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Granizo causa prejuízos de R$ 62 milhões na Serra
O granizo que atingiu Caxias do Sul e outros 11 municípios da Serra Gaúcha no dia 14
de dezembro causou prejuízos
de R$ 62 milhões em 1,2 mil
propriedades da região. A produção de pelo menos 63 mil toneladas de frutas e hortaliças,
em cerca de 4,4 mil hectares,
foi afetada. A cultura mais prejudicada foi a da uva. Cerca de
80% dos parreirais atingidos
pela forte chuva de granizo tiveram perda total na produção,
e 25% dos produtores não têm
nenhuma cobertura, seja de
Proagro ou seguro agrícola privado. As estimativas foram divulgadas pela Emater.
O presidente do Sindicato
Rural de Caxias do Sul, Valmir
Susin, representou a Farsul nas
reuniões que buscaram reparação do problema. Uma delas
envolveu o Ministério da Agricultura, com a presença do ministro Mendes Ribeiro Filho, as
secretarias da Agricultura e Desenvolvimento Rural, a Emater,
o Ibravin e a Fetag.
Mendes Ribeiro Filho anunciou medidas emergenciais direcionadas aos produtores. Os
anúncios envolveram desde a
prorrogação de operações de
custeio até programas e linhas
de financiamento pelo Pronaf/
Pronamp para novos pomares
e telas de plástico para proteção. O ministro também manteve contato com o BNDES,
por meio do qual acertou, para
as linhas dos programas BNDES/MAPA, a renegociação
das parcelas vencidas no período, até o limite de 8% do valor do saldo. Nesse caso, a parcela é prorrogada para um ano
após o vencimento final da operação. Já no caso dos produtores não cadastrados no Pronaf
ou demais linhas de financiamento, o Ministério garantiu
buscar alternativas para que o
produtor não venha a ter a
perda total em seu patrimônio
ou produção. “É obrigação do
governo resguardar o produtor e, nesse sentido, é necessário antecipar-se ao proble-
Muitos parreirais de uva tiveram perda total devido ao granizo
ma”, afirmou o ministro.
Também se definiu a criação
de um grupo de trabalho formado pelos ministérios da Agricultura e Desenvolvimento Agrário, Governo do Rio Grande do
Sul, Farsul, Fetag e Câmaras
Setoriais, para diagnosticar as
perdas e o montante das áreas
prejudicadas. “Vamos dar todo
o apoio com medidas emergenciais aos produtores atingidos
pelo granizo na Serra Gaúcha e
para toda a cadeia produtiva”,
adiantou Mendes. Quatro dias
após o granizo, o secretário de
Política Agrícola, Caio Rocha,
já havia se reunido com representantes do setor.
Mas, segundo Susin, as medidas emergenciais ainda não
estavam garantidas nos primeiros dias de janeiro. “Entendemos que o ministro havia solicitado uma avaliação de perdas
para definir auxílios além da
prorrogação de parcelas do financiamento e Proagro, que já
estão nos contratos. Mas, em
um segundo encontro, somente
com a Superintendência Regional do Ministério da Agricultura, nos foi informado que havia apenas essas medidas. Estamos em contato com a Secretaria de Política Agrícola para
buscar mais auxílio para os agricultores que perderam tudo e
não tinham seguro, nem fizeram
financiamento”, explica Susin,
acrescentando que as perdas
também atingiram pêssego,
ameixa e caqui. Já agrônomo do
escritório regional da Emater
em Caxias do Sul, Enio Todeschini, explica que não só a produção deste ano foi comprometida. “Os parreirais atingidos
terão, no máximo, 50% de capacidade de produção no ano
que vem. Além disso, haverá um
aumento do custo de produção,
pois os produtores terão que remanejar o pomar, fazendo repodas e realizando tratamentos
fitossanitários até o final do verão, para possibilitar a emissão
e maturação de novos galhos
produtivos para a safra futura
(2012/2013)”, afirmou.
Farsul participa das negociações para definir preço do fumo
A Comissão dos Produtores
de Tabaco, da qual a Farsul faz
parte, e representantes de oito
indústrias encontraram-se dia 13
de dezembro na sede da Fetag,
em Porto Alegre, para a primeira reunião de negociação do preço de comercialização da safra
atual do tabaco. Além do preço,
foram discutidas outras questões
para a compra e venda da safra.
Não houve acordo com relação a valores, e as negociações seguem em andamento.
Enquanto a Comissão dos Produtores de Tabaco pede correção de 9,9% sobre a tabela
aplicada na safra passada, as
empresas oferecem 4%. Os
produtores argumentam que receberam, em média, R$ 5,01
por quilo na safra passada, ao
passo que a indústria recebeu
na exportação, em média, R$
9,00 por quilo, 80% a mais.
“Apenas queremos negociar um
reajuste para recuperar as perdas e a inflação”, afirma Mauro
Flores, presidente do Sindicato
Rural de Candelária. “Esta safra precisa ser a do produtor.
As indústrias tiveram o seu ano,
agora é a vez de quem, de sol a
sol, produz o tabaco. Quando
é para defender o setor, o produtor está sempre à frente, sempre disposto a lutar. Ele precisa
e merece ter mais consideração.
Ele precisa voltar a ter remuneração adequada”, foi a posição
divulgada pela Comissão .
Paralelamente ao preço, a
Comissão reivindicou participação das indústrias no transporte da carga e no seguro, bem
como a garantia de pagamento
em 4 dias úteis e de compra de
toda a carga contratada. Os
produtores exigem também a
amostra de todas as classes
próximo à esteira, como determinado pelo Ministério da Agricultura. Em caso de desacordo,
a Emater seria o árbitro mais
indicado para resolver as pendências da classificação do
fumo, afirma Flores.
Além da insatisfação com
relação ao preço da safra, para
os agricultores, as empresas utilizaram artifícios como excesso
de umidade para achatar o valor pago ao produtor. O diretor
da Farsul, Marco Antônio dos
Santos, afirma que as indústrias
não atenderam à expectativa
dos produtores, que esperavam
agilidade já no início das negociações para não repetir a demora de
2010. Como nem todas as empresas apresentaram propostas, a
próxima reunião ocorrerá dia 17
de janeiro, em Santa Cruz. Até a
segunda quinzena de janeiro, os
produtores esperam comercializar
toda a safra 2011/2012.
Na outra ponta da cadeia
produtiva, a Agência Nacional
de Vigilância (Anvisa) propôs
duas consultas públicas acerca
da venda do cigarro já industrializado. A CP nº 112 proíbe
aditivos e mesmo a mistura dos
tipos de tabaco na fabricação
do cigarro, enquanto a CP nº
119 deseja proibir a exposição
e comercialização de cigarros
em estabelecimentos comerci-
ais que não sejam registrados
como tabacarias. Representantes da Comissão foram a Brasília defender os interesses dos
produtores. Segundo o presidente do sindicato de Candelária, o
debate foi positivo: “tinha muita
gente que não conhecia o processo todo, então nós mostramos que
há mais de 2 milhões de pessoas
envolvidas, incluindo o comércio
do cigarro”, avalia Flores.
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