Fenômenos de Transporte I Aula 01 Prof. Dr. Gilberto Garcia Cortez Bibliografia utilizada FENÔMENOS DE TRANSPORTE A expressão fenômenos de transporte (mais raramente, fenômenos de transferência) refere-se ao estudo sistemático e unificado da transferência de momento (mecânica dos fluidos), energia (transferência de calor) e matéria (transferência de massa). O transporte (transferência) destas grandezas e a construção de seus modelos guardam fortes analogias, tanto físicas como matemáticas, de tal forma que a análise matemática empregada é praticamente a mesma. 1- Introdução Mecânica dos fluidos é a ciência que tem por objetivo o estudo do comportamento físico dos fluidos em movimento e em repouso e das leis que regem este comportamento. A mecânica dos fluidos pode ser subdividida no estudo da estática dos fluidos, onde o fluido está em repouso, e na dinâmica dos fluidos, onde o fluido está em movimento. Aplicações da mecânica dos fluidos: - Ação de fluidos sobre superfícies submersas. Ex.: barragens - Equilíbrio de corpos flutuantes. Ex.: embarcações - Estudo de lubrificações. - Transporte de sólidos por via pneumática ou hidráulica. Ex.: elevadores - Cálculo de instalações hidráulicas. Ex.: bombas e turbinas - Instalações de vapor. Ex.: caldeiras - Ação de fluidos sobre veículos, aeronaves e edificações (aerodinâmica). 1.1- Definição de fluido - Fluido é uma substância que não tem forma própria, e que, se estiver em repouso, não resiste a tensões de cisalhamento. - Fluido é uma substância que quando submetido a tensões de cisalhamento (tangenciais), por pequenas que sejam, deformase continuamente. - Fluidos tendem a escoar (ou fluir) e os sólidos tendem a se deformar ou dobrar quando interagimos com eles. - Assim, os fluidos compreendem as fases líquidas e gasosas (ou de vapor) das formas físicas nas quais a matéria existe. - A distinção entre um fluido e o estado sólido da matéria é clara quando você compara seus comportamentos. Um sólido deforma-se quando uma tensão de cisalhamento lhe é aplicada, mas sua deformação não aumenta continuamente com o tempo. 1.2- Equações básicas A análise de qualquer problema de mecânica dos fluidos começa, necessariamente, de modo direto ou indireto, com declarações das leis básicas que modelam o movimento do fluido. As leis básicas, aplicáveis a qualquer fluido são: 1- A equação da conservação da massa 2- A segunda lei do movimento de Newton 3- O princípio da quantidade angular 4- A primeira lei da termodinâmica 5- A segunda lei da termodinâmica Obviamente, nem todas as leis básicas são necessárias para resolver um problema. Por outro lado, em muitos deles é necessário buscar relações adicionais para a análise, na forma de equações de estado ou outras de caráter constitutivo, que descrevam o comportamento das propriedades físicas dos fluidos sob determinadas condições. 1.3- Métodos de análise O primeiro passo na resolução de um problema é definir o sistema que você está tentando analisar. Na mecânica dos fluidos, utilizaremos um sistema ou um volume de controle para resolver um problema. 1.3.1- Sistema Um sistema é definido como uma quantidade de massa fixa e identificável; o sistema é separado do ambiente pelas fronteiras. As fronteiras podem ser fixas ou móveis; contudo, nenhuma massa cruza essas fronteiras. 1.3.2- Volume de controle Um volume de controle é um volume arbitrário no espaço através do qual o fluido escoa. A fronteira geométrica do volume de controle é denominado superfície de controle. É sempre importante tomar cuidado na seleção de um volume de controle, pois a escolha tem um grande efeito sobre a formulação matemática das leis básicas. 1.4- Dimensões e unidades Referimo-nos as quantidades físicas tais como comprimento (L), tempo (t), massa (M) e temperatura (T) como dimensões. Unidades são os nomes (e magnitudes) arbitrárias dados às dimensões primárias adotadas como padrões de medidas. Ex. A dimensão primária de comprimento pode ser medida em unidades de metros (m), centímetro (cm), pés (ft), jardas ou milhas. Cada unidade de comprimento é relacionada às outras por fatores de conversão de unidades. Ex. 1 milha = 5280 pés = 1609 metros SISTEMAS DE UNIDADES Sistema Internacional de Unidades (SI) Massa é o quilograma (Kg) Comprimento é o metro (m) Tempo é o segundo (s) Temperatura é o Kelvin (K) Força é o Newton (N) 1 N 1 Kg.m/s2 (secundária) Sistema de Unidades Métrico Absoluto (CGS) Massa é o grama (g) Comprimento é o centímetro (cm) Tempo é o segundo (s) Temperatura é o Kelvin (K) Força é a dina (dina) 1 dina 1 g.cm/s2 (secundária) Sistema de Unidades Gravitacional Britânico Massa é o slug (slug) Comprimento é o pé (ft) Tempo é o segundo (s) Temperatura é o Rankine (R) Força é a libra-força (lbf) 1 lbf 1 slug.ft/s2 (secundária) Sistema de Unidades Inglês Técnico ou de Engenharia Massa é a libra-massa (lbm) Comprimento é o pé (ft) Tempo é o segundo (s) Temperatura é o Rankine (R) Força é a libra-força (lbf) 1 slug 32,2 lbm Relação entre o SI e outros sistemas (Gravitacionais e os de Engenharia) Como foi visto nas tabelas anteriores, a diferença entre um sistema absoluto como o SI (Sistema Internacional) e os sistemas gravitacionais está na dimensão básica, se é massa ou força. Podemos usar a segunda lei de Newton para obter a relação entre as unidades. De acordo com esta lei, a aceleração de um corpo é proporcional à força resultante exercida sobre o corpo, inversamente proporcional à massa do corpo e na mesma direção e sentido que a força resultante. Isto é: a F F m.a m Assim, podemos escrever: F k.m.a k F/m.a onde: F 1N.s 2 1lbf.s 2 F = força k m.a kg.m slug.ft m = massa a = aceleração k = constante de proporcionalidade, cujo valor numérico e unidades dependem das unidades escolhidas para F, m e a. 12 Assim, quando se usa os sistemas absolutos ou os gravitacionais, o k pode ser suprimido e a equação de definição de força fica simplesmente: F = m.a Por outro lado, nos sistemas mistos, onde a massa e a força (ou o peso) são usados como unidades de base, os valores numéricos dessas grandezas são os mesmos na superfície terrestre, em um local onde o valor médio da aceleração da gravidade (g) ao nível do mar e uma latitude de 450 é 9,80665 m/s2. Assim, por definição: 1kgf é o peso (Fp) de 1 kg em um local, onde g = 9,80665 m/s2 1 lbf é o peso (FP) de 1 lb em um local, onde g = 32,174 ft/s2 (=9,80665 m/s2) Nesses casos: Fp Fp k.m.g k m.g e a constante k tem os seguintes valores numéricos para o sistema inglês técnico: 1lbf 1 lbf.s 2 k 2 1lbm 32,174ft/s 32,174 lbm.ft 13 É usual considerar o inverso desta constante k e adotar o símbolo especial gc k 1 1 gc gc k kg.m kg.m gc 2 1,0 2 s .N s .N 32,174 lbm.ft lbm.ft gc 32,174 2 2 s .lbf s .lbf A divisão por gc tem o mesmo resultado que a multiplicação por k na lei de Newton, ou seja: F m.a gc m.g Fp gc 14 Exemplo: Calcule o peso (em Newton e em ℓbf) de um corpo de massa 50,0 kg em um local onde a aceleração da gravidade é 5 m/s2. Dado: 1 ℓbm = 0,454 kg; 1ft = 0,3048 m Solução: m.g 50 kg 5,0 m/s 2 Fp 250 N kg.m gc 1,0 N.s 2 50 kg = 110 ℓbm; 5 m/s2 = 16,4 ft/s2 m.g 110 lbm 16,4 ft/s 2 Fp 56,1 lbf lbm.ft gc 32,174 lbf.s 2 15 2. Conceitos fundamentais 2.1- O fluido como um contínuo Todos os fluidos são compostos de moléculas em constante movimento. Um fluido é uma substância infinitamente divisível, um continuum, e deixamos de lado o comportamento das moléculas individuais. 2.2- Campo de velocidade Ao lidarmos com fluidos em movimento, estaremos naturalmente interessados na descrição de um campo de velocidade. A velocidade em qualquer ponto do campo de escoamento pode variar de um instante a outro. A representação completa da velocidade (o campo de velocidade) é dada por: V V V (x, y, z, t) ou 0 t ( Escoamento transiente ) O vetor velocidade, pode também ser escrito em termos dos seus três componentes escalares. Denotando os componente nas direções x, y, z por , , , escreve-se: Vμi ν j ωk μ Mi; ν Ni; ω Ômega Se as propriedades em cada ponto de um campo de escoamento não mudam com o tempo, o escoamento é denominado permanente: V V V (x, y, z) ou 0 t ( Escoamento permanente ) Escoamento Uni, Bi e Tridimensionais Um escoamento é classificado como uni, bi ou tridimensional de acordo com o número de coordenadas espaciais necessárias para especificar seu campo de velocidade. V V (x, y, z, t) ( Escoamento tridimensional e transiente ) V V (x, y, z) ( Escoamento tridimensional e permanente ) Num escoamento uniforme, a velocidade é constante através de qualquer seção normal ao escoamento. 2.3- Tensão de cisalhamento e viscosidade Para um sólido, as tensões são desenvolvidas quando um material é deformado ou cisalhado elasticamente; para um fluido, as tensões de cisalhamento aparecem devido ao escoamento viscoso. Seja uma força F aplicada sobre uma superfície de área A. Essa força pode ser decomposta segundo a direção normal à superfície e da tangente, dando origem a uma componente normal e outra tangencial. Fn F Ft Defini-se tensão de cisalhamento como sendo o quociente entre o módulo da componente tangencial e da área a qual está aplicada. Ft A Defini-se pressão (tensão normal) como sendo o quociente entre o módulo da componente da força normal (força de compressão) e da área a qual está aplicada. Fn P A Considere-se o comportamento de um elemento de fluido entre duas placas infinitas ilustradas a seguir: A placa superior movimenta-se a velocidade constante, u, sob a influência de uma força aplicada constante, Fx. Força de cisalhamento aplicada sobre um fluido Como aparecem as forças internas? O fluido junto à placa superior irá se deslocar com velocidade v, enquanto aquele junto à placa inferior estará com velocidade nula. Em cada seção normal às placas, irá se formar um diagrama de velocidades, onde cada camada do fluido desliza sobre a adjacente com uma certa velocidade relativa. Tal deslizamento entre as camadas origina tensões de cisalhamento. A Figura a seguir mostra o aparecimento da tensão de cisalhamento, , devido à velocidade relativa v1 – v2, que cria um escorregamento entre as duas camadas indicadas. A tensão de cisalhamento, yx , aplicada ao elemento de fluido é dado por: δFx dFx τ yx lim δ 0 δA dA y y (1) Ay onde Ay é a área do elemento de fluido em contato com a placa. No incremento de tempo, t , o elemento de fluido é deformado da posição MNOP para a posição M’NOP’. A taxa de deformação do fluido é dada por: δα dα taxa de deformação lim δt 0 δt dt (2) O fluido é newtoniano se yx for diretamente proporcional a taxa de deformação (Equação 2). dα τ yx diretamente proporcion al a dt A distância ℓ entre os pontos M e M’ é dado por: δ δv x δ δv x δt ( 3 ) δt ou alternativamente, para pequenos ângulos, δ δyδα (4) Igualando (3) com (4), temos: δv x δt δyδα δv x δα δy δt (5) Aplicando o limite em ambos os lados da igualdade, obtêm-se: δv x δα lim lim δy 0 δy δt 0 δt dv x dα dy dt (6) Assim, se o fluido da figura é newtoniano, temos que: dv x τ yx é diretamente proporcion al a dy (7) A tensão de cisalhamento age num plano normal ao eixo dos y A constante de proporcionalidade da equação (7) é a viscosidade absoluta (ou dinâmica), . Assim, em termos das coordenadas da figura anterior, a lei da viscosidade de Newton é dada por: dv x τ yx dy (8) Fluidos Newtonianos Dividindo a viscosidade absoluta, , pela massa específica do fluido, , temos uma outra quantidade útil, a viscosidade cinemática, ou seja: ν (9) Unidades para as grandezas relacionadas Grandeza SI CGS Britânico yx Pa dina/cm2 poundals/ft2 vx m/s cm/s ft/s y m cm ft Pa.s g/cm.s = poise lbm/ft.s m2/s cm2/s = stoke ft2/s Nota: Pascal, Pa, é o mesmo que N/m2, e Newton, N, é o mesmo que Kg.m/s2. A abreviação para “centipoise” é cP. 1cP = 10-2 poise. 1 stoke (St) = 1 cm2/s. 1 centistokes (cSt) = 10-2 cm2/s Viscosidade de um fluido: É a propriedade pela qual um fluido oferece resistência ao corte; É a medida da resistência do fluido à fluência quando sobre ele atua uma força exterior como por exemplo um diferencial de pressão ou gravidade; A viscosidade mede a resistência de um líquido em fluir (escoar) e não está diretamente relacionada com a densidade do líquido, que é a relação massa/volume. Por exemplo, o óleo de soja utilizado para cozinhar é mais viscoso do que a água, embora seja menos denso. A maioria dos líquidos viscosos fluem facilmente quando as suas temperaturas aumentam; o comportamento de um fluido quando varia a temperatura, pressão ou tensão depende do tipo de fluido. Influência da temperatura na viscosidade dinâmica: A viscosidade pode mudar com o tempo (todas as outras condições ficam constantes); A coesão molecular é a causa dominante da viscosidade nos líquidos; à medida que a temperatura de um líquido aumenta, estas forças coesivas diminuem, resultando uma diminuição da viscosidade; Nos gases, a causa dominante são as colisões aleatórias entre as moléculas do gás; esta agitação molecular aumenta com a temperatura; assim a viscosidade dos gases aumenta com a temperatura; Apesar da viscosidade dos líquidos e gases aumentarem ligeiramente com a pressão, o aumento é insignificante num intervalo de pressões considerável; assim, a viscosidade absoluta dos gases e líquidos é usualmente considerada independente da pressão; 2.4- Fluidos Newtonianos e não-Newtonianos Os fluidos classificados como newtonianos, sejam eles mais ou menos viscosos, caracterizam-se por terem uma viscosidade constante, ou seja, seguem a Lei de Newton da viscosidade. São exemplos a água, o leite, os óleos vegetais, etc. Já nos fluidos não-newtonianos a viscosidade varia com a força aplicada (e por vezes com o tempo também) e portanto têm propriedades mecânicas muito interessantes. Um bom exemplo é o ketchup. Quando o frasco está em repouso o ketchup é muito viscoso, mas quando o inclina ele torna-se menos viscoso e escorre, e ainda, quando o mete na boca não sente a viscosidade. O exemplo da mistura de amido e água é muito fácil de ser realizada em nossa própria casa; uma vez obtida a mistura comprovaremos um fato insólito: ao agitá-la lentamente comporta-se como um fluído semi-líquido, mas ao agitá-la com força se mostra dura como uma pedra. Enquanto se mexe devagar com uma colher, a mistura terá a textura de uma papinha, mas tente dar um soco e seus dedos toparão com algo tão sólido quanto uma parede. Em resumo, de uma forma simplificada, podemos dizer que os fluidos nãonewtonianos não possuem uma viscosidade bem definida. 34 35 Taxa de deformação 36 A reologia é o ramo da mecânica dos fluidos que estuda as propriedades físicas que influenciam o transporte de quantidade de movimento num fluido. É o ramo da física que estuda a viscosidade, plasticidade, elasticidade e o escoamento da matéria. Podemos então concluir que é a ciência responsável pelo estudo do fluxo e deformações decorrentes deste fluxo, envolvendo a fricção do fluido. A viscosidade é a propriedade reológica mais conhecida, e a única que caracteriza os fluidos newtonianos. A viscosidade aparente, ap , é a viscosidade dos fluidos não-Newtonianos, a qual é válida para uma determinada taxa de deformação. Em fluido Newtonianos a idêntica a . A viscosidade aparente diminui com o aumento da taxa de deformação em fluidos pseudoplásticos (tornam-se mais finos quando sujeitos a tensões de cisalhamento). Os fluidos nos quais a viscosidade aparente cresce conforme a taxa de deformação aumenta, são chamados de dilatantes (tornam-se mais espessos quando sujeito a tensões de cisalhamento). 37 Numerosas equações empíricas têm sido propostas para descrever os fluidos não-newtonianos independentes do tempo. Para muitas aplicações da engenharia, essas relações podem ser adequadamente representadas pelo exponencial que, para o escoamento unidimensional, torna-se: yx dv x k dy n onde o expoente, n, é chamado de índice de comportamento do escoamento e o coeficiente, k, é o índice de consistência. Essa equação reduz-se à lei de Newton da viscosidade para n = 1 e k = . Para assegurar que yx tenha o mesmo sinal de dvx/dy, a equação anterior é reescrita na forma: n yx 1 n 1 dv x dv x dv x dv x dv x dv x k k ap dy dy dy dy dy dy ap onde ap é referenciado como viscosidade aparente do fluido. 38 Um fluido que se comporta como um sólido até que uma tensão limítrofe, y , seja excedida e exibe uma relação linear entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação é denominado plástico de Bingham ou plástico ideal. O modelo correspondente de cisalhamento é: yx dv x y ap dy Esquema de classificação dos fluidos conforme o comportamento reológico: 39 Existem materiais que se comportam parcialmente como um fluido e parcialmente como um sólido. Estes são os fluidos viscoelásticos. Os fluidos viscoelásticos tem algumas características, tais como: - o tensor extra de tensões não é mais uma função linear, mas descrevem efeitos viscosos e elásticos do escoamento do fluido em questão; - a viscosidade normalmente é muito maior do que a dos fluidos newtonianos; - a viscosidade é dependente da temperatura. 40 Comparativo de propriedades de fluidos não newtonianos: Viscoelásticos (propriedades elásticas e viscosas acopladas) Estas substâncias quando submetidas à tensão de cisalhamento sofrem uma deformação e quando cessa, ocorre uma certa recuperação da deformação sofrida Massas de farinha de trigo, gelatinas, queijos, líquidos poliméricos, glicerina, plasma, biopolímeros, saliva, etc. A viscosidade aparente diminui conforme a duração da tensão Alguns lubrificantes, suspensão de pentóxido de vanádio e argila bentonita. Tixotrópico A viscosidade aparente aumenta conforme a duração da tensão Suspensões concentradas, emulsões, soluções protéicas, petróleo cru, tintas, ketchup. Pesudoplástico A viscosidade aparente diminui conforme o aumento da tensão de cisalhamento . Polpa de frutas, caldos de fermentação, melaço de cana. Dilatante A viscosidade aparente aumenta conforme a duração da tensão de cisalhamento . Suspensões de amido, soluções de farinha de milho e açúcar, silicato de potássio e areia. Plásticos de Bingham Este tipo de fluido apresenta uma relação linear entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação. Fluidos de perfuração de poços de petróleo, pasta dental, maionese, mel, etc. Herschel-Bulkley A relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação não é linear. Sangue, iogurte, purê de tomate, etc. Modelo Maxwell (propriedades elásticas) Modelo Kelvin-Voigt (propriedades viscosas) Reopético Dependente do tempo Independente do tempo 41 Fluido Herschel-Bulkley: Esses fluidos apresentam o comportamento do tipo lei da potência com tensão de cisalhamento inicial. É o modelo mais geral. n dv x yx y ap dy n indice de escoamento 42 2.5- Determinação experimental de propriedades reológicas Determinação simultânea da tensão de cisalhamento e taxa de deformação num mesmo ponto do aparelho de medição Há viscosímetros: rotacionais e capilares. Classificados em dois grupos: primário e secundário Primários Instrumentos que realizam medidas diretas da tensão e da taxa de deformação do fluido; De disco, de cone-disco e o de cilindro rotativo; Todos eles visando a reprodução do escoamento entre placas planas paralelas. Podem ser aplicados para ensaios tanto de fluidos Newtonianos como de fluidos com comportamento tensão versus deformação não-linear e/ou visco-elástico. Esquema de viscosímetros primários = viscosidade; = velocidade angular aplicada = ângulo do cone R = raio B = distância; T = torque medido, que resulta da tensão oriunda da deformação do fluido. Viscosímetro primário de Brookfield muito popular pela facilidade de manuseio. "spindles" cada um apropriado para medir a viscosidade de fluidos em uma faixa específica: os de menor diâmetro, as maiores viscosidades; os de maior diâmetro, as menores viscosidades. Secundários O viscosímetro secundário não mede a tensão e deformação diretamente, ele mede o tempo de queda livre de uma esfera em um fluido. aplicam-se somente a fluidos Newtonianos, por medirem a viscosidade indiretamente. Viscosímetro capilar e viscosímetro de Stokes. Viscosímetro de Stokes A viscosidade é obtida através de medições do tempo de queda livre de uma esfera através de um fluido estacionário. g = aceleração da gravidade D = diâmetro da esfera s = densidade da esfera f = densidade do fluido V = velocidade terminal de queda livre, isto é, a razão entre a distância L e o intervalo de tempo t. * Esta relação aplica-se somente para esferas em queda livre em meio infinito, com Reynolds menores do que 1. Viscosímetro Capilar A viscosidade é obtida por meio da medida do gradiente de pressão de um escoamento laminar em um tubo. Q = vazão volumétrica L = distância entre as tomadas de pressão P = diferença de pressão D = diâmetro do tubo capilar Viscosímetro Copo Ford Fácil manuseio; A viscosidade está relacionada com o tempo de esvaziamento de um copo de volume conhecido que tem um orifício calibrado na sua base; Conjunto de orifícios-padrão (giglê) feitos de bronze polido O orifícios de número 2, 3 e 4 são utilizados para medir líquidos de baixa viscosidade, na faixa de 20 a 310 centistokes; Os orifícios de número 5, 6, 7 e 8 para líquidos de viscosidade superior a 310 cSt. 2.5- Algumas propriedades dos fluidos 2.5.1- Massa específica A massa específica de uma substância, designada por , é definida como a massa de uma substância contida numa unidade de volume. Esta propriedade é normalmente utilizada para caracterizar a massa de um sistema fluido. m V kg ; g ; kg ; etc. m 3 cm3 L 2.5.2- Volume específico O volume específico, , é o volume ocupado por uma unidade de massa da substância considerada. Note que o volume específico é o recíproco da massa específica, ou seja: 1 m3 cm3 L kg ; g ; kg ; etc. Normalmente não é utilizado o volume específico na mecânica dos fluidos, mas é uma propriedade muito utilizada na termodinâmica. 50 2.5.3- Peso específico O peso específico de uma substância, designada por , é definido como o peso da substância contida numa unidade de volume. O peso específico está relacionado com a massa específica através da relação: γ ρ.g N ; dina ; lbf ; etc. m 3 cm3 ft 3 onde g é a aceleração da gravidade padrão (9,807 m/s2). Note que o peso específico é utilizado para caracterizar o peso do sistema fluido enquanto que a massa específica é utilizada para caracterizar a massa do sistema fluido. 2.5.4- Densidade relativa A densidade relativa de um fluido, designada por SG ( specific gravity ), é definida como a razão entre a massa específica do fluido e a massa específica da água a 4C (água = 1000 kg/m3). Nesta condição, temos: SG fluido ρ fluido ρ água a 4 C ( Adimensional ) 0 51 2.6- Lei dos gases perfeitos Os gases são muito mais compressíveis do que os líquidos. Sob certas condições, a massa específica de uma gás está relacionada com a pressão e a temperatura através da equação: m PV nRT RT (lei dos gases perfeitos) M m PM RT ρRT V P Pressão absoluta do gás PM M massa molar do gás ρ RT R constante universal dos gases ideais T temperatura absoluta R 82,05 cm3 .atm/mol.K 53