 Baixo desenvolvimento 0,4 até 0,6 Regular desenvolvimento 0,6 até 0,8 Moderado desenvolvimento 0,8 até 1,0 Alto desenvolvimento Fonte: metodologia do IFDM -2010. O IFDM considera, com igual ponderação, as três principais áreas do desenvolvimento humano: Emprego e Renda, Educação e Saúde. No quadro 6 estão descritos os indicadores que compõe esta metodologia assim como o seu peso ao índice final. Quadro 6: Indicadores que compõe o IFDM - 2012 ano base 2010 Dimensão Emprego e renda Indicador Emprego Formal (50%) Salário Médio mensal (50%) Ensino Infantil (20%) Educação Saúde Descrição Geração de Emprego t /estoque t -1 (7,5%); Ordenação de Geração Negativa (2,5%); Média trienal da geração de emprego (7,5); Ordenação das médias negativas (2,5%); Saldo absoluto t (15%); Saldo absoluto t-1 (10%); Saldo absoluto t-2 (5%). Crescimento real anual (5%); Ordenação do crescimento anual negativo (2,5%); Crescimento real/ média trienal (5%); Ordenação crescimento trienal negativo (2,5%); Valor corrente do salário t (35%). Atendimento à educação infantil (20%). Distorção Idade-série (10%); Percentual de docentes com curso superior (15%); Média de horas-aula diárias (15%); Taxa de abandono (15%); Média do IDEB (25%). Percentual de mais de 6 consultas pré-natal por nascidos vivos (33,3%); Atenção Óbitos por causas mal definidas (33,3%); Básica (100%) Taxa de óbitos de menores de 5 anos por causas evitáveis (33,3%). Ensino Fundamental (80%) Fonte: Dados disponíveis em: http://www.firjan.org.br acesso em 28/04/2013. 49 Para a primeira área: Emprego e Renda, o índice considera a vinculação entre a qualidade de vida de uma localidade e a sua taxa de emprego formal que pode vir a gerar impactos positivos sobre o trabalho informal. A educação é a segunda área que se constitui um dos principais pilares para o desenvolvimento de um país. As reformas nos sistemas educacionais geram saltos positivos, está mais apta a receber investimentos visando possuir mão de obra mais qualificada, capaz de incorporar novas tecnologias. Não esquecendo que: Do mesmo modo, o retorno de uma educação de qualidade não se restringe apenas ao aluno, ou à escola, mas, sobretudo, à comunidade onde a escola se insere, reforçando os valores morais, éticos e sociais e traçando as principais diretrizes para a conduta da vida em sociedade. (IFDM, 2010- ano base 2007, p.31) O índice considera tanto a oferta como a qualidade da educação do ensino Fundamental e pré-escola, oferecida nos municípios brasileiros, exige-se ao menos que todo município apresente ensino Fundamental de qualidade. Para atingir tal finalidade, definiu-se um conjunto de indicadores, e estes abrangem as escolas privadas e públicas (municipal, estadual e federal) e IDEB apenas Estadual e Municipal. A terceira e última área considerada foi a Saúde. Para este indicador procurou-se focar na saúde básica e utilizar banco de dados considerados pelos especialistas relevantes e confiáveis, o Sistema de Informações sobre mortalidade (SIM) e os bancos de dados dos nascidos vivos (Sinasc). Também, buscando sintetizar o reflexo das políticas públicas implementadas em seu território, o estado do Paraná, por meio do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) desenvolveu, em 2009, o IPDM (Índice Paranaense de Desempenho Municipal) que mede o desempenho da gestão e das ações públicas dos 399 municípios paranaenses. Este método considera três eixos temáticos: emprego, renda e produção agropecuária; educação; e saúde. Busca nas agências do IBGE, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), informações que possibilitem a criação de indicadores com recorte municipal e periodicidade anual para compor um índice anual de desempenho municipal. Sua base de dados são estatísticas oficiais disponíveis publicamente, oriundas, em sua maioria, de registros administrativos obrigatórios. Esses grandes 50 bancos de dados possuem como vantagens ter periodicidade anual e recorte municipal. Cada dimensão apresenta 1/3 do índice final. A primeira dimensão é dividida em duas partes: a renda que analisa a média salarial e a taxa de emprego formal, a outra é a produção agropecuária, pois o estado do Paraná tem participação significativa neste setor da economia, segundo o IPARDES, o estado paranaense ganhou muito com processo de industrialização da agricultura e a agroindustrialização nacional, pois proporcionaram aumentos de produção e produtividade e fazem que este continue crescendo economicamente. A segunda dimensão é dividida em três partes: analisando cada nível de ensino separadamente: no nível infantil considera apenas a capacidade de atendimento ao ensino em creches e pré-escolas; no ensino Fundamental (separado em séries iniciais e finais) baseia-se em indicadores que refletem a qualidade do ensino: taxa de não-distorção, taxa de não-abandono, IDEB e avalia o nível de preparação dos educadores; para o ensino Médio são analisadas os mesmos indicadores menos a avaliação do IDEB. Na terceira dimensão busca informações que reflitam a qualidade do atendimento público à saúde infantil, avaliado nesta metodologia através da relação entre os dados de atendimento do pré-natal, mortalidade infantil e mortalidade por causas mal definidas para menores de cinco anos. No quadro 7, tem-se a sintetização dos indicadores necessários para esta metodologia assim como peso correspondente de cada um ao índice final. Quadro 7: Indicadores que compõem o IPDM Dimensão Emprego, Renda e Produção Agropecuária (33,33%) Indicador Salário médio (47%) Emprego formal (45%) Produção agropecuária (8%) Ensino infantil (creche e pré-escola) (20%) Educação (33,33%) Ensino Fundamental (para séries iniciais e finais) (69%) Ensino Médio (11%) (continua) Descrição Remuneração Média (42%); Taxa de Crescimento da Remuneração Média (5%). Índice de Formalização (34%); Taxa de Cresc. do Estoque de Emprego Formal (5%); Taxa de Participação do Emprego Formal (6%). Participação do VBP agropecuário do município no total do VBP do Estado (6%); Taxa de Crescimento do VBP Agropecuário (2%). Atendimento à educação infantil. Taxa de Não-distorção idade-série (5+5%); Percentual de Docentes com Curso Superior (7+6%); Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) (15+15%); Taxa de Não-distorção. (2%). Taxa de Não-distorção. (2%); Percentual de Docentes com Curso Superior. (5%); Taxa de não-abandono (4%). 51 (conclusão) Indicador Descrição Percentual de mais de Total geral de consultas realizadas; seis consultas pré-natais Total de consultas com 6 ou mais pré-natais. por nascido vivo. (33,33%) Percentual de óbitos por Total de óbitos gerais; SAÚDE causas mal definidas Total de óbitos por causas mal definidas. (33,33%) (33,33%) Percentual de óbitos de Total de nascidos vivos; menores de cinco anos por causas evitáveispor Total de óbito menos de 5 anos por causas evitáveis. nasci-dos vivos (33,33%) Fonte: Dados disponíveis em: http://www.ipardes.gov.br/pdf/indices/ipdm/nota_metodo logica_IPDM. pdf acesso em 28/04/2013. Dimensão A leitura dos resultados considerando-se o índice final é feita a partir de valores variando entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o nível de desempenho do município com relação ao referido indicador ou o índice final. A metodologia completa do IPDM, a qual adota-se nesta dissertação, segue no anexo A. 2.3 INDICADORES SOCIOAMBIENTAIS – A QUARTA DIMENSÃO Faz-se uma rápida revisão bibliográficas sobre as definições de desenvolvimento sustentável e as atuais tentativas de medi-lo levando em consideração uma nova dimensão relacionada à sustentabilidade ambiental através da adoção de indicadores socioambientais. 2.3.1 Desenvolvimento Sustentável A industrialização e os crescentes avanços das tecnologias contribuíram para a melhora no padrão de vida de algumas pessoas, mas como relatam Moraes et al (2008, p.2) deu-se às custas de consumo de recursos naturais e utilização de fontes e energia não renováveis (petróleo, carvão, gás natural entre outros), gerando degradações que começam a preocupar aos indivíduos, as empresas e as nações sobre as consequências que esta exploração desenfreada pode acarretar para as futuras gerações, “Diante desse contexto, surge a ideia de Desenvolvimento 52 Sustentável, que busca harmonizar o desenvolvimento da economia com a preservação do ambiente e com soluções para os problemas sociais.” Segundo Silva (2007), o conceito de desenvolvimento sustentável se situava nas características da integridade ambiental e apenas a partir da definição do Relatório de Brundtland12 seu foco engloba o ser humano, gerando um equilíbrio entre as dimensões: econômica, ambiental e social na busca pela sobrevivência de ambos. De acordo com Van Bellen (2005, p. 9), existem quatro perspectivas para a sustentabilidade (figura 3): a econômica, a social, a ambiental e a geográfica e Cultural. Para o autor, “o conceito de desenvolvimento sustentável trata especificamente de uma nova maneira de a sociedade se relacionar com seu ambiente de forma a garantir a sua própria continuidade e a de seu meio externo”. Figura 3: Dimensões da sustentabilidade. Fonte: Moraes et al (2008, p.3). Van Bellen (2005) classifica: A perspectiva econômica pela alocação e distribuição eficiente dos recursos naturais em uma escala apropriada; 12 A comissão foi criada em 1983, após uma avaliação dos 10 anos da Conferência de Estocolmo, com o objetivo de promover audiências em todo o mundo e produzir um resultado formal das discussões. O documento final desses estudos chamou-se Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland. Apresentado em 1987, propõe o desenvolvimento sustentável, que é “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”. Disponível em: http://www.marcouniversal.com.br/upload/RELATORIOBRUNDTLAND.pdf. Acesso 01/09/2013. 53 A social com a preocupação com o bem-estar humano, através do acesso a serviços básicos, água limpa e tratada, ar puro, serviços médicos, segurança, proteção e educação; A sustentabilidade ecológica como a maximização da utilização da capacidade do planeta mantendo um nível mínimo de deterioração dos mesmos; A perspectiva geográfica e cultural trata da melhor distribuição da ocupação humana na Terra (população rural e urbana), protegendo a diversidade biológica. Embora distintas elas interagem entre si e formam juntas o que Sachs (2007) define como ecossocioeconomia, uma economia ecológica voltada para o bem social. Moraes et al (2008) concluem que apesar da ampla discussão sobre o tema sustentabilidade, ainda não se chegou a uma definição precisa, são muitas as dúvidas que surgem a respeito desse conceito e dos impactos que essa temática pode causar, o que dificulta ainda mais as tentativas de o mensurar através de métodos estatísticos. Segundo Veiga (2009) é unanime o reconhecimento do papel dos indicadores socioambientais como peça chave na mensuração de uma região sustentável, porém, ainda não existe convergência nem aceitação entre indicadores e medidas sínteses. Para Van Bellen (2005), a aplicação dos dez critérios estabelecidos pelos “Princípios de Bellagio13” (IISD, 2000), uma organização teórica possibilitaria uma ferramenta que auxilie aos usuários condições de selecionar e trabalhar com um conjunto de indicadores e com um modelo metodológico mais apropriado na busca pela avaliação de um progresso sustentável. Hardi e Zdan (1997) relacionam os dez Princípios de Bellagio que envolvem as etapas do processo de desenvolvimento de indicadores da sustentabilidade (quadro 8). 13 De acordo com Hardi e Zdan (1997), os Princípios de Bellagio servem como orientação para avaliação de todo o processo, desde a escolha e o projeto dos indicadores e sua interpretação até a comunicação dos resultados 54 Quadro 8: Princípios de Bellagio. Princípio Avaliação do progresso 1) GUIA DE Visão clara do que é desenvolvimento sustentável e suas metas; VISÃO E METAS 2) PERSPECTIVA Revisar todo o sistema; HOLÍSTICA Considerar o bem-estar dos subsistemas ecológico, social e econômico e a interação entre as suas partes; Considerar as consequências positivas e negativas da atividade humana de um modo a refletir os custos e benefícios para os sistemas ecológico e humano; 3) ELEMENTOS ESSENCIAIS Deve considerar a equidade e a disparidade dentro da população atual e entre as gerações, lidando com a utilização de recursos, superconsumo e pobreza, direitos humanos e acessos a serviços; As condições ecológicas das quais a vida depende; O desenvolvimento econômico e outros aspectos que não são oferecidos pelo mercado e contribuem para o bem-estar social; 4) ESCOPO Deve adotar um horizonte de tempo suficientemente longo para abranger as ADEQUADO escalas de tempo humana e dos ecossistemas; Definir o espaço de estudo para abranger os impactos; Construir um histórico para antecipar futuras condições; 5) FOCO PRÁTICO Deve ser baseada em um sistema organizado que relacione: as visões, as metas e os critérios de avaliação; Um número limitado de questões-chave para análise; Um número limitado de indicadores ou combinação dos mesmos; Na padronização das medidas para permitir comparações; A comparação dos valores dos indicadores com as metas, valores de referência, padrão mínimo e tendências; 6) ABERTURA / Deve construir os dados e indicadores de modo que sejam acessíveis ao TRANSPARÊNCIA público; (OPENNESS) Tornar explícitos todos os julgamentos, suposições e incertezas nos dados e nas interpretações; 7) COMUNICAÇÃO Deve ser projetada para atender às necessidades do público e dos usuários); EFETIVA Ser feita de uma forma que os indicadores e as ferramentas estimulem e engajem os tomadores de decisão; Procurar a simplicidade na estrutura do sistema e utilizar linguagem clara e simples; 8) AMPLA Deve obter ampla representação do público: profissional, técnico e PARTICIPAÇÃO comunitário, incluindo participação de jovens, mulheres e indígenas para garantir o reconhecimento dos valores; Garantir a participação dos tomadores de decisão para assegurar uma forte ligação na adoção de políticas e nos resultados da ação; 9) AVALIAÇÃO Deve desenvolver a capacidade de repetidas medidas para determinar CONSTANTE tendências; ser interativa, adaptativa e responsiva às mudanças, porque os sistemas são complexos e se alteram frequentemente; ajustar as metas, sistemas e indicadores com os insights decorrentes do processo; Promover o desenvolvimento do aprendizado coletivo e o feedback necessário para a tomada de decisão; 10) CAPACIDADE Deve ser assegurada pela delegação clara de responsabilidade e provimento INSTITUCIONAL de suporte constante no processo de tomada de decisão; Provimento de capacidade institucional para a coleta de dados, sua manutenção e documentação; Apoio ao desenvolvimento da capacitação local de avaliação. Fonte: Adaptado do texto de Hardi e Zdan (1997). Portanto, criar instrumentos de medição que integrem variáveis de diversas esferas traduzindo quantitativamente um conceito de desenvolvimento sustentável 55 tornou-se um desafio instigando pesquisadores da área a buscar o melhor meio de obtê-lo. 2.3.2 Indicadores de sustentabilidade Segundo Campos, Silva e Gómez (2007) na busca pela avaliação do progresso do desenvolvimento sustentável estão os indicadores socioambientais como instrumentos fundamentais para guiá-los. Segundo Veiga (2010), há uma verdadeira muralha entre indicadores que tentam atribuir valores monetários aos bens e serviços ambientais. Mas então como mensurar esses indicadores? Como interpretar uma realidade empírica através de processos estatísticos? Esse é um dos grandes desafios para aqueles eu defendem a utilização de indicadores sintéticos para a interpretação de realidades concretas. Para o mesmo autor, é estatisticamente impensável fundir apenas duas ou três dimensões num mesmo índice e conseguir um resultado satisfatório, ressalta que a avaliação, a mensuração e o monitoramento da sustentabilidade certamente deverão ser expressos por indicadores não monetários como as emissões de carbono, a biodiversidade e a segurança hídrica. Para Stiglitz-Sen-Fitoussi (2009), as mensagens e recomendações que estão no Report by the Commission on the Measurement of Economic Performance and Social Progress sobre indicadores de sustentabilidade são um ponto de partida, defendem que existem três problemas bem diferentes, que não deveriam ter sido misturados nem isolados: Medir desempenho econômico; Medir qualidade devida (ou bem-estar); e Medir a sustentabilidade do desenvolvimento. Para eles elas não deveriam ser tratadas de forma mista nem isoladas orientaram a: 1) O PIB (ou PNB) deve ser inteiramente substituído por uma medida bem precisa de renda domiciliar disponível, e não de produto; 2) A qualidade de vida só pode ser medida por um índice composto bem sofisticado; 56 3) A sustentabilidade exige um pequeno grupo de indicadores físicos, e não de malabarismos que artificialmente tentam precificar coisas que não são mercadorias. Recomendam que a qualidade de vida e o desempenho econômico sejam medidos por novos indicadores, diferentes dos atuais PIB ou IDH. Veiga (2010, 4647) “Em outras palavras, o relatório propõe a superação da contabilidade produtivista, a abertura do leque da qualidade de vida e todo o pragmatismo possível com a sustentabilidade.” Seu grupo de trabalho sugere um conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável dividindo-o em dois grupos: um socioambiental com seis, e outro econômico-ecológico com oito: No primeiro: (i) desvios de temperatura; (ii) concentrações de ozônio e particulados; (iii) disponibilidade de água; (iv) fragmentação dos hábitats naturais; (v) indicadores de educação; e (vi) expectativa de vida ajustada pela saúde. No segundo: (i) recursos energéticos; (ii) minerais; (iii) madeireiros; (iv) marinhos; (v) indicadores de capitais produzido; (vi) indicadores de capitais humano; (vii) indicadores de capitais natural; e (viii) investimentos externos. Para o autor, fica claro que os indicadores não monetários recomendados para avaliar os danos ambientais de níveis perigosos estão associados às mudanças climáticas. Porém, das medidas já existentes, como lembra Veiga (2009, p. 422): Por mais importante que seja a construção de “sistemas de indicadores”, isoladamente eles terão pequena influência na governança socioambiental, porque ferem pelo menos três dos princípios de Bellagio [...]: a) não 57 garantem comunicação eficiente; b2) dificultam ampla participação; c) dificilmente podem orientar visão e metas. (VEIGA, 2009, p. 422) Cita como medida O Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA) - Environmental Sustainability Index” (ESI) - 2009 que envolve cinco dimensões: sistemas ambientais: considera quatro sistemas ambientais: ar, água, solo e ecossistemas; estresses: considera estresse algum tipo muito crítico de poluição, ou qualquer nível exorbitante de exploração de recurso natural; vulnerabilidade humana: a situação nutricional e as doenças relacionadas ao ambiente são entendidas como vulnerabilidades humanas; capacidade social e institucional: se refere a existência de capacidade socioinstitucional para lidar com os problemas e desafios ambientais; e responsabilidade global: entram os esforços e esquemas de cooperação internacional representativos da responsabilidade global. Também o Índice de Desempenho Ambiental (Environmental Performance Index) que utiliza dezesseis variáveis relacionadas a seis tipos de políticas bem estabelecidas: Saúde Ambiental; Qualidade do Ar; Recursos Hídricos; Recursos Naturais Produtivos; Biodiversidade e Habitat; e Energia. É centrado em dois amplos objetivos de proteção: 1) reduzir os estresses ambientais na saúde humana; e 2) promover vitalidade ecossistêmica e consistente gestão dos recursos naturais. Por Cechin & Setzer (2006), existem cinco indicadores que mais se assemelham a uma avaliação de sustentabilidade ambiental: Proporçãoda área de terras cobertas por vegetação natural; Área de terras protegidas para manter a diversidade biológica sobre a superfície total; 58 Uso de energia por U$1,00 do PIB; Emissões per capita de CO2 e consumo de CFC eliminadores de ozônio; e Proporção da população que utiliza combustíveis sólidos. No Brasil, a iniciativa de se construir um sistema de indicadores foi idealizada pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp) da Unicamp, em parceria com o Instituto DNA Brasil, a qual originou o Índice DNA Brasil. O IDNA Brasil buscou ampliar o IDH, criado pelo Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (PNUD), incorporando dimensões da vida econômica, cultural e social brasileira (INSTITUTO DNA BRASIL, 2007). Seu objetivo é criar uma mobilização nacional em torno de um projeto para o desenvolvimento social e econômico do país, ressaltando as dimensões problemáticas e estabelecendo, com o máximo rigor e cientificidade possíveis, parâmetros que orientem a formulação de políticas e a ação de atores individuais e institucionais. O Índice DNA Brasil vai além das dimensões usadas pelo IDH (renda, longevidade e educação) e apura seu resultado tendo por base sete dimensões sociais e econômicas (sem deixar de considerar as dimensões demográficas da realidade brasileira): Moraes (2008, p. 8) constrói um quadro (9) resumo das dimensões e dos indicadores que o compõe: Quadro 9: Dimensões e Indicadores do IDNA – 2007 (Continua) DIMENSÃO Bem-estar econômico INDICADORES Renda per capita, relação entre as remunerações médias das mulheres e dos homens, relação entre as remunerações médias de negros e brancos, taxa de ocupação formal. Competitividade Indicadores de participação do Brasil no mercado externo e dos econômica produtos de média e alta intensidade tecnológica na pauta de exportações. Condições Instalações adequadas de esgotamento sanitário, Destino socioambientais adequado do lixo urbano, Tratamento do esgoto sanitário. Educação Taxa de escolarização líquida no ensino médio, aferindo a faixa etária matriculada no nível de ensino adequado e obrigatório à sua categoria, Concluintes do ensino médio na idade esperada, Desempenho no Programa Internacional para Avaliação do Estudante (Pisa). 59 DIMENSÃO Saúde Proteção social Básica Coesão social (Conclusão) INDICADORES Anos potenciais de vida, Mortalidade infantil, Coeficientes de mortalidade por acidentes cardiovasculares (ACVs) e Acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Cobertura previdenciária para maiores de 65 anos, Financiamento da atenção à saúde. Distribuição de renda interpessoal, Morte por homicídio em homens (na faixa de 15 a 24 anos de idade), Percentual de adolescentes que são mães, Justiça tributária. Fonte: Moraes (2008, p. 8). Moraes (2008, p. 12) avaliou o IDNA e concluiu que apesar do não completo alinhamento com os Princípios de Bellagio, o índice possui potencialidades. “Porém, para a sua evolução e para que se possa suprir as carências existentes, é necessária uma revisão do sistema, categorias e indicadores”. Outra metodologia é citada por VEIGA (2009), através de uma pesquisa (dissertação de mestrado) realizada por Wadih João Scandar Neto definida por ele como a reflexão mais amadurecida sobre indicadores do país (junho 2006) orientada na Escola Nacional de Ciências Estatísticas pelo professor Paulo de Martino Jannuzzi. Propõe a construção de indicadores de desenvolvimento sustentável para os municípios fluminenses. O maior problema que enfrentou foi a falta de informações para suprir em escala municipal as variáveis para a construção deste índice consideradas insuficientes para mensurar as dimensões ambientais e institucional. Sua dimensão ambiental compreende três variáveis: Saneamento: proporção de moradores com acesso a: (i) sistema de abastecimento de agua; (ii) coleta de lixo domestico; (iii) esgotamento sanitário; Atmosféra: (iv) frota de veículos automotores por cem habitantes; (iv) potencial de poluição industrial por mil habitantes; (v) percentual de área de vegetação remanescente sobre Terra: área total. Causou estranheza os indicadores adaptados para a dimensão institucional: 60 capacidade institucional: (i) proporção de municípios com possibilidade de acesso à internet;e (ii) número de terminais telefônicos instalados por cem habitantes. Veiga (2009, p. 432) analisa como se “talvez fosse até razoável para avaliar as telecomunicações, mas não faz qualquer sentido para avaliar “capacidade institucional”.” Conclui que são muitos os obstáculos para se obter uma forma de mensurar o desenvolvimento sustentável com ampla aceitação e tal problema pode estar associado a incipiências dos bancos de dados e até mesmo conceitual sobre o meio ambiente e sustentabilidade. Segundo Veiga, é necessário fazer projeções, estabelecer metas, respostas prévias e normativas de caráter mundial, mas cada país pode fazer a sua contribuição na busca pela convergência de uma teoria universal, recomenda: a) a avaliação da sustentabilidade requer um pequeno conjunto bem escolhido de indicadores, bem diferente dos que podem avaliar qualidade de vida e desempenho econômico; b) característica fundamental dos componentes desse conjunto deve ser a possibilidade de interpretá-los como variações de estoques e não de fluxos; c) um índice monetário de sustentabilidade até pode fazer parte, mas deve permanecer exclusivamente focado na dimensão estritamente econômica da sustentabilidade; d) os aspectos ambientais da sustentabilidade exigem acompanhamento específico por indicadores físicos. (VEIGA, 2010, p. 49) Para Prescott-Allen (1999), existem alguns elementos importantes na escolha dos Indicadores ligados a uma visão geral das metas se quer alcançar. Sugere seis estágios: 1. Definir o sistema e as metas: O sistema consiste nas pessoas e no ambiente da área a ser avaliada. As metas abrangem uma visão sobre o desenvolvimento sustentável e fornecem a base para a decisão sobre o que realmente a avaliação deve medir; 2. Identificar questões e objetivos: Questões são assuntos-chave ou preocupações principais, características da sociedade humana e do ecossistema que devem ser considerados para se ter uma real visão de sua situação. Objetivos fazem as metas mais específicas; 3. Escolha dos indicadores e critérios de performance: 61 Indicadores são aspectos mensuráveis e representativos de uma questão e os critérios de performance são os padrões alcançáveis e desejáveis para cada um dos indicadores; 4. Medição e organização dos indicadores: Os resultados dos indicadores devem ser guardados em suas medidas originais, a eles devem ser atribuídos os escores relativos ao critério da escala de performance e depois organizados; 5. Combinação dos indicadores: Os resultados dos indicadores devem ser combinados dentro da hierarquia do sistema e de cada um dos eixos separadamente; 6. Alocação, organização e revisão dos resultados: Fornecer uma leitura visual dos resultados para que esta revele um quadro geral da situação através de um índice de performance. A revisão pode ligar a avaliação à ação pela análise dos resultados, sugerindo quais ações são necessárias e onde devem ser aplicadas. A revisão também fornece um diagnóstico para a elaboração de programas e projetos. Atualmente, o IBGE dispõe de dados que podem vir a se tornar indicadores compatíveis com o objetivo de mensurar o desenvolvimento sustentável ou a viés ambiental (quadro 10). Quadro 10: Relação dos indicadores socioambientais disponível pelo IBGE – 2013. DIMENSÃO ESPECIFICAÇÃO Atmosfera Terra Ambiental Água Doce Oceanos, mares e áreas costeiras Biodiversidade Saneamento População Trabalho e rendimento Econômica (Continua) INDICADOR Emissões de origem antrópica dos gases associados ao efeito estufa; Emissões de origem antrópica dos gases associados ao efeito estufa; Concentração de poluentes no ar em áreas urbanas; Uso de fertilizantes; Uso de agrotóxicos; Terras em uso agrossilvipastoril; Desflorestamento na Amazônia Legal; Desmatamento nos biomas extra amazônicos; Qualidade de águas interiors; Balneabilidade; População residente em áreas costeiras; Espécies extintas e ameaçadas de extinção; Áreas protegidas; Espécies invasoras; Acesso a serviço de coleta de lixo doméstico; Destinação final do lixo; Acesso a sistema de abastecimento de água; Acesso a sistema de abastecimento de água; Tratamento de esgoto; Taxa de crescimento da população; Taxa de fecundidade; Razão de dependência; Índice de Gini da distribuição do rendimento; Taxa de desocupação; Rendimento domiciliar per capita; Rendimento médio mensal; Mulheres em trabalhos formais; 62 (conclusão) INDICADOR Esperança de vida ao nascer; Taxa de mortalidade infantil; Prevalência de desnutrição total; Taxa de incidência de Institucional Saúde AIDS; Imunização contra doenças infecciosas infantis; Oferta de serviços básicos de saúde; Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado; Educação Taxa de alfabetização; Taxa de frequência escolar; Taxa de escolaridade; Social Habitação Adequação de moradia; Segurança Coeficientes de mortalidade por homicídios e por acidentes de transporte; Fonte: Adaptado do IBGE – 2013 - disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pesquisas/ids/default.asp>. Acesso em 01/09/2013. DIMENSÃO ESPECIFICAÇÃO Os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável disponibilizados no SIDRA edição 2013, objetivam acompanhar a sustentabilidade do padrão de desenvolvimento do país porém há diferenças nas periodicidades, necessitando previamente a constatação do ano correspondente a cada indicador. O maior desafio, porém, pode estar em obter os dados em escala municipal, pois requer um esforço conjunto dos institutos de pesquisa e dos gestores municipais para a coleta de tais informações. 2.4 DESENVOLVIMENTO, CRESCIMENTO E DESEMPENHO A importância da definição dos conceitos entre desenvolvimento, crescimento e desempenho está diretamente relacionada às definições constitutivas e à finalidade dos índices abordados, buscando identificar qual reflete melhor a realidade estudada. Desenvolvimento caracteriza-se como um processo que modifica, intensifica e diversifica a demanda no plano social, seus reflexos deram-se através das decisões tomadas por seus atores no decorrer dos anos, sejam em esfera governamental, empresarial ou a própria sociedade civil organizada, é um processo que está em constante modificação para Boisier (2004) é equivalente a redução do desemprego, da pobreza e das desigualdades. Já o crescimento é uma taxa determinada por meio de razão que relaciona um mesmo indicador em dois tempos distintos e identifica se houve melhora, ou não, em suas regiões. 63 O desempenho é definido como a medida do rendimento de uma região através da análise de indicadores que devem corresponder à realidade questionada, possibilitando identificar as potencialidades e as fragilidades da região na busca por alternativas para melhorar seus resultados. Estas variações metodológicas buscam evidenciar possíveis melhoras, ou perdas,através das respostas obtidas nos índices gerados ao avaliar as ações implantadas pelos gestores, por exemplo, um avaliador de desempenho faz uso de taxas de crescimento em sua determinação, seu aumento ou decrescimento refletirá no desenvolvimento de uma região. Faz-se um breve relato da evolução das principais teorias de desenvolvimento e o processo de desenvolvimento brasileiro. Analisa-se os objetivos norteadores que constituem o processo de descentralização administrativo na busca de informações sobre como correu esse processo no estado catarinense em 2003, pois um dos objetivos desta dissertação é a determinação de um índice de desempenho para estas secretarias. 2.4.1 Desenvolvimento e Crescimento Por um longo tempo o conceito de desenvolvimento esteve associado ao conceito de crescimento econômico, pois muitos economistas clássicos atribuíram apenas os incrementos constantes no nível de renda como condição para se chegar ao desenvolvimento, sem se preocupar com a distribuição dos mesmos, acreditavam que a produção bastava para suprir as necessidades humanas. Com os avanços nos debates sobre crescimento e desenvolvimento, este passou a configurar-se como um processo, ressaltando a ideia de que as sociedades devem cumprir etapas para alcançar o desenvolvimento, atentos ao fato de que esse movimento envolve incerteza, descontinuidade, conflito de interesses e particularidades. Portanto, as dimensões do desenvolvimento são múltiplas – econômica, social, política, institucional – assim como são múltiplas as formas de expressão. (LIBARDI et al, 2010, p. 4) Em Furtado (1967) já se molda a concepção de desenvolvimento sob estes pressupostos, pois, qual seja o desenvolvimento enquanto processo caracteriza-se por modificações, no tempo, das matrizes estruturais que acompanham a intensificação da divisão social do trabalho, o aumento da produtividade do trabalho 64 no plano macroeconômico e a diversificação da demanda no plano social. (FURTADO, 1967, p. 71). Ou seja, vê-se necessário uma mudança de cunho estrutural através da dinamização socioeconômica visando à melhora na qualidade de vida da população. Souza e Portugal resumem os fatores de crescimento das regiões em: a) exportações regionais, tanto para o exterior, como para o mercado nacional, incluindo-se a abertura comercial; b) investimentos em capital físico e em capital humano (saúde, educação, treinamento da mão-de-obra e capacitação gerencial); c) a mobilidade inter-regional de trabalho e do capital; d) infraestruturas públicas geradoras de economias externas; e e) aumento do estoque de conhecimentos e novas tecnologias. (SOUZA; PORTUGAL, p.8) Vê-se a necessidade de explorar o potencial regional, fazer uso da inovação visando gerar condições para que a sociedade envolvida melhore sua qualidade de vida. Uma região expressa a identidade de uma população, e deve descrever seu pertencimento territorial, uma sociedade que defenda suas ideologias, ainda, Lopes (2009) classifica o conceito de região por duas fases que estão associadas ao planejamento: Numa primeira fase houve a intenção de construir regiões formais, áreas geográficas dotadas de uniformidade relativa ou homogeneidade face a determinado atributo ou variável que começou por ser predominante físico, para mais tarde ser de ordem econômica e, mais tarde ainda, de ordem social e política: mas a variação qualitativa mais importante do conceito deve associar-se as preocupações e construir regiões formais, não a partir de um atributo apenas, mas de uma variedade deles. (LOPES, 2009, p.36) Portanto, no início preocupava-se apenas em definir regiões autônomas e individuais com características de ordem física, econômica, social e política. Como consequência destas ações, numa segunda fase procuravam-se regiões com sistemas funcionais, ou como define Lopes (2009, p.36), “[...] áreas geográficas dotadas de coerência funcional a avaliar a partir das relações de interdependência”. E ainda, Souza (1981, p.5) lembra que “Nem todas as áreas são exploradas com a mesma intensidade e ao mesmo tempo; as que são valorizadas em primeiro lugar tendem a adquirir uma vantagem adicional sobre as demais.” Capello e Nijkamp (2009) evidenciam que uma desigualdade persistente entre as regiões e/ou cidades tem sido fonte de preocupação ao longo das últimas décadas. Para eles, o desenvolvimento regional abrange: [...] um vasto leque de questões de política econômica relacionadas com a necessidade de explorar recursos produtivos adequados que possam contribuir – ou constituir um entrave – para o bem-estar da população da região, tanto em sentido absoluto como relativo. Por conseguinte, o 65 desenvolvimento regional está associado que com objectivos de eficiências (como a utilização óptima de factores de produção escassos), quer com objectivos de equidade (como a coesão social e a distribuição da riqueza, questões por vezes chamadas <<coesão territorial>> na linguagem moderna. (CAPELLO, NIJKAMP, 2009, p. 287-288) Mas como criar uma sociedade igualitária? Começa-se a perceber então, a necessidade de interação e coerência entre as regiões e as atividades por elas desenvolvidas. Não é só trabalhar com os mesmos ativos, mas sim, com recursos produtivos complementares, inovar, buscar o novo. E ainda ressaltam que o desenvolvimento econômico regional deve incluir elementos como: acesso à ação social, ambiente saudável, qualidade na educação, ambiente sustentável, entre outros, além é claro, dos aspectos econômicos. Segundo Souza (1981, p. 5): A Economia Regional compreende: a introdução do elemento espaço na análise econômica; o estudo de problemas localizados e que envolvem separação espacial, tais como: a estrutura dos parques industriais locais e regionais; os meios de comunicação entre dois ou mais centros urbanos; o problema do emprego rural e urbano; as finanças municipais e regionais; o aproveitamento racional dos recursos naturais locais; os impactos de investimentos em determinadas indústrias sobre o emprego, as demais atividades industriais, as finanças públicas, etc. (SOUZA, 1981, p.5) Ao falar sobre o processo de globalização mediante uma economia aberta, defende a necessidade de ferramentas de intervenção pelos países dependentes para assentar a sua competitividade no mercado. E ainda, para Capello e Nijkamp, (2009, p. 310) “O desenvolvimento das regiões num mundo aberto também é fortemente influenciado pelo seu ambiente e sua base de recursos. Portanto, a sustentabilidade é também uma tarefa crítica para a política regional”. E ainda, para Boisier (2004) o desenvolvimento é equivalente a redução do desemprego, da pobreza e das desigualdades, e como ele mesmo diz, isso é algo intangível, sempre que se alcançam patamares mais altos a heterogeneidade de uma sociedade está diretamente ligada e esses avanços. Porém, na busca por esta utopia, num primeiro momento vê-se necessário que: Os agentes do desenvolvimento deveriam se persuadir da conveniência de operar com base em uma prévia “topografia cultural e institucional” em vez de conformar-se em evocar o capital social que atribuem, bastante ad hoc e sem maiores explicações, às populações pelas quais se interessam. (HERMET, 2002, p.124) Portanto, devem-se avaliar as distribuições de recursos e apoiar as políticas públicas necessárias a cada região, pois como resume Oliveira (2002) este é um 66 processo complexo com mudanças e transformações econômicas, políticas e principalmente humana e social, pois como o desenvolvimento visa alterar a qualidade de vida das pessoas para melhor, tudo depende dos conceitos adotados pelos agentes envolvidos para definir as metas que promovam o potencial humano da região. Então, uma região deve fazer uso de estratégias que reúnam tecnologia, inovação e organização institucional, e buscar na modernização transformar as políticas públicas baseando-as no respeito e na valorização das particularidades e da sua cultura. Hermet (2002) e Boisier (2004) apontam a cultura como a base do processo de planejamento, pois é através desta análise que se consegue definir o que aquela sociedade tem de melhor a oferecer para maximizar suas oportunidades. Porém, como afirma Souza (1981, p. 5): Sinteticamente, pode-se afirmar que os problemas regionais nascem de disparidades engendradas pela difusão desigual do processo de crescimento no conjunto do espaço econômico nacional. Economias externas nas regiões mais ricas drenam fatores das regiões mais pobres. (Souza, 1981, p. 5) 2.4.1.1 Evolução das Teorias do Desenvolvimento Regional Para os fisiocratas do início do século XVII a economia era regida por leis naturais, estabelecidas por Deus aos homens, lembrando que na época a agricultura era a atividade predominante, destaca-se François Quesnay (1978). No século XVIII, em seu livro “A Riqueza das Nações”, Adam Smith (1776) retrata a importância da análise das causas da divisão do trabalho. Para ele o valor excedente está diretamente ligado à quantidade de trabalho no processo produtivo ao valor final do produto, e ainda segundo Souza (2005b, p. 1) resume que: “[...] para Adam Smith, a economia tende progressivamente ao estado estacionário, pela concorrência entre os empresários, que reduz a taxa de lucro para seu nível natural, eliminando a possibilidade de acumulação de capital.” (SOUZA, 2005b, p.1) Outros clássicos como Malthus14, D. Ricardo15 e J.S.Mill16 em suas obras preocupam-se com o conflito entre salários, lucros e rendas e, iniciam-se os primeiros estudos demográficos. Para eles o desenvolvimento dar-se-á conciliando o 14 Em Príncipes d’economie politique. Paris: Calmann-Levy, 1969. Em Os Economistas: Princípios de economia política e tributação. São Paulo: Abril Cultural, 1982. 16 Em Os Economistas:Princípios de economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983. 2v. 15 67 crescimento com distribuição, pois os aperfeiçoamentos na produção, no comércio, nos serviços e do capital “propiciam espaço e campo para um aumento indefinido do capital e da produção, assim como para o aumento da população que costuma acompanhá-los” (Os Economistas,1983, v.2, p.214). Ao estado caberia a função de preservar a estabilidade social atuando nas áreas de segurança pública, saúde e educação. Karl Marx (1974), baseando-se nas ideias acima citadas, constrói uma análise acerca do valor do trabalho, onde define que este estaria ligado a quantidade de trabalho empregado para produzir determinado bem ou serviço. Posteriormente, examina a mercadoria, distinguindo seus valores de uso e de troca. As teorias clássicas espaciais, ou de localização do século XVII e XVIII construídas principalmente por Thünen (1966), Alonso (1972), tinham o propósito de desenvolver modelos explicativos acerca das disparidades territoriais ou das concentrações das atividades produtivas tendo por objetivo minimizar os custos operacionais. No século XX, Weber (1929), Chistaller (1966) e Lösch (1939; 1957) desenvolvem um instrumento geométrico hexagonal que considerava a posição geográfica para explicar a concentração das atividades produtivas e os seus custos com transporte. Esta tendência, porém, começa a mudar a partir dos anos sessenta, com o procura pelo dinamismo locacional, as empresas migram para as periferias. Já no século XIX, os estudos de Marshall (1891) sobre a importância da divisão do trabalho, introduzindo os primeiros conceitos de organização industrial sob a forma de agrupamentos, como aborda Souza (2005b, p.7): [...] na visão de Stuart Mill, por constantes inovações tecnológicas, suscetíveis de reduzir custos e elevar a taxa de lucro, compatibilizando os conflitos distributivos entre capitalistas, trabalhadores e rentistas. Assim sendo, no longo prazo, ao atingir o estado estacionário, a sociedade teria alcançado, simultaneamente, elevado nível de vida, vigorando salários relativamente elevados para a classe trabalhadora, com o desaparecimento da miséria do seio da população. (SOUZA, 2005b, p.7) Os distritos industriais passam a contribuir acerca da exploração de localizações estratégicas como meio para maximizar os lucros e minimizar os custos, sempre produzindo o mínimo, pois não adianta produzir sem um mercado que absorva a produção e ainda, o valor dos bens passa a ser obtido mediante análise de sua utilidade, ou capacidade de satisfazer às necessidades humanas. Souza (2005b, p. 10) resume: 68 A concentração industrial, facilitada inicialmente pela existência de recursos naturais e por incentivos, desenvolveu-se pela difusão do progresso técnico. Muitos conhecimentos deixam de ser segredo e caem no domínio de outros empresários; inúmeras indústrias desenvolvem-se. A disponibilidade de mão-de-obra aglomera as empresas e estas atraem trabalhadores de outras regiões. A existência de empregos alternativos em um mesmo lugar reduz os riscos dos trabalhadores ficarem inativos. De outra parte, a abundância de trabalho qualificado aumenta a segurança das empresas, que podem aceitar pedidos de produção sem receio de não poder atendê-los por falta de mão-de-obra. (SOUZA, 2005b, p.10) Porém, com o tempo, começa-se a perceber a falta de mão de obra qualificada para atividades desempenhadas que desenvolvem altas tecnologias. A concentração demográfica no entorno dos grandes centros industriais reflete a falta de recursos da população que, sem acesso a informações e educação de qualidade e aperfeiçoamento direcionado aos cargos ofertados, trabalha nas linhas mais baixas de produção onde o salário é ínfimo, enquanto que os altos cargos passam a ser ocupados, geralmente, por pessoal de outra região, até mesmo de países que ofertam maiores condições para estudo. Para Marshall (1982, v.2, p. 307), os fatores não econômicos do desenvolvimento são: [...] (a) aperfeiçoamento das leis e das instituições; (b) mobilidade da mão de obra; (c) grau de urbanização; (d) a preocupação com o futuro que induz a poupar no presente; e (e) investimentos em educação geral e técnica, ou capital humano. Ele preocupou-se também com o “problema da pobreza”, que apresenta implicações econômicas e sociais. (MARSHALL, 1982, v.2, p. 307) Souza (2005b, p. 11) resume as contribuições de Marshall, para ele a organização interna das empresas no processo de crescimento econômico, individual e coletivo é fundamental, porém “algumas suposições da análise neoclássica têm-se mostrado pouco realistas, como a ideia de concorrência perfeita, pleno emprego, flexibilidade de preços e salários e harmonia na distribuição de renda”. J. Schumpeter (1985), no início do século XX, defende o papel do empresário inovador como sendo central, para ele o desenvolvimento está ligado à necessidade de desenvolver novas tecnologias, novos produtos, diversificando atividades e gerando novas oportunidades. Quando o assunto é sobre o papel que o Estado deve exercer em momentos de crise, Keynes (1985) defende a intervenção, para ele, obter a complementação entre estado e mercado na busca por uma economia eficiente é essencial. 69 Já North (1955) expõe sua teoria da base exportadora, onde o desenvolvimento das regiões teria uma relação direta com sua capacidade de exportação e também, quanto maior a tecnologia utilizada mais valorizado torna-se o produto em questão. Vê-se, portanto, a importância da organização industrial para a diminuição dos custos de produção feitas na medida certa pelos polos industriais e a importância da busca de mercados de venda internacionais com a exportação de produtos que utilizam tecnologia visando valorizá-los. Segundo Souza (2005a, p. 88) “A teoria dos polos de crescimento foi desenvolvida por François Perroux, em 1955, ao observar a concentração industrial na França, em torno de Paris, e na Alemanha, ao longo do Vale da Ruhr.” Define que um polo de crescimento tem forte identificação demográfica, é um conjunto de atividades ligadas por relações de insumo-produto e quando provocar transformações estruturais e expandir-se se tornará um polo de desenvolvimento. E ainda (p.90), todo polo possui uma indústria motriz, líder do complexo de atividades, elas “atraem as empresas satélites, fornecedoras de insumos ou utilizadoras dos produtos das primeiras como insumos, desencadeamento o crescimento local e regional.” A aglomeração dos grandes centros fez com que essas empresas se relocalizarem na periferia das regiões, em busca de mão de obra mais barata e de incentivos fiscais. Seguindo a concepção dinâmica da polarização, Souza (2005a) cita Richardson (1980, p. 77) que afirma que o modelo centro-periferia apresenta quatro estágios de evolução: No primeiro, o padrão de localização é bastante disperso, pré-industrial, com a população difusa no interior da região. No segundo, o crescimento econômico concentra-se ligeiramente no centro principal, em detrimento da periferia que continua predominantemente agrícola. No terceiro, passa a ocorrer certa dispersão espacial do crescimento em alguns centros secundários, no interior da região polarizada. Finalmente, no quarto estágio, intensifica-se a integração espacial de subespaços interdependentes, englobando outras regiões no mesmo estágio de desenvolvimento, como nos países europeus. Ocorre posteriormente a descentralização do crescimento econômico, com o desenvolvimento dos diferentes centros e a redução das desigualdades regionais. (SOUZA, 2005a, p.92) Myrdal (1957), em ‘teoria da dinâmica circular cumulativa’, defendia que o desequilíbrio econômico num determinado espaço é inerente a tendência da livre atuação das forças de mercado que criam assimetrias regionais e estas são mais acentuadas quanto mais pobre é o país. Preocupava-se com o efeito polarizador que as regiões mais ricas exerciam sobre as mais pobres por meio da apropriação 70 cumulativa dos recursos gerados pelas regiões polarizadas pelo dinamismo socioeconômico emanado do centro. Pensava ser necessária a intervenção corretora dos poderes públicos tanto em termos econômicos, como sociais e políticos que possam contrariar os potenciais efeitos negativos sobre as regiões menos desenvolvidas. Portanto, como resume Souza (2005a), a indústria motriz não constitui o único elemento do desenvolvimento regional, a saber: Cada região precisa basear o seu crescimento econômico tanto na agricultura, como em atividades industriais mais tradicionais, produtoras de bens de consumo final, como as vinculadas ao vestuário, alimentação e bebidas. As indústrias induzidas são tão indispensáveis ao polo como as indústrias motrizes. Além disso, nenhuma indústria sobrevive sem infraestruturas, mão de obra com bons níveis de instrução e serviços básicos para o atendimento da população, como saneamento básico, habitação, segurança e saúde. (SOUZA, 2005a, p.100) E ainda, para o mesmo autor (2005a, p.100), a abordagem schumpeteriana do desenvolvimento tem elementos comuns à teoria dos polos, pois se baseia no dinamismo da indústria motriz, como uma atividade inovadora que exerce efeitos de encadeamento no interior do polo, cita que “Em Schumpeter, a atividade inovadora rompe o fluxo circular estacionário e promove o crescimento de seu meio e leva outras empresas a inovarem em um processo de imitação”. Logo, aquelas que não se adaptam desaparecem. Como lembra Souza (2005a, p. 101), nem todas as regiões atraem indústrias motrizes inovadores e de grandes dimensões. Nem sempre incentivos fiscais atraem essas empresas, pois necessitam de uma rede integrada para que a unidade motriz encontre na área os insumos que necessita, pois a falta pode encarecer o valor do produto final diminuindo sua competitividade no mercado. “Em tempos de globalização, é preciso que as comunidades locais e regionais se organizem em torno do objetivo do desenvolvimento econômico.” Tendo como papel de estimular as inovações, reduzir custos e estimular o mercado, destaca as universidades, centros de pesquisa, prefeituras, agências de fomento à pesquisa, associações comerciais e industriais, entre outros. Na década de 1980 formulam-se os primeiros trabalhos sobre a teoria do crescimento endógeno feitos por P. Romer (1990), R. Lucas (1990) e S. Rebelo (1991). Tem como base que o crescimento é impulsionado pela mudança 71 tecnológica que incide sobre a tomada de decisões, reforçam o papel do capital humano, do conhecimento e da mudança tecnológica. Entre 1950 e 1960 a América latina recebeu grande influência da concepção teórica ‘estruturalismo latino-americano’ que consistia em identificar o lugar que a região ocupa no conjunto de países, fazendo uso de indicadores sobre distribuição de renda e meio de produção. Nesta abordagem destacam-se Raul Prebisch (1949), que mostrou que associação divisão internacional do trabalho/divisão centroperiferia impediam a igualitária redistribuição de renda no comércio internacional mondando um caráter de dependência pelas regiões em desenvolvimento, propunha a industrialização dos países latino-americanos substituindo as importações. Brasileiros como Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado, Inácio Rangel. Eugênio Gudin, Roberto Simonsen, Octávio Gouveia de Bulhões, Carlos Bresser Pereira, Maria da Conceição Tavares, Wilson Canno, Caio Prado Junior, Nelson Werneck Sodré, além de outros, contribuíram nas teorias de desenvolvimento na tentativa de explicar o porquê das desigualdades de desenvolvimento. 2.4.2 O Processo de Desenvolvimento no Brasil e em Santa Catarina Segundo Bresser-Pereira (2007), entre os anos 30 e os anos 70 houve altas taxas de crescimento nos países da América Latina, no Brasil. Formulou-se uma estratégia nacional de desenvolvimento denominada “desenvolvimentismo” ou ”nacional-desenvolvimentismo” que propunha, principalmente, a proteção das indústrias nacionais e a promoção de poupança forçada através do Estado envolvendo, portanto, empresários industriais, burocracia do Estado e trabalhadores. Como diz este autor essa estratégia tinha: [...] o objetivo fundamental da política econômica era o de promover o desenvolvimento econômico, e, segundo, que, para isso, era preciso que a nação, isto é, os empresários, a burocracia do Estado, as classes médias e os trabalhadores, associados na competição internacional, definissem os meios que utilizariam para alcançar esse objetivo nos quadros do sistema capitalista, tendo como principal instrumento de ação coletiva o Estado. (BRESSER-PEREIRA, 2007, p.2-3) O desenvolvimentismo nada mais era do que uma estratégia nacional de desenvolvimento ligada a três correntes que se somavam: a teoria econômica clássica de Smith e Marx, a macroeconomia keynesiana, e a teoria estruturalista 72 latino-americana17. Usavam-nas na formulação das estratégias que permitissem alcançar gradualmente o nível de desenvolvimento dos países centrais baseando-se no mercado, atribuindo ao Estado o papel de coordenador da economia. Outro aspecto importante do desenvolvimentismo desenvolvido na América Latina, como lembra Bresser-Pereira (2007, p. 3) é que: “se opunham os economistas neoclássicos que praticavam a «ortodoxia convencional» – ou seja, o conjunto de diagnósticos e de políticas econômicas e reformas institucionais que os países ricos [...] recomendam [...]”. Porém, a partir dos anos 1980 com um quadro de crise da dívida externa, este movimento começa a perder força o que fortalece os países ricos, detentores da dívida. Galvão (2004, p. 80) traz que “Nos anos 1980, a periferia do sistema econômico mundial foi praticamente banida como destino dos fluxos internacionais de capitais. Apenas o sudeste asiático escapou do isolamento[...].” Não seria está uma coincidência, pois no momento em que os bancos internacionais pressionavam para receber seus empréstimos, os investidores estrangeiros retiram-se, afinal, para eles, todo o risco tem um limite. Sem essa poupança externa, os países periféricos enfraqueceram ainda mais, como consequência adota-se uma estratégia externa: a ortodoxia convencional. No Brasil, a ortodoxia convencional, embora oficialmente tenha-se deixado de ser colônia, os países estrangeiros ainda mandavam e desmandavam nas decisões do país, pois neste momento histórico, o estado ditava as regras que vinham dos países desenvolvidos. Após muitos debates sobre a influência que estes países exerciam em nossa nação, faz-se surgir os planos nacionais de desenvolvimento que para alguns são considerados um fracasso, porém se não fosse por essa iniciativa ainda estar-se-ia recebendo “ordens indiretamente”. Com o tempo o novo desenvolvimentismo toma força no Brasil, começa-se a decidir por si mesmos sem interferências externas e o estado passar a ser um interventor, um fiscalizador. Com o papel do estado definido, vai-se agora, na busca pelas especificidades. Primeiramente, adota-se o conceito e as teorias em torno de 17No Brasil, os dois principais economistas da teoria econômica do desenvolvimento corrente foram Celso Furtado e Ignácio Rangel. Dada a projeção internacional do primeiro, ele participou também do grupo fundador da teoria econômica do desenvolvimento, entre os quais se destacaram RosensteinRodan, Arthur Lewis, Ragnar Nurkse, Gunnar Myrdal, Raúl Prebisch, Hans Singer e Albert Hirschman. (BRESSER-PEREIRA, 2007, p. 3) 73 desenvolvimento territorial, para Dallabrida (2007) resume que é um processo estrutural dinâmico socioeconômico que promove a melhora na qualidade de vida da população. O território é uma fração do espaço que foi historicamente constituído por meio das relações entre os atores envolvidos. Um território inovador, portanto, é aquele que busca em suas especificidades se sobressair entre as demais. Em seu estudo, Galvão (2004, p. 23) sobre o desenvolvimento brasileiro, afirma que algumas frações territoriais se sobressaíram às demais, pois “angariando recursos humanos, materiais e financeiros e confirmando a percepção corrente de um país de vastas extensões de terras e relativa escassez de homens”. Portanto, sempre teve feição regional. Na análise da formação da sociedade brasileira, marcada hoje pelas agudas desigualdades sociais e regionais, o elemento que se destaca é, em primeiro lugar, a extensão continental do território nacional. Um território que pode ser incorporado aos circuitos econômicos aos poucos e extensivamente, em grande medida por causa de outro traço distintivo, a rarefação demográfica. (GALVÃO, 2004, p. 23-24) Na busca pela integração destas regiões, Brandão (2007, p. 76) diz que “é sempre um processo contínuo e de difícil reversão [...] sobre as regiões aderentes, que serão engolfadas em adaptações recíprocas, com intensidades e naturezas diversas”, ao promover essa integração, delineia-se o que se pode chamar de centros dinâmicos os quais agem como “dominadores” e as periferias como “dominadas”. Como consequência, esta dinâmica de acumulação logra: [...] na longa duração, integrar a economia nacional, formando um único espaço nacional de valorização, embora esse processo pouco tenha haver com a diminuição das especificidades intra e inter-regionais. Muito pelo contrário, a integração põe em toda sua inteireza a questão do fosso no nível do desenvolvimento das forças produtivas entre as regiões, impondo a conscientização da natureza desigual do processo de desenvolvimento capitalista e explicitando uma “questão regional”, que ganha foros de problemática concreta a ser enfrentada no e pelo Estado. (BRANDÃO, 2007, p. 79) Essas aglomerações que envolvem comunidades diversas, com contextos culturais, sociais, econômicos e potenciais tecnológicos comuns, não necessariamente em tudo, mas em parte, estarão, portanto, sujeitas aos desafios, oportunidades e ameaças que deverão ser enfrentadas e vencidas. Como diz Alves (2009), a questão central é saber qual o padrão tecnológico no momento, que expressa o potencial da sociedade ou cidade em questão, lembrando que o fator tecnológico é uma condição necessária, porém não suficiente. 74 Uma sociedade pode ser tecnologicamente dependente ou inovadora, o conhecimento pode ser visto como objeto de difusão no momento em que se pode conciliar o reconhecimento da importância do conhecimento e da inovação. [...] sendo o conhecimento o motor do aumento da eficiência, a sua difusão está longe de ser um processo automático e as condições favorecem uma efetiva apropriação de conhecimento novo por parte de um número alargado de agentes econômicos passam a ser uma parte relevante da explicação para o crescimento econômico diferenciado de países ou regiões. (SILVA et al, 2009, p. 184) O aumento da capacidade ou das possibilidades de crescimento local é um processo contínuo que necessita de tempo, condições e o apoio do Estado e da sociedade. Para promovê-lo não existe uma receita a ser seguida, cada região tem suas particularidades, seu Capital Humano18é diferente. Para Lima e Oliveira (2003) pensar em desenvolvimento regional é, antes de tudo, pensar na participação da sociedade no planejamento contínuo na maximização do seu potencial local e pela distribuição dos frutos desse processo de crescimento. As teorias atuais de desenvolvimento abordam algumas ferramentas de integração como os Sistemas de Inovação, Clusters, Arranjos Produtivos Locais (APL’s) e Aglomerados que são formas de concentrar geograficamente firmas ou empresas, de um ou mais setores de forma dinâmica. Agem por meio de cooperação com um “núcleo dinâmico19” que coordene o processo de aprendizagem e inovação com a calibração correta dos conhecimentos favorecendo o processo de absorção de maneira homogênea por todos os setores envolvidos. Como resume Souza (2005a, p. 109): Meios inovadores, regiões inteligentes e sistemas regionais de inovação são conceitos que dependem, portanto, do aparato institucional local, das economias de aglomeração e das interligações tecnológicas, que geram os complexos de atividades; eles necessitam das proximidades espaciais e tecnológicas; o seu sucesso baseia-se na cooperação entre os agentes, na aquisição de novos conhecimentos, nas possibilidades de obtenção de crédito abundante e barato, bem como no acesso aos mercados, o que significa novos conhecimentos e capacidade de aumento constante de competitividade e acesso a novas tecnologias. (SOUZA, 2005a, p.109) Os Neoschumpeterianos defendem a inovação e as redes de cooperação, pois no contexto das transformações econômicas, tecnológicas e político18 Conhecimento e a habilidade do ser humano. por um conjunto de empresas com patamares superiores de capacitação, aprendizado e desempenho inovador. Assume-se, portanto, que as empresas integradas a esse núcleo apresentam maior capacidade potencial de indução do aprendizado interativo por meio de relacionamentos interindustriais, os quais geram importantes efeitos spillovers que possibilitam a sustentabilidade do dinamismo do arranjo como um todo. (STALLIVIERI, CAMPOS, 2009, p. 191) 19Formado 75 institucionais, a inovação adquiriu importância estratégica para a formação de redes de cooperação a fim de impulsionar o desenvolvimento territorial sustentável. Além de que consegue maximizar lucros e minimizar custos, com custos de logística zero diminui o valor do produto final ao consumidor gerando maior competitividade nacional e internacional. Porém, devem-se dinamizar os setores das redes assim como o local de instalação. A geografia econômica estuda a distribuição de capital em um determinado território. Defende que através da descentralização de investimentos feitos em várias regiões facilita na geração de um território desenvolvido homogeneamente. Logo, necessita-se de planejamento para posteriormente implantar estes sistemas, somado às inovações voltadas ao potencial local, tem-se uma importante ferramenta facilitadora do desenvolvimento regional. Ao ser questionado sobre que tipos de políticas seriam capazes de gerar simultaneamente crescimento e desenvolvimento econômico, pelo Jornal do Comércio, Porto Alegre em 14/09/2007, Souza responde que: Investimento em educação em todos os níveis, assim como em pesquisa tecnológica aplicada, estímulo aos pequenos negócios e ao crescimento municipal. A duplicação de uma rodovia, embora gere crescimento da produção e do emprego, dinamizando toda uma região, não reduz necessariamente a mortalidade infantil e a pobreza. Uma lição que pode ser retirada da teoria do desenvolvimento econômico dos últimos 50 anos é que a melhoria dos indicadores sociais necessita de políticas sociais específicas e pontuais. (SOUZA, Jornal do Comércio, Porto Alegre, 14/09/2007). As teorias sobre a regulação do Estado desenvolvidas por Keynes defendem que este passe e ser um agente observador e auxiliar pronto para tomar medidas necessárias em momentos de crise. O Estado deve ser um mediador e um fiscalizador, jamais controlador. A descentralização é um processo de transferência de responsabilidades e decisões de gestão para os estados e municípios definindo atribuições comuns e competências específicas aos órgãos envolvidos. E a descentralização, em sentido estrito, é sempre administrativa, porquanto as atividades retiradas da competência dos órgãos do poder do Estado para serem confiadas a órgãos de poder próprios das entidades territoriais em que este se constituiu, jamais poderão extravasar o âmbito restrito da implementação da legislação e dos valores definidos no nível central do Estado, se bem adaptado às especificidades locais (AMARAL, p.148) 76 O estado não abre mão de suas funções, apenas confia a órgãos de poder territorial, como estados ou municípios, maior liberdade na tomada de decisões que devem obedecer à legislação federal. No Brasil, Birkner, Tomio e Bazzanella (2010, p. 2) definem: A descentralização insinua-se parte de um importante movimento histórico do Estado moderno. Nessa direção, as Secretarias de Desenvolvimento Regional e seus Conselhos representam uma experiência local bastante original no Brasil, embora não exclusiva. [...].(Birkner, Tomio e Bazzanella, 2010, p. 2) As subdivisões de um território através do regionalismo atende a ordenação e classificação das regiões, em referência primordial não só às características da comunidade, mas ainda seus aspectos geográficos, físicos e econômicos. Como diz Alves (2009, p. 138): Nestes termos, não é, pois, de estranhar que seja nas sociedades com maior capacidade de iniciativa e de inovação que as redes urbanas sejam mais descentralizadas, mas densas, mais qualificadas e mais próximas dos cidadãos. A tradição dos países do norte e centro da Europa têm sido mais facilitadora de redes urbanas com esta configuração, o contrário acontecendo nos países de tradição latina. (ALVES, 2009, p.138) Um processo de descentralização é lento, os avanços e melhorias expressivas na qualidade de vida das pessoas e do desenvolvimento de uma região só serão perceptíveis após um tempo considerável. Putnam (1996) recorda que a euforia do povo italiano após a implantação desse modelo transformou-se em desânimo e irritação. Foi apenas quando os regionalistas perceberam que a verdadeira delegação de poderes iria exigir uma luta política com o centro, foi que conseguiram concessões e autorização para criar e exercer novas e importantes funções em favor das regiões. Deixa-se claro que, não de trata de desafiar o Estado ou o modelo, mas sim um movimento que visa promover a sua renovação e reforma estrutural. O ser humano sempre esteve preocupado com o conhecimento da realidade, em explicar os fenômenos acerca das realidades que cercam a sociedade buscando entender qual é o seu lugar na organização social. (...) as sociedades humanas existem num determinado espaço cuja formação social e configuração são específicas. Vivem o presente marcado pelo passado e projetado para o futuro, num embate constante entre o que está sendo dado e o que está sendo construído. (SOUZA et al. 2004, p.13) Em 2003, após inúmeros acordos políticos o povo catarinense é convidado a decidir as ações que serão feitas e os investimentos aos mais diversos setores ao 77 criarem os Conselhos de Desenvolvimento Regional. Na página das secretarias de desenvolvimento de Blumenau tem-se: Não é o governador ou os secretários setoriais e regionais que decidem quais obras serão feitas ou onde serão investidos os recursos do Estado: são os Conselhos de Desenvolvimento Regional. Esse diferencial proposto pela descentralização tem rendido investimentos em vários setores. Podese afirmar que o Estado está em um caminho de desenvolvimento nunca antes experimentado, já que todas as ações estão verdadeiramente atendendo necessidades regionais. No comando de toda essa estrutura, o governo central foca esse processo no rumo do equilíbrio social, da sustentabilidade e da harmonia. Nesse processo, as secretarias regionais são o governo cada dia mais perto dos catarinenses. (SDR, 2011) http://www.sc.gov.br/sdr/blumenau/ governodescentralizado.htm acesso: 15/11/2011. E ainda traz que a “descentralização representou uma mudança dos paradigmas da gestão pública, focando o desenvolvimento regional e atendendo as demandas apontadas pela própria população.” Garante que a desconcentração do poder garantiu à sociedade o direito de decidir os rumos do Estado, entretanto a sociedade civil não se vê representada e este processo se torna importante à medida que o cumprimento de suas funções garante a integridade e a suplência de lacunas necessárias para suprir as necessidades da comunidade. Inicialmente lembra Birkner (2005, p.20) “[...] havia indefinições quanto à manutenção de suas estruturas, falta de recursos financeiros para os primeiros tempos de existência e falta de clareza operacional para uma experiência ainda pouco difundida.” Necessita-se, portanto, de mudanças no comportamento político, qualificação dos agentes envolvidos no processo para garantir a aproximação com a sociedade representada. Souza e Portugal (p. 18-19) em seu artigo sobre os fatores de crescimento da região sul, 1960/1995, procuraram apresentar alguns resultados quantitativos em relação aos fatores de crescimento. Esses resultados apontam para: “[...] a importância das exportações, dos investimentos privados [...] Chama a atenção o elevado valor das elasticidades de longo prazo dos investimentos Privados [...]. Este resultado aponta no sentido de fornecer justificativa à atual política de atração de investimentos privados para a Região Sul, principalmente no que diz respeito à indústria automobilística, através da concessão de incentivos fiscais generosos. Por último, cabe destacar que os gastos com infraestrutura social básica (educação, cultura, saúde e saneamento), que poderiam fornecer uma estimativa do impacto do capital humano sobre o crescimento econômico, só são relevantes para o Rio Grande do Sul [...]”. (SOUZA; PORTUGAL, p. 18-19) Portanto, em tempos cada vez mais marcados por percepções, parece pertinente discutir os níveis de desenvolvimento de cada região, as mudanças 78 econômicas e sociais, demográficas e de infraestrutura das últimas décadas têm gerado uma sociedade heterogênea, regiões acabam se desenvolvendo mais do que as outras. 2.4.3 Desempenho Segundo Brandão e Guimarães (2001) os mecanismos de avaliação de desempenho eram utilizados para o controle dos trabalhadores desde a Antiguidade, e ganhou maior significado com o surgimento do capitalismo e das grandes indústrias que precisavam avaliar o desempenho humano. Asseguram que o que se espera ao avaliar o desempenho é comparar os resultados alcançados com os esperados, mas para isso necessita-se de algum mecanismo de acompanhamento que permita monitorar possíveis desvios e assegurar melhores resultados. Portanto, ao discutir sobre desempenho sugere-se estudos sobre formas de avaliação das ações implementadas. Para Lubambo (2002, p.6) o desempenho depende da “capacidade de identificar problemas e de tomar decisões, de forma a atender às demandas colocadas pelos interesses [...] e a eficácia das decisões em termos da melhoria da qualidade de vida [...]”. Quando se fala em analisar o desempenho da gestão em governos municipais, para Lubambo (2006, p.95) essa iniciativa está ligada “[...] à ação política, na perspectiva de mobilização social local. Ou seja, a natureza das relações entre Estado e sociedade [...]”. Isto nada mais é do que a pressão que a sociedade civil organizada pode exercer para obter um bom funcionamento da oferta de serviços sociais, tornando a gestão pública eficaz. Tornou-se comum a determinação de indicadores e índices como instrumentos de avaliação, os critérios de seleção de seus dados estatísticos devem corresponder à realidade questionada, sua periodicidade anual contribui para um monitoramento mais criterioso, para que possa identificar as potencialidades e fragilidades, visando buscar alternativas para as futuras decisões de planejamento. Portanto, para que se possa medir e acompanhar o desempenho das ações públicas, o processo necessita de continuidade, de uma realimentação do sistema, ou seja, da reaplicação de metodologias periodicamente. Para tanto, sugerem-se indicadores de recorte municipal e com periodicidade anual, pois quanto mais perto 79 os indicadores estiverem da realidade questionada, melhor o reflexo dos seus resultados. 80 3 METODOLOGIA A natureza da pesquisa é aplicada gerando conhecimento para a aplicação prática visando a auxiliar na solução de problemas específicos, características percebidas neste trabalho através da análise de dados estatísticos combinados denominados índices compostos, pois segundo Gil (2007, p.17) “desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados”. É por meio da análise dos índices, estabelecidos anualmente, que se tem um instrumento de avaliação das políticas públicas implementadas e ainda quando analisados seus sub-índices: ICDM_renda, ICDM_educação e ICDM_renda pode-se identificar potencialidades e fragilidades de cada município. É também experimental, pois como define Gil (2007) ela consiste em determinar um objeto de estudo, neste caso o IPDM, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Nesta dissertação o objeto de estudo é a metodologia IPDM que deve ser analisada para verificar a disposição dos dados estatísticos necessários para a obtenção do índice propostos em suas técnicas de processamento dos dados. Segundo Fonseca (2002, p. 38): A pesquisa experimental seleciona grupos de assuntos coincidentes, submete-os a tratamentos diferentes, verificando as variáveis estranhas e checando se as diferenças observadas nas respostas são estatisticamente significantes. (Fonseca, 2002, p. 38). O método é indutivo, pois parte do particular, pressupondo que a metodologia desenvolvida para os municípios paranaenses IPDM, também pode ser aplicada para os municípios catarinenses e colocando a generalização como resultado da coleta de dados particulares, pois como define Jannuzzi (2001) um índice deve ser reprodutível em diferentes territórios reafirmando sua legitimidade. A abordagem é quantitativa, pois traduz em números a realidade empírica estudada podendo classificá-la e organizá-la através de métodos estatísticos e seu alcance no tempo é instantâneo, pois gera índices ano a ano. Fonseca (2002) resume que: [...]A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos 81 padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente. (FONSECA, 2002, p. 20) Quanto à técnica coleta de dados, esta também é quantitativa, pois como define Polit et al. (2004) esse tipo de estudo requer procedimentos estruturados e instrumentos formais para a coleta de dados, faz uso, portanto, de dados estatísticos anuais oriundos de fontes num sistema de informações anuais, provenientes de registros administrativos obrigatórios, em sua maioria, disponibilizados pelos Ministérios do Trabalho, Educação e Saúde acessados via download das planilhas das plataformas SIDRA, DATASUS, IPEADATA e PDET e o banco de dados do INEP (quadro11) e ainda, a análise dos dados numéricos é feita através de procedimentos estatísticos compilados através de um quadro teórico com técnicas estatísticas definidas e seguidas rigorosamente. Quadro11: Descrição das informações estatísticas básicas e fontes dos dados (continua) Subárea Renda Emprego Formal Produção agropecuária Infantil Fundamental Séries iniciais e finais Subárea Ensino médio EMPREGO, RENDA E PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA Indicador Dados Remuneração media Valor absoluto da remuneração Taxa de Crescimento (Remuneração média t ) - 1 x 100 da remuneração média Remuneração média t-1 Índice de formalização Nº de Empregados com Carteira de Trabalho x100 Total de Ocupados Taxa de Participação Nº empregos formais x 100 do Emprego Formal Nº emp. Formais + informais Taxa de Crescimento ( Emprego formal t ) - 1 x 100 Estoque de Emprego Emprego formal t-1 Participação no VBP VBP agrícola LP e LT + Agropecuário VBP de origem animal + VBP Pecuária Taxa de Crescimento do VBP Agropecuário Atendimento a educação infantil Percentual de docentes com curso superior Taxa distorção Taxa de abandono IDEB Indicador Percentual de docentes com curso superior Distorção idade serie Taxa de abandono (VBP agropecuário t ) - 1 x 100 VBP agropecuário t -1 Matrículas: creches e pré-escolas; População total infantil. Total docentes curso superior x 100 Total de docentes atuando Taxa de distorção idade-série Taxa de abandono idade-série IDEB Dados Total docentes curso superior x 100 Total de docentes atuando Taxa de distorção idade-série Taxa de abandono idade-série Fonte MTECAGED (PDET) IBGE e IPEA (SIDRA e IPEADATA) INEP-IBGE INEP Fonte INEP 82 Subárea Indicador Mortalidade geral por causas mal definidas Mortalidade infantil menores de cinco anos por causas evitáveis Nascidos vivos com pelo menos 7 consultas pré- natal. Dados SAÚDE Mortes por causas mal def. x 100 Morte geral Mortalidade infantil < 5 anos x 100 Mortalidade geral Nascidos vivos c/ + 7 consultas x 100 Total de nascidos vivos (conclusão) Fonte DATASUS Fonte: Dados da pesquisa (2012). De acordo com a disponibilidade das informações algumas mudanças nos dados referentes à saúde foram necessárias para sua adequação devido às planilhas de dados: nascidos vivos com pelo menos 7 consultas pré-natal adaptouse para nascidos vivos com 7 ou mais consultas pré-natal. Após o levantamento da base de dados que contemplam as dimensões necessárias para o desenvolvimento do ICDM os cálculos serão feitos nas planilhas do Microsoft Excel 2010 e o processamento dos dados numéricos é feita através de procedimentos estatísticos compilados através das informações oriundas da metodologia do IPDM disponibilizada no site do IPARDES e detalhadas num quadro com os procedimentos (Apêndice C) com técnicas estatísticas definidas e seguidas rigorosamente. Na busca pela validação dos resultados obtidos, através da medição estatística adotada, optou-se por um método indutivo, pois parte da observação dos índices do IFDM disponíveis para os anos de 2005 e 2010 para determinar se existe coerência entre as medidas calculadas e as já existentes, muito embora métodos diferentes tendam a expressar respostas diferentes, porém como a finalidade de ambos é avaliar se seus resultados devem ser próximos e coloca a generalização como resultado da coleta de dados. O mapeamento deu-se através da subdivisão do estado em cinco grupos de municípios organizados em ordem crescente do índice. Classificou-se em vermelho aqueles que apresentaram baixíssimo desempenho, laranja em baixo, amarelo em mediano, verde em mediano-alto e azul em alto desempenho. Segue-se uma análise através das médias municipais do índice final e dos seus sub-índices para identificar qual contribuiu mais para a melhora do desempenho. E ainda por meio do Coeficiente de Variação (CV), determinado a partir da razão entre desvio-padrão e a média, indica-se se a evolução da média 83 está sendo acompanhada pela redução das diferenças entre os municípios. Quanto menor o CV, menor a diferença. Posteriormente determina-se o ICD-SDR para os anos 2008 e 2010. A metodologia foi adaptada da seguinte forma: Agrupamento dos dados bases do grupo de municípios que compõe cada uma das 36 secretarias, para cada informação; Os dados base de educação em forma de taxa (taxa de não abandono e não distorção) foram obtidos através da relação total de matriculas vezes a taxa, obtendo o total de alunos de cada município para então poder agrupá-los por cada secretaria; A metodologia seguiu o mesmo processo metodológico, mais detalhes no apêndice D. Seguiu-se uma breve análise do crescimento dos 36 índices e identificando qual sub-índice contribuiu para esta melhora, ou não, através da análise das médias de cada um deles. Seu mapeamento seguiu os mesmo critérios estabelecidos para a obtenção do mapa por municípios. Também será determinado o CV estabelecendo assim, um pré-diagnósticos das informações adquiridas. 84 4 RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO DO ICDM E ICD-SDR’s Antes de proceder à análise dos resultados obtidos, é necessário fazer um breve relato sobre a conformação histórica do território catarinense, onde residem as origens das desigualdades regionais, bem como apresentar os diversos recortes do território e, como o Estado se conforma na atualidade em termos de divisão administrativa e como esses diversos recortes refletem a situação sócioeconômica do estado. 4.1 CONFORMAÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO CATARINENSE Santa Catarina é um estado com vasto litoral, que desde a época do descobrimento foi visitada por navegantes de várias nacionalidades, principalmente europeus, na busca de riquezas para seus países de origem. De 1748 até 1756 vieram sucessivas levas de imigrantes para a região. Estes novos colonos foram distribuídos, recebendo doações de terras na ilha e no continente fronteiro. As dificuldades que tiveram de ser vencidas foram inúmeras, desde as péssimas condições da viagem até a inadaptação à terra onde deveriam fixar-se. Historicamente, as diversas regiões foram adquirindo identidades diferenciadas, sendo hoje identificadas pelas etnias, definidos por afinidades linguísticas e culturais. Segundo Brandão (2007, p. 104): O processo histórico de configuração regional e urbana no Brasil se deu com uma grande dispersão de população e de atividades econômicas espalhadas pelo vasto território nacional. Não resta dúvida, neste contexto, de que enormes desigualdades e diversidades regionais e urbanas se plasmaram antes do período de industrialização, tendo determinações históricas antigas e profundas, e legaram um fardo histórico monumental. (BRANDÃO, 2007, p. 104) Seu modelo de desenvolvimento teve forte influência cultural europeia, que, segundo Hering (1987), é caracterizada pelo voluntarismo e forte espírito empreendedor trazido por aqueles imigrantes, os quais promoveram o crescimento econômico das diferentes regiões do estado, inicialmente sem qualquer auxílio do governo do Estado. 85 A diversidade presente na formação do estado de Santa Catarina promoveu uma pluralidade cultural bastante acentuada que resultou em diferentes formas de organização econômica, social e política nas várias regiões. Com o objetivo principal de sistematizar as várias “divisões regionais”, o IBGE, em 1941, iniciou seus estudos sobre as divisões regionais do Brasil resultando numa única divisão regional aprovada em 31/01/42, através da Circular nº1 da Presidência da República, a primeira Divisão do Brasil em regiões, as cinco macrorregiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Após essa divisão viu-se a possibilidade de subdividir cada estado em grupos de municípios. Tomou por metodologia de caráter intrínseco a revisão da Divisão Regional que se refere a um conjunto de determinações econômicas, sociais e políticas que dizem respeito à totalidade da organização do espaço sem deixar de lado as partes constitutivas da referida totalidade, então seus 293 municípios foram reagrupados em mesorregiões e microrregiões geográficas. As mesorregiões compreendem as conjuntos de municipios unidos por laços geográficos, demográficos e culturais. Atualmente existem seis mesorregiões em Santa Catarina (figura 4), sendo elas a Grande Florianópolis, Norte Catarinense, Oeste Catarinense, Serrana, Sul Catarinense, Vale do Itajaí. Figura 4: Mesorregiões do estado de Santa Catarina – 2010 Fonte: <http://www.baixarmapas.com.br/mapa-de-santa-catarina-mesorregioes/> acesso em julho de 2013. As microrregiões são formadas pelo conjunto de municípios que se engloba a um município-polo. Os municípios-polo estão distribuídos por todo o estado de forma descentralizada. Há atualmente vinte microrregiões: Araranguá (1), Blumenau (2), 86 Campos de Lages (3), Canoinhas (4), Chapecó (5), Concórdia (6), Criciúma (7), Curitibanos (8), Florianópolis (9), Itajaí (10), Ituporanga (11), Joaçaba (12), Joinville (13), Rio do Sul (14), São Bento do Sul (15), São Miguel do Oeste (16), Tabuleiro (17), Tijucas (18), Tubarão (19), Xanxerê (20). Essasdivisões feitas pelo IBGE tiveram por objetivo facilitar e ajudar, através de estudos sobre as estruturas espaciais de cada região, na elaboração de políticas públicas, subsidiar o sistema para a tomada de decisões e planejamento quanto às atividades econômicas, sociais e tributárias implementadas. Atualmente, é o vigésimo maior estado da nação, ocupando somente 1,2% do território nacional e o décimo primeiro mais populoso com 6.248.436 habitantes, segundo dados do censo demográfico de 2010. Seu PIB mais que triplicou, passou de R$ 43.311.914.000,00 em 2000 para R$ 152.842.338.000,00 em 2010. Pela tabela 1 pode-se observar que sua participação em relação ao PIB do país chegou a 4,04% em 2010, e em relação a região sul representa 24,50%. Tabela 1: Produto Interno Bruto de Santa Catarina (Mil Reais) Ano Região Brasil Sul Santa Catarina 2000 1.179.482.000 194.257.377 43.311.914 Brasil/SC Região Sul/SC 2005 2.147.239.292 356.211.309 85.316.275 Participação (%) 3,67 3,97 22,30 23,95 2010 3.770.084.872 622.254.612 152.482.338 4,04 24,50 Fonte: IBGE(2013) adaptado. Segundo informações do Censo realizado pelo IBGE, a taxa de analfabetismo em Santa Catarina diminui 5,17%, dado de 2006, para 3,86% em 2010, representando uma queda de 1,92%. Destaque para o município São João do Oeste com apenas 1,04% de pessoas que não sabem ler nem escrever, Balneário Camboriú com 1,5% e Pomerode com 1,68% da população não alfabetizada20. Segundo dados do INEP, seu Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) nas séries iniciais (1º a 5º anos) passou de 4,3 em 2005 para 5,7 em 20 Disponível em http://www.sed.sc.gov.br/secretaria/ acesso em 08/07/2013. 87 2011 obtendo a 2ª melhor nota, ficando atrás apenas de Minas Gerais com nota 6,0. Já para as séries finais (6º a 9º anos) e ensino Médio, suas notas são as melhores do país com médias 4,7 e 4,0, respectivamente, em 2011. Seu IDH situa-se entre os melhores do país como mostra a tabela 2. De 1991 a 2010 melhorou 42,54% em seu índice com destaque para a área da educação que teve melhora de 111,85% ou seja mais que dobrou. Tabela 2: Evolução do IDH do Estado de Santa Catarina - 1991 a 2010. Ano IDH IDH_E IDH_L 1991 0,543 0,329 0,753 2000 0,674 0,526 0,812 2010 0,774 0,697 0,86 Fonte: PNUD (2013). IDH_R 0,648 0,717 0,773 Ao analisar os máximos e mínimos obtidos no estado, seu IDH_M variou de 0,847 para 0,621 com média de 0,732 em 2010, o que nos remete a uma visão geral do IDH_M de todo o estado, confirmando a hipótese de um território heterogêneo. Pois muito embora Santa Catarina tenha o segundo melhor índice do país, não faz desse território uma sociedade justa com oportunidades igualitárias a todos os seus habitantes, ressaltando assim a importância de maiores e aprofundados estudos através de medidas de desempenho, mas que adotem em sua composição indicadores mais específicos regionalmente com periodicidade menor que a decenal para um monitoramente mais eficaz. 4.2 SECRETARIAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - SDR’S Os territórios estão em constante mudança, para Brandão (2007, p.147-148) “[...] estamos diante de uma típica “crise de civilização”: trata-se de uma extensa desarticulação econômica, social e política que multiplica/diversifica interesses e complexifica a identidade de atores.” Para ele torna-se imperioso repensar suas divisões territoriais, suas políticas, sua identidade nacional. Segundo Souza (1981) delimitar fronteiras de forma a obter regiões homogêneas consiste em: [...] reagrupar, no espaço, certo número de unidades locais que apresentem características tão próximas quanto possível, observando a restrição de contiguidade. A variável utilizada para o reagrupamento depende dos objetivos da regionalização e do tipo de região. Se o território for ocupado predominantemente pela agricultura, podem ser usados índices indicando a 88 natureza das produções, culturas e tipos de propriedades, ou pode-se usar a hidrografia, o clima e o solo em função de sua homogeneidade. (SOUZA, 1981, p. 13-14) Para Tenório (2011, p. 73) a “descentralização e gestão social 21seriam conceitos convergentes na medida em que ambos propõem a democratização, por meio de processos decisórios, das relações político-administrativas”. Uma adminstração política descentralizada, essa distribuição de competências, necessita da participação ativa de três atores principais: o estado, o governo e os representantes da sociedade, para que esta política tenha êxito em sua interação. Bento (2003, p. 50) defende os novos modelos administrativos que pretendem reformular os tradicionais por meio da descentralização, focando na participação popular: “[...] A descentralização é defendida como requisito de eficiência na prestação de direitos sociais e ainda que aproximam a administração pública do problema”. Para tanto, necessita-se de mudança nas funções do estado, de produtor para regulador, precisa de novos instrumentos de gestão, novos atores, instituições em suma, uma nova cultura político-administrativa. Como afirma Bento (2003, p. 115): As demandas por descentralização, dentro do marco teórico da nova governança, surgiram, portanto, como imperativo de eficiência na administração pública. A esse objetivo, outros foram acrescentados, de cunho político, relacionados mais com a governabilidade do que com a governança propriamente dita, tais como democratização e transparência na administração e no governo, em que a descentralização lograria aproximá-los do cidadão; a participação popular também foi apontada como um corolário desejável da gestão descentralizada. (BENTO, 2003, p. 115) Para Baleiras e Costa (2009, p. 740) “[...] a eficácia da descentralização será maior quanto mais claramente definida estiver a restrição orçamental de cada governo subnacional.” Uma gestão com regras precisas, transparentes e credíveis, reconhecendo seus potenciais e limites econômicos. Delegar tarefas, visando uma melhor eficácia do sistema de planejamento e investimento, sempre respeitando as instituições resultantes de processos históricos e culturais. Observe o que diz Tânia Bacelar de Araújo sobre a visão de Brandão (2007) ao falar das divisões territoriais: 21 [...] a gestão social é a substituição da gestão tecnoburocrática, monológica, por um gerenciamento mais participativo, dialógico, no qual o processo decisório é exercido por meio dos diferentes atores envolvidos. E uma decisão dialógica desenvolve-se buscando o entendimento negociado. (TENÓRIO, 2011, p. 75) 89 É importante tratar como positivo, como potencialidade (e não como problema) a crescente diferenciação interna das diversas macrorregiões do país. Na hora de buscar soluções aos problemas nacionais, portanto, vale a pena trabalhar um grande potencial desse imenso país: sua magnífica diversidade regional. Em cada lugar há potencialidades latentes a serem apoiadas[...]. O estado pode intervir para dinamizar a economia dos territórios sem agredir suas identidades e a potente variedade brasileira[...]. Temos que construir políticas nacionais que articulem ações descentralizadas. (BRANDÃO, 2007, p. 22) Rondinelli (1989) define descentralização como uma transferência de competências no planejamento, na gerência, na distribuição de recursos através da desconcentração, delegação, devolução e privatização. Porém, alguns serviços devem continuar nas mãos do setor público, desde que sejam bem administrados e não tirem vantagens da população, pois ele é fundamental para promover mudanças no cenário regional. Embora este tema seja complexo, Osborne e Gaebler (1995, p. 275-276) observam que são muitas as vantagens atribuídas às reformas descentralizadoras “são mais inovadoras e criativas e têm melhor capacidade de adaptação, são mais comprometidas e produtivas”, e ainda torna as instituições mais flexíveis, ágeis e rápidas no atendimento às circunstâncias e às necessidades concretas dos cidadãos. Em Rover e Mussoi (2011, p. 145), o estado de Santa Catarina foi inicialmente dividido em 29 microrregiões, e cada uma delas com uma SDR e um Conselho de Desenvolvimento Regional (CDR)22. Atualmente tem-se um território dividido em 36 SDR’s 23(figura 4): São Miguel do Oeste (1), Maravilha (2), São Lourenço do Oeste (3), Chapecó (4), Xanxerê (5), Concórdia (6), Joaçaba (7), Campos Novos (8), Videira (9), Caçador (10), Curitibanos (11), Rio do Sul (12), Ituporanga (13), Ibirama (14), Blumenau (15), Brusque (16), Itajaí (17), Florianópolis (18), Laguna (19), Tubarão (20), Criciúma (21), Araranguá (22), Joinville (23), Jaraguá do Sul (24), Mafra (25), Canoinhas (26), Lages (27), São Joaquim (28), Palmitos (29), Dionísio Cerqueira (30), Itapiranga (31), Quilombo (32), Seara (33), Taió (34), Timbó (35), Braço do Norte (36). 22 São órgãos técnicos de aconselhamento, orientação e formulação de normas e diretrizes gerais para o desenvolvimento das atividades das SDR’s. (Santa Catarina, 2003) 23No anexo 2 segue uma lista com os municipios que pertencem a cada SDR. 90 Figura 5: Secretarias de Desenvolvimento Regional de SC –2010. Fonte: Secretaria de Estado do Planejamento (disponível em: <http://www.spg.sc.gov.br/> acesso em julho de 2010). Rover e Mussoi (2011, p. 139) “ [...] cada região descentralizada possui um Conselho de Desenvolvimento Regional (CDR) que amplia a participação social na gestão do desenvolvimento. No entanto, os Conselhos são apenas consultivos, não possuindo um papel deliberativo”. As criticas neste processo são acerca de suas bases de determinação pois sua divisão em 2003 deu-se após inúmeros acordos políticos, justificados pela busca pela ampliação da participação social e na espera por uma integração interna com o objetivo de redistribuir os investimentos feitos no estado. Quando se trata da descentralização o papel do estado é modificado, passa a ser um agente que promove intervenções quando necessário. O poder de decisão sobre as políticas públicas, os planos de desenvolvimento que serão adotadas pelas SDR’s passa para as mãos de seus conjuntos de municípios, porém no estado de Santa Catarina percebe-se que o favoritismo político tem maior importância do que as decisões e necessidades da sociedade. Em seu trabalho sobre a SDR de Mafra apresentado no II Seminário Nacional de Sociologia e Política da Universidade Federal do Paraná, Batista (2010): É possível perceber que apesar do atual governo propor uma reestruturação na forma de governar, ainda apresenta características convencionais de planejar como a centralização das decisões e falta de articulação com os atores sociais. (BATISTA, 2010, p.4) Tenório (2011) afirma que a gestão social deve proceder de forma gerencial, identificando o problema, planejando uma solução, executando, acompanhamento e avaliação dos resultados obtidos e defende, é claro, a participação popular tanto no 91 planejamento, quanto na execução e monitoramento. Em suma, Tenório (2011, p. 90) “ [...] a gestão social espera que não só a transferência de recursos mas também a decisão da sua aplicação efetive a participação cidadã”. Embora o estado tenha uma administração descentralizada, as pesquisas nacionais são feitas através das classificações do IBGE (país, macrorregião, mesorregiões, microrregiões, estadual ou municipal) as pesquisas feitas por SDR’s devem ser feitas pelos representantes das secretarias, que por sua precocidade são poucas, e se há uma busca pelo desenvolvimento das regiões, através de divisões cada vez mais específicas, agrupadas por interesses comuns, mais estudos com estes recortes devem ser realizados. Quanto às muitas inquietações que surgiram no estado catarinense acerca do processo de descentralização iniciado em 2003, principalmente porque sua divisão se deu por decisões políticas e não por semelhanças econômicas e sociais entre os municípios, o que se pretende nesse momento é analisar o crescimento do índice das Secretarias de Desenvolvimento Regionais (SDR’s) através do cálculo do Índice Catarinense de Desempenho das Secretarias de Desenvolvimento Regionais (ICDSDR’s). O propósito deste trabalho foi determinar o nível de desempenho dos municípios catarinenses, aqui definido como a medida do rendimento que cada município obteve através do reflexo das políticas públicas adotadas. Os critérios de seleção de seus indicadores correspondem à realidade questionada, sua periodicidade anual contribui para um monitoramento mais criterioso, para que se possa identificar as potencialidades e as fragilidades setoriais, visando buscar alternativas nas decisões tomadas para melhorar seus resultados. Há também a tentativa de reproduzir o mesmo indicador para as SDRs. 4.3 ICDM O ICDM foi calculado tendo como base a metodologia IPDM desenvolvida pelo IPARDES para os municípios paranaenses, para os 293 municípios catarinenses. Os indicadores selecionados representam seu desempenho nas três dimensões: Emprego, Renda e Produção Agropecuária; Educação; e Saúde. Seus dados estão disponíveis em agências estatísticas de alta confiabilidade. O índice 92 final adota com igual ponderação a soma dos índices parciais obtidos nestas três áreas, dividido por três (apêndice C). Na figura 6 temos o mapa do IFDM do ano de 2005, classificados em cinco classes de acordo com o índice obtido. Apresentou nas regiões Oeste Catarinense, Norte catarinense e Vale do Itajaí maior quantidade de municípios com os índices mais elevados (0,737 à 0,882), tendo uma grande concentração dos menores índices (0,509 à 0,627) na região Serrana. Figura 6: Índice Firjam de Desenvolvimento Municipal – IFDM: Santa Catarina -2005 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Observando os dados do ICDM - 2005, percebe-se uma queda significativa nos intervalos dos índices. Este fato pode estar relacionado ao acréscimo de dados referentes à renda e à educação e ainda ao processo estatístico que é diferenciado, durante o cálculo obteve-se valores de máximos e mínimos muito discrepantes, que podem ter contribuído para a redução do índice final. Porém, os maiores índices (0,663 à 0,750) continuam concentrados na região Oeste Catarinense, Norte catarinense e Vale do Itajaí, e os menores (0,362 à 0,540) na região Serrana. 93 Figura 7: Índice de Desempenho Municipal Catarinense – ICDM – 2005. Fonte: Dados da pesquisa - 2013. Oeste catarinense ganha destaque através da modernização da agricultura e da agroindustrialização, os municípios com maior presença são Chapecó (0,647) e Joaçaba (0,650). Muito embora com o surgimento dos problemas populacionais como o êxodo rural, o surgimento dos “Sem Terra” e as reinvindicações do povo indígena da região pela luta por readquirir as terras das quais consideram suas, a região apresenta expressiva produção na suinocultura, na avicultura, na criação de gado leiteiro, cultivos de produtos tradicionais como milho, trigo e soja. Buscando alternativas de mercado a região passou a investir no mercado externo através da exportação de carnes e no desenvolvimento de máquinas agrícolas para maximizar e dinamizar a produção. O Vale do Itajaí é uma região com grande concentração populacional (mais de 1 milhão de habitantes) com forte vocação turística, com destaque para Blumenau (0,721) e Pomerode (0,750) (com suas arquiteturas germânicas). Mas seu destaque está na economia, considerado um polo tecnológico emergente e um dos maiores produtores têxteis do país em Brusque (0,705). No Norte catarinense, destaca-se Joinville (0,665) pelas indústrias metal mecânicas e as Microrregiões de Canoinhas (média de ICDM – 0,537) e São Bento do Sul (0,602) pela agricultura, pecuária e a indústrias madeireiras. 94 A região Serrana é extremamente montanhosa, conhecida durante o inverno pelas baixas temperaturas o que permite que durante o inverno ocorra geada e neve. Sua produção é entorno do extrativismo madeireiro, reflorestamento, soja e maçã. Na figura 8 têm-se os resultados do IFDM – 2010 apresentando melhora significativa nos índices da região do Vale do Itajaí, permanecendo a região Oeste Catarinense com bons resultados e novamente a região Serrana com a maior concentração dos menores índices. Figura 8: Índice Firjam de Desenvolvimento Municipal – IFDM: Santa Catarina -2010 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Na figura 9 temos a distribuição do IDH_M 2010, onde percebe-se uma certa compatibilidade com os índices obtidos pelo IFDM 2010, muito embora não se possa deixar de ressaltar que as metodologias e os indicadores que compõe cada medida são diferenciados, porém convergem para a meta de melhorar a qualidade de vida da população. 95 Figura 9: Índice de Desenvolvimento Humano - IDH_M – 2010. Fonte: PNUD - 2013 (adaptado pela autora). Na figura 10, novamente, o ICDM 2010, demonstra o bom desempenho da região Oeste catarinense, Vale do Itajaí com parte no Norte Catarinense e ainda preocupante com baixos índices de desempenho para a Região Serrana. Figura10: Índice de Desempenho Municipal Catarinense – ICDM – 2010. Fonte: Dados da pesquisa (2013). 96 Ao comparar as médias dos índices municipais obtidos pelo ICDM (apêndice A) e o IFDM para os anos 2005 e 2010, estes indicam uma pequena melhora da condição socioeconômica de seus municípios. O primeiro passou de 0,601 para 0,634, um incremento de 0,033 pontos em cinco anos, representando um aumento de 5,51%. Esta variação é quase a mesma que a média do segundo que passou de 0,681 para 0,713 com um incremento de 0,032 pontos. Verificam-se algumas simetrias entre as comparações (IFDM/ICDM), levando a crer que existe coerência entre os dados calculados, muito embora se deva ressaltar que cada metodologia utiliza indicadores diferenciados e podem refletir respostas diferentes, porém não podem divergir muito da análise da realidade questionada. No gráfico 1 apresenta-se, também, uma medida estatística conhecida como Coeficiente de Variação (CV), determinada a partir da razão entre desvio-padrão e a média, que indica se a evolução da média está sendo acompanhada pela redução das diferenças entre os municípios. Quanto menor o CV, menor a diferença. Este indicador foi reduzido de 12,2%, em 2005, para 11%, em 2010, confirmando que houve redução das diferenças municipais. Gráfico 1: ICDM: Média Municipal e Coeficiente de Variação (CV) – SC – 2005/2010 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Das três dimensões, ICDM_educação destaca-se por apresentar o melhor desempenho médio em todo o período (tabela 3), seguido do ICDM_ saúde. A dimensão ICDM_renda (Emprego, Renda e Produção Agropecuária) é a que apresenta a situação mais desfavorável e na qual registra-se maior desigualdade entre os municípios. 97 Tabela 3: ICDM: Média Municipal Segundo Dimensões do ICDM – Santa Catarina – 2005/2010 Ano 2005 2010 ICDM_Renda 0,375 0,396 2005/2010 0,021 Dimensão ICDM_Educação ICDM_Saúde 0,725 0,702 0,765 0,741 Variação 0,040 0,039 ICDM 0,601 0,634 0,033 Fonte: Dados da pesquisa (2013). A educação também apresentou um melhor desempenho entre as três dimensões que compõem o ICDM, está também foi a que mais contribuiu para o incremento da média municipal (gráfico 2), respondendo por 40,4% da variação de 0,033 pontos, registrada entre 2005 e 2010. Em seguida, tem-se a contribuição da saúde (39,4%) e a do emprego e renda (21,2%). Gráfico 2: Contribuição das dimensões para a variação da média do ICDM 2005/2010 – Santa Catarina - FONTE: Dados da pesquisa (2013). Neste momento, os valores do ICDM foram classificados em quatro grupos: baixo desempenho para aqueles que têm valores entre 0 a 0,4; médio baixo desempenho entre 0,4 a 0,6; médio desempenho entre 0,6 a 0,8; e alto desempenho variando de 0,8 a 1. Em 215 dos 293 municípios catarinenses, 73,38 % apresentaram no período em foco, variação positiva em seus índices sendo que em 52 casos isto implicou mudança no nível de desempenho, com a maioria destes passando do nível médio 98 baixo para o médio (quadro 12). O resultado evidencia que 27,99% dos municípios ainda se encontram em condições precárias, com pouco, ou nenhum, acesso a serviços básicos de qualidade em Educação e Saúde, aliado a um mercado formal de trabalho ainda incipiente. Quadro 12: Número de municípios segundo nível do ICDM – Santa Catarina - 2005/2010. Fonte: Dados da pesquisa (2013). Enquanto a maior parte (71,67%) vive em municípios de desenvolvimento moderado (figura 11), nenhum município apresentou até o momento um índice de alto desempenho (acima de 0,800) que pode ser atribuído à baixa homogeneidade de seus municípios já que o desempenho é uma medida determinada pela análise dos valores máximos e mínimos dos próprios municípios, quanto mais dispares forem estes extremos menores serão os índices finais. Em 2010, o maior índice obtido foi de 0,784, pertencente a São João do Itaperiu. Apenas Lebon Régis (0,394) encontrava-se na condição de baixo desempenho. Na Figura 8 temos a visualização desta subdivisão em quatro grupos onde se confirma a dificuldade da região central do estado em acompanhar o crescimento dos municípios pertencentes as demais regiões. Figura 11: Classificação dos municípios segundo grupos do ICDM – Santa Catarina – 2010. Fonte: Dados da pesquisa (2013). 99 Embora o ICDM apresente uma evolução positiva ao longo destes cinco anos e da tendência da redução das desigualdades, ainda há forte contraste entre os municípios. Ao analisar a média dos 50 maiores e menores índices, o melhor crescimento ocorreu nos municípios que apresentam menor índice municipal com 6,12% (gráfico 3). A média dos 50 maiores índices passou de 0,599 em 2005 para 0,625 em 2010 e a média dos 50 menores passou de 0,606 para 0,643. Este indicativo mostra que pode ter havido uma pequena negligencia por parte dos gestores que deixaram de lado algum fator importante que impediu uma melhora mais significativa ou então, os municípios que apresentaram anteriormente baixos índices trabalharam de forma diferenciada na busca pela melhora. Gráfico 3: Crescimento médio dos 50 maiores e menores ICDM – Santa Catarina - 2005/2010. Fonte: Dados da pesquisa (2013). Visando uma análise mais detalhada dos resultados, na sequência verificamse dados considerados importantes para a determinação do índice final através de uma discussão sobre os resultados obtidos em cada dimensão do ICDM: ICDM_renda; ICDM_educação; e ICDM_saúde. 4.3.1 Discutindo Sobre as Dimensões do ICDM Visualizar apenas o índice final pode não fornece uma ideia ampla das características de uma região, este pode não ser suficiente para determinar suas potencialidades e fragilidades. Buscou-se então na análise dos sub-índices determinar alguns aspectos importantes para sua determinação. 100 4.3.1.1 ICDM_renda São utilizadas variáveis relacionadas ao salário médio, emprego formal e produção agropecuária totalizando sete variáveis em sua determinação. Elas têm por fontes a RAIS, CAGED, IBGE e IPEA. Um dos indicadores analisados envolve dados relacionados ao salário médio dos trabalhadores formais. No período 2005/2010 o salário médio passou de R$ 706,13 para R$ 1073,17 um aumento de 51,98% nestes cinco anos. Na figura 12, observa-se o valor do rendimento médio por domicílio em 2010. Figura 12: Valor do rendimento nominal médio mensal dos domicílios particulares permanentes com rendimento domiciliar, por situação do domicílio- Total (R$) - SC – 2010. Fonte: Sinopse do censo demográfico – IBGE – 2010. Observa-se alta concentração de renda no leste, em sua faixa litorânea norte, conhecida pelo seu potencial turístico. Na região nordeste, área metropolitana de Joinville conhecida pelas indústrias supracitadas assim como no centro-leste na região de Jaraguá do Sul. A região de Chapecó, oeste, onde destaca-se no mercado de exportações de carnes. Ao analisar os dados sobre a expansão no número de empregos formais, principal determinante da evolução do índice de Emprego e Renda, mediante a taxa de crescimento do emprego formal verificou-se que este representa forte expansão no estado. Em 2005, Santa Catarina totalizou 1.486.969 empregos formais e passou a 1.969.654 em 2010, um aumento de 32,46% e, embora seja inferior ao aumento nacional o qual, segundo a RAIS (2010)24, a evolução do emprego formal passou de do emprego formal – RAIS 2010. Principais Resultados. http://www.mte.gov.br/rais/2010/arquivos/Apresentacao.pdf acesso 06/07/2013. 24Características Disponível em 101 1.831.041 em 2005 para 2.860.809 em 2010, um acréscimo de 56,24%, seu crescimento ainda é significativo confirmando a tendência da expansão deste indicador. Enquanto a população em idade ativa (PIA)25 para 2005 é de 3.989.088 pessoas e 4.419.623 em 2010, representando um crescimento de 10,8%, este é inferior a taxa de aumento dos empregos formais, evidenciando a absorção dos trabalhadores no mercado de trabalho. Segundo Lins (1998), os movimentos migratórios das regiões do interior catarinense para os municípios de faixa litorânea estão relacionadas às transformações em seus setores mais importantes, têxtil e de alimentos. Para Arbix (2000) a maioria das empresas que se instalaram na região de Santa Catarina se justificam pela posição geográfica estratégica, pois está entre Paraná e Rio Grande do Sul, com melhoras na infraestrutura de escoamento de produtos atraiu a dinamização das economias na região. Segundo Oliveira (2010, p. 72): “Em Santa Catarina, as atividades mais importantes do complexo metal mecânico estão vinculadas aos setores de máquinas e equipamentos e de aparelhos e material elétrico [...]”, todas localizadas principalmente em Joinville e Jaraguá do Sul. E ainda, segundo o mesmo autor, a maior integração entre as atividades do processamento de soja e produção de carnes industrializadas, a produção de grãos, está diretamente vinculada aos abate e à criação de aves e suínos na região Oeste Catarinense que compreende Chapecó, Concórdia e Videira. Oliveira (2010, p. 74) ao citar Goularti Filho (2001): [...] a formação do polo agroindustrial de Santa Catarina acorreu nos anos de 1970, em simultâneo ao processo de modernização agrícola brasileira. [...] As grandes e médias empresas foram as que mais se beneficiaram dos créditos, subsídios, assistência técnica ETs. Com a expansão dos grupos que tiveram origem no Oeste Catarinense (Sadia, Perdigão, Chapecó, Seara e Ceval), Santa Catarina integrou-se à DIRT brasileira como importante fornecedora de alimentos. [...] Também se destacam pelas inovações referentes às redes de criação e melhoramento genético e pela implantação do modelo de produção integrada a pequenos avicultores e silvicultores locais. (OLIVEIRA, 2010, p.74) 25Considera o total de pessoas entre 15 e 64 anos. Para determinação seu valor para 2005, foi necessário realizar a projeção através da taxa de crescimento anual tendo como base os dados dos censos 2000 e 2010. 102 Na Tabela 4 tem-se um comparativo entre o número de estabelecimentos dos seis setores de atividade econômica classificadas pelo IBGE onde o setor industrial representa 9,34% do total de indústrias do país. Em relação a região sul representa 31,93%. No total, 5,67% dos estabelecimentos do Brasil estão neste estado, com 25,8% de representatividade na região sul. Tabela 4: Número de estabelecimentos por setor de atividade econômica – 2010 Comércio Serviços e Administração Pública Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca TOTAL 161.666 1.367.446 1.196.122 324.783 3.403.448 103.406 39.048 295.900 251.424 58.774 748.552 PR 31.852 14.768 110.251 89.180 28.268 274.319 SC 33.021 9.670 75.521 66.478 8.439 193.129 14.610 110.128 95.766 22.067 281.104 Região/ Setor Indústria Construção civil BRASIL REGIÃO SUL 353.431 38.533 RS Fonte: MTE/CAGED (2010). Com uma economia com predominância em atividades de comércio e varejo, com destaques para Blumenau (ICDM-2010: 0,720); Joinville (ICDM-2010: 0,717); Florianópolis (ICDM-2010: 0,718); e Itajaí (ICDM-2010: 0,728) que estão na lista dos 32 melhores índices de desempenho aqui determinados para 2010 e próximos de atingir a marca do alto desempenho. A produção de móveis (2,62%), papel e celulose (0,88%) são segmentos da indústria da madeira representados nas estruturas produtivas que tiveram início pelas mãos dos imigrantes europeus e pela disponibilidade de reservas florestais na região sul. Porém, como lembra Oliveira (2010, p. 75): “As mudanças mais importantes na reorganização produtiva da indústria da madeira estão relacionadas ao esgotamento das reservas florestais e às exigências de reflorestamento.” Isso levou a maioria das indústrias deste setor a se aproximarem mais das fontes de matéria-prima. A produção de móveis catarinense concentra-se nos municípios de São Bento do Sul (ICDM- 2010: 0,647), Rio Negrinho (ICDM-2010: 0,659) e Campo Alegre (ICDM-2010: 0,606), todos classificados no intervalo de médio desempenho. Conforme Goularti Filho (2001), a maioria das empresas é de pequeno porte, porém quase todas voltadas para o mercado externo, agregando valor ao produto final. 103 Na tabela 5 há 26 categorias de subsetores de atividade econômica catarinense (incluindo ignorada) classificada pelo IBGE. Tabela 5: Número de estabelecimentos por subsetores de atividade econômica de SC- 2010 PARTICIPAPARTICIPAÇÃO DO ÇÃO DO ESTABELE- SETOR NO ESTABELE- SETOR NO SETOR CIMENTOS ESTADO % SETOR CIMENTOS ESTADO % Comércio e varejo 65.995 34,17 Min nao met 2.252 1,17 Alojamento e Indústria comunicações 22.051 11,42 mecânica 2.002 1,04 Administração técnicaprofession al 19.961 10,34 Papel e gráfica 1.705 0,88 Transporte e comunicações 11.424 5,92 Indústria química 1.639 0,85 Borracha, fumoe Construção civil 9.670 5,01 couro 986 0,51 Comércio Administração atacadista 9.526 4,93 pública 826 0,43 Serviços Indústria textile 9.310 4,82 utilidade pública 581 0,3 Materiais e Agricultura 8.439 4,37 transportes 455 0,24 Medicina odontológica e Eletricidade e veterinária 7.308 3,78 comum 450 0,23 Madeira e mobilha 5.061 2,62 Extração mineral 381 0,2 Alimentos e Indústria bebidas 4.224 2,19 calçados 371 0,19 Indústria metalúrgica 3.604 1,87 Outros/ignorado 0 0 Ensino Instituições financeiras 2.602 1,35 2.306 1,19 Total 193129 100 Fonte: MTE/CAGED (2010). Tem-se então, uma economia baseada no comércio, em serviços e administração pública, na indústria (principalmente agroindústria, têxtil, cerâmica e metal-mecânica). Entre as indústrias percebe-se um dos maiores fabricantes de motores elétricos do mundo, a Weg em Jaraguá do Sul (ICDM-2010: 0,717), um dos maiores fabricantes de motores elétricos, a Embraco e a fundição da América Latina, a Tupy em Joinville, possuem grande expressividade as indústrias de eletrodomésticos (e metalmecânica em geral) no norte do estado, com marcas de projeção nacional como Consul e Brastemp (ambas de Joinville). 104 Segundo o IPARDES (2010), a renda da agropecuária do país foi bastante afetada nos anos de 2005 e 2006, principalmente devido à queda nas safras de grãos, sendo que a recuperação deste segmento só se efetivou no ano de 2008. Observa-se essa melhora no indicador crescimento da produção agropecuária, que apresentou média municipal de 0,261 em 2005 para 0,404 em 2010 representando um crescimento de 54,79%. E ainda, o crescimento médio da produção em 2005 foi de 26,13% e passou a 40,41% em 2010. Ao considerar o valor Bruto da Produção Agropecuária este aumentou 79,87% no mesmo período. Porém, devido às grandes diferenças das quantidades produzidas em cada município, a média do indicador taxa de participação de 2005 foi de 0,074 passando a 0,100 em 2010 demonstrando grande contraste na produção. Destacam-se neste setor os municípios de Videira (ICDM-2010: 0,681) com a criação e abate de aves e suínos, também o fumo e o gado leiteiro; Concórdia (ICDM-2010: 0,754), sua economia concentra-se na agroindústria e comércio. Sua base está na agropecuária, criação de suínos e aves, plantação de milho e soja em minifúndios; Chapecó (ICDM-2010: 0,721), nela estão instaladas algumas unidades industriais processadoras e exportadoras de carnês de suínos, aves e derivados, com um parque industrial diversificado no setor metal mecânico, plásticos, embalagens, transporte, móveis, bebidas, softwares e biotecnologia com especialização na produção de equipamentos para frigoríficos, sem esquecer a construção civil e o comércio como importantes fontes de renda; e Braço do Norte (ICDM-2010: 0,665), possui um parque industrial diversificado, produzindo bebidas, refrigerantes, doces e produtos alimentícios, principalmente derivados de leite, suínos e aves e também se destaca nos setores de máquinas e equipamentos, produtos têxteis e esmaltados com destaque à produção de molduras. 4.3.1.2 ICDM_ Educação Construído por meio da análise de seis variáveis, algumas diferenciadas por período de escolaridade: taxa de matrícula na educação infantil; taxa de abandono escolar (séries iniciais, séries finais e ensino médio); taxa de distorção idade-série (séries iniciais, séries finais e ensino médio); percentual de docentes com ensino superior (séries iniciais; séries finais e ensino Médio); resultado do IDEB (séries 105 iniciais e séries finais). Sua fonte de dados são as pesquisas dos censos da educação básica realizadas pelo INEP. Segundo o IPARDES (2010), apesar do crescimento das matrículas na educação infantil ser contínuo (tabela 6), esta é a variável em que todas as unidades da federação, inclusive Santa Catarina, apresentam maior déficit em termos de universalização da escolaridade. Em relação à taxa de distorção idade-série, observa-se certa instabilidade no ensino fundamental e melhora significativa no ensino Médio; este pode estar relacionado às políticas públicas relacionadas ao nível de ensino Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEBEJA). Quanto ao desempenho no IDEB, este representa as melhores taxas de crescimento para a média municipal. Tabela 6: Média municipal dos indicadores que compõem o ICDM_educação e taxa de crescimento2005/2010. ICDM _ educ ação Atendi mento à educaç ão A infantil 0,725 0,651 2010 0,765 Cresci mento (%) 5,52 Ano 2005 Séries iniciais Séries finais Ensino Médio B C D A B C D A B D 0,667 0,885 0,755 0,599 0,645 0,821 0,633 0,735 0,785 0,918 0,907 0,816 0,602 0,878 0,802 0,616 0,587 0,756 0,709 0,688 0,84 0,944 0,887 25,35 -9,75 -0,79 6,23 2,84 -8,99 -7,92 12,01 -6,39 7,01 2,83 -2,21 Fonte: Dados da pesquisa (2013). A: Taxa de não-distorção; B: Taxa de não-abandono; C: IDEB; D: Percentual de docentes com curso superior. 4.3.1.3 ICDM_Saúde Sua construção faz uso de três variáveis: número de consultas pré-natais; óbitos infantis por causas evitáveis, e óbitos por causas mal definidas. A fonte das informações é o DATASUS. Todos os indicadores adotados para determinar este índice apresentaram, no período de 2005 a 2010, melhora em suas taxas (tabela 7), o crescimento da média é de: atendimento a gestantes com mais de seis consultas pré-natais, 11,15%; mortalidade infantil por causas evitáveis 1,73%; e óbitos por causas mal definidas, 4,18%. 106 Tabela 7: Média dos indicadores do ICDM_saúde e taxa de crescimento 2005/2010 Atendimento à gestantes 2005 2010 Crescimento 0,658 0,731 11,15% Fonte: Dados da pesquisa (2013). Mortalidade infantil 0,689 0,701 1,73% Óbitos por causas mal definidas 0,760 0,792 4,18% A ampliação do atendimento às gestantes foi a principal responsável pelo avanço na dimensão Saúde, e praticamente estável no controle da mortalidade infantil. 4.4 ICD-SDR’s Quanto às muitas inquietações que surgiram no estado catarinense acerca do processo de descentralização iniciado em 2003, principalmente porque sua divisão se deu por decisões políticas e não por semelhanças econômicas e sociais entre os municípios, o que se pretende nesse momento é analisar o crescimento do índice das Secretarias de Desenvolvimento Regionais (SDR’s) através do cálculo do Índice Catarinense de Desempenho das Secretarias de Desenvolvimento Regionais (ICDSDR’s). Para contemplar a determinação do ICD-SDR’s, o processo dar-se-á através do agrupamento dos dados base para cada grupo de municípios que compõem as 36 SDR’s possibilitando assim a determinação dos indicadores necessários para o cálculo do índice pelo mesmo processo metodológico (IPDM). Sua análise deu-se mediante a análise das medidas observadas em 2008 e 2010 (apêndice B). Esta escolha temporal está diretamente ligada à obtenção de dados básicos para o agrupamento de todas as informações para a determinação de cada indicador de cada secretaria para a dimensão educação. Até o momento de sua compilação tinha-se disponível o total de docentes atuando e total de docentes com curso superior para estes dois anos, tornando possível a obtenção da taxa de professores com curso superior atuando por secretarias. Como o INEP disponibiliza as taxas de abandono e distorção na forma de porcentagem, isso nos impede de determinar as taxas por secretaria, então, para obter o número total de estudantes de cada secretaria e suas respectivas taxas, fez- 107 se uso das informações sobre o total de matrículas, obtidas nos censos da educação básica dos referentes anos, multiplicados pelas taxas de abandono e distorção, respectivamente, determinando assim, o total de estudantes em cada categoria para então agrupar o total de estudantes, de abandonos e distorções de cada conjunto de municípios e determinar cada taxa. Para os demais anos os indicadores podem ser obtidos através do mesmo procedimento. Na figura 13 tem-se a imagem dos resultados obtidos após mensurar os dados de cada grupo de municípios que compõe cada secretaria para 2008. Figura 13: Índice Catarinense de Desempenho das Secretarias de Desenvolvimento Regional – Santa Catarina - 2008 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Percebe-se novamente o baixo desempenho da região Serrana e extremo norte catarinense, índices preocupantes para SDR de Campos Novos (0,442); SDR de Curitibanos (0,459); e SDR de São Joaquim (0,471) que apresentaram os três menores valores. Destaque para as regiões do Oeste Catarinense (SDR’s: Maravilha – 0,662; São Lourenço do Oeste – 0,675; e Chapecó – 0,693) e as proximidades da região litorânea (SDR’s: Braço do Norte – 0,656; Tubarão – 0,682; Blumenau – 0,699; e Florianópolis – 0,742;) que apresentaram os melhores índices. 108 Na figura 14 temos o ICD-SDR para 2010, apresentando uma pequena melhora em algumas secretarias da região Serrana e do Norte Catarinense e pela expansão do desempenho do Oeste Catarinense. Figura 14: Índice catarinense de Desempenho das Secretarias de Desenvolvimento Regional – Santa Catarina – 2010. Fonte: Dados da pesquisa (2013). O crescimento do índice é positivo na maioria das secretarias com destaque para SDR de Concórdia (0,607 para 0,726) e SDR de Seara (0,592 para 0,715) pertencentes ao Oeste catarinense que aumentaram, respectivamente, seu índice em 19,63% e 20,82% de 2008 para 2010, entrando no grupo de melhores desempenhos. Apresentaram decrescimento: Braço do Norte (-3,5%), Brusque (-2,1%), Florianópolis (-0,3%), Ibirama (-1,49%), Palmitos (-4,78%), Rio do Sul (-0,16%), São Miguel d’ Oeste (-1,50%) e Tubarão (-5,82%). No gráfico 4 apresenta-se o Coeficiente de Variação (CV), que indica uma redução nas diferenças entre as SDR’s. Este indicador foi reduzido de 12,32%, em 2008, para 10,96%, em 2010, apresentando melhora de 1,36 pontos percentuais. 109 Gráfico 4: ICD-SDR: Média das Secretarias de Desenvolvimento e Coeficiente de Variação (CV) – Santa Catarina – 2008/2010. Fonte: Dados da pesquisa (2013). Ao comparar as médias dos 36 ICD-SDR para os anos 2008 e 2010 (tabela 8), estas indicam uma pequena melhora da condição socioeconômica de seus municípios, passando de 0,591 para 0,620, um incremento de 0,029 pontos em dois anos, representando um aumento de 4,91%. Tabela 8: ICD-SDR: Média Municipal Segundo Dimensões – Santa Catarina – 2008/2010 Ano 2008 2010 Renda 0,551 0,608 2008/2010 0,056 Dimensão Educação 0,843 0,858 Variação 0,015 Saúde 0,378 0,394 ICDSDR’s 0,591 0,620 0,016 0,029 Fonte: Dados da pesquisa (2013). Para a determinação do índice, o indicador renda foi o que apresentou um melhor desempenho entre as três dimensões que compõem o ICD-SDR’s, está também foi a que mais contribuiu para o incremento da média municipal (gráfico 5), respondendo por 64,41% da variação de 0,029 pontos, registrada entre 2008 e 2010. Em seguida, tem-se a contribuição da saúde (18,25%) e a educação (17,34%). 110 Gráfico 5 - Contribuição das dimensões para a variação da média do ICD- SDR – Santa Catarina 2008/2010. FONTE: Dados da pesquisa (2013). O índice que apresentou maior taxa de crescimento entre 2008 e 2010 foi a dimensão renda com 12,17% de acréscimo em dois anos, seguido de saúde com 7,53% e educação com 1,82%. 4.5 OS MODELOS METODOLÓGICOS: CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS ESPECIFICAÇÕES E Nas características construtivas de cada um dos índices municipais abordados nesta dissertação (IDH_M, IFDM e IPDM) percebe-se a semelhança entre as áreas de cada indicador, todas são divididas em três dimensões que envolvem renda, educação e saúde e algumas semelhanças referentes aos indicados sintetizados no IFDM e IPDM. Porém, o IDH_M é o mais compacto dos três. Faz uso de apenas três indicadores considerados pelo PNUD como essenciais para medir o nível de desenvolvimento humano: O índice Gini que mede o grau de concentração de renda de um determinado grupo; os anos de escolaridade para medir o nível da educação; e a expectativa de vida ao nascer como sendo uma síntese da mortalidade ao longo do todo o ciclo de vida do indivíduo (todo o seu histórico de mortalidade de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos), representando então, o reflexo das políticas públicas implementadas na área da saúde. 111 Por definição, este índice é o reflexo do aumento da expansão das escolhas pessoais através do maior acesso ao conhecimento, nutrição e a serviços de saúde e do lazer, presumindo que o aspecto econômico é um importante meio para o alargamento das escolhas das pessoas, sua eficiência é medida pelo crescimento e pela produtividade desde que estes beneficiem diretamente os menos favorecidos na busca pela equidade. O IFDM foi desenvolvido pelo sistema FIRJAM como uma ferramenta de medição para determinar o nível de desenvolvimento dos municípios brasileiros e avalia se a melhora ocorrida num determinado município é reflexo das políticas específicas adotadas ou se é apenas um reflexo da queda dos demais municípios. Faz uso de 11 indicadores, sendo 3 para medir a dimensão renda fazendo uso de dados referentes ao emprego formal e aos salários médios; 5 para medir a educação básica em níveis infantil e fundamental26, e o nível escolar dos educadores; para a terceira dimensão faz uso de 3 indicadores, 2 voltados para a saúde infantil avaliando o acesso ao pré-natal, e os óbitos dos menores de cinco anos por causas evitáveis e o outro que mede os óbitos gerais por causas mal definidas. O IPDM, que foi desenvolvido para medir a qualidade do desempenho das políticas públicas implementadas no território paranaense, faz uso de 12 indicadores, 4 para medir o emprego formal, suas remunerações e a produção agropecuária, pois o estado para o qual foi desenvolvida esta metodologia tem grande representatividade nacional neste setor econômico; 5 para a educação considerando os três níveis da educação básica (infantil, fundamental e médio); e 3 para a saúde os quais são os mesmos abordados na metodologia anterior. As três metodologias fazem uso de sistemas de disseminação de informações de alta confiabilidade, seus índices, portanto, são compostos por dados oficiais dos aspectos básicos indispensáveis ao desenvolvimento local oriundas de pesquisas divulgadas pelo Ministério do Trabalho, Ministério da Educação e Ministério da Saúde, porém, sua periodicidade é diferenciada, o IDH_M faz uso de informações referentes aos censos demográficos decenais realizados pelo IBGE, portanto só pode ser obtido a cada 10 anos, enquanto que as demais fazem uso de dados oriundos de levantamentos estatísticos, em sua maioria, obrigatórios provenientes 26 O nível ensino médio não é avaliado neste processo metodológico pois nem todos os municípios do país disponibiliza este nível de ensino. 112 das prefeituras municipais, podendo então disponibilizar informações anuais gerando índices ano a ano. Quanto ao processo estatístico, todos fazem uso de indicadores que refletem a realidade estudada e, na busca por melhores resultados, seus indicadores passam por critérios e técnicas padronizadas, pois só assim as políticas públicas poderão ser avaliadas e futuramente, se necessário, reformuladas de forma coerente. Portanto, as metodologias IFDM e IPDM propiciam medidas mais próximas da realidade a ser avaliada, pois buscam na sintetização dos indicadores de renda, educação e saúde mais específicos do território nacional, e mais especifico ainda ao contemplar um estado, para identificar e acompanhar anualmente o reflexo das políticas públicas adotadas. Muito embora esta seja apenas uma suposição, já que um bom indicador não é definido pela quantidade de dados sintetizados, mais sim pela qualidade dos mesmos para refletir a realidade questionada. Porém, todas as medidas são válidas, cada uma com uma finalidade; o IDH_M através de seus cálculos mais sofisticados mostrando a qualidade das ações adotadas no país como forma de incentivo e desafiando estes países para que melhorem seus índices a cada década; o IFDM avaliando o desenvolvimento municipal que é definido como um processo que requer modificações que devem refletir positivamente na qualidade de vida da população; e por último o IPDM que mede o desempenho das ações dos gestores públicos que é um processo que necessita continuidade fazendo uso de indicadores de recorte municipal com periodicidade anual. 113 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma ferramenta de gestão que está se tornando amplamente utilizada são as metodologias para determinar um índice de desempenho, seu objetivo é buscar nas especificidades regionais as soluções para a melhora da qualidade de vida da população. Para tanto, se deve primeiro definir o tema de acordo com o objeto de avaliação; segundo, especificam-se as suas dimensões, ou seja, definem-se os indicadores que tornam o objeto específico claro e possível de ser quantificado; terceiro, consiste na obtenção das estatísticas públicas; e quarto é a combinação destas estatísticas através de um processo metodológico. A escolha dos seus indicadores deve ser feita considerando aspectos indispensáveis ao desenvolvimento local. Portanto, procura-se, na medida do possível, privilegiar variáveis de responsabilidade e ingerência das prefeituras. Entretanto, é importante destacar que os resultados não dependem exclusivamente destas, mas sim de ações conjuntas e de responsabilidade das três esferas do governo, bem como do empresariado e da sociedade civil organizada. Nesta dissertação, entende-se que o índice pode representar em valores numéricos a correta interpretação da realidade questionada. Surge então, a necessidade de se criar instrumentos de medicação mais atualizados e mais específicos possíveis, sua viabilidade passa a não estar ligada a sua abrangência, mas sim às características das especificidades de uma região Ao determinar indicadores e índices, seus resultados são diretamente influenciados pelos dados base, retirados dos bancos de dados de cada agência estatística responsável pela alimentação de seus sistemas de informação e qualquer notificação relevante deve ser relacionada em suas notas técnicas. É importante, portanto, que no momento do acesso as suas planilhas de dados se observe a divulgação das datas de atualização. O estado de Santa Catarina dispõe de duas medidas de recorte municipal, o IDH_M que é definido como a medida da expansão das escolhas pessoais às quais são valorizadas apresentando média de 0,791 em 2000; e o IFDM o qual define que sua metodologia determina com precisão: “se a melhora relativa ocorrida em determinado município decorre da adoção de políticas específicas ou se o resultado 114 obtido é apenas reflexo da queda dos demais municípios” com médias em 2005 e 2010 de 0,681 para 0,713 com um incremento de 0,032 pontos. O objetivo principal deste trabalho era propiciar uma nova ferramenta de avaliação da gestão pública catarinense para auxiliar na elaboração de diagnósticos acerca do desempenho das políticas públicas implantadas pelos gestores anualmente: o Índice Catarinense de Desempenho Municipal (ICDM). A escolha da metodologia IPDM, para determiná-lo está diretamente ligada à disponibilidade de indicadores com recorte municipal e periodicidade anual oriundas das informações coletadas diretamente das prefeituras municipais, informações estas, em sua maioria, de levantamentos estatísticos obrigatórios, propiciando assim, uma medida mais próxima da realidade a ser avaliada, buscando na sintetização dos indicadores de renda, educação e saúde identificar potencialidades e fragilidades detectadas nos municípios catarinenses as e acompanhá-las anualmente. As dificuldades na determinação deste índice estão relacionadas à coleta de dados via download e na organização dos mesmos, pois para cada área havia uma fonte de dados diferente, a renda: IBGE, MTE e IPEA; educação: INEP; e saúde: DATASUS. Sendo as informações da produção agropecuária a mais trabalhosa, pois não dispõe de um indicador com o valor bruto da produção, este deve ser agrupado pela soma da produção pecuária e agricultura. Já os processos metodológicos disponíveis na metodologia do IPDM são claros facilitando a sua reprodução. O estado de Santa Catarina dispõe, portanto, para todos os seus municípios, informações básicas que possibilitam a formulação do índice de desempenho pela metodologia desenvolvida pelo IPARDES para avaliar e interpretar seu desempenho em esfera municipal e anual. Dessa forma, determinou-se um novo índice para os 293 municípios do estado de Santa Catarina que possibilita avaliar a realidade dos municípios catarinenses mediante indicadores que refletem o desempenho dos seus municípios, calculados a partir de dados de pesquisas realizadas em agências públicas confiáveis. O ICDM apresentou média de 0,601 em 2005 e passou para 0,634 em 2010, um incremento de 0,033 pontos em cinco anos, representando um aumento de 5,51%. Assim, seu Coeficiente de Variação (CV), neste período, foi reduzido de 12,201% para 10,994%, confirmando que houve redução das diferenças municipais. 115 A área educação também apresentou um melhor desempenho entre as três dimensões que compõem o ICDM, sua média passou de 0,725 para 0,765 está também foi a que mais contribuiu para o incremento da média municipal, respondendo por 40,4% da variação de 0,033 pontos, registrada. Em seguida, temse a contribuição da saúde: média 0,702 para 0,741 que corresponde a 39,4% do incremento e emprego, renda e produção agropecuária com média de 0,375 para 0,396 com 21,2%. Em resumo, o sub-índice ICDM_renda é o que apresenta o maior nível de desigualdade entre seus municípios, pois apesar do aumento na geração de empregos formais a intensidade concentrou-se nas principais aglomerações urbanas e no entorno refletindo um crescimento diferenciada entre seus municípios. A mesma concentração se observa ao analisar a produção agropecuária, contribuindo para a manutenção do nível de desigualdade. E ainda embora a educação tenha sido o indicador que mais contribuiu para a melhora do índice final, este apresenta um comportamento atípico, com crescimentos negativos em seus indicadores. Este fato pode estar relacionado às lutas ocorridas no estado pela melhora da educação no estado e pela valorização do profissional do magistério. Sendo, portanto, o sub-índice ICDM_saúde o que apresentou melhor desempenho, com indicadores de crescimento entre 2005/2010 refletindo a melhora ocorrida nos serviços de saúde. Este trabalho também disponibiliza uma forma de determinar o ICD-SDR, uma medida do desempenho das secretarias de desenvolvimento criadas em 2003, mediante o agrupamento dos dados bases de cada indicador. As médias dos 36 ICD-SDR para os anos 2008 e 2010 indicam um incremento de 0,029 pontos passando de 0,591 para 0,620 um aumento de 4,91%, refletindo uma pequena melhora da condição socioeconômica de seus municípios, o Coeficiente de Variação (CV), foi reduzido de 12,32%, para 10,96%, apresentando melhora de 1,36 pontos percentuais. A diferença entre o desempenho municipal e o das SDR’s que adotam um conjunto de municípios é visível (tabela 9). As disparidades de emprego, renda e produção agropecuária das secretarias diminuíram e muito em relação à análise de cada município separadamente demonstrando mais homogeneidade em suas produções totais, o mesmo acontece com os indicadores de educação. 116 Tabela 9: Médias dos ICDM e ICD-SDR – Santa Catarina - 2010 Índice Renda Educação Saúde Geral ICDM 0,396 0,765 0,741 0,634 SDR’s 0,608 0,858 0,394 0,620 Fonte: Dados da pesquisa (2013). A situação inversa ocorre na saúde, embora sua contribuição no crescimento seja significativa, apresenta médias muito inferiores ao ICDM_saúde (0,741) apresentando 0,394 uma redução de 88,07%. A explicação fica a cargo do aumento das disparidades de seus indicadores, seus valores em óbitos por causa mal definidas e óbitos de menores de 5 anos apresentando assimetrias acentuadas refletindo num baixo desempenho nesta área. O crescimento do índice é positivo na maioria das secretarias com destaque para Concórdia e Seara que aumentaram, respectivamente, seu índice em 19,63% e 20,82% de 2008 para 2010. Apresentaram decrescimento: Braço do Norte (-3,5%), Brusque (-2,1%), Florianópolis (-0,3%), Ibirama (-1,49%), Palmitos (-4,78%), Rio do Sul (-0,16%), São Miguel d’ Oeste (-1,50%) e Tubarão (-5,82%). O sub-índice que apresentou maior taxa de crescimento foi a dimensão emprego, renda e produção agropecuária (0,551 para 0,608) com 12,17% de acréscimo em dois anos, seguido de saúde (0,378 para 0,394) com 7,53% e educação (0,843 para 0,858) com 1,82%. Mas qual dessas metodologias reflete melhor a realidade catarinense? Na busca por esta resposta, primeiramente define-se a diferença entre desenvolvimento, crescimento e desempenho. Conforme apresentado no decorrer deste trabalho, o desenvolvimento configura-se como um processo, caracterizado por modificações que acompanham e intensificam a dinamização socioeconômica de uma região. O crescimento é uma taxa percentual que determina se houve melhora, ou não, em seus indicadores num determinado intervalo de tempo. O desempenho é definido como a medida do rendimento de uma região num determinado intervalo de tempo refletido em seu indicador. A primeira diferença diz respeito à temporalidade da determinação de cada índice. O IDH_M é decenal, pois seus indicadores são resultados da análise dos dados obtidos nos censos demográficos, fazendo uso de indicadores muito amplos 117 (índice GINI, anos de escolaridade e expectativa de vida ao nascer). Como o objetivo era determinar uma medida com periodicidade anual o IDH_M foi utilizado apenas para uma comparação dos resultados obtidos na busca pela validação dos resultados do ICDM e por simetrias relacionadas ao valor de cada índice. Uma das vantagens observadas na determinação do IFDM e do ICDM está relacionada à necessidade de medir e comparar anualmente, para tanto fazem uso de dados de recorte municipal com periodicidade anual, pois suas fontes de dados são obtidas dos registros administrativos provenientes das prefeituras municipais, possibilitando um acompanhamento sistemático da realidade dos municípios. O IFDM foi criado para monitorar as diferentes realidades de um território e expressar em números os níveis de desenvolvimento, já o IPDM busca sintetizar o reflexo das políticas públicas implementadas em seu território através da medida do desempenho da gestão e das ações. A escolha das dimensões está diretamente ligada à concepção de indicadores sintéticos definidos como dados que representam a sintetização de aspectos considerados essenciais possibilitando avaliar o reflexo das ações públicas implementadas. As dimensões renda, educação e saúde têm conexão às condições indispensáveis, para não dizer mínimas, para ter uma vida longa e saudável, além de se tornar instruído, em outras palavras, é ter uma vida com qualidade tanto econômica quanto socialmente. Embora suas criações tenham fundamentos diferenciados, os indicadores que determinam o IFDM e ICDM são semelhantes, fazem uso de dados de emprego e renda, atendimento à educação básica nos dois níveis (infantil, fundamental) e ao atendimento a gestantes, óbitos infantis e óbitos por causa mal definidas. E ainda, para o IPDM, o ICDM_renda insere o indicador produção agropecuária, pois este índice mede o desempenho dos municípios paranaenses onde a economia é fortemente representada por este setor, e como o estado de Santa Catarina também é reconhecido por esta característica torna-se um importante indicador a ser analisado. Também o ICDM_educação expande seus indicadores para o ensino Médio. Porém, não é só nos indicadores que está a contribuição da metodologia IPDM para avaliar o desempenho municipal, mas na sua fundamentação e nos processos estatísticos diferenciados, desde os cálculos até a porcentagem equivalente de cada indicador que compõe o índice final. 118 Portanto, tecnicamente, o ICDM, por utilizar um sistema maior de indicadores sociais relevantes, com variáveis mais específicas para quantificar o território catarinense, deveria avaliar melhor os avanços e retrocessos, pois maiores são as chances de sucesso no processo de avaliação com indicadores diferenciados visando resultados mais abrangentes e tecnicamente mais respaldados. Mas, como apenas isso não é suficiente para tal conclusão, a resposta é imprecisa, afinal cada método tem suas particularidades e o exagero na determinação de indicadores pode prejudicar o resultado final. Comparar resultados não é suficiente, pois em suas características constitutivas os indicadores têm a finalidade de determinar quantitativamente o nível de desempenho de uma região, então, qualquer que seja o método, este deve refletir a realidade questionada, o que existe talvez sejam índices mais completos e sensíveis a mudanças, refletindo numericamente de forma mais eficaz. Percebe-se que quanto mais regionais são os indicadores que determinam um índice, melhores são os resultados relacionados à realidade estudada. O segredo está em interpretar os resultados obtidos, é saber o que fazer com eles, determinar o que deve ser mantido e o que precisa ser implantado visando sempre melhorar os indicadores que determinam cada medida. Portanto, a determinação de instrumentos de medição tornou-se um desafio aos pesquisadores da área. Tudo leva a crer que possivelmente no futuro uma nova dimensão possa vir a ser acrescentada, dimensão está relacionada ao meio ambiente e, atualmente, estudos sobre os impactos e os reflexos causados na sociedade é alvo de discussão em todas as esferas governamentais. Mas, o maior desafio pode star em obter dados em escala municipal, pois requer um esforço conjunto dos institutos de pesquisa e dos gestores municipais para a coleta de tais informações. E ainda, a inserção de uma nova dimensão não garante que realmente trará melhores resultados, esse indicador deve despertar a responsabilidade ambiental dos gestores. E, como já citado neste trabalho, o IBGE já disponibiliza alguns indicadores relacionados a questão socioambiental que podem vir a ser agregados à metodologia proposta neste trabalho desenvolvendo uma quarta dimensão ou um indicador totalmente diferenciado. 119 6. REFERÊNCIAS ALA-HARJA, M.; HELGASON, S.. Em direção às melhores práticas de avaliação. 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Chicago: University of Chicago, 1929. 126 7 APÊNDICES APENDICE A – ÍNDICE CATARINENSE DE DESEMPENHO MUNICIPAL – ICDM. ICDM_saúde ICDM_educação ICDM_renda ICDM 2005 0,649 0,613 0,681 0,745 0,686 2010 0,626 0,828 0,769 0,637 0,906 2005 0,575 0,471 0,612 0,593 0,407 2010 0,513 0,437 0,567 0,541 0,505 2005 0,332 0,350 0,375 0,313 0,319 2010 0,409 0,399 0,419 0,382 0,374 2005 0,628 0,509 0,652 0,619 0,513 2010 0,618 0,633 0,668 0,722 0,571 0,786 0,544 0,156 0,949 0,667 0,769 0,557 0,586 0,567 0,502 0,580 0,545 0,357 0,431 0,301 0,471 0,366 0,360 0,655 0,729 0,576 0,659 0,678 0,696 0,835 0,624 0,505 0,493 0,773 0,481 0,646 0,747 0,580 0,603 0,845 0,959 0,562 0,811 0,549 0,623 0,672 0,784 0,891 0,446 0,584 0,805 0,787 0,441 0,806 0,771 0,643 0,878 0,599 0,793 0,759 0,807 0,649 0,539 0,390 0,610 0,686 0,568 0,541 0,500 0,673 0,544 0,617 0,484 0,599 0,608 0,625 0,605 0,624 0,620 0,662 0,434 0,720 0,580 0,550 0,540 0,428 0,672 0,545 0,663 0,505 0,591 0,586 0,668 0,576 0,609 0,636 0,659 0,327 0,467 0,302 0,305 0,470 0,339 0,402 0,409 0,334 0,383 0,374 0,303 0,324 0,349 0,315 0,267 0,291 0,317 0,430 0,329 0,368 0,349 0,373 0,407 0,425 0,373 0,464 0,420 0,335 0,356 0,452 0,361 0,391 0,340 0,538 0,669 0,686 0,497 0,601 0,612 0,685 0,508 0,646 0,592 0,595 0,650 0,577 0,638 0,621 0,618 0,602 0,512 0,780 0,597 0,470 0,541 0,627 0,718 0,570 0,605 0,637 0,646 0,697 0,614 0,745 0,538 0,538 0,665 0,520 0,456 0,443 0,506 0,347 0,313 0,472 0,567 0,647 0,827 0,573 0,584 0,682 0,718 0,614 0,667 0,424 0,292 0,618 0,608 0,390 0,404 0,670 0,684 0,809 0,339 0,661 0,612 0,661 0,811 0,629 0,406 0,508 0,446 0,450 0,552 0,576 0,505 0,541 0,557 0,291 0,346 0,316 0,405 0,344 0,406 0,344 0,428 0,422 0,534 0,565 0,576 0,583 0,620 0,510 0,581 0,744 0,632 0,665 0,693 0,754 0,502 0,778 0,886 0,767 0,851 0,568 0,434 0,505 0,644 0,622 0,430 0,624 0,381 0,583 0,496 0,553 0,435 0,633 0,443 0,312 0,343 0,382 0,405 0,504 0,300 0,35 0,380 0,402 0,437 0,549 0,307 0,448 0,642 0,669 0,592 0,721 0,443 0,614 0,717 0,616 0,584 0,720 0,589 Município Abdon Batista Abelardo Luz Agrolandia Agronomica Agua Doce Aguas de Chapeco Aguas Frias Aguas Mornas Alfredo Wagner Alto Bela Vista Anchieta Angelina Anita Garibaldi Anitapolis Antonio Carlos Apiuna Arabuta Araquari Ararangua Armazem Arroio Trinta Arvoredo Ascurra Atalanta Aurora Balneario Arroio Do Silva Balneario Barra Do Sul Balneario Camboriu Balneario Gaivota Bandeirante Barra Bonita Barra Velha Bela Vista Do Toldo Belmonte Benedito Novo Biguacu Blumenau Bocaina Do 127 Sul Bom Jardim Da Serra Bom Jesus Bom Jesus Do Oeste Bom Retiro Bombinhas Botuvera Braco Do Norte Braco Do Trombudo Brunopolis Brusque Cacador Caibi Calmon Camboriu Campo Alegre Campo Belo Do Sul Campo Ere Campos Novos Canelinha Canoinhas Capao Alto Capinzal Capivari De Baixo Catanduvas Caxambu Do Sul Celso Ramos Cerro Negro Chapadao Do Lageado Chapeco Cocal Do Sul Concordia Cordilheira Alta Coronel Freitas Coronel Martins Correia Pinto Corupa Criciuma Cunha Pora Cunhatai 0,766 0,842 0,776 0,927 0,465 0,512 0,497 0,417 0,407 0,313 0,475 0,322 0,468 0,586 0,503 0,643 0,756 0,776 0,682 0,797 0,513 0,819 0,946 0,872 0,594 0,539 0,634 0,581 0,560 0,435 0,584 0,598 0,314 0,354 0,321 0,397 0,354 0,316 0,327 0,468 0,663 0,509 0,652 0,693 0,683 0,493 0,644 0,644 0,313 0,753 0,593 0,617 0,377 0,362 0,665 0,665 0,443 0,820 0,635 0,512 0,387 0,462 0,448 0,341 0,531 0,864 0,700 0,924 0,639 0,635 0,665 0,414 0,599 0,424 0,625 0,482 0,573 0,463 0,428 0,510 0,549 0,469 0,585 0,485 0,573 0,432 0,486 0,476 0,472 0,298 0,460 0,430 0,346 0,319 0,340 0,319 0,542 0,314 0,487 0,435 0,387 0,311 0,410 0,350 0,663 0,475 0,705 0,585 0,686 0,497 0,519 0,546 0,660 0,516 0,708 0,579 0,704 0,526 0,628 0,606 0,427 0,529 0,606 0,635 0,424 0,549 0,495 0,525 0,405 0,335 0,409 0,357 0,458 0,538 0,616 0,651 0,523 0,547 0,629 0,527 0,710 0,667 0,587 0,362 0,719 0,734 0,531 0,616 0,586 0,429 0,528 0,509 0,457 0,551 0,428 0,594 0,300 0,458 0,305 0,709 0,432 0,347 0,507 0,348 0,720 0,422 0,533 0,630 0,546 0,540 0,619 0,583 0,583 0,589 0,627 0,673 0,795 0,591 0,633 0,764 0,567 0,560 0,535 0,508 0,488 0,342 0,484 0,425 0,653 0,566 0,702 0,612 0,598 0,332 0,712 0,504 0,496 0,689 0,525 0,634 0,445 0,500 0,575 0,420 0,439 0,427 0,337 0,412 0,359 0,325 0,629 0,578 0,455 0,688 0,635 0,560 0,593 0,730 0,650 0,381 0,715 0,704 0,730 0,910 0,579 0,593 0,623 0,673 0,564 0,633 0,657 0,677 0,348 0,466 0,514 0,488 0,325 0,499 0,522 0,501 0,575 0,647 0,680 0,691 0,553 0,721 0,688 0,754 0,647 0,847 0,604 0,575 0,431 0,466 0,657 0,597 0,484 0,761 0,588 0,605 0,345 0,351 0,640 0,676 0,612 0,761 0,676 0,644 0,545 0,533 0,642 0,698 0,741 0,825 1,000 0,585 0,656 0,530 0,619 0,614 0,626 0,672 0,550 0,580 0,568 0,543 0,636 0,632 0,387 0,397 0,484 0,453 0,334 0,357 0,355 0,446 0,466 0,461 0,363 0,323 0,653 0,569 0,648 0,661 0,653 0,728 0,672 0,590 0,706 0,637 0,721 0,679 128 Curitibanos Descanso Dionisio Cerqueira Dona Emma Doutor Pedrinho Entre Rios Ermo Erval Velho Faxinal Dos Guedes Flor Do Sertao Florianopolis Formosa Do Sul Forquilhinha Fraiburgo Frei Rogerio Galvao Garopaba Garuva Gaspar Governador Celso Ramos Grao Para Gravatal Guabiruba Guaraciaba Guaramirim Guaruja Do Sul Guatambu Herval D'oeste Ibiam Ibicare Ibirama Icara Ilhota Imarui Imbituba Imbuia Indaial Iomere Ipira Ipora Do Oeste Ipuacu Ipumirim Iraceminha 0,838 0,598 0,966 0,637 0,550 0,595 0,547 0,590 0,369 0,324 0,395 0,346 0,557 0,688 0,514 0,668 0,482 0,403 0,670 0,675 0,528 0,670 0,460 0,571 0,349 0,317 0,350 0,360 0,573 0,602 0,487 0,616 0,760 0,427 0,692 0,670 0,850 0,898 0,881 0,901 0,561 0,519 0,584 0,591 0,623 0,434 0,471 0,601 0,339 0,300 0,347 0,345 0,356 0,345 0,376 0,338 0,566 0,596 0,646 0,656 0,701 0,526 0,494 0,602 0,587 0,745 0,775 0,842 0,799 0,880 0,558 0,503 0,553 0,558 0,605 0,560 0,428 0,401 0,614 0,426 0,332 0,610 0,689 0,633 0,712 0,708 0,592 0,718 0,648 0,489 0,557 0,575 0,640 0,504 0,561 0,534 0,714 0,526 0,559 0,769 0,629 0,807 0,684 0,722 0,560 0,607 0,529 0,528 0,533 0,556 0,519 0,608 0,533 0,603 0,601 0,536 0,612 0,472 0,545 0,598 0,419 0,442 0,395 0,333 0,303 0,341 0,379 0,469 0,432 0,452 0,356 0,348 0,341 0,381 0,433 0,506 0,660 0,643 0,539 0,516 0,580 0,549 0,615 0,652 0,602 0,679 0,609 0,666 0,667 0,629 0,617 0,696 0,741 0,507 0,904 0,631 0,648 0,623 0,857 0,776 0,894 0,750 0,628 0,952 0,515 0,583 0,571 0,593 0,624 0,554 0,523 0,623 0,610 0,519 0,679 0,586 0,303 0,321 0,308 0,412 0,332 0,413 0,363 0,353 0,345 0,453 0,327 0,481 0,552 0,634 0,594 0,676 0,639 0,579 0,587 0,653 0,599 0,667 0,634 0,708 0,321 0,570 0,607 0,499 0,417 0,581 0,597 0,457 0,611 0,395 0,635 0,961 0,616 0,605 0,659 0,545 0,814 0,842 0,748 0,517 0,691 0,588 0,816 0,606 0,793 0,861 0,560 0,666 0,571 0,450 0,463 0,609 0,539 0,619 0,603 0,569 0,576 0,590 0,635 0,639 0,540 0,596 0,619 0,504 0,541 0,561 0,576 0,644 0,628 0,576 0,436 0,532 0,607 0,611 0,650 0,708 0,335 0,446 0,368 0,340 0,372 0,359 0,409 0,306 0,265 0,432 0,311 0,432 0,384 0,343 0,328 0,390 0,347 0,466 0,384 0,372 0,432 0,394 0,319 0,405 0,333 0,450 0,399 0,398 0,696 0,572 0,530 0,650 0,631 0,635 0,564 0,575 0,511 0,666 0,570 0,679 0,662 0,567 0,677 0,644 0,555 0,682 0,554 0,606 0,671 0,595 0,434 0,649 0,693 0,657 0,709 0,733 0,584 0,876 0,502 0,274 0,616 0,856 0,918 0,629 0,640 0,359 0,641 0,619 0,698 0,394 0,576 0,593 0,365 0,410 0,346 0,329 0,361 0,333 0,384 0,362 0,628 0,522 0,666 0,669 0,668 0,523 0,664 0,669 129 Irani Irati Irineopolis Ita Itaiopolis Itajai Itapema Itapiranga Itapoa Ituporanga Jabora Jacinto Machado Jaguaruna Jaragua Do Sul Jardinopolis Joacaba Joinville Jose Boiteux Jupia Lacerdopolis Lages Laguna Lajeado Grande Laurentino Lauro Muller Lebon Regis Leoberto Leal Lindoia Do Sul Lontras Luiz Alves Luzerna Macieira Mafra Major Gercino Major Vieira Maracaja Maravilha Marema Massaranduba Matos Costa Meleiro Mirim Doce Modelo Mondai Monte Carlo 0,838 0,521 0,804 0,545 0,587 0,601 0,780 0,623 0,741 0,754 0,583 0,769 0,719 0,874 0,408 0,811 0,753 0,692 0,783 0,819 0,607 0,706 0,539 0,513 0,525 0,604 0,547 0,622 0,569 0,685 0,545 0,617 0,529 0,564 0,423 0,519 0,668 0,565 0,621 0,589 0,670 0,596 0,626 0,599 0,329 0,362 0,352 0,419 0,339 0,549 0,374 0,396 0,419 0,356 0,316 0,336 0,351 0,382 0,564 0,387 0,561 0,416 0,381 0,479 0,407 0,350 0,56 0,589 0,592 0,705 0,481 0,721 0,626 0,656 0,617 0,653 0,549 0,631 0,624 0,647 0,658 0,554 0,728 0,672 0,681 0,710 0,632 0,661 0,676 0,698 0,539 0,796 0,561 0,570 0,558 0,444 0,348 0,323 0,367 0,343 0,581 0,516 0,643 0,549 0,909 0,676 0,626 0,677 0,812 0,473 0,516 0,468 0,713 0,867 0,614 0,688 0,507 0,942 0,901 0,563 0,717 0,856 0,656 0,546 0,660 0,562 0,449 0,541 0,399 0,476 0,580 0,691 0,624 0,641 0,594 0,481 0,602 0,586 0,554 0,524 0,530 0,355 0,496 0,549 0,314 0,368 0,374 0,406 0,331 0,552 0,306 0,469 0,563 0,331 0,389 0,397 0,399 0,348 0,722 0,632 0,650 0,665 0,461 0,645 0,653 0,538 0,596 0,717 0,568 0,671 0,717 0,527 0,732 0,695 0,553 0,620 0,458 0,661 0,464 0,272 0,913 0,486 0,613 0,808 0,509 0,637 0,429 0,566 0,785 0,725 0,583 0,712 0,533 0,648 0,484 0,674 0,600 0,245 0,361 0,612 0,791 0,448 0,573 0,632 0,534 0,822 0,638 0,744 0,776 0,559 0,607 0,727 0,871 0,823 0,692 0,450 0,467 0,704 0,603 0,702 0,504 0,355 0,612 0,663 0,635 0,447 0,579 0,605 0,605 0,581 0,627 0,473 0,622 0,518 0,527 0,581 0,671 0,582 0,626 0,499 0,617 0,661 0,623 0,598 0,465 0,584 0,666 0,550 0,419 0,558 0,581 0,600 0,592 0,691 0,532 0,592 0,536 0,494 0,590 0,601 0,477 0,624 0,487 0,651 0,597 0,634 0,571 0,511 0,389 0,331 0,474 0,273 0,404 0,329 0,306 0,349 0,414 0,363 0,389 0,341 0,367 0,364 0,351 0,362 0,387 0,322 0,385 0,289 0,307 0,328 0,292 0,352 0,384 0,421 0,311 0,403 0,360 0,368 0,423 0,443 0,257 0,430 0,336 0,342 0,359 0,405 0,395 0,439 0,316 0,400 0,359 0,357 0,374 0,338 0,671 0,599 0,680 0,425 0,538 0,579 0,539 0,650 0,623 0,577 0,647 0,494 0,552 0,587 0,694 0,644 0,619 0,453 0,562 0,565 0,568 0,598 0,467 0,627 0,595 0,627 0,394 0,599 0,696 0,628 0,708 0,752 0,657 0,712 0,547 0,626 0,547 0,700 0,588 0,64 0,607 0,522 0,686 0,677 0,668 0,559 130 Monte Castelo Morro Da Fumaca Morro Grande Navegantes Nova Erechim Nova Itaberaba Nova Trento Nova Veneza Novo Horizonte Orleans Otacilio Costa Ouro Ouro Verde Paial Painel Palhoca Palma Sola Palmeira Palmitos Papanduva Paraiso Passo De Torres Passos Maia Paulo Lopes Pedras Grandes Penha Peritiba Petrolandia Picarras Pinhalzinho Pinheiro Preto Piratuba Planalto Alegre Pomerode Ponte Alta Ponte Alta do Norte Ponte Serrada Porto Belo Porto Uniao Pouso Redondo Praia Grande Presidente Castelo 0,598 0,693 0,519 0,455 0,301 0,327 0,438 0,524 0,579 0,628 0,722 0,689 0,826 0,750 0,981 0,943 0,608 0,582 0,568 0,626 0,534 0,691 0,536 0,727 0,388 0,321 0,390 0,337 0,434 0,412 0,445 0,351 0,615 0,624 0,627 0,715 0,616 0,693 0,610 0,662 0,641 0,674 0,811 0,671 0,609 0,910 0,521 0,652 0,662 0,529 0,598 0,669 0,425 0,342 0,411 0,392 0,384 0,416 0,674 0,607 0,615 0,690 0,529 0,674 0,627 0,508 0,500 0,532 0,776 0,281 0,610 0,564 0,537 0,614 0,430 0,459 0,757 0,671 0,431 0,546 0,930 0,637 0,370 0,735 0,600 0,813 0,867 0,569 0,757 0,905 0,529 0,612 0,599 0,658 0,592 0,506 0,411 0,461 0,609 0,631 0,550 0,475 0,603 0,561 0,579 0,579 0,588 0,498 0,540 0,501 0,411 0,547 0,542 0,590 0,534 0,574 0,379 0,402 0,484 0,342 0,398 0,368 0,285 0,364 0,329 0,431 0,402 0,318 0,323 0,453 0,415 0,517 0,343 0,378 0,386 0,301 0,420 0,353 0,475 0,427 0,347 0,344 0,659 0,616 0,558 0,569 0,666 0,508 0,372 0,574 0,567 0,668 0,673 0,523 0,621 0,616 0,671 0,671 0,624 0,581 0,671 0,517 0,587 0,676 0,675 0,679 0,526 0,682 0,373 0,621 0,701 0,408 0,637 0,816 0,549 0,458 0,496 0,454 0,468 0,354 0,340 0,301 0,388 0,301 0,326 0,392 0,635 0,434 0,561 0,655 0,560 0,585 0,474 0,652 0,410 0,690 0,739 0,540 0,773 0,388 0,649 0,967 0,915 0,742 0,872 0,797 0,526 0,385 0,594 0,606 0,608 0,619 0,538 0,655 0,622 0,577 0,609 0,531 0,598 0,623 0,557 0,664 0,649 0,614 0,336 0,348 0,337 0,312 0,401 0,338 0,336 0,523 0,339 0,418 0,368 0,339 0,421 0,402 0,363 0,385 0,635 0,587 0,708 0,678 0,606 0,672 0,639 0,591 0,686 0,653 0,735 0,612 0,676 0,735 0,725 0,669 0,759 0,414 0,557 0,892 0,655 0,645 0,605 0,654 0,467 0,652 0,647 0,573 0,425 0,508 0,316 0,344 0,534 0,330 0,540 0,750 0,534 0,620 0,725 0,524 0,385 0,603 0,657 0,548 0,452 0,765 0,868 0,486 0,518 0,575 0,497 0,622 0,492 0,529 0,532 0,596 0,316 0,314 0,356 0,347 0,380 0,339 0,373 0,357 0,534 0,503 0,612 0,662 0,630 0,527 0,561 0,604 0,476 0,817 0,383 0,682 0,602 0,565 0,501 0,614 0,327 0,329 0,377 0,361 0,521 0,485 0,629 0,583 0,656 0,671 0,560 0,654 0,396 0,449 0,626 0,745 131 Branco Presidente Getulio Presidente Nereu Princesa Quilombo Rancho Queimado Rio das Antas Rio do Campo Rio do Oeste Rio do Sul Rio dos Cedros Rio Fortuna Rio Negrinho Rio Rufino Riqueza Rodeio Romelandia Salete Saltinho Salto Veloso Sangao Santa Cecilia Santa Helena Santa Rosa de Lima Santa Rosa do Sul Santa Terezinha Santa Terezinha do Progresso Santiago do Sul Santo Amaro da Imperatriz Sao Bento do Sul Sao Bernardino Sao Bonifacio Sao Carlos Sao Cristovao do Sul Sao Domingos Sao Francisco do Sul Sao Joao Batista 0,721 0,704 0,646 0,595 0,350 0,373 0,607 0,652 0,394 0,810 0,280 0,884 0,877 0,567 0,602 0,519 0,580 0,566 0,558 0,529 0,309 0,165 0,371 0,360 0,296 0,377 0,542 0,550 0,656 0,655 0,670 0,636 0,698 0,589 0,596 0,567 0,625 0,582 0,756 0,738 0,730 0,739 0,477 0,495 0,637 0,632 0,694 0,556 0,511 0,586 0,630 0,657 0,341 0,354 0,324 0,277 0,332 0,415 0,377 0,334 0,363 0,348 0,518 0,545 0,629 0,615 0,637 0,596 0,479 0,655 0,617 0,687 0,824 0,533 0,477 0,771 0,795 0,587 0,573 0,556 0,889 0,518 0,409 0,738 0,884 0,787 0,675 0,706 0,600 0,851 0,832 0,781 0,221 0,822 0,837 0,374 0,740 0,964 0,590 0,669 0,520 0,514 0,609 0,656 0,594 0,643 0,534 0,638 0,487 0,466 0,622 0,553 0,671 0,575 0,441 0,491 0,573 0,611 0,551 0,506 0,666 0,468 0,483 0,570 0,731 0,329 0,399 0,283 0,312 0,349 0,326 0,358 0,386 0,387 0,357 0,365 0,313 0,733 0,374 0,393 0,321 0,324 0,377 0,323 0,384 0,374 0,392 0,371 0,380 0,341 0,743 0,647 0,585 0,545 0,568 0,662 0,623 0,653 0,438 0,672 0,593 0,463 0,628 0,744 0,734 0,659 0,508 0,659 0,638 0,689 0,641 0,633 0,664 0,544 0,513 0,730 0,552 0,756 0,534 0,659 0,363 0,351 0,667 0,726 0,113 0,573 0,563 0,563 0,453 0,298 0,645 0,539 0,383 0,632 0,566 0,524 0,324 0,332 0,526 0,640 0,966 0,942 0,565 0,519 0,380 0,345 0,575 0,692 0,669 0,666 0,363 0,578 0,502 0,409 0,650 0,595 0,705 0,784 0,616 0,579 0,361 0,373 0,607 0,635 0,649 0,557 0,624 0,582 0,439 0,354 0,674 0,647 0,625 0,663 0,537 0,852 0,859 0,206 0,522 0,642 0,639 0,527 0,606 0,597 0,747 0,332 0,313 0,753 0,356 0,370 0,646 0,668 0,660 0,778 0,709 0,610 0,621 0,533 0,525 0,554 0,453 0,631 0,497 0,623 0,319 0,405 0,354 0,414 0,403 0,581 0,460 0,708 0,837 0,635 0,560 0,501 0,501 0,529 0,589 0,603 0,558 0,904 0,580 0,500 0,320 0,341 0,578 0,505 132 Sao Joao do Itaperiu Sao Joao do Oeste Sao Joao do Sul Sao Joaquim Sao Jose Sao Jose do Cedro Sao Jose do Cerrito Sao Lourenco do Oeste Sao Ludgero Sao Martinho Sao Miguel Da Boa Vista Sao Miguel D'oeste Sao Pedro de Alcantara Saudades Schroeder Seara Serra Alta Sideropolis Sombrio Sul Brasil Taio Tangara Tigrinhos Tijucas Timbe do Sul Timbo Timbo Grande Tres Barras Treviso Treze de Maio Treze Tilias Trombudo Central Tubarao Tunapolis Turvo União do Oeste Urubici Urupema Urussanga Vargeão 0,628 0,634 0,423 0,456 0,661 0,701 0,702 0,784 0,369 0,645 0,645 0,661 0,356 0,377 0,610 0,666 0,782 0,693 0,565 0,776 0,778 0,870 0,590 0,473 0,548 0,564 0,455 0,495 0,334 0,319 0,430 0,340 0,348 0,434 0,586 0,571 0,640 0,589 0,471 0,642 0,467 0,330 0,652 0,657 0,332 0,347 0,676 0,677 0,558 0,800 0,490 0,517 0,297 0,327 0,419 0,598 0,794 0,846 0,771 0,850 0,894 0,870 0,656 0,619 0,668 0,580 0,661 0,632 0,396 0,383 0,323 0,422 0,434 0,342 0,680 0,684 0,686 0,688 0,730 0,601 0,647 0,725 0,658 0,639 0,438 0,397 0,702 0,661 0,454 0,715 0,638 0,635 0,421 0,398 0,657 0,677 0,720 0,709 0,740 0,768 0,385 0,388 0,466 0,476 0,627 0,622 0,571 0,407 0,745 0,429 0,352 0,867 0,649 0,573 0,515 0,658 0,703 0,789 0,720 0,771 0,498 0,981 0,680 0,638 0,914 0,715 0,667 0,883 0,516 0,657 0,852 0,617 0,476 0,553 0,660 0,653 0,591 0,590 0,642 0,599 0,618 0,502 0,660 0,581 0,516 0,489 0,577 0,665 0,385 0,482 0,619 0,587 0,632 0,638 0,681 0,592 0,606 0,652 0,602 0,635 0,578 0,556 0,588 0,451 0,540 0,597 0,659 0,378 0,512 0,579 0,517 0,568 0,279 0,326 0,411 0,394 0,300 0,440 0,303 0,350 0,351 0,411 0,421 0,449 0,309 0,450 0,345 0,486 0,547 0,321 0,418 0,325 0,386 0,455 0,415 0,342 0,428 0,342 0,342 0,405 0,445 0,485 0,485 0,335 0,478 0,332 0,508 0,529 0,338 0,435 0,612 0,609 0,609 0,651 0,610 0,659 0,523 0,705 0,615 0,600 0,659 0,613 0,558 0,729 0,456 0,575 0,706 0,552 0,568 0,589 0,762 0,702 0,723 0,701 0,615 0,614 0,660 0,613 0,669 0,716 0,633 0,592 0,681 0,475 0,619 0,744 0,643 0,696 0,576 0,485 0,564 0,660 0,790 0,777 0,667 0,670 0,577 0,617 0,648 0,636 0,526 0,556 0,613 0,596 0,444 0,463 0,332 0,381 0,469 0,452 0,361 0,406 0,586 0,680 0,642 0,615 0,664 0,652 0,627 0,634 0,409 0,146 0,686 0,787 0,537 0,287 0,388 0,602 0,819 0,226 0,544 0,456 0,553 0,615 0,581 0,635 0,500 0,519 0,627 0,571 0,436 0,300 0,310 0,447 0,324 0,397 0,313 0,367 0,470 0,373 0,559 0,362 0,460 0,623 0,630 0,682 0,412 0,611 0,672 0,706 133 Vargem Vargem Bonita Vidal Ramos Videira Vitor Meireles Witmarsum Xanxere Xavantina Xaxim Zortea 0,488 0,446 0,706 0,391 0,781 0,617 0,352 0,642 0,665 0,000 0,398 0,830 0,773 0,860 0,787 0,716 0,988 0,684 0,328 0,000 0,540 0,573 0,637 0,626 0,497 0,593 0,612 0,581 0,575 0,577 Fonte: dados da pesquisa - 2013 0,459 0,586 0,613 0,611 0,468 0,580 0,578 0,549 0,595 0,514 0,284 0,501 0,312 0,491 0,327 0,306 0,421 0,412 0,369 0,389 0,303 0,499 0,433 0,497 0,373 0,382 0,442 0,396 0,406 0,353 0,406 0,534 0,650 0,689 0,609 0,624 0,641 0,682 0,604 0,488 0,588 0,739 0,663 0,681 0,490 0,629 0,659 0,596 0,649 0,573 134 APÊNDICE B: ÍNDICE CATARINENSE DE DESEMPENHO DAS SECRETARIAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL – ICD-SDR ICDSDR_Saúde ICDSDR_Educação ICDSDR_Renda ICDSDR ICDSDR 2008 2010 2008 2010 2008 2010 2008 2010 Araranguá 0,229 0,221 0,854 0,850 0,463 0,548 0,515 0,540 Blumenau 0,354 0,455 0,905 0,888 0,722 0,755 0,660 0,699 Braço do Norte 0,549 0,420 0,900 0,922 0,517 0,556 0,656 0,632 Brusque 0,337 0,320 0,856 0,812 0,667 0,689 0,620 0,607 Caçador 0,219 0,239 0,742 0,765 0,525 0,599 0,495 0,535 Campos Novos 0,186 0,181 0,812 0,801 0,328 0,455 0,442 0,479 Canoinhas 0,359 0,359 0,808 0,828 0,413 0,522 0,527 0,570 Chapecó 0,540 0,544 0,871 0,876 0,668 0,695 0,693 0,705 Concordia 0,295 0,578 0,920 0,937 0,606 0,663 0,607 0,726 Criciúma 0,388 0,444 0,852 0,839 0,631 0,663 0,623 0,649 Curitibanos 0,126 0,177 0,776 0,794 0,475 0,557 0,459 0,509 Dionisio Cerqueira 0,425 0,495 0,840 0,888 0,385 0,476 0,550 0,620 Grande Florianópolis 0,575 0,593 0,830 0,819 0,820 0,806 0,742 0,739 Ibirama 0,341 0,238 0,832 0,867 0,517 0,558 0,563 0,555 Itajaí 0,372 0,521 0,832 0,851 0,610 0,659 0,605 0,677 Itapiranga 0,381 0,330 0,933 0,967 0,491 0,528 0,602 0,608 Ituporanga 0,254 0,233 0,849 0,906 0,412 0,524 0,505 0,554 Jaraguá do Sul 0,258 0,271 0,877 0,903 0,757 0,736 0,631 0,63 Joaçaba 0,326 0,372 0,880 0,880 0,621 0,669 0,609 0,640 Joinville 0,331 0,376 0,835 0,814 0,743 0,763 0,636 0,651 Lages 0,207 0,208 0,796 0,830 0,526 0,610 0,510 0,549 Laguna 0,479 0,494 0,793 0,796 0,411 0,504 0,561 0,598 Mafra 0,274 0,359 0,834 0,857 0,433 0,539 0,514 0,585 Maravilha 0,647 0,741 0,871 0,915 0,469 0,567 0,662 0,741 Palmitos 0,496 0,476 0,852 0,885 0,587 0,482 0,645 0,614 Quilombo 0,718 0,597 0,777 0,816 0,434 0,526 0,643 0,646 Rio do Sul 0,466 0,358 0,888 0,897 0,443 0,539 0,599 0,598 São Joaquim 0,226 0,188 0,778 0,773 0,410 0,525 0,471 0,495 São Lourenço d'Oeste 0,478 0,422 0,817 0,863 0,729 0,826 0,675 0,703 São Miguel d'Oeste 0,580 0,517 0,839 0,846 0,502 0,530 0,641 0,631 Seara 0,308 0,584 0,835 0,891 0,631 0,669 0,592 0,715 Taió 0,239 0,302 0,840 0,869 0,432 0,545 0,503 0,572 Timbó 0,299 0,300 0,899 0,901 0,742 0,766 0,646 0,656 Tubarão 0,592 0,487 0,860 0,827 0,595 0,614 0,682 0,643 Videira 0,255 0,285 0,855 0,907 0,595 0,606 0,568 0,599 Xanxere 0,509 0,506 0,822 0,824 0,542 0,614 0,624 0,648 SECRETARIA Fonte: dados da pesquisa. 135 APÊNDICE C: PROCEDIMENTOS PARA DETERMINAÇÃO DO ICDM 136 137 138 139 APÊNDICE D: PROCEDIMENTOS PARA DETERMINAÇÃO DO ICD-SDR: 140 141 142 143 8 ANEXOS ANEXO A: METODOLOGIA IPDM 1 ÍNDICE IPARDES DE DESEMPENHO MUNICIPAL A seguir, descreve-se a metodologia de construção do Índice Ipardes de Desempenho Municipal. 1.1 METODOLOGIA O Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM) 27 considera, com igual ponderação, as três principais áreas de desenvolvimento econômico e social, a saber: a) emprego, renda e produção agropecuária; b) educação; c) saúde. A leitura dos resultados considerando-se o índice final é feita a partir de valores variando entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o nível de desempenho do município com relação ao referido indicador ou o índice final. As bases de dados do Índice de Desempenho são estatísticas oficiais disponíveis publicamente, oriundas, em sua maioria, de registros administrativos obrigatórios. Esses grandes bancos de dados possuem como vantagens ter periodicidade anual e recorte municipal. A escolha dos indicadores foi feita considerando aspectos indispensáveis ao desenvolvimento local. Portanto, procurou-se, na medida do possível, privilegiar variáveis de responsabilidade e ingerência das prefeituras. Entretanto, é importante destacar que os resultados não dependem exclusivamente destas, mas sim de ações conjuntas e de responsabilidade das três esferas de governo, bem como do empresariado e da sociedade civil organizada. A seguir, apresenta-se a metodologia da construção do Índice de Desempenho, separada pelas três áreas de desenvolvimento, a saber: emprego, renda e produção agropecuária; educação; e saúde – cada qual responsável por 33,33% (um terço) do índice final. 1.1.1 Emprego, Renda e Produção Agropecuária 1.1.1.1 Salário médio A dimensão salário médio foi composta por duas variáveis, que têm como fonte de dados a Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS-MTE). As variáveis que compõem essa dimensão são a remuneração média e a taxa decrescimento da remuneração média. 27 O IPDM resulta da adequação da metodologia do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, buscando explicar melhor a realidade dos municípios dentro do Estado do Paraná, através de incorporação de novos indicadores. 144 Remuneração Média A partir da ordenação do valor absoluto dos salários médios dos municípios do Paraná, traçou-se um corte a partir do percentil 99 para definir o índice para cada ano. Taxa de Crescimento da Remuneração Média A taxa de crescimento foi calculada tendo-se como base o período anterior ao do cálculo do índice. A partir da taxa de crescimento, calcula-se o percentil 99 do ano base de2001, o qual se torna o corte para chegar-se ao índice de crescimento do salário médio. 1.1.1.2 Emprego formal A dimensão Emprego formal compõe-se de três variáveis – o Índice de Formalização, a Taxa de Crescimento do Emprego e a Participação do Emprego do Município no Total de Emprego do Estado do Paraná –, as quais têm como fonte os dados da RAIS, do MTE. Índice de Formalização Pela ordenação da taxa de formalização dos municípios do Paraná, traçou-se um corte a partir do percentil 99 do ano base de 2001, para definir o índice, o qual, ao contrário do crescimento absoluto do salário médio, é definido como corte para calcular os demais anos. Taxa de Crescimento do Estoque de Emprego Formal A taxa de crescimento foi calculada tendo-se como base o período anterior ao do período do índice calculado. A partir da taxa de crescimento, calcula-se o percentil 99 do ano base de 2001, o qual se torna o corte para chegar-se ao índice de crescimento do emprego formal. Taxa de Participação do Emprego Formal Considerando-se a taxa de participação do emprego formal, para o município que apresenta o valor máximo é dada a pontuação 1, e àquele que obteve o valor mínimo é atribuída a pontuação zero. Os demais municípios são pontuados de forma escalonada de acordo com a taxa que possua em relação ao valor máximo. 1.1.1.3 Produção agropecuária Para o cálculo da dimensão produção agropecuária, utilizaram-se o valor bruto da produção agrícola municipal e o valor bruto da produção de origem animal, cujos dados estão disponíveis no IBGE. Já para o setor da pecuária, como não há disponibilidade do Valor Bruto da Produção, foi necessário realizar o seguinte cálculo: por meio dos dados da pesquisa pecuária municipal, obteve-se o efetivo do rebanho e da pesquisa trimestral de abate de animais, o peso total das carcaças por 145 tipo de produto para estimar a quantidade do total de carcaças de bovinos, suínos e aves por município. Essa quantidade foi multiplicada pelo preço médio disponibilizado pela FGV. Participação do VBP agropecuário do município no total do VBP do Estado Para a taxa de participação do VBP agropecuário, ao município que apresenta o valor máximo deu-se a pontuação 1, e àquele que apresentou o valor mínimo atribuiu-se a pontuação zero. Os demais municípios são pontuados de forma escalonada de acordo coma taxa que possua em relação ao valor máximo. Taxa de Crescimento do VBP Agropecuário A taxa de crescimento foi calculada tendo-se como base o período anterior ao do índice calculado. Com base na taxa de crescimento, calcula-se o percentil 99 do ano base de 2001, o qual se torna o corte para chegar-se ao índice de crescimento do VBP agropecuário. 1.1.2 Educação A dimensão Educação compreende indicadores do ensino infantil, do fundamental edo médio. A fonte dos dados é o Ministério da Educação, cujos indicadores são obtidos por meio de tabulação especial e repassados ao Ipardes e IDEB28. Na área de educação, adotou-se a desagregação dos indicadores segundo os níveis de ensino da educação básica: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Isso por entender-se que, numa perspectiva de aferir o 28 Disponível em: <http://portalideb.inep.gov.br/>. 146 desenvolvimento dos municípios do Estado do Paraná, o acompanhamento no médio prazo dos progressos alcançados pela educação básica é essencial. Não é possível atingir um patamar razoável de desenvolvimento sem uma população minimamente educada, ou seja, sem que sua maioria tenha tido acesso à educação básica. Ademais, adotou-se a segmentação do ensino fundamental em séries iniciais e séries finais29 em função de uma particularidade da educação pública no Paraná que, desde o início dos anos 1990, implantou o processo de municipalização das séries iniciais do ensino fundamental, cabendo ao governo estadual a responsabilidade pelas séries finais do fundamental e pelo ensino médio. 1.1.2.1 Ensino infantil (creche e pré-escola) Nesta vertente da educação infantil, foi utilizado o principal indicador neste aspecto, qual seja: o atendimento à educação infantil, com peso de 20% na dimensão Educação. Esse indicador analisa o número de matrículas em creches e pré-escolas de crianças com idade entre 0 e 5 anos de idade no ano, registradas no Censo Escolar, em relação ao número de crianças na faixa etária30 adequada a essa modalidade educacional, que é de 0 a 5 anos de idade. Foram estabelecidos os valores de corte para máximos e mínimos. Para o mínimo, utilizou-se o valor zero, e para o máximo, a conjunção das metas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) para atendimento a crianças de 0 a 3 anos e de 4 a 5 anos, pactuadas pelos governos federais, estaduais e municipais até 2010. Dessa forma, a meta a será tingida e avaliada é de 60%. Assim, municípios com atendimento maior ou igual a 60% da população nessa faixa etária recebem pontuação igual a 1. Por outro lado, quem possui atendimento zero recebe nota zero; os demais são escalonados de acordo com o percentual proporcional ao daqueles que já atingiram a meta de 60%. 1.1.2.2 Ensino fundamental e médio O ensino fundamental representa 69% do peso na dimensão Educação, distribuídos entre seus quatro indicadores: Taxa de Não-distorção idade-série31 (10%); Percentual de Docentes com Curso Superior (13%); Taxa de Nãoabandono32 (16%); Média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) (30%). Ainda, os pesos desses indicadores foram redistribuídos para o ensino fundamental de 1.a a 4.a séries e fundamental de 5.a a 8.aséries33. O ensino médio 29 Como o Paraná está vivenciando a implantação paulatina da transição do ensino de oito séries para o de nove anos, é preciso considerar os agregados do ensino de 1.a a 4.a série do ensino de oito anos e do 1.o ao 5.o ano do ensino de nove anos para obter as séries iniciais. Da mesma forma, as séries finais advêm da agregação da 5.a a 8.a série com o 6.o ao 9.o ano. 30 Interpolação realizada pelo IPARDES. 31 A taxa de não-distorção idade-série é complementar à taxa de distorção idade-série, que permite avaliar a defasagem entre a idade dos alunos e a série em que se encontram. (Taxa de não distorção idade-série = 100 - taxa de distorção idade-série). 32 A taxa de não-abandono é complementar à taxa de abandono e tem como objetivo medir a permanência de crianças e jovens na escola. A taxa de não-abandono é obtida fazendo-se 100 - taxa de abandono. 33 A partir de 2007, foi implantado o sistema do ensino fundamental de nove anos, de acordo com a Lei n.o 11.274/06. As séries iniciais passam a ter duração de cinco anos (1.o ao 5.o ano), e as séries finais, de quatro anos (6.o ao 9.o ano). 147 representa 11% do peso na Dimensão Educação, distribuídos entre três indicadores: Taxa de Não-distorção idade-série (2%); Percentual de Docentes com Curso Superior (5%); Taxa de Não-abandono (4%).Foram estabelecidos os valores de corte para mínimos e máximos utilizando-se o critério dos percentis. Para o mínimo, utilizou-se o percentil 1, e para o máximo, o percentil 99. Para o IDEB, adotou-se como máximo o valor 6, que é a meta para o Brasil (trata-se da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE). 1.1.3 Saúde Para a área de saúde, utilizam-se os bancos de dados da Secretaria Estadual da Saúde (SESA). A seguir estão apresentadas as variáveis que compõem a dimensão Saúde. 1.1.3.1 Percentual de mais de seis consultas pré-natais por nascido vivo Esse indicador mede o atendimento às gestantes nos serviços de saúde e constitui um dos atendimentos mais básicos que um município deve oferecer à sua população. Esse tipo de atendimento à saúde permite diagnosticar e tratar doenças preexistentes, além de identificar o mais cedo possível quaisquer alterações tanto da mãe quanto do feto. Assim, dentro das possibilidades médicas existentes, os riscos podem ser corrigidos ou minimizados, com a intenção de que a mãe e o feto cheguem a um final de gravidez normal e satisfatório, sem óbitos ou sequelas. 148 A quantidade de consultas segue a norma estabelecida nacionalmente pelo Ministério da Saúde, que recomenda a realização de pelo menos sete atendimentos durante o pré-natal. Ressalta-se que o próprio Ministério já identificou que esse serviço de atenção básica é fortemente influenciado por fatores socioeconômicos, pela infraestrutura de prestação de serviços e por políticas públicas assistenciais e preventivas. Ao mesmo tempo, trata-se deum meio que requer poucos recursos financeiros em relação a outros exames de atenção à saúde e é um excelente instrumento de prevenção da saúde da mulher e da criança. Para o cálculo do valor máximo, estabeleceu-se a percentagem de 95% e o mínimo em 0%, sendo que, para os demais municípios, os valores foram escalonados de acordo com o percentual que possuem da nota máxima. O peso atribuído a esse indicador na composição do Índice Final da Saúde foi de 33,33%. 1.1.3.2 Percentual de óbitos por causas maldefinidas Este indicador está relacionado tanto com o acesso aos serviços de saúde quanto com a disponibilidade de recursos médico-assistenciais de uma localidade, inclusive para diagnóstico. Permite ainda inferências sobre a qualidade da atenção médica, que, segundo pesquisas do Ministério da Saúde e da Fiocruz, em geral, segue a mesma direção das variações da qualidade do preenchimento das declarações de óbito. O acompanhamento deste indicador permite identificar se o serviço de saúde de um município tem sob controle as causas de morte de sua população: quanto maior o conhecimento, melhor o direcionamento dos recursos e das políticas públicas de saúde, preventivas, inclusive, para aquela localidade específica. Constitui, portanto, um importante indicador da qualidade das estatísticas da causas de morte: quanto menor for a percentagem de causas Maldefinidas, melhor será a atenção à saúde no município. Para o corte de mínimo, utiliza-se o valor de percentagem média equivalente ao percentil 99 no triênio 2000-2002. Para os municípios com percentagem maior ou igual ao mínimo, atribuiu-se valor 1, refletindo a pior situação. Para os demais municípios, os valores foram obtidos pelo quociente entre a percentagem e o valor do percentil 99.Como o objetivo é avaliar a melhor situação dos municípios neste indicador, fez-se necessário calcular o seu complemento fazendo-se (100-percentagem). O peso atribuído a esse indicador na composição do Índice Final da Saúde foi de 33,33%. 1.1.3.3 Percentual de óbitos de menores de cinco anos por causas evitáveis por nascidos vivos Este indicador traduz a relação entre a quantidade de óbitos de menores de cinco anos por causas evitáveis a cada 100 nascidos vivos no mesmo período. Para o corte de mínimo, utiliza-se o valor de percentagem média equivalente ao percentil 99 no triênio 2000-2002.Para os municípios com percentagem maior ou igual ao mínimo, atribuiu-se valor 1, refletindo a pior situação. Para os demais municípios, os valores foram obtidos pelo quociente entre a percentagem e o valor do percentil 99.Como o objetivo é avaliar a melhor situação dos municípios neste indicador, fez-se necessário calcular o seu complemento fazendo-se (100percentagem). O peso atribuído a esse indicador na composição do Índice Final da Saúde foi de 33,33%. 149 ANEXO B:MUNICIPIOS QUE COMPÕEM AS 36 SDR’S DE SC - 2012 Nº SDR Municípios de abrangência 1 São Miguel do Oeste 2 Maravilha 3 São Lourenço do Oeste 4 Chapecó 5 Xanxerê 6 Concórdia 7 Joaçaba 8 Campos Novos 9 Videira 10 Caçador 11 Curitibanos 12 Rio do Sul 13 Ituporanga 14 Ibirama 15 Blumenau Bandeirante, Barra Bonita, Belmonte, Descanso, Guaraciaba e Paraíso. Saudades, Bom Jesus do Oeste, Flor do Sertão, Iraceminha, Modelo, Pinhalzinho, Romelândia, Saltinho, Santa Terezinha do Progresso, São Miguel da Boa Vista, Serra Alta, Sul Brasil e Tigrinhos. Campo Erê, Coronel Martins, Galvão, Jupiá, Novo Horizonte e São Bernardino Águas Frias, Caxambu do Sul, Cordilheira Alta, Coronel Freitas, Guatambu, Nova Erechim, Nova Itaberaba e Planalto Alegre. Abelardo Luz, Bom Jesus, Entre Rios, Faxinal dos Guedes, Ipuaçu, Lajeado Grande, Marema, Ouro Verde, Passos Maia, Ponte Serrada, São Domingos, Vargeão e Xaxim Alto Bela Vista, Ipira, Irani, Peritiba, Piratuba e Presidente Castello Branco. Água Doce, Capinzal, Catanduvas, Erval Velho, Herval d’Oeste, Ibicaré, Jaborá, Lacerdópolis, Luzerna, Ouro, Treze Tílias e Vargem Bonita Abdon Batista, Brunópolis, Celso Ramos, Ibiam, Monte Carlo, Vargem e Zortéa Arroio Trinta, Fraiburgo, Iomerê, Pinheiro Preto, Salto Veloso e Tangará Calmon, Lebon Régis, Macieira, Matos Costa, Rio das Antas e Timbó Grande. Frei Rogério, Ponte Alta do Norte, Santa Cecília e São Cristóvão do Sul Agrolândia, Agronômica, Braço do Trombudo, Laurentino, Rio do Oeste e Trombudo Central Alfredo Wagner, Atalanta, Aurora, Chapadão do Lageado, Imbuia, Leoberto Leal, Petrolândia e Vidal Ramos Apiúna, Dona Emma, José Boiteux, Lontras, Presidente Getúlio, Presidente Nereu, Vitor Meirelles e Witmarsum Gaspar, Pomerode, Luiz Alves e Ilhota. 16 Brusque 17 Itajaí 18 Florianópolis 19 Laguna 20 Tubarão 21 Criciúma 22 Araranguá 23 Joinville 24 Jaraguá do Sul Botuverá, Canelinha, Guabiruba, Major Gercino, Nova Trento, São João Batista e Tijucas Balneário Piçarras, Penha, Navegantes,, Balneário Camboriú, Camboriú, Itapema, Porto Belo e Bombinhas Águas Mornas, Angelina, Anitápolis, Antônio Carlos, Biguaçu, Governador Celso Ramos, Palhoça, Rancho Queimado, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São Pedro de Alcântara e São José. Garopaba, Imaruí, Imbituba e Paulo Lopes Capivari de Baixo, Gravatal, Jaguaruna, Pedras Grandes, Sangão e Treze de Maio. Cocal do Sul, Forquilhinha, Içara, Lauro Müller, Morro da Fumaça, Nova Veneza, Orleans, Siderópolis, Treviso e Urussanga Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Ermo, Jacinto Machado, Maracajá, Meleiro, Morro Grande, Passo de Torres, Praia Grande, Santa Rosa do Sul, São João do Sul, Sombrio, Timbé do Sul e Turvo Araquari, Barra Velha, Balneário Barra do Sul, Garuva, Itapoá, São Francisco do Sul e São João do Itaperiú Corupá, Guaramirim, Massaranduba e Schroeder 150 25 Mafra Campo Alegre, Itaiópolis, Monte Castelo, Papanduva, Rio Negrinho e São Bento do Sul 26 Canoinhas Bela Vista do Toldo, Irineópolis, Major Vieira , Porto União e Três Barras 27 Lages Anita Garibaldi, Bocaina do Sul, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Cerro Negro, Correia Pinto, Otacílio Costa, Painel, Palmeira, Ponte Alta e São José do Cerrito 28 São Joaquim Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Rio Rufino, Urubici e Urupema 29 Palmitos Águas de Chapecó, Caibi, Cunha Porã, Cunhataí, Mondai, Riqueza e São Carlos 30 Dionísio Cerqueira Anchieta, Guarujá do Sul, Palma Sola, Princesa e São José do Cedro 31 Itapiranga Iporã do Oeste, Santa Helena, São João do Oeste e Tunápolis 32 Quilombo Formosa do Sul, Irati, Jardinópolis, Santiago do Sul e União do Oeste 33 Seara Arabutã, Arvoredo, Ipumirim, Itá, Lindóia do Sul, Paial e Xavantina 34 Taió Mirim Doce, Pouso Redondo, Rio do Campo, Salete e Santa Terezinha 35 Timbó Ascurra, Benedito Novo, Doutor Pedrinho, Indaial, Rio dos Cedros e Rodeio 36 Braço do Norte Armazém, Grão Pará, Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima, São Ludgero e São Martinho Fonte: Dados da pesquisa disponível em www.sc.gov.br acesso junho de 2012.