ARTIGO ASSISTÊNCIA DOMICILIAR PRESTADA PELO ENFERMEIRO AO IDOSO DEPENDENTE Keila Jeanny Ferreira de Souza1 Cláudia Tatiane Brito de Oliveira2 Mariza Alves Barbosa Teles3 Henrique Andrade Barbosa4 Karla Chistiane Freitas Oliveira5 RESUMO A assistência domiciliar vem demonstrando um importante crescimento nas últimas décadas e se tornando uma nova alternativa aos serviços de saúde. Este estudo objetiva identificar como é prestada a assistência de enfermagem domiciliar ao idoso dependente pelo profissional enfermeiro do Hospital Universitário Clemente Farias – HUCF em Montes Claros – MG, bem como analisar a inserção do atendimento domiciliário como mudança de paradigma na atenção à saúde do idoso. Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo acerca da assistência de enfermagem para idosos em Home Care realizada no mês de maio de 2009. Os sujeitos da pesquisa foram sete enfermeiros atuantes no serviço do HU em casa. O instrumento adotado para a coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, composta de sete perguntas norteadoras, elaboradas de acordo com os objetivos propostos. Para interpretação dos dados, utilizou a análise de conteúdo. Houve apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE, sendo emitido parecer consubstanciado n° 037/09. Os resultados deste estudo revelaram que 1 Especialização em Docência do ensino Superior e docente do Curso de Graduação em Enfermagem das Faculdades Unidas do Norte de Minas - FUNORTE - e da Faculdade Santo Agostinho, MG. 2 Bacharel em Enfermagem pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas - FUNORTE, MG. 3 Enfermeira especialista em geriatria e Gerontologia e docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Funorte e da Faculdade Santo Agostinho. 4 Enfermeiro. Especialista em Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica. Docente de Enfermagem das Faculdades Unidas do Norte de Minas-FUNORTE, Faculdades de Saúde Ibituruna e Faculdade Santo Agostinho, MG. 5 Professora do Departamento de Enfermagem das Faculdades Unidas do Norte de MinasFUNORTE, MG. 254 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 5, p. 254-264, 2010 a assistência domiciliária prestada pelo HU em casa tem trazido benefícios aos idosos e a seus familiares, pois é realizada com responsabilidade e competência por uma equipe multiprofissional capacitada. Portanto, pode-se concluir que a assistência domiciliar possui potencial para a evolução da prática de saúde e, em especial, da enfermagem, já que, além de proporcionar cuidados diretos ao cliente, realiza um intenso trabalho de promoção em saúde, ação priorizada pela legislação do SUS. Palavras-chave: assistência domiciliar, idoso, assistência de enfermagem, saúde do idoso. INTRODUÇÃO A assistência domiciliar surge como uma resposta para o fenômeno dos altos custos hospitalares e para suposta insatisfação da população, principalmente a idosa, com relação ao modelo hospitalocêntrico. Segundo Lindolpho et al. (2007), embora seja uma prática recente no Brasil, descrita no começo do seculo XX ,em 1919, existe o registro de sua existência desde tempos muito remotos, na era de antes de Cristo (a.C.), onde era exercida por pessoas caridosas e solidárias. No entanto, a assistência domiciliar no Brasil com uma atividade planejada só foi registrada pelo serviço público de saúde a partir da experiência realizada pelo Hospital dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo, no ano de 1963 (MENDES JUNIOR, 2000). Araújo et al. (2000) esclarecem que a Assistência Domiciliar em Saúde representa um grande passo em direção à humanização em saúde e que o governo brasileiro tem se mostrado preocupado em promover uma extensão desse atendimento. Segundo o Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais – COREM-MG (2003, p.76); “Enfermagem em Domicílio – Home Care é prestação de serviços de saúde ao cliente, família e grupo social em domicílio” que exprime significativamente a autonomia e o caráter liberal do profissional Enfermeiro. Corroborando, Duarte e Diogo (2006) afirmam que a assistência domiciliar consiste de procedimentos que abrangem desde cuidados ao cliente em suas atividades de vida diária (AVD), à administração de medicamentos, realização de curativos, R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 5, p. 254-264, 2010 255 cuidados com estomas, enquanto a internação domiliciar pode ser compreendida como a instalação de um mini-hospital domiciliar; por isso, o paciente em assistência domiciliar necessita de acompanhamento por profissionais de enfermagem, que são responsáveis pela execução da terapêutica adotada. No que se refere ao paciente idoso em assistência domiciliar, o Enfermeiro, além de desenvolver atividades propedêuticas clínicas, deve demonstrar uma grande preocupação em estimular a memória e o intelecto do paciente; estimular e/ou manter o seu autocuidado; estimular, manter ou adaptar o desenvolvimento de atividade laborativa pelo idoso segundo suas possibilidades e capacidades; assegurar um ambiente confortável para o repouso e sono reparador diário; servir de elo entre o idoso e o medico assistencial (DUARTE; DIOGO, 2006). Para Paschoal (2002), é importante ressaltar que, embora a maioria dos idosos apresente pelo menos uma doença crônica, é possível continuar vivendo com qualidade desde que essas doenças sejam controladas, o que implica um trabalho também preventivo. Preservar a autonomia e manter a independência no maior grau possível é um dos objetivos do cuidado ao idoso. Perracini e Santos (2003) citam que, embora a família seja responsável por oferecer a maioria do cuidado ao idoso, geralmente a maioria apresenta escassez de preparos adequados para exercer o papel de cuidador. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2005), o município de Montes Claros – MG vem registrando nos últimos anos um elevado crescimento no número de pessoas com mais de 60 anos – uma população que, de acordo Silva (2001), apresenta crescente necessidade de internação hospitalar e de assistência constante em saúde. Assim, levando-se em conta a importância da assistência domiciliar enquanto modalidade de assistência em saúde direcionada ao paciente idoso, esta pesquisa buscou resposta para o seguinte questionamento: Como tem acontecido a assistência domiciliar prestada pelo profisssional enfermeiro do Hospital Universitário Clemente de Faria ao idoso dependente em Montes Claros – Minas Gerais? Dessa forma, esta pesquisa ganha relevância devido à importância do envelhecimento rápido e progressivo da população, que, segundo a Organização Mundial de Saúde (2002), exige cada vez mais modalidades de assistência que privilegiem um atendimento de enfermagem qualificado e humanizado. Portanto, acredita-se que o 256 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 5, p. 254-264, 2010 conhecimento desse tipo de modalidade assistencial possibilite a discussão acerca da prática e especificidades sobre a assistência domiciliar. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo geral: identificar como tem acontecido a assistência domiciliar prestada ao idoso dependente pelo profissional enfermeiro do Hospital Universitário Clemente de Faria de Montes Claros – Minas Gerais. Constituem objetivos secundários: traçar um perfil dos profissionais enfermeiros do Hospital Clemente de Faria que prestam Assistência Domiciliar ao idoso dependente; analisar a inserção do Atendimento Domiciliário como mudança de paradigma na atenção à saúde pública ao idoso; e levantar um histórico sobre a Assistência Domiciliar de Enfermagem para os idosos – Home care. METODOLOGIA O estudo qualitativo de caráter descritivo desenvolveu-se no mês maio de 2009 no Centro de Referência de Assistência a Saúde do Idoso (CRASI), local sede dos profissionais do HU em casa. O tipo de pesquisa encontra apoio em Goldenber (1999), que considera a pesquisa qualitativa um modelo que valoriza o ponto de vista do indivíduo e que serve para produzir conhecimentos úteis para a solução de problemas sociais. É uma metodologia que prioriza aspectos ou elementos não mensuráveis, mas que por sua vez mostra objetividade, trabalhando com um universo de significados, aspirações, crenças e atitudes, uma vez que amplia a apreensão da complexidade presente nas relações sociais. Atendendo aos princípios éticos definidos pelo Conselho Nacional de Saúde CNS/2003 – através da resolução 196/96 para a realização de pesquisa em seres humanos, este estudo foi autorizado pelo Comitê de Ética e Pesquisa das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE, mediante o parecer 037/09 de 14/05/2009. A população do estudo foi formada por sete enfermeiros que realizam a Assistência Domiciliar, denominada HU em casa, aos Idosos Dependentes na cidade de Montes Claros – Minas Gerais. O instrumento adotado para a realização da coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, que de acordo com Silva (2001), é considerada um importante instrumento de coleta de dados na pesquisa qualitativa. A R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 5, p. 254-264, 2010 257 entrevista constou de sete perguntas norteadoras, elaboradas de acordo com os objetivos propostos para o estudo. Segundo as orientações de Minayo (2002), as perguntas foram feitas oralmente em ordem prévia, mas, sempre que necessário, questões foram acrescentadas com o objetivo de esclarecer ou instigar as respostas dos entrevistados. Após as transcrições das entrevistas, as respostas passaram pela análise descritiva. Para as interpretações dos dados, seguiu-se a orientação de Minayo (2002), que recomenda que durante a análise dos dados seja feita uma confrontação entre a abordagem teórica anterior e os resultados encontrados na pesquisa de campo realizada. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados foram descritos em categorias, buscando descrever com exatidão os fatos e fenômenos da realidade estudada. As categorias foram: O HU em casa, perfil dos enfermeiros do HU em casa, atribuições do enfermeiro na assistência domiciliar ao idoso e a assistência domiciliar como mudança de paradigma na atenção a saúde do idoso. O HU em casa: é um serviço vinculado ao Hospital Universitário Clemente Faria, que presta assistência a pacientes em internação domiciliária desde maio de 2005, com o objetivo de promover educação para a saúde e humanização. O serviço atende no mesmo prédio que funciona o Centro de Referência de Assistência ao Idoso (CRASI). A assistência do HU em casa é prestada 24 horas por dia, sendo critérios para esse tipo de assistência: o cliente estar, inicialmente, internado no Hospital Universitário, ter residência na cidade de Montes Claros e ser avaliado por um médico, que solicitará, por escrito, a internação domiciliar. O serviço disponibiliza dez leitos para a assistência domiciliar, que é prestada por uma equipe multiprofissional, composta pela coordenação geral, uma coordenação de enfermagem, cinco médicos, seis enfermeiros, dez técnicos de enfermagem, dois fisioterapeutas, uma assistente social, dois secretários e quatro motoristas. Perfil dos Enfermeiros do HU em casa: Albuquerque (2001) ressalta que a formação específica pode proporcionar ampliação de horizontes e conduzir à reflexão sobre o processo de humanização e responsabilidade que devem permear os preceitos da assistência aos 258 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 5, p. 254-264, 2010 idosos. Verifica-se que todos os enfermeiros do HU em casa possuem especialização, com prevalência para a modalidade urgência e emergência, e somente dois, de um total de sete, participaram de cursos na área de geriatria ou gerontologia. A média de experiência da equipe de enfermagem na assistência em saúde à pessoa idosa é de três anos. Atribuições do Enfermeiro na Assistência Domiciliar ao Idoso: Segundo o Manual de Assistência Domiciliar na Atenção Primária à Saúde (BRASIL, 2003), o enfermeiro avalia de modo integral o paciente no domicílio, realiza a consulta de enfermagem, supervisiona toda a equipe de enfermagem, realiza procedimentos específicos de enfermagem, realiza diagnóstico e prescrição de enfermagem, orienta comunicação e relacionamento familiar. Verificou-se nos discursos dos enfermeiros do HU em casa que a sua atribuição na maior parte do tempo é a dedicação às atividades educativas, pois priorizam a capacitação do cuidador familiar para que este possa prestar uma assistência de qualidade ao idoso. “Minhas funções na assistência domiciliar são muitas, desde a avaliação do domicílio para receber o idoso até a orientação dos técnicos de enfermagem e do cuidador familiar, passando ainda pela realização de alguns procedimentos”. Enfermeiro 1 “[...]São muitas as atribuições, pois até mesmo a alta dos cuidados de enfermagem é de responsabilidade do enfermeiro. Enfermeiro 5. A assistência domiciliar como mudança de paradigma na atenção a saúde do idoso: O indicativo é de que a assistência domiciliar possui potencialidades de promover nos trabalhadores de saúde autoquestionamentos, revisão de conceitos, ampliando sua visão sobre o processo saúde/doença para além da dimensão biológica, possibilitando a visibilidade e o reconhecimento dos processos subjetivos presentes na relação trabalhador/usuário. As argumentações de dois entrevistados demonstram o que representa a assistência domiciliar enquanto estratégia de atenção à saúde do idoso. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 5, p. 254-264, 2010 259 “Com a assistência domiciliar foi possível perceber um avanço na atenção a saúde do idoso, pois com a desospitalização dos idosos acontece a melhora do vínculo familiar, menos riscos de infecção, profilaxia de outras morbidades e possibilidades de maior longevidade”. Enfermeiro 1 “A assistência domiciliar ao idoso representa um avanço no atendimento antes hospitalocêntrico, pois este tipo de assistência surgiu com a visão de educar par a saúde, ensinar o familiar/cuidador que terá apoio irrestrito da equipe de saúde (...)” Enfermeiro 7 Na opinião dos enfermeiros entrevistados, a assistência domiciliar representa uma mudança de paradigma na atençao à saúde do idoso, destacando o aspecto da humanização da saúde, o que pode ser evidenciado em diversos fragmentos das falas dos entrevistados: “A humanização do serviço de assistência domiciliar passa pelo respeito aos aspectos sociais, do idoso e de sua família, pelo oferecimento de uma assistência individualizada e pela conquista das pessoas da família, e isto é prioridade no atendimento que dispenso ao idoso”. Enfermeiro 1 “Na busca da qualidade e humanização da assistência domiciliar, procuro chamar todos os membros da família do idoso pelo nome e procuro explicar os procedimetos de forma que eles entendam. Afinal de contas, não vou estar presente lá o tempo todo e o paciente deverá ser bem assistido 24 horas por dia”. Enfermeiro 7 A assistência domiciliar demanda “compreender a realidade do outro, respeitá-la para que se possa exercer a arte do cuidar em sua 260 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 5, p. 254-264, 2010 plenitude”, assim a humanização da assistência domiciliar está “necessariamente vinculada à contribuição do enfermeiro que transcende o tempo e o espaço em benefício do ser humano” (OLIVEIRA et al. 2008, p.5). CONSIDERAÇÕES FINAIS A assistência domiciliar representa um conjunto de atividades caracterizadas pela atenção em tempo integral para pessoas com quadros clínicos mais complexos e com necessidades de tecnologia especializada, o que demanda a montagem de um hospital na residência, assim como disponibilização de materiais e medicações para manutenção e melhoria do quadro de saúde do paciente. Ressalta-se que a assistência domiciliária prestada pelo HU em casa tem trazido benefícios aos idosos e seus familiares, pois é realizada com responsabilidade e competência por uma equipe multiprofissional capacitada, em que o enfermeiro procura proporcionar aos pacientes uma recuperação e reabilitação segura e eficaz, com cuidados embasados na realidade em que vive o cliente e, acima de tudo humanizado. O estudo revela a importância da assistência domiciliar em saúde direcionada à população idosa. Essa nova estratégia de saúde vem estabelecer uma relação acolhedora entre trabalhador de saúde e usuário, marcada pelo compromisso e responsabilização pela saúde deste, e também pela preocupação com o desenvolvimento da autonomia, objetivando que ele se aproprie de diversas tecnologias, possibilitando-lhe, cada vez mais, ir resolvendo ou minimizando parte do que tem lhe causado sofrimento. Sob essa perspectiva, considerase que a Assistência Domiciliária possui potencial para transformação da prática de saúde e, em especial, da enfermagem. ABSTRACT Home care has been showing significant growth in recent decades and becoming a new alternative health services. This study aims to identify how the assistance of nursing home care to elderly dependent on the professional nurse at the University Hospital Clement Farias - HUCF in R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 5, p. 254-264, 2010 261 Montes Claros - MG, as well as analyze the insertion of the domiciliary care as a paradigm shift in healthcare for the elderly. This is a qualitative and descriptive study about nursing care for the elderly in Home Care in the month of May, 2009. The study subjects were seven nurses working in the service of HU at home. The instrument adopted for data collection was semi-structured interview, consisting of seven guiding questions prepared in accordance with the proposed objectives. To interpret the data, used the content analysis. There was appreciation of the Ethics and Research of the United Colleges of Northern Mines - FUNORTE, and opinion embodied No. 037/09. The results of this study revealed that home care provided by HU at home has brought benefits to the elderly and their families, as is done with responsibility and competence of a trained multidisciplinary team. Therefore, it can be concluded that home care has the potential for the evolution of health care practice and, in particular, nursing, since, besides providing direct care to the client, performs an intense work of health promotion, action prioritized by legislation of the SUS. Keywords: Home Care, Elderly, Nursing care, Health of the Elderly REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, S. M. R. L de. Assistência domiciliar: diferencial na qualidade de vida do idoso portador de doença crônica. São Paulo: Editora da USP; 2001. ARAÚJO, I. E. M et al. Sistematização de Assistência de Enfermagem em uma unidade de internação: desenvolvimento do roteiro direcionador. Acta Paul. Enferm., São Paulo, n.9, p. 18-25, 2000. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE E GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO. Manual de Assistência Domiciliar na atenção primária à saúde. Organizado por José Mauro Ceratti Lopes. Porto Alegre: MS, 2003. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM – COREN-MG: Legislação e Normas. Nº 1, ano 9. 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