Embaixador da Esperança
Edição 76. Janeiro 2014
Imagem: Maurício Araújo
Deus é a Esperança
Esse mesmo Deus também lhe espera, Ele tem a esperança de que você pratique
seus ensinamentos, deixados por seu filho Jesus. Sua esperança é de que um
dia todos estejam juntos no paraíso. O lema
é proposto para todos os jovens e amigos da Fazenda da Esperança
praticar durante as atividades e desafios de 2014.
www.fazenda.org.br
“O
homem, na sucessão dos dias, tem
muitas esperanças – menores ou
maiores – distintas, nos diversos períodos da sua vida. Às vezes pode parecer que uma destas Esperanças o satisfaça totalmente,
sem ter necessidade de outras. Mas quando estas Esperanças se realizam, resulta com clareza que na realidade, isso não era a totalidade. Vê-se que só algo
de infinito lhe pode bastar, algo que será sempre
mais do que aquilo que ele alguma vez possa alcançar”, afirma papa Francisco.
A história de Gisela Mangeon Meireles, 41 anos,
Belo Horizonte-MG, ilustra bem essas palavras do
papa Francisco. Ela tinha uma carreira profissional
bem sucedida, bens materiais, amigos e família. Durante 20 anos conseguiu conciliar todas as suas atividades com o uso das drogas, mas nos últimos cinco
anos seu falso sentido de controle caiu abaixo.
“Em 2012, minha filha pediu para ir morar com o
pai. Perguntei porque estava indo, e ela me respondeu: “Porque você não cuida mais de mim”. E eu não
cuidava mais mesmo. Não conseguia mais acordar,
perdia a hora de levá-la para a escola. Tudo que fosse
fazer precisava de cocaína”, conta Gisela.
Diferente da Gisela, Cristina Ferreira Rodrigues, 24
anos, Jundiaí –SP, ainda cursava a faculdade, morava com os pais, tinha o exemplo de seus seis irmãos
para se inspirar, mas era agitada, gostava de ter muitos amigos e escolheu “más companhias”. No tempo
de “drogadição”, trabalhava, mas não parava em nenhum emprego por agir de má fé.
“Em casa ficava tudo trancado e um sempre vigiava
o outro para não esquecer nada de valor nos ambientes partilhados. Até visita que chegava, guardava
tudo no quarto de minha mãe. Um dia, ela esqueceu
a janela de seu quarto aberta e o computador do meu
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2 - Boletim do Embaixador - Edição 76 - janeiro 2014
pai estava lá, “dando sopa”. Vendi. Ele perguntava e
eu de pé junto dizia que não. Um dia ele me chamou
e disse: Estou muito chateado. Queria pensar que isso
não aconteceu, ou esquecer que você é minha filha”,
lembra Cristina.
A vida de Gisela repetiu a experiência do pai alcoólatra. Ela perdeu a mãe bem cedo e aos 18 anos
seu pai veio a falecer. Cristina não! Sempre teve
os pais e os irmãos: “Minhas irmãs, por exemplo,
vivem bem diferente: praticam o namora santo e
querem casar na igreja. Não uma coisa tapada, mas
uma atitude e escolha de Deus. E eu desejava viver
o que o mundo oferece”.
Já a Denise Ferreira Valim, 29 anos, São Paulo-SP,
cresceu na companhia da mãe e dos dois irmãos. Seus
pais se separam quando ela tinha dois anos. Na infância conviveu pouco com o pai, e na adolescência
menos ainda. Reencontraram-se há um ano e meio,
mas não têm um relacionamento familiar.
O problema com a droga de Denise começou cedo.
Com 14 anos já fumava cigarro, maconha e bebia socialmente. Aos 17 anos, bebia até cair e sentia-se uma
alcoólatra, mas foi com a cocaína que chegou ao fundo do poço.
“Fumei cigarro a vida toda, e na Fazenda a minha maior dificuldade foi ficar sem ele, mais que a
cocaína. Minha filha fará oito anos e fazia sete que
usava cocaína, mas nos últimos cinco anos foi um
uso escravo mesmo. No começo as pessoas perguntavam se eu queria parar. Eu dizia que não, porque
gostava de cheirar, gostava muito. No final eu saia
do trabalho chorando, porque não queria fazer mais
aquilo. Já não era gostoso. Eu cheirava chorando”,
afirma Denise.
As três jovens completamente diferentes tomaram
a mesma decisão: Mudar de vida. As motivações
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DA
DE
Nos depoimentos a dificuldades de convivência sempre são mais
ressaltados, mas também quando conseguem dar passos nesta
realidade descobrem uma força que jamais sentiram antes.
Nem sempre é possível atender ao chamado de Deus, mas quando
conseguem seguir o exemplo de seu filho Jesus♀nas coisas mais simples do dia, experimentam uma alegria verdadeira.
da cabeleireira Denise, provavelmente foi diferente da publicitária Gisela, que não foram as mesmas
da futura administradora Cristina. Contudo, a Es-
depois já não tinha condições de pagar tudo isso.
Comecei ir à favela. Pensei: Daqui a pouco não tenho
mais dinheiro e vou ter que ir para o crack.”
perança de dias melhores está no desejo de
cada uma.
No período de recuperação, as jovens conheceram
o estilo de vida proposto pela prática da Palavra de
Deus diariamente e assim a Esperança de Deus em
seus filhos começou a se realizar. Cristina, incentivada
pela Palavra, já abriu seu guarda-roupa e presenteou
as jovens que chegam da rua só com a roupa do corpo. Denise se encantou com a frase: Ver Jesus no
outro. “Às vezes eu penso o que eu fazia com
as pessoas, e era Jesus lá. Essa palavra hoje me
estimula muito.”
A mais nova, Cristina, busca ser motivo de orgulho
para sua família e recuperar o pouco tempo perdido.
“Ainda teimando em não aceitar ajuda, todos se reuniram em casa e num momento, vi todos chorarem
por minha causa. Meu irmão veio do Pará me ver.
Minha irmã grávida, passando mal, disse-me: ‘Preciso
de paz, e minha tranquilidade não é tê-la longe, mas
sim vê-la buscando uma vida nova.’ Porque ela
não me visitaria numa prisão.”
Denise sofria com o novo relacionamento que criava
com uma pessoa que praticava roubos, e pela convivência que perdia, principalmente, de sua família e filha. “Impulsionava-me a oportunidade de ter carinho
novamente pelas pessoas, de ter saudade, de querer
ser família de novo. Meus parentes são muito unidos,
mas eles não me queriam mais junto para festas, nem
me chamavam mais, porque eu só queria beber até
cair e depois sumir por uns dois dias.”
A mais experiente Gisela questionava-se, pensava
criticamente sobre sua realidade. Mas a vergonha de
assumir a dependência, por várias vezes a impediu de
buscar um recomeço. Até o momento quando perdeu a companhia de sua filha. “Percebi que precisava
de ajuda, quando todos os meus amigos iam embora
para casa, e eu não parava. Nos momentos que eu
não tinha animo para fazer as coisas triviais de uma
casa sem a droga. Minha condição financeira caiu.
Antes eu tinha medo de ir à favela, de pegar com
o traficante. Eles entregavam na porta de casa. Mas
E Gisela que pensou: Agora vou tratar a droga, descobriu coisas mais importante para melhorar. “Coisas
da minha personalidade que estou cuidando: A calma, a paciência e a caridade. Morrer na minha vontade é uma palavra importante para mim, porque eu
era extremamente arrogante: Era a dona da verdade. Aprendi a respeitar as pessoas e tenho exercitado
muito a humildade aqui.”
“Em nossa casa na Fazenda, recebemos uma mulher com dois filhos, e passados alguns dias, eu não
sei o que falei, que ela ficou muito irada comigo. E
foram dias péssimos. Ficamos a ponto de nos agredir. Minha coordenadora chamou minha atenção.
Você está no quinto mês de caminhada e precisa dar
passos. Eu queria recomeçar mas não encontrava o
momento oportuno, meu orgulho ainda impedia. Um
de seus filhos caiu, machucou a cabeça e ninguém
cuidava dele. Ela estava com outro problema impossibilitando-a de olhá-lo. Então, decidi cuidar dele. Foi
lindo, porque depois na capela, ela me abraçou e
recomeçamos”, lembra Gisela.
Boletim do Embaixador - Edição 76 - janeiro 2014 - 3
A-notável
Aniversário de um ano do GEV na penitenciária
Na penitenciaria José de Deus Barros / Picos-PI,
realiza-se todas as semanas o encontro do grupo Esperança Viva (GEV) São João da Cruz. E no
mês de novembro esse grupo completou um ano
de atividade.
A Fazenda da Esperança completou 30 anos de
existência, e nesse tempo muitas experiências surgiram, despertaram muitas vocações, nasceram os
GEV´s, onde os ex, familiares e voluntários se envolveram e assumiram a missão da evangelização
através do Carisma da Esperança, doando vidas e
fazendo a vontade de Deus.
Assim nesse tempo também nasceu há um ano,
um grupo Esperança Viva (GEV) dentro da Penitenciária masculina Jose de Deus Barros, na Cidade de
Picos-PI, motivado pela frase do evangelho: Estive
preso e me visitastes.
quatros pavilhões e demos formação a cada um
durante esse tempo, a maioria evangélica, pois já
tinham encontrado Jesus nos cultos e encontros,
mas mesmo assim assumiram juntos o Carisma da
Esperança. “Levamos para eles, todo mês, a Palavra
de Vida diária e do mês da Fazenda da Esperança,
e durante esse tempo, muitas graças aconteceram:
Jovens se converteram, outros ganharam a liberdade. Acabaram as drogas dentro do presídio, não
houve sequer uma rebelião e a paz reinou nesse lugar. Deus começava a nos mostrar que eram aqueles que Ele queria. Atraímos ainda projetos sociais
e ganhamos carinho e reconhecimento especial da
Secretaria de Justiça, e de Juízes e Promotores da
nossa cidade que apoiaram nosso grupo”, conta
Rômulo Braga.
O ex-recuperando Rômulo, sentiu que era uma
experiência nova, um chamado de Deus para uma
evangelização dentro de um presídio, que há mais
de 15 anos vivia em clima tenso de rebeliões e
muita desarmonia. Cerca 360 presos condenados
e provisórios vivem dentro de uma estrutura com
capacidade para 120 homens. “Ainda não entendíamos bem como seria isso, mas demos o nosso sim,
(Rômulo, Jerry, Joao Batista, Lucas, Mauro entre
outros ex), acreditando que o amor vence tudo,
confirmado com a frase: Onde não há amor, coloque amor e encontrarás amor”, afirma o ex-recuperando Rômulo sobre essa atividade.
Logo no início com a ajuda da Alice (agente),
e da permissão do diretor da instituição, o Sinval,
formamos um grupo com 20 detentos vindo dos
“Faça esse boletim circular! Dê a um amigo
ou vizinho, ele pode atingir mais irmãos em
prol da nossa missão.”
www.fazenda.org.br
OBRA SOCIAL NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - FAZENDA DA ESPERANÇA
Departamento Retorno à Vida - Caixa Postal 529 - CEP 12511-970 Guaratinguetá-SP
Tel.: (12) 3128 8900 E-mail: [email protected]
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