ÍNDICES DE EROSIVIDADE EI30 E KE>25 PARA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 2a APROXIMAÇÃO ELENILSON MOREIRA FRANCO1, CLAUDINEI ANTONIO MONTEBELLER2, DANIEL FONSECA DE CARVALHO3, RICARDO VALCARCEL4, MARCOS BACIS CEDDIA5 INTRODUÇÃO: A capacidade da chuva em causar erosão pode ser avaliada por meio de índices de erosividade, que se baseiam nas características físicas das chuvas de cada região. Wischmeier & Smith (1958) concluíram que o produto da energia cinética total da chuva pela intensidade máxima em 30 minutos (EI30) é a relação que melhor expressa o potencial da chuvas em causar erosão. Entretanto, este modelo subestima a energia cinética das chuvas nas regiões tropicais, por estas estarem relacionadas à velocidade dos ventos, à distribuição de gotas de diferentes tamanhos e a alta precipitação. Assim, para as condições tropicais da África, Hudson (1965) encontrou melhor correlação das perdas de solo com o índice KE>25, que considera a energia cinética total das chuvas com intensidade superior a 25 mm.h-1. Gonçalves (2003) realizou estudos sobre o potencial erosivo do Estado do Rio de Janeiro referente a 14 estações climatológicas pertencentes às redes hidrometeorológicas da ANA/ANEEL (Agência Nacional de Águas/Agência Nacional de Energia Elétrica), Light (Light Serviços de Eletricidade S/A) e SERLA (Superintendência Estadual de Rios e Lagoas). Sabendo-se da dificuldade da obtenção de dados e da importância de se conhecer o potencial erosivo das chuvas para uma região, desenvolveu-se este trabalho com o objetivo de estimar os índices de erosividade EI30 e KE>25 para outras 16 estações climatológicas localizadas no Estado do Rio de Janeiro. 1 Estudante de Agronomia. Bolsista de IC do programa PIBIC/CNPq/UFRRJ. Mestrando em Ciência do Solo na UFRRJ. Bolsista da CAPES. 3 Professor Adjunto do DE/IT/UFRRJ. Seropédica-RJ. 21 2682-1865. Bolsista do CNPq. 4 Professor Adjunto do DCA/IF/UFRRJ. Seropédica-RJ. 5 Professor Adjunto do DS/IA/UFRRJ. Seropédica-RJ. 2 MATERIAL E MÉTODOS: O estudo foi realizado a partir de dados pluviográficos referentes a 5 anos de observações (1974-1978) em 16 estações climatológicas do Estado do Rio de Janeiro, cadastradas no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), disponibilizados pelo Departamento de Ciências Ambientais do IF/UFRRJ. Os valores médios mensais de EI30 foram determinados com base na metodologia de Wischmeier & Smith (1958), utilizando a Equação 1 sugerida por Foster et al (1981). Ec= 0.119 + 0.0873 log I (1) Em que: Ec = energia cinética por mm de chuva, em MJ ha-1 mm-1; I = intensidade de chuva, em mm h-1. Os valores de energia cinética (Ec) obtidos foram aplicados na Equação 2 para o cálculo do índice EI30. EI30 = Ec.I30 (2) Para a obtenção do índice KE>25, foram utilizados os mesmos parâmetros citados anteriormente, sendo desconsideradas aquelas precipitações com intensidades médias em cada segmento inferiores a 25 mmh-1. Pelo somatório dos valores obtidos de EI30 e KE>25 em cada precipitação, foi possível a determinação dos índices mensais e posteriormente, os anuais, para as duas localidades estudadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pela Tabela 1, observa-se que o maior índice EI30 médio anual encontrado foi para o município de Resende com 9.068,6 MJ mm ha-1 h-1ano-1, e o menor foi para Campos dos Goytacazes com 3.440 MJ mm ha-1 h-1ano-1. Com relação ao KE>25, o menor índice médio anual observado foi de 46,6 para Álcalis, município de Cabo Frio, e o maior foi para Resende, com 129,1 MJ ha-1 ano-1. Ambos os índices, quando analisados os valores mensais apresentam, de modo geral, maiores valores no período de setembro a fevereiro que corresponde ao verão, período no qual é característico a ocorrência de chuvas de maiores intensidades, devido à maiores temperaturas e movimentação de massas de ar. Ao contrário, os menores valores são observados nos meses de março a agosto, período onde ocorrem chuvas com menores intensidades. CONCLUSÕES: Os resultados obtidos nos permitem concluir que: - o índice EI30 médio anual encontrado para as localidades analisadas varia de 3.440 a 9.068 MJ mm ha-1 h-1ano-1, e o índice KE>25 médio anual varia de 46 a 129 MJ ha-1 ano-1; e - o período crítico considerado para ambos os índices é observado nos meses de setembro a fevereiro, os quais apresentam os maiores valores de erosividade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FOSTER, G. R.; McCOOL, D. K.; RENARD, K. G.; MOLDENHAUER, W. C. Conversion of the universal soil loss equation to SI units. Journal of Soil and Water Conservation. Baltimore v. 36 p. 355-359. 1981. GONÇALVES, F. A. Erosividade das chuvas no Estado do Rio de Janeiro. Viçosa, 2003. 90p. Dissertação (Mestrado em Energia Agrícola) – Universidade Federal de Viçosa. HUDSO, N.W. The influence of rainfall on the mechanics of soil erosion with to northern Rhodesia. Cape Town, University of Cape Town, South Africa, 1965. (tese de mestrado). WISCHMEIER, W. H.; SMITH, D. D. Rainfall energy and its relationship to soil loss. Transaction American Geophysical Union. Washington v.39 p.285-291 1958. Tabela 1. Relação das estações, coordenadas geográficas, altitudes e índices de erosividade médios mensais e anuais. EI30 INMET ESTAÇÃO LAT LON ALT JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET 83719 Alcalis 22º 59’ 42º 02’ 7,4 397,8 188,9 78,6 453,7 489,4 109,0 269,9 58,0 137,8 83788 Angra dos Reis 23º 01’ 44º 19’ 2 906,3 1437,3 732,3 401,8 228,8 214,2 278,9 132,9 224,5 83698 Campos 21º 45’ 41º 20’ 11 484,1 140,8 141,1 419,0 127,7 101,8 95,0 190,8 168,3 83807 Carmo 21º 55’ 42º 37’ 341 827,8 843,5 741,3 56,8 7,4 523,8 410,3 83718 Cordeiro 22º 02’ 42º 22’ 485 1490,9 1315,4 655,8 429,2 223,8 191,4 13,7 280,1 70,5 83741 Ecologia Agrícola 22º 48’ 43º 41’ 33 935,2 995,3 751,7 353,1 161,7 204,9 91,2 181,2 169,4 83758 Ilha Guaíba 23º 00’ 44º 02’ 64 1109,3 1515,7 724,2 569,6 220,7 101,4 163,9 135,9 230,2 83695 Itaperuna 21º 12’ 41º 53’ 124 1549,8 512,0 461,2 718,7 433,1 17,6 65,0 164,7 91,1 83749 Macaé 22º 21’ 41º 48’ 4 606,9 378,5 129,5 491,6 231,9 596,9 351,0 380,0 204,5 83745 Nova Friburgo 22º 16’ 43º 23’ 857 687,4 988,9 651,5 182,6 87,6 60,6 37,9 122,5 95,5 83757 Piraí 22º 38’ 43º 54’ 388 1731,7 806,2 879,9 360,1 103,8 145,3 68,2 156,4 194,0 83738 Resende 22º 29’ 44º 28’ 440 1527,4 1228,6 1077,5 518,4 165,3 90,2 51,0 499,3 712,2 83696 Sta Mª Madalena 21º 37’ 42º 05’ 620 857,7 745,7 353,5 318,6 171,3 379,3 49,9 649,4 164,5 83802 São Bento 22º 44’ 43º 18’ 6 902,6 433,7 583,7 393,5 194,5 160,3 77,3 41,3 124,7 83744 Teresópolis 22º 27’ 42º 56’ 874 1359,9 283,2 818,2 547,9 13,8 26,7 91,6 91,3 83742 Vassouras 22º 20’ 43º 40’ 437 1606,2 642,6 1095,1 118,4 56,1 123,5 16,4 151,7 115,1 KE>25 INMET ESTAÇÃO LAT LON ALT JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET 83719 Alcalis 22º 59’ 42º 02’ 7,4 4,5 3,5 1,2 6,5 6,7 2,6 3,0 0,9 0,8 83788 Angra dos Reis 23º 01’ 44º 19’ 2 14,5 18,8 9,2 4,4 2,7 1,8 1,9 1,3 1,6 83698 Campos 21º 45’ 41º 20’ 11 6,3 2,5 1,5 7,5 1,8 2,4 2,2 3,9 1,4 83807 Carmo 21º 55’ 42º 37’ 341 12,7 16,6 11,5 0,7 0,0 5,3 4,5 83718 Cordeiro 22º 02’ 42º 22’ 485 19,5 18,8 10,6 8,2 4,4 4,4 0,2 5,9 0,3 83741 Ecologia Agrícola 22º 48’ 43º 41’ 33 14,5 14,8 8,8 6,2 3,0 3,3 1,4 2,8 2,6 83758 Ilha Guaíba 23º 00’ 44º 02’ 64 14,1 15,2 10,5 5,7 2,2 1,3 0,5 0,9 1,6 83695 Itaperuna 21º 12’ 41º 53’ 124 19,5 6,9 9,1 10,1 5,9 0,0 0,2 2,7 0,2 4,6 2,0 8,2 2,1 9,6 4,4 5,4 0,6 83749 Macaé 22º 21’ 41º 48’ 4 5,2 83745 Nova Friburgo 22º 16’ 43º 23’ 857 9,3 13,6 8,0 5,3 1,0 1,7 0,0 1,2 0,4 83757 Piraí 22º 38’ 43º 54’ 388 25,1 13,5 16,4 5,5 2,5 2,0 2,4 1,6 2,2 18,2 17,6 7,2 2,5 1,4 0,7 6,1 7,9 83738 Resende 22º 29’ 44º 28’ 440 23,6 12,6 6,7 5,6 2,3 3,6 0,8 9,7 1,2 83696 Sta Mª Madalena 21º 37’ 42º 05’ 620 15,8 83802 São Bento 22º 44’ 43º 18’ 6 14,3 5,3 15,3 6,5 3,3 2,4 0,3 1,4 2,2 83744 Teresópolis 22º 27’ 42º 56’ 874 16,7 7,5 14,1 7,0 0,0 0,0 1,4 0,3 83742 Vassouras 22º 20’ 43º 40’ 437 24,3 10,9 13,4 1,7 0,6 3,1 0,0 2,9 0,7 OUT 523,3 314,4 460,4 578,3 574,6 165,2 193,6 342,7 241,7 297,2 162,6 467,3 294,2 245,7 243,7 258,1 NOV 1031,9 319,8 487,2 431,8 1023,1 381,5 262,9 918,8 885,3 1471,3 906,0 1698,2 1067,5 456,0 644,8 841,6 DEZ 209,2 1100,6 624,9 1063,3 1389,4 1380,8 940,9 930,0 591,8 1453,7 1043,4 1033,3 1013,1 1832,8 1566,2 1419,1 TOTAL 3947,4 6291,9 3441,2 5484,1 7657,9 5771,2 6168,1 6204,7 5089,6 6136,6 6557,4 9068,6 6064,7 5445,9 5687,2 6443,9 OUT 7,9 3,1 7,7 4,9 8,4 2,5 0,1 5,2 2,5 5,0 2,8 7,4 4,4 1,7 0,9 4,8 NOV 5,1 2,2 5,5 5,1 13,9 5,1 1,5 13,4 9,0 23,6 12,2 17,1 11,6 5,9 5,1 11,9 DEZ 3,9 11,0 10,0 14,7 23,0 17,5 10,1 15,2 9,5 23,9 18,3 19,5 13,2 25,9 17,1 22,5 TOTAL 46,6 72,5 52,6 75,8 117,6 82,3 63,8 88,5 63,2 92,8 104,4 129,1 87,5 84,5 69,9 96,7 FRANCO,E.M.; MONTEBELLER,C.A; CARVALHO, D.F.de; VALCARCEL,R.;CEDDIA,M.B. (2004) Índices de erosividade a EI30 e KE>25 para o estado do Rio de Janeiro – 2 aproximação. In: Reunião Brasileira de Manejo de Conservação do Solo e da Água, XV. Resumo expandido ... UFSM. Santa Maria, RS. 2004. V1. p.5-8.