Archivos de Zootecnia
ISSN: 0004-0592
[email protected]
Universidad de Córdoba
España
da Rocha, L.L.; Benício, R. C.; Oliveira, J.C.V.; Ribeiro, M. N.; Lara, M. A. C.; Gomes Filho, M. A.;
Ribeiro, J.A.
Uso de polimorfismo de proteínas no estudo genético de caprinos da raça Moxotó
Archivos de Zootecnia, vol. 56, núm. 215, septiembre, 2007, pp. 287-298
Universidad de Córdoba
Córdoba, España
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=49521502
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USO DE POLIMORFISMO DE PROTEÍNAS NO ESTUDO GENÉTICO
DE CAPRINOS DA RAÇA MOXOTÓ
USE OF PROTEIN POLYMORPHISM IN THE GENETIC STUDY OF BREED
GOAT MOXOTÓ
Rocha, L.L. da1, R.C. Benício1, J.C.V. Oliveira1, M.N. Ribeiro1, M.A.C. Lara2,
M.A. Gomes Filho1 e J.A. Ribeiro2
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Departamento de Zootecnia. CP 52171. Brasil.
[email protected]
2
Instituto de Zootecnia. Nova Odessa/SP. CP 60, 13469-000. Brasil. [email protected]
PALAVRAS CHAVE ADICIONAIS
ADDITIONAL KEYWORDS
Variabilidade genética.
Genetic variability.
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivos
conhecer a variabilidade genética e relação
genética de caprinos da raça Moxotó, dos estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do
Norte, e comparar esta raça com Anglonubiana
através do polimorfismo protéico. Foram investigadas 353 amostras sangüíneas de caprinos
(34 da raça Anglo Nubiana e 319 da raça Moxotó).
O estudo genético foi realizado com base em dez
sistemas de proteínas: eritrocitárias (hemoglobina (Hb), anidrase carbônica (CA), esterase D
(Est-D), peptidase B (Pep-B), enzima málica (EM),
diaforase-I e diaforase-II (DIA-I, DIA-II), proteína
X (Px)), e duas proteínas séricas (transferrina
(Tf) e albumina (Alb)). Das proteínas analisadas,
80% dos locos apresentaram-se polimórficos.
Os locus da anidrase carbônica (CA) e peptidaseB (PEP-B) não apresentaram variabilidade para
ambas raças, caracterizando-se como monomórficos. O teste de Fisher revelou diferenças
significativas entre rebanhos das raças Moxotó
e Anglo Nubiana em relação às freqüências
gênicas estimadas para os locus Hb, Est-D, XP
e Alb. Entretanto, com base nos valores de Gst
pode-se concluir que os locus Est-D, Alb e Tf
foram os mais informativos podendo ser considerados ferramentas úteis para o estudo de
caracterização e de relações genéticas entre
raças caprinas. O dendograma construído a
partir de estimativas de freqüências alélicas com
base nos oito locus polimorficos apresentou
dois clusters principais: um agrupando todos os
rebanhos da raça Moxotó, exceto um dos
rebanhos de Ibimirim do estado de Pernambuco
e, o outro, os três rebanhos da raça Anglo
Nubiana.
SUMMARY
There were collected 353 blood samples of
Moxotó (319) and Anglo Nubian breeds (34) to
study genetic diversity based on eight eritrocitary
protein systems (hemoglobine (Hb), carbonic
anhydrase (CA), esterase - D (Est-D), peptidase
- B (Pep-B), malic enzyme (IN), diaphorase-I and
diaphorase-II (Dia-I, Dia-II), serics protein X (Px))
and two plasmatic proteins (transferrin (Tf) and
Arch. Zootec. 56 (215): 287-298. 2007.
ROCHA, BENÍCIO, OLIVEIRA, RIBEIRO, LARA, GOMES FILHO E RIBEIRO
albumin (Alb)). The majority of the systems (80%)
were polymorphic. The loci of carbonic anihydrase
(CA) and peptidase-B (Pep-b) were monomorphics. The Fisher test presented significative
difference between Moxotó and Anglo Nubian
breeds to the genic frequency estimates for the
loci Hb, Est-D, XP and Alb. However, based on
Gst values the Est-D, Alb and Tf loci had been the
most informative. These loci may be a useful tool
to characterization studies and genetic report
between goat breeds. Dendrogram based on
alelic frequency to eight polimorphic loci presented
two clusters: one joing all Moxotó herds, except
one located on Ibimirim municipality in Pernambuco
state and all Anglo Nubian herds.
INTRODUÇÃO
O aproveitamento dos recursos
genéticos naturais animais em países
em desenvolvimento vem crescendo
lentamente, pois são recursos ainda
pouco caracterizados, apesar de
desempenharem papel sócio-econômico muito importante para comunidades mais pobres, que deles dependem.
Desta forma, estudos sobre recursos
genéticos animais têm sido prioridades
de muitos países ao entender que,
atendem as necessidades humanas e
beneficia o meio ambiente, sendo
responsabilidade cuidar, resgatar, fomentar e melhorar se for o caso
(Herson, 1992).
O uso de raças ou tipos nativos se
torna importante para as regiões
tropicais, pois segundo Abreu et al.
(1998) é possível determinar combinações genéticas de interesse, tais
como: genes de resistência genética á
doenças e parasitas; conservação de
ecossistemas que exija animais domésticos que produzam harmonica-
mente com a região e doação de genes
capazes de gerar novas combinações
genéticas.
Poucos são os trabalhos desenvolvidos com polimorfismo em caprinos
no Brasil, apenas o de Igarashi (1997).
A maioria dos trabalhos encontrados
na literatura se referem a estudos de
caracterização racial de caprinos de
raças européias (Deza et al., 2000;
Zepeda, 2000; Menrad et al., 2002;
Vankan e Bell, 1992; Tucker e Clarke,
1980). Oliveira (2004) avaliou a
caracterização e o perfil etnológico de
rebanhos caprinos nos municípios de
Ibimirim e Serra Talhada, no estado de
Pernambuco, tendo avaliado um total
de 8455 animais. Desse total, 77%
eram de constituição SPRD (Sem
Padrão Racial Definido) e apenas
10,81% eram de caprinos da raça
Moxotó. Dentre as raças nativas, a
Moxotó apresenta características
adaptativas que permitem a sobrevivência e a reprodução, principalmente
no período de estiagem nas regiões
semi-áridas, sendo por tanto um recurso genético valioso que precisa ser
conservado e melhor caracterizado.
Entretanto, esta raça vem desaparecendo da região devido ao uso indiscriminado em cruzamentos com raças
exóticas, notadamente a Anglo Nubiana, maior responsável pela diluição
dos rebanhos nativos da região
(Oliveira, 2004).
A utilização de marcadores protéicos (isoenzimáticos) tem se mostrado
eficaz neste tipo de estudo por ser
bastante informativa, podendo ser,
empregada em estudos de relação
filogenéticos (Lara et al., 2001), além
de ser uma técnica relativamente barata e acessível. Portanto, a caracte-
Archivos de zootecnia vol. 56, núm. 215, p. 288.
POLIMORFISMO PROTEICO EM CAPRINOS DA RAÇA MOXOTÓ
rização genética e etnológica permite
a identificação de populações que
ficaram isoladas por muito tempo. Os
polimorfismos de proteínas constituem
sistemas para a caracterização
genética, uma vez que revelam as
modificações ocorridas na seqüência
codificadora do DNA (Lara, 1998)
que alteram a estrutura ou carga da
molécula.
O objetivo do trabalho foi conhecer
a variabilidade e relação genética entre as populações caprinas das raças
Moxotó, dos estados da Paraíba,
Pernambuco e Rio Grande do Norte
com a raça Anglo Nubiana, através de
sistemas protéicos.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram investigadas 353 amostras
sangüíneas de caprinos (319 da raça
Moxotó e 34 da raça Anglonubiana),
coletados em 10 propriedades, duas
correspondentes ao Rio Grande do
Norte, cinco de Pernambuco e três de
Paraíba.
Utilizou-se dez sistemas de proteínas eritrocitárias: hemoglobina (Hb),
anidrase carbônica (CA), esterase D
(Est-D), peptidase B (Pep-B), enzima
málica (EM), diaforase-I e diaforaseII (DIA-I, DIA-II), proteína X (Px), e
duas proteínas séricas: transferrina (Tf)
e albumina (Alb).
As amostras sangüíneas obtidas
através da punção na veia jugular foram
coletadas em tubos vacutainer
contendo EDTA 10%, como anticoagulante. O plasma foi separado por
centrifugação a 2000 rpm durante 10
minutos e estocado a -200°C até o
momento das análises de eletroforese
da transferrina (Tf) e albumina (Alb).
Os eritrócitos foram lavados em
solução de NaCl a 0,85%, diluídos em
volume idêntico de tampão fosfato, pH
7,4, contendo 40% de glicerol, sendo
também estocados a -200°C. Para as
análises de eletroforese da anidrase
carbônica (CA), esterase-D (Est-D) e
proteína-X (Px), os hemolisados foram
obtidos diluindo-se os eritrócitos em
água destilada na proporção de 1:1.
Para as análises da peptidase-B (PepB), enzima málica (EM) e diaforase I
e II (Dia-I, Dia-II), os hemolisados
foram obtidos adicionando-se 100 µl
de mercaptoetanol 2% para cada 100
µl de hemácias glicerolizadas.
O polimorfismo da hemoglobina foi
investigado pela técnica de focalização
isoelétrica, gradiente de pH 6,7-7,7
empregando-se o sistema Multiphor
da Amersham Biosciences. O gel foi
preparado entre placas de vidro com
dimensões de 124mm x 260mm e
1mmm, contendo uma película de
suporte (GelBond), à qual o gel de
poliacrilamida aderiu firmemente. A
solução de polimerização continha as
seguintes soluções: 2,34 ml de
acrilamida 28%, 1,004 ml de metilenebisacrilamida 2%, 650 µl de anfólito
pH 6,7-77, 650 µl de solução de
persulfato de sódio (75mg/ml), 22 µl
TEMED, 2,4 g de sacarose e 8,3 ml de
água ultrapura. As amostras de hemoglobina, tratadas com tetracloreto de
carbono e cianeto de potássio, segundo técnica de Basset et al. (1978)
foram absorvidas em papel de filtro
(4mm x 4mm) e aplicadas no gel, após
20 minutos de pré-focalização. Estes
papéis foram mantidos por 3 minutos
para permitir a passagem da amostra
no gel. As soluções de ácido aspártico
Archivos de zootecnia vol. 56, núm. 215, p. 289.
ROCHA, BENÍCIO, OLIVEIRA, RIBEIRO, LARA, GOMES FILHO E RIBEIRO
e hidróxido de sódio, nas concentrações
de 0,04M e 1M, respectivamente, foram
utilizadas como eletrólitos na IEF,
empregando limites máximos de 2000
V, 20 mA e 10 W. Após 3 horas, a
corrente foi interrompida e o gel fixado
em solução de ácido tricloroacético
34,5%, contendo 3,5 g de ácido
sulfossalicílico, por 15 minutos e, em
seguida, lavado em solução contendo
água ultrapura, ácido acético e álcool,
na proporção de 67:8:25.
Para a maioria das proteínas
eritrocitárias, as análises de eletroforese foram realizadas em gel de amido
de milho a 14% (Val et al., 1981),
exceto para Prot-X, em que se utilizou
gel de amido de batata na concentração
de 11,5%.
Os loci da Tf e Alb foram investigados pela técnica de focalização
isoelétrica empregando os seguintes
gradientes de pH 3,0-6,5 e pH 5,0-8,0
conforme metodologias descritas em
Carvalho (2002).
Para as análises de eletroforese da
Pep-B e EM foi empregado o sistema
contínuo de tampão citrato/fosfato, pH
5,9, segundo Lara e Contel (1997) e
para CA e Est-D, o tampão fosfato
0,1M pH 6,5, conforme recomendações de Lara (1998). Para as
análises de eletroforese de DIA-I e
DIA-II foram empregados o tampão
Tris/citrato, pH 7,2 (8,5 mM em Tris e
1,15 mM em ácido cítrico) no preparo
do gel e, o tampão Tris/ citrato, pH 8,6
(0,42M em Tris e 0,063M em ácido
cítrico), na cuba.
As atividades enzimáticas de CA e
Pep-B foram reveladas segundo Lara
(1998) e as atividades de Est-D, EM,
DIA-I e DIA-II segundo Harris e
Hopkinson (1976).
Para as análises de eletroforese da
Prot-X foi empregado o sistema de
tampão descontínuo de Kristjanson
(1963), cujas variantes foram diferenciadas incubando-se o gel numa solução
de amido negro 0,25% em etanol: água
destilada: ácido acético, na proporção
de 5:5:1, após sucessivas lavagens.
As freqüências gênicas e genotípicas foram investigadas utilizando-se
o programa GENEPOP versão 1.2
(Raymound e Rousset, 1995). Esse
aplicativo também foi utilizado para
verificar os índices de heterozigosidade
esperada (He) e observada (Ho), além
do equilíbrio de Hardy-Weinberg . O
dendrograma foi construído a partir da
matriz de distância genética de Nei
(1972) empregando-se o método
UPGMA, contido no aplicativo DISPAN
(Kumar et al., 1993).
RESULTADOS
No presente estudo, 80% dos locos
apresentaram polimorfismo. Os locos
da anidrase carbônica (CA) e peptidase-B (PEP-B) apresentaram-se
monomórficos. Estes resultados
corroboram com a hipótese de que
estas enzimas sejam monomórficas
para a espécie caprina (Igarashi, 1997).
Para as freqüências gênicas e
genotípicas dos locos polimorfícos,
estimadas para os rebanhos das raças
Moxotó e Anglo Nubiana. Observouse maior freqüência do alelo HbA em
todas as populações, variando de 0,717
a 0,868 (Moxotó) a 0,765 a 0,90
(Anglonubiana). A predominância
desse alelo em populações caprinas
nativas do estado do Ceará havia sido
reportado por Igarashi (1997). O teste
Archivos de zootecnia vol. 56, núm. 215, p. 290.
POLIMORFISMO PROTEICO EM CAPRINOS DA RAÇA MOXOTÓ
exato de Fisher revelou diferenças significativas (p=0,00429±0,0256) entre
as raças estudadas. O loco da esteraseD foi bastante informativo, pois
apresentou dois alelos co-dominantes,
denominados Est-D 1 e Est-D 2 em
freqüências específicas para as raças
Moxotó e Anglo-Nubiana (p<0,0001).
O alelo Est-D1 foi mais freqüente nos
rebanhos Anglo-Nubiana e, o alelo EstD2 na raça Moxotó. Deza et al. (2000),
estudaram as esterases 1 e 2 em
populações caprinas crioulas nativas
de diferentes regiões da Argentina
Central, observaram que a esterase 2
(ES-2) era polimórfica. No presente
trabalho, não foi possível correlacionar
a ES-2 com a Est-D, pois os substratos
utilizados na revelação de suas
atividades não foram os mesmos. No
entanto, os resultados obtidos no presente estudo são similares aos obtidos
por Igarashi (1997), não só em relação
ao substrato como também às estimativas de freqüências de Est-D1 e
Est-D2 reportados para o rebanho da
raça Moxotó. A enzima málica
apresentou três alelos co-dominantes:
EMA, EMB e EM C, com mobilidades
anódicas decrescentes; o alelo EMB
foi o mais freqüente em todos os
rebanhos, cujas estimativas de freqüências estimadas no presente estudo são
similares às reportadas por Menrad et
al. (2002) e Deza et al. (2000). O alelo
EMA ocorreu em freqüências intermediárias enquanto que o alelo EM C
apresentou-se em freqüências muito
baixas para a raça Moxotó e AngloNubiana. Resultados semelhantes
foram encontrados por Deza et al.
(2000) ao estudarem caprinos da raça
Crioula da Argentina. Entretanto,
Menrad et al. (2002) estimaram
freqüências altas para o alelo EMC em
caprinos da Kashimira. O polimorfismo
do loco DIA-I foi observado tanto
para a raça Moxotó como a AnggloNubiana. Com relação ao loco DIAII, apenas no rebanho da raça Moxotó
esse loco apresentou-se polimórfico,
estando o alelo DIA-II1 fixado nos
rebanhos Anglonubianos. Essa enzima
havia sido descrita em caprinos como
sendo monomórfica (Tucker e Clarke,
1980; Tucker et al., 1989; Menrad et
al., 2002). Os resultados obtidos
sugerem que esse loco possa ser considerado um sistema promissor para os
estudos de caracterização genética
sendo necessário investigá-lo em outras
raças caprinas. Para a proteína X, o
alelo mais freqüente foi o XP2 em
todos os rebanhos investigados, concordando com os dados da literatura,
pois o alelo mais freqüente na maioria
dos trabalhos é o alelo XP2 ou XP+.
(Barbancho et al., 1984; Zepeda, 2000)
embora haja muita controvérsia quanto
à nomenclatura e a forma de herança
de seus alelos. Para o loco da Xp foi
encontrada freqüência alta para o tipo
Xp-2 nos rebanhos avaliados. O alelo
TfA foi o mais freqüente. A presença
do alelo TfB poderia sugerir maior
influência de raças indianas no referido rebanho, pois segundo a literatura o
alelo TfB tem sido considerado marcador genético de algumas raças indianas, como Jamunapari, Bengal, Barbari,
Kutchi, Bhuj (Igararashi, 1997). O alelo
TfC ocorreu em todos os rebanhos investigados, em freqüências menores,
cujos resultados estão de acordo com
os estudos em algumas raças caprinas
espanholas, nativas do Brasil e Africanas (Barbancho et al., 1984; Igarashi,
1997; Vankan e Bell, 1992). A não
Archivos de zootecnia vol. 56, núm. 215, p. 291.
ROCHA, BENÍCIO, OLIVEIRA, RIBEIRO, LARA, GOMES FILHO E RIBEIRO
Tabela I. Teste do equilíbrio de Hardy-Weinberg em caprinos das raças Moxotó e Anglo
Nubiana. (Test of Hardy-Weinberg balance in Moxotó and Anglo Nubian populations).
Rebanho
RM1
RM2
RM3
RM4
RM5
RM6
Locos
Hb
Tf
Em
DIA-II
Al
Est-D
xP
Hb
Tf
Em
Dia-I
Al
Est-D
xP
Hb
Tf
Em
Al
Est-D
xP
Hb
Tf
Em
Al
Est-D
xP
Hb
Tf
Em
Al
Est-D
xP
Hb
Tf
Em
Dia-I
Al
Est-D
xP
Número de animais
Homozigotos
Heterozigotos
7(7,608)
8(8,39)
6(5,522)
11(11)
8(6,435)
9(9,261)
11(11)
106(107,176)
100(102,365)
103(74,3)
152(152,01)
82(80,085)
131(127,645)
85(91,348)
28(28,827)
15(16,342)
28(25,2)
19(20,367)
34(34,16)
23(18,143)
3(3,11)
4(2,45)
6(3,09)
2(3,1)
4(4,182)
4(4,182)
13(14,702)
6(9,085)
22(13,36)
8(11,745)
21(21,13)
23(17,894)
10(13,2)
15(12,76)
15(12,31)
19(19,27)
9(11,4)
17(16,24)
20(20,13)
5(4,391)
4(3,61)
6(6,478)
1(1)
4(5,565)
3(2,739)
1(1)
48(46,824)
54(51,635)
51(79,7)
2(1,99)
72(73,915)
23(26,355)
59(52,652)
10(9,173)
25(23,658)
10(12,8)
21(19,633)
4(3,84)
2(6,857)
2(1,89)
2(3,55)
0(2,91)
4(2,9)
2(1,82)
2(1,82)
11(9,298)
18(14,915)
2(10,64)
16(12,255)
3(2,87)
1(6,106)
13(9,8)
8(10,24)
8(10,69)
4(3,73)
14(11,6)
6(6,76)
3(2,87)
Archivos de zootecnia vol. 56, núm. 215, p. 292.
FIS
-0,145
-0,113
0,076
0
0,290
-0,100
0
-0,025
-0,046
0,361
-0,003
0,026
0,127
-0,121
-0,091
-0,057
0,221
-0,071
-0,042
0,713
-0,067
0,459
1
-0,429
-0,111
-0,111
-0,188
-0,212
0,815
-0,314
-0,045
0,839
-0,333
0,223
0,256
-0,073
-0,217
0,114
-0,048
Teste exato de Fisher
Déficit de Excesso de
heterozigoto heterozigoto
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
<10-4
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
0,004
ns
ns
0,0303
ns
ns
ns
ns
ns
<10-4
ns
ns
0,0012
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Geral
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
<10-4
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
0,0265
Ns
Ns
Ns
0,004
Ns
Ns
0,03
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
<10-4
Ns
Ns
0,0012
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
POLIMORFISMO PROTEICO EM CAPRINOS DA RAÇA MOXOTÓ
Tabela I (continuação). Teste do equilíbrio de Hardy-Weinberg em caprinos das raças
Moxotó e Anglo Nubiana. (Test of Hardy-Weinberg balance in Moxotó and Anglo Nubian populations).
Rebanho
RA7
RM8
RA9
RA10
Locos
Hb
Tf
Em
Dia-I
Al
Est-D
xP
Hb
Tf
Em
Al
Est-D
xP
Hb
Tf
Em
Al
Est-D
xP
Hb
Tf
Em
Al
Est-D
xP
Número de animais
Homozigotos
Heterozigotos
5(5,154)
4(4,308)
5(3,923)
6(6)
1(3,308)
4(4,46)
7(5,154)
41(43,72)
30(34,899)
45(34,04)
22(29,78)
36(33,11)
37(32,18)
13(10,697)
8(7,303)
12(8,727)
14(14,182)
10(9,333)
15(15,06)
8(8,105)
4(4,579)
4(4,579)
6(6,632)
6(4,737)
8(6,632)
2(1,846)
3(2,692)
2(3,077)
1(1)
6(3,692)
3(2,54)
0(1,846)
19(16,28)
30(25,101)
14(24,96)
38(30,22)
24(26,89)
23(27,82)
4(6,303)
9(9,687)
5(8,273)
3(2,818)
7(7,667)
2(1,94)
2(1,895)
6(5,421)
6(5,421)
4(3,368)
4(5,263)
2(3,368)
FIS
-0,091
-0,125
-0,368
0
-0,714
-0,200
1
-0,169
-0,197
0,441
-0,260
0,108
0,175
0,373
0,074
0,403
-0,067
0,089
-0,032
-0,059
-0,113
-0,113
-0,200
0,250
0,419
Teste exato de Fisher
Déficit de Excesso de
heterozigoto heterozigoto
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
0,0089
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
0,0239
Ns
0,0387
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Geral
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
0,0008
Ns
Ns
Ns
Ns
Ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns= não significativo (p>0,05).
ocorrência do alelo TfD no presente
estudo corrobora com a hipótese de
esse alelo seja específico às raças
Africanas (Osterhoff e Ward-Cox,
1972 ). Na literatura, a albumina tem
sido relatada como monormófica para
algumas raças caprinas (Igarashi, 1997
e Efremov e Braen, 1964).
Na tabela I estão apresentados os
resultados dos testes de equilíbrio
genético para cada loco polimórfico
investigado nos sete rebanhos da raça
Moxotó e três rebanhos da raça AngloNubiana. Quando todos os locos (Hb,
Tf, Em, Dia-I, Dia-II, Alb, Est-D, xP)
foram considerados na análise, o teste
exato de Fisher com probabilidade combinada revelou que os três rebanhos da
raça Moxotó (RM1, RM4, RM6) e os
rebanhos da raça Anglo-nubiana (RA7,
Archivos de zootecnia vol. 56, núm. 215, p. 293.
ROCHA, BENÍCIO, OLIVEIRA, RIBEIRO, LARA, GOMES FILHO E RIBEIRO
RA9 e RA10) encontravam-se em
equilíbrio segundo o teorema de HardyWeinberg, ou seja, os desvios das
proporções genotípicas não foram significativos (p>0,05). Entretanto, no
rebanho RM4 foi verificado um desvio
significativo (p=0,0303) entre as
distribuições genotípicas observadas e
teóricas para o loco EM. O valor alto e
positivo de FIS foi concordante com a
hipótese aceita, que sugere déficit de
heterozigotos, embora o teste tenha
revelado que este rebanho estava em
equilíbrio genético, quando os outros
locos foram considerados (p=0,5490;
χ2=10,8; Gl=14).
Com relação aos testes exatos de
Fisher com probabilidades combinadas, que foram realizados para os
rebanhos RM2 (p>10 -4 ; χ 2 =55,5;
Gl=14), RM3 (p=0,0476; χ2 =21,2;
Gl=12), RM5 (p>10-4; χ2=10,7; Gl=14)
e RM8 (p=0,0076; χ2=27,1; Gl=12), os
resultados obtidos demonstram que
estes rebanhos encontravam-se fora
de equilíbrio.
Tabela II. Estimativas de Ht, Hs e Gst para
os locos polimórficos. (Ht, Hs and Gst estimates
for polymorphic locus).
Locos
Est-D
Hb
Tf
Em
DIA-I
DIA-II
Alb
xP
Média
Índice de diversidade de NEI
Gst
Ht
Hs
0,325
0,029
0,090
0,062
0,050
0,037
0,134
0,060
0,098
0,453
0,317
0,509
0,481
0,041
0,008
0,492
0,266
_
0,305
0,308
0,463
0,451
0,039
0,008
0,432
0,249
_
As não aderências das distribuições
genotípicas ás teóricas segundo o teorema de Hardy-Weinberg foram
devidas, principalmente ao déficit observado de heterozigoto no loco EM
para os rebanhos RM2 (p<10-4), RM5
(p<10-4) e RM8 (p=0,0089) e ao déficit
de heterozigoto observado no loco xP
para os rebanhos RM3 (p=0,004) e
RM5 (p=0,0012). Esses resultados
poderiam ser decorrentes de acasalamentos entre indivíduos aparentados,
devido ao pequeno número de reprodutores, que estariam limitando a
variabilidade destes rebanhos e, desta
forma, propiciando a fixação de determinados alelos.
Os excessos de heterozigotos observados nos locos Tf e Al poderiam
explicar a causa do desequilíbrio
genético no rebanho RM8, provavelmente decorrente da seleção e do sistema semi-intensivo de criação, que
estariam favorecendo animais de
genótipos superiores em seus cruzamentos. Outro fator que poderia justificar os excessos de heterozigotos observados seria uma possível ligação
ou interação dos locos da transferrina
e albumina com locos submetidos à
seleção pelo criador, como aqueles
relacionados às características de
interesse zootécnico.
Os valores de FIS estimados para
os locos EM, Xp e Tf sustentam as
hipóteses tanto para déficit como para
excesso de heterozigotos, uma vez que
valores elevados e positivos sugerem
excesso de homozigotos e valores elevados e negativos, excesso de
heterozigotos.
Na tabela II observa-se, que em
média a divergência genética estimada
com base nos oito locos de proteínas
Archivos de zootecnia vol. 56, núm. 215, p. 294.
POLIMORFISMO PROTEICO EM CAPRINOS DA RAÇA MOXOTÓ
foi cerca de 9,88%. Este resultado
indica que apenas 9,88% da diversidade
total é decorrente de diferenças
genéticas entre as populações e,
90,12% da variabilidade existente dentro das populações. Os maiores valores de GST foram estimados para os
locos Est-D (0,3255), Alb (0,1341) e
Tf (0,09007). Estes resultados demonstram que estes locos foram os mais
informativos, pois expressaram os
maiores índices divergências entre as
populações investigadas, sendo extremamente importantes em estudo de
caracterização genética em caprinos.
Com base nas freqüências gênicas
estimadas para as dez populações
caprinas foi possível calcular as
distâncias genéticas padrões (DA) e
as corrigidas para pequenas amostras
(Ds). As estimativas foram obtidas
para todos os pares de populações
investigadas. Na tabela III estão
apresentados os valores de DA e Ds
que foram estimadas com o emprego
do programa DISPAN (Kumar et al.,
1993), segundo as metodologias de Nei
(1972 e 1978), respectivamente. Em
geral, as distâncias genéticas padrão
(DA) foram superiores às distâncias
corrigidas (Ds). As menores divergências foram observadas entre as
populações RM5 e RM3, cujas estimativas de DA e Ds foram 0,0065 e
0,0028, respectivamente. Esses valores pequenos já eram esperados, pois
Tabela III. Distância genética entre as dez populações caprinas estimadas pelo método de
NEI (1972 e 1978), a partir das freqüências gênicas obtidas para oito locos. A distância
genética padrão (DA) de Nei (1972) está representada acima da diagonal, e a distância
corrigida para amostras pequenas, (Nei, 1978) abaixo da diagonal. (Genetic distance for ten
goat populations calculated using the Nei method (1972 and 1978) from genetics frequencies estimated
for eight locus. Standard Genetic Distance of Nei (1972) and corrected distance for small samples (Nei,
1978) are below and above the diagonal, respectively).
RM1
RM2
RM3
RM4
RM5
RM6
RA7
RM8
RA9
RA10
RM1
RM2
RM3
RM4
RM5
RM6
RA7
RM8
RA9
RA10
_
0,006
0,008
0,045
0,005
0,004
0,063
0,006
0,056
0,027
0,009
_
0,009
0,042
0,007
0,004
0,056
0,012
0,057
0,030
0,011
0,018
_
0,051
0,002
0,003
0,071
0,012
0,059
0,028
0,042
0,042
0,041
_
0,048
0,032
0,023
0,028
0,041
0,027
0,009
0,013
0,006
0,040
_
0,003
0,071
0,010
0,054
0,024
0,014
0,015
0,023
0,044
0,015
_
0,049
0,011
0,035
0,011
0,041
0,042
0,052
0,032
0,049
0,029
_
0,026
0,012
0,011
0,012
0,020
0,022
0,035
0,017
0,021
0,020
_
0,028
0,012
0,054
0,051
0,055
0,037
0,048
0,034
0,017
0,031
_
0,007
0,029
0,036
0,040
0,039
0,030
0,021
0,013
0,013
0,013
_
As populações da raça Moxotó RM1 e RM2 referem-se aos rebanhos localizados no Rio Grande do Norte;
RM3, RM4 e RM5 ao estado de Pernambuco; RM6 e RM8, ao Estado da Paraíba. As populações da raça
Anglo Nubiana está representada em RA7 e refere-se ao estado da Paraíba e, a RA9 e RA10, ao Estado
de Pernambuco.
Archivos de zootecnia vol. 56, núm. 215, p. 295.
ROCHA, BENÍCIO, OLIVEIRA, RIBEIRO, LARA, GOMES FILHO E RIBEIRO
te. Estes resultados sugerem que a
composição genotípica do rebanho
RM4 está mais próxima das observadas nas populações de raça Anglo
Nubiana. Este fato poderia ser explicado, pela falta de controle reprodutivo,
entrada de reprodutores de outra raça,
manejo extensivo, que teriam causado
miscigenações não desejadas e,
conseqüentemente, perda de características próprias da raça Moxotó.
O dendrograma construído a partir
de estimativas de freqüências alélicas
com base nos oito locos polimórficos,
apresentou dois clusters principais: um
agrupando todos os rebanhos da raça
Moxotó, excetuando-se o rebanho RM4
(PE) e o outro, os rebanhos da raça
Anglo-Nubiana (figura 1). Esse resultado confirma a especificidade de
alguns locos, tais como Hb, Alb, Est-D,
Xp, demonstrando as relações genéticas
entre os dez rebanhos investigados.
Observa-se, que os rebanhos da raça
os animais pertencentes à população
RM5, originaram-se do rebanho RM3.
Oliveira (2003) estudando populações
caprinas da raça Moxotó através de
RAPD, encontrou valores para os coeficientes de distâncias genéticas que
variaram entre 0,0546 e 0,1868. Por
outro lado, os maiores valores de
distância DA e Ds foram estimados
entre pares de rebanhos de raças distintas, principalmente entre RM3 X
RA9 (0,0559) e RM3 x RA7 (0,0713),
respectivamente. Estes resultados já
eram esperados, pois, a raça Anglo
Nubiana teve sua origem na Índia e, a
raça Moxotó, fundada por representantes de origem ibérica trazidos pelos
colonizadores portugueses e espanhóis.
As distâncias genéticas estimadas no
presente estudo refletem uma menor
divergência entre rebanhos de mesma
raça, exceto para a população RM4,
que apresentou valores altos para DA
e Ds 0,0486 e 0,0518, respectivamen-
40
28
46
30
RM1 (RN)
12
RM2 (RN)
13
RM3 (Pe)
62
16
11
RM5 (Pe)
RM6 (Pb)
17
RM8 (Pb)
RM4 (Pe)
18
RA9 (Pe)
26
15
24
RA7 (Pb)
14
RA10 (Pe)
Figura 1. Dendrograma construído com base no método UPGMA, a partir da distância
genética de NEI (1972), demonstrando as relações genéticas entre os 10 rebanhos caprinos.
(Dendograma constructed using the UPGMA method from the genetic distance of NEI (1972), demonstrating
the genetic relations between ten goat flocks).
Archivos de zootecnia vol. 56, núm. 215, p. 296.
POLIMORFISMO PROTEICO EM CAPRINOS DA RAÇA MOXOTÓ
Anglonubiana dos estados da Paraíba
(RM8) e Pernambuco (RA9) possuem
maior identidade genética quando comparado ao outro rebanho do estado de
Pernambuco. Os rebanhos da raça
Moxotó por apresentar um mesmo
ancestral foram agrupados muito próximos, embora haja diferenças em suas
composições gênicas. As maiores
diferenças foram encontradas entre
rebanhos de estados diferentes
refletindo como sendo um efeito de
ilhas genéticas. Observa-se que os
rebanhos Moxotó (RM1 e RM2),
pertencentes ao estado do Rio Grande
do Norte possuem uma grande
similaridade, sendo o mesmo observado entre os rebanhos (RM3 e RM5) de
Pernambuco. No entanto, o rebanho
Moxotó RM4, denominado, compartilhou outro cluster, cuja composição
gênica está mais próxima ao Anglo
Nubiana, confirmando uma maior
introdução de genes desta raça nesse
rebanho.
CONCLUSÃO
A formação de ilhas genéticas
claramente demonstrada na análise do
dendograma e pelo gráfico das análises
morfoestruturais, representa uma
ameaça para a conservação da raça
Moxotó, pois contribui para a perda de
diversidade.
As análises de polimorfismos da
hemoglobina, albumina, proteína-X e
esterase-D revelaram que esses locos
foram os mais informativos sendo de
grande aplicação nos estudos de
caracterização de raças caprinas.
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