PROPOSTA PARA A EFETIVAÇÃO DO MÓDULO DE SEGUIMENTO DO SISCOLO NO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS 1 2 Autores: CARDOSO, Ana C.M.; CARBONELLI, Maria C.P. 1 2 Diretora de Planejamento, Controle e Avaliação da Fundação de Saúde de Angra dos Reis; Auditora médica da Fundação de Saúde de Angra dos Reis. Secretaria Municipal de Saúde de Angra dos Reis - RJ, Brasil E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO Os elevados índices de incidência e mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil justificam a implementação de ações nacionais voltadas para a prevenção e o controle do câncer, com base nas diretrizes da Política Nacional de Atenção Oncológica. É fato bem conhecido que a mortalidade por câncer do colo do útero é evitável, uma vez que as ações para seu controle contam com tecnologias para o diagnóstico e tratamento de lesões precursoras, permitindo a cura em 100% dos casos diagnosticados na fase inicial. A implantação de um serviço de monitoramento, de controle e avaliação pode contribuir para um melhor seguimento dos casos de exames citológicos alterados. O Município de Angra dos Reis está localizado no litoral sul do Estado, na região da Baía da Ilha Grande, possui 819 Km2 de área territorial e está a 158 km da capital do Estado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada para o Município no ano de 2007 é de 147.895 habitantes, sendo 50,4% homens e 49,6% mulheres. A rede pública de saúde em Angra dos Reis está organizada em cinco Distritos Sanitários e conta com uma estrutura de atenção básica e secundária (atenção especializada e hospitalar) adequada à população do Município. Segundo dados do IBGE/07, a população feminina residente no Município de Angra dos Reis, na faixa etária de 20 a 59 anos, considerada pelo INCA como população-alvo do programa de prevenção do câncer do colo uterino, representa 54,2% da população feminina total, num montante de 39.752 mulheres. Em torno de 80% deste grupo, ou seja, 31.802 mulheres, são atendidas com ações de saúde. Estima-se que em média 3% dos exames citológicos tenham algum tipo de alteração que necessitam acompanhamento no Serviço de Patologia Cervical. A eficiência do rastreamento também depende do seguimento adequado do tratamento das mulheres que apresentam esfregaço anormal. Esses aspectos também são abordados pelo recrutamento. Estudos afirmam que cerca de 40% das mulheres que coletam a citopatologia de Papanicolaou não vão buscar o resultado do exame. Desta forma, o Município deve prever um sistema de monitoramento dos resultados e entrega dos exames. A centralização deste serviço otimiza a alocação de recursos humanos e equipamentos, tornando mais eficaz o monitoramento das pacientes com exames alterados através do programa SISCOLO, demonstrando também a responsabilização do Município no que diz respeito à prevenção/detecção precoce do câncer do colo do útero. RESULTADOS PRELIMINARES ITEM 1: De acordo com estudos de acompanhamento da Coordenação da Saúde da Mulher, do total da população feminina do Município (73.367), foram realizados 51.654 procedimentos ambulatoriais. O procedimento mais freqüente foi a coleta de material para exame citopatológico, num total de 17.935 exames. Houve um incremento significativo da quantidade de exames entre 2003 e 2006 (em torno de 25%), com uma queda em 2007 (10%) para todas as faixas etárias. Até 2005, não se dispunha da informação de quantos desses exames foram realizados em mulheres entre 25 e 59 anos. Em 2006, estas responderam por 61,1% dos exames e em 2007, 86,4%, significando, pois, um importante aumento na detecção precoce na população definida como alvo, pelo Programa Nacional de Combate ao Câncer do Colo do Útero (DATASUS/MS, 2007). A recomendação atual do Ministério da Saúde (INCA, 2006) é de que a colposcopia seja mandatória após um preventivo mostrando lesão de alto grau ou câncer. O Município de Angra dos Reis é referência para o Município de Paraty para a realização de exame de colposcopia. A partir de 2005, há uma evolução bastante significativa do número de exames realizados, saindo de 514 em 2004 para 2.380 em 2005. Em 2006, este desempenho se mantém, com uma queda em 2007, ainda que tenha sido realizado três vezes o número produzido em 2005. Diante deste quadro, verificamos a importância do monitoramento e avaliação dos serviços de informação que devem servir de suporte à Coordenação na garantia da manutenção dos serviços que são considerados essenciais. ITEM 2 : Linhas de ação a serem desenvolvidas: (1) o cadastramento de todas as mulheres examinadas; a centralização do módulo seguimento do SISCOLO, e o monitoramento do seguimento pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades da Estratégia de Saúde da Família (ESF) das mulheres com exames sem alterações e com lesões de baixo grau serão realizados na Coordenação da Saúde da Mulher, assim permitindo o acompanhamento das mulheres com exames alterados desde a sua entrada no sistema até o seu desfecho, tratamento/cura; (2) avaliação da necessidade de treinamento para os profissionais de saúde, médicos e enfermeiros que realizam os exames na ponta, levando-se em consideração a avaliação pré-analítica e adequabilidade das amostras. ITEM 3: FLUXO PROPOSTO Exames colhidos pela USB/ESF Coord.Munic. Saúde da Mulher Cadastramento OBJETIVO GERAL Laboratório de referência (CITEC) Garantir à mulher com exame citológico alterado um seguimento adequado com vistas ao tratamento da alteração e prevenção do câncer do colo uterino. Coord. Munic. Saúde da Mulher Resultado de exames SISCOLO (SES) Exames sem alterações Exames com alterações de baixo grau Exames com alterações de alto grau OBJETIVOS ESPECÍFICOS (1) Garantir o acesso aos exames de patologia cervical, assim como a continuidade do tratamento de toda mulher, cuja citologia do colo do útero apresentar alteração; (2) criar um banco de dados municipal para controle e monitoramento das pacientes com exames alterados, desde a inserção no Programa até a sua alta; (3) estimular a realização de campanhas de realização do preventivo visando ao diagnóstico precoce de lesões precursoras do câncer do colo uterino. USB/ESF Novo exame em 1 ano e, após dois exames normais consecutivos, a cada 3 anos UBS/ESF Novo exame em 6 meses Exames sem alterações Agendamento na Unidade de Média Complexidade Exames mantendo ou agravando as alterações Rotina de rastreamento REFERÊNCIAS METODOLOGIA A metodologia de estudo constituiu-se nos seguintes passos: (1) levantamento e análise de dados epidemiológicos e de produção relativos à atenção à saúde da mulher em Angra dos Reis; (2) análise das iniciativas na área da atenção à saúde da mulher desenvolvidas no Município, e em particular na prevenção e detecção precoce do câncer do colo do útero, nos diversos níveis de atenção, visando à observação da rede de relações que se estabelecem entre os vários atores para a concretização do cuidado e da forma com que os trabalhadores e serviços se apropriam dos dispositivos de gestão utilizados; (3) elaboração de uma proposta de fluxo de informações no que diz respeito ao monitoramento, avaliação e controle das ações de prevenção e detecção precoce do câncer do colo do útero. 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Nomenclatura brasileira para laudos cervicais e condutas preconizadas: recomendações para profissionais de saúde. 2. ed. - Rio de Janeiro: INCA, 2006. 2. Ministério da Saúde. Secretaria de assistência à saúde. Instituto nacional de câncer. Falando sobre o câncer do colo do útero. Rio de Janeiro: MS/INCA, 2002. 3. Ministério da Saúde. Diretrizes para o planejamento em saúde - série pactos pela saúde 2006-volume 3, Brasília, 2006. Projeto Gráfico: Seção de Multimeios / DDC / CEDC / INCA