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UTILIZAÇÃO DA SOBRE-EXTENSÃO DAS PRÓTESES TOTAIS COMO
RECURSO AUXILIAR NA RETENÇÃO E ESTABILIDADE
USE OF OVEREXTENSION OF TOTAL PROSTHESIS AS A RESOURCE ASSISTANT
IN RETENTION AND STABILITY
MELO Denise Veriato1; MOTTA, Eduardo Ferreira2
Resumo
O aumento da população idosa em todo o mundo é um fenômeno demográfico bem estabelecido, e tendo em
vista o aumento da população idosa no Brasil, o percentual da população que não usa, nem necessita de prótese
total ficou muito pequeno, podendo ser observados altos índices de edentulismo total. Através dos dados
disponíveis na literatura podemos concluir que os inconvenientes do aproveitamento deficiente desses elementos,
também sua correta utilização assegura a retenção e estabilidade às próteses totais muco suportadas. Esta revisão
tem como objetivo analisar estudos feitos por diferentes teóricos a respeito dos limites gerais da área de apoio
basal para próteses totais, dando ênfase a importância do rebordo alveolar, seus limites e estruturas que devem
ser respeitadas e investigar as possíveis consequências que uma sobre-extensão não controlada pode causar ao
paciente.
Palavras chave: Área basal; Edentulismo; Prótese total; Rebordo alveolar.
Abstract
The increasing aging population around the world is a well-established demographic phenomenon, and in view
of the increasing elderly population in Brazil, the percentage of the population that does not use nor require
denture was very small, high rates can be observed total edentulism. Using data from the literature we conclude
that the drawbacks of the suboptimal use of these elements also ensures its correct use retention and stability to
dentures supported mucus. This review aims to examine studies by different theorists regarding the general
limits of the basal area of support for dentures, emphasizing the importance of the alveolar ridge, its boundaries
and structures that should be respected and to investigate the possible consequences of an over extension
uncontrolled can cause the patient.
Keywords:Basal area;Edentulism;Denture;Alveolar ridge.
1
Discente do curso de Odontologia, Centro Universitário da Grande Dourados, UNIGRAN;
[email protected]; (67) 9986-5035.
2
Docente do curso de Odontologia; Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Centro Universitário da
Grande Dourados – UNIGRAN, Dourados – MS, Brasil.
MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira
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Introdução
Material e método
O crescimento da população idosa no
Brasil tem acarretado um grande impacto a
comunidade odontológica, em decorrência
da falta de um enfoque específico para o
tratamento desses pacientes. Somado a esses
fatores, grande parte dos idosos apresentam
problemas de saúde, problemas sócioeconômicos, o que os impossibilita de
realizar um tratamento dentaria mais efetivo
(PEREIRA, M.T. P, 2009).
Nesse contexto, as próteses totais
continuam tendo um importante papel no
tratamento
de
pacientes
totalmente
edêntulos, que além de restaurar a autoestima, tem por objetivo preservar os
rebordos alveolares e integrar o paciente
psico-emocinalmente
na
sociedade
(BARBOSA, et al.2006).
Mas, segundo Barrios (2010), o uso
de próteses inadequadas diminui a eficiência
mastigatória em 50 a 85% e ocasionam um
menor consumo de nutrientes essenciais.
Como consequência o paciente é obrigado a
optar por dietas mais pastosas o que muda o
tônus dos músculos da mastigação com
evidentes comprometimentos estéticos e
funcionais, deixando o rosto com sulcos
pronunciados devido à perda de dimensão
vertical.
O sucesso das próteses totais
relaciona-se, fundamentalmente, com o
aproveitamento total da área basal e respeito
às estruturas anatômicas com ela envolvidas
direta e indiretamente, fornecendo, com
isso, um correto suporte e retenção a essas
próteses.
Com base nessas considerações, o
objetivo deste trabalho é fazer uma revisão
de literatura bem como discutir de maneira
pertinente estudos a respeito dos limites
gerais da área de apoio basal e possível
utilização da sobre-extensão controlada do
limite dessa área para uma maior retenção e
estabilidade da prótese total, e atentar para
as possíveis complicações que uma sobreextensão não controlada pode trazer ao
paciente.
A pesquisa a ser realizada neste
trabalho pode ser classificada como revisão
de literatura e tendo como objetivo explorar,
descrever e analisar o tema abordado, isto
porque se utilizará de estudos de diversos
teóricos, estudos esses que envolvem a
descrição e avaliação aprofundadas de
informações disponíveis na tentativa de
explicar o contexto de um fenômeno.
A opção metodológica da pesquisa
reside no método comparativo. Essa opção
se justifica porque o método escolhido busca
compreender a realidade através de
comparações
entre
teóricos
sobre
determinado assunto, partindo de leis gerais
para a compreensão de questões locais e
pontuais. Enquanto procedimento, este
trabalho realizar-se-á por meio de
observação indireta nas técnicas de
pesquisa, porque se vale de estudos
bibliográficos.
A etapa da revisão bibliográfica
indica que o conceito chave que compõem o
universo da pesquisa diz respeito à própria
identificação do que possa ser a sobreextensão de próteses totais, quando ela é
necessária, que estruturas devem ser
preservadas e o conforto do paciente.
Este trabalho sobre a qualidade de
informação a respeito de estudos de uma
técnica usada para dar maior retenção e
estabilidade à prótese e devolver ao
paciente, o prazer pelo se alimentar bem e o
conviver social, divide-se em duas etapas: a
primeira etapa constitui na procura de
estudos de diferentes teóricos a respeito do
assunto e depois o refinamento do material
coletado.
A busca é realizada por meio das
palavras encontradas nos títulos e nos
resumos dos artigos de sites como: Portal do
envelhecimento, Publisaúde, SIBI Portal da
busca
integrada,
FMDUP,
APCD
Araçatuba, Biblioteca digital USP, BVS
Odontologia. Estas ferramentas permitiram
um maior entendimento e exposição sobre o
assunto abordado. O material documentado,
bem como, as respectivas análises será
MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira
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organizado em relatório de pesquisa
componente do estudo monográfico que se
pretende construir.
Revisão de Literatura
Areabilitação oral por prótese
dentária tem por função a reposição de
tecidos orais e dentes perdidos, visando
restaurar e manter a forma, função,
aparência e saúde oral em todas as suas
funções: estética, fonética e mastigação.
Dessa forma, uma prótese pode ser feita
para substituir um ou mais dentes, ou até
todos os dentes. Para cada situação existe
um tipo, ou vários tipos de próteses
possíveis, mas basicamente existem dois
tipos de prótese dentária, a prótese dentária
removível e prótese dentária fixa
(BARBOSA, et al,2006).
Apesar dos grandes avanços da
odontologia no campo da prevenção às
cáries e doenças periodontais, boa parte da
população adulta mundial ainda faz uso de
algum tipo de prótese dentária, onde a que
mais se destaca é a prótese total. Estima-se
que cerca de 30 milhões de pessoas fazem
uso deste tipo de reabilitação, realidade esta
presente também, em nosso país. Pacientes
com este perfil apresentam diversos
problemas de adaptação ao uso das próteses,
principalmente se nunca fizeram uso de
trabalho reabilitador similar. Consideramos
que, neste grupo de indivíduos encontram-se
também aqueles que buscam substituir
próteses que utilizam há vários anos
(BARBOSA et al., 2006).
Segundo Barbosa et al. (2006), estes
últimos também apresentam dificuldade em
se habituar ao novo trabalho, e geralmente
os seus anseios são muito diferentes
daqueles possíveis de serem proporcionados
pelo trabalho protético.
A distorção da mucosa mastigatória
e o movimento relacionado da prótese
podem resultar em aceleração de reabsorção
e perda de rebordo de retenção e
estabilidade da prótese (MORÁN, 2009).
Muitas
são
as
situações
comprometedoras que afetam o vínculo de
dependência paciente/ prótese e isto, na
maioria das ocasiões, está nas mãos do
protesista. O que precede o sucesso é a
atenção dada aos mínimos detalhes para que
eles não se tornem grandes impedimentos
promotores de transtornos (GENNARI
FILHO, 2004).
Ainda para Gennari Filho (2004),
dentre os principais fatores que estabelecem
efetividade as próteses totais, a retenção e a
estabilidade constam como elementos
básicos de biomecânica que viabilizam sua
qualidade funcional.
A retenção de uma prótese nem
sempre influencia na sua estabilidade. Podese obter uma excelente retenção através da
plena abrangência da área chapeável, mas se
não houver atenção quanto à distribuição
das forças aplicadas sobre a prótese, não
haverá estabilidade, esta irá se desequilibrar,
e a retenção estará comprometida
(GENNARI FILHO, 2005).
A otimização da estabilidade
associada à retenção favorável das bases de
prótese sobre os tecidos remanescentes são
essenciais para qualidade da reabilitação. A
retenção é alcançada principalmente através
da correta abrangência da área chapeável
obtida por moldagens funcionais bem
realizadas (BARBOSA et al, 2006).
A resiliência é uma das propriedades
da mucosa que, uma vez comprimida,
permite sua recuperação após a anulação da
força. Devido às Características de
compressibilidade da fibromucosa, a
incidência de cargas sobre a prótese total
resulta na movimentação da mesma em
direção ao rebordo, a qual pode resultar no
aumento da reabsorção do rebordo residual,
na falta de adaptação interna e na perda de
retenção da prótese (COMPAGNONI;
SOUSA; LELES, 2003).
Do ponto de vista do prognóstico, a
mucosa muito resiliente ou flácida é a que
traz as maiores desvantagens para o usuário
de dentaduras, considerando-se que ao
mastigar, a desestabilização será muito
grande em virtude da grande deformação
sofrida pela mucosa. Isto não significa que a
mucosa pouco resiliente ou dura seja
MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira
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satisfatória. Esta, por não ceder à ação das
forças torna-se muito sensível, produzindo
desconforto ao paciente que na maioria das
vezes, reclama de dor. Assim, podemos
afirmar que a mucosa com resiliência média
é a que tem melhor comportamento pelo
fato de servir como uma superfície de
amortecimento das forças que agem sobre as
dentaduras (GENNARI FILHO, 2005).
No entanto, a reabilitação protética
necessita ser avaliada quanto à sua
efetividade no dia-a-dia dos usuários por
influenciar a percepção de qualidade de vida
destes. Segundo Redford et al., os usuários
de prótese total convencional (PTC) relatam
dificuldades para mastigar, diminuição da
auto estima e do contato social devido aos
problemas de instabilidade das próteses
mandibulares (MACHADO et.al., 2013).
A auto estima é hoje considerada
razão primordial para uma vida útil e feliz
nos últimos anos de existência conforme
afirmam Montenegro et al. (2007). Também
Montenegro et al. (2007) salientam a
importância da manutenção de um bom
sorriso para um melhor relacionamento com
o meio em que o indivíduo vive, tornando-o
mais feliz, que também traz bom retorno à
auto-estima e à saúde como um todo.
próteses totais serem instaladas. (GENARI
FILHO, 2004)
Na região do palato duro, as
hiperplasias inflamatórias papilomatosas,
que se caracterizam pela formação de
pequenos glóbulos, são as que mais ocorrem
e estão frequentemente relacionadas às
irregularidades das próteses, especialmente
as antigas, higiene deficiente e baixa
renovação salivar sob a prótese. (TELLES;
HOLLOWEG; CASTELUCCI, 2003).
Estomatite
Possíveis Consequências da SobreExtensão
Assim como as Hiperplasias fibrosas
inflamatórias, as Estomatites são também
uma resposta dos tecidos frente às agressões
sofridas. Na grande maioria dos casos, elas
provêm da falta de higiene tanto das
próteses como da mucosa oral que, pela
ação das bactérias presentes, respondem
com inflamação dos tecidos, sendo também
a presença de fungos um importante fator
para o seu aparecimento (PENHA;
BIRMAN; SILVEIRA, 2000).
Além disso, para Oliveira et al.
(2000), sua etiologia é controversa podendo
estar associada a fatores como a oclusão,
dimensão vertical, retenção, estabilidade
dinâmica e estática além de aspectos
qualitativos relacionados às condições
encontradas nos desdentados.
Hiperplasia Fibrosa Inflamatória
Úlcera Traumática
As
Hiperplasias
fibrosas
inflamatórias são as lesões que mais
comumente
aparecem
em
função,
especialmente da ação das bordas das
dentaduras no fórnix dos vestíbulos. Elas
representam uma resposta frente à
compressão dos tecidos moles, formando
grandes massas teciduais que mesmo
indolores promovem incômodo ao paciente.
Uma
das
principais
causas
deste
acontecimento são as moldeiras sobre
extendidas cujas bordas comprimem
excessivamente no ato da moldagem, e que
assim, continuarão comprimindo após as
Outro grupo de lesões que aparecem
frequentemente são as Úlceras traumáticas.
Ao contrário das hiperplasias e das
estomatites, estas aparecem em maior
volume entre o primeiro e o segundo ano de
uso. No entanto, é bastante comum seu
aparecimento logo após a instalação ou no
período de adaptação. Este acontecimento
está vinculado também às moldagens
incorretas realizadas com moldeiras que
apresentam sobre extensão de borda e que
acabam por comprimir áreas do fórnix do
vestíbulo gerando feridas com sintomas
dolorosos intensos (GENARI FILHO,2004).
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Candidíase
A candidíase é lesão que acomete
também a cavidade bucal dos pacientes
portadores de prótese total, produzindo
dores e às vezes impedindo que o paciente
as utilize. A precariedade da saúde bucal de
portadores de prótese e a correlação entre a
má higiene e lesões da mucosa oral levam
ao aparecimento de lesões como a
candidíase atrófica crônica que, segundo
Coelho, Sousa, Daré (2004), é a mais
frequentemente encontrada, ocorrendo mais
nas mulheres, usuárias de prótese total, com
período de uso entre 16-20 anos.
Discussão
Os indivíduos portadores de próteses
totais muitas vezes decepcionam-se com a
instalação do aparelho protético. (CUNHA,
2004). Isso porque, segundo Compagnoni,
Sousa,
Leles
(2003),
devido
às
características de compressibilidade da
fibromucosa, a incidência de cargas sobre a
prótese total resulta na movimentação da
prótese em direção ao rebordo, a qual pode
resultar no aumento da reabsorção do
rebordo residual, na desadaptação interna e
na perda de retenção da prótese.
Para compreensão do estabelecimento do diagnóstico e prognóstico em
prótese total, devemos considerar além do
Exame Geral do paciente, o exame da boca
que compreende o exame clínico visual e
apalpação, exame radiográfico e exame dos
modelos de estudo. Para entendermos, um
prognóstico favorável devemos considerar:
condições anatômicas e funcionais, dentre
elas, o bom domínio muscular, posição
normal da língua, reabsorção não excessiva,
saliva serosa, relação normal entre os
rebordos, mucosa isenta de lesões e
patologias, mucosa com resiliência média,
relação angular do palato não abrupta, boa
relação lábio-alveolar, rebordos superiores
com inserção alta e os inferiores, baixa
(GENNARI FILHO, 2004).
Entre os fatores mais importantes na
retenção das próteses totais encontram-se os
músculos e suas inserções. A base da
prótese total deve recobrir tanta superfície
de suporte e tecidos circunvizinhos quanto
possível, sem interferir com os movimentos
dos músculos e bridas susceptíveis de
deslocar o aparelho protético de sua posição
ou causar injúrias ao paciente. (NETTO,
2012)
Os fatores que contribuem para a
ocorrência da estabilidade são: a relação da
base da dentadura com os tecidos
subjacentes; a relação da superfície externa
e da borda com a musculatura circunjacente;
a relação das superfícies oclusais
antagonistas. Entretanto, em algumas
ocasiões, mesmo a perda quase completa da
retenção pode não prejudicar a estabilidade
ou a eficiência da prótese (TAMAKI et al.
1983).
Para Jacobson e Krol (1983), o
suporte efetivo é realizado quando a
dentadura é estendida de tal forma a cobrir a
máxima superfície de área sem influenciar
os tecidos moles ou friáveis. Assim, a
capacidade de suporte de uma dentadura irá
depender de alguns fatores como: da
condição do osso e da fibromucosa,
extensão da base da dentadura e resiliência
da fibromucosa.
Fica claro entendermos que uma
prótese que não envolve corretamente todo o
limite da área de sustentação tenderá a
intruir-se nos tecidos, modificando sua
relação com a antagonista, caracterizando-se
como uma prótese iatrogênica. Daí a
necessidade do conhecimento prévio da
anatomia protética dos maxilares para que
possamos estender as bordas das dentaduras
até seu limite máximo sem causar injúrias
aos tecidos que a suportam (GENNARI
FILHO, 2005).
Levando em consideração que cada
paciente é um caso diferente, não podemos
estabelecer medidas rígidas, mas somos
obrigados a nos guiar por uma série de
princípios biomecânicos e fisiológicos que
nos orientarão no reconhecimento e
delimitação dessa área (NETTO, 2012).
A extensão que se enquadra nos
requisitos físicos das dentaduras pode ser
MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira
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entendida como sendo a máxima cobertura
que uma prótese pode dar aos tecidos que a
sustentam, dentro dos limites permitidos.
Este requisito físico é regido por um único
princípio que diz: “quanto maior é a
extensão da base, menor será a força que
incidirá sobre ela, por unidade de
superfície”. Assim, quando da execução das
moldagens devemos ter conhecimento
anatômico das regiões que serão moldadas,
para sabermos os limites da área chapeável e
com isto estendermos ao máximo a base da
prótese, dentro dos limites permitidos, para
que as forças que incidam sobre ela sejam
dissipadas para uma área maior (GENARI
FILHO, 2005).
Aprile agrupa, sob a denominação de
músculos paraprotéticos, uma série de
massas musculares que inserindo-se no
maxilar e na mandíbula mantém, direta ou
indiretamente, relações com a prótese. Os
músculos paraprotéticos carecem de
importância (em relação à prótese) quando
em estática, porém, quando em função
dinâmica,
na
mastigação,
fonação,
deglutição, mímica, podem provocar o
deslocamento das próteses, se suas bordas se
estenderem até a zona de ação desses
músculos.
Podemos
reconhecê-los
clinicamente, por palpação, na zona de
selamento periférico, notadamente se
pedirmos ao paciente que execute
movimentos que envolvam contrações
musculares, ou estirando os tecidos moles
da boca e examinando os pontos de inserção
desses músculos. (NETTO, apud APRILE,
2012).
A ação desses músculos manifesta-se
pelas alterações que sofre o fundo de saco
vestibular, tanto superior como inferior, bem
como o limite lingual do assoalho da boca
durante a dinâmica (NETTO, 2012).
De acordo com sua posição
determina-se uma linha que contorna as
inserções musculares, ligamentos e freios,
que foi denominada linha de inserção.
(NETTO, apud APRILE; SAIZAR;
LÜDERS, 2012). É uma linha imaginária,
irregular, que determina até onde pode
estender-se a borda da prótese, para
conseguirmos um selamento periférico
perfeito, sem causar irritações nem perturbar
a nutrição dos tecidos, sem alterar a fonação
nem provocar traumatismos (NETTO, apud
FOURNET, 2012).
Saizar enuncia a seguinte regra geral:
"Uma dentadura completa deve recobrir
tanta superfície do maxilar e tecidos
vizinhos quanto seja possível, detendo-se,
justamente, nas áreas onde os movimentos
normais e não exagerados dos músculos e
freios fiquem impedidos, ou induzam ao seu
deslocamento, ou quando o seu volume
excessivo cause perturbação (NETTO, apud
SAIZAR, 2012).
Quando nos referimos ao selamento
periférico dissemos que procuramos um
ajuste o mais próximo possível entre a base
da prótese total e os tecidos circunvizinhos.
Sabemos que esses tecidos são móveis e que
suas posições relativas variam em
consonância com a tensão exercida por
determinados
músculos.
Vemos
a
necessidade de conhecer quais os músculos
que podem interferir com a base da prótese
total e como se daria essa interferência, para
que possamos usá-los em nosso proveito e
não contra nós (NETTO, 2012).
Nenhum fator tem tanta importância
na retenção das próteses totais, como os
tecidos moles. (NETTO, apud WILSON,
2010).
Conclusão
Através dos dados disponíveis na
literatura podemos observar que os
inconvenientes do aproveitamento deficiente
desses elementos, também sua correta
utilização assegura a retenção e estabilidade
às próteses totais mucosuportadas.
Se a base da prótese total for a
reprodução, em negativo, absolutamente fiel
dos tecidos de suporte sua justeza a esses
tecidos será perfeita e a retenção será obtida
em valores mais que satisfatórios para a
nossa finalidade. Para tanto se faz mister
que possamos copiar essas estruturas de
maneira exata.
MELO Denise Veriato; MOTTA, Eduardo Ferreira
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