Editorial A 23 de Março, a direcção da APM solicitou uma audiência à Sra. Ministra da Educação com o objectivo de tratar, entre outras, as seguintes questões: • Retenção e avaliação dos alunos do Ensino Básico e Secundário, nomeadamente no que se refere à disciplina de Matemática, atendendo a que as dificuldades na sua aprendizagem são apontadas em diversos relatórios como uma das causas da retenção; • Adequação dos currículos de Matemática do Ensino Básico ao currículo nacional; • Desenvolvimento das condições para um ensino experimental da Matemática: - Desdobramentos - Equipamentos • Formação de professores A audiência teve lugar a 26 de Abril, véspera da apresentação pública dos resultados do estudo internacional PISA 2003, sendo este o assunto escolhido pela Sra. Ministra para início da reunião. A percepção de que o desempenho dos alunos de 15 anos é mais fraco quando estes estão em níveis de escolaridade mais baixos, sinal de que o sistema reprova os alunos sem conseguir implementar as estratégias adequadas para que esses alunos melhorem o seu desempenho, permitiu a abordagem imediata do problema da retenção dos alunos, um dos pontos críticos que pretendíamos discutir e sobre o qual apresentámos o nosso parecer devidamente fundamentado, que resultou de uma processo de discussão e reflexão no seio do Conselho Nacional e da Direcção. Tivemos depois oportunidade de salientar o trabalho que tem sido desenvolvido pela APM ao longo dos quase vinte anos de existência para a melhoria do ensino e da aprendizagem da Matemática, destacando o papel das diversas estruturas da Associação na promoção de oportunidades de formação para os professores de Matemática melhorarem as suas práticas, na produção de livros e materiais didácticos e nas tomadas de posição ao longo destes anos. Identificámos ainda outros pontos críticos (no funcionamento do ensino secundário; na organização curricular do ensino básico; na avaliação das aprendizagens e na formação de professores) e apresentámos propostas relativamente aos mesmos através de um documento, que pode ser consultado nas notícias na nossa página (http://www2.apm.pt/portal/index.php?id=19817). Na apresentação pública dos resultados do estudo PISA 2003, a Sra. Ministra anunciou algumas medidas, entre as quais, um programa de formação contínua em matemática para os professores do 1.ºciclo. Para definir esse programa, associado a um modelo de acompanhamento e supervisão dos professores do 1.º ciclo, realizou-se, por iniciativa do Ministério da Educação, uma reunião com as instituições de ensino superior com responsabilidades na formação de professores deste nível de ensino e outras entidades. Nessa reunião, onde estive presente, foi decidido criar um grupo de trabalho para definir os objectivos da formação, delinear a estrutura organizacional do programa e fazer o seu acompanhamento a nível nacional. Para coordenar o grupo a Sra. Ministra convidou a nossa colega Lurdes Serrazina e propôs que “a Presidente da APM ali presente fizesse parte do grupo”. A proposta foi aceite e a APM vai dar o seu contributo na organização e implementação do programa, visto que, nas suas linhas gerais (uma formação de longa duração muito ligada à prática dos professores, prevendo-se um modelo em rede, centrado no trabalho em equipas, em que estas devem ser constituídas por professores das Instituições de Ensino Superior de Formação de Professores do 1.º ciclo, um ou mais professores por 1 agrupamento de escolas e os professores das escolas do 1.º ciclo desse agrupamento), este modelo de acompanhamento não se afasta das propostas que a APM tem defendido, para superar alguns dos pontos críticos da formação contínua por nós assinalados (ver documento já referido): formação ainda pouco centrada na reflexão sobre a prática e que não cobre as deficiências de formação indicadas no relatório 2001, nomeadamente dos professores do 1.º ciclo com deficiente formação inicial em Matemática. No entanto, ainda não foram dados sinais de que outras medidas estejam a ser perspectivadas já para o próximo ano lectivo em relação a outros pontos críticos por nós enunciados, no documento apresentado, e que consideramos urgentes, nomeadamente a questão dos desdobramentos na disciplina de Matemática1, a situação dos alunos que no próximo ano lectivo vão frequentar o 12.º ano1, visto que no ano lectivo 2003/04, estes alunos, então no 10.º ano, tiveram as mais diversas cargas horárias bem como a implementação de medidas de apoio educativo mais eficazes2 sempre que a avaliação formativa detecta competências e conhecimentos não adquiridos, o que pressupõe que sejam accionadas medidas de política educativa que contribuam para que a avaliação formativa integre progressiva e sustentadamente o dia-a-dia das aulas de matemática3. A concretização das medidas propostas e a continuação do debate sobre outras consideradas necessárias para a melhoria das aprendizagens em Matemática dos nossos alunos fazem parte das nossas preocupações como professores e continuam a merecer a atenção da APM. Assim, já no próximo Conselho Nacional, a realizar no dia 2 de Julho, vamos debater o documento sobre avaliação formativa, sob proposta da assessoria sobre avaliação, referido em (3), pelo que apelamos a todos para participarem, enviando propostas e ideias. Isabel Rocha Presidente da Direcção Eleições para os orgãos da APM Durante o ProfMat 2005, que irá decorrer entre os dias 9 e 12 de Novembro em Évora, terão lugar as eleições para os órgãos sociais da APM. Este ano serão eleitos um VicePresidente e três vogais da Direcção, o Presidente e dois Vogais da Mesa da Assembleia-Geral, o Presidente e dois vogais do Conselho Fiscal. De acordo com os estatutos da Associação, as candidaturas a cada órgão são feitas numa base nominal, pelo que cada candidato deverá dar o seu consentimento por escrito e ser proposta por um mínimo de três associados. Apenas a candidatura a Vice-Presidente da Direcção deverá ser subscritas por um mínimo de vinte associados. As candidaturas serão aceites até 30 dias antes do acto eleitoral. O Presidente da Assembleia-Geral da APM Luís Miguel Ferreira 1 2 ver proposta apresentada pela APM em http://www2.apm.pt/portal/index.php?id=19817 Documento sobre a retenção no ensino básico em http://www2.apm.pt/portal/index.php?id=19825 3 Documento sobre avaliação formativa em http://www.apm.pt/consnac/paginas/docs_trab7.html 2 Conselho Nacional No último Conselho Nacional, realizado a 9 de Abril, debateram-se dois temas fortes, cuja discussão já tinha sido iniciada noutros Conselhos Nacionais: a Escola Pública e a Retenção no Ensino Básico. Sobre a Escola Pública foi aprovada uma posição, inserida na reflexão deste APM informação. Sobre a retenção no básico, após tentar responder às questões que se seguem: (1) Que potencialidades e limitações podem ser identificadas na reprovação como resposta às aprendizagens insuficientes? (2) Um sistema de transição automática que implicações / mudanças traz para a prática lectiva? e (3)Ao nível da sociedade, existem visões diferentes, umas a favor, outras contra. Enquanto educador, como lidar com estas visões contraditórias?, o Conselho Nacional definiu um conjunto de normas a implementar de forma a tornar possível o princípio da não retenção. Debateram-se ainda as iniciativas relativas aos 20 anos da APM e foram dadas informações. Todos os documentos são públicos e encontram-se em www.apm.pt/consnac/. Pensamos com esta divulgação contribuir para a participação democrática dos sócios e dos cidadãos em geral na vida da Associação. No próximo Conselho Nacional, a realizar no dia 2 de Julho, debater-se-á a avaliação formativa e a estrutura do 3º ciclo. Os documentos de apoio estão disponíveis no site do Conselho Nacional. Ano Temático Campeonato Nacional de Jogos Matemáticos Depois do sucesso que constituiu a primeira edição, decorre a preparação do II Campeonato, cuja final está prevista para o primeiro trimestre de 2006, em Aveiro. Os jogos que o constituem são: Jogo Pontos e quadrados Semáforo Ouri Hex Amazonas Go 1º CEB X X X 2º CEB X X X 3º CEB X X X Sec X X X Conheça as respectivas regras no site http://ludicum.org (CNJM 2005). Na sede da APM, estão à venda os kits para este segundo campeonato. Custam 51 euros para sócios da APM ou da SPM e 60 euros para não sócios. A comissão organizadora do II CNJM é formada por: Ana Fraga (APM); Carlos P. Santos (SPM); João Almiro (APM); João Pedro Neto; Jorge Nuno Silva (SPM e Museu da Ciência da UL); Luís Reis (APM); Maria Teresa Santos (APM); Paulo Trincão (Fábrica de Ciência Viva - Aveiro); Pedro Palhares e Teresa Caissotti (SPM). 3 João Almiro e Luís Reis Exposição Jogos do Mundo Agora é possível conhecer esta exposição online: visite o site do ano temático www.apm.pt/mj - e a ligação para a exposição. Vai ter a um mapa-múndi e poderá aceder a cada jogo, seleccionando a respectiva zona geográfica. Verá os cartazes e as regras de cada jogo, tal qual constam da exposição. Núcleos do Porto e Viseu Projecto Pencil O Projecto Pencil tem como objectivo criar um Centro Europeu de Recursos para o ensino informal das ciências, em ligação com o ensino formal. O projecto português envolve como parceiros para além da APM, o Pavilhão do Conhecimento, a SPM, a Associação Atractor e o ISCTE, que tem a seu cargo coordenar a avaliação do projecto. As seis escolas participantes são de todos os níveis de ensino e, por imposições financeiras e técnicas, situam-se próximo de Lisboa. São as seguintes: Escolas Secundárias c/ 3º ciclo Padre Alberto Neto (Queluz) e Padre António Vieira (Lisboa); Escola Secundária da Amadora; Escolas EB 2,3 Dr. Rui Grácio (Montelavar-Sintra) e Prof. Alberto Nery Capucho (Marinha Grande) e Escola EB1 João Beare (Marinha Grande). Pretende-se que os alunos trabalhem módulos já existentes no Pavilhão do Conhecimento e que desenvolvam actividades curriculares em Matemática, de um tema do programa e produzam um protótipo de um módulo, melhorem um já existente ou apresentem um produto final inovador. Realizaram-se duas reuniões, no Pavilhão do Conhecimento, com os participantes do projecto. Na primeira, debateram-se os objectivos do projecto, e analisaram-se os módulos da exposição Matemática Viva. Na segunda, debateram-se ideias de exploração dos módulos por parte dos professores e dos alunos e trocaram-se ideias sobre os projectos a desenvolver por cada escola. Realizaram-se entretanto, em cada escola participante, reuniões com os professores do projecto e os respectivos conselhos executivos com alguns dos parceiros. Cada grupo/escola está a escrever um esboço de projecto, que irá ser colocados num Fórum localizado na página do Pavilhão do Conhecimento. No início do próximo ano lectivo, cada escola dinamizará uma das exposições da APM e fará a apresentação pública do projecto na escola. Notícias de Estrasburgo Na dupla qualidade de formadora de professores de matemática para os primeiros anos de escolaridade e de presidente da APM, participei no XXXII ème Colloque COPIRELEM (Comission Permanente des IREM sur l´Enseignement Élémentaire) que teve lugar em Estrasburgo na Universidade Louis Pasteur, nos dias 30, 31 de Maio e 1 de Junho. A organização deste colóquio, sob o tema Enseigner les mathématiques en France, en Europe et ailleurs, foi da responsabilidade do Institut de Recherche sur l´Enseignement des Mathématiques (IREM) de Estrasburgo. Fui interveniente numa mesa redonda em que se pretendia analisar e comparar a formação inicial e contínua de professores para os primeiros anos de escolaridade em diferentes países da Europa: Mathématiques à l´école (enfants de moins de 12 ans). Regards croisés sur la formation des enseignants dans quelques pays d´Europe. A mesa redonda foi moderada por Catherine Houdement do IUFM (Institut Universitaire de Formation des Maîtres) de Haute Normandie, e intervieram, para além 4 de eu própria, Lúcia Grugnetti por Itália, François Jaquet pela Suíça e Dietmar Guderian pela Alemanha. E ainda bem que fui a última a falar pois fiquei mais confortável com o meu francês depois de ouvir o colega alemão…. No âmbito desta participação e para além do texto subjacente à minha intervenção, foram solicitados, pela moderadora, alguns dados relativos ao currículo dos alunos com menos de 12 anos, para completar o texto que redigiu com informações sobre os currículos de diversos países da Europa. Considerando que o texto contém informações comparativas que podem apoiar as nossas reflexões sobre o currículo, o mesmo vai estar disponível on-line, na nossa página. Isabel Rocha Grupo de Trabalho do 2ºCiclo Tal como foi informado no APMI 76, vários sócios da APM manifestaram interesse e disponibilidade para reflectir sobre os problemas específicos do 2º Ciclo. Já se realizaram, em Lisboa, em 16 de Abril e 4 de Junho, duas reuniões do grupo de trabalho do 2º ciclo, que conta com cerca de 11 pessoas. Começou-se por listar alguns aspectos específicos ao 2º ciclo, pois poderiam ajudar a caracterizar a identidade deste ciclo e a sugerir as direcções a seguir. Quanto às perspectivas de trabalho futuro, elas terão por base três linhas de acção: formação, articulação de saberes e produção de materiais, tendo-se já definido o trabalho que servirá de ponto de partida para o debate a iniciar na próxima reunião. Margarida Abreu Grupo de reflexão do 3º ciclo No último APM informação dava-se conta da criação, a 13 de Janeiro, de um Grupo de Reflexão sobre o 3º ciclo. Neste primeiro semestre de 2005 realizámos quatro reuniões em que partilhámos sentires e estados de alma sobre a estrutura curricular, o currículo de Matemática e as aprendizagens realizadas pelos alunos neste ciclo. Em particular, reflectimos sobre os resultados das provas de aferição e sobre o PISA. Para o próximo ano lectivo, os professores que integram o grupo pretendem desenvolver, nas respectivas turmas, um plano de trabalho que passará pelo seguinte: (1) Aplicação, em Setembro, em turmas do 7º, 8º e 9º anos dum conjunto de questões construídas a partir de itens das provas de aferição, que contemplem os 4 temas dos programas - números e cálculo, álgebra e funções, geometria e estatística e probabilidades e os 4 aspectos da competência matemática enunciados – conhecimento de conceitos e procedimentos, raciocínio, comunicação e resolução de problemas; (2) Identificação, a partir da análise das produções dos alunos, dos pontos fortes e fracos em relação aos temas e aspectos da competência matemática; (3) Definição de estratégias a desenvolver e tarefas a implementar; (4) Aplicação, tratamento e análise de um novo conjunto de situações que façam uma avaliação dos progressos dos alunos (Janeiro/Fevereiro); (5) Reflexão conjunta. 5 Para além da reflexão conjunta, que poderá assumir o formato de um círculo de estudos, os membros deste grupo pretendem envolver-se na produção de materiais. A próxima reunião a realizar no dia 6 de Julho, pelas 17h, na Faculdade de Ciências de Lisboa, será dedicada à construção, por ano de escolaridade, das questões iniciais a colocar aos alunos. Se estás interessado (a) em participar neste trabalho aparece na próxima reunião. Confirma a tua presença para o mail: [email protected]. A coordenação do grupo 6