Autovalores do p-Laplaciano em Dimensão Um Carlos Eduardo Guedes Belchior ([email protected]) Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Buttarello Gentile ([email protected]) III Bienal da SBM - IME/UFG - 2006 Resumo (18) Λ0(u0(t)) = t = Id(t) O Método de Shotting Portanto, a solução - a qual é única por construção - de (13) é Visa-se nesse trabalho à análise dos "autovalores" e "autovetores" do p-laplaciano, ou seja, determinação de valores de um parâmetro λ para os quais uma equação diferencial ordinária não-linear de segunda ordem possui soluções não-nulas. Para o desenvolvimento da pesquisa, foi utilizado o chamado Método de "Shotting". É possível observar relações existentes entre as seqüências de autovalores determinadas pelos problemas governados pelos operadores laplaciano e p-laplaciano, respectivamente, assim como das autofunções associadas. Objetivo Construção das soluções do p-laplaciano com p > 2, e obtenção dos "autovalores" referentes ao problema desta aplicação não-linear com as condições de contorno de Dirichlet. Analisaremos o seguinte problema com condições de fronteira: 0 0 0 p−2 (|u | u ) = f (u) em I = (0, 1) (P ) u(0) = u(1) = 0 u0(t) = Λ−1 0 (t), (3) 0 0 Denotemos ϕp(u ) := |u |p−2u . 0 0 0 |u |p−2u recebe a denominação de p-laplaciano 1-dimensional. (I) Φp(s) := Z s 0 ϕp(t)dt = |s|p p 0 0 ; F (s) := (II) Z s ( f (t)dt. 0 0 (4) p 0 p−2 0 p∗−2 0 p−2 0 p∗= p−1 0 Φp∗ (ϕp(u )) = ϕp∗ (ϕp(u )) = |u | u |u | u = u . −∆u = −u = λu (1) √ 00 √ √ 0 √ √ −(sen λx) = −( λ cos λx) = −(−λsen λx) = λsen λx e, analogamente, √ 00 √ −(cos λx) = λ cos λx. Além disso, ∀x sen(x) cos(x) sen(x) cos(x) W (x) = = = Dxsen(x) Dx cos(x) cos(x) −sen(x) sen(x)(−sen(x)) − cos(x) cos(x) = −(sen2(x) + cos2(x)) = −1 6= 0. √ √ Como sen λx e cos λx são li - cf. Seção 3.3 de [1] -, então estas são uma base do espaço de soluções de (1); ou seja, a solução geral da edo (1) é dada √ por: √ u(t) = A cos λt + Bsen λt, A, B ∈ R, λ ≥ 0. Consideremos o problema de se determinar uma solução u(t) da equação (1) definida no intervalo (0, 1) ⊂ R e satisfazendo as condições adicionais u(0) = u(1) = 0, conhecidas como condições de fronteira de Dirichlet. 00 −u = λu em (0, 1) (2) u(0) = u(1) = 0 Temos: 0 = A cos(0) √ + Bsen(0) = A e 0 = Bsen( λ) Como A =√ 0 e, para se ter solução não trivial (não-nula), B 6= 0, então sen( λ) = 0. Multiplicando (1) por u, obtemos (I) 0 0 0 0 0 (II) 0 0 (5) (6) (Φp∗ ◦ ϕp)(u (t)) + F (u(t)) = C, C∈R Da atribuição (I) e conforme ϕp(u ) foi denotada, resulta p−2 p∗ |s| s = |s| (p−2)p p−1 |s| p p−1 p∗ |s|p = ∗ p 0 |u (t)|p + F (u(t)) = C. ∗ p (8) (9) |u (0)|p Encontramos C = p∗ . Desta forma, (9) fica 0 0 p ∗ |u (t)| + p F (u(t)) = |u (0)|p Esta última é a equação de equação de energia associada a (P). 0 0 0 p−2 −(|u | u ) = f (u) em I = (0, 1) (Pα) u(0) = 0 u0 (0) = α 6= 0 0 (10) (11) 1/p p ∗ u (t) = α − p F (u(t)) (13) u(0) = 0 1/p p ∗ G(x) = α − p F (x) define uma função par contínua. Denotemos o primeiro zero positivo de 2dt (u (t)) >0 λ = R01 2 0 (u(t)) dt √ ∗, e os autovaloAssim, as soluções serão √ da forma Bsen( λt), B ∈ R √ res λ serão tais que sen λ = 0, i.e, λ = kπ, k ∈ N∗. Deste modo, as soluções estarão dadas por uk (t) = Bsen(kπt), (14) pelo que G(x) > 0 ∀x ∈ (−S(α), S(α)). Seja agora u0 uma solução de (13), então 0 u0(t) = 1, G(u0(t)) Considere u0(t) ∈ (−S(α), S(α)). (15) Z t dτ Λ0 : [−S(α), S(α)] −→ R, Λ0(t) := , definindo 0 G(τ ) Λ0(S(α)) = θ(α). Como conseqüência, Λ0(−S(α)) = −θ(α). 1 Λ0(t) = > 0 em (−S(α), S(α)), G(t) 0 u0(t) 0 0 0 1= = Λ0(u0(t))u0(t) = (Λ0 ◦ u0) (t) G(u0(t)) 0 0 p−2 −(|u | u ) = λ|u|p−2u em I = (0, 1) u(0) = u(1) = 0 Nestes termos, Z 1 Z 1 (24) dt 0 (1 − tp)1/p πp dt 1/p := (p − 1) . 1/p p 2 0 (1 − t ) λ1/p = kπp, k ∈ N∗ " Z 1 λk (p) = (kπp)p = k p(p − 1) 2 (25) dt uk (t) = Csenp(kπpt), C ∈ R∗. #p (26) (27) 0 < λ1(p) < λ2(p) < ... < λk (p) < ..., e as autofunções uk tem (k − 1) zeros no interior do intervalo [0, 1]. Bibliografia [1] Boyce, W. E. e Di Prima, R. C., Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno, Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1994 (5.a edição). [2] Iriarte, Edson A. A., Multiplicidad de soluciones para el plaplaciano 1-dimensional, monografia, Universidad Mayor de San Simón, Cochabamba, Bolívia, 1996. [3] Sotomayor, J., Lições de equações diferenciais ordinárias, Projeto Euclides, Instituto de Matemática Pura e Aplicada, 1979. Apoio (16) De (15) e (16), resulta 0 0 Pode-se constatar interessantes semelhanças entre o caso regido pelo plaplaciano e o problema de autovalores referente ao laplaciano, apesar destes serem distintos em sua essência. por S(α). Dessa forma, cada uma delas correspondendo ao autovalor λk = k 2π 2, k ∈ {1, 2, ...}. Conclusão x 7→ αp − p∗F (x) αp F (S(α)) = ∗ , p (23) Observação. Bem como no caso do laplaciano, os autovalores λk (p) do p−laplaciano formam uma sucessão crescente de números positivos (12) 0 t ∈ [θ(α), 3θ(α)]. denotará o k−ésimo autovalor do p-laplaciano. |u (t)|p + p∗F (u(t)) = αp 0 u(2θ(α)) = 0 0 (1 − tp)1/p 0 Escolhendo u (0) = α > 0, a equação de energia associada a (Pα) será 1 R 1 0 0 R 1 0 2 − u u dt = −u udt = − (u u) 0 0 u (t) dt 0 0 k 2 R1 2 R1 0 λu dt = λ 0 u(t) dt (22) λ1/p = 2k(p − 1)1/p 0 ( 1/p p ∗ u (t) = − α − p F (u(t)) 0 O problema (P ) terá solução se ∃α ∈ (0, ∞) tal que θ(α) = 1 , para algum k ∈ N∗. 2k (7) 0 0 R1 0 0 p∗ (21) A função Λ1 : [−S(α), S(α)] → R definida por Z t dτ Λ1(t) = −Λ0(t) = − 0 G(τ ) (Pλ) (Φp∗ ◦ ϕp)(s) = u0(θ(α)) = u0(−θ(α)) = 0. u1(t) = Λ−1 1 (t − 2θ(α)), Por (4) e (6), e, integrando por partes entre 0 e 1, Disto, 0 0 (F (u)) = f (u)u −u u = λu2 00 0 −(ϕp(u )) u = (ϕp(u )) Φ∗(ϕp(u )) = [Φp∗ (ϕp(u ))] 00 R1 0 0 é tal que, se u1 é solução de 22, então A equação (4) é equivalente a 0 (20) 0 −(ϕp(u )) u = f (u)u 0 00 u0(θ(α)) = S(α) e u0(−θ(α)) = −S(α) 0 EDO linear de 2.a ordem Consideremos a seguinte equação diferencial ordinária de 2.a ordem: De Λ0(S(α)) = θ(α) e Λ0(−S(α)) = −θ(α) obtemos que com p > 2 e f : R → R uma função ímpar contínua satisfazendo a condição de sinal xf (x) > 0 para x 6= 0. 0 (19) t ∈ [−θ(α), θ(α)]. 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