www.acmp-ce.org.br ELEIÇÕES 2014 ENTREVISTA CANDIDATOS AO GOVERNO DO CEARÁ AILTON LOPES Perfil Ailton Lopes atua profissionalmente como bancário, professor de português e espanhol e linguista crítico, dedicando sua militância à oposição bancária e ao movimento de diversidade sexual. Sua trajetória de luta teve início na Pastoral da Juventude, onde compreendeu que política se faz coletivamente, e passou pelo movimento estudantil da Universidade Federal do Ceará. Desde 2005, Ailton se dedica a construir uma alternativa de esquerda socialista que pudesse ser a ferramenta de transformação social necessária para o povo brasileiro: o PSOL. 1) Segundo dados colhidos no “Mapa da Violência” e “Secretaria de Segurança Pública do Ceará”, de janeiro de 2007 a março de 2014, foram registrados 20.740 homicídios no Estado, em uma média de 2.860 assassinatos por ano, igualando-se ou mesmo superando a proporção de países em conflito bélico. O que o governo de Vossa Excelência tenciona fazer para mudar esse quadro? AL: A redução dos altos índices de homicídio, provocados pela escalada da violência, só pode ser alcançada de maneira sustentável, por longo período, enfrentando as desigualdades sociais, com investimento na educação e saúde pública de qualidade, espaços de cultura, esporte e lazer, de convivência e integração social. É fundamental também atuar na prevenção do crime, com elaboração de diagnósticos sensíveis às realidades locais constantemente atualizados. Dados como perfil das vítimas, modus operandi das infrações, local, data e hora são essenciais para superar as improvisações, a violência institucional e aumentar a produtividade da política de segurança. O papel do Ministério Público como órgão independente e autônomo é fundamental no controle externo da atividade policial e tem sido decisivo em diversos momentos. 2) Qual a avaliação que faz do papel exercido pelo Ministério Público após o advento da Constituição de 1988? AL: O controle dos poderes constituídos do Estado de maneira externa por um órgão independente e autônomo como o Ministério Público tem sido fundamental ao aperfeiçoamento da democracia, assim como a indispensável ação na garantia dos direitos da coletividade, especialmente dos segmentos socialmente vulneráveis, a preservação de nosso patrimônio histórico e cultural, do meio ambiente e na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 3) Inobstante a imensa gama de demandas sociais impostas à instituição, no Ceará o Ministério Público conta com um orçamento muito aquém de suas necessidades, em uma das piores relações per capta (relação orçamento / membro) do Brasil (cite-se como exemplo o Ministério Público do Rio Grande do Norte que tem quase o dobro do nosso orçamento per capta). O que Vossa Excelência pretende fazer para incrementar o orçamento do MP-CE? AL: Compreendemos que para o bom exercício das funções públicas por parte de qualquer governo é necessário que ele seja fiscalizado e controlado, assim como é indispensável ao avanço democrático a defesa dos diversos interesses sociais. Neste sentido, órgãos como o Ministério Público precisam de condições para o pleno e bom exercício de suas funções. Comprometemo-nos a elaborar um plano de investimento capaz de atender às suas demandas atuais, além de garantir um fundo próprio para seu reaparelhamento. 4) Outro grande gravame responsável pelas condições deficitárias de trabalho no MP-CE se deve a inexistência de um fundo próprio de reaparelhamento, como existe hoje com o Poder Judiciário (FERMOJU - Lei 11.891/91) e Defensoria Pública (FAADEP - Lei 15.490/2013). Na avaliação de Vossa Excelência, qual a razão do MP no Ceará ainda não contar com um fundo próprio de reaparelhamento como acontece com quase todos os Ministérios Públicos brasileiros? Como o governo, caso eleito(a), lidará com a criação desse fundo? AL: O Ministério Público é um órgão de Estado e, como tal, não pode depender da transitoriedade dos governos. É preciso, portanto, de garantias do Estado para seu funcionamento, assegurando-lhe recursos próprios, de modo a manter sua independência e o pleno exercício de suas prerrogativas constitucionais. Somos, portanto, favoráveis à criação deste fundo, como requisito mínimo e indispensável para viabilização de suas atividades. 5) Relatórios da organização Transparência Internacional divulgados em dezembro de 2013 confirmam que o Brasil piorou no ranking de percepção da corrupção, caindo da 69ª para a 72º posição, dentre 177 países. No Ceará, raros são os dias em que não encontramos notícias sobre corrupção nos órgãos públicos municipais, ou mesmo estadual. O que o governo de Vossa Excelência fará para dar maior transparência no trato da coisa pública, tentando reduzir os índices de corrupção no Estado? Essas ações passam pelo fortalecimento do Ministério Público no Estado? AL: Não há transparência completa se não for permitido o acompanhamento e controle da gestão pública pelo conjunto da sociedade civil. É claro, portanto, que fortalecer os mecanismos de transparência e controle da gestão pública, de modo a combater a malversação dos recursos públicos, passa por fortalecer o Ministério Público e todos os órgãos de controle.