Para não dizer que não falei das cores... Por Jaime C. Patias *
Como seres que amam a paz e a unidade na pluralidade, fomos rápidos em condenar a barbárie
ocorrida no dia 13 de novembro, em Paris. Não podemos deixar de reprovar esses crimes hediondos. A
violência e o ódio não resolvem os problemas da humanidade. Matar e ferir em
nome de Deus é uma blasfêmia!
Imediatamente vestimos as cores da França. Nem o Cristo Redentor
escapou. Toda a violência e atrocidade devem ser repudiadas. Justiça seja
feita. Rezamos pelas vítimas e pelos feridos e por todo o povo francês. Mas,
por que somos tão rápidos em nos mobilizar pela França e nos esquecemos da Nigéria aonde uma
ofensiva do grupo radical Boko Haram vem causando horrores àquele país africano?...Cadê as cores da
Nigéria e de tantos outros países periféricos que perdem seus filhos e filhas aos milhares em guerras
insanas alimentadas pela indústria bélica?
Indignados, aqui no Brasil, rapidamente assumimos as cores da França, proposta pelo Facebook.
Isso m ostra que somos um povo solidário. Defendemos a liberdade e a democracia que
garantem os direitos básicos aos povos. Mas por que não temos a mesma sensibilidade
para com as vítimas da lama em Mariana? Estamos dispostos a vestirmos as cores da
lama de Mariana contra a barbárie das mineradoras?
E diante do genocídio dos povos indígenas vamos vestir as cores Guarani
Kaiowá? E a violência e o extermínio dos jovens nas periferias nos farão vestir suas
cores? E neste mês da consciência negra, quem vai vestir as cores dos quilombolas e
dos afro-brasileiros contra a discriminação e o racismo? E poderíamos seguir falando
das mulheres, crianças, idosos....
A lista é grande... do tamanho da nossa consciência crítica diante dos interesses seletivos que os
donos da mídia a serviço dos poderosos nos fazem acreditar.
Pe. Jaime C. Patias, IMC, mestre em comunicação, secretário da Pontifícia União Missionária.
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Para não dizer que não falei