Sergio Buarque
de Hollanda
1902-1985
 Paulista, bacharel em direito, jornalista.
 Um dos maiores historiadores do Brasil
 Atuou como representante do movimento
modernista no Rio de Janeiro
 Morou na Alemanha, onde foi influenciado
principalmente pela obra de Max Weber
Max Weber e os “tipos ideais”
 Weber concebe o objeto da sociologia como "a
captação da relação de sentido" da ação humana. Em
outras palavras, conhecer um fenômeno social seria
extrair o conteúdo simbólico da ação ou ações que o
configuram.
 Se, por exemplo, uma pessoa dá a outra um pedaço
de papel, esse fato, em si mesmo, é irrelevante para o
cientista social. Somente quando se sabe que a
primeira pessoa deu o papel para a outra como forma
de saldar uma dívida (o pedaço de papel é um cheque)
é que se está diante de um fato propriamente humano,
ou seja, de uma ação carregada de sentido.
 O tipo ideal não é um fim, mas um método que
permite conhecer os fenômenos concretos: ele
só será importante na medida em que for
eficaz.
 Nesse sentido, o tipo ideal é uma “utopia”, não
é empiricamente encontrado na realidade: é
uma construção intelectual do pesquisador.
 os tipos ideais acentuam, exageram alguns
aspectos da realidade para compreendê-la.
Raízes do Brasil
 Escrito em 1936, logo após sua volta da
Alemanha.
 O livro tem uma perspectiva sociológica e
psicológica com um objetivo político, onde o autor
tenta, através de nosso passado, ver o nosso
futuro.
 É um livro inovador no que diz respeito à busca
da identidade nacional, uma vez que o autor
busca a essência do homem brasileiro.
 Trabalha com pares de oposição entre tipos
ideais.
Cap.1: “Fronteiras da Europa”
 Mostra que os países Ibéricos faziam fronteiras entre a
Europa com o mundo através do mar, e por isso eles são
menos “europeizados” do que os demais países.
 Ibéricos não possuíam hierarquia feudal tão enraizada, por
isso a mentalidade da nascente burguesia mercantil se
desenvolveu de forma pioneira.
 Sociedade menos organizada, com mais mobilidade social.
 Hipótese central: os portugueses eram os mais bem
preparados para efetuar a conquista dos trópicos em
benefício da civilização, do que eles tinham consciência.
Nisto residia sua missão histórica essencial, da qual eles
eram os portadores naturais.
 Colonização feita com “desleixo e
abandono”
 “se fez apesar de seus autores”
Cap.2: “Trabalho & aventura”
 O trabalhador e o aventureiro são tipos
ideais.
 É uma metodologia sociológica para
desvendar a mentalidade, a essência do
brasileiro.
 São tipos sócio-psicológicos com éticas
distintas.
 Entre esses dois tipos não há oposição
absoluta ou incompreensão radical.
 Só existem no mundo das idéias, não
são encontrados em estado puro.
 São extensões supraindividuais.
 O aventureiro (Ibérico) é o homem do
espaço e seus valores, como a audácia,
a imprevisão, a irresponsabilidade, a
instabilidade e a vagabundagem
correspondem a uma concepção
espacial do mundo.
 O trabalhador (Europeu do Norte)
valoriza a estabilidade, a paz, a
segurança pessoal, o esforço sem
perspectiva de proveito material
imediato, com uma concepção temporal
do mundo.
 Trabalhador tem o ethos capitalista, oriundo da
ética protestante.
>> A ética protestante se peculiariza por exaltar o
"trabalho" como um meio de aproximação do homem
para com Deus. Além disso a vocação para o trabalho
secular é vista como expressão de amor ao próximo.
>> É aquele que enxerga primeiro a dificuldade a vencer,
não o triunfo a alcançar.
 Aventureiro é fruto da ética católica.
>> “Seu ideal será colher os frutos sem plantar a árvore”
>> “Esse tipo humano ignora fronteiras”
>> Recompensa imediata.
 O lusitano, católico, teria colonizado alheio à lógica
capitalista.
 O aventureiro se caracteriza pela audácia,
instabilidade e imprudência e imediatismo (capitalismo
não racional).
 A ausência da moral do trabalho se ajustaria bem a
uma reduzida capacidade de organização social.
 Nesse sentido, no contexto político brasileiro só foi
possível se pensar num princípio unificador através de
governos fortemente centralizados.
 O gosto pela aventura foi o elemento
orquestrador de nossa colonização, apesar de
ser a nossa fraqueza.
 Adaptabilidade do português às condições e
costumes locais.
 Plasticidade social: ausência de orgulho de
raça.
 Dissonâncias raciais, morais e sociais mais
acolhidas.
 Pontos positivos:
 favorece a mobilidade social
 estimula os homens a enfrentar com
perseverança as adversidades da natureza.
 Pontos negativos:
 Colonização exploratória
 Falta de organização e solidariedade social
 Perigo do autoritarismo (democracia deficiente)
 Personalismo: ausência de racionalismo.
 Ligações pessoa a pessoa são os mais
decisivos. >> centralidade da célula familiar.
 Autoridade tradicional, consagrada pelo
costume e pela opinião (modelo weberiano).
 Singularidade brasileira: acentuação do
afetivo, do irracional, do passional. Estagnação
ou atrofia das qualidades ordenadoras,
disciplinadoras, racionalizadoras. (Ex.:
coronelismo).
Cap.3: “Herança rural”
 Cidade X campo
 Abolição como marco divisório entre
duas épocas.
 Sociedade rural, e não agrária
 Compartilha com Gilberto Freyre a visão psicológica e
culturalista da história.
 Compartilham também a descrição positiva do
colonizador português, que seria mais capaz de
adaptação aos costumes dos povos colonizados do
que os demais colonizadores europeus.
 Sérgio Buarque também pensou que há, no brasileiro,
uma ênfase no afetivo e no irracional >> homem
cordial.
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