Uma das mais antigas e piores dores que aflige o ser
humano tem tratamento ainda pouco difundido
A técnica, capaz de cessar o principal sintoma da doença, tem a maior casuística
do mundo por neurocirurgião brasileiro
Uma dor aguda, muito forte, caracterizada como pontada ou choque na região da
face, que tem duração de segundos, mas com repetições ao longo do dia,
levando o indivíduo ao desespero. Esta é descrição de quem sofre com a
neuralgia do trigêmeo, ou neuralgia trigeminal, doença com registro desde a
antiguidade, mas ainda pouco difundida entre a população.
A doença não tem diagnóstico tão difícil, mas requer profissional especializado,
pois costuma ser confundida com problemas dentários e afins, levando mais de
90% das pessoas a sofrer por anos sem o tratamento adequado.
Uma vez diagnosticada, a neuralgia trigeminal contempla o tratamento inicial
com medicações, que costumam oferecer alívio das crises por algum tempo. No
entanto, quando os medicamentos não surtem mais efeito ou quando efeitos
adversos inviabilizam a administração dos mesmos, alguns procedimentos
cirúrgicos são indicados.
Segundo o Dr. Claudio Fernandes Corrêa, neurocirurgião funcional especialista
em dor,, das técnicas cirúrgicas em aplicação, a considerada mais eficaz, segura
e simples é a cirurgia de compressão do gânglio de Gasser, a qual médico
apresenta a maior casuística do procedimento no mundo, com 1611 casos
operados, sendo a primeira delas realizada em 1990.
O neurocirurgião explica que a intervenção, minimamente invasiva, é realizada
através da introdução de um fino cateter, em cuja extremidade existe um balão,
que quando inflado ao nível do gânglio trigeminal, faz a dor cessar
imediatamente em 98% dos casos. “O procedimento é simples, com duração de
poucos minutos, com o paciente podendo conferir os resultados imediatamente
após a cirurgia”, completa.
Embora a cirurgia tenha resultado definitivo, pode ocorrer recidiva do problema
em cerca de 30% dos casos, que podem ser operados novamente.
A técnica pode ser realizada ambulatoriamente, com o paciente recebendo alta
em média duas horas após o ato operatório.
“A cirurgia ainda apresenta o melhor custo-benefício para médicos e pacientes,
ainda que não difundida quanto deveria, o que é lamentável, visto o impacto que
a doença gera para o doente e os que convivem com ele”, conclui dr. Cláudio
Corrêa.
Entendendo a neuralgia do trigêmeo
A doença atinge uma ou mais ramificação das três divisões do nervo trigêmeo,
que é responsável pela sensibilidade da face, córnea, dentes, porção anterior da
língua e mucosas da cavidade nasal e bucal.
Acredita-se que o problema ocorre pelo desgaste da bainha que envolve o nervo
trigeminal, o que justifica a maior incidência do problema em pessoas acima de
50 anos. No entanto, Dr. Claudio Corrêa alerta que esse fator não descarta a
ocorrência da doença em jovens, já que há casos de pessoas abaixo dessa faixa
etária acometidas pela doença, ainda que em índices bem menores.
Outra possibilidade é o conflito vascular entre o nervo trigêmeo e vasos
sanguíneos ao seu redor, mesmo considerando que esta situação é normal no ser
humano e que 40% destes casos não apresentam a doença.
A dor aguda, intensa e frequente causada pela neuralgia do trigêmeo afeta de
forma muito importante a qualidade de vida do indivíduo, comprometendo até as
atividades consideradas simples, como falar, comer, escovar os dentes e,
algumas vezes, até pentear os cabelos. Tanto sofrimento levou o registro de
casos na literatura médica de pessoas que chegaram a tentar o suicídio.
Fonte para entrevista:
Dr. Claudio Fernandes Corrêa
Com mais de 30 anos de atuação profissional, Dr. Claudio Fernandes Corrêa é
graduado em medicina pela Faculdade Federal do Triângulo Mineiro e possui
mestrado e doutorado em neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina.
Especializou-se no tratamento da dor aliado a neurocirurgia funcional – do qual
se tornou uma das principais referências no Brasil e também no Exterior.
Além de membro das principais sociedades relacionadas à neurocirurgia e ao
estudo da dor, ainda preside o Instituto SIMBIDOR – que realiza o Simpósio
Brasileiro e Encontro Internacional sobre Dor – um dos eventos de maior
expressão do setor do Brasil e do Mundo.
É também o idealizador e coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia
Funcional do Hospital 9 de Julho, serviço que reúne especialistas de diversas
especialidades para o tratamento multidisciplinar e integrado aos seus
pacientes.
Dr. Claudio na web
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