O ensino de filosofia nos cursos de Medicina: o impacto na formação profissional do aluno Jhonson Tizzo Godoy 1 ([email protected]) Lívia Graziella Oliveira Zadra 1 Ana Cláudia Leite da Silva Ferreira 1 1 PUCMINAS - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (R. do Rosário, 1.081 Bairro Angola - Betim - MG - CEP 32604-115) A filosofia, à qual o aluno é apresentado nos primeiros anos do curso de medicina, intervém em sua visão sobre o mundo ao relativizar a importância do senso comum em paralelo ao conhecimento científico, expor como tal profissão é permeada por sérias decisões e questões éticas, desconstruir a visão mecânica e organicista que caracteriza o homem do século XXI e, principalmente, ao convidá-lo a refletir sobre os vieses do paradigma biomédico. Não se pode conceber qualquer ideia de ser humano senão aquela que o considera capaz de reflexão, parcimônia, ética e questionamento. Essa ciência é o operador teórico fulcral para o futuro médico ser capaz de se solidarizar e ser empático para com a dor alheia, entender como o paciente observa seu adoecimento, ser capaz de analisar sua realidade psicossocial e, acima de tudo, perceber que não são somente as informações descritas na literatura que norteiam a prática médica ideal, mas sim, as perguntas, a saber: uma minuciosa anamnese. Assim, a filosofia exerce papel imprescindível na formação ética-humanista médica. Muito fala-se a respeito da humanização da medicina, entretanto não se expõe qual é o substrato para tal mudança de paradigma. Acredita-se que as convicções dos vários teóricos da filosofia sirvam de alicerce para a concretização desse fato.Nesse sentido, espera-se que o ensino da filosofia forneça aos alunos: instrumentos e/ou métodos do aprender a "pensar", estudar e escrever; Sirva como instrumento de doutrinamento moral e os ajude a "encontrarem seu caminho”; Sirva de embasamento para oreconhecimento dos direitos humanos e pela opção de assumirem uma postura crítica ante os fatos e acontecimentos; e por fim,integrar-se ao conjunto social e interagir com as diferentes opiniões; reconhecer a influência da estrutura familiar no desenvolvimento do indivíduo; optar por uma postura de reflexão ética em relação à produção do conhecimento. A filosofia, enquanto disciplina estimuladora do raciocínio reflexivo, é a responsávelpor possibilitar a acadêmico capacidade de estabelecer pontes sobre modelos depensamento, possibilitandoa reorientação do olhar sobre os aspectos subjetivos do adoecimento, compreendendo de maneira ampliada o processo de saúde-doença. A necessidade de reestruturação da relação médico-paciente advém da uma demanda dos pacientes por médicos que sejamcapazes de integralizar o cuidado, que saibam cuidar e não apenas medicar. Tal capacidade é permitidapela visão holística do doente inicialmente construída e trabalhada nas disciplinas humanísticas. Nas escolas médicas, a construção da postura ética e do pensamento crítico e reflexivo desenvolve-se a partir de disciplinas e condutas que se aprendem nas salas de aula, nos laboratórios e, principalmente, observando os mestres “à beira do leito”, na prática cotidiana. Sendo assim, o estudante demedicina deve compreender a inexorável relação da formação médica aliada à filosofia. REFERÊNCIAS FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária;1980. GELAMO, RP. O ensino da filosofia no limiar da contemporaneidade: o que faz o filósofoquando seu ofício é ser professor de filosofia?. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo:Cultura Acadêmica, 2009. 178 p. GONTIJO, Pedro; VALADAO, Erasmo Baltazar. Ensino de filosofia no ensino médio nasescolas públicas no Distrito Federal: história, práticas e sentidos em construção. CadernoCEDES, Campinas, v.24, n.64, dez. 2004. HELMAN, C.G. Cultura, saúde e doença. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2003 NOGUEIRA, Maria Inês. As mudanças na educação médica brasileira em perspectiva:reflexões sobre a emergência de um novo estilo de pensamento. Revista brasileira deeducação médica, Rio de Janeiro, v. 33, n. 2, Jun 2009. RIOS, Izabel Cristina et al. A integração das disciplinas de humanidades médicas naFaculdade de Medicina da USP: um caminho para o ensino. Revista brasileira de educaçãomédica, Rio de Janeiro, v. 32, n. 1, Mar. 2008.