Avaliação em saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da implantação de programas Zulmira Maria de Araújo Hartz Org. SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros HARTZ, ZMA., org. Avaliação em Saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da implantação de programas [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1997. 132 p. ISBN 85-8567636-1. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported. AVALIAÇÃO EM SAÚDE Dos Modelos Conceituais à Prática na Análise da Implantação de Programas FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ Presidente Eloi de Souza Garcia Vice-Presidente d e Ambiente, Comunicação e Maria Cecília de Souza Minayo EDITORA FIOCRUZ Coordenadora Maria Cecília de Souza Minayo C o n s e l h o Editorial Carlos E. A. Coimbra Carolina M. Charles Pessanha Bori Hooman Momen Jaime Benchimol L. José da Rocha Luis David Paulo Carvalheiro Castiel Luiz Fernando Miriam Jr. Ferreira Struchiner Amarante Paulo Gadelha Paulo Marchiori Vanize Macedo Zigman Brener Buss C o o r d e n a d o r Executivo João Carlos Canossa P. Mendes AVALIAÇÃO EM SAÚDE Dos Modelos Conceituais à Prática na Análise da Implantação de Programas Organizadora Zulmira Maria d e Araújo Hartz 1 a Reimpressão Copyright © 1997 dos autores T o d o s os direitos desta e d i ç ã o reservados à FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ/EDITORA I S B N : 85-85676-36-1 1 a 1 a edição: 1997 r e i m p r e s s ã o revista: 2 0 0 0 C a p a , p r o j e t o gráfico e e d i t o r a ç ã o e l e t r ô n i c a : Heloisa Diniz R e v i s ã o e p r e p a r a ç ã o d e originais: Marcionílio C o l a b o r a r a m na 1 Cavalcanti a de Paiva reimpressão P r o j e t o gráfico e e d i t o r a ç ã o e l e t r ô n i c a : Guilherme Ashton Revisão d e provas: Cláudia Cristiane Lessa Dias Catalogação-na-fonte Centro de Informação Científica e Tecnológica Biblioteca Lincoln de Freitas Filho Hartz, Zulmira Maria de Araújo (Org.) Avaliação e m Saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da i m plantação d e programas/organizado por Zulmira Maria Araújo Hartz — Rio de Janeiro: Fiocruz, 1997. 132p. il. 1 . Sistemas locais de saúde-organização e administração. 2. Avaliação de ações de saúde pública (processo e resultado). 3. Planos e programas de saúde. 4. saúde materno-infantil. C D D . - 20. ed. - 362.104 2000 EDITORA FIOCRUZ Rua L e o p o l d o Bulhões, 1 4 8 0 , térreo - M a n g u i n h o s 2 1 0 4 1 -210 - R i o d e J a n e i r o - RJ Tels.: (21) 5 9 8 - 2 7 0 1 / 5 9 8 - 2 7 0 2 Telefax: (21) 5 9 8 - 2 5 0 9 I n t e r n e t : http//www.fiocruz.br/editora e-mail: [email protected] AUTORES André-Pierre Contandriopoulos G r u p o d e Pesquisa Interdisciplinar e m S a ú d e ( G R I S ) d a U n i v e r s i d a d e d e M o n t r e a l , Canadá. François Champagne G r u p o d e Pesquisa Interdisciplinar e m S a ú d e ( G R I S ) da U n i v e r s i d a d e d e M o n t r e a l , Canadá. Jean-Louis Denis G r u p o d e Pesquisa Interdisciplinar e m S a ú d e ( G R I S ) da U n i v e r s i d a d e d e M o n t r e a l , Canadá. Maria do Carmo Leal Escola N a c i o n a l d e S a ú d e P ú b l i c a / F u n d a ç ã o O s w a l d o C r u z ( E N S P / F I O C R U Z ) , R i o de Janeiro. Raynald Pineault G r u p o d e Pesquisa Interdisciplinar e m S a ú d e ( G R I S ) d a U n i v e r s i d a d e d e M o n t r e a l , Canadá. Zulmira Maria de Araújo Hartz (organizadora) Escola N a c i o n a l d e S a ú d e P ú b l i c a / F u n d a ç ã o O s w a l d o C r u z ( E N S P / F I O C R U Z ) , R i o de Janeiro. SUMÁRIO PREFÁCIO 9 APRESENTAÇÃO 17 1 . EXPLORANDO NOVOS CAMINHOS NA PESQUISA AVALIATIVA DAS AÇÕES DE SAÚDE 19 Zulmira Maria de Araújo Hartz 2 . A AVALIAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE: CONCEITOS E MÉTODOS André-Pierre François 29 Contandriopoulos Champagne Jean-Louis Raynald Denis Pineault 3 . ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO Jean-Louis François 49 Denis Champagne 4 . AVALIAÇÃO DO PROGRAMA MATERNO-INFANTIL: ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO EM SISTEMAS LOCAIS DE SAÚDE NO NORDESTE DO BRASIL Zulmira Maria François de Araújo André-Pierre Maria Hartz Champagne do Carmo Contandriopoulos Leal 89 PREFÁCIO A o a c e i t a r o c o n v i t e para o p r e f á c i o d o livro Avaliação conceituais à prática na análise da implantação de programas, em Saúde: dos modelos a c r e d i t e i estar d i a n t e d e u m e m p r e e n d i m e n t o m a i s simples d o q u e p o s t e r i o r m e n t e se r e v e l o u : p e l a v i v ê n c i a q u e tinha c o m p r o g r a m a s d e s a ú d e , a l é m d e há m u i t o pesquisá-los, i n a d v e r t i d a m e n t e , t o m e i o p r e s e n t e texto c o m o t e m á t i c a por d e m a i s " f a m i l i a r " ! D e u m l a d o , foi instigante o fato d e q u e o texto abordasse, c o m o recorte p r e f e rencial d a reflexão, a i m p l a n t a ç ã o d e programas. Afinal, esta passagem q u e e n v o l v e o trânsito d o discurso e , pois, d e u m a proposição e n u n c i a d a , para a c o n d i ç ã o d e sua e x p e r i m e n t a ç ã o , n ã o t e m sido o b j e t o d e muitos estudos e m nosso c a m p o , s e n d o , n o e n t a n t o , talvez u m d e seus mais importantes " n ó s críticos" - para usar a expressão d o s planejadores. A linguagem sintética e m q u e o texto se expressa, por sua v e z , a g r a d a v e l m e n t e s u r p r e e n d e u , já q u e n ã o é n a d a fácil analisar c o n c e i t u a l m e n t e esta articulação entre a proposição e m abstrato e o c o t i d i a n o v i v i d o n o â m b i t o d e seu e x e r c í c i o prático. M a s à m e d i d a q u e m e a p r o f u n d a v a e m sua leitura, fui-me d a n d o c o n t a d e q u e o e m p r e e n d i m e n t o crescia e m c o m p l e x i d a d e . T a m b é m crescia e m r e l e v â n c i a t e ó r i c a e política: foi-se m o s t r a n d o c o m o u m e x c e l e n t e substrato para refletirmos s o b r e o significado d e se e s t u d a r este processo d e c o n c r e t i z a ç ã o , p e s q u i s a n d o o d e s e n v o l v i mento d e uma experiência q u e efetivamente vivemos e praticamos. Esta a p r o x i m a ç ã o q u e o texto nos c o l o c a , m o t i v o u - m e a t o m a r suas q u e s t õ e s d e o u t r o m o d o , pois a reflexão q u e nos traz torna-se a i n d a m a i s i m p o r t a n t e se b u s c a r m o s a l c a n ç a r o significado d e u m a " i m p l a n t a ç ã o " n ã o só c o m o a p a s s a g e m d o d i s c u r so à prática, m a s c o m o p e r s p e c t i v a d e u m a o u t r a travessia, similar, a i n d a q u e d o t a d a d e a m b i ç ã o t e c n o l ó g i c a e política m a i o r : a articulação da teoria com a ação. N ã o há d ú v i d a s d e q u e o leitor r e c o n h e c e r á a q u e s t ã o nas t ã o f r e q ü e n t e s c r í t i cas a c e r c a d a d i c o t o m i a e n t r e a a c a d e m i a e os serviços... o u e n t ã o na d i s t â n c i a d o c o n h e c i m e n t o q u e se p r o d u z nas u n i v e r s i d a d e s r e l a t i v a m e n t e à r e a l i d a d e d a prática (profissional). É a t é senso c o m u m d i z e r m o s q u e " n a prática a t e o r i a é s e m p r e o u t r a " . D e fato o é , e n e m p o d e r i a ser d e o u t r o m o d o , o q u e seria b e m m e l h o r c o m p r e e n d i d o se nos d e d i c á s s e m o s mais a pesquisar esta p a s s a g e m . M a s , neste c a s o , a l é m d e l a , o q u e ora estou s u g e r i n d o - p o r q u e o s e n t i d o d e estudar a i m p l a n t a ç ã o c o m o o b j e t o d e investigação p a r a a p r o d u ç ã o d e c o n h e c i m e n t o c i e n t í f i c o assim m e s u g e r e - é algo a i n d a mais a r t i c u l a d o : a passagem é parte d a própria pesquisa. Por isso, e m s e u p r o cesso, ela é s i m u l t a n e a m e n t e o b j e t o d e c o n h e c i m e n t o , e , pois, s i t u a ç ã o e s t u d a d a , e i n s t r u m e n t o d e i n t e r v e n ç ã o , e , pois, fator d e c o r r e ç ã o d a s rotas d e p r o d u ç ã o d o c o nhecimento e d o próprio conhecimento produzido. A q u e s t ã o t a m b é m a p a r e c e n o c e n t r o d a c o n h e c i d a p o s t u l a ç ã o q u e estrutura o c a m p o d a s a ú d e c o l e t i v a , a o definir a si p r ó p r i o c o m o c a m p o d e c o n h e c i m e n t o e prática, q u a l seja, a a l i a n ç a d a c i ê n c i a e d a t é c n i c a c o m a política. É b e m v e r d a d e q u e isto p o d e ser p e n s a d o c o m o u m a a l i a n ç a a posteriori, isto é , a p ó s a p r o d u ç ã o d o c o n h e c i m e n t o . . . e n t ã o a prática. M a s t a m b é m é v e r d a d e q u e t e m o s tido e n v o l v i m e n t o s c o m a p r á t i c a e m q u e n e m s e m p r e foi possível esperar o c o n h e c i m e n t o científico, p r o d u z i d o c o m t e m p o r a l i d a d e s diversas d a s n e c e s s i d a d e s políticas d e i n t e r v e n ç ã o . A p o s s i b i l i d a d e q u e o r a a p o n t o , c o n t u d o , é a d e se pensar u m a a l i a n ç a mais d e f i n i d a e a p r o p r i á v e l , p e l o s p e s q u i s a d o r e s e p e l o s profissionais d o s serviços, e n t r e os " p r o j e t o s d e a ç ã o " (tal c o m o d e n o m i n o o saber p r á t i c o q u e preside a i n t e r v e n ç ã o ) e a " t e o r i a s o b r e a a ç ã o " , d e m o d o a p r o p i c i a r nas c o n e x õ e s e s t a b e l e c i d a s a a p r o x i m a ç ã o d e t e m p o s e d e p r o p o s i ç õ e s . U m a tal a r t i c u l a ç ã o d e m a n d a r á o p e r a ç õ e s sintetizadoras d a s várias m e d i a ç õ e s q u e c o n h e c e m o s e o p e r a m o s e m t e m p o s díspares e por c o n t e ú d o s a n a l i t i c a m e n t e s e p a r a d o s , q u a n d o b u s c a m o s interagir a c i ê n c i a c o m o t r a b a l h o , os c o n h e c i m e n t o s t é c n i c o s c o m a prática o u a f o r m u l a ç ã o g e n é r i c a d a abstração c o m a s i t u a ç ã o p a r t i c u l a r e e s p e c í f i c a a ser e x p e r i m e n t a d a . P o r isso a p r e s e n t e p r o d u ç ã o , q u e n a f o r m a d e c o l e t â n e a p e r c o r r e a q u e s t ã o e m s e u t o d o - d e seus aspectos teóricos e m e t o d o l ó g i c o s à suas possibilidades empíricas d e r e a l i z a ç ã o - , insere-se na s a ú d e c o l e t i v a , j á s i t u a n d o nosso o l h a r e m u m privilegiad o p o n t o d e vista. P o r isso t a m b é m , elegi para prefaciar este interessante e o p o r t u n o texto, u m a b r e v e reflexão s o b r e a a d m i r á v e l travessia p r o p o s t a : a t ã o b u s c a d a q u a n t o difícil a r t i c u l a ç ã o d a p e s q u i s a científica c o m a i n t e r v e n ç ã o social. S u b e s t i m a d a c o m o p r o b l e m á t i c a científica, é esta passagem na q u a l t o d a p r o p o s i ç ã o realiza-se e m c o n c r e t o s d a d o s , a q u e p o d e vir a ser nossa g r a n d e c o n t r i b u i ç ã o à n o v a c i ê n c i a e m e r g e n t e , a o s n o v o s p a r a d i g m a s d a p r o d u ç ã o mais atual d o c o n h e c i m e n t o . R e p e n s a r o s m o d o s d a a r t i c u l a ç ã o e n t r e c o n h e c i m e n t o s e práticas permitiria, a u m só t e m p o , a p r i m o r a r suas i n t e r a ç õ e s e fazer c o m q u e a s a ú d e coletiva, já nascida s o b a é g i d e d a n e c e s s i d a d e dessa c o m u n i c a ç ã o (ciência-prática), p u d e s s e c o l a b o r a r e m m u i t o c o m o u t r o s c a m p o s científicos q u e h o j e e n f r e n t a m a m e s m a q u e s t ã o . Ilustremos essa i d é i a c o m os próprios p r o g r a m a s . I m a g i n e m o s o q u e o c o r r e c o m u m p r o g r a m a q u a n d o se reveste das características d e u m a a ç ã o (programática). T o m e m o s o fato d e q u e o p r o g r a m a e m sua f o r m a " p l a n o " é s e m p r e u m a p r o p o s i ç ã o d e natureza técnica, u m a vez q u e t e m por finalidade estabelecer u m e n u n c i a d o d e c a r á t e r prescritivo p a r a a i n t e r v e n ç ã o ( e m s a ú d e , o u n ã o ) . Trata-se e n t ã o d e u m a p r o p o s i ç ã o d e t r a b a l h o e p r o d u ç ã o s o c i a l . P o r isso, i n f o r m a d o por c o n h e c i m e n t o s científicos, t é c n i c o s e , p o r v e z e s , f u n d a d o s n a e x p e r i ê n c i a prática, u m p l a n o s e m p r e se a p r e s e n t a c o m o - e nos a p r e s e n t a - o resultado res, r e s u l t a d o e m si m e s m o u m meio técnico d a c o m b i n a ç ã o desses s a b e - para futuras i n t e r v e n ç õ e s . L o g o , o p l a n o é algo t é c n i c o d o c o m e ç o a o f i m : é s e m p r e i n s t r u m e n t o , e s e m p r e constituído d e p r o p o s i ções instrumentais. A o passarmos d o p r o g r a m a e m sua f o r m a " p l a n o " para sua f o r m a " p r á t i c a " o u então forma "tecnologia", inscrevemos o programa-plano e m outros dois c a m p o s d e c o n d i c i o n a n t e s e d e t e r m i n a ç õ e s , q u e se e x p r e s s a m e s ã o e x p e r i m e n t a d o s como consubstanciais na r e a l i d a d e c o t i d i a n a : o d o t r a b a l h o , e m q u e c a d a p r o g r a m a e m e x e c u ç ã o é a r e a l i z a ç ã o d e u m d a d o m o d o d e trabalhar e m s a ú d e e m o d o t é c n i c o d e intervir, p r o d u z i n d o c u i d a d o s ; e o d a o r g a n i z a ç ã o social d a p r o d u ç ã o e d i s t r i b u i ç ã o d o s serviços, e m q u e os p r o g r a m a s e m e x e c u ç ã o r e a l i z a m i g u a l m e n t e d a d o s m o d e l o s assistenciais e m m e r c a d o . A s s i m o p r o g r a m a - p l a n o q u e v i a d e regra é f o r m u l a ç ã o suscitada p o r n e c e s s i d a d e s d e s a ú d e t e c n i c a m e n t e r e p r e s e n t a d a s (por v i a d a e p i d e m i o l o g i a ) , e está, p e l o m e n o s n o Brasil, inserido n o c a m p o d a política p ú b l i c a , passará a r e s p o n d e r pelas três v e r t e n t e s d e n e c e s s i d a d e s : a p r o d u ç ã o d e serviços e m escala s o c i a l ; o m o d o d e p r o d u ç ã o d e serviços e m s a ú d e e seus processos d e t r a b a l h o ; e a a d m i n i s t r a ç ã o p ú b l i c a d o s e q u i p a m e n t o s prestadores d e serviços. D e s s a f o r m a , prática social, para o p r o g r a m a fica afastada q u a l q u e r possibilidad e d e se resguardar c o m o p r o p o s i ç ã o e x c l u s i v a m e n t e m e i o , assim t a m b é m s e u c o n t e ú d o c o m o i n t e r v e n ç ã o e x c l u s i v a m e n t e t é c n i c a , q u e se regularia a p e n a s p e l a s n e c e s sidades t é c n i c a s d e t o d a a p o p u l a ç ã o , tal c o m o p o d e ser i n t e r p r e t a d o ( e c l a s s i c a m e n t e o é) e m sua s i t u a ç ã o d e p l a n o , resguardando-se i d e o l o g i c a m e n t e c o m o p r o p o s i ç ã o neutra. A o tornar-se a ç ã o o u t e c n o l o g i a , a p r o p o s i ç ã o p r o g r a m á t i c a g a n h a v i d a social e s u b m e t e - s e às t e n s õ e s d o s interesses, p o n t o s d e vista e v a l o r e s q u e estão i n t e r a g i n d o n o dia-a-dia d e sua realização. N ã o mais c o m o e n u n c i a d o ( d a d o ) , mas c o m o e n u n c i a ç ã o (ato), e m processos v e r i f i c a d o r e s d o s e u c o n t e ú d o e q u e t a m b é m v a l i d a m o u n e g a m o m o d o d e sua c o n s t r u ç ã o anterior. A p r o p o s i ç ã o , q u e c o m o c r i a ç ã o t e ó r i c a p o d e a p r e sentar-se t ã o p r o n t a e b e m - a c a b a d a , q u a n t o à a r t i c u l a ç ã o d e u m a d a d a t é c n i c a c o m certos p r i n c í p i o s é t i c o s e políticos, mostrará suas insuficiências, limites e i m p r o p r i e d a d e s , t a n t o para realizar-se é t i c a e p o l i t i c a m e n t e c o m o previsto, q u a n t o p a r a ser c o m p e t e n t e e m garantir a a r t i c u l a ç ã o técnica-ética-política pressuposta. Esse processo representa s e m p r e , a m e u ver, politização d a t é c n i c a . Politizar n o sentido d e s u b m e t e r o p l a n o , c o m o p r o p o s i ç ã o t é c n i c a , às tensões sociais d o c o t i d i a n o , seja nos aspectos d o c o n h e c i m e n t o b i o m é d i c o q u e porta, seja nos d o c o n h e c i m e n t o sociológico o u a t é e c o n ô m i c o . Tensões essas q u e e v i d e n c i a m , inclusive, q u a l a p e r s p e c tiva ética q u e traz e m sua constituição d e m e i o para a i n t e r v e n ç ã o , isto é , q u e valores interiorizados porta o programa, m e s m o q u a n d o disposto c o m a p r e t e n s ã o d e n e u t r a l i d a d e instrumental. D e o u t r o lado, a t é q u a n d o rejeita essa pretensão d e n e u t r a l i d a d e , a proposição q u e e m abstrato já trouxer u m a explicitação política d a d a e x p e r i m e n t a r á , e m sua v i d a prática, i g u a l m e n t e sua politização, neste caso, v i v e n d o a t é c n i c a , o i m p r e visto e o i m p o n d e r á v e l , tensionando-se c o m o a ç ã o p a d r o n i z a d a e previsível d i a n t e d o d i n a m i s m o d a v i d a social o u d o s conflitos éticos próprios à v i d a c o t i d i a n a . N e s t a situa¬ ç ã o os p a d r õ e s e s p e r a d o s d e a ç ã o ( c o n t e ú d o s e formas) serão atualizados c o m o deslocam e n t o s d o e n u n c i a d o , agora n o sentido d e vivificar a teoria, 're-criar' suas e l a b o r a ç õ e s t é c n i c a s d i a n t e d a situação particular e c o n c r e t a e m q u e se implanta. P o r t a n t o , a e x p e r i ê n c i a c o n c r e t a p o d e atuar s o b r e a p r o p o s i ç ã o e m dois sentid o s : refaz o e n u n c i a d o , p e l a n e g a ç ã o ; atualiza o e n u n c i a d o , a c e i t a n d o - o para ' r e f o r m u l a ç ã o ' . . . A c e r t o s e d e s a c e r t o s , t o d o s s o f r e m retro-ação q u a n d o o p r o g r a m a se torna a ç ã o programática. O r a , isto é exatamente torná-lo alvo d a avaliação intersubjetiva d e seus agentes e participantes, possibilidade d a d a a o se viver o programa. M a s a o se pesquisar esta experiência d o programa (o programa e m vida), passa a ser ele alvo, agora, d e sua apropriação crítica e m n o v a teorização... Teorização q u e , por sua vez, será n ã o só dos " d e fora" d o processo e m curso, s e n ã o - e aqui o ponto nevrálgico d o presente estudo - dos " d e dentro". S a b e m o s q u e n a t r a d i ç ã o d e c u n h o positivista, o sujeito e p i s t ê m i c o é c o l o c a d o exterior a o o b j e t o q u e e s t u d a , por se a c r e d i t a r q u e desta f o r m a s e r e m o s mais " r a c i o n a i s " , isto é , e v i t a r e m o s c o n t a m i n a r c o m nossos v a l o r e s i n d i v i d u a i s o c o n h e c i m e n t o . Eis a a l m e j a d a n e u t r a l i d a d e d o pesquisador, pois e l e assim c o m p a r e c e c o m o instrum e n t o d o m é t o d o e recurso a p e n a s o p e r a c i o n a l d a a p l i c a ç ã o d a c i ê n c i a . . . Pesquisador n ã o sujeito, m a s o b j e t o d e u m c o n h e c i m e n t o m a i o r q u e lhe é anterior e lhe d e t e r m i n a o agir p o r c o m p l e t o . . . C l a r o q u e o e x a g e r o retórico q u e o r a a s s u m o p r e t e n d e ressaltar a o leitor o l a d o m a i s d r a m á t i c o d e s t a t r a d i ç ã o na p r o d u ç ã o científica, d e resto a t u a l m e n t e e m parte já s u p e r a d a , a t é m e s m o p e l o s d e f e n s o r e s d a t r a d i ç ã o , c o m o m o d o d e atualizá-la. M a s o p o n t o talvez mais instigante a ressaltar está n o fato d e q u e essa tradição f o r m a nossa cultura científica: nos t o r n a m o s pesquisadores e estudiosos t a m b é m , s e n ã o p r i n c i p a l m e n t e , nessa f o r m a d e ser científico. E, p o r v e z e s , até m e s m o nas pesquisas q u e a d o t a m c o m o referencial a interação d o sujeito c o m o objeto e n q u a n t o inexorável fato d o p r ó p r i o o b j e t o , tal q u a l nas c i ê n c i a s h u m a n a s , paga-se u m certo p r e ç o por esta a c u l t u r a ç ã o . A s s i m , p e r c e b e n d o - o o u n ã o , m e s m o a c e i t a n d o a inseparabilidade sujeito¬ o b j e t o , t e n t a m o s n o d e s e n h o c o n c r e t o d a pesquisa, o u na escolha d o s objetos, reter algo d e " n e u t r o " . P o r e x e m p l o , q u a n d o o f o r m a l i s m o d a t é c n i c a d e coleta d o d a d o e m p í r i c o passa a s o b r e p u j a r a a d e q u a ç ã o m e t o d o l ó g i c a d e c o r r e n t e d o referencial teórico a d o t a d o , v i n d o a inverter esta sua situação d e u m p ó l o t é c n i c o na m e t o d o l o g i a global d a pesquisa, e pois d i m e n s ã o s u b o r d i n a d a à q u e l e referencial t e ó r i c o . Essa inversão se r e v e la n a e x a g e r a d a i m p o r t â n c i a d a d a e x a t a m e n t e a esta parte d a investigação. S ã o e x e m plos a b u r o c r a t i z a ç ã o o u m e c a n i z a ç ã o d o s protocolos d e investigação, situação e m q u e a p r o d u ç ã o d o e m p í r i c o c o m p a r e c e n ã o só c o m a q u a l i d a d e d a investigação correta para c o m a o b t e n ç ã o d o s d a d o s - o q u e d e v e s e m p r e m a r c a r q u a l q u e r pesquisa - , mas c o m o a n e c e s s i d a d e d o s d a d o s e m si m e s m o s . A h e g e m o n i a d o processo criador fica, assim, d e s l o c a d a c o m p l e t a m e n t e a o p ó l o e m p í r i c o , d e i x a n d o este d e ser parte d e u m processo d e trocas e n t r e o e m p í r i c o e o t e ó r i c o n a p r o d u ç ã o d o c o n h e c i m e n t o . M a s a l é m desta f o r m a d e p r o c e d e r , t e m o s o u t r a s i t u a ç ã o q u e d e v e m o s s u b m e ter a esta reflexão. Trata-se d o fato d e a d m i t i r m o s a i n t e r a ç ã o s u j e i t o - o b j e t o a p e n a s para u m a só c o n d i ç ã o : q u a n d o a r e a l i d a d e a ser e s t u d a d a n ã o é , d e m o d o particular e c o n c r e t o , a d o pesquisador, m a s a d o s O u t r o s , isto é , o p e s q u i s a d o r é g e n e r i c a m e n t e p e r t e n c e n t e a o o b j e t o , m a s n ã o específica e p a r t i c u l a r m e n t e . Estudar este O u t r o , c o m o s i t u a ç ã o d i f e r e n t e d a q u e l a d o p e s q u i s a d o r , o u e s t u d a r a situação q u e é e x a t a m e n t e a d o pesquisador, é p r o b l e m á t i c a b e m t r a b a l h a d a - e c o m interessante f o r m a d e s u p e r a ç ã o - , n a a n t r o p o l o g i a . N e s t e c a m p o , m e d i a n t e a d i f e r e n c i a ç ã o d a s n o ç õ e s " f a m i l i a r " e " c o n h e c i d o " , isto é , o f a m i l i a r p o d e n ã o ser c o n h e c i d o , postula-se a possibilidade d e vir a sê-lo p o r v i a d e u m p r o c e d i m e n t o e s p e c í f i c o : o " e s t r a n h a m e n t o " , s i t u a ç ã o e m q u e t o r n a m o s o familiar algo e x ó t i c o , o u a o m e n o s não tão próximo e imediatamente identificável. A c a s o n ã o será esta a s i t u a ç ã o d e e s t u d o s e m q u e nós, a t o r e s d a s a ú d e c o l e t i v a , v a m o s pesquisar o p r o g r a m a e m sua i m p l a n t a ç ã o ? E esta s i t u a ç ã o n ã o é a q u e l a e m q u e se p r e t e n d e c o n h e c e r a r e a l i d a d e d a s a ç õ e s d o s p r o g r a m a s d e s a ú d e a o t e m p o e m q u e se transforma, e l a p r ó p r i a c o m o e s t u d o , e m u m a " a ç ã o p r o g r a m á t i c a " ? C o n h e c e r e intervir, a q u i , e n c o n t r a m - s e e n t r e l a ç a d o s e m t e m p o e e s p a ç o . . . S e r á isto possível, d a p e r s p e c t i v a d a p r o d u ç ã o científica, s e m q u e se p e r c a p o r c o m p l e t o a f o r m a científica d e c o n h e c e r ? O u seja, será possível c o m b i n a r à p r o d u ç ã o d o c o n h e c i m e n t o i n t e r v e n ç õ e s e n ã o p e r d e r m o s a teoria e m ideologias? Isto n ã o é m u i t o fácil, pois p o d e r e m o s ter sérias d i f i c u l d a d e s d e m a n t e r m o s a o b j e t i v i d a d e n e cessária à f o r m a científica d e c o n h e c e r , o b j e t i v i d a d e essa e m q u e o p o n t o d e vista político e ideológico d o sujeito pesquisador c o m p õ e - s e c o m um percurso m e t o d o l o g i c a m e n t e e s t a b e l e c i d o , e n ã o a p e n a s c o m v i v ê n c i a prática. A f i n a l , trata-se d a pesquisa em s e r v i ç o , m a s na f o r m a d e u m e s t u d o sobre os serviços... O u e n t ã o , será possível p r e t e n d e r aliar pesquisa e i n t e r v e n ç ã o s e m q u e se p e r c a o inverso, isto é , e n r i j e c e r por d e m a i s a a ç ã o , t o r n a n d o a prática s e m v a l o r d e c o n h e c i m e n t o ? V a l e dizer, u m a pesquisa s o b r e os serviços, m a s n u n c a e m s e r v i ç o o u a serviço d e algo, p o r e x e m p l o a assistência, o t r a b a l h o e t c . . . D e s c o n f i a r m o s d e t o d o e q u a l q u e r e n s i n a m e n t o q u e a v i d a prática nos d á , o u r e j e i t a r m o s a c a p a c i d a d e d e q u e o sujeito q u e v i v e d e t e r m i n a d a s i t u a ç ã o possa estranhá-la, t a m b é m será c o n d e n a r o c o n h e c i m e n t o a só se p r o d u z i r p o r e x t e r i o r i d a d e d o p e s q u i s a d o r - e e n t ã o , p e l o a s p e c t o m a i s f o r m a l d o m é t o d o , já q u e este fica destituído d e i n t e r a ç ã o c o m o p r ó p r i o p e s q u i s a d o r - , o u a só se p r o d u z i r pela n e u t r a l i z a ç ã o d o sujeito d o c o n h e c i m e n t o , engessando-o n o m é t o d o . D i a n t e desse d i l e m a , já n o p r i m e i r o c a p í t u l o , nossos a u t o r e s p r o p õ e m uma busca d e s o l u ç ã o : a pesquisa-ação. O u , o pesquisador-ator, s i t u a ç ã o e m q u e c o n h e c i ¬ m e n t o - o b j e t o torna-se c o n h e c i m e n t o - p r o j e t o . A pesquisa-ação, assim c o m o t o d a form a d e pesquisa p a r t i c i p a n t e , é m o d a l i d a d e d e investigação i n t r o d u z i d a nas c i ê n c i a s h u m a n a s h á t e m p o s n o Brasil, n ã o s e n d o d e m o d o a l g u m insignificante a reflexão d o s e s t u d o s brasileiros s o b r e e l a . T e m c o m o u m d e seus principais inspiradores, a o m e n o s p o r m e i o d e seus p o s t u l a d o s e princípios e d u c a c i o n a i s , nosso g r a n d e p e n s a d o r P a u l o Freire. Por m e i o d e sua teoria, d e u m a e d u c a ç ã o q u e a p e n a s se d á pela problematização e e n q u a n t o p r o c e s s o d e c o m u n i c a ç ã o , f o r m u l a a n o ç ã o d o ensinar a p r e n d e n d o e d o transmitir c o n h e c i m e n t o na r e s o l u ç ã o d e p r o b l e m a s práticos, e v e m d e s e n v o l v e r a e d u c a ç ã o c o m o p r o c e s s o d e i n t e r a ç ã o e n t r e sujeitos, a o invés d e m e r a transmissão d a s i n f o r m a ç õ e s d e u m sujeito a seu a p r e n d i z - o b j e t o . Nisto articula c o n h e c e r e praticar, transmitir e atuar, d i m e n s õ e s q u e s e m p r e f o r a m p e n s a d a s c o m o partes i n d i v i d u a lizadas, m e s m o q u e t e m p o r a l m e n t e s e q ü e n c i a i s . O r e c o n h e c i m e n t o desta p r e s e n ç a , aliás, encontra-se t a m b é m às primeiras p á ginas, justiça a o m é r i t o d e s t e g r a n d e d e f e n s o r d a politização d a p e d a g o g i a , este p r o g r a m a - p l a n o d e e n s i n o e t é c n i c a e d u c a c i o n a l q u e r e q u e r , para ser efetiva i n t e r v e n ç ã o s o c i a l i z a d o r a ( e d u c a ç ã o ) , realizar-se c o m o prática. S o b e n f o q u e s t ã o diversos c o m o o e p i s t e m o l ó g i c o , o m e t o d o l ó g i c o , o t e ó r i c o ¬ c o n c e i t u a l e o o p e r a t i v o - p r á t i c o - os q u a i s c o m o já disse, o leitor e n c o n t r a r á nos diversos c a p í t u l o s d e s t e livro - , trabalhar a i m p l a n t a ç ã o d e p r o g r a m a s e seu e s t u d o será, e m síntese, b u s c a r c a p t a r o p r o g r a m a pela p r e c e d ê n c i a desse â m b i t o prático. V a l e dizer, m e n o s c o m o r a c i o n a l i d a d e d e certos m e i o s a tais o u q u a i s fins, e mais c o m o encontros e desencontros d e exercícios técnicos, realização d e valores e c o n s e c u ç ã o d e interesses. A s s i m o leitor e n c o n t r a r á , a o longo d e t o d o o texto, u m c o n v i t e a q u e ultrapassemos a t r a d i ç ã o d o p l a n e j a m e n t o q u e , pela primazia d e u m a racionalidade f u n d a d a n o s c o n h e c i m e n t o s e c o n ô m i c o - o p e r a c i o n a i s (custos, gastos, recursos f i n a n ceiros) d a r á a o p r o g r a m a a p r e c e d ê n c i a d e u m a a d e q u a ç ã o instrumental (meios-fins). C o m isso, c o m o q u e " e s f r i a " a r a c i o n a l i d a d e , " e s f r i a " razões histórico-sociais, t o r n a n do-as p r o p o s i ç õ e s d e f o r m a s e m si. O programa, então plano, é a objetivação da i n t e n c i o n a l i d a d e é t i c a e política e m estruturas d e i n t e r v e n ç õ e s s e m agentes, e m organ i z a ç õ e s s e m sujeitos. É nesse s e n t i d o q u e , r o m p e n d o c o m a o p o s i ç ã o e n t r e t é c n i c a e política, este texto n o s desafia a r o m p e r c o m outras m a i s : a p o l a r i z a ç ã o sujeitos-estru¬ turas o u a ç õ e s - v a l o r e s / i n t e n ç õ e s , d e s v i a n d o s e u p r ó p r i o o l h a r d a arquitetura d o s lugares (na O r g a n i z a ç ã o ) , tal c o m o os planos postulam programas, para o jogo das interações, v i d a d a s estruturas n a q u a l a o r g a n i z a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o tensiona-se por seu curso social, técnica e m m o v i m e n t o d e 're-produção'. P o r f i m , c o m o ú l t i m a o b s e r v a ç ã o , v a l e alertar o leitor s o b r e u m a p a r e n t e e s t r a n h a m e n t o , pois n ã o d e i x a d e ser c u r i o s o o fato d e q u e s i m u l t a n e a m e n t e à e l e i ç ã o d a i m p l a n t a ç ã o d o s p r o g r a m a s c o m o ângulo e s p e c i a l m e n t e privilegiado e f e c u n d o para examiná-lo c o m o i n t e r v e n ç ã o , seja sua análise s u b m e t i d a a o postulado d a avaliação. C u r i o s o p o r q u e se a t o m a d a d a i m p l a n t a ç ã o c o m o p r o b l e m á t i c a d e estudo f o r n e c e a p r e c e d ê n c i a d o â m b i t o prático, na visão processual e n ã o estrutural d e programa, à a v a l i a ç ã o costuma-se creditar o estatuto q u a s e q u e a o revés: a lógica q u e presidiria q u a l q u e r e x a m e funda-se na verificação n ã o d a s i m p r o p r i e d a d e s o u desajustes d o p l a n o à vida prática, m a s na i n c o m p e t ê n c i a prática para o c u m p r i m e n t o d o p l a n o . S ã o metas n ã o realizadas, recursos n ã o a p r o v e i t a d o s , atividades e a ç õ e s n ã o implantadas... Nossos a u t o r e s r e s o l v e m esta a p a r e n t e d i s c r e p â n c i a d e h i e r a r q u i a s na r e l a ç ã o entre o plano e a a ç ã o programática estabelecendo a diferenciação dos conceitos d e a v a l i a ç ã o n o r m a t i v a e pesquisa avaliativa. A o p r i m e i r o , c a b e a n o ç ã o m a i s t r a d i c i o n a l d e a v a l i a ç ã o , s o b a idéia d e se julgar o c u m p r i m e n t o d e n o r m a s prévias ( d o p l a n o ) ; a o passo q u e a o s e g u n d o , q u e o p r e s e n t e e s t u d o ilustra, trata-se d a pesquisa q u e b u s c a julgar a r e a l i d a d e o b s e r v a d a c o m o i n t e r v e n ç ã o q u e se d e u , o u seja, r e a l i d a d e sócio¬ histórica, v a l e n d o - s e d e critérios técnico-científicos para tal. N a f o r m a d e u m j u l g a m e n t o ex-post, c o m o n o m e i a m seus a u t o r e s , a pesquisa avaliativa q u a s e q u e se c o n f u n d e c o m a n o ç ã o d e pesquisa e m geral: p r o d u ç ã o d e c o n h e c i m e n t o n o v o s o b r e u m a d a d a r e a l i d a d e . . . só q u e , a q u i , v o l t a d o e s p e c i f i c a m e n t e p a r a u m o b j e t o a se c o n h e c e r , q u e é a i n t e r v e n ç ã o social. P o d e n d o ser vista seja c o m o prática social, seja c o m o p r o d u ç ã o d e t r a b a l h o , toma-se, assim, a i n t e r v e n ç ã o s o b r e r e a l i d a d e s c o m o o b j e t o d e c o n h e c i m e n t o , e o q u e i m p o r t a a q u i reter, a c e r c a d a pesquisa avaliativa, está n o fato d e q u e se d e d i c a , c o m o m e t o d o l o g i a científica e p r o d u ç ã o d e c o n h e c i m e n t o c i e n t í f i c o e m s a ú d e , a o estudo d a a ç ã o e m seu c o t i d i a n o : c o n h e c e r as práticas e m s a ú d e n a p e s q u i s a - a ç ã o sobre serviços. Lilia Blima Schraiber Departamento d e Medicina Preventiva da Faculdade d e M e d i c i n a da U S P APRESENTAÇÃO Este livro p o d e r i a ser a p r e s e n t a d o a p e n a s c o m o a p u b l i c a ç ã o d a síntese d e u m a tese d e d o u t o r a d o , p r e c e d i d a p e l a t r a d u ç ã o d o s textos d a s principais r e f e r ê n c i a s b i b l i ográficas q u e f o r n e c e r a m o necessário s u p o r t e m e t o d o l ó g i c o para o s e u d e s e n v o l v i m e n t o , c o n s i d e r a n d o - s e q u e o o b j e t i v o d o p r o j e t o editorial é f a v o r e c e r a d i v u l g a ç ã o d o s resultados d a pesquisa e a r e p r o d u ç ã o d e s e u d e s e n h o e m o u t r o s e s t u d o s p a r a a análise d a i m p l a n t a ç ã o d e p r o g r a m a s e m S i s t e m a s L o c a i s d e S a ú d e ( S I L O S ) . N o e n t a n to, s a b e m o s q u e a d e l i m i t a ç ã o d e u m o b j e t o d e pesquisa e d o s c a m i n h o s p e r c o r r i d o s para a e x p l o r a ç ã o d a r e a l i d a d e o b s e r v a d a , o u seja, as a b o r d a g e n s m e t o d o l ó g i c a s utiliz a d a s , t ê m i n f l u ê n c i a d e t e r m i n a n t e s o b r e os resultados o b t i d o s , e m e u c o m p r o m i s s o c o m a t r a n s p a r ê n c i a , a s s u m i n d o o p a p e l d e pesquisador-ator, q u e discutirei a seguir, m e obriga a explicitá-los. A m o t i v a ç ã o d e s t e e s t u d o d e c o r r e d a c o n v i c ç ã o s o b r e a e f e t i v i d a d e possível d a s a ç õ e s p r o g r a m á t i c a s para evitar o u reduzir o s o f r i m e n t o h u m a n o c a u s a d o p e l o s p r o b l e m a s d e s a ú d e . T o m a r c o m o e x e m p l o o c a s o d a m o r t a l i d a d e infantil r e m o n t a à minha origem nordestina. As lembranças foram construindo a indignação e o desejo d e m u d a n ç a d a q u e l a s i m a g e n s d e c a i x õ e s azuis, s e p u l t a n d o , s o b a a p a r ê n c i a d e a n j o s , projetos d e v i d a e s o n h o s m a t e r n o s t r a n s f o r m a d o s e m p e s a d e l o s . N o d o u t o r a d o , a c h a n c e d e c o n t a r c o m u m a base t e ó r i c a c a p a z d e sustentar a n o ç ã o d e q u e a p o b r e z a e a m o r t e n ã o c o n s t i t u e m a s s o c i a ç ã o inevitável tornou-se u m d e s a f i o para a t i t u l a ç ã o . L o g o n o início c o m p r e e n d i q u e precisaria d e s c o b r i r n o v o s c a m i n h o s d e p e s q u i s a q u e , s e m c o m p r o m e t e r a v a l i d a d e c i e n t í f i c a , permitisse unificar e l e m e n t o s d a s t e o r i a s organizacionais e d a a b o r d a g e m e p i d e m i o l ó g i c a , p o r q u e n ã o se e x e c u t a u m p r o g r a m a e m laboratórios o u n o v a z i o institucional. Esta c o n s t a t a ç ã o exigia a i n c l u s ã o d e v a r i á veis " n a t u r a l m e n t e " d e s c a r t a d a s n o s " e n s a i o s t e r a p ê u t i c o s c o m u n i t á r i o s " , s u p o r t a d o s n o r m a l m e n t e p e l a a l i a n ç a exclusiva e n t r e a e p i d e m i o l o g i a e a c l í n i c a , e l a m e s m a a m e a ç a d a p e l a c o r r e n t e majoritária d o s e s t u d o s q u e se p o s i c i o n a m u n i l a t e r a l m e n t e na p r i o r i z a ç ã o d a s análises i n d i v i d u a i s o u c o l e t i v a s . A resposta e x t r a p o l a v a o p r o b l e m a d e e l a b o r a r u m a estratégia d e pesquisa a p e n a s c o m o e x p r e s s ã o prática d o q u a d r o t e ó r i c o c o n s t r u í d o . A s teorias r e p r e s e n t a r i a m u m a o r d e n a ç ã o d o r e a l , e o q u e b u s c á v a m o s estava, p o r t a n t o , na o r i g e m d a p r ó p r i a teoria, isto é , n u m a v i s ã o / c o n c e p ç ã o d o m u n d o q u e p u d e s s e gerar esta m o d e l a g e m " c o n c i l i a d o r a " d o real e q u e t e n t a m o s realizar neste p r o j e t o . Zulmira Maria de Araújo Hartz EXPLORANDO NOVOS CAMINHOS NA PESQUISA AVALIATIVA DAS AÇÕES DE SAÚDE Zulmira Maria de Araújo Hartz E n t e n d e n d o o c o n c e i t o d e p a r a d i g m a n ã o s o m e n t e c o m o u m a matriz d i s c i p l i nar, m a s t a m b é m n o seu s e n t i d o " e x e m p l a r " , p r o p õ e m - s e s o l u ç õ e s p a r a p r o b l e m a s c o n c r e t o s aceitos p e l a c o m u n i d a d e científica c o m o características d a t e o r i a (Piaget & G a r c i a , 1 9 8 3 ) . C o m o falou M o r i n ( 1 9 8 2 ) , e r a preciso e l e v a r o c o n c e i t o d e " s i s t e m a " d o nível t e ó r i c o a o p a r a d i g m á t i c o . U m p a r a d i g m a , para o autor, seria o c o n j u n t o d e relações f u n d a m e n t a i s d e a s s o c i a ç ã o e/ou o p o s i ç ã o e n t r e u m n ú m e r o restrito d e " n o ç õ e s m e s t r a s " q u e c o m a n d a m / c o n t r o l a m t o d o c o n h e c i m e n t o , t o d o s os discursos e teorias. A s s i m , e r a p r e c i s o tentar identificar/delimitar q u a i s s e r i a m estas n o ç õ e s , c a r a c t e r i z a n d o o n o v o p a r a d i g m a , e nós as r e s u m i r í a m o s na ( r e ) d e f i n i ç ã o d o sistema, lógica d a complexidade, O n a modelagem d o real e n u m a postura d e na pesquisador-ator. SISTEMA A p r i m e i r a fase d o " s i s t e m i s m o " se refere a u m a prática "estruturalista o u c i b e r n é t i c a " a p o i a d a e m teorias m a t e m á t i c a s q u e d e r a m s u p o r t e à análise d o s hard-systems (Le M o i g n e , 1 9 8 0 ) . Esta a b o r d a g e m é a i n d a " a n a l í t i c a e m n a t u r e z a e positivista e m a t i t u d e (...) A s coisas f o r a m r e d u z i d a s t a n t o a o t o d o ( h o l i s m o ) q u a n t o às p a r t e s (atomismo), revelando-se, portanto, a t i v a m e n t e reducionista" (Levy, 1 9 8 9 ) . Para M e l e s e (1990), t a m b é m a n e c e s s i d a d e d e redefinir " o s i s t e m a " se i m p õ e , pois h á a q u e l e s q u e , q u e r e n d o e s c a p a r a o r e d u c i o n i s m o m u t i l a n t e , u s a m a expressão nesta f o r m a restrita e c o r r e m o risco d e e s q u e c e r q u e é possível reduzir tanto a o " t o d o " q u a n t o à parte. Nossa a b o r d a g e m é a q u e l a q u e considera " o sistema" u m c o n c e i t o d e três faces ( M o r i n , 1 9 8 2 ) : • o t o d o , c o m o m a c r o u n i d a d e o n d e as partes t ê m u m a i d e n t i d a d e própria e u m a identidade c o m u m ; • as i n t e r a ç õ e s o u o c o n j u n t o d a s relações q u e se c r i a m n o sistema; • a o r g a n i z a ç ã o , c o m o as partes e x p r e s s a n d o u m caráter constitutivo das interações e d a n d o à i d é i a d e sistema a sua e s p i n h a dorsal. Para M o r i n ( 1 9 8 2 ) , u m sistema q u e r dizer q u e o T O D O é mais e é m e n o s q u e a s o m a d a s partes q u e o c o n s t i t u e m , s e n d o mais pelas q u a l i d a d e s e m e r g e n t e s q u e p r o d u z e m sua o r g a n i z a ç ã o , e m e n o s pelos limites q u e i m p õ e às partes, q u e n ã o p o d e m e x p r i m i r t o d a s as suas p o t e n c i a l i d a d e s próprias. Ratcliffe & Gonzales-del-Valle (1988) exemplificam: • u m sistema é m a i s d o q u e a s o m a d e suas partes, p o r q u e t e m p r o p r i e d a d e s q u e elas n ã o a p r e s e n t a m i s o l a d a m e n t e , c o m o o fato d e o h o m e m p o d e r e s c r e v e r s e m q u e n e n h u m d e seus órgãos possa fazê-lo i n d e p e n d e n t e m e n t e ; • c a d a e l e m e n t o p r o d u z u m efeito s o b r e o c o n j u n t o , c o n d i c i o n a d o pelos d e m a i s e l e mentos, c o m o o c o r a ç ã o , q u e interfere no f u n c i o n a m e n t o d o corpo em i n t e r d e p e n d ê n c i a c o m os p u l m õ e s , vasos e t c . Esta a b o r d a g e m é inspirada e m escolas d e p e n s a m e n t o francesa e a l e m ã , cujas formalizações f o r a m postas à prova nas áreas biológica, e c o n ô m i c a , social, organizacional e p s i c o c o g n i t i v a . T o d a s estas c o n t r i b u i ç õ e s f o r a m r e u n i d a s , sob a f o r m a d e matriz p a r a d i g m á t i c a , p o r M o r i n , nos textos d e O Método ( 1 9 7 7 e 1 9 8 0 ) , constituindo a " o b r a c a t e d r a l " d o sistemismo ( L e M o i g n e , 1 9 8 0 ) . O fato d e a c o n c e i t u a ç ã o d a relação objeto-meio a m b i e n t e , o u d e q u a l q u e r o u t r o c o n c e i t o ser, ela m e s m a , u m a f u n ç ã o das estruturas organizadoras d a nossa linguag e m e cultura nos liga intrinsecamente a o objeto. D a í a importância d e incluir o observad o r (sujeito) n a o b s e r v a ç ã o . A n o v a relação q u e se estabelece (sistema d e observação/ sistema o b s e r v a d o ) justifica a C O M P L E X I D A D E d o raciocínio c o m o u m a exigência d a c o n d i ç ã o d e pesquisador-ator para estudar f e n ô m e n o s e m p e r m a n e n t e m u t a ç ã o . A COMPLEXIDADE E m M o r i n ( 1 9 8 2 ) , o o b j e t o é c o n s i d e r a d o u m sistema/organização, d e v e n d o ¬ se, e n t ã o , c o n s i d e r a r os p r o b l e m a s c o m p l e x o s d a organização d e c o r r e n t e s da m u l t i d i m e n s i o n a l i d a d e des êtres & des choses q u e a c o n s t i t u e m . A s s i m , a c o n s t r u ç ã o d e u m a lógica d a c o m p l e x i d a d e i m p l i c a trabalhar/dialogar c o m a incerteza, c o m o irracional e c o m a i n t e g r a ç ã o , s e m i n c o e r ê n c i a d e idéias a p a r e n t e m e n t e contrárias, c o m o a a s s i m i l a ç ã o d a r a c i o n a l i d a d e cartesiana neste processo. Como lembra Feyerabend (1979), " u m meio complexo, contendo d e s e n v o l v i m e n t o s s u r p r e e n d e n t e s e imprevisíveis, r e c l a m a p r o c e d i m e n t o s c o m p l e x o s e desafia u m a análise f u n d a m e n t a d a e m regras p r e e s t a b e l e c i d a s q u e n ã o l e v e m e m c o n t a as constantes m o d i f i c a ç õ e s d a s c o n d i ç õ e s históricas": L e M o i g n e ( 1 9 8 4 ) p r o p õ e , a partir d e u m a análise crítica d o s antigos p r e c e i t o s d e D e s c a r t e s , a i n t r o d u ç ã o d o s respectivos " c o n t r á r i o s c o m p l e m e n t a r e s " , a seguir e n u m e r a d o s , f o r m a n d o o e i x o d e s ta busca c o m p l e x a d a a p r e e n s ã o d o real. • A pertinência substitui a evidência, cuja pretensão era o c o n h e c i m e n t o indubitável d a s coisas. O p r e c e i t o d a p e r t i n ê n c i a alerta para n u n c a i m p e d i r os q u e s t i o n a m e n t o s d e q u a l q u e r c o n c e i t u a ç ã o o u c o n h e c i m e n t o , pois se nossas i n t e n ç õ e s s e m o d i f i c a m , a p e r c e p ç ã o q u e t e m o s d o o b j e t o t a m b é m se m o d i f i c a . A s coisas t ê m a sua v e r a c i d a d e ligada às f i n a l i d a d e s d o p e s q u i s a d o r ( m o d e l a d o r ) . A i d é i a d e u m m o d e l o p e r c e p t i v o , e m v e z d e m e r a m e n t e representativo, é f u n d a m e n t a l . • O globalismo r e c o m e n d a a p e r c e p ç ã o d o o b j e t o p r i m e i r a m e n t e e m sua r e l a ç ã o c o m o m e i o , s e m excluir o reducionismo resultante d a d e c o m p o s i ç ã o d o o b j e t o e m t a n - tas p a r c e l a s q u a n t a s f o r e m possíveis. O q u e se p r e t e n d e é r o m p e r o v í c i o d e t o m a r o t o d o pelas partes, o u as partes p e l o t o d o s e p a r a d a m e n t e . • O teleologismo r e c o n s i d e r a o p r i n c í p i o d a causalidade, tida c o m o i n d i s p e n s á v e l . A e x p l i c a ç ã o causa-efeito é limitada pela i n t e r p r e t a ç ã o / c o m p r e e n s ã o d o b i n ô m i o c o m ¬ p o r t a m e n t o - f i n a l i d a d e . A c a u s a l i d a d e se e x p r i m e p o r leis, e n q u a n t o a t e l e o l o g i a s e e x p r i m e p o r s í m b o l o s , a lei s e n d o a p e n a s u m s í m b o l o d e r e f e r ê n c i a , e n t r e tantos outros possíveis. O s f e n ô m e n o s p o d e m ser p r o v o c a d o s p o r pressões passadas e f u t u ras, e a e x p l i c a ç ã o é s e m p r e i n a c a b a d a . O q u e f a z e m o s é u m a i n t e r p r e t a ç ã o relativa e c o n t i n g e n t e a p o i a d a n o q u e s t i o n a m e n t o s o b r e os fins/objetivos a o s q u a i s s e r e f e r e m os e v e n t o s e s t u d a d o s . • A agregatividade é u m p r e c e i t o p r ó x i m o a o d o globalismo q u e t e n t a substituir a i d é i a cartesiana d e exaustividade ( u m a a p r o x i m a ç ã o d o r e d u c i o n i s m o ) : assegurar-se d e n a d a omitir n o processo d e d e s m e m b r a m e n t o . A s s i m , o global n ã o é e x a u s t i v o ( t o tal) e a s e l e ç ã o d e agregados q u e c o n s t i t u e m o nosso sistema d e o b s e r v a ç ã o p r o c u r a ser p e r t i n e n t e , s e m a ilusória c o m p l e t u d e d e sua a b r a n g ê n c i a . OS MODELOS Para C o y e t t e & L e s s a r d - H é b e r t ( 1 9 8 4 ) , os m o d e l o s c o n s t i t u e m o v o c a b u l á r i o e expressão s i m b ó l i c a m á x i m a d a l i n g u a g e m sistêmica, m o s t r a n d o a i m p o r t â n c i a d e se p r o m o v e r u m e n t e n d i m e n t o d a n o ç ã o d e " m o d e l o " , já q u e n ó s só r a c i o c i n a m o s e c o m u n i c a m o s p o r estes m o d e l o s . Para L e M o i g n e ( 1 9 8 7 ) , " o c o n h e c i m e n t o se p r o d u z e se representa p o r c o n c e p ç ã o d e m o d e l o s (....) e n ã o m a i s p o r a n á l i s e . O modelo e n t ã o (....) s e t o r n a f o n t e d e c o n h e c i m e n t o , e n ã o m a i s resultado. E l e n ã o d e s c r e v e mais ex-post, u m c o n h e c i m e n t o - o b j e t o t i d o c o m o ex-ante". Este a u t o r c o n c e b e u m m o d e l o para o c o n h e c i m e n t o - p r o j e t o d o t i p o " r e p r e s e n t a ç ã o t e a t r a l " : autor-ator-es¬ p e c t a d o r , c a d a u m b u s c a - e muitas v e z e s projeta - u m m o d e l o q u e só existirá para si p r ó p r i o . O " c o n h e c i m e n t o - o b j e t o " , p e l o c o n t r á r i o , teria u m m o d e l o d o t i p o " r e p r e s e n t a ç ã o d i p l o m á t i c a " , s u p o s t a m e n t e passivo, c o m o u m a " c a r t a d e r e p r e s e n t a ç ã o " , n a q u a l a n e u t r a l i d a d e d o r e p r e s e n t a n t e o exclui d a r e l a ç ã o e n t r e o o b j e t o a ser r e p r e s e n t a d o e o r e c e p t o r , q u e d e v e r i a e n c o n t r a r neste m o d e l o a " d u p l i c a t a fiel deste o b j e to representado". A c o m p l e x i d a d e d e v e ser c a p a z d e fazer a c o n j u n ç ã o das representações teatral e diplomática: o diplomata conhecimento deve saber que não pode ser excluído da relação que associa o ao seu objeto. O ator deve saber que sua ação depende do seu papel, o que implica também poder excluí-lo para permitir acesso ao objeto que representa. Complexificando quanto diplomática, a noção de modelo-representação, tanto projeto quanto objeto de conhecimento, tanto teatral não perde- mos nada das conquistas das ciências duras (....) mas restabeleceremos, tanto para as ciências duras quanto para as ciências suaves, largos campos possíveis de exploração fértil. (Le Moigne, 1987) O p r o c e s s o d e m o d e l a g e m , e m u m a p r i m e i r a fase, d e v e tentar estabelecer u m m o d e l o c o r r e s p o n d e n t e c o m os a x i o m a s sistêmicos, o q u e L e M o i g n e (1987) c h a m a d e " m o l d e o u c o r r e s p o n d ê n c i a i s o m ó r f i c a " . E m seguida t e n t a m o s e n c o n t r a r u m a c o r r e s p o n d ê n c i a " h o m o m ó r f i c a " o u u m a analogia f u n c i o n a l e n t r e os traços d o p r i m e i r o m o d e l o e os t r a ç o s n o t a d o s n o f e n ô m e n o o b s e r v a d o , c o m a v i v a c o n s c i ê n c i a d a incert e z a e m u m a o p e r a ç ã o desta n a t u r e z a . Para e n t e n d e r m e l h o r a m o d e l a g e m d a pesquisa c o m o e n f o q u e sistêmico, v a l e o b s e r v a r o m o d e l o q u e u s a m o s para a análise d e i m p l a n t a ç ã o d o P r o g r a m a M a t e r n o ¬ Infantil ( P M I ) , e m q u e os S I L O S são r e p r e s e n t a d o s e m sua t o t a l i d a d e , mas t a m b é m pelas suas u n i d a d e s (intra-organização) e i n t e r a ç õ e s ( r e d e interorganizacional). T e n t a m o s revelar os " m e c a n i s m o s d e c o n j u n t o " : a passagem d o < i n t r a > a o < i n t e r > e d a í a o < t r a n s > , e , por o u t r o l a d o , o m e c a n i s m o geral d e equilíbrio (Piaget & G a r c i a , 1 9 8 3 ) . Para estes a u t o r e s , o " i n t r a " revela a l g u m a s p r o p r i e d a d e s locais e particulares d o s e v e n t o s . S u a c o m p r e e n s ã o exige outras razões, q u e se e n c o n t r a m nas < t r a n s > f o r m a ç õ e s d e c o r r e n t e s d a s r e l a ç õ e s < i n t e r > o b j e t a i s . A i n d a q u e o intra e o inter c h e g u e m a u m c e r t o e q u i l í b r i o , deve-se saber q u e t a m b é m são f o n t e constante d e d e s e q u i l í b r i o e q u e as f o r m a s d e e q u i l í b r i o " d i n â m i c o " mais c o m p l e t a s são atingid a s q u a n d o as " e s t r u t u r a s " , construídas por ligações dos objetos a o exterior, se t o r n a m m a i s estáveis. A PESQUISA-AÇÃO A e x p r e s s ã o pesquisador-ator significa q u e u m a c o n c e p ç ã o o u interpretação d a r e a l i d a d e é , e m si, u m a a ç ã o q u e a transforma ( " p e s q u i s a - a ç ã o " ) , a u t e n t i f i c a n d o u m a " e p i s t e m o l o g i a e m a n c i p a d o r a " ( P a l u m b o & O l i v é r i o , 1 9 9 0 ) . A pesquisa-ação torna¬ se, assim, a linguagem o u expressão privilegiada d o p a r a d i g m a d a c o m p l e x i d a d e . C o m o l i n g u a g e m , é preciso c o n h e c e r sua sintaxe e sua s e m â n t i c a ; c o m o p a r a d i g m a , o s c r i t é rios d e rigor para a sua legitimização científica. • A sintaxe ( u n i d a d e s q u e c o m p õ e m a l i n g u a g e m e as f u n ç õ e s q u e lhes s ã o atribuídas) c o r r e s p o n d e r i a à análise lógica d a r e l a ç ã o e n t r e estes e l e m e n t o s - pesquisa e a ç ã o o u à sua p r ó p r i a d e f i n i ç ã o : t o d a pesquisa e m q u e há e x p l i c i t a m e n t e u m a s i t u a ç ã o p r o b l e m á t i c a a ser investigada e na q u a l as pessoas i m p l i c a d a s (pesquisadores) a s s u m e m q u e t ê m p a p e l ativo na r e a l i d a d e o b s e r v a d a (atores), o q u e n ã o é c o m u m na pesquisa c o n v e n c i o n a l (Thiollent, 1 9 8 6 ) . Estas d u a s d i m e n s õ e s - c o n h e c e r / a g i r - s ã o obrigatórias p a r a n ã o se cair nos e x t r e m o s isolados d o a t i v i s m o p o l í t i c o o u d o d i l e t a n t i s m o i n t e l e c t u a l . Pode-se dizer q u e a pesquisa-ação é c o n v e n c i o n a l nas t é c nicas utilizadas (quantitativas e qualitativas), s e n d o o estilo d e pesquisador-ator a principal d i f e r e n ç a . Esta o b s e r v a ç ã o e s c l a r e c e a falsa n o ç ã o d e q u e a pesquisa-ação é n e c e s s a r i a m e n t e qualitativa. Para T h i o l l e n t ( 1 9 8 6 ) , é t a m b é m essencial q u e a argumentação substitua a demonstração. O d o m í n i o d a a r g u m e n t a ç ã o é o d o verossímel, p r o v á v e l , plausível, o q u e e s c a p a à c e r t e z a d a pesquisa clássica. O s testes estatísticos utilizados são a p e n a s u m a m a n e i r a d e a u m e n t a r a c o n f i a n ç a d e nossos a r g u m e n t o s , s e m q u e r e r q u e os m e s m o s s e j a m suficientes para d e m o n s t r a r a v e r d a d e d e nossos " a c h a d o s c i e n t í f i c o s " . A a r g u m e n t a ç ã o s u p õ e u m auditório estruturado e m vários níveis, s e g u n d o os interesses e a p a r t i c i p a ç ã o n a s i t u a ç ã o p r o b l e m á t i c a (atores), n ã o t e n d o o p a p e l passivo d e c o n h e c e r nossas c o n c l u s õ e s , m a s d e elaborá-las c o n j u n t a m e n t e (co-autores). Esta e x i g ê n c i a d e a r g u m e n t a ç ã o é p a r t i c u l a r m e n t e i m p o r t a n t e q u a n d o se a n a l i s a m sistemas e x e m p l o , programas de atividades humanas (Checkland, 1984), c o m o , por de saúde, e m q u e a f u n ç ã o d o c o n j u n t o d e atores n ã o é s o m e n - t e avalizar o processo d e investigação e d a s r e c o m e n d a ç õ e s propostas. • A semântica (significação), por nós atribuída à pesquisa-ação, n ã o p o d e ser c o m p r e - e n d i d a s e m u m a perspectiva histórica, e nos g u i a r e m o s pela c r o n o l o g i a d e fatos sugerida p o r G o y e t t e & L e s s a r d - H é b e r t ( 1 9 8 4 ) . A pesquisa-ação é f u n d a d a s o b r e o ideal d e d e m o c r a t i z a ç ã o d o c o n h e c i m e n t o , d e p o i s d a P r i m e i r a G u e r r a M u n d i a l . Ela se inspira na c o n c e p ç ã o d a e d u c a ç ã o p e l a prática e d o c o n h e c i m e n t o c i e n t í f i c o c o m o u m h á b i t o d e e d u c a d o r e s / e d u c a n d o s . A s e g u n d a g e r a ç ã o se baseia n a interv e n ç ã o psicossocial, d a q u a l Kurt L e w i n é c o n s i d e r a d o f u n d a d o r , p o r s e u t r a b a l h o para o g o v e r n o n o r t e - a m e r i c a n o d u r a n t e a S e g u n d a G u e r r a . A f i n a l i d a d e d a p e s q u i sa p o r e l e d e s e n v o l v i d a e r a a d e m o d i f i c a r os hábitos a l i m e n t a r e s d a p o p u l a ç ã o , para a m e n i z a r a p e n ú r i a d e certos a l i m e n t o s . O o b j e t i v o d e s t e t i p o d e pesquisa seria transformar os c o m p o r t a m e n t o s d o s i n d i v í d u o s , para assegurar u m a m e l h o r a d a p t a ç ã o o u integração d o s m e s m o s a o m e i o a m b i e n t e e u m a m a i o r coesão/eficácia às instituições. N a d é c a d a d e 6 0 , o " i n q u é r i t o c o n s c i e n t i z a n t e " , d e P a u l o F r e i r e , r e c u pera o ideal d e m o c r á t i c o e t r a n s f o r m a d o r d a pesquisa-ação, p a s s a n d o a ligá-la a u m projeto político. N e s t e s e n t i d o , o p o n t o d e partida d a pesquisa-ação é a i d e n t i f i c a ç ã o clara d a ideologia d o p e s q u i s a d o r ( e v i d ê n c i a d e n ã o - n e u t r a l i d a d e ) , e m u m p r o ¬ cesso q u e m a x i m i z a a i n t e r a ç ã o o b s e r v a d o r - o b s e r v a d o . Estes diferentes significados (double sens) d a pesquisa-ação são c h a m a d o s , r e s p e c t i v a m e n t e , adaptador p a ç ã o e x c l u s i v a d e e f i c i ê n c i a , l a r g a m e n t e utilizada pelos governos) e (preocu- transformador. V a l e salientar q u e , e m a m b o s , o p e s q u i s a d o r se r e c o n h e c e ator c o m m a i o r c o n h e c i ¬ m e n t o - c o n t r o l e s o b r e o o b j e t o . Para M o r i n ( 1 9 8 2 ) , a i m p l i c a ç ã o d o pesquisador, e m suas d i m e n s õ e s psicoafetiva/histórica/profissional, é u m a i n e r ê n c i a p a r a d i g m á t i c a e m q u a l q u e r q u e seja a f i n a l i d a d e d a pesquisa, exigindo-se sua e x p l i c i t a ç ã o , c o m o n o s o b r i g a m o s a fazê-la. • O rigor científico, n a pesquisa-ação, exige u m a a m p l i a ç ã o d o sentido t r a d i c i o n a l e m q u e s e r e s u m e a e x a t a a p l i c a ç ã o d a s regras e s t a b e l e c i d a s para a c o l e t a , t r a t a m e n t o e a n á l i s e d e d a d o s . D o nosso p o n t o d e vista, as e t a p a s d a pesquisa são escolhas a r b i trárias d o investigador, exigindo-se q u e s e j a m e s c l a r e c i d o s t o d o s os critérios nelas utilizados (connaissance de la connaissance). A i n t e n c i o n a l i d a d e d o investigador p e r m e i a a " h i s t ó r i a n a t u r a l " d e suas c o n c l u s õ e s (Aktouf, 1 9 8 7 ) ; d e tal m a n e i r a q u e u m m e s m o e v e n t o p o d e ser a n a l i s a d o c o m o ato d e terrorismo o u l i b e r a ç ã o d e u m p o v o ( C l a u x & Gélinas, 1 9 8 2 ) . É c o m o dizer q u e as q u e s t õ e s d o d e s e j o e d o poder, d a s políticas e d a é t i c a d a v i d a , i n f l u e n c i a m os p r o c e d i m e n t o s científicos ( S a b r o z a & Leal, 1992). Ratcliffe & Gonzales-del-Valle ( 1 9 8 8 ) d e m o n s t r a m a i m p o r t â n c i a desta transpar ê n c i a c o m e x e m p l o s d o d o m í n i o d a a v a l i a ç ã o d e riscos. N o c a s o d e u m a e x p e r i ê n c i a r e a l i z a d a p o r u m d o s a u t o r e s , q u a n d o os m e s m o s d a d o s f o r a m analisados p o r q u a t r o g r u p o s , o s d i f e r e n t e s resultados r e v e l a m conflitos d e interesses o u d e visão d e m u n d o , l e m b r a n d o q u e o s " d a d o s n u n c a f a l a m p o r si m e s m o s " . A n o ç ã o a m p l i a d a d e rigor p o d e r i a evitar o q u e Ratcliffe & Gonzales-del-Valle ( 1 9 8 8 ) c h a m a m d e bias sistêmicos o u erros d e 3º e 4º tipos, r e s p e c t i v a m e n t e : • q u a n d o o p e s q u i s a d o r se baseia n u m q u a d r o c o n c e i t u a i i n a d e q u a d o a o p r o b l e m a d e i n v e s t i g a ç ã o , c o m u m a incorreta o p e r a c i o n a l i z a ç ã o d o p r o b l e m a , c o m o i n d i c a d o r e s objetivos p a r a v a r i á v e i s subjetivas (any knowledge both of the inherent to frame the problem nature of the problem and to generate about a problem and of the methodological information concerning is a function prototype used its nature); • q u a n d o o p e s q u i s a d o r s e l e c i o n a a p e n a s p r o b l e m a s q u e p e r m i t e m a utilização d e métodos que aparentam reduzir o grau de incerteza, sendo comum que s e d e s c a r - t e m d i m e n s õ e s subjetivas o u c o m p l e x a s d o s p r o b l e m a s , p o r sua a m b i g ü i d a d e , m e s m o q u e elas e s t e j a m n o c e n t r o d a q u e s t ã o (solving a problem that is not worth solving). O s e r r o s d o s t i p o s 3 e 4 são c e r t a m e n t e f r e q ü e n t e s s e p a r a n d o - s e as a b o r d a g e n s d o i n d i v i d u a l / c o l e t i v o nas a v a l i a ç õ e s d a s i n t e r v e n ç õ e s e m s a ú d e , c o n t r i b u i n d o para a baixa utilização d o s resultados d e pesquisa constatados por Neufville (1986). A i n t e g r a ç ã o d e tais d i m e n s õ e s , e m b o r a m a i s p r ó x i m a d o real, p o d e r i a a u m e n t a r o grau d e i n c e r t e z a d o s resultados o b s e r v a d o s , o q u e a t e m o r i z a os cientistas, apesar d e se saber q u e a c e r t e z a é u m ideal inatingível n a c i ê n c i a e q u e a p r ó p r i a física t e m d e m o n s t r a d o q u e t h e uncertainties than a constant in two related quantities (....) is equal to or greater (Ratcliffe & Gonzales-del-Valle, 1 9 8 8 ) . E m r e s u m o , a v e r a c i d a d e d a s associações causais e s t a b e l e c i d a s , j u l g a d a i n d i s p e n s á v e l à c o m p r e e n s ã o d o s fatos, é c o n d i c i o n a d a p e l o p e s q u i s a d o r ; a a r g u m e n t a ç ã o t o m a o lugar d a d e m o n s t r a ç ã o ; a intersubjetividade projeta a o b j e t i v i d a d e ; os m o d e los d e p e n d e m t a n t o d a p e r c e p ç ã o q u a n t o d a r e p r e s e n t a ç ã o . V e m o s q u e o n o v o p a r a d i g m a assimila diferentes n o ç õ e s d a c i ê n c i a . A c i ê n c i a " f e i t a " e a C i ê n c i a " q u e se f a z " , q u e L a t o u r ( 1 9 8 9 ) representa p e l a m e t á f o r a d e J a n u s : u m D e u s d e d o i s rostos - u m o r i e n t a d o para o passado e o u t r o , para o f u t u r o . O p r i m e i r o baseia-se na c a u s a l i d a d e , n o " c o n h e c i m e n t o o b j e t o " ; o s e g u n d o , e m u m saber s e m p r e e m processo d e e l a b o r a ç ã o ( c o n h e c i m e n t o - p r o j e t o ) . V a l e a i n d a l e m b r a r q u e a i d é i a d e pesquisador-ator n ã o é a substituição d o e m p i r i s m o p e l o subjetivismo. C o m o e n f a t i z a m G o y e t t e & L e s s a r d - H é b e r t ( 1 9 8 4 ) , s o b a a p a r ê n c i a d e se falar d a r e l a ç ã o o b s e r v a d o r - o b s e r v a d o , acaba-se, muitas v e z e s , p o r negar t o t a l m e n t e o o b s e r v a d o (objeto), instalando o o b s e r v a d o r (sujeito) e m s e u lugar. N o caso d o s estudos e p i d e m i o l ó g i c o s , p o r e x e m p l o , a tentativa d e e x p o r esta r e l a ç ã o poderia tornar o " o b j e t o " mais " c l a r o " , ( G o l d b e r g , 1982), e o "sujeito" m e n o s " o f u s c a n t e " , para q u e p u d é s s e m o s r e c o n h e c ê - l o . CONCLUSÃO A n o ç ã o d e sistema representa u m a ruptura, na m e d i d a e m q u e obriga a s u b s tituir as leis d e d e t e r m i n a ç ã o p o r leis d e i n t e r a ç ã o e n t r e u m o b j e t o e s e u a m b i e n t e (auto-eco-organização), nos f a z e n d o pensar e m utilizar m e t o d o l o g i a s n a q u a l c a d a p r o b l e m a d e pesquisa possa ser c o m p r e e n d i d o n o T O D O d o sistema e m q u e está inserido ( e x p a n s i o n i s m o ) , m a s t a m b é m na sua perspectiva d e U N I D A D E , c o n t e n d o ela m e s m a u m c o n j u n t o d e s u b p r o b l e m a s q u e é preciso c o n h e c e r ( r e d u c i o n i s m o ) . A t u a l m e n t e o b s e r v a m o s as m u d a n ç a s d e p a r a d i g m a d e várias c i ê n c i a s , p e l a i n c o r p o r a ç ã o d o s m o d e l o s sistêmicos b a s e a d o s n a c o m p l e x i f i c a ç ã o d a visão d e m u n d o . A s c i ê n c i a s d a v i d a substituem u m a c o n c e p ç ã o d e m e c a n i s m o a u t o - r e g u l a d o r p o r u m processo a u t o p o é t i c o e m r e c r i a ç ã o p e r m a n e n t e : a v i d a , r e p r o d u z i n d o - s e , r e p r o d u z s e u n o v o a m b i e n t e . P o d e r í a m o s utilizar u m a d a s expressões d e M o r i n ( 1 9 8 3 ) p a r a c h a m a r esta n o v a c o n c e p ç ã o : " a v i d a d a v i d a " . O c o n c e i t o d e s a ú d e t a m b é m se v ê m o d i f i c a d o , a o sair d e u m a visão exclusiva d e a d a p t a ç ã o e c a p a c i d a d e d e resistência a o a m b i e n t e e x t e r n o para u m projeto d e a p r e n d i z a g e m p e r m a n e n t e d a v i d a e m sua d i n â m i c a d e 're-criação', a partir d a s c o n d i ç õ e s atuais e a n t e r i o r e s ( S a b r o z a & L e a l , 1 9 9 2 ) . N ã o é m a i s suficiente a análise isolada d o s d e t e r m i n a n t e s d a s a ú d e , e m u m e s q u e m a linear d e c a u s a l i d a d e ; o q u e se t e n t a é p r o c u r a r c o n h e c e r a m u l t i p l i c i d a d e destes c o n d i c i o n a n t e s , inclusive assistenciais, e m vários níveis d e c o m p l e x i d a d e e v u l n e r a b i l i d a d e d e suas a r t i c u l a ç õ e s . Esta a b o r d a g e m p o d e f a v o r e c e r a a d e q u a ç ã o das i n t e r v e n ç õ e s , por u m a m e l h o r c o m p r e e n s ã o d a d o e n ç a e d o d o e n t e , l e v a n d o e m c o n t a as i n t e n c i o n a l i d a d e s d o ser h u m a n o e n q u a n t o ator e suas interações a m b i e n t a i s . Ela é p a r t i c u l a r m e n t e útil para " a m p l i a r " o sentido d o s " p r o g r a m a s " , u m a n o ç ã o p r i n c i p a l m e n t e e m p r e s t a d a à I n f o r m á t i c a , m a s q u e n ã o d e v e ser lida " a o p é d a letra", c o m o l e m b r a H e n r y A t l a n , e m u m a entrevista a D u b u c ( 1 9 9 3 ) : "A n o ç ã o d e programa sugere u m m e c a n i s m o e v o l u t i v o q u e f u n c i o n a d e f o r m a m e c â n i c a c o m o u m a m á q u i na (....) u m sistema v i v o se situa e m a l g u m lugar e n t r e a o r d e m repetitiva e a d i v e r s i d a de, sempre renovada, da fumaça". N e g l i g e n c i a r as d i m e n s õ e s " c o m p l e x a s " na pesquisa avaliativa t e m c o m o c o n s e q ü ê n c i a , na á r e a d a s a ú d e , a p r o d u ç ã o d e resultados p r o v a v e l m e n t e p o u c o úteis para i n f l u e n c i a r o c o m p o r t a m e n t o o r g a n i z a c i o n a l , pois mais v a l e u m a m e d i d a n ã o ¬ r e f i n a d a d o q u e se precisa d o q u e u m a m e d i d a precisa d a coisa e r r a d a ( L o v e , 1 9 9 2 ) . O u t r a a d v e r t ê n c i a , a i n d a n o q u e diz respeito à pesquisa sobre a eficácia das i n t e r v e n ç õ e s na s a ú d e , nos v e m d e N a v a r r o ( 1 9 8 4 ) : a maneira como as perguntas são feitas pré-define as respostas (....) O que define a eficácia de uma intervenção (....) não é a variável em si (....) A chave da questão (de ser ou não eficaz) depende de como essas intervenções estão inseridas dentro de uma estrutura e de um conjunto de relações de poder que dão seu sentido e importância (....) Empirismo e pragmatismo ateórico falham nisto, não relacio- nando as partes com o todo. C o n c l u i n d o , e s p e r a m o s ter e s c l a r e c i d o o p o r q u ê d e o nosso estudo ter sido c o n c e b i d o c o m b a s e nas características d o p a r a d i g m a sistêmico. T e n t a m o s incorporar, e m nossa i n v e s t i g a ç ã o , articulada p e l o fio c o n d u t o r d e u m " p e n s a m e n t o c o m p l e x o " , teorias s o c i o p o l í t i c o - o r g a n i z a c i o n a i s e p r o c e d i m e n t o s o p e r a c i o n a i s q u e refletem esta c o e r ê n c i a p a r a d i g m á t i c a . A n e c e s s i d a d e d e c o n s i d e r a r a ( i n t e r ) d e p e n d ê n c i a das v a r i á veis, e m sua inserção contextual, exige u m a multiplicidade d e abordagens metodológicas (Mark & S h o t l a n d , 1987) c o e r e n t e c o m a estratégia d e pesquisa sintética ( C o n t a n d r i o p o u l o s e t a l . , 1 9 9 4 ) por nós a d o t a d a . A " p e s q u i s a s i s t ê m i c a " n ã o é u m atributo q u e se p o d e m e d i r , m a s , na nossa o p i n i ã o , ela se faz p r e s e n t e e m u m a i n v e s t i g a ç ã o q u e ultrapassa os limites " c o n f o r t á v e i s " d a precisão cartesiana para " a r r i s c a r " c o m p r e e n d e r os f e n ô m e n o s e m sua c o m p l e x i d a d e . A c o n s t a t a ç ã o d a incerteza e d a p r o v i s o r i e d a d e das c o n c l u s õ e s , intrínsecas a o p a r a d i g m a s i s t ê m i c o , n o q u a l o m é t o d o científico é u m discurso d e circunstância (Le M o i g n e , 1 9 8 4 ) , p o d e p a r e c e r u m fator q u e torna difícil sua utilização. N o e n t a n t o , é e x a t a m e n t e esta c i r c u n s t a n c i a l i d a d e q u e torna a pesquisa u m processo d e a p r e n d i z a g e m c o n t í n u a s o b r e o sujeito/objeto, q u e nos e n c o r a j a à sua a p l i c a ç ã o , f a z e n d o - n o s incluir a c o m p l e x i d a d e c o m o f o r m a d e pensar, e n ã o a p e n a s d e investigar. O paradigma sistêmico, o u o q u e p o d e r í a m o s c h a m a r u m a " c u l t u r a d a c o m p l e x i d a d e " c o m u m a cientistas e profissionais d a s a ú d e , se t o r n o u , para nós, u m a v i a indispensável n o pro¬ cesso d e a v a l i a ç ã o . Ela nos p a r e c e i g u a l m e n t e f u n d a m e n t a l para a c o n s t r u ç ã o d o S i s t e m a Ú n i c o d e S a ú d e ( S U S ) , c a p a z d e viabilizar u m e q u i l í b r i o d i n â m i c o e n t r e o i n t e resse c o l e t i v o e i n d i v i d u a l , o local e o c e n t r a l , a m e d i c i n a a m b u l a t o r i a l e a m e d i c i n a hospitalar, o sanitário e o social, a e q ü i d a d e e a e f i c á c i a . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKTOUF, O . Méthodologie des Sciences Sociales & Approche Qualitative des Organisations. Q u é b e c : HEC/Presses de l'Université du Q u é b e c , 1987. BATAILLE, M . Méthodologie de la complexité. Pour, 1983, 90:32-36, 1985. C H E C K L A N D , P.B. A systems approach and health service systems: Time to re-think? In: Reorienting Health Services. Application of a Systems Approach. N e w York: Plenum Press, 1984. C L A U X , R. & GÉLINAS, A. La Méthodologie des Systèmes Souples. Montréal: Les Éditions d'Ar, 1982. 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Logo após a Segunda G u e r r a M u n d i a l apareceu o conceito d e avaliação dos programas p ú b l i c o s . Ele é , d e certa f o r m a , o c o r o l á r i o d o p a p e l q u e o Estado c o m e ç o u a d e s e m p e n h a r nas áreas d a e d u c a ç ã o , d o social, d o e m p r e g o , d a s a ú d e e t c . O Estad o , q u e passava a substituir o m e r c a d o , d e v i a e n c o n t r a r m e i o s para q u e a a t r i b u i ç ã o d e recursos fosse a mais eficaz possível. O s e c o n o m i s t a s d e s e n v o l v e r a m , e n t ã o , m é t o d o s para analisar as v a n t a g e n s e os custos destes p r o g r a m a s p ú b l i c o s ; s ã o os p i o n e i r o s d a a v a l i a ç ã o . M a s , r a p i d a m e n t e , suas a b o r d a g e n s revelaram-se insuficientes, e s p e c i a l m e n t e q u a n d o q u e r e m o s aplicá-las aos p r o g r a m a s sociais e à e d u c a ç ã o . A a v a l i a ç ã o foi, então, d e certo m o d o , "profissionalizada", adotando-se u m a perspectiva interdisciplinar e insistindo nos aspectos m e t o d o l ó g i c o s . N o c o n t i n e n t e a m e r i c a n o , associações c o m o a A m e r i c a n Evaluation Association o u a C a n a d i a n E v a l u a t i o n S o c i e t y c o n t r i b u í r a m m u i t o para esse m o v i m e n t o . * Versão adaptada de um artigo dos mesmos autores, L'évaluation dans le domaine de la santé: concepts & méthodes, publicado nas atas do colóquio editadas por LEBRUN, SAILLY & AMOURETTI (1992:1432). A tradução preliminar deste texto recebeu o apoio do Instituto Materno-lnfantil de Pernambuco (IMIP - projeto financiado pelo BID), com revisão de Zulmira Maria de Araújo Hartz e Luiz Claudio S. Thuller. N o d e c o r r e r d o s a n o s 70 a n e c e s s i d a d e d e avaliar as a ç õ e s sanitárias se i m p ô s . O p e r í o d o d e i m p l a n t a ç ã o d o s grandes programas, b a s e a d o s n o seguro m é d i c o , estava t e r m i n a d o . A d i m i n u i ç ã o d o c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o e o p a p e l d o Estado n o f i n a n c i a m e n t o d o s s e r v i ç o s d e s a ú d e t o r n a v a m indispensável o c o n t r o l e d o s custos d o sistema d e s a ú d e , s e m q u e , p o r isso, u m a a c e s s i b i l i d a d e suficiente d e t o d o s a serviços d e q u a l i d a d e seja q u e s t i o n a d a . A s d e c i s õ e s necessárias para q u e esta d u p l a exigência seja respeitada são partic u l a r m e n t e difíceis d e se t o m a r , por c a u s a d o caráter m u i t o c o m p l e x o d o sistema d e s a ú d e , d a s g r a n d e s z o n a s d e i n c e r t e z a q u e e x i s t e m nas r e l a ç õ e s e n t r e os p r o b l e m a s d e s a ú d e e as i n t e r v e n ç õ e s suscetíveis d e resolvê-las, d o d e s e n v o l v i m e n t o m u i t o r á p i d o d a s n o v a s t e c n o l o g i a s m é d i c a s e d a s e x p e c t a t i v a s crescentes d a p o p u l a ç ã o . N e s t e c o n t e x t o , a n e c e s s i d a d e d e i n f o r m a ç ã o sobre o f u n c i o n a m e n t o e a eficácia d o sistema d e s a ú d e é c o n s i d e r á v e l e a a v a l i a ç ã o p a r e c e ser a m e l h o r s o l u ç ã o . D e s d e e n t ã o , a a v a l i a ç ã o na á r e a sanitária goza d e u m prestígio e n o r m e . A m a i o r i a d o s países (Estados U n i d o s , C a n a d á , F r a n ç a , Austrália etc.) c r i o u organismos e n c a r r e g a d o s d e a v a l i a r as n o v a s t e c n o l o g i a s . O s p r o g r a m a s d e f o r m a ç ã o , os c o l ó q u i os, os s e m i n á r i o s , os artigos, as o b r a s s o b r e a a v a l i a ç ã o já n ã o se c o n t a m mais. Esta p r o l i f e r a ç ã o é , c e r t a m e n t e , o sinal d e u m a n e c e s s i d a d e , m a s ela t a m b é m é sinal d a c o m p l e x i d a d e d a á r e a . O o b j e t i v o d a nossa a p r e s e n t a ç ã o é p r o p o r u m q u a d r o c o n c e i t u a i q u e p e r m i t a u m a visão m a i s clara. A s d e f i n i ç õ e s d a a v a l i a ç ã o são n u m e r o s a s e p o d e r í a m o s a t é c h e g a r a dizer q u e c a d a a v a l i a d o r constrói a sua. Patton ( 1 9 8 1 ) p r o p õ e o g r u p a m e n t o das d e f i n i ç õ e s d a a v a l i a ç ã o e m seis g r a n d e s famílias e m razão d a sua natureza. Patton ( 1 9 8 2 ) nota e m s e g u i d a q u e , e m c a d a f a m í l i a , o c o n t e ú d o d a s d e f i n i ç õ e s é v a r i á v e l e e l e agrupa os d i f e r e n t e s c o n t e ú d o s e m seis categorias. O autor constata q u e esta t a b e l a q u e d e f i n e 3 6 t i p o s d e d e f i n i ç õ e s d a a v a l i a ç ã o só p e r m i t e classificar u m p o u c o mais d e 5 0 % d o s trabalhos d e avaliação publicados. G u b a & Lincoln (1990) identificam quatro estágios na história d a avaliação. A passagem d e u m estágio para outro se faz c o m o desenvolvimento dos conceitos e a a c u m u lação d o s c o n h e c i m e n t o s . O primeiro estágio é baseado na m e d i d a (dos resultados escolares, d a inteligência, d a produtividade dos trabalhadores). O avaliador é essencialmente u m t é c n i c o q u e t e m q u e saber construir e saber usar os instrumentos q u e p e r m i t e m medir os f e n ô m e n o s estudados. O segundo estágio se fortalece nos anos 2 0 e 30. Ele trata d e identificar e descrever c o m o os programas p e r m i t e m atingir seus resultados. O terceiro estágio é f u n d a m e n t a d o n o julgamento. A avaliação d e v e permitir o julgamento d e u m a intervenção. O quarto estágio está emergindo. A avaliação é então feita c o m o u m processo d e n e g o c i a ç ã o entre os atores envolvidos na intervenção a ser avaliada. C h e n ( 1 9 9 0 ) p r o p õ e distinguir as a v a l i a ç õ e s q u e são b a s e a d a s nos m é t o d o s das q u e s ã o o r i e n t a d a s p o r u m a discussão teórica s o b r e as relações e n t r e a i n t e r v e n ç ã o , o c o n t e x t o n o q u a l ela é inserida e os resultados o b t i d o s . Esta b r e v e revisão d o e s t a d o d o s c o n h e c i m e n t o s mostra a v a i d a d e q u e seria propor u m a definição universal e absoluta d a avaliação. N o entanto, para tentar visualizar m e l h o r e para fixar o q u a d r o n o q u a l esta a p r e s e n t a ç ã o se insere, p o d e m o s a d o t a r a d e f i n i ç ã o seguinte, q u e h o j e é o b j e t o d e u m a m p l o c o n s e n s o . Avaliar consiste f u n d a m e n t a l m e n t e e m fazer u m j u l g a m e n t o d e v a l o r a respeito d e u m a i n t e r v e n ç ã o o u sobre q u a l q u e r u m d e seus c o m p o n e n t e s , c o m o objetivo d e ajudar na t o m a d a d e d e c i s õ e s . Este j u l g a m e n t o p o d e ser resultado d a a p l i c a ç ã o d e critérios e d e n o r m a s ( a v a l i a ç ã o n o r m a t i v a ) o u se e l a b o r a r a partir d e u m p r o c e d i m e n to científico (pesquisa avaliativa). U m a i n t e r v e n ç ã o , q u a l q u e r q u e seja, p o d e sofrer os dois tipos d e a v a l i a ç ã o . P o d e m o s , por u m l a d o , buscar estudar c a d a u m d o s c o m p o n e n t e s d a i n t e r v e n ç ã o e m r e l a ç ã o a n o r m a s e critérios. Trata-se, e n t ã o , d e u m a a v a l i a ç ã o n o r m a t i v a . P o r o u t r o , p o d e m o s q u e r e r e x a m i n a r , p o r u m p r o c e d i m e n t o c i e n t í f i c o , as r e l a ç õ e s q u e e x i s t e m e n t r e os diferentes c o m p o n e n t e s d e u m a i n t e r v e n ç ã o . Trata-se, e n t ã o , d e pesquisa avaliativa. Estas d e f i n i ç õ e s p e r m i t e m a c o n s t a t a ç ã o d e q u e a á r e a d a a v a l i a ç ã o e a á r e a d a pesquisa c o i n c i d e m s o m e n t e p a r c i a l m e n t e (Shortell & R i c h a r d s o n , 1 9 7 8 ) . A a v a l i a ç ã o administrativa n ã o faz parte d a á r e a d a pesquisa, d a m e s m a f o r m a q u e existe u m c a m p o d e pesquisa q u e n ã o faz parte d a a v a l i a ç ã o (as pesquisas disciplinares q u e visam fazer progredir os c o n h e c i m e n t o s ) ( F i g u r a 1). FIGURA 1 Pesquisa e a v a l i a ç ã o A pesquisa Pesquisa não avaliativa A avaliação Avaliação Normativa Gris, Universidade de Montreal, 1992. Para a v a n ç a r , d e v e m o s precisar o q u e e n t e n d e m o s por i n t e r v e n ç ã o . U m a interv e n ç ã o é constituída p e l o c o n j u n t o d o s m e i o s (físicos, h u m a n o s , f i n a n c e i r o s , s i m b ó l i cos) organizados e m u m c o n t e x t o e s p e c í f i c o , e m u m d a d o m o m e n t o , para p r o d u z i r b e n s o u serviços c o m o o b j e t i v o d e m o d i f i c a r u m a s i t u a ç ã o p r o b l e m á t i c a . U m a intervenção é caracterizada, portanto, por cinco c o m p o n e n t e s : objetiv o s ; recursos; serviços, bens o u atividades; efeitos e contexto preciso e m u m d a d o m o m e n t o (Figura 2). FIGURA 2 O s componentes de uma Intervenção Situação Problemática Objetivos Efeitos Serviços t 1 Recursos Contexto Ela p o d e ser u m a t é c n i c a , por e x e m p l o , u m kit p e d a g ó g i c o para m e l h o r a r os c o n h e c i m e n t o s s o b r e a a l i m e n t a ç ã o , u m teste p a r a d e t e c t a r m á s f o r m a ç õ e s fetais, u m r e m é d i o , u m p r o g r a m a d e gerência e m r e a n i m a ç ã o ; u m tratamento ( u m ato o u u m c o n j u n t o d e atos); u m a prática (por e x e m p l o , u m p r o t o c o l o d e t r a t a m e n t o d o c â n c e r d o p u l m ã o por quimioterapia); u m a organização (um centro d e desintoxicação, uma u n i d a d e d e t r a t a m e n t o ) ; u m p r o g r a m a (desinstitucionalização d o s p a c i e n t e s psiquiátricos, p r e v e n ç ã o d a s d o e n ç a s transmitidas s e x u a l m e n t e ) ; u m a política ( p r o m o ç ã o d a s a ú d e , p r i v a t i z a ç ã o d o f i n a n c i a m e n t o d o s serviços e t c ) . É n e c e s s á r i o c o m p r e e n d e r q u e n ã o p o d e m o s falar d e u m a i n t e r v e n ç ã o s e m levar e m c o n t a os d i f e r e n t e s atores q u e ela e n v o l v e (Figura 3). S ã o eles q u e d ã o sua f o r m a particular e m u m d a d o m o m e n t o e m u m d a d o c o n t e x t o . D e fato, c a d a u m d o s atores p o d e ter seus p r ó p r i o s o b j e t i v o s e m r e l a ç ã o à i n t e r v e n ç ã o e sua a v a l i a ç ã o . FIGURA 3 O s atores e n v o l v i d o s p e l a I n t e r v e n ç ã o Os Avaliadores Situação Problemática (^XPopu I ação^) Objetivos Efeitos (^Os"lUsuários Os Administradores Serviços t Os Profissionais T Recursos C ^ P o d e r PúbHaT> Contexto \Financiadores/ É p r e c i s o e n t e n d e r q u e os o b j e t i v o s d e u m a a v a l i a ç ã o são n u m e r o s o s , q u e eles p o d e m ser oficiais o u oficiosos, explícitos o u implícitos, consensuais o u conflitantes, a c e i t o s p o r t o d o s o s atores o u s o m e n t e por alguns. O s o b j e t i v o s oficiais d e u m a a v a l i a ç ã o s ã o d e q u a t r o tipos: • a j u d a r n o p l a n e j a m e n t o e na e l a b o r a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o (objetivo estratégico); • f o r n e c e r i n f o r m a ç ã o p a r a m e l h o r a r u m a i n t e r v e n ç ã o n o s e u d e c o r r e r (objetivo formativo); • d e t e r m i n a r os efeitos d e u m a i n t e r v e n ç ã o para d e c i d i r se ela d e v e ser m a n t i d a , t r a n s f o r m a d a d e f o r m a i m p o r t a n t e o u i n t e r r o m p i d a (objetivo s o m a t i v o ) ; • c o n t r i b u i r p a r a o progresso d o s c o n h e c i m e n t o s , para a e l a b o r a ç ã o teórica (objetivo fundamental). O s o b j e t i v o s oficiosos d o s diferentes atores, muitas v e z e s implícitos, são t a m b é m m u i t o i m p o r t a n t e s d e se considerar. O s administradores q u e p e d e m uma avaliação p o d e m querer: • atrasar u m a d e c i s ã o ; • legitimar u m a d e c i s ã o já t o m a d a ; • a m p l i a r s e u p o d e r e o c o n t r o l e q u e eles e x e r c e m s o b r e a i n t e r v e n ç ã o ; • satisfazer as e x i g ê n c i a s d o s o r g a n i s m o s d e f i n a n c i a m e n t o . O s a v a l i a d o r e s p o d e m buscar: • a m p l i a r os c o n h e c i m e n t o s ; • a m p l i a r s e u prestígio e p o d e r ; • obter uma p r o m o ç ã o ; • p r o m o v e r u m a i d é i a q u e lhes é c a r a . O s usuários p o d e m b u s c a r : • b e n e f í c i o s c o m serviços diferentes d o s d i s p o n í v e i s h a b i t u a l m e n t e ; • reduzir sua d e p e n d ê n c i a p e r a n t e profissionais. O pessoal d e u m a o r g a n i z a ç ã o p o d e b u s c a r : • a t r o p e l a r as regras h i e r á r q u i c a s ; • obter u m adiantamento. A AVALIAÇÃO NORMATIVA A a v a l i a ç ã o n o r m a t i v a é a a t i v i d a d e q u e consiste e m fazer u m j u l g a m e n t o sobre u m a i n t e r v e n ç ã o , c o m p a r a n d o os recursos e m p r e g a d o s e sua o r g a n i z a ç ã o (estrutura), o s serviços o u os b e n s p r o d u z i d o s (processo), e os resultados o b t i d o s , c o m critérios e n o r m a s (Figura 4 ) . FIGURA 4 A avaliação normativa A p r e c i a ç ã o d o s resultados A p r e c i a ç ã o d o processo A p r e c i a ç ã o d a estrutura C o n t e x t o |" © Gris, Universidade de Montreal, 1992. O s critérios e as n o r m a s nos q u a i s se a p ó i a m as a v a l i a ç õ e s n o r m a t i v a s c o n s t i t u e m o q u e R i v e l i n e ( 1 9 9 1 ) c h a m a d e " r e s u m o s d o v e r d a d e i r o e r e s u m o s d o b e m " . Eles p o d e m ser d e r i v a d o s d o s resultados d a pesquisa avaliativa o u d e o u t r o s tipos d e p e s quisa, o u f u n d a m e n t a d o s n o j u l g a m e n t o d e pessoas b e m - i n f o r m a d a s o u d e experts na área. Todas as a v a l i a ç õ e s n o r m a t i v a s se a p ó i a m n o p o s t u l a d o d e q u e existe u m a relaç ã o forte e n t r e o respeito a o s critérios e às n o r m a s e s c o l h i d a s e os efeitos reais d o p r o g r a m a o u d a i n t e r v e n ç ã o (Rossi & F r e e m a n , 1 9 8 5 ) . A avaliação normativa é u m a atividade c o m u m e m u m a organização o u u m programa. Ela c o r r e s p o n d e às f u n ç õ e s d e c o n t r o l e e d e a c o m p a n h a m e n t o , assim c o m o aos p r o g r a m a s d e garantia d e q u a l i d a d e ( C l e m e n h a g e n & C h a m p a g n e , 1 9 8 6 ) . Apreciação da Estrutura Trata-se d e saber e m q u e m e d i d a os recursos são e m p r e g a d o s d e m o d o a d e q u a d o para atingir os resultados e s p e r a d o s . C o m p a r a m o s e n t ã o os recursos d a interv e n ç ã o , assim c o m o sua o r g a n i z a ç ã o , c o m critérios e n o r m a s c o r r e s p o n d e n t e s . Esse tipo d e a p r e c i a ç ã o d e v e r i a permitir r e s p o n d e r às perguntas d o t i p o : O pessoal é c o m p e t e n t e ? A o r g a n i z a ç ã o administrativa f a v o r e c e a c o n t i n u i d a d e e a g l o b a l i d a d e ? Estes recursos são suficientes p a r a o f e r e c e r o l e q u e c o m p l e t o d o s serviços prestados? É g e r a l m e n t e neste t i p o d e a p r e c i a ç ã o q u e se a p ó i a m os o r g a n i s m o s d e a c r e d i t a ç ã o . Apreciação do Processo Trata-se d e saber e m q u e m e d i d a os serviços são a d e q u a d o s para atingir os resultados e s p e r a d o s . Esta a p r e c i a ç ã o se faz c o m p a r a n d o os serviços o f e r e c i d o s p e l o p r o g r a m a o u p e l a i n t e r v e n ç ã o c o m critérios e n o r m a s p r e d e t e r m i n a d a s e m f u n ç ã o d o s resultados v i s a d o s . A a p r e c i a ç ã o d o p r o c e s s o d e u m a i n t e r v e n ç ã o v i s a n d o o f e r e c e r serviços para u m a c l i e n t e l a p o d e ser d e c o m p o s t a e m três d i m e n s õ e s : a d i m e n s ã o t é c n i c a , a d i m e n são d a s r e l a ç õ e s interpessoais e a d i m e n s ã o o r g a n i z a c i o n a l . A d i m e n s ã o técnica dos serviços A p r e c i a a a d e q u a ç ã o d o s serviços às n e c e s s i d a d e s . O s serviços c o r r e s p o n d e m às n e c e s s i d a d e s d o s b e n e f i c i á r i o s ; d o s clientes? A d i m e n s ã o t é c n i c a inclui a a p r e c i a ç ã o d a q u a l i d a d e d o s s e r v i ç o s . Trata-se g e r a l m e n t e d a q u a l i d a d e d e f i n i d a a partir d o s critérios e d a s n o r m a s profissionais. O s p r o g r a m a s d e garantia d a q u a l i d a d e nas organ i z a ç õ e s f a z e m p a r t e d a a p r e c i a ç ã o d o processo. A d i m e n s ã o das relações interpessoais A p r e c i a a i n t e r a ç ã o psicológica e social q u e existe e n t r e os clientes e os p r o d u tores d e c u i d a d o s . N o s interessamos e n t ã o n o a p o i o q u e o pessoal d á aos p a c i e n t e s , n a satisfação destes, n a cortesia d o s p r o d u t o r e s d e c u i d a d o s e n o respeito à pessoa. A dimensão organizacional A d i m e n s ã o o r g a n i z a c i o n a l d o processo diz respeito à acessibilidade aos serviç o s , à e x t e n s ã o d a c o b e r t u r a d o s serviços o f e r e c i d o s pela i n t e r v e n ç ã o c o n s i d e r a d a , assim c o m o à g l o b a l i d a d e e à c o n t i n u i d a d e d o s c u i d a d o s e d o s serviços. Por globalidade e c o n t i n u i d a d e e n t e n d e m o s o c a r á t e r multiprofissional e interorganizacional d o s c u i d a d o s , assim c o m o sua c o n t i n u i d a d e n o t e m p o e n o e s p a ç o . A Apreciação dos Resultados A a p r e c i a ç ã o d o s resultados consiste e m se perguntar se os resultados o b s e r v a d o s c o r r e s p o n d e m a o s e s p e r a d o s , isto é , a o s o b j e t i v o s q u e a i n t e r v e n ç ã o se p r o p ô s atingir. A a p r e c i a ç ã o d o s resultados é feita c o m p a r a n d o - s e os í n d i c e s d o s resultados o b t i d o s c o m critérios e c o m n o r m a s d e resultados e s p e r a d o s . Esta a p r e c i a ç ã o é , m u i tas v e z e s , insuficiente para se fazer u m j u l g a m e n t o v á l i d o s o b r e os resultados d e u m a i n t e r v e n ç ã o . P a r a avaliá-los d e v e - s e g e r a l m e n t e e m p r e g a r u m a pesquisa avaliativa. A PESQUISA AVALIATIVA P o d e m o s definir a pesquisa avaliativa c o m o o p r o c e d i m e n t o q u e consiste e m fazer u m j u l g a m e n t o ex-post d e u m a i n t e r v e n ç ã o u s a n d o m é t o d o s científicos. M a i s p r e c i s a m e n t e , trata-se d e analisar a p e r t i n ê n c i a , os f u n d a m e n t o s t e ó r i c o s , a p r o d u t i v i d a d e , os efeitos e o r e n d i m e n t o d e u m a i n t e r v e n ç ã o , assim c o m o as r e l a ç õ e s e x i s t e n tes e n t r e a i n t e r v e n ç ã o , e o c o n t e x t o n o q u a l ela se situa, g e r a l m e n t e c o m o o b j e t i v o d e ajudar na t o m a d a d e d e c i s õ e s . A pesquisa avaliativa, c o m o p o d e m o s v e r na Figura 5, p o d e se d e c o m p o r e m seis tipos d e análise. Fazer pesquisa avaliativa e m u m a i n t e r v e n ç ã o consistirá, p o r t a n to, e m fazer u m a o u várias destas análises. T e r e m o s , e n t ã o , q u e f r e q ü e n t e m e n t e a p e lar para várias estratégias d e pesquisa e c o n s i d e r a r as perspectivas d o s d i f e r e n t e s a t o res e n v o l v i d o s na i n t e r v e n ç ã o . FIGURA 5 A pesquisa avaliativa Situação Problemática Análise estratégica Objetivos Efeitos Análise dos Análise da efeitos Análise d o Serviços Análise da . rendimento intervenção Recursos produtividade Análise da implantação Contexto © Gris, Universidade de Montreal, 1992. Análise Estratégica Trata-se d e analisar a p e r t i n ê n c i a d a i n t e r v e n ç ã o , isto é , d e analisar a a d e q u a ç ã o estratégica e n t r e a i n t e r v e n ç ã o e a situação p r o b l e m á t i c a q u e d e u o r i g e m à interv e n ç ã o . Para isto, f a z e m o s d u a s perguntas (Figura 6 ) : é p e r t i n e n t e intervir para este p r o b l e m a c o n s i d e r a n d o t o d o s os p r o b l e m a s existentes? É p e r t i n e n t e , c o n s i d e r a n d o a estratégia d e i n t e r v e n ç ã o a d o t a d a , intervir c o m o está s e n d o feito? O u seja, o fator d e risco n o q u a l q u e r agir a i n t e r v e n ç ã o é o m a i s i m p o r t a n t e , a p o p u l a ç ã o - a l v o é a d e m a i o r risco? O s recursos e m p r e g a d o s são os m a i s a d a p t a d o s ? FIGURA 6 A n á l i s e Estratégica: j u l g a m e n t o s o b r e a p e r t i n ê n c i a d e u m a I n t e r v e n ç ã o Problemas de saúde 1 i r Problema escolhido (doenças cardiovasculares; AlDS...) Objetivo específico da 2 Intervenção: modificação d e u m f a t o r d e risco e m u m a +. p o p u l a ç ã o específica através d e u m c o n j u n t o preciso d e recursos Fazer estas análises i m p l i c a q u e nos p r e o c u p e m o s c o m a f o r m a c o m o a situaç ã o p r o b l e m á t i c a foi i d e n t i f i c a d a , isto é , c o m m é t o d o s usados para a p r e c i a r as n e c e s s i d a d e s , c o m o grau d e p r i o r i d a d e d o p r o b l e m a d e s a ú d e e s c o l h i d o e m relação a o c o n j u n t o d o s p r o b l e m a s identificados, assim c o m o c o m a p e r t i n ê n c i a d a i n t e r v e n ç ã o e s c o l h i d a e m r e l a ç ã o a t o d a s as i n t e r v e n ç õ e s possíveis. A a n á l i s e estratégica d e u m a i n t e r v e n ç ã o p o d e ser feita a partir d e análises d e m e r c a d o , análises d e n e c e s s i d a d e s , d e m é t o d o s d e d e t e r m i n a ç ã o d e prioridades e t c . (Dever & C h a m p a g n e , 1984). Análise da Intervenção A a n á l i s e d a i n t e r v e n ç ã o consiste e m estudar a r e l a ç ã o q u e existe e n t r e os o b jetivos d a i n t e r v e n ç ã o e os m e i o s e m p r e g a d o s . Trata-se d e interrogar s o b r e a c a p a c i d a d e d o s recursos q u e f o r a m m o b i l i z a d o s e d o s serviços q u e f o r a m p r o d u z i d o s para atingir os o b j e t i v o s d e f i n i d o s (Figura 7). FIGURA 7 Análise da Intervenção Efeitos s o b r e o o b j e t i v o d e saúde visado (redução das Hipótese causal doenças cardiovasculares; AIDS) Efeito d i r e t o d a Intervenção (% d e r e d u ç ã o d a taxa d e colesterol o u d a infecção pelo HIV) Hipótese sobre o mecanismo de ação da intervenção Objetivos específicos da Intervenção (redução d a taxa d e c o l e s t e r o l o u da infecção pelo H I V ) Objetivo intermediário (inibição d o HMG-Coa; utilização d e condons) Atividades Processo Recursos Estrutura ( u m medicamento; u m programa d e e d u c a ç ã o sanitária) Para analisar esta r e l a ç ã o , p o d e m o s nos perguntar, p o r u m l a d o , se a teoria na q u a l a i n t e r v e n ç ã o foi c o n s t r u í d a é a d e q u a d a e , p o r o u t r o , se os recursos e as atividad e s s ã o suficientes e m q u a n t i d a d e , e m q u a l i d a d e e na m a n e i r a c o m o estão organizad a s . N o s p e r g u n t a m o s , a s s i m , se o algoritmo d a i n t e r v e n ç ã o é v á l i d o e a p r o p r i a d o e se os m e i o s e m p r e g a d o s para atingir os objetivos são a d e q u a d o s e suficientes. D a m e s m a f o r m a q u e n o s i n t e r r o g a m o s s o b r e a c o n f i a b i l i d a d e e a v a l i d a d e d o s instrumentos d e m e d i d a e m u m a p e s q u i s a , p o d e m o s nos interrogar sobre a c o n f i a b i l i d a d e e a v a l i d a d e d a i n t e r v e n ç ã o e m u m a pesquisa avaliativa. O s m é t o d o s a p r o p r i a d o s para a análise d a i n t e r v e n ç ã o são os q u e p e r m i t e m a p r e c i a r a q u a l i d a d e d e u m m o d e l o t e ó r i c o , isto é , sua v e r a c i d a d e e sua g e n e r a l i d a d e ( C h e n , 1 9 9 0 ) . Elas s ã o e x t r a p o l a ç õ e s d o s m é t o d o s d e s e n v o l v i d o s para a p r e c i a r a q u a lidade d e u m instrumento d e medida (Mark, 1990). Análise da Produtividade A a n á l i s e d a p r o d u t i v i d a d e consiste e m estudar o m o d o c o m o os recursos são u s a d o s p a r a p r o d u z i r serviços. A í se c o l o c a m dois tipos d e q u e s t õ e s : p o d e r í a m o s p r o d u z i r m a i s serviços c o m os m e s m o s recursos? P o d e r í a m o s produzir a m e s m a q u a n t i d a d e d e serviços c o m m e n o s recursos? A p r o d u t i v i d a d e p o d e ser m e d i d a e m u n i d a d e s físicas o u e m u n i d a d e s m o n e t á rias. N o p r i m e i r o c a s o , f a l a r e m o s d e p r o d u t i v i d a d e física, n o s e g u n d o , d e p r o d u t i v i d a de econômica. Para analisar a p r o d u t i v i d a d e d e u m a i n t e r v e n ç ã o , deve-se p o d e r definir e m e d i r sua p r o d u ç ã o . N a á r e a d a s a ú d e , trata-se muitas v e z e s d e u m e m p r e e n d i m e n t o difícil e para a l c a n ç á - l o é i m p o r t a n t e d e c o m p o r o c o n c e i t o d e p r o d u ç ã o . P o d e m o s c o n c e b e r (Figura 8) q u e t o d a i n t e r v e n ç ã o na á r e a d a s a ú d e p r o d u z d i f e r e n t e s tipos d e resultados. O s recursos d a i n t e r v e n ç ã o s e r v e m , e m p r i m e i r o lugar, para p r o d u z i r serviços d e s u p o r t e . Trata-se e s s e n c i a l m e n t e d e p r o d u t o s intermediários q u e , c o m b i n a d o s c o m c o n t r i b u i ç õ e s profissionais, s e r v e m para produzir serviços c l í n i c o s q u e p o d e m o s c h a m a r d e resultados primários. Estes serviços c l í n i c o s , q u a n d o são c o m b i n a d o s para r e s p o n d e r a o s p r o b l e m a s d e s a ú d e d e u m p a c i e n t e , p r o d u z e m e p i s ó d i o s d e t r a t a m e n t o q u e são os resultados finais d a i n t e r v e n ç ã o . Estes e p i s ó d i o s d e t r a t a m e n t o , c u j o o b j e t i v o é m o d i f i c a r u m p r o b l e m a d e s a ú d e , p o d e m eles m e s m o s se c o m b i n a r c o m outros fatores para m e l h o rar o e s t a d o d e s a ú d e d o s p a c i e n t e s e m q u e s t ã o . FIGURA 8 Produtos d e u m a Intervenção d e saúde INTERVENÇÃO Inputs Gerais Outputs Inputs Recursos Gerais Gerais Profissionais 1' F Outputs Inputs Primários Secundários (Serviços clínicos) + Julgamentos profissionais Outros determinantes da S a ú d e Processos de transformação do problema de saúde Problema da Outputs Saúde de um Secundários paciente (Tratamentos) • F 3 Outcome ou Output Final efeitos-saúde, isto é, transformação d o problema d e saúde) Contandriopoulos, A. R, Gris, 1990. A análise d a p r o d u t i v i d a d e p o d e , p o r t a n t o , ser feita e m vários n í v e i s : • P o d e m o s falar d a c a p a c i d a d e d o s recursos para p r o d u z i r serviços d e s u p o r t e ( p r o d u t i v i d a d e d o pessoal d e m a n u t e n ç ã o d e p r o d u z i r serviços d e r e p a r a ç ã o , serviços a l i m e n t a r e s d e p r o d u z i r refeições). • P o d e m o s falar d a p r o d u t i v i d a d e d o s recursos profissionais e m serviços clínicos (recursos d e laboratório e d e radiologia para produzir e x a m e s laboratoriais e radiológicos). O s d i f e r e n t e s serviços clínicos p o d e m ser c o m b i n a d o s para p r o d u z i r t r a t a m e n tos para o s p a c i e n t e s e s p e c í f i c o s . F a l a r e m o s e n t ã o d a p r o d u t i v i d a d e d o s recursos para produzir tratamentos. P o d e r í a m o s a i n d a a m p l i a r a análise e falar d a p r o d u t i v i d a d e d o s recursos para p r o d u z i r efeitos d e s a ú d e . D e i x a r í a m o s , e n t ã o , a á r e a d a análise d a p r o d u t i v i d a d e d e u m a i n t e r v e n ç ã o p a r a e n t r a r na análise d o s seus efeitos. M é t o d o s a p r o p r i a d o s para a análise d a p r o d u t i v i d a d e são d e r i v a d o s d o s m é t o d o s e c o n ô m i c o s e d o s m é t o d o s d a c o n t a b i l i d a d e analítica. Análise dos Efeitos A a n á l i s e d o s efeitos é a q u e l a q u e se baseia e m avaliar a influência d o s serviços s o b r e os estados d e s a ú d e . Ela consistirá e m d e t e r m i n a r a eficácia d o s serviços para m o d i f i c a r os estados d e s a ú d e . A m e d i d a d o s efeitos, q u e s e j a m d e s e j a d o s , o u n ã o , d e p e n d e d o t i p o d e pesquisa a d o t a d a (Figura 9 ) . O c o n c e i t o d e eficácia n ã o t e m u m s e n t i d o a b s o l u t o , e l e d e v e ser q u a l i f i c a d o e m v i r t u d e d o c o n t e x t o n o q u a l a pesquisa é feita, d o p r o c e d i m e n t o e s c o l h i d o , d a natureza d a i n t e r v e n ç ã o a v a l i a d a e d a f i n a l i d a d e d o exercício d e avaliação. P o d e m o s falar d e eficácia teórica q u a n d o nos situamos n o c o n t e x t o d a pesquisa d e l a b o r a t ó r i o n o q u a l o a m b i e n t e é i n t e i r a m e n t e c o n t r o l a d o e n o q u a l n ã o há v a r i a bilidade interindividual. A eficácia dos ensaios é a q u e é m e d i d a nos ensaios clínicos r a n d o m i z a d o s . A i n t e r v e n ç ã o é a p l i c a d a d e u m a f o r m a total e o t i m i z a d a para c a d a u m d o s i n d i v í d u o s a e l a s u b m e t i d o s . A e f i c á c i a d o s ensaios c o n s i d e r a as v a r i a ç õ e s inter-individuais, m a s n ã o as v a r i a ç õ e s n o c o m p o r t a m e n t o d o s usuários e d o s profissionais. A eficácia de utilização é a q u e l a q u e e s t i m a m o s a o analisar os resultados d e u m a i n t e r v e n ç ã o , e m u m c o n t e x t o n a t u r a l , s o b r e os i n d i v í d u o s q u e d e l a se b e n e f i c i a r a m . N e s t a s i t u a ç ã o , as v a r i á v e i s relativas a o s usuários e a o s prestadores d e serviço são observadas. P o d e m o s a i n d a e s t e n d e r o c o n c e i t o d e eficácia e falar d e eficácia populacional c o n s i d e r a n d o os efeitos d e u m a i n t e r v e n ç ã o n ã o s o m e n t e para a q u e l e s q u e b e n e f i c i aram-se d e l a , m a s t a m b é m para t o d a a p o p u l a ç ã o a q u e m a i n t e r v e n ç ã o e r a destinad a . C o n s i d e r a m o s e n t ã o o grau d e c o b e r t u r a d a i n t e r v e n ç ã o , sua a c e i t a b i l i d a d e e sua acessibilidade na população-alvo. N a a n á l i s e d o s efeitos, é i m p o r t a n t e c o n s i d e r a r n ã o s o m e n t e a q u e l e s q u e são d e s e j á v e i s , m a s t a m b é m os efeitos n ã o d e s e j a d o s . E m outros t e r m o s , é i m p o r t a n t e c o n s i d e r a r os efeitos e x t e r n o s para a p o p u l a ç ã o - a l v o e t a m b é m e v e n t u a l m e n t e para as outras p o p u l a ç õ e s n ã o visadas d i r e t a m e n t e pela i n t e r v e n ç ã o . N a a n á l i s e d o s efeitos, t a m b é m é m u i t o i m p o r t a n t e analisar, q u a n d o for possív e l , n ã o s o m e n t e os efeitos a c u r t o p r a z o , m a s t a m b é m os efeitos a longo prazo. FIGURA 9 M e d i d a d o s efeitos d e u m a I n t e r v e n ç ã o Contexto da Pesquisa Estratégia e Desenho de Pesquisa Natureza da Intervenção Avaliada Eficácia Medida (direta/indireta, prevista/imprevista, desejada/indesejada Finalidade da Pesquisa e Tipo de Usuário Laboratório Experimento (especificação das hipóteses rivais consideradas) Intervenção pura, isolada de seu contexto (princípio ativo de um remédio) Eficácia teórica Aquisição de novos conhecimentos (outros pesquisadores) Ensaios clínicos Ensaios aleatórios (hipóteses rivais não especificadas) Intervenção perfeitamente controlada (padronização dos comportamentos dos atores) Eficácia experimental Efeito puro de uma intervenção sobre o homem (outros pesquisadores, clínicos) Prática normal Procedimentos quase-experimentais; experimentação invocada (hipóteses rivais especificadas) Intervenção atuando em um contexto normal (comportamentos variados dos atores) Eficácia de utilização Ajuda para a decisão e avaliação da intervenção (gerentes, clínicos) Comunidade, população Experimentação invocada; Pesquisa sintética (ampliação das hipóteses rivais) Intervenção e contexto (intervenção + comportamento dos atores + acessibilidade) Eficácia populacional Ajuda para decisão e planejamento (gerentes, planejadores, políticos) © Gris, Universidade de Montreal, 1992. O s m é t o d o s p á r a analisar a eficácia d e u m a i n t e r v e n ç ã o são m u i t o s . Eles p o d e m ser q u a n t i t a t i v o s e q u a l i t a t i v o s , d e n a t u r e z a e x p e r i m e n t a l o u sintética (Contandriopoulos et al., 1990). A Análise do Rendimento A análise d o r e n d i m e n t o ( o u d a e f i c i ê n c i a ) é a q u e l a q u e consiste e m r e l a c i o n a r a análise d o s recursos e m p r e g a d o s c o m os efeitos o b t i d o s . Trata-se d e u m a c o m b i n a ç ã o d a análise d a p r o d u t i v i d a d e e c o n ô m i c a e d a análise d o s efeitos. A a v a l i a ç ã o d o r e n d i m e n t o d e u m a i n t e r v e n ç ã o se faz g e r a l m e n t e c o m a j u d a d e análises c u s t o / b e n e fício, custo/eficácia o u custo/utilidade. N a s análises custo/benefício, e x p r e s s a m o s e m t e r m o s m o n e t á r i o s t o d o s o s c u s tos d a i n t e r v e n ç ã o e t o d a s as v a n t a g e n s q u e ela traz. N a s análises custo/eficácia e custo/utilidade, os custos são expressos e m t e r m o s m o n e t á r i o s , m a s as v a n t a g e n s são expressas o u por í n d i c e s reais d e resultados (anos d e v i d a g a n h o s , í n d i c e d e satisfação, r e d u ç ã o d a d o r etc.) o u pela utilidade q u e traz a i n t e r v e n ç ã o para a q u e l e s a o s q u a i s ela se destina ( Q A L Y - Q u a l i t y A d j u s t e d Life Years). A s análises d e custo/benefício são as mais gerais. Elas i m p l i c a m saber d e t e r m i nar o v a l o r d a s v a n t a g e n s e d o s custos d e u m a i n t e r v e n ç ã o para otimizar a atribuição d e recursos. Este t i p o d e análise é m u i t o difícil d e se c o n d u z i r na área d a s a ú d e , p a r t i c u l a r m e n t e p o r c a u s a d a d i f i c u l d a d e q u e se t e m d e d a r u m valor m o n e t á r i o para variações nos estados d e saúde. A s análises custo/eficácia o u custo/utilidade são as mais f r e q ü e n t e s . C o n s i s t e m e m c o m p a r a r os custos d e diversas i n t e r v e n ç õ e s c o m sua eficácia nos usuários o u , a i n d a , c o m a u t i l i d a d e q u e os usuários retiram d a i n t e r v e n ç ã o . O c o n c e i t o d e utilidade u s a d o nas análises custo/utilidade p e r m i t e i n c o r p o r a r os diferentes efeitos possíveis d e u m a i n t e r v e n ç ã o e m u m só i n d i c a d o r . Ele p e r m i t e , portanto, c o m p a r a r e n t r e elas as d i f e r e n t e s i n t e r v e n ç õ e s q u e n ã o t ê m os m e s m o s objetivos. Esta c o m p a r a ç ã o é , na m a i o r i a d a s v e z e s , impossível a partir d o s resultados d e análise custo/eficácia. T o d a v i a , a d e t e r m i n a ç ã o d a u t i l i d a d e associada a diferentes tipos d e efeitos traz sérios p r o b l e mas metodológicos e conceituais. A s d i f i c u l d a d e s m e t o d o l ó g i c a s desta análise estão na m e d i d a das vantagens e na d e f i n i ç ã o d e critérios q u e p e r m i t e m c o m p a r a r o r e n d i m e n t o d e várias o p ç õ e s . Análise da Implantação O último t i p o d e análise q u e p o d e m o s fazer n o q u a d r o d e u m a pesquisa avaliativa consiste, p o r u m l a d o , e m m e d i r a influência q u e p o d e ter a v a r i a ç ã o n o grau d e i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o nos seus efeitos e, por o u t r o , e m a p r e c i a r a i n f l u ê n c i a d o a m b i e n t e , d o c o n t e x t o , n o q u a l a i n t e r v e n ç ã o está i m p l a n t a d a nos efeitos d a i n t e r v e n ç ã o . Este t i p o d e análise é p e r t i n e n t e q u a n d o o b s e r v a m o s u m a g r a n d e v a r i a b i l i d a d e n o s resultados o b t i d o s p o r i n t e r v e n ç õ e s s e m e l h a n t e s i m p l a n t a d a s e m contextos d i f e r e n t e s . D e v e m o s , e n t ã o , nos perguntar se esta v a r i a b i l i d a d e p o d e ser e x p l i c a d a p o r d i f e r e n ç a s existentes nos c o n t e x t o s . A análise d a i m p l a n t a ç ã o é p a r t i c u l a r m e n t e i m p o r t a n t e q u a n d o a i n t e r v e n ç ã o analisada é c o m p l e x a e c o m p o s t a d e e l e m e n t o s s e q ü e n c i a i s s o b r e o s q u a i s o c o n t e x t o p o d e interagir d e diferentes m o d o s . O p r i m e i r o t i p o d e análise d a i m p l a n t a ç ã o consiste e m m e d i r a influência d a v a r i a ç ã o n o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o e m diferentes c o n t e x t o s . A t é m e s m o u m a a u s ê n c i a d e efeito p o d e ser c o n s e q ü ê n c i a d o fato d e q u e a i n t e r v e n ç ã o a v a l i a d a n ã o foi r e a l m e n t e i m p l a n t a d a . O s e g u n d o t i p o d e análise d a i m p l a n t a ç ã o consiste e m se perguntar s o b r e os efeitos d a i n t e r d e p e n d ê n c i a q u e p o d e h a v e r e n t r e o c o n t e x t o n o q u a l a i n t e r v e n ç ã o está i m p l a n t a d a e a i n t e r v e n ç ã o e m si. N o s interrogamos, neste t i p o d e análise, s o b r e o sinergismo q u e p o d e existir entre u m c o n t e x t o e u m a i n t e r v e n ç ã o o u , p e l o c o n t r á r i o , s o b r e os a n t a g o n i s m o s e x i s tentes e n t r e o c o n t e x t o e a i n t e r v e n ç ã o , isto é , s o b r e os efeitos i n i b i d o r e s d o c o n t e x t o e sobre os efeitos d a i n t e r v e n ç ã o . O s m é t o d o s a p r o p r i a d o s para analisar a i m p l a n t a ç ã o d e u m p r o g r a m a s ã o , s o b r e t u d o , os estudos d e casos ( Y i n , 1 9 8 9 ) . CONCLUSÃO S e n d o o o b j e t i v o final d a a v a l i a ç ã o o d e ajudar n a t o m a d a d e d e c i s õ e s , é p r e c i so se interrogar s o b r e a influência q u e as i n f o r m a ç õ e s f o r n e c i d a s p e l o a v a l i a d o r p o d e m ter nas d e c i s õ e s . A a v a l i a ç ã o n o r m a t i v a t e m c o m o f i n a l i d a d e principal a j u d a r os gerentes a p r e e n c h e r suas f u n ç õ e s habituais. Ela é n o r m a l m e n t e feita p o r a q u e l e s q u e são r e s p o n s á veis pelo f u n c i o n a m e n t o e pela gestão d a i n t e r v e n ç ã o , faz parte d a a t i v i d a d e natural d e u m g e r e n t e e d e v e r i a , p o r t a n t o , ter u m a forte v a l i d a d e p r a g m á t i c a ( D u n n , 1 9 8 9 ) . N o e n t a n t o , a pesquisa avaliativa, q u e exige u m a perícia m e t o d o l ó g i c a e t e ó r i ca i m p o r t a n t e , g e r a l m e n t e n ã o p o d e ser feita por a q u e l e s q u e são responsáveis p e l a i n t e r v e n ç ã o e m si. Ela é mais f r e q ü e n t e m e n t e c o n f i a d a a p e s q u i s a d o r e s q u e são e x t e riores à i n t e r v e n ç ã o . N e s t e c a s o , a q u e s t ã o d e saber se seus t r a b a l h o s s e r ã o úteis para as decisões é i m p o r t a n t e . O q u a d r o d e referência p r o p o s t o e v i d e n c i a q u e a a v a l i a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o é constituída pelos resultados d e várias análises o b t i d a s p o r m é t o d o s e a b o r d a g e n s diferentes. Estes resultados n ã o p o d e r ã o ser f a c i l m e n t e r e s u m i d o s e m u m p e q u e n o n ú m e r o d e r e c o m e n d a ç õ e s . E a t é p r o v á v e l q u e q u a n t o mais u m a a v a l i a ç ã o seja b e m ¬ s u c e d i d a , mais ela a b r a c a m i n h o s para n o v a s perguntas. Ela s e m e i a d ú v i d a s s e m ter c o n d i ç õ e s d e d a r t o d a s as respostas e n ã o p o d e n u n c a t e r m i n a r r e a l m e n t e , d e v e ser vista c o m o u m a a t i v i d a d e d i n â m i c a n o t e m p o , a p e l a n d o para atores n u m e r o s o s , utiliz a n d o m é t o d o s diversos e e n v o l v e n d o c o m p e t ê n c i a s v a r i a d a s . A a v a l i a ç ã o é u m a a t i v i d a d e , c o m o a pesquisa, útil para o e s t a b e l e c i m e n t o d e políticas, m a s n u n c a é suficiente para e s t a b e l e c e r políticas (Figura 1 0 ) . F I G U R A 10 Pesquisa - A v a l i a ç ã o - Políticas A pesquisa A avaliação Os políticos © Gris, Universidade de Montreal, 1992. Para a u m e n t a r as c h a n c e s d e q u e os resultados d e u m a a v a l i a ç ã o s e j a m úteis, é i m p o r t a n t e se c o n s c i e n t i z a r d e q u e a a v a l i a ç ã o é u m dispositivo d e p r o d u ç ã o d e inform a ç ã o e , c o n s e q ü e n t e m e n t e , d e q u e ela é f o n t e d e p o d e r para os atores q u e a c o n t r o l a m . D e v e - s e p o r t a n t o assegurar, inspirando-se n o d e b a t e e n t r e Patton ( 1 9 8 6 ) e W e i s s (1988a, b), q u e : • t o d o s o s q u e d e c i d e m e s t e j a m i m p l i c a d o s na d e f i n i ç ã o d o s p r o b l e m a s q u e d e v e m ser resolvidos e nas estratégias d e pesquisa a empregar-se. S e por e x e m p l o , para m e d i r o s efeitos d e u m a i n t e r v e n ç ã o d e c i d i r m o s fazer u m teste aleatório, c o n h e c e r e m o s a e f i c á c i a e m u m a s i t u a ç ã o p e r f e i t a m e n t e c o n t r o l a d a , m a s este resultado será d e p o u c o interesse para q u e m d e c i d i u q u e q u e r c o n h e c e r a e f i c á c i a d e sua interv e n ç ã o e m u m contexto b e m específico; • s e j a m p e r i o d i c a m e n t e i n f o r m a d o s a q u e l e s q u e d e c i d e m os resultados o b t i d o s pela a v a l i a ç ã o . N o final é m u i t a s v e z e s t a r d e d e m a i s para agir; • o a v a l i a d o r f a ç a o p a p e l d e u m a g e n t e facilitador e d e p e d a g o g o na utilização d o s resultados; • a i n f o r m a ç ã o e x t r a í d a d e u m a a v a l i a ç ã o seja c o n s i d e r a d a c o m o u m a f e r r a m e n t a d e n e g o c i a ç ã o e n t r e interesses múltiplos e n ã o c o m o u m a v e r d a d e absoluta; • e s t e j a m o s c o n s c i e n t e s d o fato d e q u e o s q u e d e c i d e m n ã o p o d e m definir e x a t a m e n t e suas n e c e s s i d a d e s d e i n f o r m a ç ã o e , c o n s e q ü e n t e m e n t e , q u e a a v a l i a ç ã o p o d e r á d a r respostas parciais a o s p r o b l e m a s q u e eles e n f r e n t a m ; • a a v a l i a ç ã o seja feita c o m o m a i o r rigor possível. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS C H E N , T. H. Theory-Driven Evaluations. Beverly Hills: Sage, 1990. C L E M E N H A C E N , C. & C H A M P A G N E , F. Quality assurance as part of Program Evaluation: Guidelines for managers and clinical department heads. Quality Review Bulletin, 1986. C O N T A N D R I O P O U L O S , A. P. et al. Savoir Préparer une Recherche. Montréal: Presses de l'Université de Montréal, 1990. D E N I S , J . L. & C H A M P A G N E , F. Analyse de l'implantation. Montréal, Cahiers du G R I S , N90-05, 1990. DEVER, G . & C H A M P A G N E , F. Epidemiology in Health Services Management. Rockville: Aspen, 1984. D U N N , W . N. Two faces of validity in the policy sciences. Knowledge in Society, 2(1), 1989. GEPHART, W . J . Watercolor painting. In: S M I T H , N. L. (Ed.) Mataphors for Evaluation. Beverly Hills: Sage, 1 9 8 1 . p.247-272. C U B A , E. G . & L I N C O L N , Y. S. Fourth Generation Evaluation.Beverly Hills: Sage, 1990. M A R K , M . From program theory to tests of program theory. New Directions for Program Evaluation, 47, 1990. PATTON, M . Q. Creative Evaluation. Beverly Hills: Sage, 1 9 8 1 . 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ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO* Jean-Louis François Denis Champagne O PROBLEMA: OS LIMITES DO MODELO DA "CAIXA PRETA" A á r e a d e a v a l i a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s se d e s e n v o l v e u m u i t o n o s a n o s 6 0 e 7 0 c o m a i m p l a n t a ç ã o d e g r a n d e s p r o g r a m a s sociais n o s Estados U n i d o s (Rossi & W r i g h t , 1 9 8 4 ) . Esses p r o g r a m a s d i z i a m respeito a á r e a s m u i t o diversificadas c o m o a e d u c a ç ã o , a m o r a d i a , a r e i n s e r ç ã o social d o s ex-detentos, a garantia d o s c u i d a d o s m é d i c o s e as p e n s õ e s para pessoas d e baixa r e n d a . A prática d a a v a l i a ç ã o , neste p e r í o d o , q u e c h a m a m o s experimenting society (Rossi & W r i g h t , 1 9 8 4 ) , visou a o b j e t i v o s e s s e n c i a l m e n t e somativos - outcome evaluation model (Mark, 1986): A pesquisa avaliativa foi, no início, vista essencialmente como avaliação dos efei- tos 'líquidos' dos programas. O principal problema na criação da pesquisa avaliativa era especificar as condições apropriadas ceterisparibus, que permitiriam estima- ções válidas destes efeitos 'líquidos'. Dentro desta estrutura, o experimento con- trolado e randomizado se torna o paradigma que define as regras para a pesquisa avaliativa. (Rossi & Wright, 1984:334) Tais a v a l i a ç õ e s , b a s e a d a s u n i c a m e n t e nos efeitos trazidos p o r u m a i n t e r v e n ç ã o , t ê m g e r a l m e n t e c o m o f i n a l i d a d e d e c i d i r pela c o n t i n u i d a d e o u i n t e r r u p ç ã o d o s d i f e rentes p r o g r a m a s sociais. * Tradução da publicação dos mesmos autores -Analyse d'Implantation. GRIS: Universidade de Montreal, 1990. A versão preliminar deste texto recebeu o apoio do Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP - projeto financiado pelo BID), com revisão de Zulmira Maria de Araújo Hartz e Luiz Claudio S. Thuller. A a v a l i a ç ã o d o s efeitos o u d o i m p a c t o das i n t e r v e n ç õ e s se a p ó i a d e f i n i t i v a m e n t e n o m o d e l o d a " c a i x a p r e t a " (black box experiment), n o q u a l a i n t e r v e n ç ã o é tratada c o m o u m a variável d i c o t ô m i c a (ausência o u presença d a intervenção) (Cronbach et al., 1 9 8 0 ; M c L a u g h l i n , 1 9 8 5 ; M a r k , 1987) e u m a entidade relativamente homogênea (Rossi & W r i g h t , 1 9 8 4 ; M c L a u g h l i n , 1 9 8 5 ) d e o n d e é fácil definir o c o n t e ú d o e os d i f e r e n t e s c o m p o n e n t e s . A i n t e r v e n ç ã o , a partir deste m o d e l o , a p r e s e n t a p o u c a o u n e n h u m a v a r i a ç ã o a o ser i m p l a n t a d a e é i m p e r m e á v e l à influência d a s características d o s m e i o s n o s q u a i s ela é i n t r o d u z i d a . C o n s e q ü e n t e m e n t e , a a v a l i a ç ã o d o s efeitos n ã o traz n e n h u m a a t e n ç ã o à e s p e c i f i c a ç ã o d o s processos e n v o l v i d o s na p r o d u ç ã o das mudanças observadas depois da introdução d e u m a intervenção. Esquematicamente, este t i p o d e a v a l i a ç ã o é r e p r e s e n t a d o d a seguinte f o r m a : ESQUEMA 1 M o d e l o d a C a i x a Preta Efeitos Programa / Tratamento observados Y1 Yn (variável independente) (variáveis dependentes) Estes t r a b a l h o s , m e s m o t e n d o c o n t r i b u í d o d e f o r m a i m p o r t a n t e para o d e s e n v o l v i m e n t o d o s m é t o d o s e m a v a l i a ç ã o , suscitaram u m a certa desilusão ( W e i s s & R e i n , 1 9 7 2 ; Filstead, 1 9 7 9 ; Rossi & W r i g h t , 1 9 8 4 ) . C o m o o b s e r v a M a r k ( 1 9 8 7 ) , esta a b o r d a g e m é a p o i a d a e m u m a c o n c e p ç ã o simplista d a s c o n d i ç õ e s d e i m p l a n t a ç ã o d a s interv e n ç õ e s . E m u m m u n d o real, o n d e clientes r e c e b e m várias q u a n t i d a d e s d e serviços, o n d e a n a t u r e z a d o t r a t a m e n t o d a d o é sujeito a ser d i f e r e n t e d e local para local o u até d e u m r e s p o n s á v e l p e l o p r o g r a m a para o u t r o , e o n d e o p r o g r a m a é sujeito a ser u m a m á l g a m a d e vários serviços e c o m p o n e n t e s , c a d a u m d o s q u a i s p o d e ter u m efeito d i f e r e n t e , o m o d e l o d i c o t ô m i c o d a caixa preta d o s p r o g r a m a s é lamentavelmente inadequado. C r i t i c a m o s essa a b o r d a g e m por i m p o r u m m o d e l o p o u c o c o n d i z e n t e c o m a r e a l i d a d e d e e x e c u ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s , isto é , p o r n ã o r e c o n h e c e r a t é q u e p o n t o a e f i c i ê n c i a destas ú l t i m a s é indireta ( W e i s s & R e i n , 1 9 7 2 ; M c L a u g h l i n , 1 9 8 5 ) . E m s u m a , ela p r o p õ e f r e q ü e n t e m e n t e u m a d e f i n i ç ã o m u i t o estreita d o s o b j e t i v o s d e u m programa, n e g l i g e n c i a n d o a reflexão s o b r e a p e r s p e c t i v a d o s vários e x e c u t o r e s e d o s vários m e i o s d e i m p l a n t a ç ã o . A l é m d o m a i s , ela n ã o garante u m a c o m p a n h a m e n t o p r ó x i m o d a e v o l u ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o , isto é , d a s m o d i f i c a ç õ e s trazidas a o ser aplicada. A a d o ç ã o d e u m tal m o d e l o t e n d e t a m b é m a limitar a u t i l i d a d e d a s c o n c l u s õ e s tiradas das pesquisas avaliativas (Deutscher, 1 9 7 6 ; C r o n b a c h , 1 9 8 3 ; M c L a u g h l i n , 1 9 8 5 ; Patton, 1 9 8 6 ) . Este t i p o d e a v a l i a ç ã o é c o n s t a n t e m e n t e c r i t i c a d o p o r levar muitas v e zes a u m j u l g a m e n t o negativo s o b r e as reformas sociais e m p r e g a d a s ( W e i s s , 1 9 7 2 ; Rossi & W r i g h t , 1 9 8 4 ; M c L a u g h l i n , 1 9 8 5 ) . A r e a l i z a ç ã o d e u m a a v a l i a ç ã o d e v e , p o r tanto, ir a l é m d e u m o b j e t i v o estritamente s o m a t i v o e permitir u m j u l g a m e n t o n ã o só sobre a eficácia d e u m a i n t e r v e n ç ã o , m a s t a m b é m s o b r e os fatores explicativos d o s resultados obtidos, t e n d o e m vista modificações posteriores (Patton, 1 9 8 6 , 1 9 8 7 ; C o n r a d & Roberts-Gray, 1 9 8 8 ) . C o n f o r m e v e r e m o s , a análise d a i m p l a n t a ç ã o consiste j u s t a m e n t e e m especificar o c o n j u n t o dos fatores q u e influenciam os resultados obtidos a p ó s a i n t r o d u ç ã o d e u m a intervenção. Ela visa, desta f o r m a , minimizar os riscos d e c o m e t e r u m erro d e terceiro tipo ( D o b s o n & C o o k , 1 9 8 0 ) , a v a l i a n d o os efeitos d e u m a i n t e r v e n ç ã o c o m grau d e i m p l a n t a ç ã o inferior a o previsto e a m p l i a r a v a l i d a d e externa das pesquisa avaliativas. ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO E VALIDADE EXTERNA DA AVALIAÇÃO A v a l i d a d e e x t e r n a d e u m a pesquisa se a p ó i a e m três p r i n c í p i o s : o p r i n c í p i o d a s e m e l h a n ç a , o p r i n c í p i o d e robustez e o p r i n c í p i o d e e x p l i c a ç ã o ( M a r k , 1 9 8 6 ) . O d a s e m e l h a n ç a d i z respeito à c a p a c i d a d e d e generalizar o s resultados para u m u n i v e r s o e m p í r i c o similar. O d a robustez estipula q u e o p o t e n c i a l d e g e n e r a l i z a ç ã o d e u m e s t u d o se a m p l i a se h o u v e r réplica d o s efeitos e m c o n t e x t o s diversificados. F i n a l m e n t e , o d a e x p l i c a ç ã o , d e s e n v o l v i d o e x t e n s a m e n t e por C r o n b a c h ( 1 9 8 3 ) , mostra os g a n h o s d e v a l i d a d e externa resultantes d e u m a c o m p r e e n s ã o d o s fatores d e p r o d u ç ã o e i n i b i ç ã o d o s efeitos. Ele d á ê n f a s e a f u n d a m e n t o s t e ó r i c o s d a g e n e r a l i z a ç ã o d i s c u t i d o s r e c e n t e m e n t e por C a m p b e l l ( 1 9 8 6 ) . O a u m e n t o d a c a p a c i d a d e d e g e n e r a l i z a ç ã o p e l o princípio d a e x p l i c a ç ã o se faz por m e i o d e pesquisas s o b r e os processos causais e m a v a l i a ção (Mark, 1986, 1987). A análise d e i m p l a n t a ç ã o , e s p e c i f i c a n d o as c o n d i ç õ e s d e p r o d u ç ã o d o s efeitos, a u m e n t a o p o t e n c i a l d e g e n e r a l i z a ç ã o ( v a l i d a d e externa) d a s pesquisas avaliativas (Shortell, 1 9 8 4 ; P a t t o n , 1 9 8 6 ) p e l o p r i n c í p i o d a e x p l i c a ç ã o ( M a r k , 1 9 8 6 ) . M a i s e s p e c i f i c a m e n t e , ela busca, d o p o n t o d e vista m e t o d o l ó g i c o , c o m p r e e n d e r p r i m e i r o os e f e i tos d a interação (interaction effects), identificados por C a m p b e l l & S t a n l e y ( 1 9 6 6 ) c o m o u m a a m e a ç a e v e n t u a l à v a l i d a d e externa d e u m e s t u d o . Por efeito d e i n t e r a ç ã o e n t e n d e m o s o p a p e l a t i v o d e s e m p e n h a d o por u m c o n j u n t o d e v a r i á v e i s , q u e n ã o a inter¬ v e n ç ã o (características d o s a t o r e s , d a organização...) na d e t e r m i n a ç ã o d o s efeitos o b s e r v a d o s . Ela b u s c a a u m e n t a r a v a l i d a d e e x t e r n a d e u m a a v a l i a ç ã o , d i s c r i m i n a n d o a c o n t r i b u i ç ã o d o s c o m p o n e n t e s v e r d a d e i r a m e n t e i m p l a n t a d o s d o p r o g r a m a (grau d e i m p l a n t a ç ã o ) n a p r o d u ç ã o d o s efeitos. Este a s p e c t o d a análise d e i m p l a n t a ç ã o a p r o x i ma-se d a v a l i d a d e d e c o n s t r u ç ã o causal a p r e s e n t a d o por C a m p b e l l ( 1 9 8 6 ) . A análise d e i m p l a n t a ç ã o r e c o n h e c e assim, c o m C r o n b a c h (1983) e M a r k (1987), a n e c e s s i d a d e d e se d a r u m a a t e n ç ã o m a i o r à q u e s t ã o d a v a l i d a d e e x t e r n a d a s p e s q u i sas avaliativas. O s t r a b a l h o s d e C a m p b e l l & S t a n l e y ( 1 9 6 6 ) e C o o k & C a m p b e l l (1979) insistiram, c o m r a z ã o , na i m p o r t â n c i a d a v a l i d a d e interna c o m o p r i m e i r o critério d e a p r e c i a ç ã o d a q u a l i d a d e d e u m e s t u d o . N o e n t a n t o , esta ê n f a s e s o b r e a v a l i d a d e interna c o n t r i b u i u p a r a negligenciar o d e s e n v o l v i m e n t o d e estratégias para a u m e n t a r a v a l i d a d e e x t e r n a d a s a v a l i a ç õ e s e l i m i t o u , desta f o r m a , as repercussões práticas deste t i p o d e p e s q u i s a . A a n á l i s e d e i m p l a n t a ç ã o se r e l a c i o n a d i r e t a m e n t e à q u e s t ã o d a t r a n s f e r a b i l i d a d e d o s resultados ( L i n c o l n & G u b a , 1 9 8 5 ) , isto é , a c a p a c i d a d e d e utilizar o s resultados d a s pesquisas avaliativas para t o m a r d e c i s õ e s s o b r e a g e n e r a l i z a ç ã o d e u m a intervenção e m outros meios. 0 INTERESSE PELOS PROBLEMAS DE IMPLANTAÇÃO O r e c o n h e c i m e n t o d o s limites próprios d o m o d e l o d a " c a i x a p r e t a " e m a v a l i a ç ã o e s t i m u l o u u m interesse c r e s c e n t e pelos p r o b l e m a s ligados à i m p l a n t a ç ã o das interv e n ç õ e s . P o r i m p l a n t a ç ã o e n t e n d e m o s a transferência, e m nível o p e r a c i o n a l , d e u m a i n t e r v e n ç ã o (Tornatzky & J o n h s o n , 1 9 8 2 ; P a t t o n , 1 9 8 6 ) . O processo d e i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o r e p r e s e n t a u m a e t a p a distinta e posterior à d e c i s ã o d e a d o t a r u m a mudança (Downs Júnior & Mohr, 1976; Scheirer, 1981). E l e se r e f e r e o p e r a c i o n a l i z a ç ã o d e u m p r o j e t o , isto é , à sua i n t e g r a ç ã o a u m d a d o à contexto organizacional. A a v a l i a ç ã o d a i m p l a n t a ç ã o c o m p r e e n d e , s e g u n d o Patton ( 1 9 8 6 ) , c i n c o tipos d e p r o c e d i m e n t o s , o u seja: a a v a l i a ç ã o d o esforço, o " m o n i t o r a m e n t o " d o s programas, a a v a l i a ç ã o d o processo, a a v a l i a ç ã o d o s c o m p o n e n t e s e a especificação d o tratamento. D i s c u t i m o s c a d a u m a destas alternativas para p r o p o r e m seguida os e l e m e n t o s q u e d e v e m ser, n a nossa o p i n i ã o , associados à análise d e i m p l a n t a ç ã o d a s intervenções. A a v a l i a ç ã o d o e s f o r ç o e o " m o n i t o r a m e n t o " d o s p r o g r a m a s se a s s e m e l h a m à a v a l i a ç ã o d a d i s p e r s ã o (discrepancy analysis), proposta p o r P r o v u s ( 1 9 7 1 ) , c o m o o b j e - t i v o d e ter c e r t e z a d o grau d e i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . Estas d i m e n s õ e s d a a v a l i a ç ã o d a i m p l a n t a ç ã o v i s a m p o r t a n t o , e s s e n c i a l m e n t e , d o c u m e n t a r (avaliação d o esforço) e a c o m p a n h a r ( " m o n i t o r a m e n t o " ) o nível d e o p e r a c i o n a l i z a ç ã o d e u m a interv e n ç ã o ( P a t t o n , 1 9 8 6 ; V e n e y & Kaluzny, 1 9 8 5 ; Rossi & F r e e m a n , 1 9 8 5 ) . Elas se r e f e r e m à o p e r a ç ã o q u e consiste e m c o m p a r a r as características d a i n t e r v e n ç ã o p l a n e j a d a c o m as d a i n t e r v e n ç ã o r e a l m e n t e i m p l a n t a d a . A a v a l i a ç ã o d o processo, proposta por Rossi, F r e e m a n & W r i g h t ( 1 9 7 9 ) e Rossi & F r e e m a n ( 1 9 8 5 ) , e a revisão d o progresso d a 52 i n t e r v e n ç ã o (review progress) ( W H O , 1 9 8 1 ) c o r r e s p o n d e m t a m b é m a estas a b o r d a - gens. O interesse p o r este p r o c e d i m e n t o reside n o fato d e q u e o grau d e c o n f o r m i d a d e e n t r e o p r o j e t o d e i n t e r v e n ç ã o inicial e sua v e r s ã o o p e r a c i o n a l p o d e r i a bastar para explicar s e u grau d e e f i c á c i a (Rossi, 1 9 7 8 ; Rossi & W r i g h t , 1 9 8 4 ; Rossi & F r e e m a n , 1 9 8 5 ; M c L a u g h l i n , 1 9 8 5 ; P a t t o n , 1 9 8 6 ) . C o m o a f i r m a Patton ( 1 9 8 7 ) , a m e n o s q u e a l g u é m saiba q u e o p r o g r a m a está f u n c i o n a n d o d e a c o r d o c o m o p r o j e t o , h a v e r á p o u c a s razões para se e s p e r a r q u e e l e c h e g u e a o resultado d e s e j a d o . A a v a l i a ç ã o d o esforço e o m o n i t o r a m e n t o se l i m i t a m a m e d i r o grau d e i m p l a n t a ç ã o d e u m a interv e n ç ã o . N ã o h á investigação d a r e l a ç ã o e n t r e as v a r i a ç õ e s n a i m p l a n t a ç ã o e o s efeitos trazidos pela i n t e r v e n ç ã o , n e m e x p l i c a ç ã o d a s v a r i a ç õ e s na i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o . Esta a b o r d a g e m p o d e , p o r t a n t o , ser vista c o m o u m pré-requisito à r e a l i z a ç ã o d e u m a análise d o s efeitos. A a v a l i a ç ã o d o processo ( S c h u m a n , 1 9 6 7 , 1 9 7 2 ; B r o o k s , 1 9 7 2 ; P a t t o n , 1 9 8 0 , 1 9 8 2 , 1 9 8 6 ) visa definir c o m o certas p a r t i c u l a r i d a d e s d o s m e i o s d e i m p l a n t a ç ã o i n f l u e n c i a m o s resultados d e u m a i n t e r v e n ç ã o . Ela p a r e c e c o m a a v a l i a ç ã o qualitativa (Reichardt & C o o k , 1 9 7 9 ; Patton, 1980; Lecomte, 1 9 8 2 ; Blacker & B r o w n , 1983), "transacional" ( H o u s e , 1980) o u "naturalística" (Lincoln & G u b a , 1985). Q u e r , a o e s t u d a r a influência d o c o n t e x t o d e i m p l a n t a ç ã o , c h e g a r a u m a c o m p r e e n s ã o global o u holística d o f u n c i o n a m e n t o o p e r a c i o n a l d a i n t e r v e n ç ã o ( P e a r s o l , 1 9 8 5 ) . A a v a l i a ç ã o d o processo s e g u e , p o r t a n t o , u m o b j e t i v o e s s e n c i a l m e n t e a n a l í t i c o r e l a c i o n a d o às v a riações c o n t e x t u a i s e a o s efeitos o b s e r v a d o s a p ó s a i n t r o d u ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . Trata, desta f o r m a , d i r e t a m e n t e d e u m p r o b l e m a d e i m p l a n t a ç ã o , já q u e p r o c u r a c a p tar c o m o as características d o s vários m e i o s i n f l u e n c i a m o s efeitos d a i n t e r v e n ç ã o . A a v a l i a ç ã o d o s c o m p o n e n t e s e n v o l v e u m a a v a l i a ç ã o f o r m a l d a s várias partes d e u m " p r o g r a m a " ( P a t t o n , 1 9 8 6 ) . C o m esta a b o r d a g e m , o nível d e a n á l i s e , q u a n d o d e u m a a v a l i a ç ã o d o s efeitos, passa d a i n t e r v e n ç ã o e m s e u c o n j u n t o a seus v á r i o s c o m p o n e n t e s . O o b j e t i v o é a u m e n t a r a c a p a c i d a d e d e generalizar resultados d e u m a a v a l i a ç ã o d o i m p a c t o . D e fato, u m c o n h e c i m e n t o d a i n f l u ê n c i a relativa d o s c o m p o nentes d e u m p r o g r a m a s o b r e os efeitos o b s e r v a d o s p e r m i t e identificar os e l e m e n t o s críticos d o sucesso d a i n t e r v e n ç ã o e , desta f o r m a , r e p r o d u z i r o p r o g r a m a m a i s e f i c a z m e n t e e m outros m e i o s . A e s p e c i f i c a ç ã o d o t r a t a m e n t o ( P a t t o n , 1 9 8 6 ) visa, d e m o d o geral, e n t e n d e r c o m o v a r i a ç õ e s n o grau d e i m p l a n t a ç ã o das i n t e r v e n ç õ e s p o d e r i a m i n f l u e n c i a r os r e sultados o b t i d o s . A e s p e c i f i c a ç ã o d o t r a t a m e n t o e n v o l v e , para Patton ( 1 9 8 6 ) , u m a d i m e n s ã o c o n c e i t u a i e u m a d i m e n s ã o e m p í r i c a , isto é , d e v e - s e identificar o s e l e m e n tos ativos d e u m a i n t e r v e n ç ã o e verificar e m p i r i c a m e n t e se eles são o p e r a c i o n a l i z a d o s n a i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . A d i m e n s ã o c o n c e i t u a i refere-se, d e f a t o , à t e o r i a d e a ç ã o d o p r o g r a m a ( P a t t o n , 1 9 8 6 , c a p . 7), o n d e trata-se d e identificar p o r m e i o d o s c o n h e c i m e n t o s disciplinares u m algoritmo d e i n t e r v e n ç ã o suscetível d e p r o d u z i r os efeitos e s p e r a d o s . Entretanto, a d i m e n s ã o e m p í r i c a d a e s p e c i f i c a ç ã o d o t r a t a m e n t o trata r e a l m e n t e d e u m p r o b l e m a d e i m p l a n t a ç ã o , v e r i f i c a n d o a r e l a ç ã o e n t r e os c o m p o n e n t e s d a i n t e r v e n ç ã o q u e f o r a m i m p l a n t a d o s nos diferentes m e i o s e as v a r i a ç õ e s n o s efeitos trazidos p e l a i n t e r v e n ç ã o . A discussão d e Patton (1986) sobre a a v a l i a ç ã o d a i m p l a n t a ç ã o demonstra b e m a utilidade d e s t e t i p o d e a v a l i a ç ã o e p e r m i t e a m p l i a r o l e q u e d e parâmetros considerados q u a n d o se trata d e julgar o valor d e u m a i n t e r v e n ç ã o . P o r é m , a tipologia q u e e l e p r o p õ e a p r e s e n t a certos limites e a m b i g ü i d a d e s q u e m e r e c e m ser discutidos. N a nossa o p i n i ã o , alguns p r o b l e m a s ligados aos c i n c o tipos d e avaliação d a i m p l a n t a ç ã o descrita por Patton ( 1 9 8 6 ) i n i b i r a m o u c o m p l i c a r a m sua utilização pelos avaliadores. D e início, os diferentes itens desta tipologia n ã o são m u t u a m e n t e exclusivos, o q u e prejudica u m a a p r e s e n t a ç ã o precisa das várias abordagens q u e p o d e m servir para avaliaç ã o d a i m p l a n t a ç ã o . D e fato, a distinção entre avaliação d o esforço e o m o n i t o r a m e n t o , tal c o m o e n t r e a a v a l i a ç ã o d o s c o m p o n e n t e s e a especificação d o tratamento são p o u c o c o n v i n c e n t e s . A especificidade d o m o n i t o r a m e n t o o u a c o m p a n h a m e n t o reside n o recurso d e u m sistema d e i n f o r m a ç ã o para a c o m p a n h a r a operacionalização d e u m a intervenç ã o (Patton, 1 9 8 6 ) . Trata-se a q u i d e u m m e i o particular q u e p o d e ser usado para realizar u m a a v a l i a ç ã o d o esforço e n ã o d e u m tipo específico d e avaliação d a implantação. D e n t r o desta perspectiva, os itens 1 e 2 d e sua tipologia p a r e c e m equivalentes. A avaliaç ã o d o s c o m p o n e n t e s é similar à especificação d o tratamento e m sua d i m e n s ã o empírica. Estes dois itens visam observar o g a n h o relativo dos diferentes c o m p o n e n t e s d e u m a i n t e r v e n ç ã o n a p r o d u ç ã o d o s efeitos. A d i m e n s ã o teórica d a especificação d o tratamento p a r e c e , c o m o já enfatizamos, c o m a teoria d e a ç ã o d o programa (Patton, 1 9 8 6 , c a p . 7), e n ã o representa u m a a b o r d a g e m d e avaliação d a implantação d e u m a intervenção. Ela diz mais respeito à v a l i d a d e teórica desta última. Finalmente, a tipologia proposta por Patton (1986) n ã o c o b r e d e m o d o exaust i v o o c o n j u n t o d a s a b o r d a g e n s q u e p o d e m servir p a r a a v a l i a r a i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . D e fato, ela n ã o p r o p õ e n e n h u m a explicação d o grau d e implantação da intervenção, isto é , d o s f a t o r e s q u e influenciam uma maior ou menor o p e r a c i o n a l i z a ç ã o d e s t a . U m a e x p l i c a ç ã o d o e s f o r ç o o u d o i n t e r v a l o e n t r e a interv e n ç ã o p l a n e j a d a e i m p l a n t a d a é , n o e n t a n t o , útil p a r a d e t e r m i n a ç ã o d o s m e i o s suscetíveis d e s e r e m mais receptivos a u m a intervenção. P a r a r e s p o n d e r às d i f i c u l d a d e s e v i d e n c i a d a s na d e s c r i ç ã o d a a v a l i a ç ã o d e i m p l a n t a ç ã o , feita p o r Patton ( 1 9 8 6 ) , p r o p o m o s u m a tipologia q u e c o m p r e e n d e três a b o r d a g e n s b e m distintas. Esta tipologia explicita o s diferentes alvos d a a v a l i a ç ã o d a i m p l a n t a ç ã o , f a c i l i t a n d o a o s usuários p o t e n c i a i s d e recorrer a esse t i p o d e a v a l i a ç ã o . A l é m disto, se inspira e t a m b é m se distingue d a a p r e s e n t a d a p o r Patton ( 1 9 8 6 ) . E m nossa o p i n i ã o , a a n á l i s e d a i m p l a n t a ç ã o visa, s o b r e t u d o , identificar os p r o c e d i m e n t o s i m p l i c a d o s n a p r o d u ç ã o d o s efeitos d e u m a i n t e r v e n ç ã o . Ela é similar a o q u e M a r k ( 1 9 8 7 : 3 ) c h a m o u d e e s t u d o d o s processos causais (study of causal process) sa a v a l i a t i v a : e m pesqui- O exemplo prototípico do exame do processo causal é o desenho das rela- ções em uma seqüência de causas para determinar como o tratamento e o resultado estão relacionados, como quando observamos que pondo uma moeda em uma máquina automática de distribuir bebidas acionamos uma série de alavancas e mecanismos terminando em liberar uma lata de refrigerante. Na avaliação de programas, o estudo do processo causal envolve, não alavancas e mecanismos, mas relacionamentos entre os componentes do programa, variáveis contextuais e respostas dos clientes. A análise d e i m p l a n t a ç ã o se interessa p o r t a n t o , d e m o d o g e r a l , a o e s t u d o d o s d e t e r m i n a n t e s e d a influência d a v a r i a ç ã o na i m p l a n t a ç ã o nos efeitos trazidos p e l a i n t e r v e n ç ã o . Ela visa, p o r ú l t i m o , e n t e n d e r as c o n d i ç õ e s d e i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s e os processos d e p r o d u ç ã o d o s efeitos. A a n á l i s e d e i m p l a n t a ç ã o se a p ó i a c o n c e i t u a l m e n t e na análise d a influência s o b r e três c o m p o n e n t e s : • d o s d e t e r m i n a n t e s c o n t e x t u a i s n o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s ; • das v a r i a ç õ e s d a i m p l a n t a ç ã o na sua e f i c á c i a ( e s p e c i f i c a ç ã o d o t r a t a m e n t o e m sua dimensão empírica) (Patton, 1986); • d a i n t e r a ç ã o e n t r e o c o n t e x t o d a i m p l a n t a ç ã o e a i n t e r v e n ç ã o nos efeitos o b s e r v a d o s - a v a l i a ç ã o d o processo ( P a t t o n , 1 9 8 6 ) . Estes três c o m p o n e n t e s p e r m i t e m , n o q u a d r o d e u m a a v a l i a ç ã o , c o n s i d e r a r as l i m i t a ç õ e s e n c o n t r a d a s n o m o d e l o d a " c a i x a p r e t a " , o u s e j a , as d e n ã o c o n s i d e r a r as v a r i a ç õ e s p r o v á v e i s na i n t e g r i d a d e d a i n t e r v e n ç ã o e a i n f l u ê n c i a d a s v a r i a ç õ e s contextuais. E s q u e m a t i c a m e n t e , a tipologia d a análise d a i m p l a n t a ç ã o q u e p r o p o m o s se representa c o m o s e g u e : ESQUEMA 2 T i p o l o g i a d a análise d a I m p l a n t a ç ã o Limites d o m o d e l o C o m p o n e n t e s d a análise d a "caixa preta" da i m p l a n t a ç ã o • Variações na • explicação • Tipo 1 • impacto • Tipo 2 • co-ação • Tipo 3 integridade da intervenção • Variações contextuais O s c o m p o n e n t e s 2 e 3 v i s a m explicar os efeitos o b s e r v a d o s a p ó s a i n t r o d u ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o , e n q u a n t o o c o m p o n e n t e 1 busca e n t e n d e r as v a r i a ç õ e s n a i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o . Trata-se, neste c a s o , d e u m pré-requisito lógico para a t i n gir-se u m a m a i o r e f i c á c i a . O o b j e t i v o v i s a d o é o d e p r o p o r u m a e x p l i c a ç ã o à o b s e r v a ç ã o d e u m a distância e n t r e a i n t e r v e n ç ã o p l a n e j a d a e a q u e l a i m p l a n t a d a , para garantir a sua i n t e g r i d a d e . O b s e r v a m o s t a m b é m q u e essa tipologia c o m p o r t a e s s e n c i a l m e n t e e l e m e n t o s a n a l í t i c o s , isto é , q u e b u s q u e m explicar as v a r i a ç õ e s na i m p l a n t a ç ã o e nos efeitos e n ã o s o m e n t e descrevê-los (ao contrário da avaliação d o esforço e do m o n i t o r a m e n t o d e Patton (1986). OS COMPONENTES DA ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO C o m p o n e n t e 1 : A n á l i s e d o s d e t e r m i n a n t e s contextuais d o grau d e i m p l a n t a ç ã o da intervenção. Por " i m p l a n t a ç ã o " e n t e n d e m o s u m uso a p r o p r i a d o e s u f i c i e n t e m e n t e intensivo d a i n t e r v e n ç ã o ( S c h e i r e r & R e z m o v i c , 1 9 8 3 ) . O c o n c e i t o d e i m p l a n t a ç ã o refere-se à extensão da operacionalização a d e q u a d a d e uma intervenção. Vários autores (Hall & Loucks, 1977; Leithwood & Montgomery, 1980; Yin, 1 9 8 1 c , 1 9 8 2 ; S c h e i r e r & R e z m o v i c , 1 9 8 3 ; R e z m o v i c , 1 9 8 4 ; B r e e k e , 1 9 8 7 ; Scheirer, 1 9 8 7 ) d i s c u t i r a m as e t a p a s necessárias para a r e a l i z a ç ã o d e u m a m e d i ç ã o a d e q u a d a d o g r a u d e i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s . Estes trabalhos d e v e m d e p r e f e r ê n c i a ser c o n s u l t a d o s a n t e s d e se iniciar u m a pesquisa e n v o l v e n d o a m e d i ç ã o d o grau d e i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . C o n c e i t u a l m e n t e , a m e d i ç ã o d o grau d e i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o exige ( a d a p t a d o d e L e i t h w o o d & M o n t g o m e r y , 1 9 8 0 ) : • e s p e c i f i c a r a priori os c o m p o n e n t e s d a i n t e r v e n ç ã o , isto é , a teoria d o p r o g r a m a n o sentido d e Scheirer (1987); • identificar as práticas r e q u e r i d a s para a i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o ; • d e s c r e v e r as práticas c o r r e n t e s e m nível d a s á r e a s e n v o l v i d a s t e o r i c a m e n t e pela intervenção; • a n a l i s a r a v a r i a ç ã o n a i m p l a n t a ç ã o e m v i r t u d e d a v a r i a ç ã o d a s características contextuais. O grau d e i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o representa a q u i a v a r i á v e l d e p e n d e n t e q u e será posta e m r e l a ç ã o c o m as características contextuais d o m e i o d e i m p l a n t a ç ã o . E s q u e m a t i c a m e n t e , a análise d o s d e t e r m i n a n t e s contextuais d o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s se a p r e s e n t a c o m o se s e g u e : ESQUEMA 3 A utilidade d e s t e t i p o d e análise d a i m p l a n t a ç ã o é p r o c u r a r e n t e n d e r m e l h o r o q u e explica as v a r i a ç õ e s o b s e r v a d a s e m nível d a i m p l a n t a ç ã o o u d a i n t e g r i d a d e d e u m a i n t e r v e n ç ã o - t r a t a m e n t o n ã o p a d r o n i z a d o n o s e n t i d o d e Rossi ( 1 9 7 8 ) , s u p o n d o q u e estas últimas i n f l u e n c i a m f o r t e m e n t e os efeitos p r o d u z i d o s p e l a intervenção (Scheirer, 1 9 8 7 ) . Para nós, a i n t e g r i d a d e é relativa à v a l i d a d e d e c o n t e ú d o d a i n t e r v e n ç ã o , à i n t e n s i d a d e c o m a q u a l as a t i v i d a d e s s ã o realizadas e à sua a d e q u a ç ã o e m r e l a ç ã o às n o r m a s existentes. A v a l i d a d e d e c o n t e ú d o refere-se à e x a u s t i v i d a d e d o s c o m p o n e n t e s d a i n t e r v e n ç ã o q u e são i m p l a n t a d o s . A i n t e n s i d a d e t r a d u z o e s f o r ç o o u a suficiência d a s a t i v i d a d e s realizadas e m t e r m o s q u a n t i t a t i v o s para c a d a u m d o s c o m p o n e n t e s d a i n t e r v e n ç ã o . O critério d e a d e q u a ç ã o representa a q u a l i d a d e d a s a t i v i d a d e s q u e são p r o d u z i d a s , isto é , o respeito d a s n o r m a s e m t e r m o s d a estrutura ( r e c u r sos) e d o processo. Ela visa definir os fatores explicativos d a s d i f e r e n ç a s o b s e r v a d a s e n t r e a i n t e r v e n ç ã o p l a n e j a d a e a i m p l a n t a d a . A c r e s c e n t a , desta f o r m a , u m a d i m e n s ã o analítica à a v a l i a ç ã o d o intervalo p r o p o s t o p o r P r o v u s ( 1 9 7 1 ) . Ela é a p r o p r i a d a q u a n d o a intervenção é complexa e composta d e elementos seqüenciais. Este p r i m e i r o c o m p o n e n t e d a análise d e i m p l a n t a ç ã o p o d e ser a p r o p r i a d a e m uma grande quantidade d e intervenções. A implantação d e u m programa d e p r e v e n ç ã o d e gravidez na a d o l e s c ê n c i a , por e x e m p l o , i m p l i c a n d o a c o l a b o r a ç ã o d e e d u c a d o r e s n o m e i o escolar, d o s pais e d o s responsáveis d e u m a c l í n i c a e s p e c i a l i z a d a , p o d e se revelar p r o b l e m á t i c a . Exige a d e t e r m i n a ç ã o e a c o o r d e n a ç ã o d a s a ç õ e s dirigidas a o s j o v e n s feitas pelos diferentes atores. A i m p l a n t a ç ã o deste p r o g r a m a e n f r e n t a d u a s d i f i c u l d a d e s m a i o r e s : d e v e - s e antes c o n v e n c ê - l o s d o b o m senso d a s várias a t i v i d a d e s o u c o m p o n e n t e s d o programa e estabelecer u m m e c a n i s m o d e colaboração. É provável q u e a i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o t ã o c o m p l e x a seja i n f l u e n c i a d a p o r várias c a racterísticas c o n t e x t u a i s , o u seja, p o r atributos d o s d i f e r e n t e s m e i o s d e i m p l a n t a ç ã o ( p o r e x e m p l o , a d e s ã o a o p r o j e t o , c o e r ê n c i a e n t r e o p r o g r a m a e as a t i v i d a d e s h a b i t u ais d a c l í n i c a e d o m e i o escolar...). N e s t e c a s o , u m a a n á l i s e d o s d e t e r m i n a n t e s contextuais d a i m p l a n t a ç ã o p o d e r á permitir a i d e n t i f i c a ç ã o d o s m e i o s o n d e u m a i m p l a n t a ç ã o integral d a i n t e r v e n ç ã o p a r e c e plausível. C o m p o n e n t e 2 : A n á l i s e d a influência d a v a r i a ç ã o na i m p l a n t a ç ã o s o b r e os e f e i tos o b s e r v a d o s . A i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o p o d e se revelar difícil p r i n c i p a l m e n t e se ela exigir m o d i f i c a ç õ e s i m p o r t a n t e s nas práticas habituais d o s a g e n t e s d e i m p l a n t a ç ã o . D e v e m o s c o n h e c e r o q u e o c o r r e a p ó s u m a i n t e r v e n ç ã o , isto é , o grau d e i n t e g r i d a d e d o t r a t a m e n t o (Yeaton & S e c h r e s t , 1 9 8 5 ) n o m o m e n t o d e sua i m p l a n t a ç ã o , d e f o r m a a n ã o se tirar c o n c l u s õ e s e r r ô n e a s s o b r e a e f i c á c i a d e u m a i n t e r v e n ç ã o . D o b s o n & C o o k ( 1 9 8 0 ) c o m e n t a r a m s o b r e o risco d e se c o m e t e r u m e r r o d e t e r c e i r o t i p o e m pesquisa a v a l i a t i v a , isto é , d e m e d i r os efeitos d e u m a i n t e r v e n ç ã o c u j o g r a u d e o p e r a c i o n a l i z a ç ã o o u d e i m p l a n t a ç ã o n ã o é suficiente o u satisfatório - l a b e l fallacy discutida por M c L a u g h l i n ( 1 9 8 5 ) . N o s s o s e g u n d o c o m p o n e n t e d a análise d a i m p l a n t a ç ã o r e l a c i o n a as v a r i a ç õ e s e m n í v e l d a i n t e r v e n ç ã o c o m as q u e são próprias d o s efeitos o b s e r v a d o s . C o r r e s p o n d e a o q u e Patton (1986) c h a m a d e a especificação d o tratamento (treatment specification) n a sua d i m e n s ã o e m p í r i c a e à análise d o s c o m p o n e n t e s d a i n t e r v e n ç ã o (component analysis). P e r m i t e interpretar c o m mais e x a t i d ã o os resultados d e u m a a v a l i a ç ã o d o i m p a c t o . C o n t r i b u i t a m b é m para distinguir o s c o m p o n e n t e s d e u m a i n t e r v e n ç ã o susc e t í v e i s d e facilitar o a l c a n c e d o s resultados e s p e r a d o s . A i n d a mais, e m f u n ç ã o d a e x t e n s ã o d a i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o , p o d e ser possível definir os níveis m í n i m o s d e a t i v i d a d e s e m vista d o a l c a n c e d e certos objetivos d e resultados. A s s i m , vários a u t o r e s (Rossi, 1 9 7 8 ; Rossi & W r i g h t , 1 9 8 4 ) c h a m a r a m a a t e n ç ã o para a utilidade d e p r o c e d e r a u m a variação empírica intencional dos c o m p o n e n t e s das intervenções d e f o r m a a c o n h e c e r m e l h o r os e l e m e n t o s necessários à sua e f i c á c i a . D e m o d o g e r a l , este c o m p o n e n t e d a análise d a i m p l a n t a ç ã o busca analisar a i n f l u ê n c i a d o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o . A análise d a influência d a s v a r i a ç õ e s n a i n t e r v e n ç ã o se a p r e s e n t a e s q u e m a t i c a m e n t e c o m o se s e g u e : ESQUEMA 4 A o e x e c u t a r esta a n á l i s e , a v a r i á v e l i n d e p e n d e n t e é o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o e as v a r i á v e i s d e p e n d e n t e s são os efeitos o b s e r v a d o s a p ó s a i n t r o d u ç ã o d a intervenção. A a d o ç ã o , p e l o s c e n t r o s hospitalares, d o m o d e l o d e c u i d a d o s m a t e r n o s o r i e n t a d o s para a f a m í l i a c o m o o b j e t i v o d e d i m i n u i r os p r o c e d i m e n t o s d e rotina e as taxas d e i n t e r v e n ç ã o n o n a s c i m e n t o é b e m - a p r o p r i a d o para este t i p o d e análise d e i m p l a n t a ç ã o . A o p e r a c i o n a l i z a ç ã o d e s t e m o d e l o p o d e se a p o i a r na i m p l a n t a ç ã o d e salas d e p a r t o , n a a d o ç ã o d e p r o t o c o l o s q u e d e v e m guiar as práticas obstétricas e na f o r m a ç ã o d e d i f e r e n t e s a g e n t e s c o m a b o r d a g e m m e n o s intervencionista. Esta política d e interv e n ç ã o está sujeita, p o r t a n t o , p o r sua c o m p l e x i d a d e e sua falta d e e s p e c i f i c i d a d e , a variar c o n s i d e r a v e l m e n t e n a h o r a d e sua i m p l a n t a ç ã o n o s d i f e r e n t e s hospitais. É i n t e ressante, n e s t e c a s o , analisar e m q u e essas v a r i a ç õ e s na i m p l a n t a ç ã o f a z e m variar os efeitos trazidos p e l a i n t e r v e n ç ã o . U m a tal a b o r d a g e m p o d e levar a d e f i n i r os c o m p o nentes essenciais e s e c u n d á r i o s a o m o d e l o e , assim, p r o m o v e r a i m p l a n t a ç ã o d o s c o m p o n e n t e s suscetíveis d e p r o d u z i r o m á x i m o d e m u d a n ç a s d e s e j á v e i s nas práticas obstétricas. C o m p o n e n t e 3 : A n á l i s e d a influência d a i n t e r a ç ã o e n t r e o c o n t e x t o d e i m p l a n t a ç ã o e a i n t e r v e n ç ã o s o b r e os efeitos o b s e r v a d o s : O i m p a c t o d e u m a i n t e r v e n ç ã o p o d e ser i n f l u e n c i a d o pelas características contextuais d o s m e i o s d e i m p l a n t a ç ã o ( C o n r a d , 1 9 8 8 ; R o b e r t s - G r a y & Scheirer, 1 9 8 8 ) . A esse respeito, M c L a u g h l i n ( 1 9 8 5 : 9 8 ) c o m e n t a s o b r e o i m p a c t o i n d i r e t o d o s tratamentos ou intervenções: Desenhos de pesquisa de correlação ou impacto assumem uma relação direta entre tratamento ou implantação de programas e os seus efeitos. No entanto, esta relação raramente existe na realidade. Os efeitos do tratamento, melhora dos escores de um aluno, a valorização da capacidade sejam eles a do ensino, ou a queda do índice de marginalização, são resultado de interações múltiplas e complexas entre implantação financiamento do programa, isto é, tecnologia, treinamento, material, ou assistência técnica, e fatores institucionais do programa. gramas sociais são realizados dentro e através de seus contextos Pro- institucionais. A análise d a influência d a i n t e r a ç ã o e n t r e a i n t e r v e n ç ã o e o c o n t e x t o d e i m p l a n t a ç ã o visa explicar as v a r i a ç õ e s d o s efeitos o b s e r v a d o s a p ó s a i n t r o d u ç ã o d e u m a interv e n ç ã o . Por i n t e r a ç ã o e n t e n d e m o s a c o n t r i b u i ç ã o s i m u l t â n e a o u interdependência e n t r e dois o u vários fatores na p r o d u ç ã o d o s efeitos ( M i e t t i n e n , 1 9 8 2 ) . M a i s e s p e c i f i c a m e n t e , a i n t e r a ç ã o se refere a u m a situação d e sinergismo o u d e a n t a g o n i s m o e n t r e diferentes fatores e m j o g o na p r o d u ç ã o d o s efeitos. A i n t e r a ç ã o o u i n t e r d e p e n d ê n c i a d e t i p o sinérgico diz respeito a u m caso o n d e o efeito c o n j u n t o d e dois fatores é superior a o efeito p r o d u z i d o pela a d i ç ã o d o s fatores t o m a d o s s e p a r a d a m e n t e . U m a situação d e a n t a g o n i s m o e n t r e fatores representa u m caso o n d e o efeito i n d i v i d u a l d e u m fator é b l o q u e a d o o u d i m i n u í d o pela p r e s e n ç a d e u m o u t r o fator. C o n c r e t a m e n t e , na i n t r o d u ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o , alguns fatores c o n t e x t u a i s (por e x e m p l o , características d a organização) p o d e m c o n t r i b u i r para a u m e n t a r os e f e i tos por ela p r o d u z i d o s ( i n t e r a ç ã o sinérgica) o u bloqueá-los ( i n t e r a ç ã o a n t a g ô n i c a ) . Por e x e m p l o , u m a d i v e r s i d a d e i m p o r t a n t e d e profissionais e m u m m e i o c l í n i c o p o d e ser necessária para q u e u m p r o g r a m a i n o v a d o r d e i n t e r v e n ç ã o p r o d u z a os resultados e s p e r a d o s (situação d e sinergia e n t r e os fatores). M a s , n o e n t a n t o , o fato d e existir u m a resistência m u i t o forte d o s agentes d e i m p l a n t a ç ã o ( i m p l e m e n t a d o r e s ) à i n t r o d u ç ã o d e u m n o v o m o d o d e i n t e r v e n ç ã o p o d e d i m i n u i r seus efeitos (situação d e a n t a g o n i s m o e n t r e fatores). N e s t e c a s o , a i n t e r v e n ç ã o p o d e ser c a p a z d e p r o d u z i r u m c e r t o i m p a c t o ( v a l i d a d e t e ó r i c a d o p r o g r a m a ) , m a s sofre a a ç ã o a n t a g ô n i c a d e fator p r e s e n t e n o contexto da implantação. E s q u e m a t i c a m e n t e , a análise d a i n t e r a ç ã o n o m o m e n t o d a i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o se a p r e s e n t a c o m o se s e g u e : ESQUEMA 5 X Este t e r c e i r o c o m p o n e n t e d a análise d a i m p l a n t a ç ã o é útil q u a n d o q u e r e m o s d o c u m e n t a r e e x p l i c a r a d i n â m i c a interna d e u m a i n t e r v e n ç ã o . Por e x e m p l o , o efeito d e u m p r o g r a m a v i s a n d o à r e i n s e r ç ã o social d o s ex-detentos p o d e d e p e n d e r f o r t e m e n t e d a s características d o s m e i o s nos q u a i s e l e é i n t r o d u z i d o . M a i s p r e c i s a m e n t e , os recursos q u e os o r g a n i s m o s c o m u n i t á r i o s e n c a r r e g a d o s d e a p l i c a r o p r o g r a m a d i s p õ e m , o t i p o e o n í v e l d e f o r m a ç ã o d o s prestadores i m p l i c a d o s e sua e x p e r i ê n c i a p r é v i a nesta á r e a , p o d e m interagir c o m a i n t e r v e n ç ã o para facilitar o u b l o q u e a r o a l c a n c e d o s o b j e t i v o s p r e t e n d i d o s . U m a análise d a influência d e i n t e r a ç ã o e n t r e o p r o g r a m a e o c o n t e x t o d e v e r i a permitir o r e c o n h e c i m e n t o d o s fatores contextuais suscetíveis d e c o n t r i b u i r à r e a l i z a ç ã o d o p o t e n c i a l d a i n t e r v e n ç ã o . QUANDO REALIZAR UMA ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO A d e c i s ã o d e realizar u m a a n á l i s e d a i m p l a n t a ç ã o d e v e se apoiar, s o b r e t u d o , n o c o n h e c i m e n t o d a c o n f i g u r a ç ã o d o s efeitos p r o d u z i d o s por u m a i n t e r v e n ç ã o . D e fato, é p o u c o útil b u s c a r e s p e c i f i c a r o c o n j u n t o e a d i v e r s i d a d e d e o u t r o s fatores, q u e n ã o a i n t e r v e n ç ã o , i m p l i c a d o s na p r o d u ç ã o d o s efeitos, se estes n ã o v a r i a m e n t r e os vários meios d e implantação. A i n t r o d u ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o p r o d u z t e o r i c a m e n t e efeitos q u e v a r i a m e n tre os d i f e r e n t e s i n d i c a d o r e s d e efeitos o u d e i m p a c t o t o m a d o s para m e d i r as m u d a n ç a s p o r ela trazidas. O Q u a d r o 1 ilustra o i m p a c t o p o t e n c i a l d e u m a i n t e r v e n ç ã o e m f u n ç ã o d e d u a s d i m e n s õ e s : r o b u s t e z d o s efeitos e o grau d e m u d a n ç a p r o d u z i d o por esta. O critério d a r o b u s t e z baseia-se n o grau d e c o n s t â n c i a c o m o q u a l u m a interv e n ç ã o p r o d u z u m e f e i t o d e n t r o d o s diversos m e i o s d e i m p l a n t a ç ã o (Tornatzky & J o h n s o n , 1 9 8 2 ) . A s s i m , alguns efeitos são julgados fixos (casas A e B d o Q u a d r o 1) já q u e n ã o v a r i a m d e u m a o r g a n i z a ç ã o a outra. E m outras palavras, a i n t r o d u ç ã o d e u m a intervenção vai s e m p r e produzir u m d a d o efeito i n d e p e n d e n t e m e n t e dos d a d o s contextuais. E n t r e t a n t o , outros efeitos s ã o j u l g a d o s v a r i á v e i s (casa C d o Q u a d r o 1) já q u e eles v a r i a m e m f u n ç ã o d a s características d o s m e i o s d e i m p l a n t a ç ã o . O grau d e m u d a n ç a representa o s e g u n d o critério utilizado p a r a avaliar o s e f e i tos d e u m a i n t e r v e n ç ã o . A i n t e r v e n ç ã o traz m u d a n ç a s n ã o nulas e m r e l a ç ã o a certos i n d i c a d o r e s d e i m p a c t o (casas A e C d o Q u a d r o 1) e m u d a n ç a s q u a s e nulas e m o u t r a s d i m e n s õ e s (casa B d o Q u a d r o 1). A c o n j u g a ç ã o e a a p l i c a ç ã o destes dois critérios p e r m i t e m definir três t i p o s d e efeitos e n g e n d r a d o s p e l a i n t r o d u ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . A casa A r e p r e s e n t a os e f e i tos q u e são fixos e não-nulos a o m e s m o t e m p o . N e s t e c a s o , a i n t e r v e n ç ã o a p r e s e n t a u m alto grau d e robustez e m r e l a ç ã o às v a r i a ç õ e s c o n t e x t u a i s e é e f i c a z p a r a p r o d u z i r m u d a n ç a s e m nível destes i n d i c a d o r e s . A casa B c o m p r e e n d e efeitos d a i n t e r v e n ç ã o q u e são fixos e q u a s e nulos. Neste caso, a intervenção apresenta u m alto grau d e robustez, já q u e ela p r o d u z c o n s t a n t e m e n t e p o u c a m u d a n ç a e m nível d o g r u p o d e i n d i c a d o r e s d e i m p a c t o . A casa C c o r r e s p o n d e a efeitos q u e p o d e m ser p o t e n c i a l m e n t e trazidos p e l a i n t e r v e n ç ã o , já q u e eles d e p e n d e m d e certos fatores c o n t e x t u a i s . A i n t e r v e n ç ã o p r o v o c a p r o v a v e l m e n t e , neste n í v e l , m u d a n ç a s não-nulas, m a s v a r i á v e i s d e u m a o r g a n i z a ç ã o a o u t r a . Ela a p r e s e n t a , neste c a s o , u m b a i x o grau d e robustez e m r e l a ç ã o às v a r i a ç õ e s c o n t e x t u a i s . F i n a l m e n t e , a casa D é l o g i c a m e n t e i m p o s s í v e l . A i n t e r v e n ç ã o n ã o p o d e ser s i m u l t a n e a m e n t e i n e f i c i e n t e para p r o d u z i r m u d a n ç a s e m nível d e u m i n d i c a d o r e ser p o u c o robusta nesta d i m e n s ã o . O efeito d a i n t e r v e n ç ã o d e v e ser a q u i n e c e s s a r i a m e n t e fixo, já q u e e l e é q u a s e n u l o d e v i d o à i n a p t i d ã o d a i n o v a ç ã o d e agir neste n í v e l . A p r e s e n ç a d e i n d i c a d o r e s d e i m p a c t o na casa C sugere a n e c e s s i d a d e d e se realizar u m a análise d e i m p l a n t a ç ã o . D e v e - s e , p o r t a n t o , fazer u m a a n á l i s e d e s t e t i p o q u a n d o os efeitos d a i n o v a ç ã o são p o u c o robustos, sensíveis às v a r i a ç õ e s c o n t e x t u a i s e n ã o nulas. D o i s d o s três tipos d e análise d e i m p l a n t a ç ã o p r e c i s a m , p o r t a n t o , d a r e a l i z a ç ã o c o n j u n t a d e u m a a n á l i s e d o s efeitos. E m a i s : se os efeitos são robustos o u c o n s t a n t e s d e n t r o d o s d i f e r e n t e s m e i o s , n ã o há razão p a r a se c o n d u z i r u m a a n á l i s e d e i m p l a n t a ç ã o . A n t e s d e p r o c e d e r a u m a análise d e i m p l a n t a ç ã o d o t i p o 2 o u 3, é i m p o r t a n t e e s c o l h e r c o r r e t a m e n t e os i n d i c a d o r e s d o s efeitos d o p r o g r a m a . Estes i n d i c a d o r e s d e v e m variar e m t e r m o s d e efeitos d e n t r o d o s d i f e r e n t e s m e i o s q u e r e c e b e r a m a i n t e r v e n ç ã o . A s e l e ç ã o d o s i n d i c a d o r e s d e i m p a c t o a s e r e m t o m a d o s para a n á l i s e d a i m p l a n t a ç ã o p o d e ser feita c o m a a j u d a d o c o e f i c i e n t e d e v a r i â n c i a ( F e i n s t e i n , 1 9 8 5 ) para permitir a d e t e c ç ã o d o s i n d i c a d o r e s q u e a p r e s e n t e m u m a v a r i a ç ã o i m p o r t a n t e . QUADRO 1 O s efeitos d e u m a I n t e r v e n ç ã o Robustez Mudança Efeitos fixos Efeitos variáveis Não-nulo A C Quase nulo B O ESTUDO DO CONTEXTO C o m o v i m o s a n t e r i o r m e n t e , a análise d a i m p l a n t a ç ã o visa, e n t r e outras coisas, definir a i n f l u ê n c i a d o s fatores c o n t e x t u a i s nos efeitos ( c o m p o n e n t e 3) e n o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o ( c o m p o n e n t e 1). Esta s e ç ã o a p r e s e n t a s u m a r i a m e n t e , a partir d a t e o r i a d a s o r g a n i z a ç õ e s , os m o d e l o s q u e p o d e m servir p a r a analisar o c o n t e x to na ocasião d e u m a análise d e implantação. A u t o r e s b e m - c o n h e c i d o s , tais c o m o D r u c k e r ( 1 9 8 7 ) , M i n t z b e r g (1988) e P e r r o w ( 1 9 8 3 , 1 9 8 6 ) , insistem n o fato d e q u e nossa s o c i e d a d e é u m a destas organizações. C o n s e q ü e n t e m e n t e , a implantação d e u m a intervenção vai supor necessariamente m u d a n ç a s o r g a n i z a c i o n a i s , isto é , processos c o m p l e x o s d e a d a p t a ç ã o e d e a p r o p r i a ç ã o d a s políticas o u p r o g r a m a s nos d i f e r e n t e s m e i o s e m q u e s t ã o . N e s t e sentido, a literatura s o b r e a m u d a n ç a è a i n o v a ç ã o nas o r g a n i z a ç õ e s p o d e v a n t a j o s a m e n t e servir d e guia à a n á l i s e d a i m p l a n t a ç ã o das i n t e r v e n ç õ e s ( G r e e n e e t a l . , 1 9 8 7 ; Shortell, 1 9 8 3 , 1 9 8 4 ) . O processo d e i n o v a ç ã o nas organizações c o m p o r t a seis fases ilustradas n o E s q u e m a 6 d a página seguinte: a i n i c i a ç ã o ; a difusão (Rogers, 1 9 8 3 ) ; a a d o ç ã o ; a i m p l a n t a ç ã o (Scheirer, 1 9 8 1 ) ; a rotinização o u a institucionalização (Yin, 1 9 8 1 c ; G o o d m a n & D e a n , 1 9 8 2 ) ; e a " e x - n o v a ç ã o " o u a b a n d o n o d a i n o v a ç ã o ( L e v i n e , 1 9 8 0 ; Kimberly, 1 9 8 1 ) . A análise d a i m p l a n t a ç ã o se orienta n o estudo d o s processos d e m u d a n ç a o c o r r i d o s a p ó s u m a o r g a n i z a ç ã o ter d e c i d i d o introduzir o u adotar u m a intervenção. O s t e ó r i c o s d a o r g a n i z a ç ã o estão, t o d a v i a , b e m longe d e u m c o n s e n s o sobre as v a r i á v e i s e x p l i c a t i v a s d a i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . O s trabalhos nesta á r e a se a p o i a m e m vários m o d e l o s c o n c e i t u a i s b e m diferentes uns d o s outros (Schultz & S e l v i n , 1 9 7 5 ; E l m o r e , 1 9 7 8 ; S h u l t z , G i n z b e r g & L u c a s Júnior, 1 9 8 4 ) . Estes m o d e l o s p o d e m ser a g r u p a d o s e m c i n c o perspectivas ( a d a p t a d o d e Scheirer, 1 9 8 1 ) : r a c i o n a l ; d e s e n v o l v i m e n t o o r g a n i z a c i o n a l ; p s i c o l ó g i c o ; estrutural; e político ( Q u a d r o 2). A p r e s e n t a r e m o s r a p i d a m e n t e c a d a u m destes m o d e l o s f o r n e c e n d o , desta f o r m a , hipóteses q u e p o d e r i a m ser úteis p a r a e x p l i c a r o nível d e i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o e s o b r e a m a n e i r a c o m o o c o n t e x t o a g e s o b r e seu i m p a c t o . ESQUEMA 6 P r o c e s s o d e p r o d u ç ã o d e m u d a n ç a nas o r g a n i z a ç õ e s INICIAÇÃO • DIFUSÃO • ADOÇÃO —^ — Atualização l — Implantação Institucionalização —i •Abandono da inovação com substituição (Tipo I) Ex-Novação Abandono da • inovação sem ? «- ^_ 4 substituição (Tipo II) QUADRO 2 M o d e l o s d e análise d a m u d a n ç a SHEIRER (1981) PIERCE & DELBECQ CHIN & B E N N E (1976) (1977) ELMORE (1978) (1978) Empírico/ Racional MAJORE & WILDAVSKY racional Planejamento/ Controle System Management (gerenciamento de sistemas) Desenvolvimento Desenvolvimento organizacional Psicológico organizacional Psicológico Normativo/ reeducativo Estrutural Organizacional Político- Poder Poder Interação Político burocrático Econômico Evolução Processos burocráticos O Modelo Racional A perspectiva racional o u " m o d e l o d e planejamento e controle" ( M a j o n e & W i l d a v s k y , 1 9 7 8 ) r e p r e s e n t a a c o n c e p ç ã o t r a d i c i o n a l d a m u d a n ç a p l a n e j a d a nas organ i z a ç õ e s ( K u n k e l , 1 9 7 5 ) . S e g u n d o este m o d e l o , u m c o n t e x t o f a v o r á v e l a u m a i m p l a n tação suficiente d a intervenção e a otimização d o impacto esperado d e p e n d e , princip a l m e n t e , d e q u a t r o fatores: d e u m processo d e p l a n e j a m e n t o d e q u a l i d a d e , isto é, d e u m a i d e n t i f i c a ç ã o d o p r o b l e m a , d e u m a d e t e r m i n a ç ã o d a s alternativas e d e u m a e s c o lha d e s o l u ç õ e s a d e q u a d a s ; d o e x e r c í c i o d e u m c o n t r o l e h i e r á r q u i c o suficiente sobre os i n d i v í d u o s responsáveis e m i m p l a n t a r a i n t e r v e n ç ã o ( H a r r i s o n , 1 9 8 5 ; Kirkpatrick, 1 9 8 6 ) ; d e u m grau d e c o e r ê n c i a e l e v a d o e n t r e as e x p e c t i v a s d o s gestionários e m p o sição d e a u t o r i d a d e e os c o m p o r t a m e n t o s e s p e r a d o s p e l a i n t r o d u ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o ( E l m o r e , 1 9 7 8 ) ; d e u m a c o m u n i c a ç ã o a d e q u a d a d o s planos aos agentes d e i m p l a n t a ç ã o e d e u m a e l e v a d a c o n f o r m i d a d e e n t r e seus c o m p o r t a m e n t o s e as diretrizes q u e são emitidas (Harrison, 1985). N ã o h á , d o nosso c o n h e c i m e n t o , pesquisas e m p í r i c a s q u e p e r m i t i r a m testar a c a p a c i d a d e d e s t e m o d e l o e m explicar as v a r i a ç õ e s e m nível d o sucesso d a i m p l a n t a ç ã o d e m u d a n ç a s nas o r g a n i z a ç õ e s . O m o d e l o racional c o m p r e e n d e , p r o v a v e l m e n t e , v á r i o s limites q u a n d o se trata d e explicar a natureza d o s processos d e i m p l a n t a ç ã o das i n t e r v e n ç õ e s . D e f a t o , e l e negligencia o r e c o n h e c i m e n t o d a textura e d a c o m p l e x i d a d e e s s e n c i a l m e n t e social d o s m e i o s d e i m p l a n t a ç ã o . E t e n d e a mascarar as tensões o u c o n t r a d i ç õ e s q u e se a r t i c u l a m e m t o r n o d o s processos d e i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s . E m s u m a , esta p e r s p e c t i v a , m e s m o s e n d o f r e q ü e n t e m e n t e a p r e s e n t a d a c o m o u m i d e a l a ser a t i n g i d o na gestão d a s i n t e r v e n ç õ e s ( H a r r i s o n , 1 9 8 5 ) , p a r e c e só levar e m c o n t a p a r c i a l m e n t e os fatores explicativos d a i m p l a n t a ç ã o . O Modelo do Desenvolvimento Organizacional O d e s e n v o l v i m e n t o o r g a n i z a c i o n a l é relativo a u m a a b o r d a g e m a p l i c a d a d e gestão, f a v o r e c i d a n o r m a l m e n t e pelos consultores na área d a a d m i n i s t r a ç ã o ( B e c k h a r d , 1 9 6 9 ; F r e n c h , B e l l & Z a w a c k i , 1 9 7 8 ; Lippitt, 1 9 8 2 ) . Esta perspectiva p a r e c e , c o m o n o c a s o d a a b o r d a g e m r a c i o n a l , m u i t o mais n o r m a t i v a q u e analítica. O e s t u d o d e V a n d e V e n ( 1 9 8 0 a , 1 9 8 0 b ) r e p r e s e n t a u m a e x c e ç ã o , já q u e t e n d e e m p i r i c a m e n t e para os b e n e f í c i o s relativos " d e u m m o d e l o p a r t i c i p a t i v o " e m r e l a ç ã o a u m m o d e l o " a u t o r i t á r i o " d e i m p l a n t a ç ã o d e 1 4 p r o g r a m a s d e s a ú d e infantil n o Texas. Ele c o n c l u i pela s u p e r i o r i d a d e d o m o d e l o participativo q u a n d o se trata d e garantir u m a p r o b a b i l i d a d e m a i o r d e sucesso d a i m p l a n t a ç ã o . Esta a b o r d a g e m sugere q u e u m c o n t e x t o f a v o r á v e l à i m p l a n t a ç ã o se caracteriza p e l a p r e s e n ç a d e u m estilo participativo d e gestão, d e u m a d e s c e n t r a l i z a ç ã o d o s p r o cessos d e d e c i s ã o nos p r o g r a m a s d e e n r i q u e c i m e n t o d a s tarefas e d e m e c a n i s m o s q u e f a v o r e c e m u m a b o a c o m u n i c a ç ã o na o r g a n i z a ç ã o (Fullan, 1 9 7 2 ; B e r m a n , 1 9 8 0 ; G e i s , 1 9 8 5 ; Herman-Taylor, 1 9 8 5 ; G o o d m a n & K u r k e , 1 9 8 2 ) . Esta a b o r d a g e m p r o p õ e , e m s u m a , m e c a n i s m o s c o m p e n s a t ó r i o s a o c o n t r o l e h i e r á r q u i c o p r a t i c a d o nas o r g a n i z a ç õ e s para facilitar a i m p l a n t a ç ã o das i n t e r v e n ç õ e s : " O d e s e n v o l v i m e n t o o r g a n i z a c i o n a l é n o r m a t i v o d e baixo para c i m a , c o n t r á r i o à estratégia racionalista q u e é d i t a d a d e c i m a para b a i x o " (Scheirer, 1 9 8 1 : 2 7 ) . A perspectiva d o d e s e n v o l v i m e n t o organizacional enfatiza, à m a n e i r a d a e s c o l a d a s r e l a ç õ e s h u m a n a s e m t e o r i a d a s o r g a n i z a ç õ e s ( M o u z e l i s , 1 9 8 3 ) , os d i f e r e n t e s aspectos d o s c o m p o r t a m e n t o s d o s i n d i v í d u o s e m situa ç ã o d e t r a b a l h o para m a x i m i z a r a i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s e sua e f i c á c i a . O sucesso desta a b o r d a g e m d e p e n d e d a c a p a c i d a d e d e u m a o r g a n i z a ç ã o gerar u m c o n s e n s o e m t o r n o d o s objetivos perseguidos p e l a m u d a n ç a ( E l m o r e , 1 9 7 8 ) . S e g u n d o esse m o d e l o , a e l a b o r a ç ã o d e m e c a n i s m o s q u e f a v o r e c e m r e l a ç õ e s positivas e n ã o conflitantes e n t r e o s m e m b r o s d e u m a o r g a n i z a ç ã o p e r m i t e , e m p r i n c í p i o , ultrapassar as tensões q u e p o s s a m afetar a s o l i d a r i e d a d e intra-organizacional. O Modelo Psicológico A p e r s p e c t i v a psicológica (Argyris, 1 9 8 2 , 1 9 8 5 a , 1 9 8 5 b ) s o b r e a m u d a n ç a nas o r g a n i z a ç õ e s foi d e s e n v o l v i d a a partir d a literatura s o b r e as a t i t u d e s , a m u d a n ç a d a s atitudes e a r e l a ç ã o a t i t u d e s - c o m p o r t a m e n t o s (Fishbein & A j z e n , 1 9 7 5 ) . Este m o d e l o postula u m a r e l a ç ã o s e q ü e n c i a l e n t r e as c r e n ç a s , as atitudes, as i n t e n ç õ e s e os c o m p o r t a m e n t o s . C o n s e q ü e n t e m e n t e , c o n v é m l o g i c a m e n t e s u p o r q u e as atitudes e as c r e n ç a s v ã o influenciar a p r o p e n s ã o d o s i n d i v í d u o s e m a c e i t a r a i m p l a n t a ç ã o d e u m a nova intervenção. S e g u n d o a a b o r d a g e m psicológica, os indivíduos terão u m a t e n d ê n c i a a resistir à i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o apesar d a sua a d e s ã o inicial (Staw, 1 9 8 2 ) . Eles t ê m , e m geral, m o d o s c o n s e r v a d o r e s d e a ç ã o e u m a c a p a c i d a d e limitada d e se a d a p t a r às n o v a s situações ( N o r m a n , 1 9 8 5 ) . A i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o e n c o n t r a , p r o v a v e l m e n te, obstáculos importantes e necessita d a e l a b o r a ç ã o d e m e c a n i s m o s para contorná-los. D e n t r o desta p e r s p e c t i v a , u m c o n t e x t o f a v o r á v e l à i m p l a n t a ç ã o d e u m a inter¬ v e n ç ã o e à sua e f i c á c i a d e p e n d e r á e s s e n c i a l m e n t e d e três fatores, o u seja: a a u s ê n c i a d e u m intervalo e n t r e os m o d o s habituais d e a ç ã o d o s i n d i v í d u o s e as e x i g ê n c i a s d a i n t e r v e n ç ã o ; a i m p l a n t a ç ã o d e u m processo d e t r o c a e n t r e os m e m b r o s e n v o l v i d o s n a o r g a n i z a ç ã o s o b r e as d i f i c u l d a d e s e n c o n t r a d a s na i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o ; e a instauração d e m e c a n i s m o s d e reforço das n o v a s n o r m a s b u s c a d a s para a i n t e r v e n ç ã o (Staw, 1 9 8 2 ; Argyris 1985a, 1985b; Argyris, P u t n a m & McLain-Smith, 1 9 8 5 ; N o r m a n , 1985). M e s m o q u e esta a b o r d a g e m a p r e s e n t e u m atrativo c o n c e i t u a i e v i d e n t e , a p e r s p e c t i v a psicológica é f u n d a m e n t a d a e s s e n c i a l m e n t e e m u m a r e l a ç ã o h i p o t é t i c a e n t r e as atitudes e os c o m p o r t a m e n t o s , q u e p e r m a n e c e f o r t e m e n t e c o n t r o v e r t i d a ( S c h u m a n ¬ J o n h s o n , 1 9 7 6 ) . S e g u n d o esse m o d e l o , a c a p a c i d a d e d e u m a o r g a n i z a ç ã o i m p l a n t a r u m a i n t e r v e n ç ã o e f a v o r e c e r sua eficácia d e p e n d e d e m o d i f i c a ç õ e s n o s f u n d a m e n t o s c o g n i t i v o s e e m o t i v o s d a a ç ã o o r g a n i z a c i o n a l . F i n a l m e n t e , d e v e m o s l e m b r a r q u e exist e p o u c a e v i d ê n c i a e m p í r i c a s o b r e o i m p a c t o d a s resistências i n d i v i d u a i s e m r e l a ç ã o à i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o q u a n d o o c o n j u n t o d o a m b i e n t e organizacional a s u porta ( G r o s s , G i a c q u i n t a & B e r n s t e i n , 1 9 7 2 ; Scheirer, 1 9 8 1 ) . O Modelo Estrutural A a b o r d a g e m estrutural é representativa d e u m a parte i m p o r t a n t e d o s estudos realizados n a á r e a d a i m p l a n t a ç ã o há 2 0 a n o s . S e g u n d o a perspectiva estrutural, as o r g a n i z a ç õ e s q u e c o n s e g u e m implantar u m a i n t e r v e n ç ã o e q u e a p r e s e n t a m u m c o n t e x t o f a v o r á v e l à sua eficácia se distinguem das outras por t o d a u m a série d e características referentes a o s atributos organizacionais: t a m a n h o , centralização, formalização, nível d e e s p e c i a l i z a ç ã o e t c . ( B u r n s & Stalker, 1 9 6 1 ; H a g e & A i k e n , 1 9 7 0 ; P i e r c e & D e l b e c q , 1 9 7 7 ; M o o s , 1 9 8 3 ; H a g e , 1 9 8 6 ; B e n n i s , 1 9 6 6 ; T h o m p s o n , 1 9 6 5 ; H a r v e y & Mills, 1 9 7 0 ; Z a l t m a n , D u n c a n & H o l b e c k , 1 9 7 3 ) ; c o n t e x t o organizacional - incerteza a m b i e n t a l , grau d e c o m p e t i ç ã o , facilidade organizacional, grau d e u r b a n i z a ç ã o etc. ( H a r v e y & Mills, 1 9 7 0 ; P i e r c e & D e l b e c q , 1 9 7 7 ; Shortell, 1 9 8 3 ) ; e a o s atributos d o s gestionários - locus of control, a t e n ç ã o prestada à i n o v a ç ã o , o r i e n t a ç ã o c o s m o p o l i t a o u local ( T h o m p s o n , 1 9 6 5 ; Rotter, 1 9 6 6 ; Miller, 1 9 8 3 ; Shortell, 1 9 8 3 ; P i e r c e & H o l b e c q , 1977). O s e s t u d o s inscritos neste m o d e l o são e s s e n c i a l m e n t e analíticos e se d i s t a n c i a m d o a s p e c t o n o r m a t i v o d a s a b o r d a g e n s anteriores. N o e n t a n t o , os resultados destes e s t u d o s s ã o m a i s instáveis, o q u e t o r n a difícil julgar as relações e n t r e certas c a r a c t e r í s ticas estruturais e a i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s ( D o w n s & M o h r , 1 9 7 6 ) . O Modelo Político A perspectiva política d a análise d e i m p l a n t a ç ã o foi sugerida p o r vários autores ( B u r n s & Stalker, 1 9 6 1 ; W i l s o n , 1 9 6 6 ; B e c k e r & W h i s l e r , 1 9 6 7 ; H a r v e y & Mills, 1 9 7 0 ; Z m u d , M c L a u g h l i n & M i g h t , 1 9 8 4 ; R o b e y , 1 9 8 4 ; Pettigrew, 1 9 8 5 ; Barley, 1 9 8 6 ; C a r n a l l , 1 9 8 6 ; D e b e r & Leatt, 1 9 8 6 ) . O m o d e l o político é extraído, d e m o d o geral, d e u m a perspectiva crítica dialética ( B e n s o n , 1 9 8 3 ) , aberta o u natural (Scott, 1 9 8 1 ) , d e análise d a s o r g a n i z a ç õ e s . S e g u n d o esta a b o r d a g e m , a a d o ç ã o e a i m p l a n t a ç ã o d e intervenções são c o n s i d e r a d a s c o m o jogos d e p o d e r organizacional, c u j o resultado constitui u m ajust e às pressões internas e externas ( H a r r i s o n , 1 9 8 5 ; W i l s o n , 1 9 6 6 ; E l m o r e , 1 9 7 8 ; M a j o n e & W i l d a v s k y , 1 9 7 8 ; H a n s e n f e l d , 1 9 8 0 ; D y e r & Page, 1 9 8 7 ) . U m c o n t e x t o favorável à i m p l a n t a ç ã o e à eficácia d e u m a i n t e r v e n ç ã o d e p e n d e d a a b o r d a g e m política d e três fatores: d e u m s u p o r t e i m p o r t a n t e d a d o à i n t e r v e n ç ã o pelos agentes d e i m p l a n t a ç ã o ; d o e x e r c í c i o , p o r estes, d e u m c o n t r o l e s u f i c i e n t e na o r g a n i z a ç ã o p a r a estar a p t o a o p e r a c i o n a l i z a r e tornar eficaz a i n t e r v e n ç ã o ; e d e u m a forte c o e r ê n c i a e n t r e os motivos subjacentes a o s u p o r t e q u e eles d ã o à i n t e r v e n ç ã o e os objetivos q u e ali estão associad o s . A s d i f i c u l d a d e s ligadas à i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o n ã o d e p e n d e m , segundo esta a b o r d a g e m , d e u m a ineficácia d o processo d e p l a n e j a m e n t o o u d o sistema d e controle, mas sim d e interesses particulares d o s atores influentes na o r g a n i z a ç ã o . Que Abordagem Escolher para Analisar a Implantação de uma Intervenção? A literatura p r o p õ e , p o r t a n t o , c i n c o p e r s p e c t i v a s q u e l e v a m a e x p l i c a ç õ e s b e m diferentes d o s fatores q u e p o d e m facilitar o u fazer o b s t á c u l o à i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o e à sua e f i c á c i a . C a d a u m destes m o d e l o s sugere u m a d e f i n i ç ã o particular dos elementos contextuais q u e p o d e m influenciar a implantação. V e m o s , todavia, c o m o insuficiente o caráter n o r m a t i v o d a s a b o r d a g e n s r a c i o n a i s e d e d e s e n v o l v i m e n t o organizacional. C o n h e c e m o s p o u c o , t a m b é m , da relação criada pelo m o d e l o psicológico e n t r e as resistências i n d i v i d u a i s e a c a p a c i d a d e d e u m a o r g a n i z a ç ã o e m i m p l a n t a r u m a i n t e r v e n ç ã o . A l é m d o m a i s , os resultados d e e s t u d o s f u n d a d o s n o m o d e l o e s t r u tural se r e v e l a r a m m u i t a s v e z e s c o n t r a d i t ó r i o s . O m o d e l o político foi s u g e r i d o c o m o o b j e t i v o d e c o n t r i b u i r para u m a m e l h o r c o m p r e e n s ã o d o s processos d e i m p l a n t a ç ã o . O Q u a d r o 3 a p r e s e n t a , para c a d a u m d o s m o d e l o s , o t i p o d e d ú v i d a q u e e l e s suscitam para explicar o grau d e i m p l a n t a ç ã o e os efeitos d a s i n t e r v e n ç õ e s . Esta reflexão s o b r e os diferentes m o d e l o s d e i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s nos leva a f o r m u l a r u m m o d e lo político e c o n t i n g e n t e (Figura 1) q u e se inspira nas a b o r d a g e n s política e estrutural definidas a n t e r i o r m e n t e . S e g u n d o este m o d e l o , a o r g a n i z a ç ã o é u m a a r e n a política n o interior d a q u a l os atores p e r s e g u e m estratégias d i f e r e n t e s . N o e n t a n t o , o b j e t i v o s particulares são associados à i n t e r v e n ç ã o q u e p r o c u r a m o s implantar. O s d i f e r e n t e s atores o r g a n i z a c i o n a i s p o d e m a p o i a r a i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o se v i r e m nela u m m e i o d e a t u a l i z a ç ã o d e suas estratégias f u n d a m e n tais. O a p o i o d a d o p e l o s atores às características e a o s o b j e t i v o s a s s o c i a d o s a i n t e r v e n ç ã o se t r a d u z e m u m c o n j u n t o d e estratégias d e r e a ç ã o a i n t e r v e n ç ã o q u e i n t e r a g e m d e n t r o d e u m a distribuição particular d o p o d e r n a o r g a n i z a ç ã o . O nível d e a t u a l i z a ç ã o das estratégias d o s atores d e p e n d e d o s e u grau d e c o n t r o l e d a s bases d e p o d e r n a o r g a n i z a ç ã o . O nível d e a l c a n c e d o s o b j e t i v o s associados à i n t e r v e n ç ã o d e p e n d e d o a p o i o d o s atores d o m i n a n t e s a esses objetivos. F i n a l m e n t e , o s a t o r e s d e v e m levar e m c o n s i d e r a ç ã o , n a b u s c a d e suas estratégias respectivas, as características estruturais d a o r g a n i z a ç ã o n o d e c o r r e r d o processo d e i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . S e g u n d o este m o d e l o , o processo d e implantação d e u m a intervenção d e v e , antes d e t u d o , ser a b o r d a d o segundo u m a perspectiva política. Ele sofre, todavia, as pressões d e caráter estrutural, isto é, as características estruturais d e u m a organização q u e f u n c i o n a m e m sinergia o u e m antagonismo na atualização das estratégias d o s atores. Este m o d e l o visa, e m s u m a , definir os d e t e r m i n a n t e s c o n t e x t u a i s d o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s o u d e sua e f i c á c i a . Ele p r o p õ e u m q u a d r o c o n c e i t u a i q u e p o d e ser utilizado para realizar os c o m p o n e n t e s 1 e 3 d a a n á l i s e d a i m p l a n t a ç ã o . QUADRO 3 C a r a c t e r í s t i c a s c o n t e x t u a i s q u e p o d e m influenciar o s efeitos e o grau d e i m p l a n t a ç ã o s e g u n d o os d i f e r e n t e s m o d e l o s d e análise d a s m u d a n ç a s MODELO INFLUENCIA NO G R A U INFLUÊNCIA NOS E F E I T O S D E IMPLANTAÇÃO OBSERVADOS Racional (controle, O s comportamentos dos diri- O s comportamentos dos diri- hierarquia) gentes facilitam a Implantação gentes facilitam o alcance dos da Intervenção? objetivos buscados para a Intervenção? O conteúdo da Intervenção é O s agentes de Implantação transmitido corretamente aos adotam comportamentos ne- agentes de Implantação? cessários para o alcance dos objetivos perseguidos pela Intervenção? Existem mecanismos que per- Existem mecanismos que mitem acompanhar a Implanta- permitem ajustar os compor- ção da Intervenção? tamentos dos agentes de Implantação para alcançar os objetivos visados pela Intervenção? Desenvolvimento O s agentes de Implantação O s agentes de Implantação têm organizacional (partici- possuem habilidades necessári- habilidades suscetíveis de favo- pação, consenso, a s à Implantação da Interven- recer o alcance dos objetivos adaptação) ção? da Intervenção? O s agentes de Implantação O s agentes evoluem em um evoluem em um contexto de contexto de trabalho favorável trabalho favorável à Implantação ao alcance dos objetivos da da Intervenção? Intervenção? O s agentes de Implantação en- Há consenso entre os agentes tenderam a informação necessᬠde Implantação sobre os objeti- ria à Implantação da Intervenção? vos visados pela Intervenção? Há consenso entre os agentes de Implantação sobre os diferentes componentes da Intervenção? MODELO INFLUÊNCIA NO G R A U INFLUÊNCIA N O S E F E I T O S D E IMPLANTAÇÃO OBSERVADOS Psicológico (atitu- Há resistência por parte dos O s postulados que regem o des, crenças, indivíduos ou dos grupos à comportamento dos indivíduos comportamentos, implantação das Intervenções? ou dos grupos na organização resistência) são favoráveis ao alcance dos O s postulados que regem o objetivos da Intervenção? comportamento dos indivíduos ou dos grupos na organização E m que a s experiências acu- são favoráveis a uma implanta- muladas na organização ção da Intrevenção? favorecem o alcance dos objetivos visados pela Inter- Por que as experiências acumu- venção? ladas na organização favorecem ou limitam a Implantação da Intervenção? Estrutural (atributos As características dos As características dos organizacionais, atribu- gestionários, do ambiente e da gestionários, do ambiente e da tos dos gestionários, organização favorecem a Im- organização favorecem o alcan- características do plantação da Intervenção? ce dos objetivos visados pela ambiente) Intervenção? Político (atores, confli- As relações entre atores são E m que a s estratégias dos tos, poder, estratégia) modificadas pela Implantação atores favorecem ou s e opõem da Intervenção? ao alcance dos objetivos visados pela Intervenção? E m que as estratégias dos atores se opõem ou favorecem E m que a s estratégias dos a Implantação da Intervenção? atores que controlam a s bases O s atores que controlam as favoráveis ao alcance dos obje- bases de poder na organização tivos visados pela Intervenção? e poder na organização são são favoráveis à Implantação da Intervenção? FIGURA 1 U m m o d e l o p o l í t i c o e c o n t i n g e n t e d e análise d a I m p l a n t a ç ã o d a s I n t e r v e n ç õ e s CONTEXTOS E ATRIBUTOS ESTRUTURAIS Interesses Objetivos E.F.* dos atores Apoio da Intervenção como meio de atualização das E.F. dos atores Centralidade das características da intervenção com E.F. dos atores Conformidade das E.F. dos atores como os objetivos da Intervenção Objetivos associados à Intervenção Interação das estratégias de reação à Intervenção em uma ordem estrutural e uma distribuição definida de bases do poder Apoio dos objetivos da Intervenção Nível de expectativa das E.F. dos atores Atualização das E.F. dos atores que exercem controles importantes na organização 1 I Nível de implantação da Intervenção e de alcance de seus objetivos *E.F.: Estratégias fundamentais CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS PARA A ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO: DESCRIÇÃO E EXEMPLOS Três t i p o s d e estratégias d e pesquisa são p r o p í c i o s à análise d e i m p l a n t a ç ã o : o estudo d e caso, o estudo comparativo e a experimentação. A apresentação d e cada u m a destas estratégias d e pesquisa é seguida d e u m e x e m p l o . U m a a t e n ç ã o m a i o r é d a d a à d i s c u s s ã o d o e s t u d o d e c a s o , já q u e e l a p a r e c e ser u m a estratégia d e pesquisa p a r t i c u l a r m e n t e útil p a r a c o n d u z i r este t i p o d e a v a l i a ç ã o . Estudo de Caso D e u m m o d o geral, o e s t u d o d e c a s o é d e f i n i d o c o m o a investigação e m p í r i c a d e u m f e n ô m e n o q u e p o d e d i f i c i l m e n t e ser isolado o u d i s s o c i a d o d o seu c o n t e x t o ( Y i n , 1 9 8 4 ) . P o r e x e m p l o , esta estratégia d e v e ser privilegiada q u a n d o for difícil d i f e r e n c i a r o s efeitos p r o d u z i d o s p o r u m a i n t e r v e n ç ã o d o s q u e p o d e m ser atribuídos às características d o m e i o d e i m p l a n t a ç ã o (Yin, 1 9 8 1 a; P a t t o n , 1 9 8 0 ; D o r r - B r e n n e , 1986). Ela p r o c u r a e s t u d a r o c o n j u n t o d a s v a r i a ç õ e s intra-sistema (Lipset, T r o w & C o l e m a n , 1 9 5 7 ) , isto é , as v a r i a ç õ e s q u e se p r o d u z e m n a t u r a l m e n t e e m u m d a d o m e i o ( G u b a & Lincoln, 1981). O e s t u d o d e c a s o é u m a estratégia n a q u a l o p e s q u i s a d o r d e c i d e t r a b a l h a r sobre u m a q u a n t i d a d e m u i t o p e q u e n a d e u n i d a d e s d e análise. A o b s e r v a ç ã o é feita n o interior d e c a d a c a s o . A p o t ê n c i a explicativa desta estratégia se a p ó i a na c o e r ê n c i a d a estrutura d a s relações e n t r e os c o m p o n e n t e s d o c a s o , assim c o m o na c o e r ê n c i a d a s v a r i a ç õ e s destas r e l a ç õ e s n o t e m p o . A p o t ê n c i a explicativa d e c o r r e , p o r t a n t o , d a p r o f u n d i d a d e d a análise d o c a s o e n ã o d o n ú m e r o d e u n i d a d e s . Validade dos Estudos de Caso Validade interna dos estudos de caso D e m o d o geral, a v a l i d a d e interna d e u m e s t u d o se baseia n o grau d e s e g u r a n ç a c o m o q u a l p o d e m o s e s t a b e l e c e r u m a ligação d e c a u s a l i d a d e e n t r e d o i s c o n j u n t o s d e variáveis i n d e p e n d e n t e s e d e p e n d e n t e s ( C a m p b e l l & Stanley, 1 9 6 6 ; C o o k & C a m p b e l l , 1 9 7 9 ) . M a i s p r e c i s a m e n t e , a v a l i d a d e interna d o e s t u d o d e p e n d e d a c a p a c i d a d e d o p e s q u i s a d o r d e m i n i m i z a r a p r e s e n ç a d e viéses q u e c o m p r o m e t e m a e x a t i d ã o d a s conclusões d e u m a pesquisa. 1 A v a l i d a d e interna d e u m e s t u d o d e c a s o d e p e n d e d e d o i s fatores: a q u a l i d a d e e a c o m p l e x i d a d e d a articulação teórica subjacente a o estudo; e a a d e q u a ç ã o entre o m o d o d e análise escolhido e o m o d e l o teórico (Yin, 1984). Vários autores ( C a m p b e l l , 1 9 7 5 ; Y i n , 1 9 8 1 a, 1 9 8 1 b, 1 9 8 4 ) r e c o n h e c e m o q u a n t o a v a l i d a d e i n t e r n a d o s e s t u d o s d e casos se a p ó i a n o recurso a propostas t e ó r i c a s formais. A a d o ç ã o d e u m m o d e l o teórico, no estudo d e caso, t e m u m papel análogo aos graus d e l i b e r d a d e e m a n á l i s e estatística ( C a m p b e l l , 1 9 7 5 ) . D e fato, estas p r o p o s t a s c o m p e n s a m o p r o b l e m a i n e r e n t e a essa estratégia d e pesquisa, seja o d e u m n ú m e r o d e variáveis q u e e x c e d e f o r t e m e n t e o n ú m e r o d e p o n t o s d e o b s e r v a ç ã o ( Y i n , 1 9 8 1 a , 1 9 8 4 ) . É o grau d e c o n f o r m i d a d e e n t r e u m c o n j u n t o d e p r o p o s i ç õ e s t e ó r i c a s d e r i v a d o d e u m m e s m o m o d e l o e a r e a l i d a d e e m p í r i c a o b s e r v a d a q u e p e r m i t e fazer u m j u l g a mento sobre o valor explicativo deste. C o m o v i m o s a n t e r i o r m e n t e , a v a l i d a d e interna d e u m e s t u d o d e c a s o d e p e n d e t a m b é m d a a d e q u a ç ã o e n t r e o m o d o d e análise e s c o l h i d o e o m o d e l o t e ó r i c o . Y i n ( 1 9 8 4 ) p r o p õ e três estratégias d e análise d o s e s t u d o s d e c a s o : o p a r e a m e n t o d e u m m o d e l o , o d e s e n v o l v i m e n t o d e u m a e x p l i c a ç ã o e a série t e m p o r a l . O p a r e a m e n t o d e u m m o d e l o supõe a c o m p a r a ç ã o d e u m a configuração prévia c o m u m a configuração e m p í r i c a o b s e r v a d a . Esta estratégia d e análise se d i v i d e e m d u a s a b o r d a g e n s . O 1 mo¬ As obras bem conhecidas de CAMPBELL & STANLEY (1966) e de COOK & CAMPBELL (1979) apresentam as diferentes ameaças à validade interna e externa de um estudo. A consulta destas obras permitirá ao leitor abordar com mais segurança a questão da validade de uma pesquisa. d e l o t e ó r i c o c o n s t r u í d o p o d e servir para p r e v e r os i m p a c t o s variáveis d e u m a i n t e r v e n ç ã o . Trata-se a q u i d o p a r e a m e n t o d e u m m o d e l o d o t i p o variáveis d e p e n d e n t e s n ã o ¬ e q u i v a l e n t e s . O interesse desta estratégia, por e x e m p l o para a análise d a i n t e r a ç ã o ( c o m p o n e n t e 3 d a a n á l i s e d e i m p l a n t a ç ã o ) , é o d e f o r m u l a r previsões sobre os efeitos v a r i á v e i s p r o d u z i d o s p o r u m a i n t e r v e n ç ã o introduzida e m c o n t e x t o s diferentes. O r e c u r s o a u m a r e d e d e e x p l i c a ç õ e s rivais representa o o u t r o t i p o d e análise p o r p a r e a m e n t o d e u m m o d e l o . Esta a b o r d a g e m se apóia na f o r m u l a ç ã o d e vários m o d e l o s para e x p l i c a r os resultados o b t i d o s a p ó s a i n t r o d u ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o d e n t r o d e u m o u v á r i o s casos. Estes m o d e l o s o u c o n j u n t o s d e variáveis i n d e p e n d e n t e s c o n s t i t u e m e n t i d a d e s t e ó r i c a s b e m distintas u m a d a s outras. A a b o r d a g e m por e x p l i c a ç õ e s rivais visa à d e f i n i ç ã o d o m o d e l o e x p l i c a t i v o m a i s a p r o p r i a d o a n t e os efeitos p r o d u z i d o s p o r u m a i n t e r v e n ç ã o o u a o s e u grau d e i m p l a n t a ç ã o . O d e s e n v o l v i m e n t o d e u m a e x p l i c a ç ã o se refere a u m a a b o r d a g e m e s s e n c i a l m e n t e interativa ( Y i n , 1 9 8 4 ) . A a b o r d a g e m p a r e c e c o m a pesquisa naturalística d e s e n v o l v i d a p o r L i n c o l n & G u b a ( 1 9 8 5 ) e c o m os princípios d e c o n s t r u ç ã o d a s teorias trazidas p o r G l a z e r & Strauss ( 1 9 6 7 ) . O p e s q u i s a d o r e n c a i x a os d a d o s já existentes e m u m a s i t u a ç ã o o u u m c a s o e e l a b o r a , c o m a a j u d a d e u m c o n j u n t o d e teorias, a e x p l i c a ç ã o m a i s a d e q u a d a a o f e n ô m e n o . Esta a b o r d a g e m é exigente e difícil, pois necessita u m c o n h e c i m e n t o a p r o f u n d a d o d a s d i f e r e n t e s c o r r e n t e s t e ó r i c a s q u e p o d e m levar a u m a e x p l i c a ç ã o ó t i m a d o f e n ô m e n o . Ela p e d e t a m b é m q u e se e s t u d e várias v e z e s os d a d o s , d e f o r m a a garantir u m a c o n f r o n t a ç ã o suficiente d a s diferentes c o r r e n t e s t e ó r i cas c o m a r e a l i d a d e e m p í r i c a . A a b o r d a g e m das séries t e m p o r a i s consiste e m formular previsões sobre a e v o l u ç ã o neste t i p o d e f e n ô m e n o (Yin, 1 9 8 4 ) . Por e x e m p l o , n o caso d e análise das variações na i n t e r v e n ç ã o ( c o m p o n e n t e 2 d a análise d a i m p l a n t a ç ã o ) , o pesquisador p o d e q u e r e r p r e v e r vários níveis d e i m p a c t o d e u m programa e m v i r t u d e d a p r o d u ç ã o mais o u m e nos c o m p l e t a d e u m a série d e a c o n t e c i m e n t o s (atividades o u c o m p o n e n t e s d o program a ) . Trata-se, e m s u m a , d e p r o p o r h i p o t e t i c a m e n t e u m c e n á r i o d e a c o n t e c i m e n t o s q u e explica a t e n d ê n c i a o u a e v o l u ç ã o d o s efeitos p r o d u z i d o s por u m a i n t e r v e n ç ã o . Estes v á r i o s m o d o s d e análise d o s estudos d e c a s o p o d e m ser utilizados c o n j u n t a m e n t e e m u m a pesquisa. O recurso a séries t e m p o r a i s p o d e ser c o m b i n a d o c o m propostas t e ó r i c a s q u e ultrapassam a p r e v i s ã o d e t e n d ê n c i a s e m p í r i c a s . A e s c o l h a d e u m m é t o d o d e análise está ligada i n t i m a m e n t e a o q u a d r o t e ó r i c o f o r m u l a d o antes d e e m p r e e n d e r - s e o e s t u d o d e c a s o . Ele reflete a estratégia utilizada para garantir q u e o m o d e l o t e ó r i c o e m q u e s t ã o passe p o r u m teste s u f i c i e n t e m e n t e rigoroso. Validade de construção dos estudos de caso A v a l i d a d e d e c o n s t r u ç ã o d e u m a pesquisa se apóia n o grau d e c e r t e z a c o m o q u a l p o d e m o s tirar c o n c l u s õ e s s o b r e as c o n s t r u ç õ e s t e ó r i c a s e m q u e s t ã o , a partir d a s m e d i d a s e o p e r a ç õ e s utilizadas ( C o o k , C o o k & M a r k , 1 9 8 2 ) . Ela d i z respeito à c a p a c i d a d e d o s i n d i c a d o r e s e s c o l h i d o s d e m e d i r c o r r e t a m e n t e os c o n c e i t o s o u c o n s t r u ç õ e s q u e nos interessam (Bagozzi & Philips, 1 9 8 2 ) . U m a baixa v a l i d a d e d e c o n s t r u ç ã o r e trata u m a c o r r e s p o n d ê n c i a limitada e n t r e u m a estratégia d e m e d i d a e os c o n c e i t o s a q u e se r e f e r e , m i n i m i z a n d o assim as repercussões teóricas d e u m a pesquisa. A validade d e construção é quase sempre percebida c o m o u m ponto fraco dos estudos d e c a s o ( Y i n , 1 9 8 4 ) . V á r i a s atitudes p o d e m ser t o m a d a s para m i n i m i z a r os riscos d e u m a baixa v a l i d a d e d e c o n s t r u ç ã o . É i m p o r t a n t e definir b e m , n o início d e u m e s t u d o , os p r o c e d i m e n t o s q u e q u e r e m o s observar. Estes p r o c e d i m e n t o s s o m e n t e são b e m - d e f i n i d o s se f o r e m c o e r e n t e s c o m os o b j e t i v o s t e ó r i c o s b u s c a d o s . P o r e x e m p l o , u m a pesquisa s o b r e a i m p l a n t a ç ã o d e u m p r o g r a m a d e p r e v e n ç ã o d a t o x i c o m a n i a n o s a d o l e s c e n t e s e m m e i o escolar exige a d e f i n i ç ã o , a priori, do conjunto dos procedi- m e n t o s q u e d e v e m o s o b s e r v a r para c o n h e c e r os fatores d e t e r m i n a n t e s d o grau d e i m p l a n t a ç ã o . S e n o s interessamos a c e r c a d a i n f l u ê n c i a d a r e a ç ã o d e d i f e r e n t e s instituiç õ e s escolares e m r e l a ç ã o a o p r o g r a m a s o b r e o processo d e i m p l a n t a ç ã o , d e v e r e m o s definir, a priori, os d i f e r e n t e s c o n t e x t o s q u e p e r m i t e m c a p t a r essa r e a ç ã o e as m e d i d a s o p e r a c i o n a i s a p r o p r i a d a s . N e s t e s casos, a r e a ç ã o d o m e i o p o d e ser d e f i n i d a e m f u n ç ã o d o v o l u m e d e i n f o r m a ç ã o d i v u l g a d o s o b r e o p r o g r a m a a o s d i f e r e n t e s agentes escolares, d o t e m p o d e f o r m a ç ã o c o n c e d i d o , d a a m p l i t u d e d o s recursos d e s i g n a d o s para o p r o g r a m a , d a a t e n ç ã o prestada pelos dirigentes d a s o r g a n i z a ç õ e s e n v o l v i d a s na e v o l u ç ã o d o p r o g r a m a . . . e , a i n d a , é necessário especificar o t i p o e a f o n t e d o s d a d o s a s e r e m r e c o l h i d o s para m e d i r as diferentes d i m e n s õ e s a d o t a d a s n o c o n c e i t o m a i s geral d e reação das organizações. R e c o r r e r a múltiplas fontes d e d a d o s p o d e c o n t r i b u i r para a u m e n t a r a v a l i d a d e d e c o n s t r u ç ã o d e u m e s t u d o d e caso ( Y i n , 1 9 8 4 ) . Trata-se d e verificar a q u i se h á c o n v e r g ê n c i a d e várias fontes d e d a d o s q u e m e d e m u m m e s m o c o n c e i t o . O postulad o é q u e o uso d e fontes múltiplas d e d a d o s p e r m i t e u m c o n t r o l e d e d i f e r e n t e s f o n t e s d e erros e u m a m e l h o r r e p r e s e n t a ç ã o d o p r o c e d i m e n t o e s t u d a d o . N o m o m e n t o d e medir a reação d e u m a organização no exemplo citado antes, poderíamos c o m p a r a r d a d o s o b t i d o s d e entrevistas c o m o registro d e a t i v i d a d e s d o p r o g r a m a m a n t i d o p e l o s responsáveis p o r sua i m p l a n t a ç ã o . U m a outra estratégia para a u m e n t a r a v a l i d a d e d e c o n s t r u ç ã o d o s e s t u d o s d e casos consiste e m d e s e n v o l v e r a o longo d a coleta d e d a d o s u m a c a d e i a d e e v i d ê n c i a s (Yin, 1 9 8 4 ) . C o n c r e t a m e n t e , isto s u p õ e traçar ligações lógicas e n t r e d i f e r e n t e s o b s e r v a ç õ e s , d e m o d o a d e s c r e v e r o p r o c e d i m e n t o e s t u d a d o . Para o p r o g r a m a d e p r e v e n ç ã o d a t o x i c o m a n i a , p o d e tratar-se d e levantar e m p i r i c a m e n t e as d i f e r e n t e s e t a p a s q u e p e r m i t i r a m d e t e r m i n a r a natureza d a r e a ç ã o d o s d i f e r e n t e s m e i o s . A v a l i d a d e d e c o n s t r u ç ã o será a u m e n t a d a se p u d e r m o s d e s c r e v e r os e l e m e n t o s e m p í r i c o s q u e l e v a r a m a u m a i n t e r p r e t a ç ã o particular d o s fatos. A v a l i d a d e d e c o n s t r u ç ã o d e u m estudo d e caso p o d e ser t a m b é m a u m e n t a d a se s u b m e t e r m o s o relatório d e pesquisa a informantes-chave (Yin, 1 9 8 4 ) . Estes revisores d o m e i o p o d e m se o p o r às interpretações e conclusões d e u m estudo, mas d e v e m estar d e a c o r d o c o m o material q u e serve à sua f o r m u l a ç ã o . E m s u m a , eles d e v e m r e c o n h e c e r a existência d e a c o n t e c i m e n t o s e m p í r i c o s na base d o caso. A v a l i d a d e d e construção d e u m e s t u d o d e c a s o se d e s e n v o l v e , p o r t a n t o , p r i n c i p a l m e n t e e m n í v e l d a estratégia d e c o l e t a d e d a d o s (estratégia d e m e d i d a das variáveis). U m j u l g a m e n t o p o d e , e n t r e t a n t o , ser feito sobre o grau d e v a l i d a d e d e construção d e u m estudo d e casos, permitindo a u m o u mais informantes o p i n a r sobre a v e r a c i d a d e d o s fatos e p r o c e d i m e n t o s observad o s a o longo d a pesquisa. Validade externa dos estudos d e caso A questão d a v a l i d a d e externa dos estudos d e caso é t a m b é m vista f r e q ü e n t e m e n t e c o m o u m e l e m e n t o p r o b l e m á t i c o desta estratégia d e pesquisa. A fonte desta crítica se apóia e m u m c o n c e i t o m u i t o d i f u n d i d o , p o r é m e r r ô n e o , das c o n d i ç õ e s d e generaliza- ç ã o n o q u a d r o d o s estudos d e caso. A v a l i d a d e externa desta estratégia d e pesquisa n ã o d e p e n d e d a o b s e r v a ç ã o exaustiva d e u m c o n j u n t o diversificado d e e l e m e n t o s , isto é , d e vários casos c o m características diferentes (Yin, 1 9 8 4 ) . Esta d e f i n i ç ã o d a generalização se apóia e m u m a lógica d e a m o s t r a g e m o n d e o pesquisador d e v e parar a o atingir u m c o n j u n t o representativo d e e l e m e n t o s , para p o d e r generalizar os resultados para u m a p o p u l a ç ã o teórica d e f i n i d a a n t e r i o r m e n t e (generalização estatística). O e s t u d o d e c a s o visa p a r t i c u l a r m e n t e a u m a g e n e r a l i z a ç ã o analítica. Esta form a d e g e n e r a l i z a ç ã o se f u n d a m e n t a n o c o n f r o n t o d a c o n f i g u r a ç ã o e m p í r i c a d e vários c a s o s similares a u m q u a d r o t e ó r i c o particular, para verificar se h á réplica d o s resultad o s d e u m c a s o para o o u t r o . A v a l i d a d e externa desta estratégia d e pesquisa se b a seia, p o r t a n t o , e s s e n c i a l m e n t e na r e a l i z a ç ã o d e estudos d e casos múltiplos ( Y i n , 1 9 8 4 ) . Para Y i n ( 1 9 8 4 ) , n ã o p o d e m o s falar d e v a l i d a d e e x t e r n a d e u m e s t u d o d e caso ú n i c o . O u t r o s autores ( G u b a , 1 9 8 1 ; Kennedy, 1 9 7 9 ; Lincoln & G u b a , 1985) preferem n ã o discutir a v a l i d a d e e x t e r n a desta estratégia d e pesquisa. S e g u n d o eles, é mais c o r r e t o falar d e f a c i l i d a d e c o m a q u a l p o d e m o s transferir (transferability) u m programa e m o u t r o s m e i o s . A análise e m p r o f u n d i d a d e d a d i n â m i c a o p e r a c i o n a l d e u m program a sugere a i m p o r t â n c i a d e certas v a r i á v e i s contextuais para facilitar o a l c a n c e d o s resultados e s p e r a d o s d e u m a i n t e r v e n ç ã o . O c o n h e c i m e n t o destes fatores contextuais leva a fazer u m j u l g a m e n t o s o b r e a eficácia p r o v á v e l d e u m a g e n e r a l i z a ç ã o d o program a . N e s t e c o n t e x t o , u m e s t u d o d e c a s o ú n i c o p o d e r i a representar u m c e r t o potencial d e generalização. Y i n ( 1 9 8 4 ) distingue q u a t r o d e s e n h o s q u e p o d e m ser utilizados nesta estratégia d e pesquisa: • C a s o ú n i c o (análise holística). • C a s o ú n i c o c o m níveis d e análise i m b r i c a d o s . • C a s o s múltiplos c o m u m só nível d e análise. • C a s o s múltiplos c o m vários níveis d e análise i m b r i c a d o s . Estes d e s e n h o s m o s t r a m u m a d i s t i n ç ã o f u n d a m e n t a l e n t r e o e s t u d o d e c a s o ú n i c o e o e s t u d o d e c a s o m ú l t i p l o . Estes dois tipos d e e s t u d o s d e c a s o p o d e m e n v o l v e r u m o u vários níveis d e análise. Q u a n d o o e s t u d o d e c a s o ú n i c o o u m ú l t i p l o se articula e m t o r n o d e u m ú n i c o nível d e análise, e l e e s t u d a e m p r o f u n d i d a d e u m a s i t u a ç ã o o u f e n ô m e n o , s e m definir d i f e r e n t e s níveis d e e x p l i c a ç ã o a o s p r o c e d i m e n t o s q u e s ã o o b s e r v a d o s . E l e leva a d e s c r e v e r e a explicar d e m o d o global a d i n â m i c a d e u m a o u várias o r g a n i z a ç õ e s o u f u n c i o n a m e n t o d e p r o g r a m a s s e m d a r a t e n ç ã o a o s c o m p o n e n tes específicos q u e e s t r u t u r a m o o b j e t i v o d e e s t u d o . Q u a n d o o p e s q u i s a d o r se apóia e m vários níveis d e a n á l i s e , e l e se interessa pelos d i f e r e n t e s níveis d e e x p l i c a ç ã o d e u m f e n ô m e n o . A d e f i n i ç ã o d o s níveis d e a n á lise d e v e ser feita c o m a j u d a d a teoria s u b j a c e n t e à pesquisa. R e c o r r e r a v á r i o s níveis d e análise p e r m i t e , muitas v e z e s , d e s e n v o l v e r u m o u vários casos q u e m e l h o r r e s p o n d a m à pergunta d e pesquisa. Por e x e m p l o , o e s t u d o d a e v o l u ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o p o d e ser feito e m r e l a ç ã o a o m e s m o t e m p o d a s r e a ç õ e s d o s p r e s t a d o r e s d e serviços ( p r i m e i r o nível d e análise) e d o s c o m p o r t a m e n t o s d a s o r g a n i z a ç õ e s ( s e g u n d o nível d e análise) e n v o l v i d a s neste e s t u d o . Estudo de caso único O e s t u d o d e c a s o ú n i c o c o m o u s e m níveis d e a n á l i s e i m b r i c a d o s se limita à análise e m p r o f u n d i d a d e d e u m f e n ô m e n o e m u m só m e i o . Ele se i m p õ e , o m i t i n d o o s casos d e l i m i t a ç ã o d e d e s p e s a e t e m p o , e m três c i r c u n s t â n c i a s . Este d e s e n h o é útil p r i m e i r a m e n t e à a v a l i a ç ã o d e u m a teoria b e m - e s t r u t u r a d a . Trata-se, nesta s i t u a ç ã o , d e u m e s t u d o d e c a s o ú n i c o , d o t i p o crítico, o n d e o p e s q u i s a d o r c o n f r o n t a u m m o d e l o t e ó r i c o b e m - d e s e n v o l v i d o c o m u m a r e a l i d a d e e m p í r i c a . Por e x e m p l o , u m m o d e l o d e análise d a m u d a n ç a nas o r g a n i z a ç õ e s p o d e ser posto à p r o v a o b s e r v a n d o - s e o p r o c e s so d e i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . S e g u n d o Patton ( 1 9 8 0 ) , este t i p o d e e s t u d o d e c a s o ú n i c o o f e r e c e u m p o t e n c i a l e l e v a d o d e " g e n e r a l i z a ç ã o l ó g i c a " , isto é , as c o n c l u sões d e u m a tal pesquisa p o d e r ã o e v e n t u a l m e n t e servir p a r a e x p l i c a r u m g r a n d e n ú m e r o d e situações a n á l o g a s . N o e n t a n t o , o e s t u d o d e c a s o ú n i c o d o t i p o crítico p o d e d e s a p o n t a r se a e s c o l h a d o c a s o n ã o for sensata e c o n s e q ü e n t e m e n t e n ã o r e p r e s e n t a r u m a a v a l i a ç ã o rigorosa e i n f o r m a t i v a d a t e o r i a ( Y i n , 1 9 8 4 ) . Justifica-se recorrer a o c a s o ú n i c o t a m b é m a o se e s t u d a r u m f e n ô m e n o de baixa i n c i d ê n c i a . O e s t u d o d e casos e x t r e m o s o u raros p o d e c o n t r i b u i r m u i t o para o d e s e n v o l v i m e n t o d e u m a disciplina ( Y i n , 1 9 8 4 ) . O e s t u d o e m p r o f u n d i d a d e d e u m p r o g r a m a q u e a p r e s e n t e resultados i n e s p e r a d o s o u q u e se a p ó i a e m a b o r d a g e n s i n o v a d o r a s d e i n t e r v e n ç ã o p o d e p r o d u z i r i n f o r m a ç õ e s interessantes s o b r e as c o n d i ç õ e s d e e f i c á c i a d e u m t r a t a m e n t o ( P a t t o n , 1 9 8 0 ) . O e s t u d o d e c a s o ú n i c o p o d e servir t a m b é m para e s t i m u l a r o interesse para u m n o v o t i p o d e p r o b l e m a ( Y i n , 1 9 8 4 ) . P o d e tratar-se, na á r e a d a análise d a i m p l a n t a ç ã o , d o e s t u d o d o f u n c i o n a m e n t o d e u m programa q u e envolve u m a problemática pouco desenvolvida, c o m o a prevenção do s u i c í d i o nos j o v e n s o u os p r o g r a m a s d e desinstitucionalização d o s deficientes mentais. F a l a r e m o s a q u i d o e s t u d o d e c a s o ú n i c o d o t i p o revelador. O e s t u d o d e c a s o ú n i c o , d o t i p o crítico, e x t r e m o o u revelador, p o d e articular-se e m t o r n o d e u m o u vários níveis d e análise. O e s t u d o d e caso ú n i c o o f e r e c e , se for b e m - c o n s t r u í d o , u m p o t e n c i a l e l e v a d o d e v a l i d a d e interna ( L e c o m t e & G o e t z , 1 9 8 2 ) . A o b s e r v a ç ã o d e u m a ú n i c a s i t u a ç ã o c o m p r o m e t e o u limita, t o d a v i a , a v a l i d a d e externa desta a b o r d a g e m , s e g u n d o Y i n ( 1 9 8 4 ) . Para Patton ( 1 9 8 0 ) , a a v a l i a ç ã o rigorosa d e u m m o d e l o t e ó r i c o p e l o e s t u d o e m p r o f u n d i d a d e d e u m só caso p o d e apresentar u m p o t e n c i a l i m p o r t a n t e d e g e n e r a l i z a ç ã o lógica. A r e a l i z a ç ã o d e u m e s t u d o d e caso múltiplo p e r m i t e , o p e r a n d o s e g u n d o u m a lógica d e réplica, generalizar c o m mais c o n f i a n ç a os resultados d e u m a pesquisa ( Y i n , 1 9 8 4 ) . D e fato, se c o n s t a t a r m o s e n t r e vários casos similares a r e p r o d u ç ã o d e u m m e s m o processo é p r o v á v e l q u e este retrate d e m o d o mais exaustivo a realidade operacional d e u m a i n t e r v e n ç ã o . N o e n t a n t o , esta estratégia d e pesquisa p o d e se revelar p a r t i c u l a r m e n t e e x i g e n t e c o m r e l a ç ã o a o s recursos f i n a n c e i r o s e h u m a n o s . L a n ç a r m ã o d o recurso d a réplica obriga a se c o n s i d e r a r c a d a u m d o s casos c o m o u m a e n t i d a d e ú n i c a s u b m e t i d a a u m a análise particular e s e q ü e n c i a l . N a realiz a ç ã o d e u m e s t u d o d e c a s o m ú l t i p l o , c a d a m e i o é a n a l i s a d o s e m agregar os d a d o s o b t i d o s d o s d i f e r e n t e s casos. C a d a u m d o s casos e s t u d a d o s p o d e se articular e m t o r n o d e u m o u vários níveis d e análise. Exemplo 1 A p ó s u m a c o r d o e n t r e o M i n i s t é r i o d a S a ú d e e d o s S e r v i ç o s Sociais e a F e d e r a ção dos Médicos-Generalistas d o Q u e b e c , uma nova modalidade d e remuneração d o s médicos-generalistas foi i n t r o d u z i d a e m caráter e x p e r i m e n t a l e m 27 instituições asilares p o r u m p e r í o d o d e 15 m e s e s . U m a análise d e i m p l a n t a ç ã o desta m u d a n ç a foi feita para verificar, e n t r e outros, a influência d o c o n t e x t o político d a o r g a n i z a ç ã o s o b r e os efeitos trazidos p o r esta f o r m a d e r e m u n e r a ç ã o , resultado d e u m jogo d e p o d e r e n t r e d i f e r e n t e s atores o r g a n i z a c i o n a i s c o m estratégias p o t e n c i a l m e n t e divergentes ( D e n i s , 1 9 8 8 ) . M a i s e s p e c i f i c a m e n t e , a i m p l a n t a ç ã o d a r e m u n e r a ç ã o por t e m p o d e s e r v i ç o (carga horária e n ã o n ú m e r o d e a t e n d i m e n t o s ) é vista c o m o u m processo e s s e n c i a l m e n t e político, cuja p r o b a b i l i d a d e d e sucesso é a m p l i a d a se ela r e c e b e r o a p o i o d o s atores q u e e x e r c e m c o n t r o l e s i m p o r t a n t e s na o r g a n i z a ç ã o . Para análise d a interação entre o contexto político e esta n o v a forma d e r e m u n e r a ç ã o , u m e s t u d o d e casos múltiplos c o m níveis d e análise imbricados foi utilizado. Este p r o c e d i m e n t o c o m p o r t a v a a análise e m p r o f u n d i d a d e d o processo d e i m p l a n t a ç ã o d e s ta forma d e r e m u n e r a ç ã o e m c i n c o u n i d a d e s . A realização d e estudos d e caso e m várias organizações visa a u m e n t a r o potencial d e generalização desta estratégia d e pesquisa. Por " n í v e i s d e análise i m b r i c a d o s " e n t e n d e m o s a o b s e r v a ç ã o d e c o m p o r t a m e n t o s e processos o r g a n i z a c i o n a i s e m vários níveis. Três níveis d e análise f o r a m d e f i n i d o s neste projeto. U m p r i m e i r o nível d e análise se baseia nas r e a ç õ e s d o s atores n o d e c o r r e r d o processo d e i m p l a n t a ç ã o desta forma d e r e m u n e r a ç ã o e m c a d a u m a das c i n c o organizaç õ e s . O s e g u n d o busca e n t e n d e r , apesar d e certas v a r i a ç õ e s intragrupos, as r e a ç õ e s d o s diferentes grupos na organização, sejam eles os administradores, os m é d i c o s , o pessoal d e e n f e r m a g e m o u os p a r a m é d i c o s . F i n a l m e n t e , u m terceiro nível t o m a o c o n j u n t o d a organização para extrair u m a teoria sobre a i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o . A c o l e t a d o s d a d o s para este e s t u d o consistiu n a r e a l i z a ç ã o d e 6 7 entrevistas d o s gerentes d o s c i n c o estabelecimentos, d o s m é d i c o s , d o pessoal d e e n f e r m a g e m , d o s p a r a m é d i c o s e d o s representantes d o s comités dos beneficiários, d e m o d o a captar a d i n â m i c a política ligada à i m p l a n t a ç ã o desta f o r m a d e r e m u n e r a ç ã o . administrativos, p r i n c i p a l m e n t e d o s vários comités Documentos e n c o n t r a d o s nestes c e n t r o s , t a m - b é m foram consultados. Para julgar a influência d o contexto político, u m a análise interna d e c a d a u m d o s casos permitiu captar as r e a ç õ e s d o s diferentes atores e grupos à m u d a n ç a d a f o r m a d e r e m u n e r a ç ã o . Esta análise c o r r e s p o n d e a u m a lógica d e p a r e a m e n t o d e u m m o d e l o . E m seguida, para a m p l i a r a v a l i d a d e externa d o e s t u d o , u m a análise transversal d o s casos foi realizada para d e t e r m i n a r os fatores políticos associados à m u d a n ç a o r g a n i z a c i o n a l . A análise d a interação entre o contexto político e a n o v a f o r m a d e r e m u n e r a ç ã o precisa definir p r i m e i r a m e n t e a diversidade dos efeitos a p ó s a i n t r o d u ç ã o desta m u d a n ça. Para isto, u m s u b c o n j u n t o d o universo d o s indicadores d e i m p a c t o na n o v a f o r m a d e r e m u n e r a ç ã o foi t o m a d o , pois representava b e m as m u d a n ç a s e s p e r a d a s c o m esta form a d e r e m u n e r a ç ã o e q u e p o d i a ser m e d i d o e m u m c o n t e x t o d e u m estudo d e caso. Estes c i n c o i n d i c a d o r e s s ã o : a acessibilidade aos serviços m é d i c o s ; a q u a l i d a d e d a relaç ã o médico-paciente; a disponibilidade d a mão-de-obra m é d i c a ; a multidisciplinaridade; e a integração organizacional d o s m é d i c o s . Estes i n d i c a d o r e s p o d e m ser a g r u p a d o s s e g u n d o diferentes tipos d e efeitos p r o d u z i d o s por esta f o r m a d e r e m u n e r a ç ã o . N e s s e e s t u d o mostra-se q u e a n o v a m o d a l i d a d e d e r e m u n e r a ç ã o traz m u d a n ças na a c e s s i b i l i d a d e d o s serviços m é d i c o s e na q u a l i d a d e d a r e l a ç ã o m é d i c o - p a c i e n t e (efeitos fixos e não-nulos). Ela p r o d u z p o u c a o u n e n h u m a m u d a n ç a n o grau d e d i s p o n i b i l i d a d e d a m ã o - d e - o b r a m é d i c a e m c e n t r o s d e abrigo (efeitos fixos e q u a s e nulos). Ela traz m o d i f i c a ç õ e s i m p o r t a n t e s e d e p e n d e n t e s d o c o n t e x t o d e i m p l a n t a ç ã o nas práticas multidisciplinares e na i n t e g r a ç ã o o r g a n i z a c i o n a l d o s m é d i c o s (efeitos v a r i á veis e não-nulos). N o c o n j u n t o , os resultados d a análise d a influência d a i n t e r a ç ã o e n t r e o c o n t e x t o p o l í t i c o e a r e m u n e r a ç ã o p o r t e m p o d e consulta se r e s u m e m c o m o segue. O a p o i o d o s m é d i c o s à i n o v a ç ã o é necessária, m a s n ã o suficiente para garantir u m a forte p r o b a b i l i d a d e d e sucesso d e i m p l a n t a ç ã o . A l é m disso, os m o t i v o s q u e susc i t a m o a p o i o d a d o p o r u m m é d i c o à i n o v a ç ã o d e v e m ser c o e r e n t e s c o m os objetivos a s s o c i a d o s à i m p l a n t a ç ã o desta f o r m a d e r e m u n e r a ç ã o . O a p o i o q u e os gerentes d ã o à inovação t a m b é m t e m u m peso importante. Influência dos Médicos O d e s e n v o l v i m e n t o d a s práticas multidisciplinares é f o r t e m e n t e ligado à p r o p e n s ã o d o m é d i c o a e n v o l v e r - s e e m tais a t i v i d a d e s , o q u e p o r sua v e z d e p e n d e d o m o d e l o d e i n t e r v e n ç ã o d e f e n d i d o p o r este ator. D e fato, os m é d i c o s t ê m o p i n i õ e s diversas s o b r e a u t i l i d a d e d o s o u t r o s atores n o processo d e e x e c u ç ã o d e c u i d a d o s . E m d u a s o r g a n i z a ç õ e s e s t u d a d a s , os m é d i c o s resistem à c o l a b o r a ç ã o interprofissional p o r q u e p e r c e b e m aí u m a a m e a ç a a o seu p a p e l d e c i s i o n a l p r e d o m i n a n t e na f o r m a d e p r o d u ç ã o d o s c u i d a d o s . D ã o , c o n s e q ü e n t e m e n t e , p o u c o a p o i o à i n o v a ç ã o . E m dois o u t r o s c e n t r o s d e a c o l h i m e n t o , os m é d i c o s v ê e m a i m p l i c a ç ã o multidisciplinar c o m o u m m e i o d e d e s e n v o l v e r u m a p e r s p e c t i v a global d e i n t e r v e n ç ã o . O s i n t e r c â m b i o s m u l t i d i s c i p l i n a r e s n ã o a p r e s e n t a m riscos d e u m a r e d u ç ã o d e s e u p a p e l na p r o d u ç ã o d e c u i d a d o s . N e s t e c a s o , os m é d i c o s f o r n e c e m u m s u p o r t e i m p o r t a n t e à i n o v a ç ã o . E m o u t r o c e n t r o d e a c o l h i m e n t o , n ã o h a v i a c o n s e n s o a respeito d o m o d e l o d e i n t e r v e n ç ã o a ser a d o t a d o . O m é d i c o q u e e x e r c e f u n ç õ e s administrativas neste e s t a b e l e c i m e n t o t e v e u m e f e i t o d e t e r m i n a n t e n o sucesso d a i m p l a n t a ç ã o . D e m o d o geral, a n o v a prática d a r e m u n e r a ç ã o por t e m p o d e s e r v i ç o estimula o interesse d o s m é d i c o s p o r a t i v i d a d e s multidisciplinares q u a n d o eles s ã o favoráveis a u m m o d e l o d e i n t e r v e n ç ã o b a s e a d o n a c o l a b o r a ç ã o interprofissional e q u a n d o eles apóiam a inovação. A i n t e g r a ç ã o o r g a n i z a c i o n a l d o s m é d i c o s d e p e n d e d e vários fatores. É e v i d e n t e q u e o s m é d i c o s g o s t a m d e ser c o n s u l t a d o s pelos gerentes d o s e s t a b e l e c i m e n t o s d e s a ú d e . Esta c o n s u l t a é u m pré-requisito para o c o n t r o l e q u e eles q u e r e m e x e r c e r s o b r e as d e c i s õ e s , p o d e n d o afetar suas c o n d i ç õ e s d e prática. P a r a d o x a l m e n t e , este d e s e j o f u n d a m e n t a l d e a u t o n o m i a e m r e l a ç ã o à o r g a n i z a ç ã o exige, às v e z e s , p o r parte d o s m é d i c o s , u m a i m p l i c a ç ã o administrativa forte, e m vista d e m a n t e r este c o n t r o l e s o b r e suas c o n d i ç õ e s , n a prática. E m outras c i r c u n s t â n c i a s , os m é d i c o s a s p i r a m a u m a forte i m p l i c a ç ã o a d m i n i s t r a t i v a p a r a i m p l a n t a r u m estilo institucional d e prática. A s r e s p o n s a b i l i d a d e s a d m i n i s t r a t i v a s s ã o fiéis à sua d e f i n i ç ã o d o p a p e l d o m é d i c o n o e s t a b e l e c i m e n t o . Estas a t i v i d a d e s s ã o julgadas necessárias a o e x e r c í c i o d e u m c o n t r o l e s o b r e o processo d e atribuição d e cuidados no centro d e acolhimento. E m d u a s o r g a n i z a ç õ e s , a r e m u n e r a ç ã o por t e m p o d e s e r v i ç o p r e s t a d o i n c i t o u os m é d i c o s a u m a forte integração o r g a n i z a c i o n a l c o m o o b j e t i v o d e preservar sua a u t o n o m i a profissional e d e i m p o r a o s outros atores seu estilo d e prática n o e s t a b e l e c i m e n t o . E m dois outros centros d e a c o l h i m e n t o , os m é d i c o s se e n v o l v e r a m p o u c o e m nível m é d i c o - a d m i n i s t r a t i v o a p ó s a i m p l a n t a ç ã o d a i n o v a ç ã o . Esta estratégia p a r e c i a preferível, j á q u e eles n ã o c o n s t a t a v a m n e n h u m a a m e a ç a a o c o n t r o l e e x e r c i d o s o b r e suas c o n d i ç õ e s d e prática. E m u m ú l t i m o c a s o , os m é d i c o s privilegiaram u m estilo institucional d e prática e b u s c a r a m , c o n s e q ü e n t e m e n t e , u m a i m p l i c a ç ã o a d m i n i s t r a t i v a m a i o r para r e s p o n d e r m e l h o r às n e c e s s i d a d e s e a o s p e d i d o s d o e s t a b e l e c i m e n t o . D e m o d o geral, os m é d i c o s q u e t ê m u m a p r e o c u p a ç ã o i m p o r t a n t e c o m a q u a lidade dos cuidados, q u e acreditam q u e d e v e m desenvolver u m papel d e primeira o r d e m neste nível e q u e n ã o v ê e m a i m p l i c a ç ã o administrativa c o m o u m a a m e a ç a à a u t o n o m i a profissional, a p o i a m a i n o v a ç ã o . Influência dos Gerentes O apoio dos gerentes à inovação t a m b é m t e m u m papel importante n o p r o cesso d e i m p l a n t a ç ã o d a r e m u n e r a ç ã o se e l e for a c o m p a n h a d o d e u m a f o r t e p r e o c u p a ç ã o e a t e n ç ã o à q u a l i d a d e d o s c u i d a d o s p r e s t a d o s . Esta p r e o c u p a ç ã o se m a n i festa c o m a p r e s e n ç a d o s p r o g r a m a s d e f o r m a ç ã o c o n t í n u a p a r a i n t e r v e n t o r e s , d e relações c o m outras organizações e d e iniciação o u d e participação e m projetos inovadores visando u m a globalidade maior dos cuidados. N o c o n j u n t o , os gerentes são f a v o r á v e i s a u m d e s e n v o l v i m e n t o d a s práticas multidisciplinares. Eles a c h a m q u e é u m m e i o d e a m p l i a r o nível d e g l o b a l i z a ç ã o d o s serviços o u c u i d a d o s n o e s t a b e l e c i m e n t o . E m três c e n t r o s d e a c o l h i m e n t o , os gerentes q u e r e m u m a integração organizacional forte d o s m é d i c o s , c o m o objetivo d e sensibilizᬠlos c o m os p r o b l e m a s e o b r i g a ç õ e s e n c o n t r a d a s n a a d m i n i s t r a ç ã o d o e s t a b e l e c i m e n t o . N a s d u a s outras o r g a n i z a ç õ e s , a i m p l i c a ç ã o administrativa d o s m é d i c o s é vista p e l o s gerentes c o m o u m risco d e m e d i c a l i z a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s . Eles n ã o d ã o u m a p o i o i m p o r t a n t e para a i n o v a ç ã o . O a p o i o d a d o à i n o v a ç ã o pelos outros atores e o t i p o d e i m p l i c a ç ã o q u e eles v a l o r i z a m n o c e n t r o d e a c o l h i m e n t o p o u c o i n f l u e n c i a m a p r o b a b i l i d a d e d e sucesso d a implantação. R e s u m i n d o , os resultados deste e s t u d o m o s t r a m a i m p o r t â n c i a d o c o n t e x t o político a o longo d o processo d e i m p l a n t a ç ã o . A p r o b a b i l i d a d e d e sucesso d a i m p l a n t a ç ã o é f o r t e m e n t e d e t e r m i n a d a pelas estratégias a d o t a d a s p e l o s atores q u e d o m i n a m a c e n a o r g a n i z a c i o n a l e por sua r e a ç ã o à i n o v a ç ã o . Estes atores a p ó i a m a i n o v a ç ã o se a r e m u n e r a ç ã o por t e m p o d e consulta a p r e s e n t a r u m alto grau d e c e n t r a l i z a ç ã o e m r e l a ç ã o às suas estratégias f u n d a m e n t a i s . S e , a i n d a p o r c i m a , estas estratégias f u n d a m e n t a i s f o r e m c o e r e n t e s c o m os objetivos associados à i n o v a ç ã o , a p r o b a b i l i d a d e d e sucesso d a i m p l a n t a ç ã o é f o r t e m e n t e a m p l i a d a . O Estudo Comparativo O e s t u d o c o m p a r a t i v o é u m a estratégia na q u a l o pesquisador d e c i d e trabalhar s o b r e u m g r a n d e n ú m e r o d e u n i d a d e s d e análise. Para q u e esta estratégia seja utilizáv e l , é n e c e s s á r i o q u e o n ú m e r o d e u n i d a d e s d e análise seja m a i o r q u e o n ú m e r o d e atributos e s t u d a d o s (grau d e l i b e r d a d e d o e s t u d o ) . O e s t u d o c o m p a r a t i v o se i m p o r t a c o m as v a r i a ç õ e s c o n c o m i t a n t e s e n t r e u m c o n j u n t o d e variáveis i n d e p e n d e n t e s e u m a o u m a i s v a r i á v e i s d e p e n d e n t e s . A v a l i d a d e interna deste p r o c e d i m e n t o d e p e n d e e s s e n c i a l m e n t e d e três e l e m e n t o s : o t a m a n h o d a amostra, d e m o d o a garantir q u e as v a r i a ç õ e s o b s e r v a d a s n ã o s e j a m aleatórias; a q u a l i d a d e d o m o d e l o t e ó r i c o utilizado, pois este p e r m i t e a n t e c i p a r d e m o d o m a i s o u m e n o s exaustivo as fontes d e v a r i a ç õ e s c o n c e i t u a l m e n t e p r o v á v e i s n o interior d e u m e s t u d o ; e a q u a l i d a d e d a s estratégias d e m o d e l i z a ç ã o d o s d a d o s para c o n t r o l a r as fontes rivais d e e x p l i c a ç ã o das v a r i a ç õ e s o b s e r v a d a s n a v a r i á v e l d e p e n d e n t e q u a n d o d a análise. Exemplo 2 O e x e m p l o q u e segue é tirado d o livro d e S c h e i r e r Implementation: the organizational (1981): Program context. S c h e i r e r a v a l i o u a influência d o c o n t e x t o o r g a n i z a c i o n a l n a i m p l a n t a ç ã o d e dois p r o g r a m a s i n o v a d o r e s e m s a ú d e m e n t a l , e m d u a s instituições d i f e r e n t e s . A p r e s e n t a r e m o s a análise d a i m p l a n t a ç ã o d e u m a só d e s tas i n t e r v e n ç õ e s . O p r o g r a m a é i n t r o d u z i d o e m u m a o r g a n i z a ç ã o responsável por p a c i e n t e s q u e s o f r e m d e d e f i c i ê n c i a s físicas e m e n t a i s n o e s t a d o d e N o v a Y o r k . Consiste e m u m a a b o r d a g e m c o m p o r t a m e n t a l da planificação das intervenções (Generalized G o a l P l a n n i n g S y s t e m ) para c a d a u m d o s p a c i e n t e s . M a i s p r e c i s a m e n t e , c o m este novo programa os interventores são i n c u m b i d o s d e d e t e r m i n a r objetivos c o m p o r t a m e n t a i s e d e p r o d u z i r relatórios p e r i ó d i c o s s o b r e a e v o l u ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o . A i m p l a n t a ç ã o d e s t e p r o g r a m a exige u m a r e f o r m a d a s práticas c o n v e n c i o n a i s d e interv e n ç ã o q u e p r e v a l e c e m neste m e i o . S c h e i r e r ( 1 9 8 1 ) c o n d u z i u u m estudo c o m p a r a t i v o para analisar os d e t e r m i n a n t e s c o n t e x t u a i s d o grau d e i m p l a n t a ç ã o d o p r o g r a m a ( c o m p o n e n t e 1) e m u m a organizaç ã o ( T h e D e v e l o p m e n t a l C e n t e r of t h e N e w - Y o r k State D e p a r t m e n t of H e a l t h ) q u e t e m várias u n i d a d e s o u d e p a r t a m e n t o s . Ela b u s c o u e n t e n d e r c o m o certas características d o s indivíduos/interventores (micro-level level variables) variables) e d a o r g a n i z a ç ã o (intermediate¬ i n f l u e n c i a m e f a z e m variar o grau d e i m p l a n t a ç ã o d o p r o g r a m a m e d i d o a q u i p e l o n ú m e r o d e p l a n o s d e i n t e r v e n ç ã o a d e q u a d a m e n t e e l a b o r a d o s para os p a c i e n t e s . S c h e i r e r ( 1 9 8 1 , c a p í t u l o 4) r e s u m e c o m o s e g u e a influência d a s características d o a m b i e n t e na implantação deste programa. A s v a r i á v e i s n o nível i n t e r m e d i á r i o c o n t r i b u e m para explicar d e m o d o i m p o r t a n t e o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o . A s e x p e c t a t i v a s atuais e p e r c e b i d a s das pessoas e n c a r r e g a d a s d a s u p e r v i s ã o , a p r e s e n ç a d e rotina o r g a n i z a c i o n a l , a antigüida¬ d e d o pessoal n a u n i d a d e e a f r e q ü ê n c i a d a s trocas e n t r e os profissionais i n f l u e n c i a m p o s i t i v a m e n t e n o grau d e i m p l a n t a ç ã o d o p r o g r a m a . I n d i v i d u a l m e n t e , S h e i r e r ( 1 9 8 1 : 140) relata c o m surpresa q u e as variáveis ligadas às h a b i l i d a d e s suscetíveis a u m a i n t e r v e n ç ã o d o t i p o c o m p o r t a m e n t a l (nível d e e d u c a ç ã o , n ú m e r o d e cursos e m p s i c o logia, n ú m e r o d e horas d e t r e i n a m e n t o n o n o v o p r o g r a m a ) n ã o p r e d i z e m o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o . N o e n t a n t o , as variáveis i n d i v i d u a i s ligadas à m o t i v a ç ã o intrínseca d o interventor tais c o m o a satisfação n o t r a b a l h o , a p e r c e p ç ã o d e u m a o p o r t u n i d a d e profissional e a p r o p e n s ã o a a c e i t a r este m o d e l o d e i n t e r v e n ç ã o e o interesse d a d o à terapia são fatores explicativos i m p o r t a n t e s d o grau d e i m p l a n t a ç ã o d o p r o g r a m a . E a i n d a , a i d a d e é t a m b é m associada a o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o . A análise d e S c h e i r e r ( 1 9 8 1 ) p e r m i t e mostrar e m q u e certas características i n d i viduais e as ligadas à d i n â m i c a interna d a o r g a n i z a ç ã o (intermediate-level variables) c o n t r i b u e m para facilitar o u pôr u m o b s t á c u l o para a i m p l a n t a ç ã o d e u m p r o g r a m a i n o v a d o r d e i n t e r v e n ç ã o nesta á r e a . A Experimentação D i g a m o s q u e se trata d e p r o c e d i m e n t o s n o s q u a i s o p e s q u i s a d o r q u e r testar o efeito d e u m a v a r i á v e l s o b r e u m a o u várias outras, seja m a n i p u l a n d o - a s d e m o d o ativo e i n t e n c i o n a l o u se utilizando d e v a r i a ç õ e s naturais, s e g u n d o a m e s m a lógica. Exemplo 3 U m a clínica d e u m centro hospitalar o p e r a diferentes programas d e desintoxicação para a p o p u l a ç ã o adulta d e seu território. Ela q u e r verificar c o m o diferentes c o m b i n a ções d e c o m p o n e n t e s d e u m t r a t a m e n t o d a t o x i c o m a n i a i n f l u e n c i a m os resultados o b t i d o s por este tipo d e i n t e r v e n ç ã o . O s c o m p o n e n t e s d o programa são q u a t r o : • série d e e n c o n t r o s s e m a n a i s individuais c o m u m m é d i c o e u m psicólogo ( E ) ; • receita d e m e d i c a m e n t o s ( M ) ; • série d e e n c o n t r o s s e m a n a i s d e g r u p o e n v o l v e n d o u m psicólogo e d u p l a s ( C ) ; • estadia d o g r u p o e m u m c e n t r o d e d e s i n t o x i c a ç ã o ( C ) . A s m o d a l i d a d e s d e i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o são d e c i d i d a s p e l o s r e s p o n s á veis d o p r o g r a m a e se a p r e s e n t a m na seguinte f o r m a : • 2 0 i n d i v í d u o s : M + E ( i n t e r v e n ç ã o clássica); • 20 indivíduos: M + E + G; • 2 0 i n d i v í d u o s : C + M + E + G. O s indivíduos recrutados dentro d e u m grupo d e pacientes q u e t e m prognósticos c o m p a r á v e i s e u m a e x p e r i ê n c i a d e t o x i c o m a n i a similar são d e s i g n a d o s a l e a t o r i a m e n t e para u m a o u o u t r a das alternativas d e i n t e r v e n ç ã o . Esta a b o r d a g e m permitirá v e r c o m o as v a r i a ç õ e s na i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o i n f l u e n c i a m os resultados trazi¬ d o s p o r este p r o g r a m a . E v i d e n t e m e n t e , esta estratégia d e pesquisa é a p l i c á v e l n o c a s o d e u m a i n t e r v e n ç ã o d a q u a l n ã o s a b e m o s q u a i s as v a n t a g e n s relativas destas d i f e r e n tes alternativas ( M + E ; M + E + G ; C + M + E + G ) . CONCLUSÃO A análise d a i m p l a n t a ç ã o se p r e o c u p a c o m as r e l a ç õ e s e n t r e o c o n t e x t o , as v a r i a ç õ e s n a i m p l a n t a ç ã o e o s efeitos p r o d u z i d o s p e l a i n t e r v e n ç ã o . Ela visa especificar as c o n d i ç õ e s d e i m p l a n t a ç ã o e o s processos d e p r o d u ç ã o d o s efeitos d e u m a i n t e r v e n ç ã o . A r e a l i z a ç ã o d e s t e t i p o d e a v a l i a ç ã o d e v e r i a , p o r t a n t o , a u m e n t a r a utilidade d o s resultados d a s pesquisas avaliativas. D e fato, a análise d a i m p l a n t a ç ã o traz i n f o r m a ç õ e s s o b r e o s m e i o s suscetíveis d e s e r e m b e n e f i c i a d o s p o r u m a i n t e r v e n ç ã o ( c o m p o n e n t e s 1 e 3). Ela p e r m i t e t a m b é m definir m e l h o r a v a r i á v e l i n d e p e n d e n t e e m u m a a n á l i s e d o s efeitos ( c o m p o n e n t e 2), e s p e c i f i c a n d o c o m o v a r i a ç õ e s n o grau d e i m p l a n t a ç ã o a g e m n o i m p a c t o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . A análise d a i m p l a n t a ç ã o se distingue d e a b o r d a g e n s descritivas v i s a n d o d o c u m e n t a r o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s e d a s análises t e ó r i c a s d a estrutura e d o c o n t e ú d o d a s i n t e r v e n ç õ e s . A e s p e c i f i c i d a d e q u e r e c o n h e c e m o s na análise d a i m p l a n t a ç ã o t e m r e p e r c u s sões t e ó r i c a s e m e t o d o l ó g i c a s i m p o r t a n t e s . D o l a d o d a s teorias organizacionais, os m o d e l o s d e a n á l i s e d a s m u d a n ç a s q u e ela p r o p õ e r e p r e s e n t a m u m a pista interessante para o estudo dos e l e m e n t o s contextuais q u e e n v o l v e m a implantação das intervenç õ e s . N o p l a n o m e t o d o l ó g i c o , várias estratégias d e pesquisa p o d e m ser utilizadas para analisar a i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s . A a b o r d a g e m t e ó r i c a s e l e c i o n a d a para o e s t u d o d o c o n t e x t o ( c o m p o n e n t e s 1 e 3) terá, p r o v a v e l m e n t e , repercussões na e s c o l h a d a estratégia d e p e s q u i s a . O e s t u d o d e casos p a r e c e p a r t i c u l a r m e n t e d e s e j á v e l q u a n d o o e s t u d o d o c o n t e x t o se baseia nas d i n â m i c a s d e i n t e r a ç ã o e n t r e atores e n v o l v i d o s na i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . A e x p e r i m e n t a ç ã o , m e s m o p o d e n d o ser utilizada p a r a o s c o m p o n e n t e s 1 e 3, f a z e n d o variar i n t e n c i o n a l m e n t e os sítios d e i m p l a n t a ç ã o , p a r e c e m a i s f a c i l m e n t e realizável e m u m a análise d a r e l a ç ã o e n t r e as v a r i a ç õ e s na i m p l a n t a ç ã o e a e f i c i ê n c i a d a i n t e r v e n ç ã o ( c o m p o n e n t e 2). N o c o n j u n t o , constata-se q u e a análise d a i m p l a n t a ç ã o é u m t i p o exigente d e a v a l i a ç ã o q u e d e v e r i a contribuir p a r a a u m e n t a r a u t i l i d a d e d a s c o n c l u s õ e s d a s pesquisas avaliativas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A R G Y R I S , C. Creating long-term Organizational change. In: G O O D M A N , R S. et al. Change in Organizations. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1982. p.47-86. A R G Y R I S , C. Dealing with threat and defensiveness. In: P E N N I N G S , J . M . et al. Organizational Strategy and Change. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1985a. p.412-430. A R G Y R I S , C. Strategy, Change and Defensive Routines. Boston: Pitman, 1985b. A R G Y R I S , C.; P U T N A M , R. & M c L A I N - S M I T H , D. Action Science. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1985. B A G O Z Z I , R. R & P H I L I P S , L. W . Representing and testing organizational theories: A holistic construal. 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Ele foi mais r á p i d o nas regiões o n d e se c o n c e n t r a m os i n v e s t i m e n t o s sociais, as m e d i das d e s a n e a m e n t o d o m e i o e os serviços d e s a ú d e , isto é , nas regiões m a i s f a v o r e c i d a s . Este f e n ô m e n o é p a r t i c u l a r m e n t e b e m o b s e r v a d o n o N o r d e s t e d o Brasil. A p o p u l a ç ã o desta região é d e c e r c a d e 4 3 m i l h õ e s d e pessoas ( I B G E , 1 9 9 1 ) , e m e t a d e d e l a v i v e c o m u m a r e n d a a n u a l inferior a U S $ 3 0 0 . 0 0 , s e n d o a r e n d a per capita média e m t o d o o Brasil d e U S $ 2 . 2 1 2 , 0 0 . O fato d e o País sofrer d e u m sub-registro geral d e óbitos, q u e se situa e m t o r n o d e 2 5 % ( B e c k e r e t a l . , 1 9 8 9 ) , e d a s causas classificadas c o m o " d e s c o n h e c i d a s " c h e g a r e m a 4 5 % n o N o r d e s t e ( A r a ú j o , 1 9 9 2 ) , justifica o uso d e vários m é t o d o s d e m o g r á f i c o s para u m a a p r o x i m a ç ã o d a m o r t a l i d a d e infantil. ' Este trabalho integra a tese de doutorado de HARTZ (1993), bolsista do CNPq, e foi realizado com o suporte do International Development Research Centre (IRDC), do Canadá. D e fato, a taxa d e m o r t a l i d a d e infantil m u d a e m f u n ç ã o d o s m é t o d o s d e estim a ç ã o utilizados: para 1 9 8 7 , a m o r t a l i d a d e infantil estava estimada e m 76,6 por 1.000, e m u m e s t u d o d a U N I C E F / S S A P ( 1 9 9 0 ) , e e m 1 0 7 por 1.000, s e g u n d o S z w a r c w a l d , Leal & J o u r d a n ( 1 9 9 2 a ) e S z w a r c w a l d , C h e q u e r & Castilho ( 1 9 9 2 b ) . N o s dois casos, ela se r e v e l a n o m í n i m o 5 0 % mais e l e v a d a q u e a m é d i a n a c i o n a l (51 e 6 6 por 1.000, r e s p e c t i v a m e n t e ) . S i m õ e s & O r t i z ( 1 9 8 8 ) m o s t r a m q u e essas d i f e r e n ç a s a u m e n t a m , pois e m 1 9 4 0 elas e r a m d e a p e n a s 8 % , e x p l i c a n d o o fato d e , n o N o r d e s t e d o Brasil, a i n d a se ter u m a e s p e r a n ç a d e v i d a n o n a s c i m e n t o ( E V N ) e q u i v a l e n t e à d o Sul d o País há 4 0 anos (Sabroza & Leal, 1992). O p r o g r a m a q u e rege, n o Brasil, as a ç õ e s destinadas às m u l h e r e s e crianças é r e g u l a m e n t a d o p e l o M i n i s t é r i o d a S a ú d e e se e s t e n d e d e s d e os p r o b l e m a s imediatos d a m a t e r n i d a d e a o s d a a d o l e s c ê n c i a . A s a ç õ e s destinadas às m ã e s , aos recém-nascidos e a t o d o s os m e n o r e s d e c i n c o anos (Programa Materno-lnfantil o u P M I ) são priorizadas d e s d e 1 9 7 5 ( M a r q u e s , 1 9 7 8 ) . Elas são baseadas nos c u i d a d o s primários d e saúde e c o n s t i t u e m s u b p r o g r a m a s , a saber: o p l a n e j a m e n t o familiar ( P F ) , os c u i d a d o s pré-natais ( P N ) , o p r o g r a m a n a c i o n a l d e i m u n i z a ç ã o ( P N I ) , o a c o m p a n h a m e n t o d o crescimento e d o d e s e n v o l v i m e n t o ( C D ) , o c o n t r o l e das d o e n ç a s diarréicas ( C D D ) e o controle das i n f e c ç õ e s respiratórias agudas ( C I R A ) , todos a p o i a d o s pela e d u c a ç ã o e m s a ú d e (ES). N o m o m e n t o e m q u e a l c a n ç a m o s baixas taxas d e m o r t a l i d a d e infantil ( d e c o r r e n tes d a t e n d ê n c i a d e d e c l í n i o m e n c i o n a d a ) , apesar d e a recessão e c o n ô m i c a e d e o a u m e n t o d a p o b r e z a (Rodriguez et a l . , 1 9 9 2 ) . p o d e r í a m o s pensar e m u m d e s e m p e n h o m u i t o b o m d o P M I . N o e n t a n t o , o apartheid sanitário d o s m e n o s favorecidos d á sinais d o fracasso d o s p r o g r a m a s verticais para a r e d u ç ã o das desigualdades a n t e à saúde e lança u m desafio para a descentralização das a ç õ e s nos sistemas locais d e s a ú d e ( S I L O S ) . A descentralização é u m m e i o q u e foi reconhecido c o m o essencial para implementar os c u i d a d o s primários d e s a ú d e , adaptados às necessidades das diversas coletividades, t e n d o c o m o u m d o s principais objetivos a r e d u ç ã o d a mortalidade infantil, o q u e mostra a importância d e se encorajar vigorosamente o desenvolvimento dos S I L O S c o m o base d e reorganização e reorientação d o setor s a ú d e (Paganini, 1 9 8 9 ; B u c h t , 1990). N o Brasil, a R e f o r m a C o n s t i t u c i o n a l q u e c r i o u o Sistema Ú n i c o d e S a ú d e ( S U S ) transfere d o nível f e d e r a l a o s m u n i c í p i o s ( S I L O S ) a r e s p o n s a b i l i d a d e d e p r o g r a m a ç ã o , a t r i b u i ç ã o d e v e r b a s , gestão, c o o r d e n a ç ã o e a v a l i a ç ã o d o s serviços d e s a ú d e o f e r e c i d o s ( G o u l a r t , 1 9 8 8 ) . O fato d e esta r e f o r m a sanitária estar s e n d o instaurada a o s p o u c o s , a p o i a n d o - s e e m instituições existentes, ligadas a o G o v e r n o F e d e r a l e a G o v e r n o s Estaduais, c o m sistemas d e i n f o r m a ç ã o f r a g m e n t a d o s , e v i d e n c i a a d i f i c u l d a d e q u e se t e m d e avaliar o P M I . O p r i m e i r o p r o b l e m a é a i n s u f i c i ê n c i a / i n a d e q u a ç ã o d o s b a n c o s d e d a d o s d i s p o n í v e i s s o b r e o P M I e m nível n a c i o n a l o u regional, n ã o h a v e n d o s e q u e r p r e c i s ã o s o b r e a é p o c a d e i m p l a n t a ç ã o d e c a d a u m d e seus s u b p r o g r a m a s . A s p o u c a s pesquisas realizadas só p e r m i t e m e s t i m a ç õ e s p a r a o c o n j u n t o d o s estados, o u capitais, s e m p e r m i t i r e x t r a p o l a ç õ e s e m nível l o c a l . A l é m disso, n ã o se observa nos S I L O S u m m o d e l o ú n i c o d e organização, e estes enfrentam problemas d e mortalidade infantil diferentes, p o r é m d e difícil julgamento. Esta situação deve-se a sub-registros q u e , para os m e n o r e s d e u m a n o , p o d e m chegar a 7 0 % dos casos d e óbito ( U N I C E F / S S A P 1990), s e n d o agravada pela forte p r o p o r ç ã o d e causas "maldefinidas", estimada e m 7 2 % dos óbitos pós-neonatais, na d é c a d a d e 8 0 , para u m d o s estados d o N o r d e s t e . U m outro p r o b l e m a e r a o intervalo d e três a q u a t r o a n o s e n t r e a ocorrência dos óbitos e a disponibilidade dos d a d o s (Hartz, Potvin & Q u e i r o z , 1995). A i m p o r t â n c i a d a pesquisa, n o â m b i t o d a d e s c e n t r a l i z a ç ã o d o s sistemas d e s a ú d e , p a r e c e ó b v i a . Para a O P S ( 1 9 9 2 ) , pesquisas no setor saúde devem acompanhar, desde o início, o processo inteiro de reorganização e reorientação do setor para o desenvolvimento do sistema de saúde local. Estudos sobre os sistemas de saúde locais que irão desenvolver novos modelos operacionais de seus componentes críticos devem ser promovidos para nos aproximar de alguma melhoria de saúde da (...) população. A s s i m , e f e t u a m o s u m a análise d e i m p l a n t a ç ã o d o P M I , v i s a n d o r e l a c i o n a r o nível d e sua i m p l a n t a ç ã o c o m os efeitos o b s e r v a d o s s o b r e a m o r t a l i d a d e infantil. O objetivo geral d a pesquisa visa a u m a m e l h o r c o m p r e e n s ã o d o s e l e m e n t o s q u e f a v o r e - c e m o u i n i b e m a e f i c i ê n c i a d o P M I e m reduzir a m o r t a l i d a d e infantil, d e n t r o d a p e r s pectiva d o s S I L O S , a f i m d e c o n c e b e r , para a região N o r d e s t e , i n t e r v e n ç õ e s m a i s e f i c a zes. O s objetivos específicos são d o i s : • estudar os d e t e r m i n a n t e s contextuais d o s S I L O S s o b r e a i m p l a n t a ç ã o d o P M I ; • estudar a m o r t a l i d a d e infantil c o m o i n d i c a d o r d o d e s e m p e n h o d o P M I , e m razão d a s características d e sua i m p l a n t a ç ã o . A Abordagem de Risco para a Mortalidade Infantil A a p l i c a ç ã o d a a b o r d a g e m d e risco nas intervenções justifica a n e c e s s i d a d e d e submeter os c u i d a d o s oferecidos a u m a lógica q u e , priorizando sua r e d u ç ã o , possa e v i tar o u minimizar os p r o b l e m a s d e s a ú d e (Backett, 1 9 8 4 ) . A expressão "fator d e r i s c o " é bem-definida pela idéia d e q u e c o n s e q ü ê n c i a s adversas p o d e m ser a n t e c i p a d a s por fatores q u e a u m e n t a m a p r o b a b i l i d a d e d e sua o c o r r ê n c i a ( G r u n d y , 1 9 7 3 ) . O termo " m a r c a d o r d e risco", t a m b é m c h a m a d o " i n d i c a d o r d e risco" (Alisjabana, 1 9 9 0 ) , é a d o t a d o para aquelas m e d i ç õ e s e p i d e m i o l ó g i c a s q u e n ã o são sensíveis a u m a i n t e r v e n ç ã o , mas q u e d e s c r e v e m grupos d e indivíduos q u e são mais vulneráveis d o q u e outros, isto é : i d a d e , sexo, classe social, situação conjugal, n ú m e r o d e gestações, g r u p o é t n i c o e t c . (Grundy, 1 9 7 3 ) . N o caso d o P M I , i n c l u i n d o atividades c o m o o p l a n e j a m e n t o d o s n a s c i m e n t o s , cujos objetivos i n c l u e m m u d a n ç a s d o c o m p o r t a m e n t o q u e se r e l a c i o n a m à própria i d a d e d a gestação e a o e s p a ç a m e n t o o u n ú m e r o d e nascimentos q u e c o m p o r t e m m e n o s riscos para as m ã e s e os recém-nascidos, esta s e p a r a ç ã o c o n c e i t u a i nos p a r e c e p o u c o i m p o r t a n t e . Para os p r o b l e m a s d e etnia, por e x e m p l o , deve-se p r i m e i r a m e n t e pensar q u e as questões d e raça p o d e m e s c o n d e r c o n d i ç õ e s s o c i o e c o n ô m i c a s p o u c o favoráveis, e classificá-las c o m o n ã o sensíveis às intervenções d e p e n d e mais d a ideologia d o q u e d a e p i d e m i o l o g i a . Deve-se notar q u e , m e s m o n o trabalho d e Alisjabana ( 1 9 9 0 ) , as tabelas a p r e s e n t a m os indicadores/marcadores classificados entre os fatores d e risco, o q u e reforça nossos a r g u m e n t o s para tratá-los s e m distinção. A interação d o s fatores biológicos, assistenciais e s o c i o e c o n ô m i c o s c o m o indicad o r e s d e risco para a m o r t a l i d a d e infantil revela-se m u i t o estreita. Essa constatação é e v i d e n t e nos seus diversos m o d e l o s explicativos (Puffer & Serrano, 1 9 7 3 ; M o s l e y & C h e n , 1 9 8 4 ; B a r n u m & Barlow, 1 9 8 4 ; M o s l e y & Becker, 1 9 9 1 ; Fournier, Tyane & H a d d a d , 1992). A o t e n t a r m o s isolar a influência d o s diferentes fatores, o baixo peso a o nascer é o fator d e p r e d i ç ã o mais i m p o r t a n t e ( H o g u e e t al., 1 9 8 7 ; O d u n t a n , 1 9 9 0 ) , pois a mortalid a d e perinatal é d e z v e z e s mais e l e v a d a nos recém-nascidos d e m e n o s d e 2.500g ( R a o , 1 9 9 0 ) . A s crianças d e baixo peso são estimadas e m 2 0 % na Ásia; 1 0 , 5 % na A m é r i c a Latina; e 6 , 5 % nos países d e s e n v o l v i d o s ( W a l l a c e , 1 9 9 0 ) . Victora, B a r r o s & V a u g h a n , (1988) o b s e r v a r a m q u e a r e n d a familiar é d e t e r m i n a n t e d o peso a o nascer, mas as c r i a n ças q u e n a s c e m c o m peso igual o u superior a 3.000g p o d e m m e s m o se tornar protegidas c o n t r a a d e s n u t r i ç ã o n o seu primeiro a n o d e vida. N o e n t a n t o , u m recém-nascido p e s a n d o mais d e 3 . 5 0 0 g , v i n d o d e u m a família d e baixa renda (igual o u m e n o r q u e o salário m í n i m o ) , t e m a m e s m a p r o b a b i l i d a d e d e sofrer d e desnutrição, dos 12 aos 24 meses, q u e u m a c r i a n ç a d e 2.000 a 2.500g p r o v e n i e n t e d e u m a família q u e g a n h e mais d e seis salários m í n i m o s mensais. C o n c o r d a - s e g e r a l m e n t e , q u a n t o a outros fatores relativos às m ã e s , q u a n d o se trata d e crianças d e baixo p e s o : o nível d e e d u c a ç ã o , a i d a d e , a situação c o n j u g a l , a o r d e m e o intervalo d o s nascimentos (Puffer & S e r r a n o , 1 9 7 3 ; B r y a n t , K a u s e r & T h a v e r , ( 1 9 9 0 ) ; Collins & D a v i d , 1 9 9 0 ; Nassim & S a i , 1990). U m a pesquisa m u n d i a l sobre fertilidade constatou q u e u m a criança nascida nos dois anos q u e se s e g u e m a u m o u t r o n a s c i m e n t o t e m u m a p r o b a b i l i d a d e d e 6 0 % a 7 0 % maior d e morrer (Nassim & S a i , 1 9 9 0 ) . O estudo d e M a r t i n s (1989) sugere q u e , se eliminássemos o q u a r t o o u q u i n t o n a s c i m e n t o , a taxa d e m o r t a l i d a d e infantil cairia 8 % ; se restringíssem o s a i d a d e d a gravidez e n t r e 20-34 a n o s , ela cairia 1 2 % . Observa-se, n o entanto, q u e alguns fatores, c o m o a o r d e m d e n a s c i m e n t o e a i d a d e d a m ã e , s o m e n t e p o d e m ser c o n s i d e r a d o s n o interior d e u m a m e s m a classe social; o p o d e r d e sua associação c o m a p r e m a t u r i d a d e o u o peso a o nascer é e l i m i n a d o pela estratificação s o c i o e c o n ô m i c a . N o q u e diz respeito a o s óbitos por diarréia e p n e u m o n i a , q u e c o n t i n u a v a m c o m o as d u a s p r i m e i r a s causas d e m o r t a l i d a d e infantil n o N o r d e s t e ( U N I C E F / S S A P , 1 9 9 0 ) , o e s t u d o d e Post ( 1 9 9 2 ) d e m o n s t r o u q u e os principais fatores prognósticos são o baixo p e s o a o nascer, a p r e m a t u r i d a d e , a d e s n u t r i ç ã o , o p e r í o d o m u i t o c u r t o d e a l e i t a m e n t o m a t e r n o e u m a história d e hospitalização p r e c e d e n t e . Para W a l l a c e (1990), a q u e s t ã o d a d e s n u t r i ç ã o se reveste d e u m caráter a i n d a mais grave, pois ela p e r m a n e c e invisível: estima-se e m 2 4 % , m a s identifica-se s o m e n t e 1 % d o s casos. O estado n u t r i c i o n a l , p o r e x e m p l o , p o d e ser visto c o m o u m fator q u e d e s e n c a d e i a o u agrava a fragilização. A s c r i a n ç a s c o n t r a e m i n f e c ç õ e s múltiplas ( e m s e q ü ê n c i a o u s i m u l t â n e a s ) . U m p r o g r a m a q u e n ã o l e v e e m c o n t a as i n t e r a ç õ e s desta m u l t i p l i c i d a d e d e p r o b l e m a s p o d e ter sua e f i c i ê n c i a r e d u z i d a c o n s i d e r a v e l m e n t e . Programas para a Saúde das Mães e das Crianças U K o K o ( 1 9 9 0 ) destaca, nos e s t u d o s d o fim d o s é c u l o X V I I I , a e m e r g ê n c i a d a p r e o c u p a ç ã o c o m a s a ú d e das m ã e s e d a s c r i a n ç a s . N o s é c u l o X I X , " s a ú d e m a t e r n a l e infantil" torna-se u m a disciplina e n q u a d r a d a pela s a ú d e p ú b l i c a , limitada n o inicio a o s Estados U n i d o s e E u r o p a . Ela a b r a n g e a oferta d e serviços e o p l a n e j a m e n t o familiar. O s p r o g r a m a s n o r m a l m e n t e são organizados e m u m a base filantrópica e p o r instituiç õ e s n ã o - g o v e r n a m e n t a i s . S o m e n t e n o final d a S e g u n d a G u e r r a o Estado a s s u m e essa r e s p o n s a b i l i d a d e . D u r a n t e os a n o s 6 0 e 7 0 , os e l e v a d o s níveis d a m o r t a l i d a d e infantil a p o n t a m para u m a q u a s e a u s ê n c i a destas a ç õ e s nos países e m d e s e n v o l v i m e n t o , f a z e n d o c o m q u e na c o n f e r ê n c i a d e A l m a - A t a s e j a m d e f i n i d a s c o m o prioritárias para o c o n t r o l e d e alguns p r o b l e m a s s e l e c i o n a d o s , c o n s i d e r a n d o sua e l e v a d a e f e t i v i d a d e e baixo custo. O m o d e l o d e i n t e r v e n ç ã o d e B a r n u m & B a r l o w ( 1 9 8 4 ) é c o e r e n t e c o m esta proposta e se baseia e m três c o n d i ç õ e s - a l v o : os p r o b l e m a s perinatais ( p r i n c i p a l m e n t e o baixo p e s o a o nascer), a d e s n u t r i ç ã o e as d o e n ç a s infecciosas (diarréia, d o e n ças respiratórias e as p r e v e n í v e i s p o r v a c i n a ç ã o ) . Eles p r o p õ e m u m " d i a g r a m a d e i n t e r c a u s a l i d a d e " , d e i x a n d o implícita a n o ç ã o d e " f r a g i l i z a ç ã o " p o r riscos c o m p e t i t i ¬ vos/acumulativos, q u e e n c o n t r a m o s e m M o s l e y & B e c k e r ( 1 9 9 1 ) e q u e é r e t o m a d a por Fournier, T y a n e & H a d d a d ( 1 9 9 2 ) , o u seja: n o final d a d o e n ç a , a n t e s d o f a l e c i m e n t o o u , m e s m o na alternativa d e e l e n ã o ocorrer, o p r i n c i p a l efeito d e u m a d o e n ç a é "fragilizar" a c r i a n ç a . Isto r e d u z sua c a p a c i d a d e d e e n f r e n t a r u m a " s e g u n d a a g r e s s ã o " , n ã o s u r p r e e n d e n d o a história d e i n t e r n a ç õ e s a n t e r i o r e s c o m o preditivas a o ó b i to. V a l e a p e n a citar outros trabalhos i n t e r n a c i o n a i s q u e r e f o r ç a m a i m p o r t â n c i a d a s intervenções sobre o conjunto d e problemas anteriormente m e n c i o n a d o s . O programa a m p l i a d o d e v a c i n a ç ã o , q u e c o m e ç o u e m 1 9 7 4 ( q u a n d o m e n o s d e 5 % das crianças e r a m vacinadas), já atinge u m a cobertura m u n d i a l d e 7 0 % e a Terapia d e R e i d r a t a ç ã o O r a l ( T R O ) , q u e a i n d a era d e s c o n h e c i d a n o inicio d o s a n o s 8 0 , é a t u a l m e n t e praticada por 2 5 % d e todas as famílias. U m a difusão e m massa d a T R O n o Egito, e m 1 9 8 4 , revelou q u e , dois anos d e p o i s , 7 0 % das m ã e s a utilizavam r e g u l a r m e n t e e m suas crianças d o e n t e s d e diarréia, e observa a i m p o r t â n c i a d o seu i m p a c t o s o b r e a m o r talidade infantil ( B u c h t , 1990). Analisando-se a utilização d a T R O e m 2 4 países, é possível dizer q u e se fossem cobertos 5 0 % d o s casos d e diarréia, poder-se-ia se evitar u m terço d o s óbitos (Drasbek, 1991). O m e s m o autor refere u m a r e d u ç ã o d a m o r t a l i d a d e infantil por diarréia, e m u m a região d o N o r d e s t e d o Brasil, d e 2 8 a 13 por mil (19871990), c o m u m a u m e n t o d e 2 8 % d o uso d e sais d e reidratação oral, e t a m b é m u m a r e d u ç ã o d o n ú m e r o d e casos, d e 2 6 % a 1 2 % nas d u a s s e m a n a s anteriores às pesquisas. C u n h a e t a l . ( 1 9 8 8 ) a v a l i a m q u e a c o b e r t u r a a d e q u a d a d a s v a c i n a s contra o s a r a m p o e a c o q u e l u c h e p o d e reduzir e m 2 5 % as mortes p o r i n f e c ç õ e s respiratórias agudas (IRA). Kumar, W a l i a & Singh (1990) demonstraram, t a m b é m , a importância d o s p r o g r a m a s d e i n c e n t i v o a o a l e i t a m e n t o m a t e r n o para a r e d u ç ã o d a m o r t a l i d a d e por I R A . N a E u r o p a , a m o r t a l i d a d e perinatal foi r e d u z i d a e m u m t e r ç o o u u m q u a r t o e m a p e n a s 3 0 a n o s , isto d e v i d o à m e l h o r i a d a infra-estrutura sanitária ( M a n o l e , M a s s e & M a n c i a u x , 1 9 7 7 ; M o n n i e r e t a l . , 1 9 8 0 ; R a o , 1 9 9 0 ) , e o sucesso d o s programas d e c u i d a d o s neonatais p a r e c e t ã o e v i d e n t e na N o r u e g a q u a n t o nos Estados U n i d o s ( G o u l e t , 1 9 8 5 ) . R o g e r & R o u g e m o n t ( 1 9 8 9 ) a r g u m e n t a m , a i n d a , q u e d u a s m u l h e r e s c u j o nível d e e s c o l a r i d a d e d i f e r e c o r r e m u m risco c o m p a r á v e l d e m o r t a l i d a d e perinatal q u a n d o b e n e f i c i a d a s d e , p e l o m e n o s , seis consultas pré-natais. M o n t r e u i l & C o l i n (1988) a n a lisaram a e x p e r i ê n c i a d e seis p r o g r a m a s i n o v a d o r e s n o Q u é b e c , o n d e as m u l h e r e s d e u m m e i o d e s f a v o r e c i d o t i n h a m riscos s e m e l h a n t e s às m u l h e r e s d e países e m d e s e n v o l v i m e n t o d e d a r e m à luz u m b e b ê d e peso inferior a 2 . 5 0 0 g . Essas i n t e r v e n ç õ e s i n o v a d o r a s - c u i d a d o s a m p l i a d o s d o pré-natal - a c r e s c e n t a v a m a j u d a material, visitas e m d o m i c í l i o , s u p l e m e n t o a l i m e n t a r e t c . E m sua análise final, constata-se q u e o b t i v e r a m , dessa f o r m a , u m a d i m i n u i ç ã o d e 3 0 % a 5 0 % d a taxa d e baixo peso a o nascer, t r a z e n d o - a p a r a o s v a l o r e s m é d i o s , às v e z e s a t é u m p o u c o inferior, q u a n d o anteriorm e n t e os riscos relativos e r a m d u a s v e z e s mais e l e v a d o s . U K o K o ( 1 9 9 0 ) , b a s e a n d o - s e nas e x p e r i ê n c i a s e f e t u a d a s na Ásia, sustentou q u e os p r o g r a m a s m a i s eficazes l e v a m e m c o n t a u m a visão holística e m t e r m o s d e c u i d a d o s p r i m á r i o s d e s a ú d e ( T R O , c o n t r o l e d a s i n f e c ç õ e s respiratórias a g u d a s , s u p o r t e n u t r i c i o n a l ) , o q u e F o u r n i e r e t a l . ( 1 9 9 2 ) c h a m a m " i n t e r v e n ç õ e s globais d e s a ú d e " . Estes ú l t i m o s a u t o r e s a n a l i s a r a m 1 6 e s t u d o s t r a t a n d o d o i m p a c t o das i n t e r v e n ç õ e s s o b r e a m o r t a l i d a d e infantil. O s projetos f o r a m realizados e m vários c o n t i n e n t e s (Áfric a , Á s i a , A m é r i c a s d o S u l e C e n t r a l ) e , c o m a e x c e ç ã o d e u m projeto na G â m b i a , t o d o s mostravam uma redução na m o r t a l i d a d e infantil. I n d e p e n d e n t e m e n t e dos questionamentos sobre a qualidade dos dados e a diversidade dos procedimentos m e t o d o l ó g i c o s a d o t a d o s , o o u t r o p r o b l e m a e n c o n t r a d o pelos a u t o r e s foi q u e o grau d e i m p l a n t a ç ã o destas a ç õ e s r a r a m e n t e h a v i a sido m e d i d o , o q u e c o m p r o m e t i a a inferência s o b r e o efeito d a s intervenções. D o i s projetos brasileiros incluídos n o estudo ilustram esta p r o b l e m á t i c a : o p r i m e i r o , d e s t i n a d o à f o r m a ç ã o d e parteiras para a r e d u ç ã o d a m o r t a l i d a d e p e r i n a t a l (Janovitz e t a l . , 1 9 8 8 ) ; e o s e g u n d o , d e s t i n a d o a a u m e n tar a prática d o a l e i t a m e n t o m a t e r n o por u m a c a m p a n h a d e difusão nacional ( M o n t e i r o , R e a & V i c t o r a , 1 9 9 0 ) . N o p r i m e i r o p r o j e t o , b a s e a d o p r i n c i p a l m e n t e na identificação d a s m u l h e r e s d e risco pelas parteiras, os a u t o r e s r e c o n h e c e m q u e os d a d o s c o l e t a d o s n ã o e r a m s u f i c i e n t e m e n t e específicos para distinguir as m u l h e r e s d e alto risco ( q u e e r a m referidas) d a q u e l a s d e baixo risco, c o m u m e v i d e n t e p r o b l e m a d a v a l i d a d e d e critério na classificação d e risco. A l é m disso, as m u l h e r e s transferidas t i n h a m n o r m a l ¬ m e n t e q u e c a m i n h a r u m dia inteiro, d e v i d o às dificuldades d e transporte, o q u e a u m e n tava o risco, l e v a n t a n d o m e s m o d ú v i d a s q u a n t o à pertinência d a estratégia a d o t a d a . N o segundo caso, o autor considera impossível a a v a l i a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o d e e n v e r g a d u r a n a c i o n a l , a partir d e situações quase-experimentais, e , m e s m o se controlasse o efeito d e diversas variáveis para m e d i r o i m p a c t o d o a l e i t a m e n t o sobre a m o r t a l i d a d e infantil, a v a c i n a ç ã o n ã o seria incluída, a l é m d o q u e a i n t e r v e n ç ã o m e d i d a c o m e ç a a o m e s m o t e m p o q u e a c a m p a n h a n a c i o n a l d o programa a m p l i a d o d e v a c i n a ç ã o . A experiência d o C h i l e mostra q u e o P M I (incluindo o s u p l e m e n t o a l i m e n t a r c o m o a c o m p a n h a m e n t o nutricional) p o d e ser c a p a z d e reduzir a m o r t a l i d a d e infantil, m e s m o c o m a d e t e r i o r a ç ã o das c o n d i ç õ e s s o c i o e c o n ô m i c a s , m a s p e r m a n e c e f u n d a m e n t a l o prosseguimento destas a ç õ e s , pois sua r e d u ç ã o provocaria u m a r e c r u d e s c ê n c i a d a taxa d e mortalidade (Raczinski, 1 9 9 1 ) . Para S e n ( 1 9 9 3 ) , a e x p e r i ê n c i a d o Sri L a n k a , d a C h i n a e d a Costa Rica - países pobres, mas q u e privilegiaram as a ç õ e s orientadas para o b e m público (public oriented policy), r e d u z i n d o a m o r t a l i d a d e infantil e a u m e n t a n d o a e s p e - rança d e vida a o nascer a níveis d e países ricos - mostra o i m p a c t o positivo d o s programas q u e fazem a associação d o q u e ele c h a m a e d u c a ç ã o pública, intervenções epidemiológico-sociais, serviços m é d i c o s pessoais e nutrição subsidiada. O a u t o r n ã o m e n o s p r e z a a c o n t r i b u i ç ã o d o d e s e n v o l v i m e n t o s o c i o e c o n ô m i c o para a r e d u ç ã o d a mortalidade infantil e m e n c i o n a o Brasil e n t r e o s países q u e a i n d a n ã o s o u b e r a m a p r o veitar seu c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o para a u m e n t a r a s a ú d e e o bem-estar d a p o p u l a ç ã o . A Mortalidade das Crianças e a Qualidade da Assistência A m o r t a l i d a d e infantil t e m u m lugar privilegiado e n t r e os " e v e n t o s - s e n t i n e l a " . A expressão c o r r e s p o n d e às d o e n ç a s , i n c a p a c i d a d e s o u óbitos p r e v e n í v e i s p o r u m sistem a d e s a ú d e e f i c i e n t e e foi p r o p o s t o o r i g i n a l m e n t e p o r Rutstein e t a l . ( 1 9 7 6 ) . P o d e - s e t a m b é m definir a m o r t a l i d a d e infantil evitável, o u excesso d e m o r t a l i d a d e , c o m o a q u e l a q u e apresenta u m a r e d u ç ã o c o n t í n u a através d o t e m p o e m u m país d e o b s e r v a ç ã o , o u e m r e l a ç ã o a u m o u t r o q u e se utiliza c o m o referência ( O P S , 1 9 9 0 ) . D ' S o u z a ( 1 9 8 9 ) utilizou esta c o n c e i t u a ç ã o para analisar o esforço e m p r e e n d i d o p o r alguns países d a África e Ásia M e r i d i o n a l a fim d e reduzir a m o r t a l i d a d e infantil. N o Brasil, B e c k e r (1988) d i s c u t e o i m p a c t o d a s i n t e r v e n ç õ e s , n a e v i t a b i l i d a d e d o s ó b i t o s , p e r a n t e os resultados o b t i d o s n a r e d u ç ã o d a m o r t a l i d a d e infantil, c o e x i s t i n d o c o m o e m p o b r e c i m e n t o d a s p o p u l a ç õ e s . A U N I C E F ( 1 9 8 6 ) , p o r sua v e z , e s t i m o u q u e , d e n t r e as 3 2 0 mil crianças m e n o r e s d e c i n c o a n o s falecidas e m 1 9 8 5 , 2 1 1 mil casos p o d e r i a m ser a t r i b u ídos a causas suscetíveis d e p r e v e n ç ã o o u c o n t r o l e . N o R i o d e J a n e i r o , D u c h i a d e , C a r v a l h o & Leal ( 1 9 8 9 ) a n a l i s a r a m os óbitos e m d o m i c í l i o d e 1 6 8 c r i a n ç a s , d o s q u a i s 6 3 % a c o n t e c e r a m d e p o i s q u e a m ã e b u s c o u c u i d a d o s m é d i c o s . Três q u a r t o s dessas crianças m o r r e r a m d e v i d o à i n c a p a c i d a d e d o s serviços d e s a ú d e d e identificar a g r a v i d a d e d a d o e n ç a o u , a i n d a , p o r q u e n ã o h a v i a possibilidade d o sistema d e s a ú d e se e n c a r r e g a r d o c a s o q u a n d o se p r o c u r o u a j u d a . O ú l t i m o q u a r t o das crianças falecidas r e c e b e u c u i d a d o s : o f a l e c i m e n t o o c o r r e u o u e n t r e o posto d e s a ú d e e o retorno a o d o m i c i l i o , o u d u r a n t e u m a transferência e n t r e dois serviços. O fato d e a m o r t a l i d a d e infantil refletir, s i m u l t a n e a m e n t e , o grau d e d e s e n v o l v i m e n t o s o c i o e c o n ô m i c o e a q u a l i d a d e d o sistema d e s a ú d e n ã o exclui a r e s p o n s a b i l i d a d e d o sistema, m u i t o p e l o c o n t r á r i o , nos o b r i g a n d o a exigir q u e os serviços d e s a ú d e s e j a m m a i s acessíveis e eficientes e m locais o n d e as c o n d i ç õ e s s o c i o e c o n ô m i c a s a u m e n t a m os riscos d e u m a p o p u l a ç ã o já exposta ( C h a r l t o n et a l . , 1 9 8 3 ) . S e r á n e c e s sário, e n t ã o , d o p o n t o d e vista d a e f e t i v i d a d e , levar e m c o n s i d e r a ç ã o n ã o s o m e n t e a m e l h o r i a geral d o e s t a d o d e s a ú d e , mas t a m b é m a r e d u ç ã o nas " d i s p a r i d a d e s d e risco" e n t r e d i f e r e n t e s classes d a p o p u l a ç ã o , o c o n c e i t o d e e f e t i v i d a d e , i n c l u i n d o a q u e l e d e e q ü i d a d e (Montoya-Aguilar & Marín-Lira, 1986). C o m o afirma Contandriopoulos ( 1 9 9 0 ) , " a s d e s i g u a l d a d e s p e r a n t e a s a ú d e d e v e r i a m ter d e s a p a r e c i d o c o m o d e s e n v o l v i m e n t o q u e c o n h e c e m h o j e os sistemas d e s a ú d e " . C o n s i d e r a m o s , p o r t a n t o , q u e os instrumentos t é c n i c o s t a m b é m t ê m objetivos sociais a a l c a n ç a r e q u e a m o r t a l i d a d e infantil é u m i n d i c a d o r sugestivo d a q u a l i d a d e d o P M I e d a ( i n ) e f e t i v i d a d e d e u m S I L O S e m reduzir as d e s i g u a l d a d e s p e r a n t e a s a ú d e . Fundamentos da Análise de Implantação E m b o r a a d e s c e n t r a l i z a ç ã o constitua u m a estratégia global e n d o s s a d a pela m a i oria d o s países q u e b u s c a m a m e l h o r i a d e seus sistemas d e s a ú d e ( O P S / O M S , 1 9 8 9 ) , e l a n ã o assegura a e f i c á c i a d a s i n t e r v e n ç õ e s se n ã o se s o u b e r antes q u a i s são suas características d e i m p l a n t a ç ã o , o u seja, o grau d e i m p l e m e n t a ç ã o , o u implementation, process evaluation e os fatores q u e f a v o r e c e m sua d i n â m i c a interna, o u extent implementation ( R o b e r t s - G r a y & Scheirer, 1 9 8 8 ) . A a n á l i s e d e i m p l a n t a ç ã o d e u m p r o g r a m a visa p r i n c i p a l m e n t e identificar os processos i m p l i c a d o s na p r o d u ç ã o d o s efeitos d e u m a intervenção (Denis & C h a m p a g n e , 1 9 9 0 ) . P a r a estes a u t o r e s , a i m p o r t â n c i a d e avaliar a i m p l a n t a ç ã o revela-se indispensáv e l para se c h e g a r a c o n h e c e r a t o t a l i d a d e d a s i n t e r v e n ç õ e s , n o q u e se relaciona à v a l i d a d e d e s e u c o n t e ú d o ( i n t e n s i d a d e c o m a q u a l as a t i v i d a d e s são realizadas e sua a d e q u a ç ã o e m r e l a ç ã o às n o r m a s existentes), e a o s fatores explicativos das defasagens o b s e r v a d a s e n t r e a p l a n i f i c a ç ã o e a e x e c u ç ã o d a s a ç õ e s . Ela obriga a construir, a priori, a t e o r i a d o p r o g r a m a , e s p e c i f i c a n d o sua " n a t u r e z a " ( c o m p o n e n t e s , práticas) e o c o n texto r e q u e r i d o c o m o e t a p a s prévias a o s resultados e s p e r a d o s . A d i r e ç ã o t e ó r i c a d a s a v a l i a ç õ e s - theory-driven evaluation ( C h e n & Rossi, 1 9 8 3 ; C h e n , 1 9 9 0 ) - se d e s e n v o l v e e m r e a ç ã o a o m o d e l o d a caixa preta, utilizado g e r a l m e n t e para a a n á l i s e d o s efeitos. Tal m o d e l o n ã o se interessa pela e x p l i c a ç ã o d o s f e n ô m e nos, c o n c e n t r a n d o - s e e x c l u s i v a m e n t e s o b r e as contrapartidas observáveis. É o q u e B u n g e ( 1 9 8 9 ) c h a m a d e u m a "filosofia m í o p e " . A s n u m e r o s a s v a n t a g e n s d e s t e t i p o d e a b o r d a g e m se e v i d e n c i a m d e s d e o i n í c i o d a investigação. Tal e n f o q u e a u m e n t a o c o n h e c i m e n t o d a s i n t e r v e n ç õ e s ; i n d i c a a d i f e r e n ç a e n t r e o fracasso d e u m p r o g r a m a e a i n s u f i c i ê n c i a d e sua b a s e t e ó r i c a ; f o r n e c e a informação indispensável aos q u e t o m a m decisões; esclarece problemas conceituais d a s m e d i d a s ; identifica efeitos i m p r e v i s t o s ; a j u d a n a o b t e n ç ã o d e c o n s e n s o e n t r e os a t o r e s ; distingue as v a r i á v e i s i n t e r v e n i e n t e s , f a v o r e c e n d o a f o r m u l a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s e t c . ( C h e n & Rossi, 1 9 8 3 ; J u d d , 1 9 8 7 ; S h a d i s h j ú n i o r . , 1 9 8 7 ; W h o l e y , 1 9 8 7 ; Bickman, 1989; C h e n , 1989; Denis & C h a m p a g n e , 1990). D e v e m o s a d m i t i r q u e construir u m m o d e l o t e ó r i c o i n c l u i n d o as d i m e n s õ e s macro/microexplicativas - q u e p a r e c e m importantes para a implantação d o P M l e, c o n s e q ü e n t e m e n t e , p a r a a sua e f i c á c i a e m reduzir a m o r t a l i d a d e infantil - foi u m g r a n d e d e s a f i o e m nosso e s t u d o . QUADRO TEÓRICO A t e o r i a c a u s a l d e u m p r o g r a m a e s p e c i f i c a as a s s o c i a ç õ e s e n t r e o t r a t a m e n t o e os resultados, a o m e s m o t e m p o q u e e x p l i c a a a ç ã o d a s v a r i á v e i s q u e i n t e r v ê m n o p r o c e s s o . Estas v a r i á v e i s , a g i n d o d e f o r m a c o m p l e m e n t a r , c o m p õ e m a m i c r o e a macroteoria d o programa: a microteoria, baseada e m normas, descreve o aspecto estrutural e o p e r a c i o n a l , p r o d u z i n d o a i n f o r m a ç ã o p a r a o c o n j u n t o s o b r e as partes d o p r o g r a m a ; a m a c r o t e o r i a d e t a l h a os fatores o r g a n i z a c i o n a i s e s o c i o p o l í t i c o s q u e f a v o r e c e m o u i n i b e m os efeitos d o p r o g r a m a ( S h a d i s h J ú n i o r , 1 9 8 7 ) . E m r e s u m o , a t e o r i a causal faz c o m q u e se t e n h a d e explicitar " u m m o d e l o d e p r o c e d i m e n t o s p l a u s í v e l q u e levaria a e s p e r a r o e f e i t o d o t r a t a m e n t o " ( J u d d , 1 9 8 7 ) . O valor prático d a m a c r o t e o r i a reside n o fato d e u m processo d e i m p l a n t a ç ã o ser d i r e t a m e n t e d e p e n d e n t e d o sistema organizacional n o q u a l se inscreve ( C h e n & Rossi, 1 9 8 3 ) . Para a microteoria, n o e n t a n t o , p o d e m o s s u p o r q u e , se os recursos s ã o d i s p o n í veis, as atividades serão p r o d u z i d a s ; e se estas a t i v i d a d e s e resultados o c o r r e m c o n f o r m e estão previstos, e n t ã o evoluir-se-á para o i m p a c t o e s p e r a d o d o programa ( W h o l e y , 1 9 8 7 ) . A Macroteoria A i m p o r t â n c i a d o c o n t e x t o o r g a n i z a c i o n a l p a r a a e f i c á c i a d o s p r o g r a m a s faz d a e s c o l h a d o s m o d e l o s t e ó r i c o s u m reflexo d a c o n c e p ç ã o q u e se privilegia p a r a e s t u d a r as o r g a n i z a ç õ e s . Para S é g u i n & C h a n l a t ( 1 9 8 3 ) , d o i s g r u p o s t r a d i c i o n a l m e n t e se o p õ e m na pesquisa o r g a n i z a c i o n a l : u m a p o i a d o n o p a r a d i g m a f u n c i o n a l i s t a ( b a s e a d o n a o r d e m e na c o o r d e n a ç ã o das funções) e o outro, n o paradigma crítico q u e e v i d e n c i a os conflitos, o u m e l h o r , a d e s o r d e m d a o r g a n i z a ç ã o . Esta d u a l i d a d e é c o r r e s p o n d e n t e à referida p o r P r i c e ( 1 9 7 2 ) , para q u e m e x i s t e m a q u e l e s q u e d e f e n d e m o global approach ( a b o r d a g e m global), o n d e a e f i c i ê n c i a se d e f i n e e m t e r m o s d e atingir m e t a s , e a q u e l e s q u e s u s t e n t a m o system resource approach ( a b o r d a g e m relativa a o s r e c u r s o s d o siste- m a ) , c u j o sucesso se m e d e pela c a p a c i d a d e d e o b t e n ç ã o d e recursos. P a r a P i n e a u l t ( 1 9 9 1 ) , a p r i m e i r a a b o r d a g e m , t a m b é m c h a m a d a e p i d e m i o l ó g i c a o u d o resultado final, é r e c o m e n d a d a para os q u e t o m a m d e c i s õ e s , m a s só é utilizada por razões táticas, pois, na v e r d a d e , a m a i o r p r e o c u p a ç ã o d a s o r g a n i z a ç õ e s é a aquisição d e recursos, e n ã o a m e l h o r i a d a s a ú d e . Para C h a m p a g n e ( 1 9 9 1 ) , os diferentes m o d e l o s refletem d i m e n s õ e s c o m p l e m e n t a r e s , nas q u a i s u m a a v a l i a ç ã o d o d e s e m p e n h o d e v e se inspirar. Séguin & Chanlat (1983) consideram a via d e n o m i n a d a "paradigma da c o m p l e x i d a d e " , o u " p a r a d i g m a s i s t ê m i c o " s e g u n d o M o r i n ( 1 9 8 2 ) , a alternativa c a p a z d e e l i m i n a r essa falsa " d i v i s ã o " d a r e a l i d a d e . Ela permitiria c o m p r e e n d e r a organização pelos seus vários a s p e c t o s : sociais, e c o n ô m i c o s , políticos e t c , interligando, por u m p e n s a m e n t o c o m p l e x o , n o ç õ e s a t é e n t ã o opostas. O s autores a l c a n ç a m a idéia d e M o r i n ( 1 9 9 0 ) : A complexidade (...) não recusa a clareza, a ordem, o determinismo. Ela os sabe insuficientes (...) As organizações precisam de ordem e precisam de desordem (...) Em um universo de ordem pura, não haveria inovação, criação, evolução (...) Da mesma forma, nenhuma existência seria possível na pura desordem, pois não se teria nenhum elemento de estabilidade para ali fundar uma organização. A a b o r d a g e m sistêmica, privilegiada n a nossa pesquisa, n o s sugere a associação d a s d i f e r e n t e s lógicas d e a n á l i s e , a f i m d e levar e m c o n s i d e r a ç ã o as relações e n t r e o t o d o e as p a r t e s ; e n t r e o i n d i v i d u a l e o c o l e t i v o ; e n t r e a macro a microteoria. O fato d e os t e ó r i c o s d a s organizações n ã o c o n s e g u i r e m chegar a u m consenso s o b r e as variáveis explicativas d a i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o ( D e n i s & C h a m p a g n e , 1 9 9 0 ) nos leva a c o n s i d e r a r u m a série d e c o n t r i b u i ç õ e s , n o m o m e n t o d e construir nosso m o d e l o (Figura 1). U m sistema local d e s a ú d e é p e r c e b i d o c o m o a interação d e dois subsistemas: o c i r c u i t o d o s estados d e s a ú d e e a r e d e d e serviços assistenciais q u e c o r r e s p o n d e a o " c o n j u n t o d e recursos h u m a n o s e físicos (mão-de-obra, e q u i p a m e n t o s , i m ó v e i s , saber e t c ) , organizados e f i n a n c i a d o s d e f o r m a a f o r n e c e r serviços e c u i d a d o s à p o p u l a ç ã o , n o sentido d e m e l h o r a r seu estado d e s a ú d e " (Contandriopoulos et al., 1990). O s estados d e s a ú d e r e s u l t a m d e u m c o n j u n t o d e fatores c o n d i c i o n a n t e s q u e o p e r a m n a s o c i e d a d e e a c a r r e t a m , n o seio d o s diversos g r u p o s sociais, diferentes risc o s o u perfis d e " m o r b i - m o r t a l i d a d e " . A a ç ã o d o s serviços s o b r e os p r o b l e m a s d e s a ú d e e seus fatores d e risco se e s t a b e l e c e e m três níveis (Castellanos, 1 9 9 0 ) : • singular: s ã o os atributos biológicos e o m o d o d e v i d a d o s i n d i v í d u o s q u e a p a r e c e m p r i o r i t a r i a m e n t e c o m o d e t e r m i n a n t e s d o p r o b l e m a . N e s t a d i m e n s ã o , a a ç ã o d o sist e m a visa d i a g n o s t i c a r as patologias e s p e c í f i c a s , assim c o m o tratá-las ( p o r e x e m p l o , a r e i d r a t a ç ã o o r a l a d m i n i s t r a d a às c r i a n ç a s c o m d i a r r é i a ) ; • p a r t i c u l a r : os p r o b l e m a s s ã o d e f i n i d o s p e l o s g r u p o s d e p o p u l a ç ã o , c o n s t i t u i n d o u m n í v e l i n t e r m e d i á r i o q u e s e r v e d e e l e m e n t o d e i n t e r p r e t a ç ã o na e x p l i c a ç ã o d o p a p e l d a s m u d a n ç a s estruturais s o b r e a s a ú d e d o s i n d i v í d u o s . A s i n t e r v e n ç õ e s d e s a ú d e o r g a n i z a m - s e e m t o r n o d e grupos-alvo e f a z e m parte d o e s f o r ç o e m m e l h o r a r o perfil s a ú d e / d o e n ç a , a t r a v é s d a s c o n d i ç õ e s d e existência d o g r u p o . O P M I , e m u m a região c a r a c t e r i z a d a p o r u m a taxa e l e v a d a d e m o r t a l i d a d e infantil, constituiria u m bom exemplo; • estrutural o u g l o b a l : este nível a p r e s e n t a os p r o b l e m a s d e s a ú d e e m suas p e r s p e c t i vas histórica, cultural e social, l e v a n d o e m c o n t a o d e s e n v o l v i m e n t o e c o n ô m i c o e as f o r m a s sociopolíticas d e o r g a n i z a ç õ e s c o l e t i v a s , nelas incluindo-se os serviços d e s a ú d e . A política d e s a ú d e e a d e f i n i ç ã o d a s p r i o r i d a d e s c a r a c t e r i z a m a a ç ã o d o sistema d e c u i d a d o s a este n í v e l . FIGURA 1 M o d e l o para A n á l i s e d e I m p l a n t a ç ã o d o P M I n u m S I L O S ESTRATEGIAS DE TRANSFERENCIA DE P O D E R / R E C U R S O S Políticas de Saúde Estrutural População Manipuladora Cooperativa Autoritária Ameaçadora EQUILIBRIO DO CAMPO INTERORGANIZACIONAL • Coordenação +• Consenso CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES Implantação de •*• programas Particular Grupo - Valores competitivos ou paradoxais • Tradição / Renovação • Abertura / Auto-suficiência • Especialista / Generalista ' • Autonomia / Controle - Sinergia com as estratégias fundamentais dos atores Tecnologia Indivíduo Singular Hartz, Z. M. A., 1993. R e s p e i t a n d o este q u a d r o c o n c e i t u a i , p o d e m o s acrescentar q u e a i m p l a n t a ç ã o d e u m programa é c o n d i c i o n a d a pelas políticas d e s a ú d e n o nível estrutural, pela d i s p o n i b i lidade d e u m a tecnologia eficaz e, t a m b é m , p e l o sistema organizacional n o q u a l este programa se inscreve, efetuando-se e m retroatividade a relação e n t r e estas d i m e n s õ e s . N o c o n t e x t o o r g a n i z a c i o n a l , alguns fatores explicativos p o d e m facilitar o u d i f i cultar a i m p l a n t a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o . N o s s o e s q u e m a r e p r e s e n t a u m a a d a p t a ç ã o d o m o d e l o "político e c o n t i n g e n t e " , proposto por D e n i s & C h a m p a g n e ( 1 9 9 0 ) . S e g u n d o este m o d e l o , aborda-se o processo d e i m p l a n t a ç ã o , antes d e t u d o , a t r a v é s d e u m a perspectiva global d e e c o n o m i a política ( B e n s o n , 1 9 7 5 ) . Tal p r o c e s s o sofre t a m b é m as pressões d e atributos internos o u contingentes das organizações q u e , s e g u n d o C a m e r o n ( 1 9 8 6 ) , a s s u m e m u m caráter c o n t r a d i t ó r i o o u " p a r a d o x a l " nas o r g a n i z a ç õ e s c o m m e lhor d e s e m p e n h o . N a c o n c e p ç ã o d e B e n s o n ( 1 9 7 5 ) , o sistema d e c u i d a d o s p o d e ser c o n c e b i d o como uma rede d e organizações q u e t e n d e a u m equilíbrio d e seu campo i n t e r o r g a n i z a c i o n a l , e m v i r t u d e d a i n t e r d e p e n d ê n c i a d e suas d u a s d i m e n s õ e s p r i n c i pais: a c o o r d e n a ç ã o d o t r a b a l h o (articulação d a s atividades) e o c o n s e n s o o p e r a c i o n a l o u n o r m a t i v o ( c o n c o r d â n c i a e n t r e as a t r i b u i ç õ e s e a q u a l i d a d e d a s a b o r d a g e n s r e c o m e n d a d a s / e x e c u t a d a s ) e n t r e seus m e m b r o s . C o m o afirma B e n s o n ( 1 9 7 5 ) , operating philosophies consensus p r o d u z e m relações d e c o o p e r a ç ã o , e vice-versa. A r e d e articu¬ lar-se-ia a u m c o n t e x t o m a i s a m p l o (nível estrutural), q u e c o n d i c i o n a , p e l a r e l a ç ã o d a s forças políticas ( p o d e r o u e x e r c í c i o d a a u t o r i d a d e ) , o fluxo d e recursos, o direito e a r e s p o n s a b i l i d a d e p e l a c o n d u ç ã o d e d e t e r m i n a d o s p r o g r a m a s . A u t o r i d a d e implica d i s p o r d e recursos f i n a n c e i r o s p a r a o d e s e m p e n h o a d e q u a d o na esfera programática. D i t o d e o u t r a f o r m a , as estratégias d e s e n v o l v i d a s para a transferência e partilha d e poder/recursos e n t r e o nível estrutural e o c o n t e x t o o r g a n i z a c i o n a l i n t e r f e r e m , e m v á r i o s graus, n o e q u i l í b r i o d o sistema d e c u i d a d o s , n o q u e diz respeito à c o o r d e n a ç ã o o u a u m c e r t o c o n s e n s o e n t r e parceiros. C o n f i r m a n d o esta a f i r m a ç ã o , poder-se-ia d i z e r q u e , e m u m q u a d r o o n d e a falta d e c o o r d e n a ç ã o resulta e m d e s e q u i l í b r i o d o sistema, a r e d u ç ã o o u a i n t e r r u p ç ã o d e recursos (estratégia a m e a ç a d o r a ) p o d e forçar u m c r e s c i m e n t o d o espírito c o o p e r a t i v o e n t r e as d i f e r e n t e s instituições d a r e d e . D e n i s & C h a m p a g n e ( 1 9 9 0 ) c o n s i d e r a m t a m b é m q u e a i m p l a n t a ç ã o d o program a d e p e n d e d a d i n â m i c a d e i n t e g r a ç ã o d o s atores e m r e l a ç ã o às diferentes organizaç õ e s , o u seja, d e u m a sinergia e n t r e suas características estruturais internas e os o b j e tivos d o s a t o r e s ("estratégias f u n d a m e n t a i s " ) nela i m p l i c a d o s . Hafsi (1991) fala d e u m a " h a r m o n i z a ç ã o d e interesses", o u d e u m " c l i m a d e c o o p e r a ç ã o " , m a s A k t o u f ( 1 9 9 1 ) l e m b r a q u e a h a r m o n i a d e interesses n ã o significa n e c e s s a r i a m e n t e c o n v e r g ê n c i a . O a u t o r d e i x a e n t e n d e r q u e os atores p o d e m assumir c o m o seus os p r o b l e m a s d e sua o r g a n i z a ç ã o . N ã o é s u f i c i e n t e o b e d e c e r ; é necessário t a m b é m a u t o n o m i a e participaç ã o nas d e c i s õ e s . Esta a u t o n o m i a foi c o n s i d e r a d a m u i t o i m p o r t a n t e para o êxito das i n t e r v e n ç õ e s e m r e l a ç ã o às m u l h e r e s grávidas d o m e i o d e s f a v o r e c i d o na e x p e r i ê n c i a d e M o n t r e u i l & C o l l i n ( 1 9 8 8 ) : " s e v o c ê é m u i t o c o n t r o l a d o , é difícil d e s e n v o l v e r suas próprias a b o r d a g e n s . É possível ter o b j e t i v o s globais e específicos, e , a o m e s m o t e m p o , ter u m a f l e x i b i l i d a d e nos m e i o s " . P a r a C a m e r o n ( 1 9 8 6 ) , a i n t e r a ç ã o d o s atores c o m as o r g a n i z a ç õ e s d e v e ser d e natureza p a r a d o x a l : a e f i c á c i a o r g a n i z a c i o n a l é p a r a d o x a l , pois, para ser e f i c a z , u m a o r g a n i z a ç ã o d e v e possuir atributos q u e são simultan e a m e n t e c o n t r a d i t ó r i o s e , m e s m o , m u t u a m e n t e e x c l u d e n t e s . O a u t o r se inspira nos t r a b a l h o s q u e a n t e c i p a m a t u r b u l ê n c i a d o s a n o s 9 0 , e x i g i n d o d a s o r g a n i z a ç õ e s (e d e seus atores) u m a m a i o r c a p a c i d a d e d e a d a p t a ç ã o para se o b t e r êxito. Entre esses atributos d e a d a p t a ç ã o , c u j o s v a l o r e s são a p a r e n t e m e n t e contraditórios o u c o m p e t i t i v o s , e d e ocorrência simultânea, deve-se encontrar: • a t e n d ê n c i a à r e n o v a ç ã o , s e m p e r d e r d e vista o e n r a i z a m e n t o i n s t i t u c i o n a l ; • a abertura a o m e i o a m b i e n t e e x t e r n o e o r e f o r ç o das estruturas i n t e r n a s ; • a f o r m a ç ã o d e recursos h u m a n o s , f a v o r e c e n d o a e s p e c i a l i z a ç ã o e a g e n e r a l i z a ç ã o d e papéis; • a prática f u n c i o n a l b a s e a d a na a u t o n o m i a e n o c o n t r o l e institucional. E m r e s u m o , a " t e n s ã o c o m p e t i t i v a " é essencial à c a p a c i d a d e d e a d a p t a ç ã o institucional. Ela evita o processo d e r e f o r ç a m e n t o d e atributos, q u e se p e r p e t u a m e se t o r n a m a n a c r ô n i c o s e disfuncionais (schismogenesis), t o r n a n d o - s e , e n t ã o , m a i s d o q u e p e r t i n e n t e r e c o m e n d a r u m potential balance in opposing indicators (Cameron, 1986). A Microteoria C o n s t r u í m o s u m m o d e l o para o P M I i n s p i r a d o nas p r o p o s i ç õ e s d e B a r n u m & B a r l o w ( 1 9 8 4 ) e d e M o s l e y & B e c k e r ( 1 9 9 1 ) s o b r e a inter-relação d a s c o n d i ç õ e s d e risco para a m o r t a l i d a d e infantil (Figura 2 ) . T o m a m o s , c o m o R e y n o l d s ( 1 9 9 0 ) , a p r e c a u ç ã o d e explicitar as relações e n t r e a estrutura, o processo e os resultados d o p r o g r a m a , l e v a n d o e m c o n t a a i n t e r a ç ã o d o s efeitos d e seus c o m p o n e n t e s e o s e u i m p a c t o sobre as causas d a s m o r t e s infantis. A s principais causas d e ó b i t o o u d e " f r a g i l i z a ç ã o " d a s a ú d e das c r i a n ç a s s e r i a m as seguintes: o b a i x o p e s o a o nascer, a d e s n u t r i ç ã o e as d o e n ç a s infecciosas (diarréia, i n f e c ç õ e s respiratórias a g u d a s e outras d o e n ç a s e v i t á v e i s pela v a c i n a ç ã o ) . Este m o d e l o o r i e n t o u a e s c o l h a d e v a r i á v e i s para a o p e r a c i o n a l i z a ç ã o d a m e d i d a d o grau d e sua i m p l a n t a ç ã o . Os Pressupostos Fundamentais da Pesquisa N o q u a d r o d e u m a pesquisa e m q u e as v a r i á v e i s são i n t e r d e p e n d e n t e s , é m a i s c o e r e n t e e l a b o r a r pressupostos s o b r e a investigação d o q u e e n u n c i a r h i p ó t e s e s a s e r e m d e m o n s t r a d a s . Nossos pressupostos, b a s e a d o s nos m o d e l o s t e ó r i c o s , e n u n c i a m se d a seguinte f o r m a : • o perfil d e m o r b i - m o r t a l i d a d e infantil e m u m S I L O S está a s s o c i a d o a o grau d e i m plantação das atividades d o P M I ; • o grau d e i m p l a n t a ç ã o d o P M I é c o n d i c i o n a d o p e l o c o n t e x t o o r g a n i z a c i o n a l ( u n i d a d e s d e s a ú d e e r e d e interorganizacional) n o q u a l se i n s e r e ; • o e q u i l í b r i o d a r e d e interorganizacional e a c a p a c i d a d e d e a d a p t a ç ã o d a s o r g a n i z a ções favorecem a implementação d o P M I ; • o e q u i l í b r i o d a r e d e interorganizacional se o b t é m p e l a c o o r d e n a ç ã o d a s a ç õ e s d e s a ú d e e p e l o c o n s e n s o o p e r a c i o n a l - n o r m a t i v o e n t r e as o r g a n i z a ç õ e s . A c o o r d e n a ç ã o e o c o n s e n s o e n t r e as u n i d a d e s d a r e d e são i n f l u e n c i a d o s pelas estratégias d e transferência d e poder/recursos d o nível macroestrutural e p e l o d e s e m p e n h o dessas organizações; - Q RA CDD Diagnóstico precoce; tratamento por antibióticos; acompanhamento dos casos Diagnóstico precoce; TRO; acompanhamento dos casos de desidratação Consultas preventivas, C D acompanhamento nutricional, aleitamento materno e suplementos alimentares Sessões de vacinação contra PNI sarampo, polio, tuberculose, tétano, difteria e coqueluche 5-6-7 5-6 5-7 4-6-7 Redução do número de casos de diarréia e de desidratação (leve, moderada, grave) e suas complicações Melhorar o estado nutricional das crianças Redução do número de casos 7 de IRA (leve, moderada grave) e suas complicações 6 5 Proteção das crianças contra áj as doenças do PAI Diminuir as complicações da gestação e do parto; proteger a mãe e a criança contra o tétano neonatal; melhorar a nutrição da mãe Consultas regulares e vacinas P N contra tétano para mulheres grávidas; controle nutricional; acompanhamento da gravidez de risco ü Promover o espaçamento dos nascimentos; evitar a gravidez em uma idade muito precoce ou muito tardia Aumento do conhecimento dos fatores de risco para a saúde e das possibilidades de intervenção individual e comunitária Consultas para o uso dos anticoncepcionais ou dos métodos de procriação PF 2-3-4-5-6-7 • Resultados (outcome) Obs.: Os números sobre as flechas indicam os resultados e os efeitos secundários esperados, associados às atividades do Programa. ES PF PN PNI Educação para a Saúde Planejamento Familiar Pré-natal Programa Nacional de Imunização CD Crescimento/ Desenvolvimento CDD -Controle das Doenças Diarréicas CIRA- Controle das Infecções Respiratórias Agudas * Atividades - Planejamento e gestão - Recursos humanos - Recursos materiais Equipamentos gerais ou padronizados e outros materiais de base (vacinas, sais de reidratação oral, remédios apropriados, anticoncepcionais, suplementos nutricionais) - Instalação Estrutura (input) Divulgação em massa e ES seções de educação dirigidas a mulheres, professores e dirigentes comunitários 'Processo (output) Programa d e S a ú d e Materno-lnfantil ( P M I ) FIGURA 2 5-6-7 4-5-6-7 • 2-3-4-5-6-7 • IMPACTO Redução dos óbitos por pneumonia e outras T patologias respiratórias Redução dos casos e óbitos por desidratação Redução dos casos e óbitos por desnutrição Redução da morbi-mortalidade das 1 ' doenças do PAI J Redução da mortalidade perinatal e neonatal Redução dos nascimentos de bebês de baixo peso Redução da mortalidade infantil < — • 06 05 04 °^ I 02 Mudanças de 01 comportamento ante à saúde, favorecendo a utilização adequada dos serviços Outros efeitos • a i m p l a n t a ç ã o d a s i n t e r v e n ç õ e s ( e , e m última a n á l i s e , o d e s e m p e n h o d a s o r g a n i z a ções) está ligada à c a p a c i d a d e d e a d a p t a ç ã o institucional a o m e i o e x t e r n o ; • a c a p a c i d a d e d e a d a p t a ç ã o é d e p e n d e n t e da interação entre os objetivos organizacionais e os d o s atores q u e nela estão i m p l i c a d o s ; • os atributos d e natureza paradoxal, c o m o a f o r m a ç ã o geral e especializada d e recursos h u m a n o s o u u m a p r á t i c a f u n c i o n a l a u t ô n o m a , m a s r e s p e i t a n d o os p r i n c í p i o s institucionais, f a v o r e c e m esta h a r m o n i z a ç ã o d e interesses e n t r e atores-organização. S e g u i n d o as diferentes a b o r d a g e n s c o n c e i t u a i s e s c o l h i d a s para a c o n f e c ç ã o d o q u a d r o d a nossa pesquisa, p o d e m o s resumi-las assim: a i m p l a n t a ç ã o e a eficácia d e u m programa para reduzir a m o r t a l i d a d e infantil f i c a m c o n d i c i o n a d a s às políticas d e s a ú d e vigentes e à o r g a n i z a ç ã o d o sistema d e c u i d a d o s . O s m o d e l o s t e ó r i c o s são usados para tentar r e s p o n d e r às d u a s principais p e r guntas l e v a n t a d a s nesta pesquisa: • Q u a i s são os fatores contextuais q u e e x p l i c a m a i m p l a n t a ç ã o d o P M I n o interior d o s SILOS? • Q u a l o i m p a c t o das v a r i a ç õ e s na i m p l a n t a ç ã o d o P M I s o b r e a r e d u ç ã o d a m o r t a l i d a d e infantil? FATORES CONTEXTUAIS IMPLANTAÇÃO D O PMI R E D U Ç Ã O DA MORTALIDADE INFANTIL MÉTODOS E PROCEDIMENTOS A Estratégia da Pesquisa A estratégia a d o t a d a para e x e c u t a r c o m êxito este p r o j e t o é a d a pesquisa tica, sinté- o n d e as leis d e d e t e r m i n a ç ã o s ã o s u b s t i t u í d a s p o r leis d e i n t e r a ç ã o ou i n t e r d e p e n d ê n c i a ( C o n t a n d r i o p o u l o s et a l . , 1 9 8 9 ) . O p r o c e d i m e n t o e s c o l h i d o é o estudo de casos múltiplos com unidades de análise imbricadas. A análise d o s efeitos d o P M I sobre a m o r t a l i d a d e infantil é f u n d a m e n t a d a na lógica d e e v i t a b i l i d a d e d o s ó b i tos, o u " e v e n t o s - s e n t i n e l a " , à s e m e l h a n ç a d e u m " e x p e r i m e n t o i n v o c a d o " , c o n s i d e r a n d o os estudos d e eficácia d o programa já disponíveis ( C o n t a n d r i o p o u l o s et al., 1989). O s " e s t u d o s d e c a s o " são i n d i c a d o s q u a n d o q u e r e m o s e x a m i n a r o c o n j u n t o d a s relações q u e existem e n t r e as diferentes variáveis necessárias para e n t e n d e r u m f e n ô m e n o c o m p l e x o , q u a n d o o investigador t e m p o u c o c o n t r o l e s o b r e os a c o n t e c i m e n t o s ou q u a n d o trabalhamos sobre uma problemática c o n t e m p o r â n e a . Contandriopoulos e t a l . ( 1 9 8 9 ) a f i r m a m q u e a p o t ê n c i a explicativa desses e s t u d o s n ã o d e c o r r e d a q u a n t i d a d e d e o b s e r v a ç õ e s , m a s d a c o e r ê n c i a estrutural e/ou t e m p o r a l d a s r e l a ç õ e s q u e p o d e m o s observar. Ela é f u n d a m e n t a d a na p r o f u n d i d a d e d a a n á l i s e , e n ã o na q u a n t i ¬ d a d e d e u n i d a d e s e s t u d a d a s . O t e r m o " p r o f u n d i d a d e " n ã o significa a q u i ultrapassar os limites d a e x a u s t i v i d a d e o u a d i s s e c ç ã o d a s partes, próprias a o r e d u c i o n i s m o , e sim u m a alternativa p a r a a b r a n g e r o P M I / S I L O S n a m a i o r a m p l i t u d e possível d e suas a ç õ e s . O s níveis d e a n á l i s e c o r r e s p o n d e m a o s vários p a t a m a r e s d e e x p l i c a ç ã o n o f e n ô m e n o q u e se q u e r analisar ( Y i n , 1 9 8 4 ) . Para f a z e r m o s a a n á l i s e d e i m p l a n t a ç ã o d o P M I (seu grau d e i m p l a n t a ç ã o , seus c o n d i c i o n a n t e s e suas i m p l i c a ç õ e s s o b r e a m o r t a l i d a d e infantil), g u a r d a r e m o s q u a t r o níveis d e a n á l i s e : as o r g a n i z a ç õ e s d o s S I L O S ; a perspectiva d o s atores (profissionais, a d m i n i s t r a d o r e s e usuários); os i n d i c a d o r e s o p e r a c i o n a i s d o p r o g r a m a (estrutura, p r o cessos e resultados); e os tipos d e c u i d a d o s (primários, s e c u n d á r i o s e terciários). A validade interna d o s e s t u d o s d e c a s o é a v a l i a d a p e l a q u a l i d a d e d e articulação t e ó r i c a n a q u a l se a p ó i a a pesquisa. Ela d e c o r r e t a m b é m d a a d e q u a ç ã o e n t r e m o d o s d e a n á l i s e retidos e o m o d e l o t e ó r i c o e s c o l h i d o ( p a r e a m e n t o a o m o d e l o o u matching), pattern o n d e o objetivo é estabelecer a relação dos elementos d e informação reco- lhidos c o m as propostas d o q u a d r o t e ó r i c o , constituindo u m tipo d e explanation building ( Y i n , 1 9 8 4 ) . S e o grau d e s e m e l h a n ç a n ã o é satisfatório, a teoria p o d e ser p o b r e na sua e l a b o r a ç ã o e as o b s e r v a ç õ e s p o d e m ser i n a d e q u a d a s e/ou p o u c o confiáveis ( T r o c h i m , 1 9 8 9 ) . P a r a a u m e n t a r a c o n f i a b i l i d a d e d a s m e d i d a s usadas, Y i n ( 1 9 8 4 ) r e c o m e n d a a utilização d e múltiplas f o n t e s d e i n f o r m a ç ã o , a c u m u l a n d o e a r t i c u l a n d o estas parcelas d e c o n h e c i m e n t o s para distinguir o mais e x a t a m e n t e possível a r e a l i d a d e o b s e r v a d a . Q u a n t o à validade externa, os estudos d e caso n ã o t ê m a pretensão d e chegar à u m a generalização estatística, mas o interesse d e generalizar u m q u a d r o teórico o u m o d e l o r e l a c i o n a d o à c o m p r e e n s ã o d e u m d e t e r m i n a d o p r o b l e m a e m diferentes situações. P o d e m o s a t é especificar q u e a t r a d i c i o n a l distinção e n t r e v a l i d a d e interna e v a l i d a d e e x t e r n a p e r d e sua razão d e ser, u m a v e z q u e a análise d e i m p l a n t a ç ã o e n g l o b a o o b j e t o d e e s t u d o n o s e u c o n t e x t o . N o c a s o e s p e c í f i c o d a análise d e i m p l a n t a ç ã o d o s p r o g r a m a s , os m o d e l o s t e ó r i c o s são a p l i c á v e i s a outros c o n t e x t o s , na m e d i d a e m q u e i n c o r p o r a m a c a p a c i d a d e d e a p r e e n d e r as diferentes possibilidades e e x p l i c a ç õ e s d e sua i m p l a n t a ç ã o e d e s e u d e s e m p e n h o . S e e n c o n t r a r m o s u m a réplica d e c o e r ê n c i a e n t r e as o b s e r v a ç õ e s e o m o d e l o t e ó r i c o , e m diferentes c o n t e x t o s , t e r e m o s u m a u m e n t o d e s e u p o t e n c i a l d e utilização e u m i n d i c a d o r d e sua v a l i d a d e externa, e isto justificou a nossa d e c i s ã o d e realizar d o i s estudos d e c a s o . E m r e s u m o , a v a l i d a d e d e s t e m o d e l o é c o n f i r m a d a pela q u a l i d a d e e pela c o m p l e x i d a d e d a a r t i c u l a ç ã o t e ó r i c a s o b r e a q u a l se a p ó i a a pesquisa. Ela d e p e n d e , t a m b é m , d a a d e q u a ç ã o e n t r e os m o d o s d e análise e m p r e g a d o s e o m o d e l o e s c o l h i d o . As Unidades de Análise N e s t a pesquisa, f o r a m utilizadas c o m o u n i d a d e s d e análise o P M I ( e m u m a p e r s p e c t i v a d e c o n j u n t o ) e seus s u b p r o g r a m a s e m d u a s m u n i c i p a l i d a d e s d o estado d o R i o G r a n d e d o N o r t e ( R N ) . Este e s t a d o a p r e s e n t o u , r e g u l a r m e n t e ( d e 1 9 8 0 a 1 9 8 7 ) , u m a taxa d e m o r t a l i d a d e infantil a p e n a s l i g e i r a m e n t e mais e l e v a d a ( 1 0 % ) q u e a m é d i a d o N o r d e s t e , o q u e p e r m i t e ilustrar b e m a s i t u a ç ã o d a região ( U N I C E F / S S A R 1 9 9 0 ) . E n u n c i a m o s , a seguir, as razões q u e c o n f e r e m a estes m u n i c í p i o s ( S I L O S 1 e 2 , r e s p e c t i v a m e n t e ) a q u a l i d a d e d e " b o a s t e s t e m u n h a s " d o s fatores assistenciais q u e c o n c e r n e m d i r e t a m e n t e à q u e s t ã o d a m o r t a l i d a d e infantil: • r e p r e s e n t a m os m o d o s d e o r g a n i z a ç ã o d a s a d m i n i s t r a ç õ e s f e d e r a l e e s t a d u a l e x i s tentes, t r a d i c i o n a l m e n t e responsáveis pelas a ç õ e s d o P M I ; • estão afastados p e l o m e n o s 1 5 0 k m d a c a p i t a l . É n o interior d o e s t a d o q u e a m o r t a l i d a d e infantil é mais e l e v a d a , s e n d o 7 2 % d a s m o r t e s classificadas c o m o " s i n t o m a s m a l d e f i n i d o s " , e n q u a n t o na capital a p e n a s 2 2 % d o s óbitos t ê m suas c a u s a s i g n o r a d a s ( H a r t z et a l . , 1 9 9 5 ) ; • d i s p õ e m d e hospitais c o m u m serviço d e obstetrícia e d e p e d i a t r i a ; • p o s s u e m u m perfil s o c i o d e m o g r á f i c o bastante p a r e c i d o e e x i g e m u m a m e l h o r c o m p r e e n s ã o d o s contrastes d o s d a d o s sanitários ( Q u a d r o 1). QUADRO 1 Perfil s o c i o d e m o g r á f i c o e sanitário 1. Data da fundação 2. Distância da Capital 3. Área ou superfície 4. Regime pluviométrico 5. População (% urbano) - 1991 Crianças com menos de 1 ano 6. Receita em cruzeiros - 1987 7. Consumo de energia 8. Total de leitos (obst./ped.) - 1988 9. Centros de Saúde* - 1990 SILOS 1 SILOS 2 22/07/1766 22/07/1766 206 km 1.510 km 280 km 2 1.328 km 2 500 mm 500 mm 43.539 (68%) 50.568 (84%) 1.069 1.226 51.868 57.513 16.297 Kwh 15.585 Kwh 48 (10/04) 109 (20/17) 02 02 07 (01/06) 16(08/08) 11. Médicos/enfermeiros PMI 09/3 18/6 12. Mortalidade geral (1987) 4,5% 7,6% 13. Mortalidade infantil (1987) 16,4% 59,4% 10. Postos de Saúde (urbano/rural) * Centros de Saúde são estabelecidos com assistência diária de médicos e enfermeiros para o atendimento ambulatorial. Fonte: Estatística da Saúde (IBGE, 1988). Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte (1988). Sinopse do Censo Demográfico (IBGE, 1991). Coleta e Análise dos Dados Estes estudos d e caso necessitam d e u m a coleta d e d a d o s diversificada q u e abranja, s i m u l t a n e a m e n t e , e l e m e n t o s qualitativos e quantitativos c o r r e s p o n d e n t e s aos diferentes níveis d e e x p l i c a ç ã o d o f e n ô m e n o q u e se q u e r analisar, o u seja, as relações entre o p r o g r a m a , seu c o n t e x t o organizacional e o i m p a c t o sobre a mortalidade infantil. A i m p l a n t a ç ã o d o P M 1 foi m e d i d a c o m p a r a n d o - s e o intervalo e n t r e o q u e está e s t a b e l e c i d o p a r a as n o r m a s e o q u e foi r e a l m e n t e i m p l a n t a d o . Esta c o m p a r a ç ã o c o m b i n o u d u a s a b o r d a g e n s . A p r i m e i r a é e f e t u a d a a partir d e u m instrumento d e análise d a O P S / O M S ( 1 9 8 7 ) q u e p e r m i t e quantificar o v o l u m e d e recursos materiais e h u m a nos a t r i b u í d o s ; a a d e s ã o às n o r m a s programáticas nas a ç õ e s d e s a ú d e destinadas às m ã e s e às c r i a n ç a s ; a q u a l i f i c a ç ã o d o s recursos h u m a n o s ; e as i n t e r v e n ç õ e s p r o d u z i d a s p o r esses recursos. O s instrumentos c o n t e m p l a m , e s p e c i f i c a m e n t e , a a v a l i a ç ã o d o s postos/centros d e s a ú d e e os serviços d e i n t e r n a ç ã o (pediatria e obstetrícia). T o d o s os serviços p ú b l i c o s , o u p r i v a d o s , e m c o n v ê n i o c o m o e s t a d o , c o m p r o m e t i d o s c o m o P M I , f o r a m i n c l u í d o s . Este t i p o d e análise assegura u m a v a l i d a d e d e c o n t e ú d o f a v o r á v e l à pesquisa, c o b r i n d o t o d o s os aspectos e c o m p o n e n t e s julgados i m p o r t a n t e s para a i m p l a n t a ç ã o d o P M I , l e v a n d o e m c o n t a , a o m e s m o t e m p o , as restrições p r ó p r i a s a o s países e m d e s e n v o l v i m e n t o . O i n s t r u m e n t o foi e l a b o r a d o utiliz a n d o - s e u m a t é c n i c a d e D e l p h e s , por peritos q u e e s c o l h e r a m mais d e u m a c e n t e n a d e i n d i c a d o r e s , e sua relativa p o n d e r a ç ã o para a estrutura o r g a n i z a c i o n a l e a d m i n i s trativa: recursos h u m a n o s e materiais; n o r m a s e p r o c e d i m e n t o s o p e r a c i o n a i s d e a t e n ç ã o à mulher e à criança; a ç ã o educativa; e participação comunitária. A s e g u n d a a b o r d a g e m diz respeito à revisão d e prontuários d o s casos d e c r i a n ç a s a t e n d i d a s n o m ê s a n t e r i o r a o d a investigação. A s d o e n ç a s respiratórias agudas e a d i a r r é i a f o r a m u s a d a s c o m o " t r a ç a d o r e s " d a q u a l i d a d e d o s c u i d a d o s m é d i c o s c o m as c r i a n ç a s (Kessner, Kalk & Singer, 1 9 7 3 ) a partir das c o n d u t a s p r e c o n i z a d a s p e l o M i n i s tério d a S a ú d e ( H a r t z e t a l . , 1 9 9 5 ) . O grau d e i m p l a n t a ç ã o foi e s t i m a d o pela p r o p o r ç ã o d e p o n t o s obtidos e m r e l a ç ã o a o n ú m e r o m á x i m o e s p e r a d o (fixado n o i n s t r u m e n t o d a O P A S ) , p e r m i t i n d o classificar c a d a t i p o d e s e r v i ç o p e s q u i s a d o e o S I L O S e m sua g l o b a l i d a d e . O s limites para a classificação e n u n c i a m - s e d a seguinte f o r m a : crítico (C) = 0 - 3 9 % ; n ã o satisfatório ( N S ) = 4 0 - 7 9 % ; a c e i t á v e l (A) = 8 0 % o u mais. Estes m e s m o s critérios f o r a m a p l i c a d o s à revisão d o s p r o n t u á r i o s , s e g u n d o as n o r m a s para o C o n t r o l e d a s I n f e c ç õ e s R e s p i r a t ó rias A g u d a s ( C I R A ) e d a s D i a r r é i a s ( C D D ) . A estratégia d e transferência d e poder/recursos foi m e d i d a d o c u m e n t a n d o - s e a estrutura d e p o d e r r e s p o n s á v e l p e l o e m p r e g o d o s recursos e pelas regras d e a l o c a ç ã o n o interior d o s S I L O S . O e q u i l í b r i o d o c a m p o interorganizacional foi m e d i d o d o c u m e n t a n d o - s e os m e c a n i s m o s d e c o o r d e n a ç ã o existentes e o c o n s e n s o o p e r a c i o n a l d o s atores locais e m r e l a ç ã o à p e r t i n ê n c i a e à q u a l i d a d e das a ç õ e s d e s e n v o l v i d a s pelas diversas organizações envolvidas. A c a p a c i d a d e d e a d a p t a ç ã o das o r g a n i z a ç õ e s foi m e d i d a d o c u m e n t a n d o - s e : a a d e s ã o das autoridades/profissionais à c r i a ç ã o d o S i s t e m a Ú n i c o d e S a ú d e ( S U S ) e a d u r a ç ã o d a o c u p a ç ã o d o s postos d e d i r e ç ã o ( r e n o v a ç ã o / e n r a i z a m e n t o ) ; as f o r m a s d e p a r t i c i p a ç ã o c o m u n i t á r i a (abertura/auto-suficiência); o perfil d e f o r m a ç ã o dos interventores ( e s p e c i a l i d a d e / g e n e r a l i d a d e ) ; e a r e s p o n s a b i l i d a d e nas d e c i s õ e s ( a u t o nomia/controle). A s i n f o r m a ç õ e s s o b r e a o r g a n i z a ç ã o e o f u n c i o n a m e n t o d o s S I L O S (estrutura d e poder, distribuição d e recursos, e q u i l í b r i o d o c a m p o i n t e r o r g a n i z a c i o n a l e c o m p o r t a m e n t o organizacional) p r o v ê m d e o b s e r v a ç õ e s d e c a m p o , d a análise d e d o c u m e n t o s primários e s e c u n d á r i o s , e d e entrevistas c o m os principais atores. E l a b o r a m o s u m a lista d o s aspectos gerais, c o r r e s p o n d e n t e s às variáveis já m e n c i o n a d a s , q u e d e v e r i a m c h a m a r a a t e n ç ã o d o observador. A s múltiplas fontes d e i n f o r m a ç ã o t o r n a m - s e i m p o r tantes p o r q u e , q u a n d o há c o e r ê n c i a nos resultados, s u g e r e m u m a m a i o r c o n f i a b i l i d a d e d o s d a d o s utilizados ( Y i n , 1 9 8 4 ) . Esta parte d a análise é e s s e n c i a l m e n t e qualitativa. Para a p r e c i a r e m q u e m e d i d a esses fatores i n f l u e n c i a m os graus d e i m p l a n t a ç ã o , a d o t a m o s a a b o r d a g e m proposta t a m b é m por Y i n ( 1 9 8 4 ) , na q u a l , a partir d o m o d e l o escolhido, estabelecemos a relação dos elementos d e informação coletados c o m o referencial t e ó r i c o . A t é c n i c a d e análise baseia-se e m u m a t a b e l a d e f r e q ü ê n c i a / a u s ê n cia d e a c o n t e c i m e n t o s (indicadores), c o m o e s t a b e l e c i m e n t o d e laços explicativos nas associações verificadas ( v a l i d a d e interna). A m a g n i t u d e e as causas d a m o r t a l i d a d e infantil f o r a m m e d i d a s a p ó s u m a b u s ca ativa d o s casos (registro civil, c e m i t é r i o s , igrejas e hospitais), seguida d e u m a i n v e s tigação e p i d e m i o l ó g i c a d e t o d o s os f a l e c i m e n t o s a d o m i c í l i o e d a revisão d o s p r o n t u ários d a s c r i a n ç a s p r e v i a m e n t e internadas n o hospital, na tentativa d e resolver o p r o b l e m a d e sub-registro e d e óbitos c o m causas d e s c o n h e c i d a s . O s q u e s t i o n á r i o s usados são u m a a d a p t a ç ã o d a q u e l e d e Puffer & S e r r a n o ( 1 9 7 3 ) , já v a l i d a d o n o Brasil por D u c h i a d e , C a r v a l h o & Leal ( 1 9 8 9 ) . O s óbitos f o r a m classificados p o r i d a d e ( m o r t a l i d a d e n e o n a t a l e p ó s - n e o n a t a l , c o r r e s p o n d e n t e às c r i a n ç a s f a l e c i d a s a n t e s o u d e p o i s d a s q u a t r o primeiras s e m a n a s d e v i d a , r e s p e c t i v a m e n t e ) e local d e r e s i d ê n c i a (setor d e r e c e n s e a m e n t o ) nas regiões u r b a n a s e rurais. A m o r t a l i d a d e " e v i t á v e l " foi e s t i m a d a p e l o í n d i c e P D I (preventable deaths index), p r o p o s t o p o r D ' S o u z a ( 1 9 8 9 ) . Este í n d i c e e s t a b e l e c e u m a r e l a ç ã o e n t r e os níveis o b s e r v a d o s d e m o r t a l i d a d e infantil e a estrutura d e c a u s a l i d a d e d o s óbitos ( H a r t z e t a l . , 1 9 9 6 ) , na seguinte escala d e " e v i t a b i l i d a d e " , simbolizada pela resistência d e u m a r o c h a às a ç õ e s d e s a ú d e : • 0-9 = R O C H A D U R A - p o r c e n t a g e m i m p o r t a n t e d o s f a l e c i m e n t o s d e c o r r e n t e s d e a n o m a l i a s c o n g ê n i t a s o u d e certas causas perinatais; • 10-39 = R O C H A I N T E R M E D I Á R I A - r e d u ç õ e s possíveis, graças a o d e s e n v o l v i m e n t o sociossanitário; • 40-70 = R O C H A M A C I A - p o r c e n t a g e m i m p o r t a n t e d o s óbitos d e o r i g e m i n f e c c i o sa, f a c i l m e n t e p r e v e n í v e i s . RESULTADOS O sucesso d e u m a análise sistêmica d e p e n d e m u i t o d a c a p a c i d a d e d e alinhar os p o n t o s d e vista, c o m p l e t á - l o s uns c o m os outros e associá-los ( M e l e s e , 1 9 9 0 ) . A Figura 3 mostra i n ú m e r a s possibilidades d e " l e i t u r a " d o P M I c o m os níveis d e análise e n f o c a d o s e m nosso t r a b a l h o . Esta r e p r e s e n t a ç ã o c ú b i c a t r i d i m e n s i o n a l i n c o r p o r a a c o n c e p ç ã o sistêmica, na m e d i d a e m q u e , p e r m i t i n d o organizar diferentes (des)agregações e n t r e os níveis d e análise e s c o l h i d o s , revela-se t a m b é m i n c a p a z d e esgotar t o d a s as possibilidades d e c o m p r e e n s ã o d a r e a l i d a d e , q u e está e m p e r m a n e n t e processo d e ( r e ) c o n s t r u ç ã o . O nosso o b j e t o p o d e , assim, ser c o m p r e e n d i d o c o m o arranjos r e l a c i o n a i s e m q u e o t o d o e as u n i d a d e s g u a r d a m s e m p r e e s p e c i f i c i d a d e s próprias e interativas, e m f u n ç ã o d a s q u e s t õ e s e interesses d o pesquisador, o u dos g e r e n t e s d e p r o g r a m a s , a o privilegiarem d e t e r m i n a d o s m ó d u l o s d e análise. FIGURA 3 N í v e i s d e análise d o P M I Organização: - Macroestrutural - Intra-organizacional - Interações Sistema Local d e Saúde (SILOS) Atores: - Administradores - Profissionais - Usuários Operacionalização: PMI* ES; PNI PF; PN; CD CMD; CIRA - Estrutura - Processo - Resultados Tipos de C u i d a d o s : - Primários - Secundários - Terciários - Neo/Pós-neonatal - Urbana/rural - Hospitalar/domiciliar * Programa Materno-lnfantil P N - Pré-natal ES - E d u c a ç ã o para a S a ú d e C D - Crescimento/Desenvolvimento P N I - Programa NacionaJ d e Imunização C D D - Controle das Doenças Diarréicas PF - Planejamento Familiar C I R A - Controle das Infecções E m nossos e s t u d o s d e c a s o , a p r e o c u p a ç ã o q u e nos m o v i a e r a m o s t r a r a c o r r e l a ç ã o e n t r e o grau d e i m p l a n t a ç ã o d o P M I e a m o r t a l i d a d e i n f a n t i l , b e m c o m o a articulação d o s fatores d a infra-estrutura programática c o m o c o n t e x t o o r g a n i z a c i o n a l . M e s m o s e n d o difícil, o u a t é i m p o s s í v e l , precisar o u isolar a c o n t r i b u i ç ã o r e s p e c t i v a d e c a d a u m na i m p l a n t a ç ã o d o P M I , o c o n h e c i m e n t o d e c o m o e l e s d e v e m a t u a r é u m p r é - r e q u i s i t o p a r a a r e o r i e n t a ç ã o d e u m p r o g r a m a q u e se p r e t e n d a mais ' p e r f o r m a n t e ' . O s d a d o s p r o d u z i d o s r e f l e t e m , p o r t a n t o , os c a m i n h o s e x p l o r a d o s para identificar fatores d e conflito/resistência, n o interior o u exterior d o s S I L O S , q u e n e c e s sitem ser m i n i m i z a d o s para q u e se p o t e n c i a l i z e a c a p a c i d a d e d e i n t e r v e n ç ã o d o P M I . A Implantação do PMI N o c o n j u n t o , a i m p l a n t a ç ã o d o P M I ( Q u a d r o 2) revela-se i n a c e i t á v e l para o s dois S I L O S ( < 8 0 % ) , m a s é preciso a c r e s c e n t a r a l g u m a s i n f o r m a ç õ e s q u e p o s s a m e x p l i car m e l h o r os e s c o r e s isolados, seja p o r q u e , a partir d e nossas observações/entrevistas, estes p a r e ç a m insuficientes c o m o i n d i c a d o r e s d a i n t e g r i d a d e d a s a ç õ e s m e d i d a s , seja p o r q u e m a n i f e s t e m características particulares. QUADRO 2 G r a u d e I m p l a n t a ç ã o * d o P M I ( S I L O S 1 e 2) PED. OBST. CS TOTAL PS 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 Instalações 44.1 55.9 45.0 57.5 83.3 97.2 88.8 88.8 58.2 66.9 Rec. materiais 46.0 50.0 68.0 65.1 81.8 81.8 79.5 56.8 68.1 63.9 Rec. humanos 21.0 23.7 38.8 38.8 66.6 70.8 58.3 50.0 42.6 41.8 Prog ./Gestão 66.6 22.2 11.1 11.1 37.0 31.2 40.0 13.3 38.6 26.6 Ed. em saúde Normas Total 77.7 11.1 33.3 50.0 36.4 45.5 76.0 60.0 58.0 50.5 Mulher - - 62.5 41.7 81.1 62.2 91.6 80.0 71.3 52.4 Criança 58.7 45.6 - - 69.2 65.4 100.0 89.0 71.3 60.6 48.5 39.2 49.7 47.6 61.6 65.3 74.0 58.1 58.4 53.0 * 0-39% = crítico. 40-79% = insatisfatório. 80% e + = aceitável. A p r i m e i r a o b s e r v a ç ã o diz respeito às instalações físicas e a o s recursos materiais, q u e o b t ê m os e s c o r e s m a i s e l e v a d o s e a p a r e c e m f r e q ü e n t e m e n t e nos relatórios o f i c i ais c o m o os principais obstáculos e m r e l a ç ã o à q u a l i d a d e d o s p r o g r a m a s . A s instalaç õ e s d o s centros d e s a ú d e situam-se a c i m a d e 8 0 % e , e m r e l a ç ã o a o s recursos m a t e riais, o q u e m a i s falta, s o b r e t u d o nos postos d e s a ú d e , são o s a n t i b i ó t i c o s p a r a o c o n ¬ trole d a s I n f e c ç õ e s Respiratórias A g u d a s ( I R A ) . H á q u e se ressaltar a c o m p l e t a a u s ê n c i a d e a n t i c o n c e p c i o n a i s , d a d a a inexistência d o p l a n e j a m e n t o familiar. O s maiores problemas d i z e m respeito aos recursos humanos e à sua c o m p e t ê n c i a n o c a m p o d a planificação e d a gestão, o u d a aplicação das normas. A dificuldade inicial p r o v é m d a ausência d e f o r m a ç ã o dos técnicos e m s a ú d e pública o u administração d e serviços e d a baixa qualificação d o pessoal auxiliar, sobretudo nos hospitais ( u m dos serviços privados d e hospitalização e m pediatria e clínica não dispunha sequer d e enfermeira). N o q u e c o n c e r n e à programação/gestão, outra questão muito grave é a d e q u e n ã o existem i n f o r m a ç õ e s sobre o estado d e s a ú d e das c o m u n i d a d e s . A população-alvo d o s programas n ã o era identificada (salvo para a ç õ e s d e i m u n i z a ç ã o ) , o sub-registro d e óbitos infantis c h e g a v a a 6 5 % n o S I L O S 1 e n ã o existia d a d o s sobre m o r b i d a d e . H á u m a total a u s ê n c i a d e c o n t i n u i d a d e d e t r a t a m e n t o entre os serviços, n ã o existindo m e c a n i s m o s formais d e referência/contra-referência, n e m m e s m o entre o pré-natal e o parto. U m o u t r o a s p e c t o d o p r o b l e m a q u e constatamos foi o d a u n i f o r m i d a d e d a prestação d e serviços s e m c o n s i d e r a r as diferenças s o c i o e c o n ô m i c a s , culturais e d e exposição a o risco destas p o p u l a ç õ e s , q u e são " i g u a l m e n t e " (des)tratadas, i n d e p e n d e n t e d e sua p r o c e d ê n c i a . P o d e - s e e x e m p l i f i c a r c o m a alta hospitalar d e c r i a n ç a s d a região rural, c o m antibioticoterapia injetável, q u e m o r r e m 2 4 a 4 8 horas a p ó s sua saída d o hospital. A s ações educativas a p r e s e n t a m escores e l e v a d o s , q u a s e c o n s i d e r a d o s a c e i t á - v e i s , nos serviços d e i n t e r n a ç ã o p e d i á t r i c a e nos postos d e s a ú d e d o S I L O S 1 . A s d i f e r e n ç a s d i z e m r e s p e i t o , s o b r e t u d o , à i n f o r m a ç ã o d a s m ã e s s o b r e a q u e s t ã o d o aleitam e n t o m a t e r n o , inexistente nos serviços (privados) d o S I L O S 2 . N ã o se f o r n e c e m o r i e n t a ç õ e s às m ã e s s o b r e os p r o b l e m a s d e s a ú d e das c r i a n ç a s , assim c o m o ignora-se a questão da importância do espaçamento dos nascimentos ou dos métodos c o n t r a c e p t i v o s , a p e s a r d e o interesse d e m o n s t r a d o pelos profissionais e m discutir o t e m a e h a v e r d i s p o n i b i l i d a d e d e material i n f o r m a t i v o e s t o c a d o nos depósitos d e a b a s tecimento da Regional d e S a ú d e . A q u e s t ã o d a s normas do PMI era u m a das nossas principais p r e o c u p a ç õ e s e c o n s t a t a m o s q u e , e m b o r a e s t e j a m disponíveis, a f o r m a ç ã o precária d o pessoal i m p l i c a d o n ã o p e r m i t e sua utilização a d e q u a d a , s e n d o m e s m o s u p e r e s t i m a d a a p o n t u a ç ã o a t r i b u í d a . Esta característica revela u m a fragilidade d o i n s t r u m e n t o , q u e n ã o m e d e a d e q u a d a m e n t e a f u n c i o n a l i d a d e das a ç õ e s , exigindo u m a descrição a d i c i o n a l . A q u e s t ã o m a i s g r a v e , p o r é m , é a d e q u e os i n d i c a d o r e s c o n c e n t r a m - s e sobre a d e m a n d a , s u b e s t i m a n d o os p r o b l e m a s d e acessibilidade e e q ü i d a d e n o c o n j u n t o d a p o p u l a ç ã o . O uso d a s normas de atenção às mulheres mostra-se m a n i f e s t a m e n t e mais d e - ficitário n o S I L O S 2 , o n d e n ã o existe n e n h u m a classificação d e gestações d e risco e n e n h u m a busca ativa d e m u l h e r e s inscritas q u e n ã o se a p r e s e n t a m para a consulta. E i n a c e i t á v e l q u e , d i s p o n d o d o d o b r o d a oferta d e m é d i c o s e d e leitos (o q u e representa u m c u s t o m a i o r para o sistema), os c u i d a d o s d i s p e n s a d o s às m u l h e r e s grávidas s e j a m a i n d a m a i s p r e c á r i o s d o q u e n o S I L O S 1 . Poder-se-ia a c r e s c e n t a r q u e seu perfil d e prática é , a l é m d e o n e r o s o , perigoso, d a d o q u e a taxa d e c e s a r i a n a é d e 5 2 % , e n q u a n to estima-se e m 2 0 % a taxa para o Estado ( U N I C E F / S S A P , 1 9 9 0 ) . C o m respeito à c e s a riana, F a u n d e s & C e c c a t i ( 1 9 9 1 ) e s t i m a m q u e esta custa o d o b r o d o p a r t o n o r m a l ( U S $ 9 6 e U S $ 4 8 , r e s p e c t i v a m e n t e ) , e n v o l v e n d o riscos a d i c i o n a i s d e p r e m a t u r i d a d e , m o r t a l i d a d e m a t e r n a e r e d u ç ã o d o a l e i t a m e n t o , d e v i d o à intensa d o r a b d o m i n a l . Estes a u t o r e s a c r e d i t a m q u e o p r i m e i r o m o t i v o tácito para a c e s a r i a n a c o n t i n u a s e n d o a esterilização cirúrgica. E m sua pesquisa, Reis e t a l . ( 1 9 9 2 ) s u s t e n t a m esta h i p ó t e s e d e p o i s d e verificar, e m u m a c i d a d e d o C e n t r o - O e s t e d o Brasil, q u e a taxa d e c e s a r i a n a atinge 5 5 % , d o s q u a i s 6 0 % são m u l h e r e s esterilizadas. O S I L O S 1 revela u m escore mais satisfatório n o q u e c o n c e r n e a o uso das normas, mas c o m u m fraco d e s e m p e n h o e m relação a o a c o m p a n h a m e n t o pré-natal (somente 1 9 % das mulheres se apresentam a o total das consultas previstas). Conseguiu-se estimar q u e 2 4 % das mulheres grávidas estavam malnutridas n o m o m e n t o d a primeira consulta (o q u e d e v e ser idêntico para os dois S I L O S ) . O pior é q u e o suprimento alimentar (dois quilos d e feijão e quatro quilos d e arroz) previsto para as gestantes e nutrizes n ã o era distribuído há n o v e meses. Sabe-se q u e se este tipo d e estímulo f a v o r e c e a utilização d o serviço e, c o n s e q ü e n t e m e n t e , a r e d u ç ã o da mortalidade perinatal ( H e m m i n k i , M a l i n & Kojo-Austin, 1990), sua interrupção o u sua irregularidade a c a b a produzindo o efeito inverso, d e tal sorte q u e as mulheres a b a n d o n a m o pré-natal o u outras ações preventivas q u e estejam ligadas a o m e s m o (vacinação, crescimento e d e s e n v o l v i m e n t o e t c ) . O grau d e i m p l a n t a ç ã o e m relação às normas de cuidados prestados às crianças n ã o é c o n s i d e r a d o aceitável ( < 8 0 % ) e , o q u e é mais grave, estas n ã o são utilizadas pelos m é d i c o s para a classificação e o a c o m p a n h a m e n t o das crianças e m situação d e risco, c o m o p u d e m o s constatar na revisão d e prontuários d o s casos d e diarréia o u d e i n f e c ç õ e s respiratórias agudas. A lista d o subprograma " C r e s c i m e n t o e D e s e n v o l v i m e n t o " ( C D ) inclui o n ú m e r o d e dossiê d e c a d a criança inscrita. O b s e r v a m o s , n o e n t a n t o , q u e ela se refere a p e n a s a o c r e s c i m e n t o ; n e n h u m aspecto relativo a o d e s e n v o l v i m e n t o é avaliado, e m b o r a Séguin & R o c h e l e a u (1988) e s t i m e m q u e os atrasos d e d e s e n v o l v i m e n t o estão presentes e m pelo m e n o s 1 0 % das crianças, c o m u m d u p l o risco para as pobres. N ã o existe u m sistema d e supervisão nutricional e s o m e n t e 1 0 % das crianças m e n o r e s d e u m a n o , registradas n o C D , s e g u e m o c a l e n d á r i o d e consultas mensais. Fizemos u m a análise sumária d e 2 3 0 crianças m e n o r e s d e c i n c o a n o s , inscritas p e l o C D n o S I L O S 2, e v i m o s q u e a prevalência d a m á nutrição chega à 5 3 % ( 3 3 % e m m e n o r e s d e u m a n o ) . O baixo peso a o nascer n o C L S d e u m bairro d e s f a v o r e c i d o s o b e para 2 3 % , e n q u a n t o a m é d i a d a c i d a d e (obtida pelo l e v a n t a m e n t o d e nascimentos e m clínicas obstétricas) situa-se na base d e 1 0 % . N o S I L O S 1 , a p r o p o r ç ã o d e crianças malnutridas, para aquelas m e n o r e s d e u m a n o , é igual à d e baixo peso a o nascer, isto é , d e 1 5 % . O s u p l e m e n t o alimentar mensal ( u m quilo d e arroz, u m q u i l o d e leite e u m q u i l o d e f e i jão), previsto para as crianças d e seis meses a q u a t r o anos d e t o d o o estado, t a m p o u c o v i n h a s e n d o distribuído há n o v e meses. O s estudos efetuados por M u s g r o v e ( 1 9 9 0 ) d e m o n s t r a m q u e este tipo d e s u p l e m e n t o não produzirá efeito se n ã o for associado a u m a supervisão m é d i c a e a u m a a b o r d a g e m educativa. M o n t e i r o & M e y e r (1988) constatam q u e a m á nutrição chega a ser ainda mais grave n o curso d o segundo a n o d e vida (forma crônica), q u a n d o 9 0 % das crianças d e nossos S I L O S já a b a n d o n a r a m a visita a o C D . U m a vitória para os S I L O S é a i n d a a v a c i n a ç ã o e m massa, e n c a m p a d a pela c o m u n i c a ç ã o social e a p a r t i c i p a ç ã o c o m u n i t á r i a , q u e a s s e g u r a v a m , pela c o n j u g a ç ã o d e seus esforços, u m a c o b e r t u r a e m t e r m o s d e v a c i n a ç ã o q u e ultrapassa 8 0 % para o c o n j u n t o d e v a c i n a s (contra s a r a m p o , p ó l i o , t u b e r c u l o s e , t é t a n o , difteria e c o q u e l u c h e ) , possibilitando, c o m o c o n s e q ü ê n c i a , q u e a m o r t a l i d a d e por estas d o e n ç a s ( a c o m p a n h a d a s p o r vigilância e p i d e m i o l ó g i c a ) fosse nula e m nossas áreas d e e s t u d o . Os Determinantes Contextuais da Implantação O Q u a d r o 3 r e s u m e a análise d o c o n t e x t o o r g a n i z a c i o n a l . A p r i m e i r a vista, a c o n c e n t r a ç ã o d e p o d e r n o p l a n o estrutural o u e x t e r n o s u r p r e e n d e , ilustrando os laços reais d e d e p e n d ê n c i a d o sistema local d e a t e n ç ã o m é d i c a e m r e l a ç ã o a o nível c e n t r a l , a i n d a c o n s e r v a d o p e l o S U S . Esta d e p e n d ê n c i a se c o n f i r m a pelos m e c a n i s m o s d e t r a n s f e r ê n c i a d e recursos d o nível federal/estadual às m u n i c i p a l i d a d e s , característica d e u m a estratégia d e t i p o a u t o r i t á r i o : u m a p o s i ç ã o d e d o m i n a ç ã o n o fluxo d e recursos e n a e s p e c i f i c a ç ã o d a n a t u r e z a d o s p r o g r a m a s e d e suas relações c o m os níveis s u b o r d i n a d o s ( B e n s o n , 1 9 7 5 ) . S e a q u a n t i d a d e d e recursos transferidos é p e q u e n a nos dois m u n i c í p i o s , o S I L O S 2 , p o r sua v e z , se ressente d o p r o b l e m a d a c o n c e n t r a ç ã o d e recursos n o s hospitais p r i v a d o s ; o p o u c o d i n h e i r o d i s p o n í v e l se revela insuficiente para d e s e n v o l v e r a ç õ e s d e s a ú d e p ú b l i c a . A i n d a q u e este S I L O S possua u m a c o o r d e n a ç ã o m o d e r a d a , d a d o q u e a prefeitura investia na m u n i c i p a l i z a ç ã o e q u e r i a r e o r g a n i zar a r e d e d e serviços, p r i o r i z a n d o a a t e n ç ã o p r i m á r i a d e s a ú d e , o m e s m o n ã o c o n s e g u e , e n t r e t a n t o , e n c o n t r a r o e q u i l í b r i o necessário a o sistema. Esta s i t u a ç ã o persiste, já q u e o e q u i l í b r i o n ã o a p e n a s exige u m alto grau d e c o o r d e n a ç ã o , m a s r e q u e r t a m b é m a c o o p e r a ç ã o , b a s e a d a n o c o n s e n s o n o r m a t i v o e n o respeito m ú t u o . P o r t a n t o , a c o m p e t i ç ã o p e r m a n e n t e , g e r a d a p e l o s " f u n d o s escassos", os ú n i c o s q u e restam d e p o i s d o p a g a m e n t o a o s hospitais, p r e j u d i c a c o n s i d e r a v e l m e n t e a o b t e n ç ã o d e u m c o n s e n s o d e m e m b r o s d o S I L O S , q u e se o p õ e m a o s e n f o q u e s p r e v e n t i v o s q u e d e v e r i a m ter sido privilegiados imbalanced (ideological systems consensus), constituindo o q u e B e n s o n (1975) c h a m a d e c o m c o o r d e n a ç ã o f o r ç a d a . D e s t a baixa c o o r d e n a ç ã o resulta q u e os s e r v i ç o s h o s p i t a r e s ( p r i v a d o s ) se c o l o c a m e m u m a s i t u a ç ã o m a r g i n a l e m r e l a ç ã o às n o r m a s d o P M I , e m b o r a e f e t u e m , a l é m d a s c o n s u l t a s a m b u l a t o r i a i s d e c r i a n ç a s e d e m u l h e r e s g r á v i d a s , t o d o s o s partos e h o s p i t a l i z a ç õ e s p e d i á t r i c a s . S e u s profissionais d e nível auxiliar n ã o são q u a l i f i c a d o s ( a t u a m d e f o r m a i m p r o v i s a d a nas suas f u n ções) e s ã o o s p r i m e i r o s a r e c o n h e c e r suas d e f i c i ê n c i a s , r e v e l a n d o - n o s q u e a i m a g e m d e u m a m e l h o r q u a l i f i c a ç ã o d o setor p r i v a d o está e q u i v o c a d a . QUADRO 3 Características d o c o n t e x t o o r g a n i z a c i o n a l d o s S I L O S NÍVEL DE ANÁLISE SILOS 1 SILOS 2 Estratégia de transferência autoritária autoritária • Poder: externo/interno elevado/nulo elevado/moderado • Recursos: quantidade/concentração reduzida/reduzida reduzida/elevada não Equilíbrio da rede sim • Coordenação reduzida • Consenso reduzido reduzido Capacidade de adaptação mínima média • Renovação/Tradição nula/elevada moderada/reduzida • Abertura/Auto-suficiência nula/moderada moderada/moderada • Generalista/Especialista moderada/moderada reduzida/elevada • Autonomia/Controle nula/elevado elevada/reduzido % moderada O S I L O S 1 , q u e na é p o c a d a pesquisa ( s e t e m b r o - n o v e m b r o d e 1 9 9 1 ) n ã o tinha a i n d a formalizado a m u n i c i p a l i z a ç ã o , conseguiu m a n t e r u m certo equilíbrio, q u e p o d e ser atribuído à presença h e g e m ô n i c a d o setor p ú b l i c o (serviços ambulatoriais e hospitalares). N o e n t a n t o , o frágil c o n s e n s o sobre a q u a l i d a d e das a ç õ e s o f e r e c i d a s expressa a p r e c a r i e d a d e das m e s m a s . Isto se d á , entre outras razões, por u m a resposta c l a r a m e n t e insatisfatória e m relação à d e m a n d a d a p o p u l a ç ã o , a q u a l se v ê obrigada a esperar horas seguidas, s e m ter n e n h u m a certeza d e ser a t e n d i d a . Assim, é " q u a s e n u l a " a c o o r d e n a ç ã o d o sistema p e l o m u n i c í p i o , pois este n ã o conseguia integrar o t r a b a l h o d a F u n d a ç ã o N a c i o n a l d e S a ú d e ( F N S ) as outras instituições existentes ( u m P r o n t o - A t e n d i m e n t o M é d i c o - P A M - e três postos d e s a ú d e d a prefeitura). O acesso a o s serviços na z o n a rural é difícil, d a d o q u e os q u a t r o postos d a F N S c o b r i a m s o m e n t e 2 5 % d a p o p u l a ç ã o e os dois outros postos municipais n ã o e x e c u t a r a m a ç õ e s normatizadas p e l o P M I . O r g a n i z a c i o n a l m e n t e , a c a p a c i d a d e d e a d a p t a ç ã o d a F N S e r a m í n i m a . Ela foi criada e m 1 9 4 2 , c o m f i n a n c i a m e n t o d a F u n d a ç ã o Rockfeller, i n t e g r a n d o o p r o j e t o d e c o n t r o l e das d o e n ç a s e n d ê m i c a s nas regiões d a s A m é r i c a s c o n s i d e r a d a s estratégicas por sua riqueza e/ou por sua p o s i ç ã o geopolítica. A F N S integrou-se a o M i n i s t é r i o d a S a ú d e e m 1 9 6 0 , m a s g u a r d o u u m a certa " r i g i d e z " d a s " c a m p a n h a s sanitárias" q u e t i v e r a m sucesso, c o m o a d a e r r a d i c a ç ã o d a varíola, e m b o r a n ã o p a r e ç a m m a i s c o m p a tíveis c o m o perfil atual d e m o r b i d a d e e o r g a n i z a ç ã o d e p r o g r a m a s . A s s i m , s e u c o m p o r t a m e n t o se c o n c e n t r a v a s o b r e o e n r a i z a m e n t o e a auto-suficiência institucionais, s e m n e n h u m a a b e r t u r a e m r e l a ç ã o a o m e i o e x t e r n o . Isso a i m p e d i a d e t o m a r c o n s ciência, c o m o passar d o s a n o s , das necessidades e m e r g e n t e s d a p o p u l a ç ã o , o u , n o caso d e percebê-las, p e r m a n e c i a c o m dificuldade d e estabelecer alianças, n o sentido d e p r o d u z i r as r e f o r m a s necessárias. A prefeitura, p o r sua v e z , e s t a b e l e c e u u m plano d e m u n i c i p a l i z a ç ã o s e m n e n h u m a participação d a F N S q u e , a o concentrar t o d o o c o n h e c i m e n t o e a i n f o r m a ç ã o sobre a s a ú d e , conferiu a este p l a n o u m caráter insensato, q u a n d o n ã o a n e d ó t i c o . É preciso m e n c i o n a r q u e , nos dois últimos anos, a prefeitura já v i n h a p a g a n d o a o s profissionais d e a p o i o (por esta razão, nós a classificamos c o m o " a u t o suficiência m o d e r a d a " ) , m a s n ã o existia o u t r o tipo d e abertura à participação nas d e c i sões l o c a i s . A e x c e l e n t e f o r m a ç ã o "generalista" d o s profissionais, s e m prejuízo d e q u a l i f i c a ç ã o especializada para a a t e n ç ã o secundária, q u e poderia funcionar c o m o suporte d e " a t o s d e l e g a d o s " aos agentes p a r a m é d i c o s , n ã o se verificava na prática urbana, o q u e t o r n a v a difícil o acesso a o s especialistas e a substituição d e pessoal e m caso d e férias. A c r e d i t a m o s perceber nesta situação u m a atitude deliberada d e a c o m o d a ç ã o dos " a t o r e s " , c o m o r e a ç ã o a o excesso d e normas e controles, q u e lhes retiram, segundo eles, t o d a a a u t o n o m i a funcional. U m aspecto impressionante era a q u a n t i d a d e d e dados e n v i ados m e n s a l m e n t e a o nível hierárquico superior, s e m q u e , no entanto, os agentes locais e s t a b e l e ç a m a construção d e u m só indicador municipal (salvo para as imunizações), ignor a n d o a utilidade d e tal prática. Dito d e outra forma, este trabalho é percebido unicamente c o m o u m m e c a n i s m o d e controle, s e m n e n h u m vínculo c o m a qualidade d o serviço. A s u n i d a d e s organizacionais n o S I L O S 2 t a m b é m a p r e s e n t a m problemas, e m b o ra m a n i f e s t e m u m a m e l h o r c a p a c i d a d e d e a d a p t a ç ã o nos intercâmbios contextuais. A maioria d e seus profissionais d e s a ú d e t r a b a l h a m c o m o especialistas, m e s m o e m postos d e s a ú d e primários. É possível, e n t ã o , e n c o n t r a r u m posto q u e só realiza o pré-natal e outros q u e o f e r e c e m c u i d a d o s aos adultos, m a s n ã o às crianças, o u vice-versa. Esta situação reforça a pertinência d o m o d e l o , pois q u a l q u e r valor estimulado s e m sua c o n tra-parte ( c o m o a e s p e c i a l i z a ç ã o m é d i c a ) cria p r o b l e m a s para o sistema. O s atores c o m partilham a o p i n i ã o d e q u e a situação n ã o se resolverá s o m e n t e por u m investimento e m f o r m a ç ã o , d a d o q u e , a o contrário d o S I L O S 1 , o c o n t r o l e aí e x e r c i d o é insuficiente. Isso n ã o significa, t a m b é m , q u e a a u t o n o m i a existente n ã o d e v a ser m a n t i d a o u encorajada. D o i s projetos m o d e s t o s c h e g a r a m m e s m o a ser c o n c e b i d o s e m nível local: o primeiro para estimular a p a r t i c i p a ç ã o dos profissionais nas diferentes atividades (iniciativa dos t r a b a l h a d o r e s sociais) e o s e g u n d o para a l i m e n t a r os subnutridos c o m u m a mistura d e farinha d e arroz e o u t r o s a l i m e n t o s d e baixo custo, c o m u m i m p o r t a n t e c o m p o n e n t e d e participação comunitária. A autonomia é moderada, porque uma dependência " h i e r á r q u i c a " e p o u c o participativa e m r e l a ç ã o a o nível estadual/nacional n ã o p e r m i t e a f l e x i b i l i d a d e necessária para assegurar u m s u p o r t e à " c r i a t i v i d a d e " local. P o d e m o s c o n c l u i r q u e , se t e m o s u m a i m p l e m e n t a ç ã o n ã o satisfatória para o P M I n o s d o i s S I L O S ( 5 8 , 4 % e 5 3 % , r e s p e c t i v a m e n t e ) , o q u e c o l o c a d i f i c u l d a d e s a o seu d e s e m p e n h o , isto se d e v e a o fato d e r e a l m e n t e existir u m a c o n j u n t u r a desfavorável d e fatores inter e intra-organizacionais, c o n f i r m a n d o u m a b o a a p r o x i m a ç ã o e m relação a o nosso m o d e l o t e ó r i c o . A Implantação do Programa e a Mortalidade Infantil A nossa s e g u n d a q u e s t ã o na a n á l i s e d e i m p l a n t a ç ã o foi s o b r e o i m p a c t o d a s v a r i a ç õ e s d a i m p l a n t a ç ã o d o P M I s o b r e a r e d u ç ã o d a m o r t a l i d a d e infantil. A resposta a essa pergunta g u a r d a u m d u p l o significado: é u m i n d i c a d o r d o s efeitos d a i m p l a n t a ç ã o d o P M I s o b r e a m o r t a l i d a d e infantil, m a s , c o n s i d e r a n d o a r e d u ç ã o d a m o r t a l i d a d e infantil c o m o p r i o r i d a d e d o S U S , ela é t a m b é m u m i n d i c a d o r d a e f e t i v i d a d e d o s S I L O S , e n ã o s o m e n t e d e suas u n i d a d e s o r g a n i z a c i o n a i s . V i m o s q u e o r a c i o c i n i o b á s i c o se articula e m t o r n o d o c o n c e i t o d e e v e n t o s ¬ sentinela (Rutstein e t a l . , 1 9 7 6 ) , isto é , sua o c o r r ê n c i a d e p e n d e e s s e n c i a l m e n t e d o f u n c i o n a m e n t o d o sistema d e c u i d a d o s à s a ú d e . V a l e a p e n a e s c l a r e c e r q u e n ã o d e v e mos confundir c o m u m a relação d e causalidade, mas d e responsabilidade. O Q u a d r o 4 é u m a síntese d o s d a d o s q u e p e r m i t e c o m p a r a r os graus d a i m p l a n t a ç ã o d o P M I c o m a m o r t a l i d a d e infantil d o s d o i s S I L O S . P e r c e b e m o s q u e os resultados " n ã o satisfatórios" d a i m p l a n t a ç ã o d o P M I , c o m o as taxas d e m o r t a l i d a d e infantil, são m u i t o p r ó x i m o s nos dois m u n i c í p i o s , q u e t ê m u m m e s m o í n d i c e d e ó b i t o s evitáveis ( P D I = 4 0 ) , d e c o r r e n t e d a g r a n d e p r o p o r ç ã o c a u s a d a pelas d o e n ç a s i n f e c c i o sas. N a v e r d a d e , u m v a l o r d e P D I = 4 0 , e m u m a escala d e 0 a 7 0 , significa q u e o sistema d e c u i d a d o s evita m e n o s d a m e t a d e d o s óbitos p r e v e n í v e i s . A l g u n s c o m e n t á rios m e r e c e m ser d e s t a c a d o s o u reiterados. O s baixos e s c o r e s d o s serviços hospitalares c h a m a m a a t e n ç ã o e , n o S I L O S 1 , u m t e r ç o d o s ó b i t o s a d o m i c í l i o a c o n t e c i a m n a região rural, o n d e , a p e s a r d e a e x i s t ê n cia d e postos d e s a ú d e , c o m u m a i m p l a n t a ç ã o d e 7 4 % , o n ú m e r o restrito d e postos l i m i t a n d o o acesso destes serviços e a distância d o s hospitais, a i n d a q u e deficitários e m q u a l i d a d e , a g r a v a m o q u a d r o assistencial. L e m b r a m o s t a m b é m a c o m p l e t a a u s ê n cia d e a d a p t a ç ã o d a s n o r m a s , o q u e a c a r r e t a a m o r t e d e c r i a n ç a s , p r i n c i p a l m e n t e p o r c o m p l i c a ç õ e s q u e a p a r e c e m a p ó s a alta hospitalar. N o s dois S I L O S , a c o m p l e m e n t a ç ã o d o s d a d o s c o m os " t r a ç a d o r e s " d a q u a l i d a d e d a assistência m é d i c a g u a r d a m c o e r ê n c i a c o m a i m p l a n t a ç ã o n ã o satisfatória d o P M I e o perfil d e m o r t a l i d a d e . A s s i m , a primeira causa d e m o r t a l i d a d e p r o p o r c i o n a l são as d o e n ças infecciosas (leia-se diarréias/desidratação), c u j o c o n t r o l e a s s u m e nível crítico n o S I L O S 2 ( 2 9 % ) , e o m e s m o poder-se-ia dizer d o S I L O S 1 , u m a v e z q u e , se h á u m a m e l h o r a d e q u a ç ã o d o s prontuários ( 6 6 % ) , a baixa c o b e r t u r a das a ç õ e s faz c o m q u e r e p r e s e n t e m a q u a s e t o t a l i d a d e d o s óbitos domiciliares. N o S I L O S 2 , a e l e v a d a taxa d e m o r t a l i d a d e neonatal reforça nossos t e m o r e s sobre o excesso d e cesarianas (taxa d e 5 2 % ) e a ausência d e c o o r d e n a ç ã o d a s a ç õ e s pré-perinatais. Esta p r o p o r ç ã o d e cesárias p a r e c e e n o r m e se c o m p a r a d a a o o b j e t i v o d o s países q u e já se situam e m t o r n o d e 2 0 % e a i n d a se e m p e n h a m e m trazê-la para 1 5 % ( Z a h n i z e r e t a l . , 1 9 9 2 ) . N ã o t e m o s a p r e t e n s ã o d e afirmar a existência d e u m a r e l a ç ã o d e causa e efeito - o q u e nos levaria a cair na a r m a d i l h a d e u m viés e c o l ó g i c o - m a s n ã o p o d e m o s deixar d e levantar o p r o b l e m a . QUADRO 4 G r a u d e I m p l a n t a ç ã o * e perfil d a m o r t a l i d a d e infantil INDICADORES SILOS 2 SILOS 1 • PMI 58,4 53,0 Serviço de internação de pediatria 48,5 39,2 Serviço de internação de obstetrícia 49,7 47,6 Centro de Saúde 61,6 65,3 Postos de Saúde 74,0 58,1 Instalação 58,2 66,9 Recursos materiais 68,1 63,9 Recursos humanos 42,6 41,8 Planejamento e gestão 38,6 26,6 Educação para a Saúde 58,0 50,5 Normas dos cuidados para mulheres 71,3 52,4 Normas de cuidados para crianças 71,3 60,6 CIRA* * 62,7 54,3 CDD** 66,0 • MORTALIDADE INFANTIL ***(***•) Mortalidade neonatal 39 (14) 13 (9) Mortalidade pós-natal 26 Mortalidade infantil urbana 40 Mortalidade infantil rural 38 PDI (índice de óbitos evitáveis) Mortalidade Proporcional 40 (5) (14) (5) - 44 23 (34) (15) 21 (19) 47 (35) 30 (25) 40 - (7,1) (%) I. Doenças infecciosas I I . Endoc. e da nutrição VIII. Aparelho respiratório XIV. Anomalias congênitas XV. Causas perinatais XVI. Sintomas maldefinidos Causas Associadas 29,0 (6,7) - 42,6 2,4 21,4 (26,7) 7,4 42,9 - - (4,8) 2,4 (6,7) 5,6 (4,8) 23,8 (53,3) 35,2 (40,5) 7,1 (6,7) 5,6 (40,5) (%) • Prematuridade 12,2 (6,7) 12,2 (9,5) • Desnutrição 34,7 (13,3) 24,5 (4,8) 8,2 • Infecções respiratórias 18,4 - 6,1 10,2 - Óbitos Domiciliares 59,5 - 42,6 - • Diarréia (%) * Crítico(C) = 0-39%; Insatisfatório (Ns) = 40-47%; Aceitável (A) = 80% ou mais. ** "Traçadores" da qualidade dos cuidados médicos. *** Por 1.000 nascidos vivos. **** Valores anteriores à busca ativa dos óbitos. O d e s t a q u e d a investigação, na nossa o p i n i ã o , foi a r e v e l a ç ã o d a mortalidade invisível, d e p o i s d a b u s c a ativa d e casos. Este a c h a d o é c o e r e n t e c o m u m p r o g r a m a c o n s i d e r a d o n ã o satisfatório o u , m e s m o , crítico, n o q u e diz respeito a o s e u sistema d e i n f o r m a ç ã o , justificando a baixa i m p l a n t a ç ã o d o c o m p o n e n t e relativo à gestão. V u o r i (1982) classifica este p r o b l e m a c o m o d e " p o b r e q u a l i d a d e " d a lógica d e u m p r o g r a m a , p o r falta d e eficiência n o uso das i n f o r m a ç õ e s para a t o m a d a d e d e c i s õ e s , seja p o r excesso d e i n f o r m a ç õ e s desnecessárias, seja p e l a p r o d u ç ã o d e i n f o r m a ç ã o q u e c o n duz a interpretações equivocadas. O p o n t o forte d o P M I é o s u b p r o g r a m a d e v a c i n a ç ã o , através d a s c a m p a n h a s nacionais, n ã o se d e t e c t a n d o n e n h u m ó b i t o por causas evitáveis p e l a i m u n i z a ç ã o , apesar d a busca ativa e investigação e p i d e m i o l ó g i c a d o s casos. O s "dias n a c i o n a i s d e i m u n i z a ç ã o " asseguram u m a c o b e r t u r a satisfatória ( a c i m a d e 8 0 % ) d e v a c i n a s , c o m eficácia m é d i a d e 9 0 % ( R o g e r & R o u g e m o n t , 1 9 8 9 ) , constituindo-se a ú n i c a a ç ã o q u e d i s p õ e d e vigilância e p i d e m i o l ó g i c a , d e p r o g r a m a ç ã o local e d e g r a n d e p a r t i c i p a ç ã o c o m u n i t á r i a . A i n d a mais, as v a c i n a s s e r v e m t a m b é m para reduzir a m o r t a l i d a d e d e c o r r e n t e d a " f r a g i l i z a ç ã o " por outras causas, a g i n d o s o b r e a p r e v e n ç ã o d e i n f e c ç õ e s q u e p r o v o c a m a d e p l e ç ã o o r g â n i c a e a d e s n u t r i ç ã o (Figura 2). E m r e s u m o , nossa resposta à s e g u n d a pergunta d e pesquisa a d e r e à m i c r o t e o r i a d o p r o g r a m a . O s resultados r e i t e r a m q u e é i m p o r t a n t e levar e m c o n s i d e r a ç ã o a m u l t i p l i c i d a d e das i n t e r a ç õ e s d e fatores e m j o g o , pressupostos n o m o d e l o utilizado, pois n ã o se p o d e esperar q u e u m a ú n i c a simples i n t e r v e n ç ã o r e d u z a a m o r t a l i d a d e infantil. N a nossa o p i n i ã o , a p o t e n c i a l i z a ç ã o d o P M I , n o c a s o d o N o r d e s t e , d e v e r i a n e c e s s a r i a m e n t e incluir a q u e s t ã o d o a b a s t e c i m e n t o d e á g u a i n t e g r a d o a o c o n t r o l e das d o e n ç a s diarréicas ( a i n d a a p r i m e i r a c a u s a d e ó b i t o nas c r i a n ç a s e s t u d a d a s ) , r e t o m a n d o o seu p a p e l d e c o m p o n e n t e indispensável d o s c u i d a d o s d e s a ú d e p r i m á r i o s , c o m o a d v e r t i u B r i s c o e ( 1 9 8 7 ) . O a u t o r julga n ã o p e r t i n e n t e sua e l i m i n a ç ã o d a s m e d i das r e c o m e n d a d a s o r i g i n a l m e n t e - substituídas pela a b o r d a g e m d o t i p o " c u i d a d o s d e s a ú d e p r i m á r i o s s e l e t i v o s " - , q u e Fournier, T y a n e & H a d d a d ( 1 9 9 2 ) c h a m a m " i n t e r v e n ç õ e s d i r i g i d a s " e q u e p e r d e m o efeito m u l t i p l i c a d o r d o a b a s t e c i m e n t o d e á g u a para a s a ú d e d a s c r i a n ç a s . Para Tonglet e t a l . ( 1 9 9 1 ) , ter água p r ó x i m o à sua casa a i n d a é mais i m p o r t a n t e d o q u e ter água p o t á v e l , o q u e nos faz q u e s t i o n a r tantas " a ç õ e s e d u c a t i v a s " para m e l h o r a r a q u a l i d a d e d a água, s e m q u e se m e x a na q u e s t ã o d o a b a s t e c i m e n t o , e l e m e n t o essencial e m u m a região d e seca. A n e c e s s i d a d e d e buscar água constitui u m t r a b a l h o exaustivo, g e r a n d o u m a d i f i c u l d a d e a d i c i o n a l à utilização o p o r t u n a d o s serviços d e s a ú d e , se i n c l u í m o s u m a ótica d e c u s t o - p r i o r i d a d e , a l é m d a acessibilidade geográfica. Acreditamos q u e a inclusão destes componentes m u l t i p l i c a d o r e s d a s i n t e r v e n ç õ e s facilitariam o sucesso d o p r o g r a m a s o b r e a r e d u ç ã o d a m o r t a l i d a d e infantil e , por seu i m p a c t o a longo p r a z o , p r o m o v e r i a a m e l h o r a d e outros i n d i c a d o r e s d e s a ú d e na região. CONCLUSÕES As Lições Aprendidas com a Análise do PMI O primeiro e n s i n a m e n t o v e m da importância da análise d e implantação dos p r o g r a m a s , a n t e s d e se fazer u m j u l g a m e n t o s o b r e s e u i m p a c t o o u d e se investir novos recursos. O s riscos d e u m a i m p l a n t a ç ã o i n a d e q u a d a d o s programas são substanciais, e esta i m p l a n t a ç ã o imperfeita atua multiplicativamente na r e d u ç ã o d o s n u m e r a d o r e s das m e didas d e eficácia. A s s i m , p e q u e n a s imperfeições p o d e m causar grandes r e d u ç õ e s nas p o t ê n c i a s d o s testes estatísticos utilizados. A construção d o s indicadores d e q u a l i d a d e d e caráter t é c n i c o - n o r m a t i v o , prévia à a v a l i a ç ã o causal, associada à maior v a l i d a d e d e o u tras m e d i d a s d e resultados q u e integram o m o d e l o teórico, p e r m i t e imediatos ajustam e n t o s d o p r o g r a m a , a u m e n t a n d o a utilidade d a a v a l i a ç ã o . A necessidade d e incluir o contexto organizacional é f u n d a m e n t a l , pois as teorias o r g a n i z a c i o n a i s s ã o m e l h o r d e s e n v o l v i d a s n o c a m p o d a s e m p r e s a s privadas e d o s processamentos materiais, negligenciando-se sua contribuição n o setor público d a saúde. A c o n d u ç ã o teórica d a análise d e implantação dos programas orientou nossa a t e n ç ã o , n o nível interno das organizações, sobre o desafio q u e representa a necessidade d a coexistência d e atributos " p a r a d o x a i s " para preservar o espaço institucional e m u m a rede competitiva por recursos. A n o ç ã o d e paradoxo é particularmente importante, por levar e m c o n t a as particularidades d o s serviços h u m a n o s , e m q u e a tecnologia oferecida, o u o c o n t e ú d o d a s a ç õ e s , n ã o se dissocia d e sua f o r m a d e apresentação; a i m a g e m e a substância se c o n f u n d e m . Estimular o espírito "criativo" e a "autodisciplina", para favorecer a a u t o n o m i a d e d e c i s ã o d o s atores, é tão importante q u a n t o certificar-se d e sua c o m p e t ê n cia profissional; os indicadores d e d e s e m p e n h o serão os principais mecanismos d e c o n t r o le. Esta a b o r d a g e m teria u m efeito positivo sobre a i m p l e m e n t a ç ã o d o programa e , e m c o n s e q ü ê n c i a , s o b r e a q u a l i d a d e d o s c u i d a d o s oferecidos, a u m e n t a n d o o consenso o p e r a c i o n a l d a r e d e . A l é m disso, o S U S n ã o s u p õ e s o m e n t e u m a delegação d e poder d o g o v e r n o central às municipalidades, mas a democratização deste poder, implicando a satisfação d a c o m u n i d a d e e a necessidade d e obter seu aval e m relação às decisões t o m a das, o q u e reforça sua c a p a c i d a d e d e organização. D a í a importância d e d e f e n d e r o espaç o institucional, valorizando suas raízes, mas abrindo-se t a m b é m à participação d a socied a d e local. Peters (1988) resume b e m a visão paradoxal/competitiva das organizações: profissionais qualificados para múltiplas atividades, r o m p e n d o barreiras funcionais anterio r m e n t e existentes, controlados n ã o pelo supervisor, mas pela autodisciplina, q u e a c o m p a n h a o estímulo à a u t o n o m i a , e pelo respeito d o usuário. A Contra-estratégia dos SILOS O s S I L O S c o m e ç a m a e m e r g i r c o m o u m a r e d e interorganizacional e m d i f i c u l d a d e s , a g r a v a d a s p e l o b a i x o p o d e r a t r i b u í d o à c o o r d e n a ç ã o local, u m a v e z q u e a remessa d e recursos, a i n d a sob controle dos governos federais o u estaduais, é prioritariamente dirigida aos estabelecimentos pagos pelas A l H s (Autorização d e Internação Hospitalar). Elas constituem a lógica d e r e m u n e r a ç ã o d e base a d o t a d a , a tal p o n t o q u e hospitais ( c o m o os d o S I L O S 2) d i s p e n s a v a m os arquivos m é d i c o s tradicionais, só c o n s e r v a n d o as faturas d o s episódios pagos, o q u e acarreta u m efeito negativo d o m o d e l o , i m p e d i n d o o a c o m p a n h a m e n t o d o s casos. N ã o se a c o r d a m créditos para d i m i n u i r os p r o b l e m a s d e s a ú d e (muito m a l c o n h e c i d o s , p o r sinal, o u falsamente inexistentes, pela ausência d e u m sistema d e i n f o r m a ç ã o e m s a ú d e d e base m u n i c i p a l ) ; paga-se r e s p e i t a n d o o teto fixado para os atos m é d i c o s , s e m n e n h u m a relação c o m o discurso oficial d e objetivos d e s a ú d e . A tensão crescente e n t r e essas d u a s lógicas e suas i m p l i c a ç õ e s n a r e d u ç ã o d o o r ç a m e n t o para as a ç õ e s programáticas d e caráter p r e v e n t i v o a b a l a m o consenso d o s parceiros sobre a pertinência e a q u a l i d a d e d a s a ç õ e s n o nível local. A participação d a p o p u l a ç ã o , c o n s i d e r a d a indispensável para a descentralização c o m o estratégia d e transferência d o p o d e r político d o Estado à s o c i e d a d e local ( d e m o c r a t i z a ç ã o ) , se reduzia à p e r c e p ç ã o d a obrigatoriedade d o s C o n s e l h o s M u n i c i p a i s d e S a ú d e . A a d e q u a ç ã o d e u m m o d e l o n ã o se m e d e u n i c a m e n t e pela a r t i c u l a ç ã o sistêmica das variáveis explicativas e d e p e n d e n t e s q u e se p ô d e observar, c o m o e m u m a r e l a ç ã o linear. Trata-se, s o b r e t u d o , d e c o m p r e e n d e r m e l h o r o p r o b l e m a e d e e n c o n t r a r s o l u ç õ e s para resolvê-lo; n ã o a p e n a s e s t a b e l e c e r u m diagnóstico s o b r e a r e d e d e serviços, mas t a m b é m p r o p o r estratégias c a p a z e s d e p r o d u z i r as m u d a n ç a s a p r o p r i a d a s e n e cessárias para a r e d e . O ideal para o S U S , a partir d o m o d e l o d e B e n s o n ( 1 9 7 5 ) , seria a estratégia c o o p e r a t i v a para a l o c a ç ã o d e recursos ( n e g o c i a ç ã o e n t r e as partes i n t e r e s sadas), m a s para isto seria i m p o r t a n t e q u e a r e l a ç ã o d e p o d e r e n t r e os m e m b r o s d a r e d e fosse similar. N a situação a t u a l , r e c o m e n d a m o s as o p ç õ e s i n t e r m e d i á r i a s , e n t r e os m o d o s autoritário e c o o p e r a t i v o , para f a v o r e c e r o e q u i l í b r i o d o sistema. A m a n u t e n ç ã o d a autoridade f e d e r a l p e r m a n e c e i m p o r t a n t e , p o r q u e , se os recursos d o M i n i s - tério d a S a ú d e são escassos, eles c o n s t i t u e m a p r i n c i p a l f o n t e d e f i n a n c i a m e n t o d o S U S . O c o m p o n e n t e " a u t o r i t á r i o " d e v e ser utilizado c o m o m e i o d e r e g u l a ç ã o d o Estad o para q u e as r e l a ç õ e s , n o interior d o s S I L O S , f a c i l i t e m a c o o r d e n a ç ã o m u n i c i p a l e o consenso sobre a q u a l i d a d e das a ç õ e s . A estratégia manipuladora permite q u e a alocação d e recursos possa a u m e n t a r o u d i m i n u i r o fluxo d e d i n h e i r o , e m v i r t u d e d o s o b j e t i v o s a l c a n ç a d o s . A s s i m , p o r e x e m p l o , o hospital p ú b l i c o d o S I L O S 1 r e c e b e r i a u m a " i n j e ç ã o " d e recursos m e n s a i s , s e g u n d o a n o v a política d o S U S , c o m a c o n d i ç ã o , p o r é m , d e estar t o t a l m e n t e integrado à m u n i c i p a l i d a d e . O S I L O S 2 p o d e r i a e x e r c e r pressão sobre o setor p r i v a d o , a f i m d e q u e este se s u b m e t a às n o r m a s d o P M I e r e d u z a seus custos, p e r m i t i n d o u m a u m e n t o d e recursos para as a ç õ e s p r e v e n t i v a s . É p r e c i s o l e m brar q u e o p a g a m e n t o s o b r e a p r o d u t i v i d a d e q u e o G o v e r n o F e d e r a l repassa a o s serv i ç o s p ú b l i c o s reforça o m o d e l o d e c u i d a d o s curativos e p o d e gerar c o r r u p ç ã o , p o r s u p e r f a t u r a m e n t o o u outros tipos d e fraudes d a prática m é d i c a ( I B A M / U N I C E F , 1 9 9 2 ) . Neste sentido, a participação "vigilante" da c o m u n i d a d e é indispensável. A "estratégia c o m b i n a d a " q u e p r o p o m o s está e m c o n f o r m i d a d e c o m a lei original d o S U S ( n 8.080/90), q u e fixa a a t r i b u i ç ã o d e 5 0 % d o s recursos, s e g u n d o o t a m a 2 n h o d a p o p u l a ç ã o , a l o c a n d o a o u t r a m e t a d e e m razão d o perfil e p i d e m i o l ó g i c o d a região e d a s características quantitativas/qualitativas d a r e d e . A a u s ê n c i a d e estudos avaliativos e m nível local t o r n a impossível a a p l i c a ç ã o destes critérios, e foi c o m a c o n v i c ç ã o d e estar c o n t r i b u i n d o para a s u p e r a ç ã o desta l a c u n a d e c o n h e c i m e n t o q u e e f e t u a m o s a p e s q u i s a . A s s i m , r e t o r n a m o s a o s pressupostos d e b i d i r e c i o n a l i d a d e d o nosso m o d e l o , n o q u a l a integridade e a q u a l i d a d e d o programa (implantação satisfatória) n ã o i n f l u e n c i a m a p e n a s os i n d i c a d o r e s d e m o r b i - m o r t a l i d a d e , m a s t a m b é m as políticas s o c i o e c o n ô m i c a s , m a n t e n d o u m a r e l a ç ã o d i n â m i c a c o n d i c i o n a n t e / c o n d i c i o n a d a d e seu próprio d e s e m p e n h o . A Validade dos Resultados Para julgar a v a l i d a d e interna d a nossa pesquisa precisamos acrescentar algumas i n f o r m a ç õ e s . P r i m e i r o , o e l e m e n t o sobre o q u a l q u i s e m o s trabalhar é a a d e q u a ç ã o dos m o d e l o s t e ó r i c o s para explicar a i m p l a n t a ç ã o d o P M I e sua relação c o m a mortalidade infantil, isto é , se o perfil d o s óbitos expressa a q u a l i d a d e d e f u n c i o n a m e n t o dos serviços o f e r e c i d o s ( a d e q u a ç ã o n o r m a t i v a o u grau d e i m p l a n t a ç ã o ) . N ã o t i v e m o s a pretensão d e d e s e n v o l v e r u m a teoria global d o d e s e m p e n h o , m a s constituímos u m q u a d r o c a p a z d e mostrar, e m u m a a b o r d a g e m sistêmica, a importância d e integrar as teorias d e eficácia o r g a n i z a c i o n a l , para a c o m p r e e n s ã o d o s fatores c o n d i c i o n a n t e s d a i m p l a n t a ç ã o d e u m programa n o interior d o s S I L O S . N o q u e tange à microteoria, os tratamentos o u tecnologias utilizadas t ê m sua v a l i d a d e bem-estabelecida na pesquisa b i o m é d i c a e o q u e faltava era e x a t a m e n t e a teoria d o programa, e n q u a n t o c o n j u n t o destas intervenções c o m efeitos i n t e r d e p e n d e n t e s , t e n d o p o r objetivo assegurar a s a ú d e d e grupos, e n ã o a p e n a s a d e indivíduos. C o m o l e m b r a Feinstein ( 1 9 8 5 ) , o fato d e r a r a m e n t e p o d e r m o s estar seguros dos efeitos q u e a c o n t e c e r ã o no plano individual exige q u e analisemos grupos p o p u l a c i o n a i s para c o m p r e e n d e r os resultados obtidos. U m o u t r o p o n t o necessário para a r g u m e n t a r s o b r e a v a l i d a d e interna d a s a v a l i a ç õ e s d e p r o g r a m a consiste e m analisar subgrupos, c o m o , e m nosso caso, os estratos p o r i d a d e e local d e r e s i d ê n c i a d o ó b i t o , e n ã o a p e n a s valores m é d i o s , para verificar se n ã o h á creaming d e c l i e n t e l a , o u seja, se os q u e r e c e b e m os b e n e f í c i o s são s o b r e t u d o a q u e l e s q u e p o s s u e m a m a i o r f a c i l i d a d e d e acesso, e n ã o os q u e c o r r e m m a i o r risco (Costner, 1 9 8 9 ; P a l u m b o & O l i v é r i o , 1 9 8 9 ) . O fato d e t e r m o s utilizado múltiplos inst r u m e n t o s e focos d e o b s e r v a ç ã o é t a m b é m c o n s i d e r a d o u m m e i o alternativo d e otimizar a v a l i d a d e i n t e r n a d o e s t u d o , c o n s i d e r a n d o - s e q u e existe u m a c o n c o r d â n c i a geral e n t r e experts d e q u e n e n h u m a a b o r d a g e m m e t o d o l ó g i c a isolada, m e s m o na pesquisa e x p e r i m e n t a l o u q u a s e - e x p e r i m e n t a l , é c a p a z d e otimizar a v a l i d a d e interna e externa d e u m a pesquisa. N o q u e diz respeito à v a l i d a d e e x t e r n a , n a m e d i d a e m q u e a p o p u l a ç ã o d e nossa região d e e s t u d o p o d e representar outras p o p u l a ç õ e s d o N o r d e s t e , a c r e d i t a m o s q u e os resultados a p r e s e n t a d o s e o m é t o d o a p l i c a d o p o d e r ã o se r e v e l a r úteis a o s c o o r d e n a d o r e s d e p r o g r a m a d a região. O m o d e l o t e ó r i c o q u e p r o p u s e m o s n ã o se limita à análise d e i m p l a n t a ç ã o d o P M I nas c i d a d e s e s c o l h i d a s ; p o d e t a m b é m ser utilizado para outras i n t e r v e n ç õ e s e m sistemas d e s a ú d e , s e m p r e q u e estes e x p e r i m e n t e m p r o b l e m a s d e a q u i s i ç ã o e d e distribuição d e recursos c o n c e r n e n t e s à c o a l i z ã o das estruturas o r g a n i z a c i o n a i s , u m a r e a l i d a d e q u e e x t r a p o l a o p r ó p r i o S U S . O fato d e o P M I / S U S ter u m a o r i e n t a ç ã o n o r m a t i v a para o c o n j u n t o d o País, permitirá a u m e n t a r a e x t e n s ã o d a influência d a pesquisa, pois o b s e r v a m o s q u e , se c a d a sistema possui suas p a r t i c u l a r i d a d e s , t a m b é m existe u m e s q u e l e t o c o m u m à o r ganização d e todos os sistemas ( C o n t a n d r i o p o u l o s , 1990) o u " m á q u i n a s triviais" ( M o r i n , 1 9 9 0 ) , q u e g a r a n t e m o c o m p o n e n t e previsível d e s e u c o m p o r t a m e n t o , e q u e p o d e r ã o i g u a l m e n t e se b e n e f i c i a r e m . A i n d a sobre a questão da validade externa d a avaliação d e u m programa c o m o i n d i c a d o r d e q u a l i d a d e d e u m sistema local d e s a ú d e , t a l v e z fosse m a i s p e r t i n e n t e falar d e " v a l i d a d e s o c i a l " , s e g u i n d o a c o n c e p ç ã o d e H u r t e a u ( 1 9 9 1 ) , na tentativa d e acrescentar u t i l i d a d e , n o lugar d e f a v o r e c e r s o m e n t e a v a l i d a d e m e t o d o l ó g i c a . T o d o o processo d e v a l i d a ç ã o e x t e r n a d a pesquisa apóia-se, e n t ã o , e m nossa c a p a c i d a d e d e c o n v e n c e r diferentes atores/autoridades, e m nível d o s S I L O S , a r e d i r e c i o n a r o P M I c o m o c o m p r o m i s s o d e e l i m i n a r a m o r t a l i d a d e infantil e v i t á v e l n o N o r d e s t e . Construindo as Recomendações C o m o pesquisadores, d e v e m o s admitir q u e , m e s m o se os c o n h e c i m e n t o s a d q u i ridos r e d u z e m as incertezas, sua interpretação p e r m a n e c e u m p r o c e d i m e n t o a m b í g u o , e n ã o p o d e m o s n u n c a i m p o r nossas conclusões. E m u m a perspectiva sistêmica, c o m o precisamos n o início, assumimos a pertinência n o lugar d a e v i d ê n c i a e r e c o n h e c e m o s q u e a o b j e t i v i d a d e é s i n ô n i m o d e intersubjetividade. A s s i m , nossas r e c o m e n d a ç õ e s n ã o p o d i a m ser e n u n c i a d a s s e m o aval d o s outros " a t o r e s " n o interior d o s S I L O S o b s e r v a d o s o u d e outros representantes d o P M I d o s estados d o N o r d e s t e . Para isto, nos inspiramos e m u m a a b o r d a g e m desenvolvida por C h e c k l a n d (1982), e r e t o m a d a por C l a u x & G é l i n a s (1984), d o tipo solving problems, t a m b é m c h a m a d a pesquisa-ação a p l i c a d a a o s sistemas flexíveis ( c o m o os sistemas d e e n s i n o e os sistemas d e s a ú d e ) . Este m é t o d o é particularm e n t e interessante p e l o seu caráter interativo e recursivo, t e n t a n d o integrar a " v i s ã o d o m u n d o " dos q u e estão implicados n o sistema e m q u e s t ã o e os limites impostos p e l o a m b i e n t e n o m o m e n t o d e se p r o p o r processos d e transformação c o m base n a análise d o s d a d o s . O p o n t o d e partida é o e n u n c i a d o d o p r o b l e m a q u e d e u início à pesquisa: como melhorar o desempenho dos SILOS para reduzir a mortalidade infantil? Depois fazemos c o m os atores (usuários e os q u e t o m a m decisões d o sistema) a (re)interpretação d o s d a d o s g e r a d o s pela pesquisa, d e i x a n d o explícito os limites d o " q u a d r o c o n c e i t u a i " o u m o d e l o utilizado, para v e r se os m e s m o s r e c o n h e c e m sua a d e q u a ç ã o à problemática levantada. N a última e t a p a t e n t a m o s e n c o n t r a r u m c o n s e n s o s o b r e q u e m u d a n ç a s d e s e j á v e i s p o d e r i a m se c o n v e r t e r e m a ç õ e s para m e l h o r a r o p r o b l e m a , l e v a n d o e m c o n t a o s p r i n c í p i o s d o S U S : u m sistema ú n i c o e d e s c e n t r a l i z a d o d e s a ú d e q u e pressup õ e a i n t e g r a ç ã o d a s várias instituições d e u m m e s m o território a p o i a d a s na participaç ã o p o p u l a r , a s s e g u r a n d o u m a c o b e r t u r a universal e eqüitativa. A a d o ç ã o desta estratégia s e r v e t a m b é m para reforçar a v a l i d a d e d a pesquisa, a g r e g a n d o u m processo d e metaavaliação (avaliação da avaliação). A d i n â m i c a d e grupo, d o tipo fórum c o m u n i tário ( P i n e a u l t , 1 9 8 6 ) , foi realizada e m dois m o m e n t o s : • U m a p r i m e i r a r e u n i ã o e m c a d a m u n i c í p i o , a o final d o t r a b a l h o d e c a m p o , c o m t o d o s o s e n t r e v i s t a d o s e m e m b r o s d o s C o n s e l h o s M u n i c i p a i s d e S a ú d e ( C M S ) . Faziase u m b a l a n ç o s u m á r i o d o s principais p r o b l e m a s o b s e r v a d o s , o q u e nos a j u d a v a a v a l i d a r nossas c o n c l u s õ e s e a e s b o ç a r u m p l a n o d e r e f o r m u l a ç ã o a c u r t o prazo. • U m s e g u n d o e n c o n t r o a c o n t e c e u e m R e c i f e , q u a n d o discutimos os resultados preliminares d a pesquisa c o m representante d o PMI/projeto N o r d e s t e d o s estados d a região. A s i s t e m a t i z a ç ã o d a s sugestões extraídas d o s relatórios destas r e u n i õ e s e o s u cesso d e a l g u m a s e x p e r i ê n c i a s referidas na bibliografia nos p e r m i t i r a m traçar c a m i n h o s q u e p o d e r i a m m a x i m i z a r os efeitos d o P M I n a s a ú d e d a s crianças e m u m a p e r s p e c t i v a d o s S I L O S . Estes c a m i n h o s s e r i a m c o n s o l i d a d o s e m u m projeto q u e c o n t e m p l e a garantia d a q u a l i d a d e p a r a o P M I ; a vigilância d a s a ú d e d a s m ã e s e d a s c r i a n ç a s ; o e n v o l v i m e n t o n a luta para a e q ü i d a d e na s a ú d e . A garantia da qualidade é d e f i n i d a p o r V u o r i ( 1 9 8 2 ) c o m o a m e d i d a d o nível d e q u a l i d a d e a t u a l d o s serviços prestados ( a v a l i a ç ã o d a q u a l i d a d e ) m a i s o esforço d e m o d i f i c a r , q u a n d o n e c e s s á r i o , a provisão destes serviços, a partir d o s resultados d a m e d i ç ã o . C o m o m e n c i o n a Pineault (1986), a maioria das avaliações p e r m a n e c e no estágio d a a p r e c i a ç ã o , s e m c u l m i n a r e m u m p r o j e t o d e garantia d a q u a l i d a d e . Para D o n a b e d i a n ( 1 9 7 8 ) , a prática m é d i c a d e v e ficar sob c o n t r o l e p e r m a n e n t e , a garantia d a q u a l i d a d e s e n d o s e u ostensible purpose, m a s sabe-se q u e falar e m c o n t r o l e e m o n i t o r i z a ç ã o d e c u i d a d o s m é d i c o s " l e v a n t a grandes p a i x õ e s " ( M c L a c h l a n , 1 9 7 6 ) . P i n e a u l t ( 1 9 8 6 ) a c h a q u e os m é d i c o s p o d e m m u d a r seu c o m p o r t a m e n t o , se c o n h e c e r e m s e u perfil d e prática e se i n c o r p o r a r m o s m e d i d a s corretivas. A q u e s t ã o d e m e d i d a s p u n i t i v a s é r e j e i t a d a e m c o n s e n s o e , para B e r w i c k ( 1 9 9 2 ) , é e q u i v a l e n t e à teoria (ultrapassada) d a s " m a ç ã s p o d r e s " : as d e s c o b r i m o s e as e l i m i n a m o s . É preciso pensar e m q u a l i d a d e , t o m a n d o c o m o base u m sistema d e i n f o r m a ç ã o / f o r m a ç ã o c a p a z d e a p o n t a r c o n t i n u a m e n t e as sugestões d e m e l h o r i a , a energia se c o n c e n t r a n d o mais nas possibilidades d e c o n h e c e r os p r o b l e m a s d o q u e e m u m a defesa c o n t r a a p u n i ç ã o . Esta é u m a a b o r d a g e m q u e a l c a n ç a a i d é i a d a " d i s s o n â n c i a c o g n i t i v a " para as m u d a n ças d e c o m p o r t a m e n t o (Sicotte e t a l . , 1 9 9 2 ) . A i m p l a n t a ç ã o d e u m projeto d e garantia d a q u a l i d a d e , f u n c i o n a n d o c o m o u m s u b p r o g r a m a d o s S I L O S para m o n i t o r a m e n t o d o c o n j u n t o d a s a ç õ e s sanitárias, exige dispositivos clínicos, e p i d e m i o l ó g i c o s e administrativos ( N o v a e s , 1 9 9 2 ) , d o s q u a i s p o d e r í a m o s listar os principais p o n t o s d e s u p o r t e : • q u a l i f i c a ç ã o profissional; • e n f o q u e d e risco; • a p l i c a ç ã o e f i c i e n t e d o s recursos; • satisfação d o u s u á r i o ; • c o o r d e n a ç ã o d o nível p r i m á r i o a o terciário. A vigilância da saúde das mães teria c o m o p r i n c i p a l o b j e t i v o a r e d u ç ã o d o baixo peso a o nascer e , a partir daí, a r e d u ç ã o d a m o r t a l i d a d e perinatal e d a m o r t a l i d a d e infantil e m geral, m i n i m i z a n d o os fatores d e " f r a g i l i z a ç ã o " d o s r e c é m - n a s c i d o s . A i d e n tificação d a s m u l h e r e s grávidas d e risco p e r m i t e a n t e c i p a r a t é 7 0 - 8 0 % d o s n a s c i m e n tos suscetíveis d e causar p r o b l e m a s às c r i a n ç a s , g a r a n t i n d o o transporte d o b e b ê "intraú t e r o " a t é os serviços e s p e c i a l i z a d o s ( G u i n s b u r g , M i y o s h i & K o p e l m a n ( 1 9 9 2 ) ; P a n e t h , 1 9 9 0 ) . M u l h e r e s grávidas a p o n t a d a s por critérios d e risco, d e f i n i d o s p e l o P M I e p e l a literatura, tais c o m o r e n d a familiar ( < u m salário m í n i m o ) , história d e p a r t o c o m c r i a n ç a d e baixo p e s o o u d e ó b i t o infantil, i d a d e < 2 0 a n o s , p e s o < 4 9 k g ; t a m a n h o < 1,50 c m e t c , r e c e b e r i a m , d e p e n d e n d o d o c a s o , i n t e r v e n ç õ e s d e a j u d a m a t e r i a l , visita e m d o m i c í l i o o u s u p l e m e n t o alimentar, e n ã o s o m e n t e a rotina d o pré-natal. U m projeto para vigilância da saúde das crianças associa a a b o r d a g e m d e risco n o n a s c i m e n t o à investigação e p i d e m i o l ó g i c a d o s óbitos ( " e v e n t o sentinela") feita nas 7 2 horas q u e se s e g u e m a o óbito (Hartz, 1994). Q u e r e m o s garantir, c o m base n o uso d e critérios d e risco já incluídos n o b a n c o d e d a d o s d o N a t i o n a l Surveillance Infant Mortality ( H o g u e et a l . , 1987), o a c o m p a n h a m e n t o d o s recém-nascidos assim identificados, q u e alertam para u m a " m o r t e a n u n c i a d a " q u e p o d e r i a ser e v i t a d a . U m c a r t ã o d o t i p o "sinal a m a r e l o " o u "sinal v e r m e l h o " d e v e garantir a i n t e r v e n ç ã o i m e d i a t a d e c u i d a d o s s e c u n dários e terciários a todas as crianças q u e p r o c u r e m serviços e s p o n t a n e a m e n t e , e a busca imediata das q u e n ã o c o m p a r e c e r e m nos dias m a r c a d o s . O projeto resolve a questão levantada por M o r l e y d e s d e 1 9 8 1 : " N o sistema atual d e distribuição d e c u i d a d o s d e s a ú d e , a criança q u e mais necessita c o r r e o risco d e ser a última a ser a t e n d i d a , seja por motivos d e o r d e m geográfica, racial, cultural o u e c o n ô m i c a " . A eqüidade na saúde apóia-se n o r e c o n h e c i m e n t o d o " d i r e i t o à s a ú d e " (a b a s e constitucional/legal d a r e f o r m a sanitária n o Brasil), o q u e i m p l i c a assumir q u e , c o m o m e n c i o n a Susser ( 1 9 9 3 ) , a s a ú d e n ã o é u m fato q u e n ã o se p o d e m u d a r e o d i r e i t o a ela traz a e q ü i d a d e e n t r e grupos c o m o u m p r i n c í p i o f u n d a m e n t a l . A luta p e l a e q ü i d a d e na s a ú d e é p r i m e i r a m e n t e a c r e n ç a e m m u d a n ç a s possíveis e o p r i m e i r o passo consiste e m a c e i t a r q u e o setor s a ú d e d e v e d e s e n v o l v e r a c a p a c i d a d e d e " a d v o c a c i a " para a u m e n t a r sua p r o j e ç ã o nas políticas sociais, por m e i o d e a ç õ e s coletivas o u indivi¬ 123 d u a i s , administrativas e legislativas ( O P S , 1 9 9 2 ) . Para L a b o n t e (1992), a a d v o c a c i a e n v o l v e pesquisa estatística e linguagem política c o m a história das pessoas atrás dos n ú m e r o s , l e m b r a n d o q u e c o m nossos estudos e relatórios nos e q u i p a m o s d e u m a a r m a p o d e r o s a e legítima d e n t r o d o sistema. C o m esta visão, v a l e m e n c i o n a r a experiência d a c i d a d e d e Toronto, q u e há d e z a n o s lançava o relatório Sociedade à saúde pública Desigual: um desafio e já havia c r i a d o o d e p a r t a m e n t o d e P r o m o ç ã o e A d v o c a c i a d a S a ú d e C o m u n i t á r i a . Assume-se e x p l i c i t a m e n t e q u e o d e p a r t a m e n t o d e s a ú d e pública d e v e ser u m porta-voz m o r a l e m t e r m o s d e desigualdade social (Charest, 1987). C h a m b e r l a i n ( 1 9 8 4 ) revela a i m p o r t â n c i a d o s consumer advocacy organizador) (organizações d e d e f e - sa d o c o n s u m i d o r ) , q u e t r a b a l h a m c o m os governos locais para o controle o u a c o m p a n h a m e n t o d a q u a l i d a d e d o s programas q u e d e v e r i a m suprir as necessidade das famílias para q u e m são o r i e n t a d o s . N ã o seria u m a b o a sugestão para os S I L O S ? T o w n s e n d ( 1 9 9 2 ) fala d a n e c e s s i d a d e d e u m m o d e l o social para a s a ú d e n o lugar e x c l u s i v o d o s c u i d a d o s m é d i c o s , se q u i s e r m o s saber a q u e m c a b e a r e s p o n s a b i l i d a d e d o s f a l e c i m e n t o s p r e m a t u r o s . O s d a d o s d o projeto N a t i o n a l Infant M o r t a l i t y S u r v e i l l a n c e m o s t r a m q u e a m o r t a l i d a d e infantil c o n t i n u a s e n d o mais e l e v a d a e n t r e os negros e c o n s i d e r a a q u e s t ã o d e d e s i g u a l d a d e c o m o " o m a i o r o b j e t i v o d a s a ú d e p ú b l i c a " ( M M S , 1 9 8 7 ) . N o Brasil, 4 5 % d a p o p u l a ç ã o é c a r a c t e r i z a d a c o m o v i v e n d o e m p o b r e z a a b s o l u t a ( M e s a - L a g o , 1 9 9 2 ) , m a s n o N o r d e s t e essa taxa c h e g a a 7 5 , 6 % ( U N I C E F / S S A P , 1 9 9 0 ) . O q u e m a i s nos s u r p r e e n d e c o n t i n u a s e n d o o fato d e a i n d a n ã o d i s p o r m o s d e d a d o s s o b r e os p r o g r a m a s d e s a ú d e para a p o b r e z a , c o m o os q u e t e m o s para negros o u d e s a b r i g a d o s nos Estados U n i d o s ; seria v e r g o n h o s o falar disso o u p o r q u e d e s t a f o r m a , tal q u a l o b s e r v a m o s n a nossa pesquisa, os d a d o s gerais e s c o n d e m as d i f e r e n ç a s atrás d e m é d i a s q u e a g r a d a m mais??? D e v e m o s d e i x a r c l a r o q u e os p r o b l e m a s d e t e c t a d o s a c e r c a d o P M I n ã o o i m p e d e m d e a l c a n ç a r o s e u p a p e l , a fim d e assegurar a q u e d a d a m o r t a l i d a d e infantil e d e m i n i m i z a r os d i f e r e n c i a i s d e risco. Estamos certos d e q u e as políticas públicas são i n d i s p e n s á v e i s para suprir as c a r ê n c i a s individuais, q u e a u m e n t a m os p r o b l e m a s d e s a ú d e i m p e d i n d o o acesso a o s serviços. C o m p a r t i l h a m o s a p r e o c u p a ç ã o d e Costa & D u a r t e ( 1 9 8 9 ) q u a n t o a a v a l i a ç õ e s às q u a i s c h a m a m d e " a p o c a l í p t i c a s " , s o b r e t u d o e m u m m o m e n t o d e crise e c o n ô m i c a , e m q u e a " m ã o (in)visível" d a s políticas liberais só p e n s a m e m p o d a r os p r o g r a m a s sociais, c o n s i d e r a d o s inimigos d a e c o n o m i a d e m e r c a d o (Leseman, 1987). M u l t i p l i c a n d o as e x p e r i ê n c i a s e c i t a ç õ e s , p o d e r í a m o s t o r n a r p e s a d o o nosso texto, s e m jamais resolver a totalidade das questões levantadas. C o m o r e c o m e n d a Stràuss ( 1 9 8 7 ) , n ã o d e v e m o s n o s d e i x a r s e d u z i r p e l o c o l o r i d o d e t o d o s os d e t a l h e s , p o i s p a r a o s leitores p o d e ser fatigante, u m a v e z q u e n ã o e s t i v e r a m e n v o l v i d o s c o m a m e s m a i n t e n s i d a d e a f e t i v a d o s a u t o r e s . O fato d e r e c o n h e c e r q u e a i m p o r t â n c i a d e u m a pesquisa é relativa à e x p e r i ê n c i a pessoal/profissional d e c a d a u m , nos obriga a u m a certa " e c o n o m i a d e palavras". N u m a a b o r d a g e m sistêmica d e v e m o s t a m b é m p e r m a n e c e r c o n s c i e n t e s d o risc o i n e r e n t e a o q u e M o r i n (1990) c h a m a d e ecologia da ação, para lembrar q u e toda a ç ã o p o d e fugir d a i n t e n ç ã o d o s seus atores p e l o u n i v e r s o d a s i n t e r a ç õ e s c o m o a m b i e n t e , e m u m s e n t i d o q u e p o d e se t o r n a r c o n t r á r i o a o s e n t i d o inicial. P o d e - s e a t é a r g u m e n t a r q u e o m o d e l o p r o j e t a d o representa a p e n a s u m a r e a l i d a d e v i r t u a l , m a s o virtual n ã o significa irreal. E m nosso t r a b a l h o q u i s e m o s d e s e n v o l v ê - l o para refletir os S I L O S , n ã o c o m o u m e s p e l h o m á g i c o , m a s c o m o u m c e n á r i o d e luta " c o n c r e t a " , q u e t e m a possibilidade e responsabilidade de evitar c o n d e n a d a s p r e c o c e m e n t e a u m a "morte q u e estas c r i a n ç a s c o n t i n u e m s e n d o severina". REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A K T O U F , O L ' h a r m o n i s a t i o n des interêts. In C H A M P A G N E Performance des Organisations F: Efficacité, Gestion et de Santé. O t t a w a : Les Presses de I'Association des hôpitaux duCanadá, 1 9 9 1 . ALISJABANA, A. H e implementation of the risk approach in maternal and child health services. In: W A L L A C E H . M . & G I R I , K. (Eds.) Health Care of Woman and Children in Developing Countries. California: Third Party Publication Company, 1990. A R A Ú J O J . D. Polarização epidemiológica no Brasil. Informe Epidemiológico do SUS, 1 (2): 5-16,1992. 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