CAPÍTULO VII – RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Cálculo de deformações de vigas e pilares Utilização em madeiras Juntas de dilatação Revisão Geral – Mecânica Conceitos Básicos Força Grandeza capaz de provocar movimento, alterar o estado de movimento, alterar o estado de tensão ou provocar deformação em um corpo. Força: Unidades: N – newton kN – kilonewton kgf – kilograma-força Equivalência: 1 kN = 103 N = 98,1 kgf (≅102 kgf) Para recordar Æ Leis de Newton: 1ª Lei de Newton ou Princípio da Inércia Todo corpo continua no estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme, a menos que seja obrigado a mudá-lo por forças a ele aplicadas. r r r Fr = 0 ⇔ v = constante (Repouso ou MRU) Equilíbrio 2ª Lei de Newton ou Princípio Fundamental A resultante das forças que agem em corpo é igual ao produto de sua massa pela aceleração adquirida. 59 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com r r Fr = m.γ 3ª Lei de Newton ou Lei da Ação e Reação Para toda força aplicada, existe outra de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto. Ação das forças Forças Externas : Deformação Forças internas - Oposição à ação de forças externas (Resistência) Æ Tensão - Recuperação da forma original quando cessa força externa (Elasticidade) Elasticidade e Plasticidade Elástico Um corpo é dito elástico quando cessada a aplicação da força, este retornar ao estado inicial Exemplos: Aço, borracha, madeira Obs: A elasticidade ocorre dentro de determinados limites Plástico Um corpo é dito plástico quando cessada a aplicação da força, o mesmo permanecer em sua forma atual. Ex: Chumbo e argila Todo corpo sujeito à força externa sofre deformação. As deformações lineares que ocorrem na tração e na compressão são expressas em função da Variação de Comprimento (∆L) e do Comprimento Original (L). As deformações podem ser Longitudinais ou Laterais. Considerações sobre elasticidade e plasticidade A maioria dos materiais apresenta as duas características, dependendo dos esforços aos quais estão submetidos, atuando como elásticos até certo limite e depois como plásticos. Não existe material perfeitamente elástico. Sempre permanecerá uma deformação residual (Deformação Permanente ou Residual) Na Figura 53 é mostrada a seqüência de uma aplicação de força de tração e na Figura 54 é mostrada a seqüência de uma aplicação de duas forças de compressão. 60 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com 1Dada uma barra de 2 Observa-se comprimento L, aplica-se uma deformação ∆L força F. uma 3- Cessada a força o corpo retorna à forma original. Figura 53: Aplicação de uma força de tração em uma barra. Fonte: FARIA JÚNIOR (2008). Modificado. 1- Dada uma comprimento L, duas forças F. barra de 2 Observam-se aplicam-se deformações ∆L. duas 3- Cessadas as forças o corpo retorna à forma original. Figura 54: Aplicação de duas forças de compressão em uma barra. Fonte: FARIA JÚNIOR (2008). Modificado. Lei de HOOKE As tensões desenvolvidas e suas deformações específicas conseqüentes são proporcionais enquanto não se ultrapassa o limite elástico do material. Em linhas gerais, a deformação é proporcional à tensão (ε ∝ σ) (Figura 55), sendo considerado a padronização da deformação de um corpo sólido para cada 1kgf de aumento na carga (esforço externo) ou para cada 1 kgf/cm2 de aumento na tensão. 61 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com σ =E ε Onde: σ= tensão normal ε=deformação específica (relativa) E= Módulo de elasticidade longitudinal (constante elástica do material) • • ε (Deformação relativa) ε = ∆L/L ou (x 100) = % Figura 55: Diagrama tensão-deformação. • • • • • E=1/ ∝ (módulo elasticidade) – Valor da tensão imáginária de tração (kgf/cm2) capaz de duplicar o comprimento original do corpo sólido E=tgθ E=cat op/cat ad E= σ/ε σ =E. ε Figura 56: Módulo de elasticidade de Young. 62 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com • • E1>E2 ε1< ε2 Figura 57: Exemplo de deformações com 2 tipos de materiais. Fonte: FARIA JÚNIOR (2008). Modificado. A Tabela 14 demonstra o módulo de elasticidade para diferentes tipos de materiais. Tabela 14: Módulo de elasticidade (E) para diferentes materiais. Modificado de BAETA e SARTOR (1999). Material E (kgf/cm2) Aço 2.100.000 Ferro Fundido 1.000.000 Concreto 20.000 a 400.000 Alvenaria de Tijolo 20.000 a 200.000 Madeira de Pinho (paralelo à fibra) 1.000.000 Madeira de Pinho (perpendicular à fibra) 3.000 Definições Corpos dúcteis: Deforma-se bastante antes do rompimento (ductibilidade). Ex: Aço, alumínio Corpos frágeis: Deforma-se pouco antes do rompimento (fragilidade). Ex: concreto, ferro fundido. Concreto não obedece a Lei de Hooke, (proporcionalidade) na compressão. A Figura 58 demonstra o diagrama de tensão-deformação para materiais dúcteis, com as respectivas tensões atuantes e as deformações. 63 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com Figura 58: Diagrama de tensão-deformação (materiais dúcteis). Fonte: KALIL e LEGGERINI Explicando o Diagrama: Tensões σp: Tensão de proporcionalidade σe: Tensão de escoamento σR: Tensão de ruptura Trecho A-B Indica a proporcionalidade entre σ x ε (material trabalha em regime elástico - lei de Hooke). Deformações reversíveis. Trecho B-C Indica o fim da proporcionalidade Æ regime plástico do material. As deformações crescem mais rapidamente do que as tensões Cessado o ensaio Æ pequenas deformações residuais irreversíveis. Trecho C-D Patamar de escoamento Æ o material se desorganiza internamente (nível molecular) sem que se aumente a tensão a que o material é submetido, aumenta grandemente a deformação que ele apresenta. Período em que começam a surgir falhas no material (estricções), ficando o mesmo invalidado para a função resistente. Trecho D-E 64 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com Após uma reorganização interna o material continua a resistir à tensão em regime plástico Grandes e visíveis deformações residuais Não se admitem estruturas com esta ordem de grandeza para as deformações residuais. Exemplo de ensaio (comportamento do aço) A Figura 59 demonstra um ensaio de tração com o aço, com esforços externos até a ruptura. Assim sendo, por meio dos dados pode-se traça o diagrama tensão-deformação para cada material. Legenda: Diagrama Tensão Deformação Limite de proporcionalidade Limite de elasticidade Tensão de escoamento Ponto de força máxima Ruptura Figura 59: Diagrama tensão-deformação para o aço. Tensão admissível (σadm) Definição: é a tensão máxima que se permite atingir uma estrutura calculada em regime elástico. É aquela adotada para que as estruturas possam suportar as cargas externas com segurança. No caso do aço (Figura 60): Tensão admissível (σadm) =σF/ υ Resistência máxima (σmáx)=P/Ao 65 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com Alongamento total até a ruptura (δ) = ∆Lmáx/Lo Figura 60: Tensão admissível para o aço. Modificado de KALIL & LEGGERINI Deformações Longitudinais e Laterais Longitudinal (Figuras 61 e 62) a1<a2; ∆L=∆L1+∆L2 Figura 61: Na tração (alongamento), com a variação de comprimento. Modificado de BAÊTA e SARTOR (1999) a1>a2; ∆L=∆L1+∆L2 Figura 62: Na compressão (encurtamento), com variação no comprimento. Modificado de BAÊTA e SARTOR (1999). 66 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com Lateral (Figuras 63 e 64) b1>b2; ∆L=∆L1+∆L2 Figura 63: Na tração (alongamento), com variação na largura. Modificado de BAÊTA e SARTOR (1999). b1<b2; ∆L=∆L1+∆L2 Figura 64: Na compressão (encurtamento), com variação na largura. Modificado de BAÊTA e SARTOR (1999). Com relação à deformação: A deformação específica longitudinal é proporcional à deformação específica transversal (limite elástico do material), sendo chamada de Coeficiente de Poisson (µ): εt µ=− ε Onde: ε = Deformação específica longitudinal εt = Deformação específica transversal µ = Coeficiente de Poisson 67 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com εt = ∆b = ∆h =∆R → ∆b = εt.bi bi hi Ri ∆h = εt.hi Deformação transversal total ∆R = εt.Ri Na Figura 65 é demonstrado o cisalhamento (escorregamento relativo) em uma barra, onde os comprimentos e as larguras antes e após a aplicação da força, permanecem inalterados. a1=a2; b1=b2; Figura 65: Escorregamento relativo ou Deformação angular Modificado de BAÊTA e SARTOR (1999). A Deformação angular é definida por: γ= ∆y ∆x Onde: ∆y = Variação no eixo y (antes e depois à aplicação da força) ∆x= Variação no eixo x (antes e depois à aplicação da força) A Figura 66 mostra o diagrama de tensão-deformação no caso do cisalhamento. tg θ=cat op/cat ad τ/ γ=G (módulo de elasticidade transversal) no cisalhamento Lei de Hooke para cisalhamento τ∝γ τ=G. γ Figura 66: Diagrama tensão-deformação (cisalhamento) 68 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com Para os casos das tensões normais, aplica-se Hooke Identicamente, pode-se expressar o Escorregamento relativo empregando-se o Módulo de Elasticidade Transversal (G) e a tensão Cisalhante (τ) τ=G. γ Entre (E) e (G) existe uma relação que pode ser expressa com o auxílio do coeficiente de Poisson (µ): G= µ .E 2( m + 1) Onde: G=módulo de elasticidade Transversal (cisalhamento) τ = Tensão de corte ou cisalhamento Variação do comprimento à dilatação Aquecimento: Dilatação Arrefecimento: Contração Podem causas tensões internas nos materiais, semelhantes aos esforços externos (Tabela 15). Para evitar essas tensões: Empregar apoios móveis (pontes) Juntas de dilatação Dilatação ou compressão Em peças estruturais, pode ser calculada por: ∆L=±αt. ∆t.L Onde: L= comprimento do elemento estrutural ∆t= variação de temperatura do elemento estrutural αt=coeficiente de dilatação térmica (variação de comprimento do elemento estrutural para cada 1oC) Tabela 15: Valores de αt para diferentes materiais. Modificado de BAÊTA e SARTOR (1999). Material αt (oC-1) Aço 0,000012 Ferro fundido 0,000010 Concreto 0,000010 Alvenaria de tijolo 0,000005 Madeira 0,000003 69 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com A retração da argamassa pela evaporação tem ação semelhante à variação provocada pela diminuição de temperatura. Para o concreto simples e armado, a retração deve ser correspondente a uma queda adicional de 20oC 70