68 Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775 UTILIZAÇÃO DA SOBRE-EXTENSÃO DAS PRÓTESES TOTAIS COMO RECURSO AUXILIAR NA RETENÇÃO E ESTABILIDADE USE OF OVEREXTENSION OF TOTAL PROSTHESIS AS A RESOURCE ASSISTANT IN RETENTION AND STABILITY MELO Denise Veriato1; MOTTA, Eduardo Ferreira2 Resumo O aumento da população idosa em todo o mundo é um fenômeno demográfico bem estabelecido, e tendo em vista o aumento da população idosa no Brasil, o percentual da população que não usa, nem necessita de prótese total ficou muito pequeno, podendo ser observados altos índices de edentulismo total. Através dos dados disponíveis na literatura podemos concluir que os inconvenientes do aproveitamento deficiente desses elementos, também sua correta utilização assegura a retenção e estabilidade às próteses totais muco suportadas. Esta revisão tem como objetivo analisar estudos feitos por diferentes teóricos a respeito dos limites gerais da área de apoio basal para próteses totais, dando ênfase a importância do rebordo alveolar, seus limites e estruturas que devem ser respeitadas e investigar as possíveis consequências que uma sobre-extensão não controlada pode causar ao paciente. Palavras chave: Área basal; Edentulismo; Prótese total; Rebordo alveolar. Abstract The increasing aging population around the world is a well-established demographic phenomenon, and in view of the increasing elderly population in Brazil, the percentage of the population that does not use nor require denture was very small, high rates can be observed total edentulism. Using data from the literature we conclude that the drawbacks of the suboptimal use of these elements also ensures its correct use retention and stability to dentures supported mucus. This review aims to examine studies by different theorists regarding the general limits of the basal area of support for dentures, emphasizing the importance of the alveolar ridge, its boundaries and structures that should be respected and to investigate the possible consequences of an over extension uncontrolled can cause the patient. Keywords:Basal area;Edentulism;Denture;Alveolar ridge. 1 Discente do curso de Odontologia, Centro Universitário da Grande Dourados, UNIGRAN; [email protected]; (67) 9986-5035. 2 Docente do curso de Odontologia; Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN, Dourados – MS, Brasil. MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira 69 Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775 Introdução Material e método O crescimento da população idosa no Brasil tem acarretado um grande impacto a comunidade odontológica, em decorrência da falta de um enfoque específico para o tratamento desses pacientes. Somado a esses fatores, grande parte dos idosos apresentam problemas de saúde, problemas sócioeconômicos, o que os impossibilita de realizar um tratamento dentaria mais efetivo (PEREIRA, M.T. P, 2009). Nesse contexto, as próteses totais continuam tendo um importante papel no tratamento de pacientes totalmente edêntulos, que além de restaurar a autoestima, tem por objetivo preservar os rebordos alveolares e integrar o paciente psico-emocinalmente na sociedade (BARBOSA, et al.2006). Mas, segundo Barrios (2010), o uso de próteses inadequadas diminui a eficiência mastigatória em 50 a 85% e ocasionam um menor consumo de nutrientes essenciais. Como consequência o paciente é obrigado a optar por dietas mais pastosas o que muda o tônus dos músculos da mastigação com evidentes comprometimentos estéticos e funcionais, deixando o rosto com sulcos pronunciados devido à perda de dimensão vertical. O sucesso das próteses totais relaciona-se, fundamentalmente, com o aproveitamento total da área basal e respeito às estruturas anatômicas com ela envolvidas direta e indiretamente, fornecendo, com isso, um correto suporte e retenção a essas próteses. Com base nessas considerações, o objetivo deste trabalho é fazer uma revisão de literatura bem como discutir de maneira pertinente estudos a respeito dos limites gerais da área de apoio basal e possível utilização da sobre-extensão controlada do limite dessa área para uma maior retenção e estabilidade da prótese total, e atentar para as possíveis complicações que uma sobreextensão não controlada pode trazer ao paciente. A pesquisa a ser realizada neste trabalho pode ser classificada como revisão de literatura e tendo como objetivo explorar, descrever e analisar o tema abordado, isto porque se utilizará de estudos de diversos teóricos, estudos esses que envolvem a descrição e avaliação aprofundadas de informações disponíveis na tentativa de explicar o contexto de um fenômeno. A opção metodológica da pesquisa reside no método comparativo. Essa opção se justifica porque o método escolhido busca compreender a realidade através de comparações entre teóricos sobre determinado assunto, partindo de leis gerais para a compreensão de questões locais e pontuais. Enquanto procedimento, este trabalho realizar-se-á por meio de observação indireta nas técnicas de pesquisa, porque se vale de estudos bibliográficos. A etapa da revisão bibliográfica indica que o conceito chave que compõem o universo da pesquisa diz respeito à própria identificação do que possa ser a sobreextensão de próteses totais, quando ela é necessária, que estruturas devem ser preservadas e o conforto do paciente. Este trabalho sobre a qualidade de informação a respeito de estudos de uma técnica usada para dar maior retenção e estabilidade à prótese e devolver ao paciente, o prazer pelo se alimentar bem e o conviver social, divide-se em duas etapas: a primeira etapa constitui na procura de estudos de diferentes teóricos a respeito do assunto e depois o refinamento do material coletado. A busca é realizada por meio das palavras encontradas nos títulos e nos resumos dos artigos de sites como: Portal do envelhecimento, Publisaúde, SIBI Portal da busca integrada, FMDUP, APCD Araçatuba, Biblioteca digital USP, BVS Odontologia. Estas ferramentas permitiram um maior entendimento e exposição sobre o assunto abordado. O material documentado, bem como, as respectivas análises será MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira 70 Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775 organizado em relatório de pesquisa componente do estudo monográfico que se pretende construir. Revisão de Literatura Areabilitação oral por prótese dentária tem por função a reposição de tecidos orais e dentes perdidos, visando restaurar e manter a forma, função, aparência e saúde oral em todas as suas funções: estética, fonética e mastigação. Dessa forma, uma prótese pode ser feita para substituir um ou mais dentes, ou até todos os dentes. Para cada situação existe um tipo, ou vários tipos de próteses possíveis, mas basicamente existem dois tipos de prótese dentária, a prótese dentária removível e prótese dentária fixa (BARBOSA, et al,2006). Apesar dos grandes avanços da odontologia no campo da prevenção às cáries e doenças periodontais, boa parte da população adulta mundial ainda faz uso de algum tipo de prótese dentária, onde a que mais se destaca é a prótese total. Estima-se que cerca de 30 milhões de pessoas fazem uso deste tipo de reabilitação, realidade esta presente também, em nosso país. Pacientes com este perfil apresentam diversos problemas de adaptação ao uso das próteses, principalmente se nunca fizeram uso de trabalho reabilitador similar. Consideramos que, neste grupo de indivíduos encontram-se também aqueles que buscam substituir próteses que utilizam há vários anos (BARBOSA et al., 2006). Segundo Barbosa et al. (2006), estes últimos também apresentam dificuldade em se habituar ao novo trabalho, e geralmente os seus anseios são muito diferentes daqueles possíveis de serem proporcionados pelo trabalho protético. A distorção da mucosa mastigatória e o movimento relacionado da prótese podem resultar em aceleração de reabsorção e perda de rebordo de retenção e estabilidade da prótese (MORÁN, 2009). Muitas são as situações comprometedoras que afetam o vínculo de dependência paciente/ prótese e isto, na maioria das ocasiões, está nas mãos do protesista. O que precede o sucesso é a atenção dada aos mínimos detalhes para que eles não se tornem grandes impedimentos promotores de transtornos (GENNARI FILHO, 2004). Ainda para Gennari Filho (2004), dentre os principais fatores que estabelecem efetividade as próteses totais, a retenção e a estabilidade constam como elementos básicos de biomecânica que viabilizam sua qualidade funcional. A retenção de uma prótese nem sempre influencia na sua estabilidade. Podese obter uma excelente retenção através da plena abrangência da área chapeável, mas se não houver atenção quanto à distribuição das forças aplicadas sobre a prótese, não haverá estabilidade, esta irá se desequilibrar, e a retenção estará comprometida (GENNARI FILHO, 2005). A otimização da estabilidade associada à retenção favorável das bases de prótese sobre os tecidos remanescentes são essenciais para qualidade da reabilitação. A retenção é alcançada principalmente através da correta abrangência da área chapeável obtida por moldagens funcionais bem realizadas (BARBOSA et al, 2006). A resiliência é uma das propriedades da mucosa que, uma vez comprimida, permite sua recuperação após a anulação da força. Devido às Características de compressibilidade da fibromucosa, a incidência de cargas sobre a prótese total resulta na movimentação da mesma em direção ao rebordo, a qual pode resultar no aumento da reabsorção do rebordo residual, na falta de adaptação interna e na perda de retenção da prótese (COMPAGNONI; SOUSA; LELES, 2003). Do ponto de vista do prognóstico, a mucosa muito resiliente ou flácida é a que traz as maiores desvantagens para o usuário de dentaduras, considerando-se que ao mastigar, a desestabilização será muito grande em virtude da grande deformação sofrida pela mucosa. Isto não significa que a mucosa pouco resiliente ou dura seja MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira 71 Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775 satisfatória. Esta, por não ceder à ação das forças torna-se muito sensível, produzindo desconforto ao paciente que na maioria das vezes, reclama de dor. Assim, podemos afirmar que a mucosa com resiliência média é a que tem melhor comportamento pelo fato de servir como uma superfície de amortecimento das forças que agem sobre as dentaduras (GENNARI FILHO, 2005). No entanto, a reabilitação protética necessita ser avaliada quanto à sua efetividade no dia-a-dia dos usuários por influenciar a percepção de qualidade de vida destes. Segundo Redford et al., os usuários de prótese total convencional (PTC) relatam dificuldades para mastigar, diminuição da auto estima e do contato social devido aos problemas de instabilidade das próteses mandibulares (MACHADO et.al., 2013). A auto estima é hoje considerada razão primordial para uma vida útil e feliz nos últimos anos de existência conforme afirmam Montenegro et al. (2007). Também Montenegro et al. (2007) salientam a importância da manutenção de um bom sorriso para um melhor relacionamento com o meio em que o indivíduo vive, tornando-o mais feliz, que também traz bom retorno à auto-estima e à saúde como um todo. próteses totais serem instaladas. (GENARI FILHO, 2004) Na região do palato duro, as hiperplasias inflamatórias papilomatosas, que se caracterizam pela formação de pequenos glóbulos, são as que mais ocorrem e estão frequentemente relacionadas às irregularidades das próteses, especialmente as antigas, higiene deficiente e baixa renovação salivar sob a prótese. (TELLES; HOLLOWEG; CASTELUCCI, 2003). Estomatite Possíveis Consequências da SobreExtensão Assim como as Hiperplasias fibrosas inflamatórias, as Estomatites são também uma resposta dos tecidos frente às agressões sofridas. Na grande maioria dos casos, elas provêm da falta de higiene tanto das próteses como da mucosa oral que, pela ação das bactérias presentes, respondem com inflamação dos tecidos, sendo também a presença de fungos um importante fator para o seu aparecimento (PENHA; BIRMAN; SILVEIRA, 2000). Além disso, para Oliveira et al. (2000), sua etiologia é controversa podendo estar associada a fatores como a oclusão, dimensão vertical, retenção, estabilidade dinâmica e estática além de aspectos qualitativos relacionados às condições encontradas nos desdentados. Hiperplasia Fibrosa Inflamatória Úlcera Traumática As Hiperplasias fibrosas inflamatórias são as lesões que mais comumente aparecem em função, especialmente da ação das bordas das dentaduras no fórnix dos vestíbulos. Elas representam uma resposta frente à compressão dos tecidos moles, formando grandes massas teciduais que mesmo indolores promovem incômodo ao paciente. Uma das principais causas deste acontecimento são as moldeiras sobre extendidas cujas bordas comprimem excessivamente no ato da moldagem, e que assim, continuarão comprimindo após as Outro grupo de lesões que aparecem frequentemente são as Úlceras traumáticas. Ao contrário das hiperplasias e das estomatites, estas aparecem em maior volume entre o primeiro e o segundo ano de uso. No entanto, é bastante comum seu aparecimento logo após a instalação ou no período de adaptação. Este acontecimento está vinculado também às moldagens incorretas realizadas com moldeiras que apresentam sobre extensão de borda e que acabam por comprimir áreas do fórnix do vestíbulo gerando feridas com sintomas dolorosos intensos (GENARI FILHO,2004). MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira 72 Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775 Candidíase A candidíase é lesão que acomete também a cavidade bucal dos pacientes portadores de prótese total, produzindo dores e às vezes impedindo que o paciente as utilize. A precariedade da saúde bucal de portadores de prótese e a correlação entre a má higiene e lesões da mucosa oral levam ao aparecimento de lesões como a candidíase atrófica crônica que, segundo Coelho, Sousa, Daré (2004), é a mais frequentemente encontrada, ocorrendo mais nas mulheres, usuárias de prótese total, com período de uso entre 16-20 anos. Discussão Os indivíduos portadores de próteses totais muitas vezes decepcionam-se com a instalação do aparelho protético. (CUNHA, 2004). Isso porque, segundo Compagnoni, Sousa, Leles (2003), devido às características de compressibilidade da fibromucosa, a incidência de cargas sobre a prótese total resulta na movimentação da prótese em direção ao rebordo, a qual pode resultar no aumento da reabsorção do rebordo residual, na desadaptação interna e na perda de retenção da prótese. Para compreensão do estabelecimento do diagnóstico e prognóstico em prótese total, devemos considerar além do Exame Geral do paciente, o exame da boca que compreende o exame clínico visual e apalpação, exame radiográfico e exame dos modelos de estudo. Para entendermos, um prognóstico favorável devemos considerar: condições anatômicas e funcionais, dentre elas, o bom domínio muscular, posição normal da língua, reabsorção não excessiva, saliva serosa, relação normal entre os rebordos, mucosa isenta de lesões e patologias, mucosa com resiliência média, relação angular do palato não abrupta, boa relação lábio-alveolar, rebordos superiores com inserção alta e os inferiores, baixa (GENNARI FILHO, 2004). Entre os fatores mais importantes na retenção das próteses totais encontram-se os músculos e suas inserções. A base da prótese total deve recobrir tanta superfície de suporte e tecidos circunvizinhos quanto possível, sem interferir com os movimentos dos músculos e bridas susceptíveis de deslocar o aparelho protético de sua posição ou causar injúrias ao paciente. (NETTO, 2012) Os fatores que contribuem para a ocorrência da estabilidade são: a relação da base da dentadura com os tecidos subjacentes; a relação da superfície externa e da borda com a musculatura circunjacente; a relação das superfícies oclusais antagonistas. Entretanto, em algumas ocasiões, mesmo a perda quase completa da retenção pode não prejudicar a estabilidade ou a eficiência da prótese (TAMAKI et al. 1983). Para Jacobson e Krol (1983), o suporte efetivo é realizado quando a dentadura é estendida de tal forma a cobrir a máxima superfície de área sem influenciar os tecidos moles ou friáveis. Assim, a capacidade de suporte de uma dentadura irá depender de alguns fatores como: da condição do osso e da fibromucosa, extensão da base da dentadura e resiliência da fibromucosa. Fica claro entendermos que uma prótese que não envolve corretamente todo o limite da área de sustentação tenderá a intruir-se nos tecidos, modificando sua relação com a antagonista, caracterizando-se como uma prótese iatrogênica. Daí a necessidade do conhecimento prévio da anatomia protética dos maxilares para que possamos estender as bordas das dentaduras até seu limite máximo sem causar injúrias aos tecidos que a suportam (GENNARI FILHO, 2005). Levando em consideração que cada paciente é um caso diferente, não podemos estabelecer medidas rígidas, mas somos obrigados a nos guiar por uma série de princípios biomecânicos e fisiológicos que nos orientarão no reconhecimento e delimitação dessa área (NETTO, 2012). A extensão que se enquadra nos requisitos físicos das dentaduras pode ser MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira 73 Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775 entendida como sendo a máxima cobertura que uma prótese pode dar aos tecidos que a sustentam, dentro dos limites permitidos. Este requisito físico é regido por um único princípio que diz: “quanto maior é a extensão da base, menor será a força que incidirá sobre ela, por unidade de superfície”. Assim, quando da execução das moldagens devemos ter conhecimento anatômico das regiões que serão moldadas, para sabermos os limites da área chapeável e com isto estendermos ao máximo a base da prótese, dentro dos limites permitidos, para que as forças que incidam sobre ela sejam dissipadas para uma área maior (GENARI FILHO, 2005). Aprile agrupa, sob a denominação de músculos paraprotéticos, uma série de massas musculares que inserindo-se no maxilar e na mandíbula mantém, direta ou indiretamente, relações com a prótese. Os músculos paraprotéticos carecem de importância (em relação à prótese) quando em estática, porém, quando em função dinâmica, na mastigação, fonação, deglutição, mímica, podem provocar o deslocamento das próteses, se suas bordas se estenderem até a zona de ação desses músculos. Podemos reconhecê-los clinicamente, por palpação, na zona de selamento periférico, notadamente se pedirmos ao paciente que execute movimentos que envolvam contrações musculares, ou estirando os tecidos moles da boca e examinando os pontos de inserção desses músculos. (NETTO, apud APRILE, 2012). A ação desses músculos manifesta-se pelas alterações que sofre o fundo de saco vestibular, tanto superior como inferior, bem como o limite lingual do assoalho da boca durante a dinâmica (NETTO, 2012). De acordo com sua posição determina-se uma linha que contorna as inserções musculares, ligamentos e freios, que foi denominada linha de inserção. (NETTO, apud APRILE; SAIZAR; LÜDERS, 2012). É uma linha imaginária, irregular, que determina até onde pode estender-se a borda da prótese, para conseguirmos um selamento periférico perfeito, sem causar irritações nem perturbar a nutrição dos tecidos, sem alterar a fonação nem provocar traumatismos (NETTO, apud FOURNET, 2012). Saizar enuncia a seguinte regra geral: "Uma dentadura completa deve recobrir tanta superfície do maxilar e tecidos vizinhos quanto seja possível, detendo-se, justamente, nas áreas onde os movimentos normais e não exagerados dos músculos e freios fiquem impedidos, ou induzam ao seu deslocamento, ou quando o seu volume excessivo cause perturbação (NETTO, apud SAIZAR, 2012). Quando nos referimos ao selamento periférico dissemos que procuramos um ajuste o mais próximo possível entre a base da prótese total e os tecidos circunvizinhos. Sabemos que esses tecidos são móveis e que suas posições relativas variam em consonância com a tensão exercida por determinados músculos. Vemos a necessidade de conhecer quais os músculos que podem interferir com a base da prótese total e como se daria essa interferência, para que possamos usá-los em nosso proveito e não contra nós (NETTO, 2012). Nenhum fator tem tanta importância na retenção das próteses totais, como os tecidos moles. (NETTO, apud WILSON, 2010). Conclusão Através dos dados disponíveis na literatura podemos observar que os inconvenientes do aproveitamento deficiente desses elementos, também sua correta utilização assegura a retenção e estabilidade às próteses totais mucosuportadas. Se a base da prótese total for a reprodução, em negativo, absolutamente fiel dos tecidos de suporte sua justeza a esses tecidos será perfeita e a retenção será obtida em valores mais que satisfatórios para a nossa finalidade. Para tanto se faz mister que possamos copiar essas estruturas de maneira exata. MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira 74 Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSUNÇÃO, W. G. et al. Anatomia paraprotética:importância em prótese total. Revista Odontológica de Araçatuba, v.25, n.1, p. 57-64, Janeiro/Junho, 2004. ASSUNÇÃO, W. G. et al.Influência das estruturas anatômicas oro-faciais nas próteses totais. Pesq. Bras Odontoped Clin Integr, João Pessoa, 8(2): 251-257 maio/ago. 2008. total relacionada ao deslocamento da mucosa em pacientes desdentados. Pesqui Odontol Bras, v.17, n.4, p.356-361, dez. 2003. CUNHA, Eudes Francisco da Silva. Avaliação da retenção de prótese total bimaxilar em função das características da área basal. [tese doutorado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2004. GENARI FILHO, H.O exame clínico em prótese total. Revista Odontológica de Araçatuba, v.25, n.2, p. 62-71, Julho/Dezembro, 2004. BARBOSA, C.M.R.et al. Importância da retenção e estabilidade em próteses totais bimaxilares: relato de um caso clínico. RGO, Porto Alegre, v. 54, n.4, p. 374-378, out./dez. 2006. GENARI FILHO, H. Requisitos funcionai e físicos em próteses totais.Revista Odontológica de Araçatuba, v.26, n.1, p. 36-43, Janeiro/Junho, 2005 BARBOSA, D.B.et al. Instalação de prótese total: uma revisão. Revista de Odontologia da UNESP. 2006; 35(1): 53-60. JACOBSON TE, KROL AJ. A contemporary review of the factors involved in complete dentures.Part III: suport. J Prosthet Dent 1983. BARRIOS, M. Saúde bucal: fator fundamental à saúde geral do idoso. Medicina & Saúde. Porto Alegre/RS, 2010. Disponível em: <http://www.moinhosdevento.com.br/guia/colunas01 .php?id=39>Acesso em: 10 mar. 2014. LEITE, T. Estrutura do anteprojeto e do projeto de pesquisa. Fontes de informações para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: UFMG, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde.Manual técnico para promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças na saúde suplementar. Agencia Nacional de Saúde Suplementar (Brasil). 4. ed. rev. e atual Rio de Janeiro , 2011. BRUNETTI, R; MONTENEGRO, F. Odontogeriatria: prepare-se para o novo milênio. São Paulo, 2000. Disponível em:<http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&s rc=google&base=BBO&lang=p&nextAction=lnk&e xprSearch=18874&indexSearch=ID>Acesso em 19 set.2013. BRUNETTI, R; MONTENEGRO, F. Prótese dentária na terceira idade: considerações clínicas e preventivas diversas. Revista Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas. Curitiba, 2012. CARVALHO de OLIVEIRA, T. R.; FRIGERIO, M. L. M. A.; YAMADA, M. C. M.; BIRMAN, E. G.Avaliação da estomatite protética em portadores de próteses totais.PesquiOdontol Bras, v. 14, n. 3, p. 219-224, Jul. /set. 2000. COELHO, C.M.P.; SOUSA, Y.T.C.S.; DARÉ, A.M.Z. Denture related oral mucosal lesions in a Brazilian school of dentistry. J Oral Rehabil, v.31, n.2, p.135-139, Feb. 2004. COMPAGNONI, M.A.; SOUSA, R.F.; LELES, C.R. Estudo cinesiográfico de movimentação da prótese MACHADO, F.C.A.et al.Dificuldades diárias associadas as próteses totais.Ciência & Saúde Coletiva,18(10):3091-3100,2013. MONTENEGRO, F.L.B.et al. A importância do bom funcionamento do sistema mastigatório para o processo digestivo dos idosos. Revista Kairós, São Paulo, 10(2), dez. 2007, pp. 245-257. MONTENEGRO, F.L.B.et al.. Prótese dentária na Terceira Idade: considerações clínicas e preventivas diversas. Revista Associação Paulista Cirurgiões Dentistas. Mar-Abr 2001,55(2): 83-87. REVISTA PORTAL de Divulgação, n.1, Ago. 2010. Disponível em: <http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/i ndex. php >Acesso em: 03 out. 2013. MONTENEGRO, F.Perguntas e respostas sobre o atendimento odontológico para idosos.Jornal São Paulo News, São Paulo, jan.2006. Disponível em: <http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/odonto/o donto5.htm>. Acesso em: 15 set. 2006. MORÁN A.A.L. Uso de próteses, implantes e qualidade de vida em idosos. Piracicaba, 2009. Tese (Especialização em odontogeriatria)- Universidade Estadual de Campinas, Piracicaba, 2009. NAKAMAE, A.E.M.et al.Avaliação da retenção de próteses totais bimaxilares em função das características da área basal.RPG.Rev Pós Grad.2006;13(1)69-76. MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira 75 Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775 NETTO, H.C. Prótese Total Mucossuportada. Caderno de prótese total.p. 29-44.São José dos Campos. 2012. OLIVEIRA, T. R. C. et al. Avaliação da estomatite protética em portadores de próteses totais.Pesqui Odontol Bras, v.14, n.3, p.219-224, jul.-set 2000. PENHA, S.S.; BIRMAN, E.G.; SILVEIRA, F.R.X.Frequência e atividade enzimática (proteinase e fosfolipase) de cândida albicans de pacientes desdentados totais, com e sem estomatite protética. Pesqui Odontol Bras, v.14, n.2, p.119-122, abr.jun. 2000. PEREIRA, M.T.P.Qualidade de vida e saúde bucal na terceira idade. Odontogeriatria. 2012. Disponívelem:<http://www.protesetotal.com/index.p hp?option=com_content&view=article&id=445:quali dade-de-vida-e-saude-bucal-naterceiraidade&catid=99:odontogeriatria&Itemid=417 >.Acesso em: 01 out. 2009. RAMOS, L.R.et al.A. Envelhecimento populacional:uma realidade brasileira. Ver. de Saúde Públ., S. Paulo, 21: 211-24 1987. SANTOS, Valdeci. O que é e como fazer “revisão de literatura” na pesquisa teológica. FIDES REFORMATA XVII, nº 1 (2012): 89-104. TAMAKI, T. Considerações gerais sobre dentaduras completas. In: Dentaduras completas. 4°ed. São Paulo: Sarvier; 1983. TELLES, D.; HOLLOWEG, H.; CASTELUCCI,L.Prótesetotal convencional e sobre implantes. São Paulo: Ed. Santos, 2003. MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira