Prioridades em 2008 Consolidação dos Alicerces e Comparticipação dos Frutos do Desenvolvimento Prioridades do Governo da RAEM em 2008 O Governo da RAEM, em 2008, sob os princípios orientadores e com as oportunidades proporcionadas pelo 11.º Plano Quinquenal do País, tendo em atenção as realidades de Macau, irá empenhar-se na diversificação da indústria do turismo e no reforço do papel da Região enquanto plataforma comercial, impulsionando o desenvolvimento dos sectores de prestação de serviços conexos e, assim, contribuindo para a reconversão da indústria transformadora tradicional. Esta é a via correcta para acelerar o processo da diversificação da economia local. O sector do jogo, que é um dos pilares da indústria de turismo integrado, está a entrar num novo patamar de crescimento. O Governo empenhar-se-á, durante os anos de 2008 e de 2009, em promover o desenvolvimento de acções de avaliação e de análise contínua e aprofundada no âmbito da indústria do jogo, especialmente, e entre outros aspectos, no que diz respeito à discussão sobre o modelo de desenvolvimento deste sector e ao regime de certificação dos profissionais do ramo. Além disso, o Governo irá intensificar a coordenação deste sector, determinando como prioridade o aperfeiçoamento da legislação reguladora do sector do jogo e dos sistemas de gestão e fiscalização. O Governo irá reforçar a divulgação das medidas do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Continente Chinês e Macau, conhecido como CEPA, criando condições para que as pequenas e médias empresas possam desfrutar de todas as oportunidades decorrentes deste Acordo, contribuindo, também, para a diversificação adequada da indústria local. O Governo irá também potenciar os efeitos positivos da entrada em funcionamento do Parque Industrial Transfronteiriço, promovendo simultaneamente a reconversão e a optimização da estrutura da indústria local, consolidando, assim, os alicerces do desenvolvimento equilibrado e estável, no longo prazo, de Macau. Na RAEM assinala-se também o crescimento das potencialidades de desenvolvimento do sector das convenções e exposições. O Governo e o sector manter-se-ão empenhados na transformação efectiva deste sector de actividade num novo agente catalizador de desenvolvimento. É, por outro lado, estratégia do Governo da Região Administrativa Especial de Macau participar, activamente, na cooperação regional e maximizar as potencialidades do papel da RAEM enquanto plataforma de serviços comerciais. Com base nas experiências obtidas, ao longo dos anos, no âmbito da cooperação regional, o Governo irá intensificar, em 2008, a cooperação com o Interior da China, especialmente a Região do Grande-Delta do Rio das Pérolas, enfatizando, em particular, a melhoria da eficácia da cooperação com as províncias de Guangdong e Fujian e com a Cidade de Chongqing. Em estreita articulação com o Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, o Governo trabalhará para consolidar 9 Macau 2008 - Livro do Ano o nosso estatuto de plataforma de cooperação económica e comercial. Iremos investir no intercâmbio e cooperação económica com os países da União Europeia e da ASEAN, reforçando o papel da RAEM enquanto plataforma para promover a cooperação entre diferentes regiões. O Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental, Macau 2008, que se realizará no próximo ano, irá contribuir para o estabelecimento de parcerias de complementaridade, com benefícios para todas as partes, entre Macau, a Região do Grande-Delta do Rio das Pérolas e a União Europeia, no domínio das indústrias de protecção ambiental. As pequenas e médias empresas constituem uma componente essencial do tecido económico. O Governo atribui grande importância às PME e tem vindo a investir no seu desenvolvimento sustentável. Face à desarticulação entre a oferta e a procura de mão-de-obra, a preocupação fundamental do Governo da RAEM é a de assegurar o direito dos cidadãos de Macau ao emprego. Por isso, o Governo só irá autorizar a importação de trabalhadores não-residentes depois de estarem esgotadas as oportunidades de recrutamento de recursos humanos locais. Os trabalhos em que o Governo se empenhou com o objectivo de aperfeiçoar a legislação laboral estão a ser desenvolvidos com normalidade. Esta legislação destina-se a garantir protecção jurídica ao emprego e aos direitos dos trabalhadores locais. O Governo irá dotar as entidades responsáveis com as competências necessárias para assegurar o cumprimento eficaz das normas reguladoras no âmbito do combate à mão-de-obra ilegal e à contratação de trabalhadores para o exercício de funções não autorizadas. O Governo continuará, dentro da razoabilidade, a apoiar as empresas locais, especialmente as PME, no âmbito da importação de trabalhadores não-residentes, com o intuito de suprir a carência ou insuficiência de recursos humanos locais e irá empenhar-se na regulamentação e consolidação do mecanismo de apreciação de processos e fiscalização, na esfera da importação de trabalhadores não-residentes, elevando, assim, o nível de eficiência das acções de modo a corresponder às exigências do desenvolvimento económico. O objectivo último do desenvolvimento económico consiste fundamentalmente na melhoria da vida da população. Acreditamos que estamos hoje dotados de melhores condições para lidar com problemáticas mais complexas ligadas à vida da população, de modo a permitir que todos os cidadãos possam partilhar efectiva e continuamente os frutos da prosperidade. Elevando gradualmente a qualidade de vida. O Governo está determinado em reformular o modelo vigente de construção de habitação pública, no sentido da reversão para a administração pública, com o objectivo de que seja o próprio Governo a edificar os fogos suficientes para responder atempadamente às necessidades suscitadas. Tempos atrás, o Governo assumiu o compromisso de construir, até finais de 2009, mais de 7000 habitações públicas, pelo que envidaremos os nossos maiores esforços para concretizar este objectivo. Partindo da mesma base, asseguraremos as condições necessárias para que, até finais de 2012, possamos concluir faseadamente a construção de 19.000 habitações públicas, correspondendo, assim, às expectativas dos cidadãos. Por outro lado, e com o propósito de atenuar os problemas de habitação, o Governo irá acelerar a construção de um conjunto de habitações para serem arrendadas às pessoas que preencham determinados requisitos, designadamente, os jovens que apresentem comprovada necessidade urgente de habitação, por motivo de constituição de família, e que não tenham 10 Prioridades em 2008 habitação própria. As pessoas habilitadas terão de sujeitar-se a um processo de sorteio. A entrada em vigor da Lei do Trânsito Rodoviário e a produção dos diplomas regulamentares, bem como as acções complementares desenvolvidas pelo Governo, irão proporcionar um enquadramento jurídico mais racional e favorável à gestão e intervenção no domínio do trânsito. É do conhecimento geral que a institucionalização do regime constitui o primeiro passo significativo nesta fase preliminar do processo. Para além do mecanismo de coordenação interdepartamental, no próximo ano, os assuntos de trânsito serão da competência exclusiva da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Trânsito, entidade a ser criada em 2008. Quanto à oferta de transportes, o Governo reforçará o investimento na melhoria da rede viária, dos parques de estacionamento, bem como das demais infra-estruturas, para que possamos promover a política da “prioridade ao transporte público”. O sistema de metro ligeiro elevado assume, nesta política, um papel central, sendo suportado pelos serviços de autocarros públicos e de táxis e complementado pelo sistema automático de circulação pedonal, para que se possa constituir uma rede integrada e eficiente de transportes públicos. Em 2008, o Governo irá envidar todos os esforços para proceder ao estudo aprofundado de um plano de desenvolvimento urbano e respectivo enquadramento jurídico. O reordenamento dos bairros antigos é um projecto que envolve interesses essenciais da vida da população e com implicações profundas no futuro de Macau. O Governo está empenhado em lançar, em 2008, o respectivo projecto a consulta pública seguida de processo legislativo. Os trabalhos de reordenamento dos bairros antigos entrarão numa nova fase de enquadramento legislativo. O Governo decidiu aumentar a ajuda aos grupos sociais fragilizados, elevando em 20 por cento os indicadores de subsistência. Este ajustamento entrará em vigor a 1 de Janeiro de 2008. Iremos actualizar, também, os valores das pensões de velhice e dos subsídios para os idosos, e incrementaremos os apoios concedidos às três categorias de famílias carenciadas, nomeadamente as famílias monoparentais. A par de rever, reformar e melhorar, de raiz, o regime do Fundo de Segurança Social, o Governo decidiu criar, mediante a adopção de um conceito inovador, o regime de previdência central não obrigatório. Este regime prevê que, numa primeira fase, o Governo afecte do saldo financeiro verbas para servir de capital inicial de um Fundo de Previdência Central Não Obrigatório. O Governo continuará a afectar meios financeiros a este projecto de acordo com o desempenho das receitas públicas. Os residentes que satisfaçam os requisitos vão poder abrir uma conta individual neste Fundo de Previdência, que contará com uma contribuição do Governo. Deste modo, quando deixarem de trabalhar poderão receber o montante entretanto acumulado nesta conta pessoal. No domínio do ensino não superior, iremos adoptar medidas legislativas para promover o aperfeiçoamento do enquadramento profissional, bem como optimizaremos o funcionamento dos organismos consultivos, de modo a que estes tenham melhores condições para colaborarem na definição das políticas educativas. O Fundo de Desenvolvimento Escolar irá atribuir mais verbas destinadas ao financiamento de obras de beneficiação do parque escolar. Iremos apoiar em todas as vertentes, de acordo com as realidades de Macau, a satisfação das necessidades sentidas pela população estudantil. Procuraremos desenvolver, em simultâneo, a escolaridade gratuita de 15 anos e o ensino com qualidade. 11 Macau 2008 - Livro do Ano No domínio do ensino superior, o núcleo da nossa acção está centrado na formação de indivíduos altamente qualificados, dotados de conhecimentos sólidos e ideias inovadoras. Respeitando a autonomia dos estabelecimentos de ensino, iremos incentivar a criação de outras variantes académicas, designadamente, História, Ciência Política, Filosofia e Religião, estimulando a investigação científica. O aprofundamento da reforma do ensino superior passa também pelo incremento do intercâmbio entre as instituições de ensino locais e do exterior. O Governo decidiu também criar o regime de bolsa de empréstimo sem referência ao nível de rendimento do agregado familiar, e, neste contexto, vai proceder à revisão global do actual regime de atribuição de bolsas de mérito e de empréstimo. O Governo está empenhado em proteger o património histórico e cultural de Macau. A nossa postura neste domínio é clara e firme e é por isso que temos investido avultados meios financeiros na conservação deste tesouro. Doravante, afectaremos cada vez mais recursos no aprofundamento desta política. Nunca iremos reduzir os investimentos destinados à conservação do nosso património cultural. Queremos aqui agradecer a participação voluntária da população nas acções de protecção do Património Mundial de Macau. Nem acção nem projecto nossos poderão trazer quaisquer impactos negativos para a conservação e protecção do Património Mundial. Iremos aumentar em grande escala a capacidade de prevenção de doenças, conjugando de forma estreita os sistemas interno e externo, reforçando a capacidade de prestação de cuidados médicos, especialmente, a capacidade de prevenção, controlo e tratamento de incidentes imprevistos e de rápida propagação. Em relação às doenças de alto risco, iremos empenhar-nos na sua prevenção e controlo. No ano de 2008, o Governo irá dedicar a maior atenção ao reforço da capacidade governativa, procurando concretizar as suas promessas e melhorar a qualidade das suas acções e políticas, apresentando resultados visíveis. Iremos acelerar o processo de reforma, em cumprimento do que ficou definido no Programa de Reforma da Administração Pública, para o triénio 2007-2009. Como primeiro passo deste programa, iremos estabelecer um mecanismo de coordenação central de nível superior, que será incumbido de aperfeiçoar os mecanismos de articulação, efectuar consultas e avaliar as políticas, em todas as vertentes. O Governo irá alargar as competências legais do Comissariado contra a Corrupção, através da aprovação de medidas legislativas e da consolidação dos regimes fundamentais desta entidade, com o objectivo de estender a sua responsabilidade de investigação ao sector privado. Assim, o Governo e toda a sociedade poderão contribuir melhor para a promoção da integridade. Continuaremos a habilitar esta instituição com meios para cumprir a sua missão de combate à corrupção e irregularidades, por forma a que possa responder com prontidão, eficácia e rigor. Iremos reforçar a investigação aos funcionários suspeitos de prática da corrupção ou outros crimes, independentemente do seu estatuto hierárquico, e, assim estejam reunidas as provas suficientes, entregá-los à Justiça. Iremos continuar a alargar os canais de consulta pública, de modo a permitir que a população participe democraticamente nos assuntos públicos. Depois de ponderada esta matéria, ao longo deste ano, o Governo decidiu o seguinte: 12 Prioridades em 2008 No âmbito do reforço das acções de consulta a nível global, iremos intensificar a articulação entre as acções de auscultação e de recolha de opiniões desenvolvidas pelos órgãos centrais, e as desenvolvidas pelos serviços distribuídos pelos bairros comunitários. O Governo irá estabelecer, nas várias zonas da cidade, “conselhos consultivos sobre os serviços comunitários”, compostos maioritariamente por personalidades da sociedade e contando com a participação dos responsáveis dos Centros de Prestação de Serviços ao Público. Estes conselhos irão trabalhar em estreita colaboração com os Centros de Prestação, para garantir uma maior eficácia das acções de auscultação e proporcionar uma boa plataforma para os jovens enriquecerem os seus conhecimentos e experiências. Em 2008, o Governo da RAEM irá criar uma instituição especializada para implementar essas acções, de forma a que sejam estabelecidos os mecanismos para assegurar a construção e o desenvolvimento da nossa sociedade civil. A Região Administrativa Especial de Macau teve, desde a sua génese e ao longo destes oito anos, de enfrentar muitas lutas. Viveu situações de grande complexidade, mas adquiriu, por isso, experiências valiosas, reuniu saberes de grande utilidade e desbravou caminhos nunca antes trilhados. Hoje, a RAEM concluiu a primeira fase do processo de identificação da sua vocação e tem uma clara consciência do seu papel, fundamentada na avaliação da objectividade dos factos. Podemos assistir, também, ao aumento da participação da sociedade nos assuntos públicos. Associados a este percurso inolvidável de crescimento, estão os valores da justiça, solidariedade e harmonia, que constituem o espólio mais valioso que temos na RAEM. O Governo compromete-se a estar ao lado da população para trabalhar e assumir conjuntamente as responsabilidades. Os frutos resultantes do nosso labor conjunto, conquistados com tantos sacrifícios, serão investidos no desenvolvimento sustentável da RAEM, em benefício desta e doutras gerações. Estou plenamente convicto de que, desde que saibamos ancorar-nos no espírito e na letra da Lei Básica, desde que saibamos valorizar o apoio do Governo Central e os esforços da população, teremos toda a capacidade para superar as dificuldades resultantes dos desequilíbrios no processo de desenvolvimento. Assim, neste solo fértil da RAEM, os valores da justiça, solidariedade e harmonia, irão desabrochar e florescer com grande brilho. Deste modo, teremos uma sociedade que sabe amparar os necessitados, que sabe utilizar a razão para libertar as forças criativas, rumo a um futuro promissor para todos. Este é o caminho correcto para evidenciar o sucesso dos princípios “um país, dois sistemas” e “Macau governado pelas suas gentes” com alto grau de autonomia. O Chefe do Executivo 13