JORNAL DA associação médica Outubro/Novembro 2010 • Página 5 ESPECIALIDADE Médicos devem estar atentos aos sintomas da leishmaniose Especialistas da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI) lançaram no final de setembro, durante reunião científica, a Campanha de Conscientização sobre a Leishmaniose. A doença, também conhecida como calazar, tem tido surtos em algumas regiões do Brasil e afetado animais e seres humanos. Durante o encontro, médicos reforçaram a grande preocupação de fazer o diagnóstico correto, sobretudo, porque os sintomas desencadeados podem parecer muito com os de outras patologias. A grande preocupação é que a doença não tem sazonalidade, ocorrendo de janeiro a dezembro, e com incidência relativamente estável nos últimos anos. Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte apontam que, em 2008, foram registrados 161 casos, com 17 óbitos, na capital. Já em 2009, 149 pessoas foram diagnosticadas com a doença, sendo que 33 faleceram em decorrência das complicações. De janeiro de 2008 a junho de 2009, dos 42 óbitos ocorridos na capital, a média de idade era de 46 anos; 74% residiam em BH; 66,7% eram do sexo masculino; 81% tinham comorbidade e o tempo de início sintomas/internação foi de 14 dias. Para a infectologista e integrante da SMI Regina Lunardi, os médicos devem estar atentos para realizar o diagnóstico precoce da doença, quando as chances de cura são maiores. Ela explica que, muitas vezes, isso é feito tardiamente, aumentando o risco de morte. “A doença pode ser confundida com outras infecções como a esquistossomose, tuberculose e febre tifóide e também com doenças não-infecciosas, como linfoma, leucemias e doenças hepáticas”, explica Lunardi. Os sintomas são febre prolongada, geralmente por mais de duas semanas, fraqueza, cansaço, emagrecimento, distensão do abdome, aumento do baço e do fígado, anemia, redução de plaquetas e dos leucócitos e desnutrição. O tratamento pode ser feito com medicamentos injetáveis, todos disponíveis no Sistema Único de Saúde. Somente Alexandrre Guzanshe A infectologista Regina Lunardi ressalta a importância do diagnóstico precoce para as formas moderadas e graves da doença, segundo especialistas, é necessária normalmente a internação. “A ideia fundamental é levar os médicos a levantarem a hipótese de leishmaniose nos casos de febre sem diagnóstico, por um período maior que duas semanas. Da mesma forma, estimular a população a questionar os profissionais sobre essa possibilidade, diante deste quadro de febre prolongada”, reforça o presidente da SMI, Carlos Starling. Além do custo para os cofres públicos, a doença gera também o afastamento das atividades diárias, prejudicando empresa e o trabalhador. Segundo especialistas, a duração do tratamento varia entre 5 e 40 dias, dependendo do medicamento utilizado. A suspeita diagnóstica deve ser feita por médicos de qualquer especialidade, principalmente especialistas em saúde da família, clínicos e pediatras, que são geralmente os responsáveis pelo primeiro atendimento desses pacientes. Casos mais complexos ou de difícil diagnóstico devem ser discutidos com infectologista. Em Belo Horizonte, os locais de referência para tratamento da leishmaniose são Ambulatório do Hospital Eduardo de Menezes, Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infecto-Parasitárias Orestes Diniz, Centro de Pesquisas René Rachou e Hospital Eduardo de Menezes, Hospital Infantil João Paulo II e Hospital das Clínicas da UFMG. Bioética e cuidados paliativos Foi lançado, em outubro, na sede da Associação Médica de Minas Gerais, o livro “Silêncio” – uma produção independente do clínico e vice-presidente da Sociedade de Tanatologia de Minas Gerais, José Ricardo de Oliveira. A obra relaciona bioética à atenção ao paciente sem perspectiva terapêutica convencional. O tema principal refere-se ao processo da terminalidade humana e traz uma reflexão sobre o morrer com dignidade. O autor explica a importância do controle da dor, a morte domiciliar (que por horas ou dias antecede a morte) e a atenção que se faz necessária às pessoas que passam por esse processo, respeitando sempre as diferenças. É uma discussão sobre a importância da autonomia do indivíduo em relação à decisão Reprodução dos rumos de seu tratamento. O livro pode ser adquirido nas livrarias da Faculdade de Medicina da UFMG e na Faculdade de Ciências Médicas ou pelo e-mail [email protected]. Saúde laboral Já está à venda a sexta edição do livro “Segurança e Medicina do Trabalho” (Ed. Saraiva). A obra, com 688 páginas, fala sobre a promoção e a preservação da saúde laboral, principais normas trabalhistas e previdenciárias, orientações jurisprudenciais, novas normas de inspeção do trabalho, precedentes normativos, notas re- missivas e explicativas e índices cronológico e alfabético-remissivo, dentre outros temas. O livro é destinado a especialistas que lidam diretamente com segurança e medicina do trabalho, incluindo médicos, técnicos, engenheiros, estudantes e professores de cursos técnico-profissionalizantes. Mais informações: www.saraivajur.com.br.