A expansão e evolução dos programas de incubação e o desenvolvimento empreendedor nas incubadoras goianas Autor: Bruno Alencar Pereira1 Co-autores: Aline Figlioli2 Danúsia Arantes F. B. de Oliveira3 Emília Rosângela Pires da Silva4 Valdete Santos Medrado5 RESUMO A pesquisa tem o objetivo de abordar o atual ecossistema do empreendedorismo inovador no Estado de Goiás e propiciar o panorama das incubadoras goianas com a identificação das conexões e interações destes mecanismos com os diferentes atores envolvidos na perspectiva da Hélice Tríplice, no sentido de constatar o apoio das incubadoras de empresas como elemento indutor do empreendedorismo no processo de desenvolvimento empreendedor regional. A metodologia utilizada fundamentou-se em pesquisa empírica, de natureza qualitativa, descritiva e exploratória com a exposição do panorama das incubadoras de empresas goianas por meio de um estudo transversal com 10 incubadoras associadas à Rede Goiana de Inovação (RGI). Os resultados permitiram a geração do mapeamento do ecossistema do empreendedorismo inovador e do panorama atualizado dos processos de incubação em Goiás, contribuindo para o estudo e identificação da participação das incubadoras no processo de desenvolvimento empreendedor e como subsídio para elaboração de políticas institucionais, ações para o fortalecimento das conexões do ecossistema existente, capazes de fomentar e potencializar a atuação das incubadoras em prol do desenvolvimento local e regional. Palavras-chave: Incubadoras de empresas; Processo empreendedor; Processos de incubação; Indicadores de evolução. ABSTRACT The research aims to address the current ecosystem of innovative entrepreneurship in the State of Goiás and provide an overview of goianas incubators identifying the connections and interactions of these mechanisms with the different actors involved in the perspective of Triple Helix, to find the support of business incubators as a promoter element of entrepreneurship in regional entrepreneurial development process. The methodology used was based on empirical research, qualitative, descriptive and exploratory nature with a panorama 1 Mestrando em Administração pela UFG, Coordenador Geral do PROIN.UEG, (62) 3328-1170, [email protected]. Doutora em Administração pela FEA/USP, Presidente da RGI e Superintendente de Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Fomento à TI na SED Goiás, (62) 3201-5413, [email protected]. 3 Doutoranda em Educação e Currículo pela PUC/SP, (62) 9981-0622, [email protected]. 4 Especialista em Agronegócios pela UFG, Gerente do Centro de Empreendedorismo e Incubação da UFG PROINE, (62) 3209-6034, [email protected]. 5 Mestre em Desenvolvimento pela ALFA/GO, Ex-Gestora da Funtec, (In memoriam). 2 1 display business incubators of Goiás through a cross-sectional study of 10 incubators associated with Goiana Innovation Network (RGI). The results allowed the generation of innovative entrepreneurship ecosystem mapping and updated overview of the incubation process in Goiás, contributing to the study and identification of the involvement of incubators in the entrepreneurial development process and as a resource for development of institutional policies, actions to strengthen the connections the existing ecosystem, able to foster and leverage the performance of incubators in support of local and regional development. Keywords: Business incubators; Entrepreneurial process; Incubation process; Evolution indicators. 1 INTRODUÇÃO Acompanhar a dinâmica do ecossistema do empreendedorismo inovador regional torna-se fator relevante para subsidiar a alocação de ambientes e recursos que propiciem valor agregado e inovação em territórios competitivos. Instituições de Ensino Superior, centros de inovação, federações, associações, hubs de empreendedorismo, espaços criativos, co-working e demais instituições existentes no Estado de Goiás se configuram como um ecossistema promissor que promove conexões e interações de apoio e execução de iniciativas para a criação de uma ambientação mais empreendedora junto às incubadoras empresas, contribuindo para a prospecção de ideias, novos negócios e soluções que potencializem os diferenciais competitivos da região. Com o objetivo geral, a pesquisa pretende abordar o atual ecossistema de inovação no Estado de Goiás com a identificação das conexões e interações das incubadoras e os diferentes atores envolvidos com a elaboração do panorama das incubadoras goianas no ano de 2014. No sentido de constatar o apoio das incubadoras de empresas como elemento indutor do empreendedorismo sendo também exposto o papel das incubadoras no processo do desenvolvimento empreendedor. O artigo apresenta como estrutura a seção pela qual é apresentado o ecossistema do empreendedorismo inovador em Goiás com a configuração das conexões e interações com as incubadoras e o processo do desenvolvimento empreendedor por meio do suporte e práticas adotadas pelas incubadoras de empresas e o Modelo Cerne, seguida pela seção sobre a reflexão da importância de se obter dados e indicadores sobre o desempenho e evolução dos processos de incubação a partir da realidade de cada incubadora, com posterior seção sobre os métodos utilizados e, por fim, a demonstração dos resultados com o panorama das incubadoras goianas no ano de 2014 com a análise dos dados mapeados e as respectivas conclusões. 2 Ecossistema do empreendedorismo inovador em Goiás A integração da agroindústria com a agropecuária moderna e a emergência de novas atividades industriais nos segmentos automobilísticos e de biocombustíveis foram importantes para o crescimento sustentado do PIB do Estado de Goiás. O comércio com o segmento de serviços também se destaca na economia goiana, em razão da localização estratégica do seu território, com a construção da capital federal e de importantes eixos rodoviários. Em termos de logística econômica, no eixo Goiânia-Anápolis-Brasília encontra-se o principal eixo de distribuição interna de mercadorias do país (IMB, 2013). Esta dinamicidade vivenciada no Estado de Goiás fomenta iniciativas e estimula a organicidade e o atendimento das demandas inerentes ao processo de inovação tecnológica. A partir desta realidade surge a reflexão, as análises e a sistematização das oportunidades para a criação de um ecossistema que apoie empreendimentos e empreendedores que desenvolvam 2 produtos, processos e serviços que potencializem a inovação nos diferentes setores da economia. Com o advento da Lei Goiana de Inovação - Lei Estadual n.º 16.922, de 08/02/2010 preconizada pela Lei Federal de Inovação - Lei Nº 10.973, de 02/12/2004, o Estado de Goiás adota medidas de incentivo à pesquisa científica e tecnológica nas atividades produtivas, com vistas à obtenção da autonomia tecnológica, capacitação e competitividade no processo de desenvolvimento regional, incentivando a implantação de sistemas de inovação. Instituições de Ensino Superior, centros de inovação, federações, associações, hubs de empreendedorismo, espaços criativos, co-workings e demais instituições existentes, se configuram como um ecossistema promissor que promove conexões e interações de apoio e execução de iniciativas para a criação de uma ambientação mais empreendedora junto às incubadoras empresas, contribuindo para a prospecção de ideias, novos negócios e encaminhamentos de soluções que potencializem os diferenciais competitivos nas diferentes regiões do Estado de Goiás. Nesse cenário, é necessário estabelecer um movimento pró-inovação para apoiar os empresários, a fim de inseri-los no contexto participativo da qualificação contínua, da pesquisa e da captação de recursos. Para tanto, é imprescindível a realização de políticas transversais indutivas de interação e cooperação entre os poderes público e privado envolvendo o terceiro setor e a sociedade (BEZERRA et al., 2013). As interações e cooperações no presente trabalho são configuradas na abordagem da Hélice Tríplice desenvolvida por Etzkowitz e Leydesdorff (2009) que visa a produção de novos conhecimentos, inovação tecnológica e desenvolvimento econômico, em que a inovação é compreendida como resultante de um processo complexo e dinâmico de experiências nas relações entre ciência, tecnologia, pesquisa e desenvolvimento nas universidades, nas empresas e nos governos, em uma espiral de transições sem fim. A Figura 1 representa o ecossistema do empreendedorismo inovador no Estado de Goiás na perspectiva da Hélice Tríplice, colocando as incubadoras de empresas no centro destas transições. Figura 1: Ecossistema do empreendedorismo inovador no Estado de Goiás. Fonte: Elaborado pelos autores com base em Etzkovitz e Leydesdorff (2009). 3 A Figura 1 posiciona as incubadoras de empresas no centro do ecossistema como elementos indutores das sinapses existentes. As incubadoras de empresas conseguem estimular a integração dos ambientes, por ações conjuntas e pela própria interação formalizada por meio de projetos ou informalmente pelas boas relações entre os gestores e instituições mantenedoras, porém, há necessidade de que ações isoladas realizadas pelos elementos constituidores do ecossistema possam ser integralizadas em ações de maior abrangência para a consolidação das sinapses existentes e da organicidade exigida por uma rede de relações concretizando o ecossistema, permitindo não somente criar e moldar os recursos do sistema de apoio, mas também comparar a contribuição dos diferentes atores da rede para aprimorar a compreensão de como os empreendedores estão interligados com os demais atores (MUSIOLIK, 2012). A INOVE, incubadora de empresas do extinto Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás (Cefet/GO) foi a primeira incubadora do Estado de Goiás, inaugurada em fevereiro de 2002. Com a expansão dos programas de incubação, atualmente, Goiás conta com 12 incubadoras implantadas. As incubadoras de empresas, como elementos indutores do empreendedorismo e inovação no Estado de Goiás representam a maior fonte de interação e articulação do ecossistema do empreendedorismo inovador regional. Por meio de ações e projetos formalizados entre os atores ou por ações isoladas conseguem, de forma organizada, sensibilizar, disseminar e movimentar o desenvolvimento da cultura empreendedora e estimular as interações entre as universidades, governo e indústria, para a criação de negócios e inovações tecnológicas. Ações como a participação em conjunto em projetos aprovados na Chamada Pública MCT/Finep - PNI/PROININC 03/2009 e Carta Convite MCT/Finep/AT - PNI/Incubadoras 12/2010 proporcionaram maior interação das incubadoras goianas em diversas ações tais como palestras, produção de materiais de sensibilização, publicações, workshops para equipes das incubadoras e empreendedores, seminários, com destaque para a 1ª Olimpíada de empreendedorismo para universitários goianos realizada em 2014, envolvendo as Instituições mantenedoras e os diferentes atores do ecossistema. A realização do IX Encontro Regional de Incubadoras do Centro-Oeste (Erinco), em junho de 2014, no município de Pirenópolis-GO, como iniciativa da Rede Centro-Oeste de Inovação (RedeCO) e organizada pela Rede Goiana de Inovação (RGI) estimulou perceptivelmente o ecossistema regional. As 12 incubadoras existentes no Estado de Goiás são: o Centro de Empreendedores de Rio Verde (Cerve), criado em setembro de 2003, vinculado à Universidade de Rio Verde (UniRV), no município de Rio Verde-GO; a Incubadora Athenas, criada em outubro de 2011, vinculada à Uversidade Federal de Goiás (UFG), no município de Catalão-GO; a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Jataí (BeeTech), recentemente criada em março de 2015, vinculada à Uversidade Federal de Goiás (UFG), no município de Jataí-GO; a Incubadora de Empresas PUC Goiás, criada em setembro de 2012, vinculada à Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), no município de Goiânia-GO; a Incubadora Tecnológica ULBRATECH Itumbiara, criada em abril de 2012, vinculada ao Instituto Luterano de Ensino Superior (ILES/ULBRA), no município de Itumbiara-GO; o Programa de Incubação de Empresas Aldeia Anhanguera, criado em dezembro de 2008, vinculado ao Centro Universitário de Goiás (Uni-ANHANGUERA), no município de Goiânia-GO; o Programa de Incubadoras da Universidade Estadual de Goiás (PROIN.UEG), criado em junho de 2011, vinculado à Universidade Estadual de Goiás (UEG), no município de Anápolis-GO; o Programa de Incubação de Empresas do Município de Aparecida de Goiânia (Incubadora 3D), criado em abril de 2012; o Proine - Centro de Empreendedorismo e Incubação da UFG CEI, criado em maio de 2004, vinculado à Universidade Federal de Goiás (UFG), no município de Goiânia-GO; a Tecnotex Incubadora de Empresas, criada em junho de 2004, vinculada à Prefeitura Municipal de Goianésia-GO; a UniINCUBADORA, criada em outubro 4 de 2008, vinculada ao Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA), no município de Anápolis-GO; e a Incubadora de Empresa de Uruaçu, vinculada à Prefeitura Municipal do município de Uruaçu-GO, em fase inicial de operacionalização. Todas as incubadoras de empresas citadas são associadas pelas suas mantenedoras a Rede Goiana de Inovação (RGI), criada em 05 de abril de 2005 com o objetivo de integrar e apoiar as incubadoras de empresas goianas, tendo como principais instituições mantenedoras a Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis (Funtec) e o Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-GO). Com os demais atores governamentais e setores produtivos, a RGI tornou-se a principal articuladora das políticas e ações direcionadas para a criação e desenvolvimento das incubadoras no Estado de Goiás sendo também a instituição representativa e articuladora do movimento das incubadoras goianas junto aos órgãos e instituições regionais e nacionais, com destaque para sua articulação com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). As universidades, IES e ICTs existentes despertam para o desenvolvimento de ambientes que proporcionem a relação universidade-empresa para a promoção do empreendedorismo inovador. As incubadoras de empresas vinculadas a estas instituições se destacam por serem, em grande parte, os primeiros ambientes criados para o desenvolvimento de negócios inovadores, seguido pelos NITs. Porém, percebe-se um direcionamento para a criação e já existência de ambientes mais amplos de empreendedorismo e inovação. Na perspectiva da interação governamental amplia-se a percepção de políticas públicas e ações direcionadas para o desenvolvimento das incubadoras e demais ambientes de inovação, agregando o Governo do Estado de Goiás, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) como atores responsáveis pelo fomento, apoio e motivadores para o desenvolvimento das incubadoras e respectivas ações de desenvolvimento regional. O Governo do Estado de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico, Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED), que foi criada a partir da incorporação de diferentes pastas, com destaque para a extinta Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTEC), promove a formulação e execução da política de ciência, tecnologia e inovação, fomento à tecnologia da informação de mercado, promoção da educação profissional e tecnológica, e, ainda, formulação da política estadual relacionada com fomento, pesquisa, avaliação e controle do ensino superior mantido pelo Estado. Dentre as ações articuladas pela Secretaria com a inovação e o empreendedorismo, destacam-se a parceria para a disseminação dos ambientes de inovação existentes, o apoio para realização de eventos e programas criados para fomento e apoio ao desenvolvimento da inovação tecnológica no Estado, como o Programa Goiano de Parques Tecnológicos (PGTec) instituído em 2010 com a finalidade de incentivar a implantação de Parques Tecnológicos no Estado de Goiás. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) criada pela Lei 15.472, em 2005, atua no fomento à pesquisa científica, tecnológica e de inovação, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e cultural de Goiás. Desde 2011 a Fapeg publica editais de fomento à inovação nas empresas. No ano de 2013 a FAPEG publicou a Chamada Pública nº 07/2013, o Edital TECNOVA, em substituição do edital PAPPE-Integração, em parceria com a Finep, possibilitando a subvenção econômica para 35 empresas contempladas, com o valor total disponibilizado de R$ 13,5 milhões. No ano de 2012, a Fapeg publicou a Chamada Pública nº 14/2012 e nº 115/2012 em apoio à criação, estruturação e manutenção de NITs e incubadoras de empresas respectivamente, somando o valor total de R$960.000,00 disponibilizados, sendo contempladas a instituições UEG, UFG, ILES/ULBRA, PUC Goiás, UniEVANGÉLICA, UniRV, Universidade Salgado de Oliveira e o IF Goiás. Uma nova 5 versão desta chamada está prevista ainda para o ano de 2015, novamente direcionada para os NITs e incubadoras existentes em Goiás. Localmente percebe-se a atuação direta do setor público atuando no desenvolvimento das incubadoras municipais como o caso da Incubadora 3D sendo um projeto fruto da parceria entre a prefeitura de Aparecida de Goiânia-GO por meio da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, Ciência e Tecnologia (SICCT) em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), Funtec, RGI e o Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) AparecidaTec, o mesmo caso é percebido no município de Goianésia com a incubadora Tecnotex. No município de Anápolis-GO a interação do setor público local também é percebida pela articulação da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (SMCTI) com as incubadoras PROIN.UEG da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e a UniINCUBADORA na promoção do empreendedorismo inovador, com destaque para o projeto Empreende Anápolis, realizado no ano de 2014, com o objetivo de divulgar a realização de ações conjuntas para a sensibilização e a disseminação do empreendedorismo inovador e dos programas de incubação existentes no município. Esta Secretaria também é associada à RGI e Anprotec articulando ações com as incubadoras locais e iniciativas de implantação do Parque Tecnológico no município. Na perspectiva da interação com a indústria demonstrada na Figura 1 percebe-se a variedade de atores envolvidos, que embora sistemicamente não articulados, promovem conexões com as incubadoras de empresas em iniciativas que demonstram um grande potencial para o desenvolvimento regional. O Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-GO) possui interface com todas as incubadoras de empresas e instituições mantenedoras, sendo reconhecidamente um dos atores mais participativos no movimento de incubadoras e desenvolvimento empreendedor regional e nacional. A Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis (Funtec) é uma entidade privada sem fins lucrativos que fomenta a inovação tecnológica no Estado de Goiás. Instituída em 1994, atua conjuntamente com a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) e a RGI promovendo, incentivando, fomentando e coordenando projetos e desenvolvimento tecnológico dos mais variados setores da sociedade, na busca do desenvolvimento local e regional, numa ação contínua e articulada. O apoio oferecido pela Funtec ao desenvolvimento de empreendimentos inovadores ganha destaque por meio de duas ações específicas: a Plataforma Tecnológica de Dados para Inovação e Editais Funtec de Fomento às Ações de Inovação em Goiás. De acordo com Bezerra et al. (2013), de forma inédita para o setor produtivo goiano, com a Plataforma Tecnológica de Dados para Inovação, a Funtec objetiva estabelecer um mecanismo, que susbsidia um conjunto de informações sobre inovações das empresas goianas para a promoção de iniciativas empresariais e governamentais para a inovação. Os Editais Funtec de Fomento às Ações de Inovação em Goiás, lançados respectivamente nos anos de 2014 e 2015, apoiam propostas nas seguintes linhas: I - Apoio às incubadoras e empresas incubadas, II - Apoio à Redes promotoras de inovação, III - Apoio à projetos dinamizadores da Plataforma Tecnológica de Dados de Inovação e IV - Apoio à projetos inovadores, somando o montante de R$1.064.700,00 disponibilizados nos anos de 2014 e 2015. A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) é parceira institucional de diversas incubadoras goianas atuando como importante ator que integra o setor produtivo com os ambientes de inovação existentes contribuindo para que as ações das incubadoras tenham maior relação de desenvolvimento com os produtos e serviços originários das indústrias e empresas regionais. Com a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) incentivada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), a FIEG criou o Núcleo de Inovação de Goiás 6 (NIG) com a finalidade de sensibilizar as empresas para as oportunidades de inovar, ampliar a participação industrial na agenda de inovação e trabalhar em parceria com o governo. O Serviço Nacional de Apoio a Indústria (SENAI), também pertencente ao Sistema FIEG, vem desempenhando regionalmente um relevante papel na disseminação da inovação tecnológica, ofertando soluções tecnológicas que possibilitam a inovação para as micro e pequenas empresas, tendo como demanda empreendimentos incubados para o desenvolvimento específico de soluções complementares para seus projetos. O SENAI junto ao Serviço Social da Indústria (SESI) também é regionalmente responsável pelo Edital SENAI SESI de Inovação, disseminando e oferecendo apoio para o desenvolvimento de projetos inovadores para com o objetivo de custear projetos de inovação tecnológica que contemplem empresas do setor industrial de qualquer porte, inclusive startups, incluindo empreendimentos incubados. Os hubs de empreendedorismo visam apoiar empreendedores nos desafios de negócios, guiando ou promovendo ações para que ideias, startups e empresas tenham suporte e interação com grupo de empreendedores tendo um apoio especial para seu desenvolvimento, tais ambientes já podem ser percebidos no Estado de Goiás, como os espaços de co-working PontoGet, Modul Coworking, BIZ Center, Teia Coworking e a Trama Coworking, localizados na cidade de Goiânia-GO, assim como o Coletivo Centopeia, a comunidade Empreendedores Inquietos (EI) e o Anavalley como comunidade colaborativa criada em Anápolis-GO. As Associações Comerciais e Industriais do Estado de Goiás e comunidades setoriais representativas apoiam as ações empreendedoras vinculadas às incubadoras com o apoio institucional e de divulgação de atividades que possam beneficiar o desenvolvimento econômico dos negócios locais. Dentre as associações e comunidades destacam-se a Associação de Jovens Empreendedores e Empresários de Goiás (AJE) e a Comunidade Tecnológica de Goiás (COMTEC). Com este ecossistema percebe-se que o cenário goiano do empreendedorismo inovador vem se configurando de forma consistente, havendo a necessidade de políticas públicas que consolidem as conexões já existentes e aquelas em fase de criação, que supram as necessidades específicas dos empreendedores e atores envolvidos, potencializando a sistematização de ações para o processo do desenvolvimento empreendedor promovido pelas interações regionais integrando governo, universidades, indústria e as incubadoras de empresas. A ambientação proporcionada por um ecossistema consolidado permite que os empreendedores reconheçam e explorarem oportunidades possibilitadas por diferentes fatores (BOLLINGHTOFT e ULHOI, 2005). Segundo Mian (1997), a assistência aos novos negócios com serviços de apoio, bem como o desenvolvimento empreendedor, contribui para o sucesso de novos produtos e serviços desenvolvidos por estes empreendimentos. O suporte oferecido pelas incubadoras de empresas com o apoio do sistema de inovação contribui para que os produtos e serviços desenvolvidos pelos empreendimentos incubados tenham acesso ao mercado. 3 Indicadores de evolução e desempenho dos processos de incubação As incubadoras de empresas brasileiras, referenciadas pelo Centro de Referência para apoio a Novos Empreendimentos (Cerne), como modelo de atuação criado pela Anprotec e Sebrae, pretendem melhorar expressivamente os resultados em prol do desenvolvimento empreendedor, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, de forma a ampliar a capacidade da incubadora em gerar, sistematicamente, empreendimentos inovadores bemsucedidos (ANPROTEC, 2014). Porém, embora o modelo seja aplicado com vasta abrangência nas diversas regiões do país pelas incubadoras de empresas, empiricamente, 7 pecebe-se a existência de uma lacuna sobre a utilização de indicadores e resultados que evidenciem a evolução dos processos de incubação regionais. Dados do “Estudo, Análise e Proposições sobre as Incubadoras de Empresas no Brasil”, elaborado pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) publicado em 2012, mostram o papel das incubadoras no desenvolvimento das diferentes regiões do país, evidenciando que no Brasil, há 384 incubadoras, onde cerca de 3,8 mil empresas (associadas e incubadas) são atendidas. Nesses ambientes, foram graduadas mais de 2,5 mil empresas, que faturam R$ 4,1 bilhão e geram cerca de 30 mil empregos (ANPROTEC, 2014). Segundo Ferreira et al. (2008) indicadores e estudos que demonstram o panorama situacional das incubadoras e empreendimentos incubados, como os realizados pela Anprotec, estabelecem mecanismos que geram visibilidade do desempenho das empresas incubadas e das incubadoras com suas características de qualidade, tornando o ambiente de negócios mais seguro e controlado, de modo a atrair um número maior de investidores e, consequente, visibilidade do processo de desempenho e evolução das incubadoras. No intuito de regionalizar o panorama das incubadoras do Estado de Goiás, a pesquisa adaptou parâmetros tomados como referência pelo UBI Index Global Benchmark Survey 2014, sendo uma iniciativa europeia de investigação sobre o desempenho de incubadoras universitárias realizada pela instituição UBI Global de Estocolmo na Suécia, para o estabelecimento de indicadores baseados em fatores críticos de sucesso, áreas chaves de gestão e nos próprios processos das incubadoras. O UBI Index Global Benchmark Survey utiliza 60 indicadores-chave de desempenho das incubadoras, chamados Key Performance Indicators (KPI) para classificar incubadoras. Os 60 KPIs incluem dados quantitativos como receita anual, postos de trabalho criados, IPOs e investimentos e dimensões qualitativos, tais como a qualidade e a quantidade de consultores, mentores, serviços e negociações. Variáveis como o tipo de incubadora, ecossistema, idade e setor de atuação também são considerados (UBI INDEX, 2014). 4 Metodologia A metodologia consistiu em pesquisa empírica e exploratória, com caráter qualitativo e descritivo, realizada por estudo multicaso que permitirá uma investigação sobre o atual panorama das incubadoras de empresas goianas. O estudo foi fundamento por método survey com utilização de questionário de pesquisa online elaborado no sistema web Google docs, como instrumento de coleta de dados, aplicado no ano de 2014 em 10 incubadoras existentes no Estado de Goiás. As informações obtidas foram descritivamente analisadas e posteriormente expostas em resultados do artigo. O Quadro 1 demonstra a identificação e descrição das incubadoras respondentes. Quadro 1 - Incubadoras de empresas respondentes 8 Fonte: Elaborado pelos autores. O questionário (Apêndice A) base da pesquisa survey foi desenvolvido por 67 questões com repostas fechadas adaptadas do questionário da pesquisa UBI Index Global Benchmark Survey 2014. Posteriormente, o questionário foi transposto para o sistema web, sendo aplicado durante o mês de junho de 2014. A seleção dos respondentes consistiu em todos os gestores das incubadoras de empresas associadas à Rede Goiana de Inovação (RGI) mediante envio do questionário por e-mail. Importante ressaltar que por se tratar de pesquisa realizada em 2014 as incubadoras BeeTech e a Incubadora de Empresas de Uruaçu-GO não participaram do panorama apresentado por serem constituídas em 2015. 5 Resultados No intuito de compreender os programas de incubação no Estado de Goiás, são expostos, no Quadro 2, o panorama sintetizado das incubadoras de empresas goianas no ano de 2014, com os principais aspectos pesquisados e posterior discussão dos resultados. Quadro 2 - Panorama das incubadoras de empresas goianas 2014 9 Principais indicadores Vínculo institucional das incubadoras Tipologia das incubadoras Abrangência de atuação e incubação Resultados 80% vinculadas à Universidades, IES ou ICTs 20% vinculadas ao setor público municipal (Prefeituras) 40% de base tecnológica orientadas para a geração e uso intenso de tecnologias 60% mistas, orientadas para o desenvolvimento local e setorial 70% com atuação local, no município 30% com atuação regional, em todo o Estado de Goiás Nº. de empreendimentos incubados (projetos e empresas) 56 Setores dos empreendimentos incubados atendidos Tecnologia da Informação e Comunicação = 54,83% Agronegócio = 16,13% Biotecnologia e Nanotecnologia = 9,68% Máquinas e Equipamentos = 9,68% Meio ambiente e Recursos naturais = 6,45% Fármacos e Medicamentos = 3,23% Média de orçamento próprio das incubadoras ou da instituição mantenedora para a operacionalização (anual) Média de receita/recursos financeiros gerados anualmente pelas incubadoras (taxas de incubação, editais contemplados e outras fontes) Destinação dos recursos financeiros na operacionalização das incubadoras Principais motivos de sucesso das incubadoras na perspectiva dos gestores Nº. de investidores que fazem parte das redes das incubadoras (venture capital, angels etc) Qtd. de recurso financeiro já investido por investidores nos projetos/empresas incubadas Nº. de patrocinadores, locais, regionais, nacionais e internacionais das incubadoras Nº. médio de colaboradores atuantes por equipe das incubadoras Periodiciadade dos processos seletivos das incubadoras Processo de seleção de empreendimentos Origem dos(as) projetos/empresas incubadas Principais inovações identificadas nos empreendimentos incubados Entre R$50.000,00 a R$100.00,00 Entre R$100.000,00 a R$150.000,00 Apoio direto aos incubados = 28,1% Custos com recursos humanos (salários da equipe e contratação de profissionais) = 26% Infraestrutura e equipamentos = 21% Capacitação e qualificação da equipe da incubadora = 9% Eventos = 9% Marketing e comunicação = 6,9% Estreita relação mantida com as empresas graduadas = 19,21% Visibilidade e propaganda = 19,21% Capacidade de atrair/prospectar projetos de alto impacto = 14,69% Facilidade para contatos e redes = 13,56% Stakeholders competentes e comprometidos = 13% Assessores e consultores qualificados = 11,86% Garantia de recursos financeiros = 8,47% 27 Entre R$300.000,00 a R$500.000,00 15 4 40% processo seletivo anual 60% processo seletivo de fluxo contínuo Nº. médio de projetos/empresas inscritas por ano nos processos seletivos das incubadoras = 10,7 Nº. médio de projetos/empresas aceitas para incubação por ano = 6,5 Acadêmicos/egressos da instituição = 40% Empreendedores externos = 31,5% Projetos de empresas já existentes = 20,5% Professores/pesquisadores = 8% Inovação em produto/serviço = 57,5% Inovação em organização/negócio = 23% 10 Nº. de investidores que fazem parte das redes das incubadoras (venture capital, angels etc) Qtd. de recurso financeiro já investido por investidores nos projetos/empresas incubadas Nº. de patrocinadores, locais, regionais, nacionais e internacionais das incubadoras Nº. médio de colaboradores atuantes por equipe das incubadoras Periodiciadade dos processos seletivos das incubadoras Processo de seleção de empreendimentos Origem dos(as) projetos/empresas incubadas Principais inovações identificadas nos empreendimentos incubados Tempo médio que o empreendimento incubado permanece nas incubadoras Percentual de empresas que permanecem na região após sua graduação Serviços mais relevantes oferecidos pela incubadora aos incubados na percepção dos gestores Percentual de esforços direcionados para cada dimensão de desenvolvimento dos empreendiemtnos incubados (Cerne) Nº. total de empregos gerados pelas empresas em incubação Nº. total de empregos gerados pelas empresas graduadas 27 Entre R$300.000,00 a R$500.000,00 15 4 40% processo seletivo anual 60% processo seletivo de fluxo contínuo Nº. médio de projetos/empresas inscritas por ano nos processos seletivos das incubadoras = 10,7 Nº. médio de projetos/empresas aceitas para incubação por ano = 6,5 Acadêmicos/egressos da instituição = 40% Empreendedores externos = 31,5% Projetos de empresas já existentes = 20,5% Professores/pesquisadores = 8% Inovação em produto/serviço = 57,5% Inovação em organização/negócio = 23% Inovação em processo = 11% Inovação em marketing = 8,5% 2 a 3 anos 85% Assessorias e consultorias = 25% Espaço e instalações = 20% Captação de recursos e investimentos = 20% Acesso a mercados, networking e parceiros = 17,5% Acesso a laboratórios, pesquisa e aproximação de professores e pesquisadores = 12,5% Gestão da inovação e desenvolvimento da tecnologia = 2,5% Apoio para propriedade intelectual e transferência tecnológica = 2,5% Mercado = 23,5% Gestão = 23% Tecnologia = 19% Capital = 19% Desenvolvimento empreendedor = 15,5% Indiretos = 79 Diretos = 72 Indiretos = 53 Diretos = 150 Fonte: Elaborado pelos autores. Dentre os resultados encontrados percebe-se a grande representatividade das universidades no papel de mantenedoras das incubadoras existentes com 80% de vinculação destes mecanismos. A localização das incubadoras goianas está concentrada em 100% nas áreas urbanas, o que não impede o atendimento das incubadoras à projetos tecnológicos que possam ser introduzidos em áreas rurais. A mesorregião do Centro Goiano, ganha destaque em número de incubadoras instaladas sendo três na capital Goiânia, duas no município de Anápolis e uma no município de Aparecida de Goiânia. A concentração demonstrada por um lado reforça as potencialidades destes municípios e por outro lado indica a necessidade da capilaridade da abrangência das incubadoras nas demais mesorregiões goianas. 11 Todas as incubadoras pesquisadas possuem caráter institucional de serem mecanismos sem fins lucrativos, tendo como orçamento próprio para a operacionalização anual a média orçamentária entre R$50.000,00 a R$100.00,00. A média de receita ou recursos financeiros gerados anualmente (taxas de incubação, editais contemplados e outras fontes) fica entre R$100.000,00 e R$150.000,00. Os recursos advindos das instituições mantenedoras, taxas de incubação e projetos aprovados em editais representam as maiores fontes de recursos utilizadas pelas incubadoras. Tratando-se de editais e projetos contemplados pelas incubadoras goianas, as fontes de captação mais utilizadas são a RGI, Funtec, Fapeg, Finep e Sebrae. A maior parte dos recursos utilizados na operacionalização das incubadoras são direcionados para apoio direto aos incubados, custos com recursos humanos e infraestrutura e equipamentos, que conjuntamente representam 75% dos custos totais. A pesquisa identificou a existência de 56 empreendimentos incubados (projetos e empresas), sendo destaque o setor de TICs com 54,83% das incubações, seguido pelo setor de agronegócio com 16,13%. Dos 56 empreendimentos incubados, 25,49% encontravam-se na modalidade de pré-incubação, 33,33% na modalidade de incubação residente e 41,18% na modalidade de incubação não residente, com período médio de incubação entre 2 a 3 anos. Empiricamente, percebe-se que o número elevado de incubação na modalidade não-residente deve-se ao fato da própria capacidade da estrutura física das incubadoras em atender maior número de empreendimentos instalados em sua própria sede, o que demonstra a necessidade de ampliação das capacidades e escalabilidade de atendimento das incubadoras. Dentre os tipos de inovações referenciados pela OECD (2007), os mais comumente identificados nos projetos incubados são respectivamente as inovações em produto/serviço (57,5%), inovação em organização/negócio (23%), inovação em processo (11%) e inovação em marketing (8,5%). Na busca por investimentos, embora as incubadoras somadas possuam 27 investidores integrantes de suas redes, os resultados demonstram que há a necessidade de atração de investidores, sendo que apenas dois empreendimentos de todas as incubadoras pesquisadas tiveram investimentos realizados, com destaque para a UniINCUBADORA que teve valor entre R$300.000,00 a R$500.000,00 investidos em empreendimentos incubados. Na captação de recursos por projetos elaborados pelos empreendimentos incubados com apoio das incubadoras em editais de inovação, tem-se que 12 projetos já foram contemplados com subvenção oriunda de diversas fontes como os editais PAPPE Integração, PRIME, Tecnova, Funtec dentre outros. Da mesma forma, 41 projetos submetidos pelas incubadoras de empresas goianas foram contemplados para o desenvolvimento, consolidação e apoio aos empreendimentos incubados. Quanto ao valor total do lucro arrecadado por todas empresas graduadas ou em incubação referente a produtos ou serviços desenvolvidos com o apoio da incubadora, percebe-se a ausência de dados quanto a este relevante indicador de lucratividade que impacta diretamente na saúde financeira e nos resultados do processo de incubação. Apenas 3 incubadoras pesquisadas acompanhavam este indicador com a projeção anual da média de lucros obtidos por seus empreendimentos incubados ou já graduados. Esta realidade denota um fator crítico a ser observado pelas incubadoras goianas quanto aos indicadores de desenvolvimento. Dos lucros arrecadados pelas empresas incubadas, apenas 30% das incubadoras pesquisadas solicitam participação nos negócios em forma de royalties e nenhuma das incubadoras participa ou solicita participação na sociedade dos empreendimentos incubados ou graduados. Na percepção dos gestores, os principais fatores de sucesso das incubadoras são respectivamente a estreita relação mantida com as empresas graduadas (19,21%), a visibilidade e propaganda (19,21%), a capacidade de atrair ou prospectar projetos de alto 12 impacto (14,69%), a facilidade para contatos e redes (13,56%), os stakeholders competentes e comprometidos (13%), os assessores e consultores qualificados atuantes na incubadora (11,86%) e a garantia de recursos financeiros (8,47%). Tais resultados demonstram a preocupação dos gestores em manter o vínculo com as empresas graduadas e preocupação de como a incubadora é vista ou divulgada pelos parceiros, empreendedores e comunidade. Sobre os serviços e apoio mais relevantes oferecidos pela incubadora aos incubados os gestores destacaram respectivamente as assessorias e consultorias (25%), o espaço e instalações oferecidas (20%), a captação de recursos e investimentos (20%), o acesso a mercados, networking e parceiros (17,5%), o acesso a laboratórios, pesquisa e aproximação de professores e pesquisadores (12,5%), a gestão da inovação e desenvolvimento da tecnologia (2,5%) e o apoio para propriedade intelectual e transferência tecnológica (2,5%). Em suas operações, ainda é perceptível como grande problema enfrentado pelas incubadoras, a ausência de elevado número de colaboradores atuantes, com média de 3 colaboradores em tempo parcial na incubadora e média de uma pessoa com atuação em tempo integral. Cerca de 60% das incubadoras possuem conselho ou comitê que supervisiona a incubadora auxiliando as decisões e operações estratégicas das incubadoras, porém 40% das incubadoras pesquisadas não possuem sequer uma instância deliberativa, não sendo possível identificar se tal ocorrência justifica-se pela ausência de um corpo deliberativo relacionado à falta do apoio estratégico institucional ou se pela autonomia estratégica dada aos próprios gestores destas incubadoras. Quanto aos processos seletivos realizados pelas incubadoras até o período da pesquisa, 40% possuíam processo seletivo anual e 60% possuíam processo seletivo de fluxo contínuo. Identifica-se a média de 10,7 projetos inscritos anualmente por incubadora, com média de 6,5 projetos/empresas aceitos para incubação, com destaque para as incubadoras PROIN.UEG e o Proine da UFG que conjuntamente possuem a média de 50 projetos inscritos ao ano, representando 46,72% do total de empreendimentos inscritos nos editais de incubação em Goiás. Todas as incubadoras realizam ações de disseminação de empreendedorismo para prospecção de projetos, o que contribui para a prospecção e maior número de inscritos nos editais de seleção, porém os resultados da pesquisa demonstram a ausência da sistematização das ações de sensibilização e prospecção, demonstrando que apenas 30% das incubadoras goianas possuem ações frequentes com base em um calendário previamente estabelecido. Verifica-se que um incremento em ações de disseminação pode proporcionar um aumento significativo de bons projetos captados pelas incubadoras. A origem dos projetos/empresas incubadas mostrou-se diversificada com destaque para empreendimentos propostos por acadêmicos ou egressos das instituições de ensino e pesquisa (40%), empreendedores externos (31,5%), professores ou pesquisadores (8%) e projetos propostos por empresas já existentes (20,5%). Estes resultados demonstram a relevante participação da comunidade acadêmica nos processos de incubação, em que também se observou a média por incubadora de 4,4 professores/pesquisadores envolvidos no apoio ao desenvolvimento da incubadora. Apenas 50% das incubadoras pesquisadas em 2014 possuíam empreendimentos graduados. Este resultado reflete a recente criação de grande parte das incubadoras goianas, sendo que aquelas que já possuem empreendimentos graduados têm obtido êxito quanto à retenção destas empresas na região, uma vez que cerca de 85% permaneceram na região. Isso não impede que tais empresas exerçam suas atuações em outros estados e até mesmo em outros países, porém, não há uma percepção de incentivos e ações consolidadas por parte das incubadoras em preparar os empreendimentos para a internacionalização. Observou-se durante a pesquisa, uma incipiente implantação do Centro de Referência para apoio a Novos Empreendimentos (Cerne 1), com a identificação de 6 incubadoras 13 goianas que até o momento da pesquisa ainda não iniciaram sua implantação, 3 incubadoras encontravam-se em fase inicial de implantação e apenas 1 incubadora encontrava-se em fase final de implantação. No momento de aplicação da pesquisa, foi perceptível que as incubadoras Proine e UniINCUBADORA, contempladas no edital de Incubadoras de Empresas -Sebrae/Anprotec Nº 01/2011-Práticas Cerne Tipo 1, eram as incubadoras com melhores condições para a implantação do Cerne. Entretanto, boa parte dos gestores de todas as incubadoras pesquisadas já possuíam a certificação de participação no Workshop de Nivelamento e Curso de Implantação do Cerne 1 promovidos pela Anprotec. Quanto a oferta de serviços específicos e personalizados de acordo com a fase de desenvolvimento de cada empreendimento, tem-se que, 20% das incubadoras ainda não conseguem oferecer sistemicamente o suporte específico às necessidades dos empreendimentos e que 80% das incubadoras ofertam serviços por nível de maturidade e fase de incubação. Para o acompanhamento e monitoramento do desenvolvimento dos empreendimentos incubados por meio de diagnósticos e avaliações, não é percebida uma linearidade, três incubadoras realizam mensalmente, duas trimestralmente e três semestralmente. Quanto ao acompanhamento das empresas graduadas tem-se que das cinco incubadoras que possuíam empreendimentos graduados apenas uma acompanha o desenvolvimento das empresas graduadas após o processo de incubação, por meio de mecanismos formais (reuniões, relatórios, diagnósticos etc). Este resultado, contradiz na prática a própria percepção dos gestores que enumeraram a estreita relação mantida com as empresas graduadas como um dos principais fatores de sucesso da incubadora. Da mesma forma, foi constado que apenas 30% das incubadoras possuíam empresas graduadas que participam ativamente das ações da incubadora quando convidadas. Destas incubadoras, apenas uma possuía portfólio de ações pelas quais os empreendimentos graduados pudessem participar continuamente. Durante todo o período de existência dos programas de incubação 29 empreendimentos foram desligados antes de serem graduados. Este resultado torna-se um indicador crítico, exigindo um estudo aprofundado sobre as motivações da evasão ou decisão de desligamento destes empreendimentos por parte das incubadoras. Tratando-se de ações promovidas pelas incubadoras goianas direcionadas para a propriedade e intelectual e transferência tecnológica, com envolvimento dos projetos e empresas incubadas, percebe-se incipientes iniciativas, com apenas 4 patentes geradas e 1 transferência tecnológica ocorrida. Este resultado demanda uma maior preocupação das incubadoras quanto à proteção intelectual e melhor forma de exploração das inovações tecnológicas desenvolvidas. A diversificação das localidades e especificidades de atuação de cada incubadora traz um interessante panorama sobre os programas de incubação no Estado de Goiás. Os resultados encontrados na pesquisa oferecem insights relevantes para as conclusões deste estudo. 6 Conclusão O cenário goiano do empreendedorismo inovador vem se configurando na perspectiva da Hélice Tríplice, conforme o ecossistema demonstrado neste artigo. Entretanto, observa-se a necessidade de ações e políticas públicas que consolidem os nós das conexões existentes e que supram as necessidades específicas dos empreendedores e atores, potencializando a sistematização de ações para o processo do desenvolvimento empreendedor promovido pelas interações regionais do governo, universidades e indústria em integração com as incubadoras de empresas. 14 No intuito de compreender os programas de incubação no Estado de Goiás foram expostas informações relevantes sintetizadas pelo panorama das incubadoras de empresas goianas em 2014, com os principais aspectos pesquisados e posterior discussão dos resultados. Os resultados permitiram a geração do panorama atualizado das incubadoras de empresas goianas, por meio de dados e indicadores, contribuindo para o estudo e identificação da participação destes mecanismos no processo de desenvolvimento empreendedor. Como limitação prática apresentra-se a temporiariedade dos dados coletados para a pesquisa, logo que, os dados coletados são referentes ao ano de 2014, informações atualizadas de 2015 ainda não foram prospectadas. Outro fator limitante está relacionado à ausência de pesquisas similares em anos anteriores para parametrizar na totalidade os indicadores de expansão, desempenho e evolução dos programas de incubação no Estado de Goiás. O presente trabalho abre futuras perspectivas para pesquisas sobre o desenvolvimento empreendedor e panoramas das incubadoras que podem ser aplicados nas demais regiões brasileiras. Questões de pesquisas relacionadas à esta temática demandam investigação de grande interesse para o campo da pesquisa e prática, como: Quais os impactos do apoio das incubadoras no processo empreendedor para o sucesso dos empreendimentos incubados e graduados? Quais indicadores relacionados ao desenvolvimento empreendedor podem ser utilizados para identificar resultados sobre a atuação das incubadoras na geração de empreendimentos de sucesso? As possíveis pesquisas possibilitam novas agendas para testar empiricamente as conexões dos diversos atores envolvidos com o apoio ofertado pelas incubadoras e o desenvolvimento empreendedor dos incubados com sua completa inserção mercadológica. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Rede Goiana de Inovação (RGI) e, em especial, dedicamos este artigo como agradecimento póstumo à ex-gestora da Funtec, Valdete Santos Medrado, co-autora da pesquisa e excepcional mobilizadora do movimento pró-inovação no Estado de Goiás. REFERÊNCIAS ANPROTEC. Cerne - Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos: sumário executivo 2015. Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores, 3. ed. Brasília: ANPROTEC, 2014. BEZERRA, J. C. B.; MEDRADO, V. S.; DUARTE, K. B.. Novos caminhos: Plataforma Tecnológica de Dados de Inovação. Goiânia: KELPS, 2013. BRASIL. Lei Federal de Inovação - Lei Nº 10.973, de 2 de Dezembro de 2004. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm> Acesso em jun. 2015. BOLLINGHTOFT, A.; ULHOI, J. P.. The networked business incubator-leveraging entrepreneurial agency? Journal of Business Venturing, v. 20, n. 2, p. 265-290, 2005. ETZKOWITZ, H.; LEYDESDORFF, L.. The dynamics of innovation: from national systems and “Mode 2” to a Triple Helix of university-industry-government relations. Research Policy February, v. 29, p. 109-123, 2000. 15 FERREIRA, M. P.; ABREU, A. F. de; ABREU, P. F. de; TRZECIAK, D. S.; APOLINÁRIO, L. G.; CUNHA, A. A. C.. Gestão por indicadores de desempenho: resultados na incubadora empresarial tecnológica. Produção [online], v.18, n. 2, p. 302-318, 2008. GOIÁS. Lei Goiana de Inovação - Lei Nº 16.922, de 08 de Fevereiro de 2010. Disponível em <http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/pagina_leis.php?id=9286> Acesso em jun. 2015. IMB. Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos da Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento. Goiás em dados - 2013. Disponível em: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/viewcad.asp?id_cad=1208. Acesso em jun. 2015. MIAN, S. A.. Assessing and managing the university technology business incubator: An integrative framework. Journal of Business Venturing, v. 12, n. 4, p. 251-285, 1997. MUSIOLIK, J.; MARKARD, J; HEKKERT, M.. Networks and network resources in technological innovation systems: Towards a conceptual framework for system building. Technological Forecasting & Social Change, v. 79, p. 1032-1048, 2012. OECD. Manual de Oslo: Proposta de Diretrizes para a Coleta e Interpretação de dados sobre Inovação Tecnológica. 3ª ed. Brasília: Eurostat/Finep, 2007, 184 p. UBI INDEX. UBI Index Methodology. Disponível em <http://ubi-global.com/wpcontent/uploads/2015/03/UBI-Index-Benchmark-Methodology.pdf > Acesso em jun. 2015. 16 APÊNDICE A Questionário de pesquisa aplicado às incubadoras de empresas 17 A - INTRODUÇÃO 1 - Nome oficial da incubadora: 2 - Universidade/Instituição mantenedora: 3 - Cidade: 4 - A incubadora atende todo o Estado de Goiás? 5 - Localização B - PERFIL DA INCUBADORA 6 - Ano de criação da incubadora 7 - É uma incubadora com fins lucrativos? 8 - Qual o tipo da incubadora? 9 - Categoria de vínculo da incubadora: 10 - Nome completo do gestor da incubadora: 11 - Missão da incubadora (Descrever o foco estratégico da incubadora): 12 - Empresas/projetos incubados por setor: 13 - Orçamento próprio anual para a incubadora (não incluir recursos advindos de editais ou fundos): 14 - Modalidades das empresas / projetos incubados (Descrever a quantidade por modalidade): 15 - Recursos financeiros gerados anualmente (de todas as fontes) pela incubadora: 16 - Quais as principais fontes de recursos financeiros da incubadora? 17 - Destinação dos recursos financeiros na operacionalização da incubadora: 18 - Quantas instituições apoiam financeiramente a incubadora? 19 - Cite o nome completo das 3 principais instituições que apoiam financeiramente a incubadora: 20 - Seus recursos são supervisionados pelas instituições que apoiam financeiramente a incubadora? Caso sua resposta seja sim, qual o número vezes por ano estes recursos são supervisionados? 21 - Quais redes ou associações atualmente a incubadora é membro? 22 - A incubadora possui fundo de capital semente para investir em projetos/empresas incubadas? 23 - A incubadora ao investir nos projetos/empresas incubadas solicita participação nos lucros do negócio a ser desenvolvido? 24 - A incubadora ao investir nos projetos/empresas incubadas solicita participação na sociedade do negócio a ser desenvolvido? 25 - Motivos relacionados ao sucesso da incubadora: 26 - Quantidade de investidores que fazem parte da rede da incubadora (venture capital, angels etc): 27 - Quantidade de recurso financeiro já investido por investidores nos projetos/empresas da incubadora: 28 - Número de eventos organizados e co-organizados pela incubadora ao ano: 29 - Número de patrocinadores, locais, regionais, nacionais e internacionais da incubadora: 30 - Número de cooperações formalizadas com outras instituições, locais, regionais, nacionais e internacionais que contribuem para o desenvolvimento da incubadora e dos incubados: 31 - Número de colaboradores da incubadora com atuação tem tempo parcial: 32 - Número de membros da equipe da incubadora com atuação em tempo integral: 33 - Número de membros da equipe gestora (direção) da incubadora: 34 - A incubadora possui conselho ou comitê que supervisiona a incubadora? 35 - Número médio de projetos/empresas inscritas por ano: 36 - Número médio de projetos/empresas aceitas para incubação por ano: 18 37 - Número professores e pesquisadores que apoiam o desenvolvimento da incubadora e empreendimentos incubados: 38 - Qual o percentual de projetos/empresas em incubação de acadêmicos ou egressos da universidade? 39 - Qual o percentual de projetos/empresas que possuem em sua equipe pelo menos um membro que já tenha sido proprietário ou sócio de outra empresa? 40 - Em que fase se encontram os projetos quando ingressam na incubadora: 41 - Qual o percentual de empresas que permanecem na região após sua graduação? 42 - Número médio de tempo que o empreendimento incubado permanece na incubadora: 43 - Quais os serviços mais relevantes oferecidos pela incubadora aos incubados? 44 - Aplicação do Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos - CERNE 1: 45 - As assessorias, consultorias e demais suporte são direcionados para o desenvolvimento de quais dimensões para os incubados: 46 - Quais as principais inovações identificadas nos empreendimentos incubados? 47 - De onde vieram os os projetos/empresas incubadas? C – RESULTADOS 48 - A incubadora realiza ações de disseminação de empreendedorismo para prospecção de projetos? 49 - A incubadora possui um processo seletivo bem definido? 50 - A incubadora oferece serviços específicos de acordo com a fase de desenvolvimento de cada empreendimento para a obtenção de resultados? 51 - A incubadora realiza diagnósticos/avaliações periódicas para acompanhar o desenvolvimento dos incubados? 52 - A incubadora supervisiona e acompanha o desenvolvimento das empresas graduadas após o processo de incubação? 53 - As empresas graduadas participam ativamente das ações da incubadora? 54 - Qual o número de empresas graduadas que contribuem financeiramente para a incubadora (royalties, taxas, patrocínio etc)? 55 - Número de empresas graduadas desde a criação da incubadora: 56 - Número total de empregos indiretos gerados pela empresas em incubação: 57 - Número total de empregos diretos gerados pela empresas em incubação: 58 - Número total de empregos indiretos gerados pela empresas graduadas: 59 - Número total de empregos diretos gerados pela empresas graduadas: 60 - Número de patentes geradas na incubadora pelos empreendimentos que já foram ou estão incubados: 61 - Número de transferências tecnológicas ocorridas na incubadora: 62 - Número de empreendimentos que tiveram projetos contemplados em editais: 63 - Número de empreendimentos que tiveram investimentos ou foram financiados por investidores: 64 - Número de projetos contemplados pela incubadora em editais ou outras fonts: 65 - Número de artigos publicados/apresentados em congressos, revistas e outras publicações: 66 - Valor total do lucro arrecadado por todas empresas já incubadas ou em incubação. (Lucro referente a produtos/serviços desenvolvidos com o apoio da incubadora): 67 - Quantos projetos/empresas foram desligados da incubadora antes de serem graduados? 19