1 O PAPEL DO PODER PÚBLICO NA PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE: UM ESTUDO DE CASO DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE JANEIRO ANAMARIA ALVAREZ XAVIER Orientadora: Prof. Maria Esther Entrega: 04/01/2012 2 O PAPEL DO PODER PÚBLICO NA PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE: UM ESTUDO DE CASO DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE JANEIRO Trabalho apresentado ao Instituto A Voz do Mestre (AVM) como prérequisito para a obtenção de Certificado de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Ambiental AUTORA: Anamaria Alvarez Xavier 3 Dedico este trabalho à minha filha, Raquel, razão e amor da minha vida. 4 AGRADECIMENTO(S) Agradeço à minha mãe, Annita, meu pai Jayro e a minha irmã, Maria Rosa, o apoio incondicional ao longo deste último ano, a compreensão e o incentivo nos momentos de insegurança e dificuldades. Agradeço aos meus colegas de trabalho no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro que me motivaram e me apoiaram ao longo deste curso e durante a realização deste trabalho, em especial à Fernanda Nunes, José Álvaro Manhães e Guilherme Werneck, grandes amigos e incentivadores. Agradeço aos integrantes da “Equipe Ambiental” do TRE/RJ, especialmente à sua Presidente, Flávia Vidal, que sempre me atendeu gentilmente, sendo uma grande colaboradora para a realização deste estudo. Agradeço, ainda, a todos os servidores do TRE/RJ que cederam preciosos minutos de suas vidas respondendo ao questionário de pesquisa, o que permitiu o enriquecimento do presente estudo. A todos, o meu muito obrigada! 5 “Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é apenas um fio dela. Tudo que ele faz à trama, ele faz a si mesmo.” CHEFE SEATTLE (1786-1866) 6 RESUMO O presente estudo de caso propôs-se a identificar as ações implementadas no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro em favor da sustentabilidade, bem como conhecer a percepção que o servidor tem em relação à atuação do Órgão. A hipótese aventada relacionou o aumento do nível de escolaridade e o grau de vínculo com a Administração do TRE/RJ, aferidos por meio tempo de serviço junto ao Tribunal, como variáveis influenciadoras do aumento da percepção dos servidores quanto à sustentabilidade ser um valor para o Tribunal. Procedeu-se a uma pesquisa bibliográfica e documental, seguida de realização de pesquisa quantitativa com os servidores da Casa e realização de entrevista qualitativa aberta com a responsável pela “Equipe Ambiental” do TRE/RJ. Observou-se que a atuação do Órgão acontece em várias frentes ambientais, destacando-se a coleta seletiva de resíduos, a reciclagem de cartuchos de impressora e importância dada a educação ambiental. Quanto à percepção dos servidores, verificou-se que há o reconhecimento da importância da sustentabilidade para o TRE/RJ e que o nível de escolaridade influenciou nessa percepção ou na participação junto às ações empreendidas. No entanto, o tempo de serviço junto ao TRE/RJ, na maioria das vezes, revelou-se uma variável sem importância no reconhecimento dos servidores em relação à atuação do TRE/RJ e em seu comprometimento com as diretrizes ambientais do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro. 7 INTRODUÇÃO A degradação do meio ambiente não perturba mais apenas aos cientistas conscientes ou aos ambientalistas radicais. Atualmente tal tópico é assunto discutido pela população de modo geral em quaisquer lugares e situações. A causa desse crescente interesse é a conscientização globalizada através de um maior acesso às informações via mídia. A atual geração tem, desta forma, conhecimento de catástrofes naturais e ambientais em tempo real: enchentes, maremotos, furacões, vazamentos de óleo e nucleares entre outras. Imagens chocantes de fome, doenças e morte. Os ambientalistas vêm, há décadas, alertando acerca dos riscos dos efeitos do desenvolvimento desenfreado e que, em sua frenética busca pelo progresso, as nações vêm provocando mudanças climáticas significativas. Uma séria mudança cultural se faz, portanto, necessária com urgência. A consciência de que preservar é responsabilidade de todos, pessoas, populações e nações, e de que o desenvolvimento tem um custo se faz premente. Dentro deste contexto, papel de crucial importância vem sendo desempenhado pela ONU - Organização das Nações Unidas – ao implantar ações que comprometem as nações-estado com um nível de desenvolvimento sustentável equilibrado e responsável. Desenvolvimento sustentável, no caso, é aquele capaz de satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias. Este é o conceito mais aceito e difundido, tendo sido cunhado pelo Relatório de Brundtland, documento denominado “Nosso Futuro Comum”, publicado em 1987 e elaborado pela Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Tal conceito embute clara noção de responsabilidade do cidadão. E, considerando o poder regulador das nações, maior ainda é a 8 responsabilidade destas, que necessitam, sem descuidar da preservação ambiental, garantir, também, seu desenvolvimento econômico. A partir do evento da ECO 92, Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – CNUMAD, no Rio de Janeiro em 1992, a ONU conseguiu enorme progresso em suas ações. No entanto, segue monitorando as metas fixadas e ampliando o escopo e o número de nações envolvidas através de novas conferências cuidadosamente. Em atendimento aos compromissos firmados com a ONU neste sentido o Brasil adotou a Agenda 21. Esta estabelece a importância do comprometimento de cada nação em pensar, mundial ou localizadamente, sobre como colaborar com o estudo de soluções sócio-ambientais, sendo, portanto, um excelente instrumento de planejamento, visando um novo paradigma econômico. A Agenda 21 começa a apresentar efeitos relevantes no Brasil. Podemos percebê-los através da adoção da causa sócio-ambiental como critério ético por grandes empresas e alguns estados federativos, também, vêm se destacando pela utilização deste mesmo critério em todas as áreas de seus governos. A A3P – Agenda Ambiental da Administração Pública – traz os conceitos da Agenda 21 para a Administração Pública, gerando uma rede capilar de ações sócio-ambientais públicas em apoio a idéia do desenvolvimento sustentável. Cabe ressaltar que o presente estudo versa somente sobre ações que se relacionem diretamente com a vertente ambiental do desenvolvimento sustentável, sem se deter em análises sobre as vertentes sociais e econômicas atinentes ao mesmo conceito. Assim sendo, neste contexto apresentado, a intenção deste estudo de caso é esclarecer a seguinte problemática: o que o TRE/RJ – Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro – está fazendo para promover a sustentabilidade e como suas ações são percebidas por seus servidores? Levanta-se, como hipótese, a possibilidade de uma maior percepção da atuação do Órgão e um maior comprometimento por parte dos 9 servidores com maior nível de escolaridade e grau de vinculação com a Administração Pública, sendo este último avaliado pelo tempo de serviço/admissão em concurso. Pretende-se, então: - identificar os projetos desenvolvidos pelo TRE/RJ visando à criação de uma consciência ambiental nos seus servidores e a redução do impacto ambiental que produz; - verificar se os servidores percebem a sustentabilidade como um valor para o Tribunal e se os níveis de escolaridade e de envolvimento com o Órgão influenciam esta percepção; - atestar se as iniciativas ambientais propostas influenciam o servidor fora do ambiente laboral. Espera-se demonstrar com este estudo de caso a relevância da adoção de critérios ambientais em órgãos públicos e o poder que essas instituições possuem de não apenas educar e conscientizar seus colaboradores, mas também de promover uma redução nos impactos causados no meio ambiente. O presente trabalho foi estruturado em cinco capítulos. No primeiro capítulo, abordam-se a origem e o desenvolvimento do Poder Público até os dias atuais e a sua legitimidade em regular, fiscalizar e promover o uso sustentável do meio ambiente. Ademais, discorre-se sobre a criação da legislação ambiental brasileira. No segundo capítulo, expõe-se o desenvolvimento do conceito de sustentabilidade, com suas dimensões e sua aplicação no Brasil e, mais especificamente, na Administração Pública. No terceiro capítulo, apresenta-se o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, órgão objeto do presente estudo de caso, com seu histórico, suas atribuições, composição e funcionamento e como seu planejamento estratégico relaciona-se com o tema da sustentabilidade. São ainda caracterizados os pilares da atuação do TRE/RJ em favor da sustentabilidade, bem como as principais ações em curso no Órgão. 10 No quarto capítulo, descreve-se a metodologia empregada neste estudo, detalhando-se os tipos de pesquisas realizadas, a população e a amostra definida e as premissas para a elaboração do questionário. No quinto capítulo, procede-se à descrição, apresentação e análise dos dados obtidos. Por fim, apresentam-se as conclusões obtidas com o presente estudo de caso. 11 SUMÁRIO INTRODUÇÃO I - O PAPEL NORMATIZANTE DO PODER PÚBLICO II - A SUSTENTABILIDADE III - O TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE JANEIRO IV - METODOLOGIA EMPREGADA NO ESTUDO DE CASO DO TRE/RJ V - ANÁLISE DOS RESULTADOS CONCLUSÃO REFERÊNCIAS ANEXOS 12 CAPÍTULO I O PAPEL NORMATIZANTE DO PODER PÚBLICO Desde o princípio, ao viver em coletividade, para sobreviver, a humanidade organizou-se e estabeleceu as regras que lhe permitiu conviver em harmonia. 1.1 Do Papel Normatizante Para viver em sociedade, em tempos modernos, é necessário o estabelecimento de normas jurídicas que regulem a liberdade humana em prol da coletividade. As diretrizes do comportamento humano aceitáveis na vida social são traçadas pelas normas de Direito, que delimitam a atividade humana e preestabelecem o campo dentro do qual se pode agir. (MIRANDA, 2004) Conforme ressalta Bastos (apud MIRANDA, 2004, p. 48) “um Estado não é senão uma modalidade muito recente na forma de a humanidade organizarse politicamente”. O Estado surge, então, da necessidade histórica de concentrar o “Poder” como forma de enfrentar os problemas, tendo um responsável visível pela solução dos mesmos. Apesar do surgimento do Poder de maneira centralizada, na figura, por exemplo, do monarca, a sociedade nunca deixou de existir, como força, ou mesmo de desempenhar seu papel na condução da vida humana. É por esse motivo que, dependendo do momento que vive a humanidade, se atribui maior ou menor poder ao Estado. Como nos mostra a história, na Europa pós-guerra surgiu e desapareceu o conhecido Estado do bem-estar social, cuja filosofia era a de propiciar ao cidadão o maior número de serviços possíveis. Por outro lado, a sociedade recobrou sua importância, o que acabou resultando na desconcentração dos Poderes do Estado, tendência também verificada nos dias atuais. (MIRANDA, 2004) 13 Dessa forma, como destaca o autor, para que o Estado possa cumprir sua finalidade precípua, que é conduzir a sociedade para atingir o bem comum, faz-se necessário que este se imponha sobre os interesses individuais (Miranda, 2004). O “poder” não se trata de faculdade do Estado, mas, na realidade, “a função administrativa é poder-dever, logo, os poderes só existem por que há deveres a serem cumpridos. Assim, os poderes são meros instrumentos...” (Velloso, 2009, p 19). Nesse sentido, Velloso (2009, p 19) além de ressaltar a instrumentalidade dos poderes do Estado, que se justificam em razão do desempenho da função administrativa, enfatiza que: “... o poder é atributo do cargo ou da função, e não da pessoa, é conferido para remoção de interesses particulares opostos aos coletivos, e não pode ser invocado fora do exercício das atribuições. É irrenunciável. A renúncia implicaria violação do princípio da indisponibilidade do interesse público.”. O uso das prerrogativas da Administração é legítimo se, quando e na medida do atendimento dos interesses do povo, considerando que nos Estados Democráticos o poder emana do povo e em seu proveito terá de ser exercido. Ao extrapolar seus limites configura-se abuso de poder. À manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado damos o nome de Poder Constituinte. O titular do Poder Constituinte é, portanto, a nação, visto que a titularidade do Poder está ligada a idéia de soberania do Estado. O poder constituinte originário estabelece sua organização fundamental pela Constituição. No entanto, em uma visão mais moderna, a titularidade do Poder Constituinte pertence, na verdade, ao povo, pois o Estado decorre da soberania popular, cujo conceito é mais abrangente do que o de nação. Enfim, a vontade do constituinte é a vontade do povo, que a expressa por meio de seus representantes. E é para assegurar a vontade deste mesmo povo que surge a Constituição ou Carta Magna de um Estado. 14 A Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988, apresenta claramente, em seu preâmbulo, o espírito de que é imbuída, a saber: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, promulgamos, com a sob solução a pacífica proteção de das Deus, controvérsias, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.” (CF, 1988) A organização do Estado é matéria constitucional à qual cabe a divisão política do território nacional, a estruturação dos Poderes, a forma de Governo, o modo de investidura dos governantes, os direitos e garantias dos governados. Portanto, o poder público é instituído, primeiramente, por meio da Constituição Federal, e é regulado, no que couber, por legislação infraconstitucional. Definidas as disposições constitucionais que moldam a organização política do Estado soberano, resta para a legislação infraconstitucional, estabelecer a organização administrativa das entidades estatais, de suas autarquias e empresas estatais, ordenar sua estrutura e pessoal e os atos que praticarão, sendo as mesmas criadas para a execução desconcentrada e descentralizada de serviços públicos e outras atividades de interesse coletivo, que são objetos do Direito Administrativo (Velloso, 2009). Nesse aspecto, Velloso (2009) ressalta que Estado e Administração não devem ser confundidos, já que expressam conceitos distintos em vários aspectos. Observa-se que tanto o Estado quanto a Administração, instituídos e regulados pela Constituição e pelas leis, atuam por meio de suas entidades, de seus órgãos e de seus agentes. 15 “O Estado se personifica como a República Federativa do Brasil, unidade política soberana constituída como um Estado Democrático de Direito, na forma do artigo 1º da Lei Maior, de caráter externo como pessoa jurídica de direito público internacional, enquanto que internamente se identifica pela composição indissolúvel da União, Estados, distrito Federa e Municípios, todos eles política e administrativamente autônomos, em seus respectivos espaços geográficos e setores de competência.” (Velloso, 2009, p 04). Já a Administração pode ser conceituada sob dois aspectos: em sentido formal (subjetivo ou orgânico), onde o conceito se verifica na seara estrutural da prestação estatal, ou no aspecto objetivo (funcional), como a própria função administrativa em si. (Velloso, 2009) Com base no exposto, conclui-se que o Estado trabalha para atingir o desenvolvimento e alcançar suas metas e objetivos, com base nos ditames e limites constitucionais e sempre na persecução dos interesses coletivos. A Administração Pública, por sua vez, pautada nos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade administrativa, da publicidade e da eficiência deve exercer a função administrativa, com o objetivo de atender concretamente às necessidades coletivas. Com relação à proteção ao meio ambiente, não se furta a Constituição Federal de atuar defensivamente, sendo inclusive expressa, através do artigo 225 do Capítulo IV – Do Meio Ambiente, in verbis: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”(CF, 1988) Note-se que a Constituição Federal, ao garantir a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, define a responsabilidade como sendo não apenas do Poder Público, mas também da coletividade, tendo ambos o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 16 gerações. Define, também, a proteção ao meio ambiente como “um bem autônomo, que merece proteção por si só, independentemente do interesse humano”. (Leite/Pitali, 2011, p. 12) Ademais, dentre as incumbências do Poder Público, para a garantia desse direito, destaca-se a prevista no inciso VI do § 1º do mencionado artigo: Art. 225 “§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...]VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; “ (CF, 1988) (grifo nosso) Dessa maneira, o Estado deve atuar de forma sistemática, seja na instituição de normas legais que regulem a matéria em suas várias esferas, seja na instituição de políticas públicas, por meio dos trabalhos executados pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA, para efetivamente promover a proteção do meio ambiente e criar uma consciência coletiva desta necessidade urgente. 1.2 Legislação Aplicada ao Meio Ambiente A legislação ambiental brasileira formada por leis, decretos e resoluções. Segundo especialistas, o Brasil está entre os países que possuem os melhores conjuntos de leis ambientais do planeta. “O Estado de direito ambiental é um conceito de cunho teórico-abstrato que abarca elementos jurídicos, sociais e políticos na busca de uma situação ambiental ecologicamente sustentável. O Estado de direito ambiental pauta-se, fundamentalmente, nos princípios da precaução e da prevenção, na democracia participativa, na educação ambiental, na equidade intergeracional, na transdiciplinaridade e na responsabilização ampla dos poluidores, com adequação de técnicas jurídicas salvaguarda do bem ambiental” (Leite/Pilati, 2011, p. 10) para 17 Os instrumentos que tornaram este Estado de direito ambiental possível e foram responsáveis pela sua estruturação foram, no Brasil, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81), a lei da ação Civil Pública (Lei n. 7.347/85) e a Constituição Federativa do Brasil de 1988. Estas estabeleceram princípios próprios e uma política definida de proteção ao meio ambiente. (Leite/Pilati, 2011) A Constituição Federal, promulgada em 1988, dedicou todo um capítulo à proteção ao meio ambiente (Capítulo VI - Do Meio Ambiente) e, no seu todo, possui 37 artigos relacionados ao Direito Ambiental. O texto constitucional estabeleceu uma série de obrigações no que diz respeito à preservação e recuperação dos ecossistemas, à preservação do patrimônio genético, à educação ambiental, à definição de áreas a serem protegidas e à exigência de estudos de impacto ambiental para instalação de atividade econômica que possa causar significativa degradação ao meio ambiente. Para regulamentar parte do art. 225 da Constituição Federal foi promulgada a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC. Esta foi o primeiro instrumento legal a elencar e definir, com precisão, diferentes espécies de espaços territoriais protegidos e a estabelecer normas distintas para a sua proteção. Determinou, também, que a criação de novas unidades de conservação somente pode ocorrer após a realização de estudos técnicos e consultas públicas, numa tentativa de extirpar a prática dos “parques de papel”. A Política Nacional do Meio Ambiente é a mais importante lei ambiental do Brasil. Esta Lei, a n. 6.938/81, define, finalmente, que o poluidor é obrigado a indenizar pelos danos que causar, independentemente de culpa. Permite ao Ministério Público propor ações de responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, impondo ao poluidor obrigação de recuperar e/ou indenizar por prejuízos causados (princípio do poluidor/pagador). Criou ainda a obrigatoriedade de realização de Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), que devem ser feitos antes de implantação de quaisquer atividades econômicas que afetem o meio ambiente, detalhando os impactos 18 positivos e negativos desta implantação e, hoje, a aprovação deste relatório é imprescindível para tal. Merece ser mencionada em destaque, também, a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, regulamentada pelo Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, o qual dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Dessa forma, substitui todas as sanções criminais dispostas de forma esparsa em vários textos legais referentes à proteção ambiental. Todo um sistema de órgãos federais está destinado a atribuir eficácia à legislação ambiental, e, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, protege, fiscaliza e implementa ações que visem à adequada utilização dos recursos naturais e à promoção do desenvolvimento sustentável. Outros instrumentos legais fazem parte da Legislação Ambiental Brasileira ou dão grande enfoque ao desenvolvimento sustentável. São eles, por ordem de publicação: a. Decreto nº 99.658, de 30 de outubro de 1990 – Regulamenta, no âmbito da Administração Pública Federal, o reaproveitamento, a movimentação, a alienação e outras formas de desfazimento de material b. Decreto nº 563, de 5 de junho de 1992 – Institui o Programa para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil e cria a Comissão de Coordenação. c. Decreto nº 2.783, de 17 de setembro de 1998 – Dispõe sobre a proibição de aquisição de produtos ou equipamentos que contenham ou façam uso das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio – SDO – pelos órgãos e pelas entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. d. Lei nº 10.295, de 17 de outubro de 2001 – Dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia. e. Decreto nº 4.059, de 19 de dezembro de 2001 – Regulamenta a Lei nº 10.295/2001, que dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia. 19 f. Decreto nº 4.131, de 14 de fevereiro de 2002 – Dispõe sobre medidas emergenciais de redução de consumo de energia elétrica no âmbito da Administração Pública Federal. g. Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006 – Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências. h. Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009 – Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima. i. Instrução Normativa nº 01/SLTI, de 19 de janeiro de 2010 – Dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional j. Instrução Normativa nº 02/SLTI, de 16 de março de 2010 – Dispõe sobre as especificações-padrão de bens de Tecnologia da Informação no âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. k. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 – Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.. Em que pesem os instrumentos legais apresentados, cabe ressaltar a existência de diversos outros que instituem políticas, regulamentam leis e tornam a legislação ambiental brasileira tão completa. A despeito de tantos esforços, porém, o Brasil continua sofrendo com a degradação ambiental. A problemática consiste no fato de que o Brasil não possui a estrutura apropriada para aplicar essa legislação, ou seja, falta a adequada fiscalização, falta vontade política, falta a correta divulgação das normas envolvidas, e, principalmente, faltam investimentos para educação ambiental e conscientização da população. Esta ausência do Estado traz conseqüências funestas para o meio ambiente e para a qualidade de vida da sociedade, que deveria exigir o correto cumprimento da legislação existente para o seu próprio bem e o das futuras gerações. 20 CAPÍTULO II A SUSTENTABILIDADE “Sustentável” é termo corrente e de fácil compreensão. É sustentável tudo que se pode manter, é insustentável o que não se pode. Ao se combinar, porém, com outra palavra corrente, desenvolvimento, a expressão resultante – desenvolvimento sustentável – dificulta a compreensão para a maioria. No entanto, o conceito é claro: é aquele desenvolvimento que se pode manter no tempo, defender com argumentos e seguir por consciência e opção. O termo “sustentabilidade” apresenta algumas vantagens, como o de definir de qual das três vertentes do desenvolvimento sustentável, a ambiental, a social ou a econômica, está em estudo. Propriamente, neste caso concreto, a ambiental. (Rosa, Prefácio, Fernandes, 2002) 2.1 Origem e Desenvolvimento do Conceito A partir da segunda metade do século XIX, podem ser percebidas as raízes de um movimento popular voltado para o ambientalismo, tanto na Europa quanto nos EUA. O crescente interesse pela história natural, o Romantismo, as descrições dos então chamados “viajantes naturistas”, a industrialização e urbanização crescentes e a correspondente degradação ambiental, geraram o surgimento das primeiras iniciativas voltadas a proteção ambiental. Na verdade, a preocupação ambiental mais política não nasceu na Europa ou mesmo nos EUA, mas sim nas áreas coloniais, onde eram implantadas práticas de exploração maciças e predatórias, e de onde os ideais iniciais foram exportados. (Pelicioni, cap 12, Philippi Jr, Romero, Bruna, 2011) Neste período, há um bipartidarismo ambiental nos EUA entre preservacionistas e conservacionistas. Os preservacionistas se preocupavam em proteger espécies e preservar áreas específicas. Os conservacionistas defendiam a “exploração racional”, através de um manejo planejado e 21 adequado dos recursos naturais. (Pelicioni, cap 12, Philippi Jr, Romero, Bruna, 2011) A primeira grande questão ambiental, em termos globais, foi o perigo nuclear, potencializada pelos testes nucleares no pós-guerra. Até então não havia um trabalho conjunto entre ambientalistas e movimentos sociais pelos direitos civis. Seus valores e seguidores eram distintos. Aos poucos, porém, um número cada vez maior de pessoas se reúnem em torno de questões relativas ao meio ambiente, à qualidade de vida e à cidadania como um todo. (Pelicioni, cap 12, Philippi Jr, Romero, Bruna, 2011) As manifestações populares atingem o auge em 1968. Na França; no Brasil; na Tchecoslováquia, no mundo todo se protesta, e, então: “Em setembro de 1968, com a finalidade de avaliar os problemas do meio ambiente global e sugerir ações corretivas, foi organizada a Conferência Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação Racionais da Biosfera, ou, simplesmente, Conferência da Biosfera, pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do órgão responsável pela Educação, Ciência e Cultura (Unesco); contou-se com a colaboração da Organização pela Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), da Organização Mundial da Saúde (OMS), da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recusros Naturais (UICN) e do Conselho Internacional das Uniões Científicas.” . (Pelicioni, cap 12, Philippi Jr, Romero, Bruna, 2011 – p 442) Esta Conferência acaba se realizando em Estocolmo, em 1972, e ficou marcada pelo confronto de idéias entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. A ONU é reconhecida como o principal fórum de debates entre as Nações. Enquanto os países desenvolvidos estavam preocupados com os efeitos da devastação ambiental da Terra e propunham um programa internacional voltado para a conservação dos recursos naturais do Planeta, pregando que 22 medidas preventivas deveriam ser urgentemente implantadas para evitar grandes desastres ecológicos; os países em desenvolvimento argumentavam que, assolados pela miséria, precisavam crescer e desenvolver-se rapidamente, além de questionarem a legitimidade com que os países ricos faziam tais recomendações, tendo em vista que eles já haviam crescido fazendo uso predatório dos recursos naturais. Apesar de restrito a temas voltados para os recursos biológicos, nesta Conferência a noção de ecossistema mundial surge com força. A visão limitada de conservação através de “santuários” é trocada por um conceito mais complexo, que inclui o ser humano na natureza e o desenvolvimento da civilização. O resultado mais importante, porém, foi a ênfase no caráter interrelacionado do meio ambiente e o reconhecimento de que os problemas ambientais não respeitam fronteiras. (Pelicioni, cap 12, Philippi Jr, Romero, Bruna, 2011) Outros resultados importantes, foram: - O surgimento do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente); - a produção da “Declaração do Maio Ambiente Humano”; - a recomendação para a realização de uma conferência específica para a Educação Ambiental (Workshop de Belgrado, 1975); - a formação da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento e - o “Relatório Nosso Futuro Comum” (Relatório Brundtland). Vinte anos depois de Estocolmo, a ONU promoveu, no Rio de Janeiro, uma nova Conferência, a da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92, Eco 92 ou Cúpula da Terra). A intenção era a de avaliar a promoção da proteção ambiental pelos países envolvidos desde a primeira conferência e, também, para discutir como encaminhar algumas questões específicas (mudanças climáticas, a proteção da biodiversidade, etc...). (Pelicioni, cap 12, Philippi Jr, Romero, Bruna, 2011) Apesar da maior crítica feita a Rio 92, a de que não foram discutidas, de maneira efetiva, as reais causas estruturais dos problemas ambientais (o 23 desenvolvimento econômico, os valores sociais, as relações de poder e outros), esta foi responsável pela assinatura de cinco importantes documentos, a saber: a- Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – carta contendo 27 princípios, que visam estabelecer um novo estilo de vida do homem na Terra, por meio da proteção dos recursos naturais e da busca do desenvolvimento sustentável e de melhores condições de vida para todos os povos. b- Agenda 21 – plano de ação a ser implementado pelos governos, agências de desenvolvimento, organizações das Nações Unidas e grupos setoriais independentes em cada área onde a atividade humana afeta o meio ambiente. A execução deste programa deverá levar em conta as diferentes situações e condições dos países e regiões e a plena observância de todos os princípios contidos na Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Tratase de uma pauta de ações à longo prazo, estabelecendo os temas, projetos, objetivos, metas, planos e mecanismos execução para diferentes temas da Conferência. c- Princípios para a Administração Sustentável das Florestas – primeiro tratado a cuidar da questão florestal de maneira universal. Visa a implantação da proteção ambiental de forma integral e integrada. Todas as funções das florestas estão descritas no texto e são sugeridas medidas para a manutenção de tais funções. d- Convenção da Biodiversidade – cujos objetivos estão expressos em seu art. 1º: “Os objetivos dessa Convenção, a serem observados de acordo com as disposições aqui expressas, são a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e a divisão equitativa e justa dos benefícios gerados com a utilização de recursos genéticos, através do acesso apropriado a referidos recursos, e através da transferência apropriada das tecnologias 24 relevantes, levando-se em consideração todos os direitos sobre tais recursos e sobre as tecnologias, e através de financiamento adequado.” e- Convenção sobre Mudança do Clima – destaca a preocupação quanto às atividades humanas estarem causando uma concentração na atmosfera de gases de efeito estufa, que resultará num aquecimento da superfície da Terra e da atmosfera, o que poderá afetar adversamente ecossistemas naturais e a humanidade. Seus objetivos são: - estabilizar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que possa evitar uma interferência perigosa com o sistema climático; - assegurar que a produção alimentar não seja ameaçada e - possibilitar que o desenvolvimento econômico se dê de forma sustentável. Dez anos depois da Rio 92, a ONU promoveu um novo encontro, a “Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável”, para analisar os progressos alcançados pelos acordos firmados, fortalecer os compromissos e identificar novas prioridades. (Pelicioni, cap 12, Philippi Jr, Romero, Bruna, 2011) Este encontro ocorreu em Johannesburgo (África do Sul), em 2002, e foi responsável pela assinatura de mais dois importantes documentos: o Plano de Implementação e a Declaração Política. Entre as recomendações contidas no Plano de Implementação, destaca-se, para este estudo, a seguinte: “18. Incentivar as autoridades competentes de todos os níveis para que levem em consideração as questões do desenvolvimento sustentável na tomada de decisões, inclusive no planejamento do desenvolvimento nacional e 25 local, os investimos em infra-estrutura, desenvolvimento empresarial e aquisições públicas.” É possível perceber, assim, que a questão do desenvolvimento sustentável é uma preocupação mundial e que os governos estão envolvidos e comprometidos com uma mudança significativa, embora ainda existam resistências. O grande desafio é transferir a discussão do patamar externo para o interno. Cada nação tem a obrigação, em razão dos compromissos assumidos nas Conferências mencionadas, de fazer sua parte para a diminuição dos padrões insustentáveis de desenvolvimento. É nesse contexto que a atuação do governo merece destaque. O desenvolvimento do conceito de sustentabilidade e a sua efetiva aplicação no Brasil somente ocorrerão com a criação e, principalmente, com a implementação de políticas públicas que promovam uma mudança de cultura em todos os níveis da sociedade, em favor do crescimento sustentável. 2.2 As Dimensões da Sustentabilidade Embora o presente estudo tenha foco apenas na sustentabilidade ambiental, é importante ressaltar que o conceito de desenvolvimento sustentável está amparado em três pilares: a sustentabilidade social, a sustentabilidade econômica e a sustentabilidade ambiental, a saber: “1. Sustentabilidade social – Alcançada apenas através de uma participação sistemática da comunidade e por uma forte sociedade civil. Coesão da comunidade, identidade cultural, diversidade, solidariedade, empenhamento, tolerância, humildade, compaixão, paciência, indulgência, camaradagem, fraternidade, instituições, amor, pluralismo, conceitos normalmente aceites de honestidade, leis disciplina, etc. constituem a parte do capital social menos sujeita a uma medição rigorosa, excepto no que se refere à sustentabilidade social. Este “Capital Moral” como alguns o denominam, requer manutenção e 26 renovação através da partilha de valores e iguais direitos, e por interacções ao nível comunitário, religioso e cultural. Sem este cuidado ele irá depreciar-se, da mesma forma que certamente ocorrerá com o capital físico. O capital humano – investimentos na educação, saúde, e nutrição de cada indivíduo – é actualmente aceite como parte do desenvolvimento econômico, mas a criação de capital social como uma necessidade do desenvolvimento sustentável não é ainda adequadamente reconhecida. 2. Sustentabilidade econômica – O capital econômico deve ser estável. A definição largamente aceite de sustentabilidade econômica é “manutenção do capital”, ou manter o capital intacto. Nesse contexto a definição de Hicks de rendimento – “a quantidade que cada um pode consumir durante um período e continuar a estar tão bem como no início desse período” – pode definir sustentabilidade econômica, já que o desenvolvimento se baseia no consumo dos rendimentos e não do capital. A economia raramente se preocupou com o capital natural (por ex. florestas preservadas, ar limpo). Para os critérios econômicos tradicionais de distribuição e eficiência, tem de ser adicionado um terceiro, o de escala. O critério de escala irá controlar, através do processo de crescimento, o fluxo de materiais e energia (capital natural) das fontes ambientais para os sumidouros. A economia avalia as coisas em termos monetários e está, por esse motivo a ter as maiores dificuldades em avaliar o capital natural – intangível, intergeracional e especialmente, recursos de acesso comum, como o ar. Porque as pessoas e as irreversibilidades estão em jogo, a economia precisa de usar o princípio da antecipação e da precaução rotineiramente e deveria passar a errar do lado da cautela em face da incerteza e do risco. 3. Sustentabilidade ambiental – Embora a sustentabilidade ambiental seja necessária ao homem e originada por preocupações sociais, ela procura, essencialmente aumentar o bem-estar humano, ao proteger as fontes de matérias-primas usadas para as suas necessidades e 27 assegurar que os sumidouros dos seus resíduos não sejam utilizados para além das suas capacidades, de modo a prevenir danos futuros para a comunidade humana. A humanidade tem de aprender a viver dentro das limitações do seu ambiente biofísico. Sustentabilidade ambiental significa que o capital natural tem que ser preservado, que como providenciador de recursos (“fontes”), quer como um sumidouro para os resíduos. Isto significa manter a escala do subsistema econômico humano dentro dos limites biofísicos do ecossistema global de que depende. Sustentabilidade ambiental necessita de consumo sustentável. Do lado dos sumidouros isso significa a manutenção das emissões de resíduos dentro das capacidades assimilitivas do ambiente sem o enfraquecer. Do lado das fontes, as taxas de recolha de recursos renováveis têm de ser mantidas dentro do limiar da renovabilidade. Os recursos não renováveis não podem ser tornados completamente sustentáveis, mas, comportamentos quase sustentáveis ambientalmente podem ser desenvolvidos para recursos não renováveis, através da manutenção das suas taxas de depleção em harmonia com a taxa de criação de substitutos renováveis.” (FERNANDES, 2002, pgs.30/2). 28 CAPÍTULO III O TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE JANEIRO A Justiça Eleitoral do Brasil foi criada pelo Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, uma inovação apresentada pela Revolução de 30. Neste ano foi promulgado o primeiro Código Eleitoral brasileiro, inspirado na Justiça Eleitoral checa e nas idéias do político Assis Brasil. 3.1 História, Criação e Competências Na fase inicial de desenvolvimento (1932-1937) foram organizados três pleitos: - 1933 – eleitos constituintes nacionais; - 1934 – eleitos constituintes estaduais; - 1935 – eleitos prefeitos e vereadores. Em 1938 deveria ocorrer, então, o pleito presidencial, porém, em 1937, Getúlio Vargas outorgou uma nova Constituição, que não recepcionou a justiça Eleitoral, extinguindo-a temporariamente. Com o fim do Estado Novo, o Decreto-Lei nº 7.586, de 28 de maio de 1945, determinou, novamente, a criação da Justiça Eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral – TSE – é criado em 02 de junho deste mesmo ano e, já em 02 de dezembro, são realizadas eleições presidenciais e para a formação da nova Assembléia Nacional Constituinte. A Carta Política de 1946 recepciona da Justiça Eleitoral novamente, porém, a partir do Golpe Militar de 1964, esta passa a ter uma função quase que decorativa. Organiza pleitos para prefeitos e vereadores, mas apenas em municípios que não sejam considerados “estratégicos” (capitais de estado, bases militares, etc.). 29 Desde a primeira eleição pós-redemocratização (1986) até a última realizada (2010), foram realizados 15 pleitos nacionais, entre regulares, referendos (2005) e plebiscitos (1993). Em 1989 é realizada a primeira eleição presidencial pós-ditadura militar. A informática foi implantada de maneira progressiva na Justiça Eleitoral. Primeiro, informatizaram os processos de totalização dos resultados, depois, em 1986, recadastraram nacionalmente os eleitores e, finalmente, instituíram o voto eletrônico. Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, a Justiça Eleitoral tem sua existência e regulamentação determinada pelos artigos 118 a 121 da mesma, sendo que: “Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.” Tal Lei complementar não foi instituída até a presente data. Temos, portanto, como principais leis a reger o Direito Eleitoral: - Código Eleitoral de 1965; - Lei dos Partidos Políticos de 1995; - Lei 9.504 de 1997; - Lei 12.304 de 2009 e - Resoluções Normativas do TSE (regulam as eleições com força de lei). São funções da Justiça Eleitoral: - Regulamentar o processo eleitoral por meio de Instruçôes, com força de lei (art. 1º, $ único, Código Eleitoral de 1965); - administrar corretamente este mesmo processo, conforme suas próprias regulamentações; - vigiar o correto cumprimento das normas jurídicas que regem o período eleitoral; - fiscalizar as contas das campanhas eleitorais; - julgar todo contencioso eleitoral; - punir os que desrespeitem a legislação eleitoral. Porém, o que distingue a Justiça Eleitoral é o poder de: 30 - expedir instruções para execução da lei eleitoral; - responder consultas sobre matéria eleitoral e - julgar ações judiciais contra os próprios atos. A Justiça Eleitoral não possui quadro próprio de magistrados, e vale-se, portanto, de juízes de outros Tribunais, de membros da advocacia e/ou mesmo de cidadãos idôneos para a composição dos seus órgãos. O Tribunal Superior Eleitoral coordena toda a Justiça Eleitoral e é o órgão responsável pelas eleições presidenciais. Os Tribunais Regionais Eleitorais coordenam as atividades da Justiça Eleitoral no Estado ou Distrito Federal. Respondem pelas eleições que abranjam a circunscrição estadual ou regional (caso do Distrito Federal). Haverá um TRE na capital de cada Estado e um no Distrito Federal (art 120, CF 88). Este mesmo artigo, em seu §1º, prevê a composição do TRE da seguinte forma: § 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. 31 A História da Justiça Eleitoral brasileira, portanto, caminha, sendo paralela e próxima, com a História da Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro. Neste Estado se instalou, em 20 de maio de 1932, o Tribunal Superior Eleitoral. Quando foram criados os Tribunais Regionais Eleitorais, também se instalaram as primeiras dessas Cortes no País: O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal e, simultaneamente em Niterói, o Tribunal Regional Eleitoral do Estado Rio de Janeiro. Com a fusão dos Estados, estes se tornaram um só. 3.2 Missão, Visão e Valores Institucionais do TRE/RJ O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro adota uma gestão estratégica baseada na idéia de modernização do sistema judicial. Desta forma o Órgão estabelece uma visão estratégica de longo prazo e alinha suas diretrizes organizacionais à execução de ações concretas. (Intranet do TRE/RJ) “CAPÍTULO II DA GESTÃO ESTRATÉGICA Art. 2º - A Administração deverá atuar de modo estratégico e empreendedor, de forma que a gestão se caracterize por ações proativas e decisões tempestivas, com foco em resultados e na satisfação de jurisdicionados e usuários, a par da correta aplicação dos recursos públicos. Art. 3º - As ações serão estruturantes e sinérgicas e deverão ensejar a construção de novos paradigmas, a agregação de valores e a fundamentação das atividades nos aspectos relevantes da disseminação qualidade, de na práticas cultura bem da eficiência sucedidas e na de gestão”.(Regulamento Interno – Intranet – TRE/RJ) Definir a missão, a visão e os valores da organização são ações imprescindíveis para se definirem os caminhos que a Instituição deve seguir. Nesse sentido, o Plano Estratégico do TRE/RJ ,aprovado através da Resolução 32 720/09, apresenta o modelo de gestão a ser seguido pelo Tribunal pelos próximos cinco anos e determina a missão, a visão e os valores da Casa da seguinte maneira: Missão - “Garantir a legitimidade do processo eleitoral e o livre exercício do direito de votar e ser votado, a fim de fortalecer a democracia.” Visão - “Ser reconhecido pela prestação de serviços eleitorais de qualidade por meio da gestão efetiva de seus processos internos.” Valores Institucionais - “Autodesenvolvimento: assumir a responsabilidade de desenvolver-se continuamente, de forma a contribuir para o seu crescimento pessoal e profissional, bem como para o desempenho organizacional. - Comprometimento: atuar com dedicação, empenho e envolvimento em suas atividades. - Cooperação: Trabalhar em equipe, compartilhando responsabilidades e resultados. - Ética: agir com honestidade e integridade em todas as suas ações e relações. - Inovação: propor e implementar soluções novas e criativas para atividades, processos e/ou rotinas de trabalho. - Orgulho Institucional: sentir-se satisfeito em fazer parte da instituição. - Presteza: entregar resultados com rapidez e qualidade. - Responsabilidade Socioambiental: adotar os critérios sociais e ambientais nas ações do dia a dia. - Transparência: praticar atos com visibilidade plena no desempenho de suas atribuições.” (Intranet – TRE/RJ) 33 3.3 O Planejamento Estratégico do TRE/RJ e a Sustentabilidade A crescente preocupação mundial com as questões ambientais tem sido fator determinante para a implementação de políticas públicas e de ações por parte de diversos segmentos da sociedade. No âmbito da administração pública brasileira, a situação não se mostra diferente. A par da importância de seu papel nesse contexto, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, ao aprovar seu Plano Estratégico para o período de 2010 a 2014 (Resolução n° 720/2009), consignou a Responsabilidade Social e Ambiental como Valor Institucional a ser oferecido à Sociedade. A inclusão do tema “Responsabilidade Socioambiental” como Valor Institucional no Planejamento Estratégico do TRE/RJ reflete uma resposta do Poder Judiciário à crescente demanda da sociedade pela adoção de critérios de sustentabilidade na Administração Pública. Nesse aspecto, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ, órgão do Poder Judiciário, criado em 2004 e encarregado de controlar as atividades administrativas e financeiras dos Tribunais, bem como o planejamento e a gestão estratégica daquele Poder, expediu a Recomendação nº 11, de 22 de maio de 2007, em que recomenda que sejam adotadas políticas públicas para a formação e recuperação de um ambiente ecologicamente equilibrado, além da conscientização dos servidores e jurisdicionados quanto à necessidade de efetiva proteção ao meio ambiente. Recomenda, ainda, que sejam instituídas comissões ambientais nos Tribunais para o planejamento, elaboração e acompanhamento de medidas, com fixação de metas anuais. 34 3.4 O Desenvolvimento Sustentável no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro A preocupação com a sustentabilidade no TRE/RJ surgiu quando o Órgão percebeu que, em virtude das novas diretrizes definidas pelo Conselho Nacional de Justiça, deveria adotar uma posição ativa frente às questões ambientais. Diante desse novo contexto que se apresentava, o TRE/RJ decidiu constituir uma equipe multidisciplinar que tivesse como principais objetivos promover a sensibilização dos servidores para a responsabilidade socioambiental e implantar ações que traduzissem, na prática, esse conceito para o Órgão. 3.5 A Criação do Programa de Responsabilidade Socioambiental Com base nos dispositivos constitucionais e em observância à Resolução nº 11/07 do Conselho Nacional de Justiça, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro constituiu, por meio do Ato nº 317, publicado em 16 de julho de 2007, equipe de trabalho visando à implementação de um programa socioambiental. A medida foi prontamente implantada e a equipe de trabalho passou a ser conhecida por “Equipe Ambiental”. (Portal Ambiental – TRE/RJ). Composta por servidores de diversas áreas do Tribunal, a Equipe iniciou seus trabalhos visitando órgãos públicos que já desenvolviam ações ambientais, como o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, o Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região e o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Também foram visitados os trabalhos desenvolvidos na Recicloteca, no Galpão das Artes, na Associação de Catadores de Lixo Padre Navarro e no Instituto Philippe Pinel (Projeto Papel Pinel), dentre outros. (Portal Ambiental – TRE/RJ) 35 A partir das visitas, a Equipe propôs o início dos trabalhos através da implementação do “Projeto Coleta Seletiva”, por acreditar que este agregaria um conjunto de aspectos relevantes e seria capaz de despertar o interesse dos servidores para a importância da questão ambiental. O baixo custo de implementação, a visibilidade das ações e seus resultados e o impacto social do projeto foram os principais aspectos considerados. (Portal Ambiental – TRE/RJ). No dia 21 de setembro de 2007, Dia da Árvore, foi lançada a primeira campanha, a Campanha dos 3Rs, marco inicial do “Projeto Coleta Seletiva”. A campanha teve por objetivo sensibilizar e conscientizar os servidores sobre a relevância do combate ao desperdício e da redução do consumo de recursos naturais para, então, apresentar os benefícios da coleta seletiva, quando esgotados os esforços de redução e reutilização. (Portal Ambiental – TRE/RJ). Em 2008, foi realizada a I Semana do Meio Ambiente, ação que, em decorrência de seu êxito, passou a fazer parte do calendário de eventos do Tribunal. O eixo temático da proposta é a disseminação da importância do papel de cada um para a preservação ambiental. A programação, amplamente divulgada, é planejada a partir da avaliação dos resultados obtidos ao longo do ano e do grau de adesão dos servidores às práticas sustentáveis. Esta ação não foi realizada em 2011 por motivos alheios aos trabalhos da “Equipe Ambiental” e falta de aprovação, à época, da atual Administração. (Portal Ambiental–TRE/RJ). Em 2009, mais um passo foi dado. O Planejamento Estratégico do TRERJ para o período de 2010 a 2014, aprovado em dezembro, reconhece a Responsabilidade Social e Ambiental como Tema Estratégico e um dos atributos de valor que a Instituição quer entregar à Sociedade. A Agenda Ambiental, uma das iniciativas estratégicas contempladas no Plano, foi, então, desenvolvida pela Equipe e vem definindo o planejamento ambiental para os próximos cinco anos, com o objetivo principal de reduzir os impactos ambientais negativos causados pelas atividades desenvolvidas pelo Tribunal. Este projeto de Agenda Ambiental desenvolvido recebeu, em 2011, a 1º prêmio 36 na XI Mostra Nacional de Trabalhos da Qualidade no Poder Judiciário. (Portal Ambiental – TRE/RJ). Ao longo desses quatro anos, as ações socioambientais implementadas pelo TRE-RJ têm alcançado resultados muito positivos, atingindo um número cada vez maior de pessoas, interna e externamente, e transformando a cultura organizacional. O “Projeto Coleta Seletiva” contribui mensalmente com a composição da renda de aproximadamente 137 catadores. A economia de recursos públicos decorrentes das ações ambientais vem se tornando uma realidade. (Portal Ambiental – TRE/RJ). O lançamento do “Portal Ambiental” é mais uma iniciativa que busca ampliar a divulgação e facilitar o acesso às informações relativas à questão ambiental, contribuindo para a conscientização dos servidores e da população. (Portal Ambiental – TRE/RJ). 3.6 Algumas Ações em Favor da Sustentabilidade Ambiental Implantadas no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro 3.6.1 - Convênio com a Comlurb (empresa de recolhimento de lixo oficial do Município do Rio de Janeiro) para o recolhimento do lixo reciclável e a correta destinação deste através de sua destinação a Cooperativas Credenciadas de Catadores – considerando que, institucional e legalmente, o TRE/RJ não pode auferir verba, este Convênio foi a opção encontrada para concretizar o correto recolhimento do lixo reciclável gerado e sua destinação. Através de um sistema de coletores de lixo dispostos nas salas, copas e sanitários, há a separação de papel, recicláveis limpos e orgânicos. O lixo reciclável não é previamente selecionado, visto que os catadores das Cooperativas Credenciadas recebem por quilo de lixo “catado” e a pré-seleção deste desconfiguraria o serviço dos mesmos e impediria o recebimento do valor monetário correspondente. Apenas o papel, considerando que este sujo não pode sofrer reciclagem, é coletado em separado. (Portal Ambiental – TRE/RJ) 37 3.6.2 - Convênios com a Lexmark, a HP e a Xerox para recolhimento de cartuchos de impressora usados para reciclagem – Em 2009 foi firmado o primeiro destes Convênios, com a Lexmark, onde se firmou uma troca, numa proporção de 25 para 1, de recebimento de cartuchos novos na devolução dos usados para reciclagem. Depois, em 2010, o TRE-RJ começou a participar dos programas “HP Planet Partners” e “Programa Xerox de Devolução de Cartuchos Vazios”, através do primeiro programa milhões de cartuchos de tinta e toners originais HP são reciclados e sua matéria-prima é reinserida na cadeia produtiva HP a cada ano. Já o programa da Xerox encoraja os consumidores a retornarem os tonners e cartuchos vazios, tendo como foco a preservação ao meio ambiente e combate ao aquecimento global, dando um destino ecologicamente correto para estes produtos. Essa devolução reverte ainda, para o Tribunal, um novo cartucho ou tonner para cada 50 vazios devolvidos.(Portal Ambiental – TRE/RJ). 3.6.3 - Aquisição, distribuição de impressoras e orientação para impressão em frente/verso, visando minimizar o consumo de papel (OS – DG 02/09) – Desde a divulgação da Ordem de Serviço da Diretoria Geral em 2009, as Secretarias de Administração, através da Coordenadoria de Material e Patrimônio, e de Tecnologia de Informação, vem trabalhando de forma conjunta, visando substituir, de forma progressiva, o parque de impressoras existentes por um total de impressoras frente-verso. (Portal Ambiental – TRE/RJ). 3.6.4 - Distribuição de canecas aos servidores, estagiários e terceirizados visando diminuir o consumo de copos descartáveis - De março/09 a fevereiro/10 foram consumidos 1.053.300 copos descartáveis pela Justiça Eleitoral fluminense, que acabaram, em sua maioria, sendo descartados em aterros sanitários e/ou lixões. Visando a redução deste consumo, a Equipe Ambiental lançou, em 2010, a campanha “Eleja esta caneca”, com a distribuição de canecas de porcelana para que os servidores as utilizem em seus locais de trabalho. Em 2011, tendo em vista a enorme redução do consumo de copos plásticos descartáveis no Tribuna,l a Equipe Ambiental estendeu a distribuição de canecas para os estagiários, terceirizados e 38 requisitados. Como parte da comemoração do dia do estagiário, cada um destes recebeu uma caneca plástica com o logo da Equipe Ambiental. E, visando a utilização de canecas pela totalidade dos funcionários, no mês seguinte, as distribuiu também para os servidores requisitados e terceirizados. Com orientação para utilização apenas no local de trabalho, todos tiveram seus nomes marcados nas canecas plásticas. O material plástico é adequado, no caso, principalmente para os funcionários que trabalham se deslocando, como motoristas, estoquistas e outros. Em complemento a esta ação, foram afixados nos bebedouros o adesivo “Não esqueça a sua Caneca”. (Portal Ambiental – TRE/RJ). 39 CAPÍTULO IV METODOLOGIA EMPREGADA NO ESTUDO DE CASO NO TRE/RJ 4.1 Tipos de Pesquisa O presente estudo de caso envolveu a realização de uma pesquisa documental, uma pesquisa qualitativa explorativa e uma pesquisa quantitativa, relativa a um levantamento realizado por meio da aplicação de questionário. Primeiramente, foi realizada uma pesquisa documental no TRE/RJ, em que foi possível conhecer documentos de institucionalização de programas, metas e objetivos dos órgãos, os quais envolveram relatórios, portarias, instruções normativas, processos, bem como o Regimento Interno e o Planejamento Estratégico do TRE/RJ, entre outros. Alguns desses documentos foram disponibilizados fisicamente. Outros, entretanto, estavam disponíveis na Intranet, a rede interna do TRE/RJ. Posteriormente, para conhecer a percepção do servidor do TRE/RJ acerca da questão ambiental, bem como identificar os efeitos que porventura as ações implementadas no Órgão possam ter provocado tanto em seu ambiente de trabalho, como em sua vida pessoal, foi realizada uma pesquisa junto aos servidores do TRE/RJ, por meio da aplicação de um questionário estruturado fechado. Por fim, passou-se a uma fase mais específica, quando então foi realizada uma entrevista com a Presidente da Comissão da Equipe Ambiental, Flávia Vidal. A citada entrevista teve como objetivo conhecer a situação atual do trabalho ambiental no STJ, bem como as nuances que envolvem essas ações e os seus resultados. A idéia original era realizar esta entrevista ao vivo, mas, em consideração ao excesso de trabalho da Presidente, visto que todos 40 os integrantes da citada Comissão acumulam suas funções originais com as do projeto, o questionário foi enviado e respondido por e-mail. 4.2 Levantamento do Universo da Pesquisa Para a aplicação do questionário definiu-se a população a ser pesquisada, considerando o número de servidores ativos na Sede do TRE/RJ, distribuídos aleatoriamente em relação ao seu nível de escolaridade e tempo de serviço junto ao TRE/RJ. A intenção original desta pesquisa era atingir a todos os servidores cadastrados no catálogo de endereços do TRE/RJ, constituindo, então, um Levantamento Censitário. Considerando, porém, o exíguo prazo para a aprovação burocrática necessária e o posicionamento, à época, da Administração em relação ao tema em questão, optou-se por uma distribuição fechada, entre aprovaram servidores a e setores cujos Secretários/Coordenadores divulgação do link (https://www.surveymonkey.com/s/AGestaoAmbiental-TRE-RJ) para acesso ao questionário. Visto a política de privacidade existente no pacote de serviços contratado e o fato de que a coleta de dados foi efetuada através de acesso direto dos servidores do TRE/RJ ao link de pesquisa, foi impossível precisar quantas pessoas receberam a informação sobre o procedimento. Porém foram coletadas 56 respostas. 4.3 Questionário 4.3.1 - Premissas para elaboração do questionário: O quadro abaixo representa as premissas definidas para elaboração do questionário. A definição dessas premissas foi feita com base nos objetivos geral e específicos determinados para este estudo de caso. 41 Premissas para elaboração do questionário de pesquisa Tema Abordagem do tema no questionário Tema Abordagem do Tema no Questionário Questão 3 – Coleta e Reciclagem de - Convênio com a Comlurb; Materiais - Convênios com a Lexmark, a HP e a Xerox, - Distribuição de blocos de rascunho. Questão 3 – Educação Ambiental - Distribuição de canecas; - Utilização da Fonte Sprang Eco Sans; - Distribuição de blocos de rascunho; - Campanhas diversas. Questão 4 – - O TRE/RJ tem-se esforçado, através do trabalho da Equipe Ambiental, para criar uma consciência ambiental em seus servidores; - As iniciativas do TRE/RJ influenciaram minha atuação em favor da sustentabilidade. Questão 3 – Consumo Sustentável - Distribuição de impressoras e orientação para imprimir frente e verso; 42 - Distribuição de canecas; - Utilização da Fonte Sprang Eco Sans; - Distribuição de blocos de rascunho; - Campanhas diversas Questão 4 – - As iniciativas adotadas pelo TRE/RJ para redução do impacto ambiental que provoca são importantes e significativas; - As iniciativas do TRE/RJ influenciaram minha atuação em favor da sustentabilidade. Questão 4 – Consciência Ambiental do TRE/RJ, Conforme Servidores - O TRE/RJ tem-se esforçado, através do trabalho da Equipe Ambiental, para criar uma consciência ambiental em seus servidores; As iniciativas adotadas pelo TRE/RJ para redução do impacto ambiental que provoca são importantes e significativas; - Há um comprometimento do TRE/RJ com a sustentabilidade. Questão 4 – Influência das Ações na Vida do Servidor - Há um comprometimento do corpo funcional do TRE/RJ com a sustentabilidade; - As iniciativas do TRE/RJ 43 influenciaram minha atuação em favor da sustentabilidade. Questão 5 e Premiação da Agenda Questão 6. Ambiental 4.3.2 - Aplicação do Questionário: O questionário foi elaborado no site www.surveymonkey.com, o qual se destina à realização de pesquisas online. A ferramenta escolhida deveu-se ao fato de que o meio eletrônico é hoje altamente utilizado nas corporações para envio e recebimento de comunicações, situação que se verifica no TRE/RJ, além de ser econômico e não provocar impactos negativos ao meio ambiente. O questionário padronizado e fechado compreendeu seis questões, sendo que as duas primeiras tinham o objetivo de conhecer a escolaridade e o tempo de serviço junto ao Tribunal do entrevistado. A terceira questão apresentava sete iniciativas adotadas pelo TRE/RJ para promover a sustentabilidade e reduzir seu impacto ambiental. Foi então solicitado ao entrevistado que marcasse a opção que representasse seu grau de conhecimento e envolvimento com as iniciativas. A quarta questão apresentava cinco afirmações acerca da atuação do TRE/RJ em favor da sustentabilidade e do reconhecimento da sustentabilidade como um valor para o Tribunal e para o servidor. O entrevistado responderia conforme seu grau de concordância com a afirmativa. Por fim, nas duas questões restantes, foi questionado ao servidor sobre seu conhecimento quanto à premiação da Agenda Ambiental do TRE/RJ como projeto vencedor na categoria Gestão Socioambiental da XI Mostra Nacional de Trabalhos de Qualidade no Poder Judiciário. Conforme mencionado anteriormente, o link com o questionário foi encaminhado por e-mail a todos os servidores possíveis no catálogo de endereços do TRE/RJ, sendo impossível conhecer a total de recebimentos, no dia 19 de outubro de 2011 e ficou disponível para resposta até 24/01/12. Cabe 44 ressaltar que foi autorizado o reencaminhamento do link entre os servidores atingidos pelo questionário. Portanto, os resultados desta pesquisa aplicam-se aos 56 servidores que a concluíram. 45 CAPÍTULO V ANÁLISE DOS RESULTADOS 5.1 Entrevista com a Presidente da Comissão da Equipe Ambiental A entrevista com a Presidente da Equipe Ambiental, sra. Flávia Vidal, foi encaminhada em forma de questionário, via e-mail, e respondida por telefone no dia 24 de janeiro de 2012. A primeira pergunta feita à atual Presidente foi relativa à situação em que o TRE/RJ se encontrava, em termos de sustentabilidade, quando foi criado a “Equipe Ambiental”. A Presidente informou que não havia nenhuma preocupação concreta em relação a sustentabilidade, mas que ela não era funcionária concursada do Tribunal à época, podendo, portanto, apenas informar o que lhe foi transmitido quando ingressou à Equipe. A coleta realizada pelos funcionários terceirizados da limpeza não tinha uma destinação específica, e, o material recolhido ia para o lixo comum. Perguntou-se, a seguir, qual foi a primeira preocupação da “Equipe Ambiental” quando foi institucionalizada pela publicação do Ato nº 317, publicado em 16 de julho de 2007. A primeira preocupação, segundo a Presidente, foi normatizar a destinação correta de resíduos através da coleta seletiva, conforme informado através do histórico do Portal Ambiental. Ao ser perguntada sobre as principais dificuldades enfrentadas no processo de implantação das ações sustentáveis no TRE/RJ, a Presidente informou que seriam: - falta de uma estratégia clara; - falta de sistematização nas ações ambientais; 46 - falta de reconhecimento institucional; - falta de recursos financeiros para ações onerosas; - baixa adesão dos funcionários às ações; - falta de planejamento a longo prazo, sem objetivos pré-definidos e divulgados; - falta de monitoramento dos resultados; - falta de divulgação destes resultados e - falta de controle sobre as reais necessidades. Nesse contexto, a verifica-se que a total falta de conhecimento dos servidores e demais colaboradores do TRE/RJ dificulta, sobremaneira, as atividades da Equipe. Para vencer a resistência apresentada, a Equipe efetua diversas campanhas de conscientização dos servidores. As campanhas dizem respeito, principalmente, à necessidade de reduzir o uso dos recursos oferecidos pelo TRE/RJ, como material de expediente, água e energia elétrica, entre outros. São realizadas palestras e comemorações de datas ambientais, distribuídos adesivos e colocados “displays” informativos, com o intuito de criar uma consciência ambiental nos servidores do TRE/RJ. O trabalho de conscientização deve ser contínuo e sistemático; caso contrário, aqueles servidores que ainda não internalizaram a responsabilidade ambiental voltarão aos antigos padrões de consumo. Prosseguindo com a entrevista, a Presidente foi questionada sobre quais ações considera mais bem sucedidas em relação a sua relevância e aceitação por parte dos servidores. Em resposta, a Presidente informou que, na visão daEquipe, seriam o convênio com a Comlurb, os convênios com a Lexmark, Xerox e HP e a aprovação da Agenda Ambiental. A Agenda Ambiental do TRE/RJ ganhou o 1º prêmio da XI Mostra Nacional de Trabalhos de Qualidade do Poder Judiciário, na categoria “Gestão Ambiental”. A Presidente e as servidoras Claudeci e Soraya foram a Brasília participar da Mostra e receber a premiação. Questionada sobre como foi esta experiência a resposta foi que, além do orgulho pelo reconhecimento do trabalho realizado, esta premiação é super importante em termos de 47 motivação. Espera-se, com a divulgação da premiação pela qualidade do trabalho feito até o momento, o engajamento de todos os servidores com os próximos projetos/campanhas e uma maior participação da atual Administração. Quanto aos próximos desafios a serem enfrentados pela Equipe, estes seriam, na verdade, todas as metas ainda não alcançadas conforme os indicadores ambientais divulgados no Portal Ambiental. Há, porém, um componente prioritário na economia de energia elétrica, sendo que o projeto que vem sendo desenvolvido em parceria com a Light (Companhia de Energia Elétrica), de avaliação dos aparelhos de ar condicionado, deve auxiliar de maneira considerável. Informando a Presidente que se encontra extremamente atarefada com o acumulo de funções, mas se predispondo a esclarecer quaisquer dúvidas que por acaso se apresentem, encerramos a entrevista. 5.2 Análise dos Dados do Questionário A primeira questão do questionário abordou o nível de escolaridade dos servidores. Ao analisar as respostas obtidas, observa-se, conforme representado na resposta 1 do Anexo II que não houve respondentes com o ensino fundamental completo. Ao se detalhar a amostra (Anexo III), percebe-se que 58,9% possuem pós-graduação, o que representa 33 servidores, 26,8% possuem graduação e somam 15 servidores e 5,4% possuem mestrado, o que equivale a 3 servidores. O percentual de servidores que possuem alguma especialização é de 64,3% do total dos entrevistados, sendo a pós-graduação a especialização escolhida pela maioria dos entrevistados. Na segunda questão, os servidores responderam sobre o tempo de serviço junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, conforme representação na resposta 2 do Anexo II. Do total de 56 entrevistados, 21 servidores, aproximadamente 37,5% do 48 total, trabalham no Órgão há mais de 15 anos. Os servidores com menos de 10 anos de serviço totalizam 29 e representam 51,7% dos entrevistados. Como se pode observar, complementarmente, no Anexo IV, a maioria dos respondentes, 33,9%, respondeu que se encontra trabalhando junto ao TRE/RJ em um período “entre 15 e 20”, sendo, porém, seguido de um percentual representativo, 32,1%, que trabalha há “menos de 05 anos”. Analisando o Anexo V (Escolaridade X Tempo de Serviço), correlacionando estas duas variáveis e enfatizando os grupos mais representativos, verifica-se que, entre os concursados que trabalham no TRE/RJ “entre 15 e 20 anos”, 73,7% possuem pós-graduação. Entre os concursados há “menos de 05 anos”, este percentual soma 50%. Esse último montante é inferior proporcionalmente ao anterior, referente aos concursados há maior tempo, o que permite concluir que o tempo de serviço representa, na amostra pesquisada, um maior nível de escolaridade. Analisando, a seguir, a terceira questão do questionário (Anexo II), quanto ao conhecimento, por parte dos servidores, das ações empreendidas pelo TRE/RJ, verifica-se que apenas os convênios firmados para recolhimento de cartuchos de impressora usados têm uma parcela significativa de desconhecimento entre os servidores, 34,5%. Todas as demais ações atingem uma parcela de conhecimento (incluindo “participo” ou “participo ativamente”) acima de 80%. A distribuição de canecas e as campanhas diversas visando economia de energia elétrica são de conhecimento de 100% dos entrevistados. No Anexo VI (Escolaridade x Participação), considerando o universo dos concursados com pós-graduação, que é o universo com o percentual de maior representatividade, verifica-se que o nível de conhecimento e participação nas ações é alto, entre 87,9%, caso do convênio com a Comlurb e da distribuição de blocos de rascunho pela Reprografia, e 100%, caso da distribuição de canecas e das campanhas pela economia de energia elétrica. A exceção está no desconhecimento relativo aos convênios firmados para recolhimento de cartuchos de impressora usada, em percentual de 28,1%. 49 Portanto, as respostas apresentadas pelo nível de escolaridade mais representativo da amostra, são condizentes com a análise geral apresentada anteriormente (questão 3 do Anexo II). No Anexo VII (Tempo de Serviço X Participação), considerando os universos “entre 15 e 20 anos” e “menos de 5 anos”, cujos percentuais se equivalem em representatividade na pesquisa, verifica-se, primeiro, que o nível de conhecimento e participação, dentro do universo “entre os 15 e 20 anos”, nas ações é alto, entre 84,2%, caso do convênio com a Comlurb e da distribuição de blocos de rascunho pela Reprografia, e 100%, caso da distribuição de canecas e das campanhas pela economia de energia elétrica. A exceção está no desconhecimento relativo aos convênios firmados para recolhimento de cartuchos de impressora usada, em percentual de 33,3%. Ao analisar-se, porém, o nível de conhecimento e participação, dentro do universo “menos de 5 anos”, constata-se que, apesar de alto em sua maioria, entre 90,1%, caso utilização da Fonte Sprang Eco Sans, e 100%, caso da distribuição de canecas, das campanhas pela economia de energia elétrica, e, excepcionalmente, da distribuição de blocos de rascunho pela Reprografia, este apresenta, também excepcionalmente, um desconhecimento alto, de 27,3% quanto ao convênio com a Comlurb e, dentro do desconhecimento relativo aos convênios firmados para recolhimento de cartuchos de impressora usada, um percentual elevado de 45,5%. Portanto, entre as respostas apresentadas pelos universos de tempo de serviço mais representativos, apenas o correspondente ao da amostra “entre 15 e 20 anos”, são condizentes com a análise geral. A amostra correspondente a “menos de 5 anos” apresentou percentuais significativamente divergentes, coincidindo apenas naquelas que apresentavam percentual de 100% de conhecimento nas respostas à questão 3 – Anexo II e não poderiam, assim, divergir. A questão 4 refere-se a como o servidor visualiza e qualifica os esforços empreendidos pelo TRE/RJ para minimizar os impactos ambientais que gera. Verifica-se que, de uma maneira geral, os esforços são bem qualificados. O trabalho da equipe ambiental, as iniciativas adotadas pelo Órgão e a influência 50 destas sobre sua vida particular, tiveram avaliações positivas acima de 90%. Porém, os próprios servidores apresentaram uma aprovação menor, de apenas 76,4%, em relação ao comprometimento do corpo funcional com a sustentabilidade, ou seja, quanto à própria participação ativa enquanto servidor. No Anexo VIII (Escolaridade x Sustentabilidade), considerando, novamente, o universo dos concursados com pós-graduação, verifica-se que o nível de reconhecimento e avaliação é alto, acima dos 90%, caso do trabalho da equipe ambiental, das iniciativas adotadas pelo Órgão e da influência destas sobre sua atuação particular em relação a sustentabilidade. Porém, o comprometimento do corpo funcional teve uma avaliação positiva de apenas 72,8%. Portanto, as respostas apresentadas pelo nível de escolaridade, são, mais uma vez, condizentes com a análise geral apresentada anteriormente (questão 4 do Anexo II). No Anexo XI (Tempo de Serviço X Sustentabilidade), considerando os universos “entre 15 e 20 anos” e “menos de 5 anos”, pelos motivos já informados, verifica-se, primeiro, que o nível de reconhecimento e avaliação, dentro do universo “entre os 15 e 20 anos”, é alto, porém distinto, indo de 100%, no caso da avaliação do trabalho da “Equipe Ambiental”, 73,7% na avaliação do comprometimento do TRE/RJ com a sustentabilidade. Também diverge na avaliação do comprometimento do corpo funcional com uma avaliação superior, totalizando 83,3% de aprovação. Os demais percentuais são condizentes. O nível de reconhecimento e avaliação, dentro do universo “menos de 05 anos”, apresenta percentuais mais aproximados. Apresentam, porém, nas avaliações do comprometimento do corpo funcional (61,1%, a menor avaliação) e da influência das iniciativas do TRE/RJ em sua atuação em favor da sustentabilidade (83,4%,) uma visão extremamente negativa do universo individualizado dos servidores. Portanto, entre as respostas apresentadas pelos universos de tempo de serviço mais representativos, apenas o correspondente ao da amostra “menos 51 de 05 anos”, são razoavelmente condizentes com a análise geral. A amostra correspondente a “entre os 15 e 20 anos” apresentou percentuais significativamente divergentes, seja de maneira a avaliando de maneira a acentuar a aprovação (trabalho da “Equipe Ambiental”, comprometimento do corpo funcional), seja para criticar de maneira mais efetiva (comprometimento do TRE/RJ). A Agenda Ambiental do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro foi o projeto vencedor na categoria Gestão Socioambiental da XI Mostra Nacional de trabalhos de Qualidade no Poder Judiciário. A questão 5 perguntava se o servidor tinha conhecimento do ocorrido. A questão 6 sobre a forma pela qual teve ciência deste. 91,1% tinham ciência, sendo que 64,7% leram aviso postado na Intranet do Tribunal, 43,1% souberam através de amigos e apenas 15,7% leram o informe no Portal Ambiental. Nos Anexos X (Escolaridade X Agenda Ambiental) e XII (Escolaridade X Ciência) pode-se constatar que os únicos servidores que não sabiam da premiação se encontram no grupo majoritário (pós-graduação concluída), totalizando 15,2% destes. Em contrapartida, dos cientes, são os que mais leram a notícia através do Portal Ambiental (21,4%). Não mantém, porém, um percentual acentuadamente divergente quanto a ciência pela Intranet ou (57,1%) ou através de amigos (42,9%). Os Anexos XI (Tempo de Serviço X Agenda Ambiental) e XIII (Tempo de Serviço X Ciência) apresentam a visão dos universos “entre 15 e 20 anos” e “menos de 05 anos”, sendo “entre 15 e 20 anos” aquele cujo percentual de ciência mais se aproxima da média (89,5%) e “menos de 05 anos” aquele com maior nível de desconhecimento entre todos os universos de tempo de serviço pesquisados (16,7%). O percentual dos que tiveram ciência através de amigos não diverge, significativamente, em nenhum dos dois casos. Os que mais leram o Portal Ambiental entre todos os universos de tempo de serviço pesquisados são os “entre 15 e 20 anos”, com um percentual de 29,4% de leitores, o que reduziu o número de cientes através da Intranet para 52,9%, bem abaixo do percentual médio analisado. Para contrabalançar, entre os com “menos de 05 52 anos” o percentual dos cientes através da Intranet é de 80% e o dos que leram a notícia através do Portal Ambiental é de apenas 6,7% Desta maneira, nenhum dos universos analisados, seja por nível de escolaridade, seja por tempo de serviço junto ao TRE/RJ, apresentou números consistentes com as médias percentuais apontadas pelas questões 5 e 6 do Anexo II. 53 CONCLUSÃO A frenética corrida das nações pelo desenvolvimento tem provocado uma degradação no meio ambiente sem precedentes, cujos efeitos são sentidos em todo o planeta. Na busca por um desenvolvimento sustentável, o papel do Poder Público é fundamental, considerando sua legitimidade para criar normas, fiscalizar e regular a atuação da sociedade e da própria Administração Pública na exploração dos recursos naturais e na redução dos impactos ambientais. Para difundir a importância do conceito de desenvolvimento sustentável, a Organização das Nações Unidas vem atuando ativamente na promoção de conferências internacionais, que resultam em acordos de comprometimento em favor de um crescimento sustentável. Nesse contexto, o presente estudo de caso permitiu conhecer a atuação do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro em favor da sustentabilidade e avaliar a percepção de seus servidores quanto à sustentabilidade ser um valor defendido pelo Tribunal, levantando-se, como hipótese, a possibilidade do nível de escolaridade e tempo de serviço junto ao Tribunal serem variáveis influenciadoras do aumento da percepção desses servidores. Para se alcançarem os objetivos traçados, foi efetuado, primeiramente, a uma pesquisa bibliográfica acerca do tema abordado, o que permitiu obter uma ampla visão da evolução dos conceitos até os dias atuais. Em seguida, realizou-se uma pesquisa na base documental do TRE/RJ, fundamental para conhecer a criação da “Equipe Ambiental”, as ações implementadas, bem como identificar que o tema da sustentabilidade faz parte do planejamento estratégico do Órgão, que possui, inclusive, metas a atingir. Para testar as hipóteses aventadas, bem como conhecer a percepção dos servidores quanto à sustentabilidade ser um valor defendido pelo TRE/RJ, aplicou-se um questionário aos servidores autorizados pelas Chefias e Coordenadorias imediatas, obtendo-se um retorno de 56 respostas, o que, 54 embora divergindo da proposta original, permitiu o alcance de importantes resultados para o presente estudo. Por fim, para conhecer as nuances que envolvem o trabalho do Programa e as dificuldades enfrentadas desde sua criação, em 2007, realizouse pesquisa qualitativa de exploração, que se concretizou na realização de entrevista com a Presidente da “Equipe Ambiental”, oportunidade em que se verificou que, antes da nomeação da 1ª Comissão a atuar na Equipe, o TRE/RJ não tinha nenhuma política de redução de impactos ambientais, tampouco havia ações que promovessem a conscientização dos servidores sobre o tema. Verificou-se que os maiores desafios encontrados referem-se à resistência dos servidores em adotarem novas posturas que reflitam em economia de insumos ou redução de resíduos produzidos no Órgão. Percebeuse, também, que a falta de uma postura definida da Administração e de uma planejamento coerente à longo prazo prejudica sobremaneira o alcance pretendido. As conclusão resultantes relatam-se a seguir: 1. Quanto ao conhecimento e participação nas ações empreendidas no TRE/RJ: verificou-se que algumas iniciativas são pouco conhecidas dos servidores, o que provavelmente é resultado dafalta de atualização da s campanhas realizadas. Algumas dessas iniciativas poderiam proporcionar grande avanço no sentido da sustentabilidade, caso do convênio com a Comlurb que, apesar de conhecido, tem níveis de desconhecimento significativos e participação ativa baixa, sendo, portanto, subutilizada. As iniciativas mais conhecidas são aquelas que se referem à distribuição de canecas para economizar copos de papel, a utilização da fonte Sprang Eco Sans e a distribuição de impressoras e orientação para imprimir frente e verso. Essas ações possuem não apenas o conhecimento dos servidores, como também sua participação. Para testar a veracidade da hipótese levantada, observou-se que a variável “nível de escolaridade” não foi um fator determinante no conhecimento 55 ou não das iniciativas, mas houve uma influência quando a resposta envolvia a participação ou participação ativa do servidor. No que diz respeito ao tempo de serviço junto ao Tribunal, não há uma influência dessa variável no conhecimento e participação dos servidores com as iniciativas avaliadas. Na sua grande maioria, os servidores que responderam que conhecem e participam ou participam ativamente com as iniciativas o fizeram aleatoreamente. Apenas o universo “entre os 10 e os 14 anos” apresentou um grau de participação ativa mais baixo na maioria das iniciativas. Pode-se concluir, com esse resultado, que um maior nível de escolaridade proporciona a esses servidores uma maior percepção da importância das ações ambientais empreendidas pelo Órgão e uma maior participação em suas metas e objetivos. No entanto, o parâmetro “tempo de serviço” não mensurou corretamente o comprometimento do servidor com o TRE/RJ e suas ações e projetos. 2. Quanto ao reconhecimento da sustentabilidade ser um valor para o TRE/RJ: os altos índices de concordância com as afirmativas que avaliavam a questão demonstram que os servidores reconhecem a sustentabilidade como um valor para o Tribunal e admitem, ainda, que as ações implementadas são importantes e que o TRE/RJ vem cumprindo seu papel na promoção da sustentabilidade. Quando se avalia a influência da variável “nível de escolaridade”, verifica-se que, nesse caso, há uma concordância na percepção dos servidores que possuem pós-graduação completa, principalmente quando a avaliação volta-se ao comprometimento da Administração e da “Equipe Ambiental” do TRE/RJ. No caso do comprometimento do corpo funcional, esses servidores tornam-se mais críticos, denotando que os resultados obtidos ainda são insatisfatórios. Quanto ao tempo de serviço junto ao TRE/RJ, a variável mostrou influência, percebendo-se que os maiores níveis de concordância referem-se sempre aos com maior tempo de serviço. Cabe observar, porém, a divergência 56 nas avaliações dos universos “entre 15 e 20 anos” e “menos de 05 anos” quanto aos comprometimentos do TRE/RJ e do seu corpo funcional com a sustentabilidade. Enquanto o grupo com maior tempo de serviço avalia bem acima da média o comprometimento do corpo funcional e bem abaixo o do TRE/RJ, a percepção dos servidores com menor tempo é radicalmente oposta. O que também sinaliza a falta de atualização das campanhas. 3. Quanto à criação de uma consciência ambiental nos servidores do TRE/RJ: o fato de a pesquisa demonstrar o alto reconhecimento dos servidores quanto à importância das iniciativas adotadas pelo TRE/RJ para reduzir seu impacto ambiental revela o alcance positivo das ações empreendidas, o que é corroborado pelo índice de 91,1 % dos respondentes que se declararam influenciados, total ou parcialmente, pelas ações do Programa, inclusive nos ambientes domiciliar e comunitário. A ciência da premiação nacional recebida pela Agenda Ambiental concebida pelo TRE/RJ, através de informações postadas na Intranet, reforça a noção do interesse despertado. Das análises apresentadas, observa-se que, em geral, o TRE/RJ tem obtido sucesso na tarefa de criar uma consciência ambiental em seus servidores e de traduzir a sustentabilidade como um valor para o Órgão. A variável “nível de escolaridade” influencia mais nas análises subjetivas que nas objetivas, enquanto a variável “tempo de serviço” demonstrou não ser influenciadora em todos os aspectos da pesquisa. Nesse ponto, há que se reforçar apenas os valores junto aos servidores, e também a missão e os objetivos estratégicos do Tribunal. O presente estudo de caso permitiu verificar que, embora a sustentabilidade seja um valor para o Tribunal, que se esforça para difundir essa mensagem e obter resultados concretos, a área que atua diretamente com o tema não está prevista no organograma do TRE/RJ, tampouco existe um Regulamento próprio para definir suas atribuições. Criou-se apenas uma Comissão para atuar em favor da sustentabilidade. Tal fato deixa o programa de socioambiental muito vulnerável, considerando as trocas de gestão 57 ocorridas a cada dois anos. Propõe-se, portanto, a criação de uma área específica ligada diretamente à Diretoria-Geral, em observância aos objetivos estratégicos constantes do atual Plano Estratégico do Tribunal. Outra mudança proposta refere-se à inclusão da sustentabilidade na Missão e na Visão do Tribunal. Tal mudança comprometeria o Órgão a atuar sempre Missão e a Visão do Tribunal passariam a ser descritas da seguinte forma: Missão - Garantir a legitimidade do processo eleitoral e o livre exercício do direito de votar e ser votado, a fim de fortalecer a democracia de forma socioambientalmente responsável. Visão - Ser reconhecido pela prestação de serviços eleitorais de qualidade por meio da gestão efetiva de seus processos internos de forma socioambientalmente responsável.. Algumas dificuldades ou limitadores foram encontrados ao longo da pesquisa como a exiguidade do tempo para realizá-la, a inviabilidade de divulgação na Intranet do link de pesquisa, a ausência de relatórios de sustentabilidade e a ausência de respondentes ao questionário com escolaridade de Nível Fundamental e Doutorado, o que poderia ter permitido uma análise mais acurada da variável “nível de escolaridade”. Propõe-se, para futuras pesquisas e aprimoramento do trabalho da “Equipe Ambiental”, a análise da redução do impacto ambiental produzido pelo TRE/RJ em razão da evolução dos resultados obtidos com as ações implantadas. 58 BIBLIOGRAFIA ARGEL, Marthe. Ecoguia Guia Ecológico de A a Z. Fundação Nicholas Hulot. SP. Landy, Livraria Editora e Distribuidora Ltda, 2008. AYRES, Fernando Arduini. LAROSA, Marco Antônio. Como Produzir uma Monografia. RJ. WAK Editora, 2008. FERNANDES, João Paulo. A Política e o Ambiente. A Dimensão do Indivíduo. Instituto Piaget. Lisboa. Tipografia Tadinense, Ltda., 2002. PELICIONI, Andréa Focesi. Trajetória do Movimento Ambientalista. Curso de Gestão Ambiental. NISAM/USP. SP. Editora Manole Ltda, 2004. PILATI, Luciana Cardoso. DANTAS, Marcelo Buzaglo. Direito Ambiental Simplificado. SP. Editora Saraiva, 2011. VELLOSO, Leandro. Resumo de Direito Administrativo. RJ. Editora Impetus, 2009. NASCIMENTO, Prof. Juíza Ma. Eunice Torres do, História do Direito Eleitoral, Política e sua Democratização. http://afinsophia.blog.com/2009/12/02/historia-do-direito-eleitoral-politicae-sua-democratizacao/, último acesso em 21/11/2011. www.planalto.gov.br Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, último acesso em 21/11/2011. www.tre-rj.gov.br/ TRE/RJ – 2012, último acesso em 30/01/2012. 59 www.tre-rj.gov.br/portal_ambiental TRE/RJ – 2012, último acesso em 30/01/2012. www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/legis/CF88/Titulo_4, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, último acesso em 21/11/2011. 60 ANEXOS ANEXO I ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM FLÁVIA VIDAL COORDENADORA DA EQUIPE AMBIENTAL DO TRE/RJ (encaminhado por e-mail, respondido por telefone) 1- Como se encontrava o TRE/RJ, em termos de sustentabilidade, quando foi criada a “Equipe Ambiental”? 2- Qual foi a primeira preocupação da “Equipe Ambiental” quando foi criada pelo Ato nº 317, publicado em 16 de julho de 2007? E por que? 3- Quais são as principais dificuldades enfrentadas durante os processos de implantação das ações de sustentabilidade no TRE/RJ? 4- Quais ações empreendidas você considera de maior relevância? E quais as de maior aceitação junto aos servidores do TRE/RJ? 5- A Agenda Ambiental do TRE/RJ ganhou o 1º prêmio da XI Mostra Nacional de Trabalhos de Qualidade do Poder Judiciário, na categoria “Gestão Ambiental”. Como foi esta experiência? 6- Qual o próximo desafio/projeto da “Equipe Ambiental”? 61 Anexo II RESULTADO ADO D DO QUESTIONÁRIO ON-LINE APRESE RESENTADO AOS SERVIDO RVIDORES DO TRE/RJ ATRAVÉS DE E-MAI MAIL 62 63 64 65 Anexo III RELATÓ LATÓRIO E GRÁFICO – NÍVEL DE ESCOLAR OLARIDADE 66 Anexo IV RELA RELATÓRIO E GRÁFICO – TEMPO DE SERVIÇO SERV 67 68 Anexo V RELATÓRIO IO E G GRÁFICO – ESCOLARIDADE X TEMPO EMPO DE SERVIÇO 69 Anexo VI RELATÓRIO ÓRIO E GRÁFICO – ESCOLARIDADE X PAR PARTICIPAÇÃO 70 71 72 73 Anexo VII RELATÓRIO IO E GRÁFICO – TEMPO DE SERVIÇO X PA PARTICIPAÇÃO 74 75 76 77 Anexo VIII RELATÓRIO IO E GRÁFICO – ESCOLARIDADE X SUSTE USTENTABILIDADE 78 79 80 Anexo IX RELAT ELATÓRIO E GRÁFICO – TEMPO DE SERVIÇO SERV X SUSTENTABILIDADE 81 82 83 Anexo X RELATÓRIO E GRÁFICO G –ESCOLARIDADE X AGEND ENDA AMBIENTAL 84 XI RELATÓRIO E GRÁFICO – TEM TEMPO DE SERVIÇO X AGENDA AMBIENT BIENTAL 85 Anexo XII RELATÓR ATÓRIO E GRÁFICO – ESCOLARIDADE E X CIÊNCIA 86 Anexo XIII RELATÓRIO TÓRIO E GRÁFICO – TEMPO DE SERVIÇO IÇO X CIÊNCIA 87 88 ÍNDICE INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I 12 O PAPEL NORMATIZANTE DO PODER PÚBLICO 12 1.1 1.2 Do Papel Normatizante Legislação Aplicada ao Meio Ambiente 12 16 CAPÍTULO II 20 A SUSTENTABILIDADE 20 2.1 2.2 Origem e Desenvolvimento do Conceito As Dimensões da Sustentabilidade CAPÍTULO III 20 25 28 O TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE 28 JANEIRO 3.1 História, Criação e Competências 3.2 Missão, Visão e Valores Institucionais do TRE/RJ 3.3 O Planejamento Estratégico do TRE/RJ e a Sustentabilidade 3.4 O Desenvolvimento Sustentável no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro 3.5 A Criação do Programa de Responsabilidade Socioambiental 3.6 Algumas Ações em Favor da Sustentabilidade Ambiental Implantadas no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro 3.6.1 - Convênio com a Comlurb 3.6.2 - Convênios com a Lexmark, a HP e a Xerox 3.6.3 - Aquisição, distribuição de impressoras e orientação para impressão em frente/verso 3.6.4 - Distribuição de canecas aos servidores, estagiários e terceirizados 28 31 33 34 34 36 36 37 37 37 CAPITULO IV 39 METODOLOGIA EMPREGADA NO ESTUDO DE CASO NO TRE/RJ 39 4.1 Tipos de Pesquisa 39 89 4.2 4.3 Levantamento do Universo da Pesquisa Questionário 4.3.1 - Premissas para elaboração do questionário 4.3.2 - Aplicação do Questionário 40 40 40 43 CAPÍTULO V 45 ANÁLISE DOS RESULTADOS 45 5.1 5.2 Entrevista com a Presidente da Comissão da Equipe Ambiental Análise dos Dados do Questionário 45 47 CONCLUSÃO 53 BIBLIOGRAFIA 58 ANEXOS 60 ÍNDICE 88