UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE DOURADOS PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS ESTUDO DOS PERFIS DE HIDROCARBONO CUTICULAR DA VESPA MISCHOCYTTARUS CONSIMILIS (HYMENOPTERA: VESPIDAE) POR CROMATOGRAFIA GASOSA Ana Cristina Ferreira DOURADOS-MS FEVEREIRO/2012 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE DOURADOS PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS ESTUDO DOS PERFIS DE HIDROCARBONO CUTICULAR DA VESPA MISCHOCYTTARUS CONSIMILIS (HYMENOPTERA: VESPIDAE) POR CROMATOGRAFIA GASOSA Ana Cristina Ferreira (Acadêmica) Prof. Dr. William Fernando Antonialli Junior (Orientador) Prof. Dra. Claudia Andrea Lima Cardoso (Coorientadora) “Dissertação apresentada ao programa de pósgraduação em Recursos Naturais, área de concentração em Recursos Naturais, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais”. DOURADOS-MS FEVEREIRO/2012 FICHA CATALOGRÁFICA F439e Ferreira, Ana Cristina Estudo dos perfis de hidrocarbono cuticular da vespa Mischocyttarus consimilis (Hymenoptera: Vespidae) por cromatografia gasosa/Ana Cristina Ferreira. Dourados: UEMS, 2012. 39 p. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) em Recursos Naturais – Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais – UEMS, 2012. Orientador: Prof. Dr. William Fernando Antonialli Junior Co-orientadora: Profa. Dra. Claudia Andrea Lima Cardoso. 1.Abelhas - Estudo 2. Castas 3. Parasitismo.I. Título. CDD 20.ed. 638.1 EPÍGRAFE “No final de nossas vidas, não seremos julgados pelos diplomas que recebemos, pelo dinheiro que conseguimos ou pelas coisas extraordinárias que realizamos, mas pelo amor que colocamos naquilo que fizemos” Madre Tereza de Calcutá (1910-1997) v DEDICATÓRIA Dedico esta dissertação aos meus pais pelo apoio, zelo, carinho, pela compreensão de minhas ausências e pelos sacrifícios realizados. vi AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a execução deste trabalho. Em especial: À Deus, por ter me concedido capacidade, força, determinação e inteligência para realizar este trabalho; por ter me amparado; ouvido minhas súplicas em momentos difíceis; por ter me protegido e colocado pessoas maravilhosas em minha vida; e por ter me proporcionado momentos belíssimos em comunidade na Igreja; À Nossa Senhora, por estar sempre à minha frente, rogando por mim e me conduzindo; Aos meus pais, por me amarem e apoiarem sempre, por sempre acreditarem em meu potencial e estarem ao meu lado; Às minhas irmãs que amo muito, pela compreensão e pelo apoio; Ao Prof. Dr. William, pela oportunidade de realizar este trabalho, pelo voto de confiança em mim depositado, pela orientação, disposição, acolhimento, ajuda, paciência, pelas dicas, correções, opiniões e ensinamentos científicos à mim transmitidos; À Profa. Dra. Claudia, por sempre ter me ajudado, pelas dicas e sugestões que tanto me fizeram crescer; pela preocupação, dedicação e zelo a mim expressados; pela paciência e generosidade com que me tratou; pela coorientação que me foi de fundamental importância; pela amizade, disposição e ensinamentos que sempre teve para comigo; Aos Professores do Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais, em especial ao Prof. Dr. Yzel, pelos auxílios e ensinamentos estatísticos. Aos colegas que dividiram comigo o espaço de trabalho laboratorial no CPBio (Centro de Pesquisa em Biodiversidade), pelo apoio técnico, ajuda, companheirismo e companhia; Aos colegas de sala, principalmente com os quais desenvolvi trabalhos, pelo companheirismo, apoio e amizade; À Msc. Erika Fernandes Neves, por ter, de uma forma, propiciado a realização desse trabalho, pelas amostras concedidas, pela disposição em me receber e pela ajuda a mim concedida; Aos meus colegas de trabalho, pela compreensão, por todo apoio, companheirismo, amizade, disposição e ajuda; vii Aos meus amigos, por estarem sempre comigo, presentes em minha vida, me apoiando, incentivando e me ajudando a superar essa etapa em minha vida; Ao Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais, pela oportunidade e apoio; À Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul pela oportunidade de realizar este trabalho. MUITO OBRIGADA! viii SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 2 - AQUISIÇÃO E VARIAÇÃO DA ASSINATURA QUÍMICA EM ADULTOS DA VESPA Mischocyttarus consimilis Zikán, 1949 (Hymenoptera: Vespidae) RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS COLETA DE MATERIAL ANÁLISE QUÍMICA E ESTATÍSTICA RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 3 – DISTINÇÃO INTERESPECÍFICA DO PERFIL DE HIDROCARBONOS LINEARES E ESTRATÉGIA QUÍMICA PARA O PARASITISMO FACULTATIVO ENTRE ESPÉCIES DE VESPA DO GÊNERO Michocyttarus RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS COLETA DE MATERIAL ANÁLISE QUÍMICA E ESTATÍSTICA RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ix Página 1 2 3 7 10 10 11 11 13 13 14 16 18 22 25 25 26 26 28 28 28 29 32 36 RESUMO GERAL Na sociedade dos insetos a divisão reprodutiva de trabalho representa um importante papel na manutenção da estrutura da colônia, na qual há trabalho cooperativo entre as castas. Para o desenvolvimento das diversas tarefas nas colônias, os insetos sociais utilizam de comunicação química entre os indivíduos, que ocorre com auxílio de substâncias voláteis biossintetizadas pelo organismo definidas como feromônios. Feromônios são utilizados pelos insetos como um meio de comunicação química agindo no indivíduo receptor produzindo respostas comportamentais ou fisiológicas específicas sendo assim fundamentais para o reconhecimento intra e interespecífico. Estes sinais químicos são adquiridos pelo inseto logo após sua emergência. Assim, o objetivo deste trabalho é de avaliar o momento em que a assinatura colonial é adquirida por adultos recém-emergidos da vespa Mischocyttarus consimilis, e de avaliar se há variações intra e interespecíficas no perfil de hidrocarbono desta vespa, avaliando, assim, a variação dos perfis de rainhas, machos e operárias; entre 3 espécies de vespa do gênero Mischocyttarus juntamente com a estratégia química de uma delas de mimetizar a assinatura química de outra, por análises de cromatografia gasosa. As análises cromatográficas de alcanos lineares permitem afirmar que a assinatura colonial em vespa de Mischocyttarus consimilis é adquirida entre o 4º e 5º dia de emergência e que este perfil varia entre as castas e o sexo, sendo que os perfis específicos de operárias e rainhas são muito próximos. Os resultados permitem inferir que as 3 espécies de vespa apresentam assinaturas químicas distintas e as assinaturas são mais próximas naquelas que apresentam uma interação de parasitismo facultativo, em que a invasora adquiri parte da assinatura química da colônia hospedeira e esta tem sua própria assinatura química alterada a partir do primeiro contato entre ambas, sugerindo assim uma estratégia química para aumentar o sucesso da invasora em ser aceita por fêmeas da colônia hospedeira. Palavras-chave: assinatura colonial, castas e parasitismo. 1 ABSTRACT In the society of insects the reprodutive division of labor represents an important tool in maintaining the structure of the colony, in which there is a cooperative labor between the castes. To the development of the various tasks in the colonies, the social insects use chemical communication between the individuals, that occurs through volatile substances biosynthesized by the body defined as pheromones. Pheromones are used by insects as a mean of chemical communication acting on the receiver individual producing specific physiological or behavioral responses being thus fundamental to the intra- and interspecific recognition. These chemical signals are acquired by the insect after its emergence. So, the objective of this study is to evaluate the moment that the colonial signature is acquired by Mischocyttarus consimilis newly emerged adult wasp and to evaluate if there are intra- and interspecific variations in the hydrocarbon profile of this wasp, evaluating, thus, the variation of the profiles of queens, males and workers, between 3 wasp species of the genus Mischocyttarus with the strategy of one of them to mimicry the chemical signature of the other by gas chromatography analysis. The chromatographic analysis of linear alkanes allow stating that the colonial signature in Mischocyttarus consimilis wasp is acquired between the 4th and 5th days of emergency and that this profile varies between castes and sex, being that the specific profiles of workers and queens are very close. The results allow stating that the three wasp species have distinct chemical signatures and the signatures are closer to those who show a facultative parasite interaction, in which the invader acquires part of the chemical signature of the host colony and this has its own chemical signature changed from the first contact between both, so suggesting a chemical strategy to increase the success of the invader to be accepted by females of the host colony. Key-words: colonial signature, castes and parasitism. 2 CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS Os insetos são numerosos na natureza, principalmente, por suas características morfofisiológicas que permitem sua sobrevivência, tais como: presença de um exoesqueleto, que permite uma grande área de inserção muscular, controle da evaporação e quase completa proteção aos órgãos internos; asas funcionais, que confere grande capacidade de deslocamento para dispersão e busca de recursos; tamanho pequeno, que faz com que necessitem de pouco alimento e tenham mais facilidade em fugir de inimigos naturais; metamorfose completa, que viabiliza uma infinidade de habitat e permite à larva e ao adulto viverem em condições totalmente diferentes (MARANHÃO, 1976; BUZZI, 2002); além disso, possuem adaptabilidade aos mais variados ambientes e; tipo especializado de reprodução (MARANHÃO, 1976). A ordem Hymenoptera é uma das maiores ordens da classe Insecta, caracterizada por insetos pequenos com aparelho bucal do tipo sugador e/ou mastigador. A maioria com quatro asas membranosas, sendo as posteriores menores que as anteriores e geralmente unidas a elas através dos hámulos. Possuem tórax mais largo que o abdômen. Abdômen largamente ligado ao tórax (subordem Symphita) ou a ele ligado através de um pedúnculo (subordem Apocrita). Geralmente são ovíparos, reproduzindo-se por via sexuada. Os himenópteros põem os ovos em alvéolos ou em células no ninho onde as larvas são alimentadas pelas operárias. Em sua maioria, o sexo é determinado pela fecundação do óvulo, óvulos fecundados, dão origem às fêmeas (diplóides) e os não fecundados, dão origem aos machos haplóides (MARANHÃO, 1976; BUZZI, 2002). O estudo da história natural dos himenópteros sociais pode nos fornecer dados para entendermos como se procedeu a evolução do comportamento social neste grupo (KREBS & DAVIES, 1993), mas também se faz relevante devido à influência destes insetos em diferentes atividades desenvolvidas pelo homem, como no abastecimento de alimentos: mel, própolis, geléia real; as formigas são importantes para as plantas como construtores do solo, agindo na reciclagem de nutrientes e as abelhas são importantes na polinização cruzada de flores; os insetos são colaboradores do equilíbrio biológico por sua ação parasita e predadora (MARANHÃO, 1976; BUZZI, 2002). Os himenópteros sociais apresentam divisão de trabalho, com um sistema de castas envolvendo um grupo reprodutivo de uma ou várias rainhas e outro não-reprodutivo, de 3 operárias, que trabalham juntos, cooperando no cuidado com os jovens da colônia e apresentam sobreposição de gerações, contribuindo para o funcionamento da colônia, representando assim uma eusocialidade (ROSS & MATTHEWS, 1991; GULLAN & CRANSTON, 2007), característica de algumas abelhas e vespas e todas as formigas (ROSS & MATTHEWS, 1991). O comportamento eussocial teve predisposição ecológica ou genética como principal força evolutiva, a vida em grupo é favorecida pelo aumento da capacidade de defesa do grupo e, sobretudo, individual contra predadores, parasitas e pela otimização da força de trabalho em grupo (KREBS & DAVIES, 1993). Enquanto que em termos genéticos, o fato de ajudar a criar os irmãos, as operárias passam seus próprios genes para a próxima geração, predispondo a genética para a ajuda na colônia (HAMILTON, 1964a, 1964b; KREBS & DAVIES, 1993). Em especial, as vespas Polistinae exibem eusocialidade menos derivada com colônias compostas por indivíduos morfologicamente semelhantes e vivem em colônias de curta duração, raramente um ano (ROSS & MATTHEWS, 1991; GULLAN & CRANSTON, 2007). Dentro das 4 tribos apresentadas pela subfamília Polistinae: Epiponini, Mischocyttarini, Ropalidiini e Polistini, o gênero Mischocyttarus está na tribo Mischocyttarini. Esta, além de apresentar eusocialidade menos derivada, possui características morfológicas que a diferencia das demais, tais como: alongamento e estreitamento do primeiro segmento gastral e assimetria dos três últimos artículos tarsais das pernas médias e posteriores (DANTAS-DE-ARAUJO, 1980). O gênero Mischocyttarus ocorre, em geral, na América do Sul tropical, mas é encontrada na América do Norte e apresenta colônia não-sazonal de fundação independente com ninhos pequenos e não-envoltos (ROSS & MATTHEWS, 1991; GULLAN & CRANSTON, 2007). A colônia pode ser fundada por uma ou várias fêmeas reprodutivas, mas rapidamente a rainha é estabelecida por domínio físico, na visão mais tradicional de determinação de castas. Se a rainha morre, uma fundadora subordinada toma seu lugar ou uma operária de alto-padrão, que na presença de macho pode acasalar e produzir ovos férteis (GULLAN & CRANSTON, 2007). As fêmeas fundadoras iniciam novas colônias sem a ajuda das operárias, sendo uma fundação independente. Assim, elas constroem ninhos simples e pequenos (stelocyttarus) e não-envoltos (gymnodomous) que são normalmente suspensos por um estreito pedicelo (ROSS & MATTHEWS, 1991). 4 A fêmea fundadora da colônia tem sua primeira prole somente de operárias que se desenvolvem para exercerem as seguintes tarefas: alimentar as larvas com proteína e alimentar os adultos com carboidratos; limpar as células do ninho; manter a ventilação das células, batendo asas; buscar alimentos fora do ninho como água, líquidos açucarados e insetos como presas. À medida que a colônia amadurece, a prole inclui grandes proporções de machos e no final da vida reprodutiva da rainha, são produzidas gines em células maiores que das operárias (GULLAN & CRANSTON, 2007). Para o desenvolvimento das diversas tarefas nas colônias, as vespas sociais deste grupo, bem como todos os outros insetos sociais, utilizam de comunicação química entre os indivíduos, que ocorre com auxílio de substâncias voláteis biossintetizadas pelo organismo que são definidas como feromônios (PAIVA & PEDROSA-MACEBO, 1985). Feromônios são definidos como sendo uma mistura de substâncias químicas que, quando secretada por um animal e liberada no meio ambiente, provocando uma reação específica num indivíduo receptor (PAIVA & PEDROSA-MACEBO, 1985), e é recebida por quimiorreceptores olfativos, na maioria dos casos presentes na antena (LARA, 1992). Assim, esses compostos agem como gatilhos fisiológicos de reações comportamentais específicas e são classificados de acordo com suas funções de orientação do inseto. Por exemplo, feromônios sexuais são substâncias químicas produzidas por um dos sexos do inseto com finalidade de atrair o sexo oposto para a reprodução. Feromônios de agregação ou reunião são substancias químicas produzidas pelos insetos com a finalidade de atrair os membros da espécie para um determinado local. Feromônios de espaçamento ou território servem para delinear o local de uma espécie e repelir outras espécies do local, muito usado para acasalamento. Feromônios marcadores de trilha são muito utilizados para a atividade de forrageamento (GULLAN & CRANSTON, 2007). Juntamente com esses, há os feromônios de alarme, que são de larga ocorrência em insetos sociais no caso de ameaça ao ninho, sendo substâncias de defesa a predadores (LARA, 1992); e os feromônios inibidores de órgãos sexuais e reguladores de castas que atuam sobre a fisiologia dos insetos sociais, inibindo o desenvolvimento de órgãos sexuais ou na diferenciação de indivíduos das várias castas realizado pela presença da rainha (PAIVA & PEDROSA-MACEBO, 1985). Todos estes feromônios são produzidos por glândulas diversas espalhadas pelo corpo do inseto, em fêmeas adultas de Polistine são conhecidas 16 glândulas exócrinas, induzindo respostas comportamentais a essas substâncias química liberadas no ambiente pelo indivíduo emissor (JEANNE, 1996; VANDER MEER & MOREL, 1998). 5 Por outro lado, existem outros tipos de feromônios. São aqueles denominados de superficiais, os quais se encontram na cutícula do inseto e que se adelgaça nas articulações possibilitando-lhes movimento, além da proteção a desidratação. São constituídos de hidrocarbonos presentes na cutícula do inseto, sendo de importância fundamental para a sinalização intra e inter-colonial (LOCKEY, 1988), além de realizar um papel significativo na habilidade de reconhecimento de companheiros de ninho dos insetos sociais (SINGER et al., 1998). Hidrocarbonos cuticulares (HC) são usualmente uma mistura muito complexa de uma variedade de compostos que possuem, em alguns casos, altas massas moleculares e são, além disso, compostos misturados em diferentes combinações qualitativas e quantitativas. As variações na composição e proporção relativa de cada composto podem ser detectadas por instrumentos analíticos (LORENZI et al., 1996). Geralmente as análises de perfis de hidrocarbonos cuticulares são realizadas utilizando a técnica de cromatografia gasosa que efetua separação (COLLINS et al., 2009) e, quando acoplada a espectrometria de massas proporciona maior confiabilidade na identificação dos compostos. Para auxiliar a identificação pode ser calculado o índice de Kowats empregando padrões de n-alcanos. As análises cromatográficas podem ser utilizadas para quantificar, por diversas técnicas, os compostos nas matrizes (HARRIS, 2005). Embora, recentemente tem se usado para investigar este tema, um método alternativo, a técnica de Infravermelho com Transformada de Fourier e Espectroscopia de Fotoacústica, tendo sucesso na análise de diferenciação intra e interespecíficas em formigas (ANTONIALLI-JUNIOR et al., 2007, 2008; NEVES et al. 2011). Os hidrocarbonos cuticulares estão diretamente ligados à identificação dos papéis dos indivíduos dentro da colônia, sendo característico da prole (COTONESCHI et al., 2007), de castas (ANTONIALLI-JUNIOR et al., 2007) e sendo definido após horas de emergência em vespas (PANEK et al., 2001; LORENZI et al., 2004) e está diretamente ligado com as funções desempenhadas pelo indivíduo no ninho (LIU et al., 1998; ABDALLA et al., 2003). Em vespas foram desenvolvidos trabalhos com cunho comportamental, como descrito em Panek et al. (2001) que constatou que a assinatura química de indivíduos de colônias de Polistes fuscatus era adquirida entre o terceiro e quarto dia após a emergência do adulto. Butts et al. (1995) estudou a variação intraespecífica de hidrocarbonos cuticulares na vespa Vespa crabro L., Dapporto et al. (2004) observou que em populações 6 de diferentes localidades, vespa Polistes dominulus apresentam perfis químicos distintos, enquanto que vespas de locais próximos se assemelham. Além destes estudos avaliando as diferenças intraespecíficas na composição de hidrocarbonos cuticulares, alguns autores também investigaram variações entre espécies e, mais especificamente, constataram que estes feromônios exercem importante papel na ação de parasitismo facultativo que envolve a usurpação do ninho de uma colônia por uma fêmea reprodutiva de uma espécie sobre outra (CERVO & DANI, 1996; TINAULT & RUANO, 1999). Fêmeas de Polistes nimphus, por exemplo, utilizam como estratégica química adquirir odores co-específicos da espécie hospedeira enquanto marca o ninho hospedeiro com seu próprio odor (LORENZI et al., 2007). Já foram desenvolvidos vários trabalhos investigando este tema em vespas sociais, mas este assunto foi pouco explorado em vespas do gênero Michocyttarus. Assim, este trabalho teve por objetivo investigar as diferenças intra e interespecíficas na composição de hidrocarbonos cuticulares lineares em vespas sociais do gênero Mischocyttarus por cromatografia gasosa com detector de ionização em chama (CG-DIC). Referências bibliográficas ABDALLA, F. C.; JONES, G. R.; MORGAN, E. D.; CRUZ-LANDIM, C. Comparative study of the cuticular hydrocarbon composition of Melipona bicolor Lepeletier, 1836 (Hymenoptera, Meliponini) workers and queens. Genetics and Molecular Research, v. 2, p. 191-199, 2003. ANTONIALLI-JUNIOR, W. F.; LIMA, S. M.; ANDRADE, L. H. C.; SÚAREZ, Y. R. 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Westview Press, Bolder, CO., 1998. 9 CAPÍTULO 2 - AQUISIÇÃO E VARIAÇÃO DA ASSINATURA QUÍMICA EM ADULTOS DA VESPA Mischocyttarus consimilis Zikán, 1949 (Hymenoptera: Vespidae) 1,2 Ana Cristina Ferreira, 1,2Claudia Andrea Lima Cardoso, 3Erika Fernandes Neves, 1,3 Yzel Rondon Súarez, & 1,3William Fernando Antonialli-Junior 1 Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Dourados-MS, Brasil. 2 Laboratório de Cromatografia, Centro de Pesquisa em Biodiversidade - CPBio, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Dourados-MS, Brasil. 3 Laboratório de Ecologia, Centro Integrado de Analise e Monitoramento Ambiental, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Dourados-MS, Brasil. Resumo Na sociedade dos insetos a divisão reprodutiva de trabalho representa um importante papel na manutenção da estrutura da colônia: operárias cooperam com suas rainhas, sendo que cada casta executa um repertório distinto dentro da colônia. Para coordenar estas ações estes insetos desenvolveram ao longo da evolução um sistema de comunicação química e habilidade de reconhecimento dos companheiros de outros indivíduos. Estes sinais químicos são adquiridos pelo inseto logo após sua emergência, em parte por meio de interações com outros companheiros e também com o próprio material do ninho, sendo que essa assinatura química varia de acordo com as funções desempenhadas na colônia. Desse modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o momento em que adultos da vespa M. consimilis adquirem a assinatura química de suas colônias e a variação dos perfis de hidrocarbonos cuticulares entre as castas e sexo. As análises foram feitas por meio de cromatografia gasosa com detector de inonização em chama e também por cromatografia gasosa com espectroscopia de massas. As análises cromatográficas de alcanos lineares nos permitem afirmar que adultos de Mischocyttarus consimilis levam de 4 a 5 dias para adquirir a assinatura química da colônia representada pelo seu perfil de hidrocarbono. Contudo, somente alguns dos elementos encontrados são responsáveis pela variação e distinção dos grupos de idades e na definição da assinatura química dos adultos como também na função que vão exercer na colônia. 10 Palavras-chave: assinatura química, divisão de trabalho, castas e alcanos lineares. Abstract In the society of insects the reprodutive division of labor represents an important tool in maintaining the structure of the colony: workers cooperate with their queens, being that each caste executes a distinct repertoire in the colony. To coordinate those actions these insects have developed through evolution a system of chemical communication and recognition skills of nestmates from non-nestmates. These chemical signals are acquired by the insect as soon as its eclosion, in part of the interactions with others nestmates and also with the material of the nest, being that this chemical signature varies according to the tasks realized in the colony. In this way, the objective of this paper was to evaluate the moment in which the Mischocyttarus consimilis adults wasps acquired the chemical signature of their colonies and the variation of the cuticular hydrocabons profiles between castes and sex. The analyses were realized by gas chromatography with flame ionization detector and also by gas chromatography with mass spectrometry. The chromatography analyses of linear alkanes show that the M. consimilis adults took of 4 to 5 days to acquire the chemical signature of the colony represented by the hydrocarbon profile. Thus, only some of the elements found are responsible for variation and distinction of the age groups and in the chemical signature definition of the adults like also in the function that they will play in the colony. Key-words: chemical signature, labor division, castes and lynear alkanes. Introdução Na sociedade dos insetos a divisão reprodutiva de trabalho representa um importante papel na manutenção da estrutura da colônia: operárias cooperam com suas rainhas, que são geralmente morfologicamente distintas tendo como papel a reprodução e usam um elaborado sistema de comunicação para coordenar o comportamento das operárias (ROSS & MATTHEWS, 1991). Os comportamentos que mais distingue as castas são: dominância física; solicitação de alimento e oviposição, realizados em mais intensidade pela rainha; enquanto que, trofalaxis adulto-adulto, destruição de células, alarme e forrageamento, são mais executados pelas operárias. Assim, a rainha permanece mais tempo no ninho, enquanto que as operárias se dedicam a tarefas relacionadas à 11 manutenção, sobrevivência e sucesso do ninho (GIANNOTI, 1999; SILVA & NODA, 2000; MONTAGNA et al., 2009; FILHO et al., 2011). Uma das condições que favoreceram a evolução e manutenção deste sistema é a habilidade de reconhecimento dos companheiros de ninhos de outros indivíduos (SINGER et al., 1998). Alguns estudos constataram que o desenvolvimento de tais tarefas influencia na existência de um perfil de hidrocarbono único para cada casta, tais como: Nunes et al. (2009) e Abdalla et al. (2003) em abelhas; Antonialli-Junior et al. (2007) em formigas e Sledge et al. (2001) em vespas. Além disto, os insetos sociais tipicamente aceitam em suas colônias companheiros de ninhos, mas excluem indivíduos desconhecidos. Tal reconhecimento também ocorre através de sinais químicos e é influenciado pelos componentes do substrato do próprio ninho, pelo contato dos indivíduos adultos com ele e com a prole (GAMBOA, 1996). Segundo Shellman & Gamboa (1982) a exposição de fêmeas jovens ao material do ninho natal é necessária para o desenvolvimento da habilidade de reconhecimento de companheiros de ninho. O papel do odor do próprio material do ninho foi bem documentado por Espelie et al. (1990), que relata existir compostos ricos em hidrocarbono capazes de serem transferidos entre indivíduos e utilizados como uma forma de assinatura para reconhecimento da colônia. Assim, em vespas sociais, processos de reconhecimento são mediados pelo cheiro da superfície do ninho, que por sua vez é coberta por hidrocarbonos cuticulares produzidos por membros da colônia. O cheiro do ninho é usado como referência por vespas quando elas aprendem o odor da de sua colônia e formam um modelo de reconhecimento de emergência (GAMBOA et al., 1996). Lorenzi et al. (1999) observou que imediatamente após a eclosão, vespas jovens de Polistes biglumis não possuem o odor colonial e este pode ser adquirido em breve, pela aceitação do indivíduo na colônia. Assim, insetos sociais recentemente emergidos podem ser transferidos com sucesso entre colônias co-específicas (GAMBOA, 2004). Por não possuírem odor colonial, jovens recém-emergidos não são tratados como indivíduos estranhos pelos membros de outras colônias, sendo considerados por estes como companheiros de ninho (GAMBOA, 2004). De acordo com O’Donnell & Jeanne (1992) vespas recém emergidas de P. occidentalis com até 24 horas de idade, são facilmente aceitas em colônias desconhecidas. Porém, Panek et al. (2001) constatou que os hidrocarbonos cuticulares (HC) presentes em 12 jovens recém-emergidos de P. fuscatus diferem daqueles presentes em vespas com 3 dias pós-emergência, devido o aumento da concentração de hidrocarbonos de alta massa molecular. Também, em abelhas recém-emergidas de Melipona bicolor, há uma maior concentração de hidrocarbonetos insaturados do que saturados em seu perfil de hidrocarbono (ABDALLA et al., 2003). Em vespas P. dominulus, a concentração de hidrocarbonos cuticulares aumenta após a emergência, sendo que os alcanos de cadeias ramificadas aumentam drasticamente comparados aos alcanos e alcenos lineares, e a concentração de alcanos lineares presentes na cutícula desses indivíduos jovens se mantém constante no período de 0 a 2 dias (LORENZI et al., 2004). Lorenzi et al. (2004) avaliou que a camada cuticular de P. dominulus é mais suscetível a adquirir componentes químicos do meio nos estágios iniciais após a emergência e essa capacidade é reduzida com o tempo. Ensaios químicos mostraram que vespas jovens expostas a substâncias sintéticas rapidamente absorveram os hidrocarbonos, enquanto que vespas mais velhas não incorporaram essas substâncias na cutícula e sua assinatura colonial não foi alterada. Assim, em vespas sociais os processos de reconhecimento intra e interespecíficos são mediados por sinais químicos na forma de hidrocarbonos cuticulares produzidos por membros da colônia que variam também pelo cheiro da superfície do ninho. Estes elementos são usados como referência quando elas aprendem o odor da sua colônia e formam um modelo de reconhecimento de emergência (GAMBOA et al., 1996). Neste contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar o momento no qual a assinatura química é adquirida por adultos da vespa Mischocyttarus consimilis e avaliar a variação dos perfis de hidrocarbonos entre rainhas, machos e operárias em função dos alcanos lineares presentes em suas cutículas. Materiais e Métodos Coleta de material Foram utilizadas 10 colônias de M. consimilis localizadas no Campus II da UFGD – Universidade Federal da Grande em Dourados/MS (22°13’16 “S, 54°48’20” W) para execução do experimento. Estas colônias foram monitoradas para avaliação de quando a assinatura colonial é adquirida pela vespa jovem. Assim, todos os indivíduos recémemergidos das colônias foram marcados com tinta atóxica no tórax. Foram analisados 10 indivíduos de cada idade, coletados de diferentes colônias, desde recém-emergidos até 5 13 pós-emergência baseado nos resultados de transferência comportamentais encontrados por Panek et al. (2001). Para avaliar a variação dos hidrocarbonos cuticulares em rainhas, machos e operárias foram utilizadas 8 rainhas, 19 machos e 77 operárias, todos adultos, de colônias de várias localidades, de áreas circunvizinhas de Dourados (-22º13’16”S, -54º48’20”W); Sidrolândia (-20° 55' 55''S, -54° 57' 41''W); Eldorado (-23° 47' 13''S, -54° 17' 01''W); área florestal em Maracaju (-21° 36' 52''S, -55° 10' 06''W); região rural em Bodoquena (20032’19’’S, -56042’54’’W) e área urbana do município de Batayporã (-22017’96’S, 53077’02’’W). A diferenciação entre machos e fêmeas foi realizada através das antenas, uma vez que os machos possuem uma antenômero a mais, apresentando dessa forma uma curvatura na antena. Todos os insetos utilizados para as análises, após coleta, eram sacrificados por congelamento e conservados à baixa temperatura, evitando-se assim o uso de qualquer tipo de fixador ou conservante químico que poderia reagir com os elementos químicos da cutícula. Para análise do perfil de hidrocarbono, foram extraídos os gásteres de cada indivíduo, por ser esta a região de maior concentração dos hidrocarbonos (CUVILLERHOT et al. 2001). Análise química e estatística Os hidrocarbonos cuticulares foram extraídos do abdômem de cada vespa em 2 mL de hexano (grau HPLC – VETEC), individualmente, sob banho ultrassônico por 30 min. Este processo foi realizado em duplicata. As frações foram unidas e o solvente eliminado em capela de exaustão. O extrato seco foi mantido em temperatura de -5oC para posterior análise cromatográfica. Na análise cromatográfica o extrato foi dissolvido em 100 µL de hexano para análise por cromatografia gasosa com detector de ionização em chama (CG-DIC; Thermo Scientific – Focus GC), com coluna capilar OV-5 (OHIO), de composição de 5% fenildimetilpolisiloxano em sílica fundida capilar (30 m de comprimento x 0,25 mm de diâmetro x 0,25 µm de espessura). As análises foram realizadas em modo splitless com injeção de 1 µL do extrato, com temperatura do injetor de 250oC e temperatura do detector de 320oC, usando N2 como gás carregador à pressão constante de 0,8 bar e rampa de aquecimento com temperatura 14 inicial de 50oC alcançando 85oC à 5oC min-1, em seguida atingindo 300oC à 8oC min-1 por 15 min e, por fim, até 320oC à 10oC min-1 mantendo por 35 min. Os cromatogramas foram registrados pelo programa Chrom Quest 5.0 e analisados pelo programa Workstation Chrom Data Review. A análise de diferenciação de idades foi realizada através dos valores em porcentagem das áreas relativa dos picos correspondentes aos hidrocarbonetos de C 15 a C30, calculadas pela área total dos alcanos lineares encontrados. E estes foram identificados com o uso do padrão de hidrocarbonetos lineares de C7 a C40 (SIGMA-ALDRICH - 4 µg mL-1 em hexano) através dos tempos de retenção de cada alcano (Tabela 1). Além dos hidrocarbonetos avaliados por CG-DIC, também foram desenvolvidas análises em cromatografia gasosa acoplada com espectroscopia de massas (CG-EM) com o intuito de identificar a presença de outros compostos, além dos alcanos lineares, que também permitem a distinção das vespas por idade. As análises de CG-EM foram realizadas num cromatógrafo gasoso (GC-17A, Shimadzu, Kyoto, Japão) equipado com detector de espectroscopia de massa (QP 5050), usando uma coluna capilar de sílica fundida DB-5 (J & W, 5% de fenil-dimetilpolysiloxano), (30 m de comprimento x 0,25 mm diâmetro, 0,25 m de espessura de filme), sob as seguintes condições: gás carregador de hélio (99,999% e velocidade de fluxo de 1,0 mL min-1); volume de injeção de 1 L, razão split de (1:20), com temperatura de forno inicial de 50ºC e aumentando até 85ºC a 5ºC min-1 e aumentando até 280ºC a 8ºC min-1. Temperatura do injetor de 250ºC e as temperaturas do detector de quadrupolo e da linha de transferência foram de 280ºC. Os parâmetros de varredura do MS incluíram voltagem de ionização de impacto de elétron de 70 eV, uma faixa de massa de 45 a 900 m/z e um intervalo de varredura de 0,5 s. As identificações foram completadas por comparação dos espectros de massas obtidos com a base de dados da NIST 2.0 e dados da literatura (ADAMS, 2001). Todos os resultados foram avaliados por meio da análise estatística discriminante stepwise pelo programa Statistica 7, a qual pode revelar o conjunto de variáveis que melhor explicam os grupos avaliados caso exista diferença entre eles, sendo indicado pelo valor de Wilk’s Lambda, se este for próximo de zero há distinção entre os grupos analisados (QUINN & KEOUGH, 2002). 15 Resultados e discussão A análise discriminante (Figura 1) apresentou valores de Wilk’s Lambda de 0,029; F de 5,525 e p < 0,000, sendo assim, significativa. Os resultados são explicados pela primeira raiz canônica em 72% e juntamente com a segunda raiz canônica explicam 94% dos dados. Esta análise (Figura 1) apontou que até o 3º dia, após emergirem, as vespas possuem um perfil de hidrocarbonos lineares muito similares e por conta disto, houve uma sobreposição de seus valores. Contudo, a partir do 4º dia, começa haver uma distinção deste perfil que acaba por diferenciar-se por completo no 5º dia. Tal resultado é similar ao encontrado por Neves (2011) para mesma espécie usando outra forma de análise, a Espectroscopia Óptica por Transformada de Fourier no Infravermelho Médio por Detecção Fotoacústica (FTIR-PAS). Isto, então reforça a confiabilidade de ambos os resultados e confirma a idade em que adultos M. consimilis adquiri a assinatura colonial Como os resultados descritos por Neves (2011) somente alguns elementos encontrados nas análises da cutícula foram mais significativos na variação da composição da assinatura química, de acordo com as idades. Os alcanos lineares mais significativos para distinção dos perfis foram: n-pentadecano (C15); n-eicosano (C20); n-tricosano (C23); n-tetracosano (C24); n-pentacosano (C25) e n-heptacosano (C27) (Tabela 2). Vespas com 1 a 3 dias de emergência apresentam concentrações semelhantes destes alcanos (Tabela 2). De fato, durante essa etapa essas vespas podem ainda não terem definido seu perfil de hidrocarbono e, provavelmente poderiam ser aceitas por outras colônias como observado por Panek et al. (2001) em vespas Polistes fuscatus que não rejeitaram indivíduos recém-emergidos com até 72 horas de emergência. Enquanto que indivíduos com mais de 3 dias após emergência foram agressivamente expulsos da colônia, confirmando que a partir desse tempo esses indivíduos já têm seu perfil de hidrocarbono definido como assinatura colonial. Por outro lado, em Ropalidia marginata, indivíduos jovens com até 6 dias são aceitos sem rejeição em colônias desconhecidas, enquanto que os mais velhos (> 6 dias) são rejeitados em colônias sem relação (ARATHI et al., 1997). Nesta espécie de estudo a assinatura colonial parece estar definida em vespas com até 5 dias de emergência (Figura 1) e apresentam em maior concentração o composto neicosano (C20) e em menores concentrações os compostos C23, C24 e C25 (Tabela 2) no seu perfil de hidrocarbono. 16 Além desses alcanos lineares, foi possível identificar outros compostos pela análise de CG-EM (Tabela 3) e, entre estes, somente o 9-octadecenoato de etila não mostrou variação significativa para separação dos diferentes grupos na análise discriminante (Figura 2) que apresenta valor de Wilk’s Lambda de 0,000; de F igual a 1129,392 e p < 0,000. Os dados são explicados pela raiz canônica 1 em 93,6% e com a raiz canônica 2 em 99,9%. Segundo Neves (2011), um dos grupos funcionais mais intensos encontrados por FTIR-PAS na cutícula de M. consimilis é o grupo carbonila, este pode indicar a presença de cetonas e/ou ésteres. A análise discriminante de variação de concentração dos ésteres identificados por CG-EM: 9-octadecenoato de etila; 9,12-octadecenoato de etila e octadecanoato de etila e do composto cholesta-3,5-dieno presentes na cutícula desses indivíduos é apresentada na Tabela 3 e Figura 2, nos quais se observa que os grupos referentes a 1 e 5 dias se distinguem dos demais. O composto cholesta-3,5-dieno é o que determina a posição dos resultados das vespas de 1 dia de idade no gráfico de dispersão da Figura 2, pois está em maior concentração nesses indivíduos (Tabela 3). Já, os indivíduos de 5 dias não apresentam este composto em suas cutículas e têm sua posição no gráfico de dispersão definida pelo composto octadecanoato de etila que se encontra em maior concentração em suas cutículas e ausente nos indivíduos de 1 a 3 dias (Tabela 3). Assim, bem como em P. fuscatus que adquire a assinatura colonial entre 48 e 72 horas após a emergência do adulto (PANEK et al., 2001), vespas M. consimilis adquirem a assinatura colonial entre o quarto e quinto dia, como também observado por Neves (2011). A análise discriminante entre as castas apresentou valor de Wilk’s Lambda de 0,065, indicando que há distinção dos grupos analisados com valor de F de 18,606 com p < 0,000. Raiz canônica 1 explica 83,4% e somando a raiz canônica 2 perfazem 100% dos dados (Figura 3), indicando que, de fato, adultos de diferentes castas e sexos se distinguem em suas assinaturas químicas. Os alcanos lineares de C15, C17, C19, C21, C23, C27, C28, C29 e C30 foram os mais importantes na distinção entre rainhas, machos e operárias (Tabela 4). O perfil de hidrocarbonos cuticulares de operárias é mais próximo ao de rainhas, do que de machos (Figura 3), corroborando com os resultados obtidos por Neves (2011). De fato, fêmeas provêm de óvulos fecundados, sendo diplóides e os machos provêm de óvulos não fecundados, sendo haplóides (BUZZI, 2002). Além do sexo, o repertório de tarefas realizadas nas colônias, tanto por rainhas quanto por operárias tendem as ser mais próximo 17 entre si do que os machos que apresentam comparativamente, um repertório bem menor. Mesmo assim, as operárias devem se distinguir das rainhas (Figura 3), devido, entre outros aspectos, à atividade ovariana que é desenvolvida nas rainhas como forma de dominância e, portanto, dando a elas as condições para postura de ovos (BILLEN & MORGAN, 1998). Os compostos cuticulares de indivíduos dominantes são provavelmente afetados pela atividade ovariana e pela sua tarefa de oviposição, diferindo-os dos demais. Sledge (2001) notou que ao remover fêmeas dominantes de colônias de Polistes dominulus, as subordinadas, chamadas de fêmeas betas, assumiram o seu papel e, subseqüentemente, tiveram mudanças em seu desenvolvimento ovariano e no perfil de hidrocarbono, o qual se assemelhou ao indivíduo alfa. Em Polistes dominulus, os alcanos e metil-alcanos foram importantes na separação de operárias e fundadoras (SLEDGE, 2001). Enquanto que dos alcanos analisados, os que apresentam grande concentração nas cutículas das rainhas de M. consimilis foram: nheptacosano (C27) e n-nonacosano (C29) (Tabela 4) e estes as diferenciam das operárias. Os machos não requerem uma identidade bem definida já que sua função social na colônia é restritamente para reprodução (ANTONIALLI-JUNIOR et al., 2007). Em machos de M. consimilis há maior concentração de n-tricosano (C23) (Tabela 4), o que define sua posição no gráfico de dispersão da Figura 3 confirmando a sua distinção nas castas. Conclusões Conclui-se que os indivíduos mais jovens de M. consimilis levam de 4 a 5 dias para adquirem a assinatura química da colônia representada pelo seu perfil de hidrocarbono e que, provavelmente, antes disto podem ser aceitos por colônias alheias. Somente alguns dos elementos encontrados pelas análises são responsáveis pela variação e distinção dos grupos de idades e sendo alguns importantes na definição da assinatura química dos adultos e também na função que vão exercer na colônia. Como esperado o perfil de hidrocarbono cuticular de machos distingui-se mais dos das fêmeas e isto não deve ser somente por conta do sexo, mas também devido às funções desempenhadas por cada indivíduo na colônia. 18 Tabela 1: Tempo de retenção de cada alcano presente na solução padrão de alcanos lineares de C7 a C40 a 4 µg mL-1 determinados por CG-DIC. Alcano Nomenclatura Tempo de retenção Alcano Nomenclatura Tempo de retenção C7 C8 C9 C10 n-heptano n-octano n-nonano n-decano 4,36 min 5,37 min 7,48 min 9,95 min C24 C25 C26 C27 n-tetracosano n-pentacosano n-hexacosano n-heptacosano 32,68 min 33,77 min 34,89 min 36,10 min C11 C12 C13 C14 C15 C16 n-undecano n-dodecano n-tridecano n-tetradecano n-pentadecano n-hexadecano 12,37 min 14,62 min 16,66 min 18,56 min 20,33 min 22,01 min C28 C29 C30 C31 C32 C33 n-octacosano n-nonacosano n-triacontano n-hentriacontano n-dotriacontano n-tritriacontano 37,45 min 39,01 min 40,80 min 42,91 min 45,50 min 48,51 min C17 C18 C19 C20 C21 C22 n-heptadecano n-octadecano n-nonadecano n-eicosano n-heneicosano n-docosano 23,57 min 25,06 min 26,48 min 27,83 min 29,12 min 30,35 min C34 C35 C36 C37 C38 C39 n-tetratriacontano n-pentratriacontano n-hexatriacontano n-heptatriacontano n-octatriacontano n-nonatriacontano 51,23 min 53,77 min 56,69 min 60,07 min 64,03 min 68,70 min C23 n-tricosano 31,55 min C40 n-tetracontano 74,20 min 5 4 3 2 Raiz canônica 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias Raiz Canônica 1 Figura 1: Análise discriminante baseada nas áreas dos picos dos alcanos lineares, obtidas por CG-DIC, presentes na cutícula das vespas de M. consimilis de 1, 2, 3, 4 e 5 dias após emersão. 19 Tabela 2: Valores estatísticos da análise discriminante para os alcanos, determinados por CG-DIC, presentes nas cutículas de vespas de M. consimilis recém-emergidas e os valores de concentração em % de área para os compostos significativos por dias. Coeficientes Canônicos Raiz 1 Raiz 2 Wilk’s Lambda P< C15 n-pentadecano 0,008 0,000 C16 n-hexadecano C17 n-heptadecano C18 n-octadecano C19 n-nonadecano 0,003 0,004 0,004 0,004 ns ns ns ns C20 0,011 0,000 C21 n-heneicosano 0,004 ns C23 n-tricosano 0,005 C24 n-tetracosano HC Nomenclatura % área relativa 1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias -0,598 -2,498 0,084 ±0,032 0,109 ±0,063 0,149 ±0,072 0,193 ±0,054 0,064 ±0,019 1,175 0,031 7,634 ±7,679 3,462 ±1,575 3,654 ±1,080 19,903 ±5,249 47,908 ±9,510 0,025 0,750 1,278 0,005 0,008 0,520 2,035 C25 n-pentacosano 0,005 0,006 -0,572 -2,703 37,211 ±7,268 0,714 ±0,160 10,613 ±2,245 35,259 ±10,259 0,769 ±0,405 10,807 ±2,029 42,139 ±12,563 0,914 ±0,265 10,670 ±1,082 24,702 ±11,741 0,584 ±0,274 10,423 ±1,328 18,492 ±12,452 0,179 ±0,047 5,863 ±1,973 C26 n-hexacosano 0,004 ns C27 n-heptacosano 0,005 0,012 0,964 1,311 11,004 ±4,532 13,915 ±6,151 14,901 ±5,625 17,373 ±5,689 14,057 ±6,003 C28 C29 C30 0,004 0,004 0,004 ns ns ns n-eicosano n-octacosano n-nonacosano n-triacontano HC = hidrocarboneto; ns = não significativo. Tabela 3: Dados estatísticos da análise discriminante para os compostos obtidos por CG-EM: 9octadecenoato de etila; 9,12-octadecenoato de etila; octadecanoato de etila e cholestra-3,5 dieno e seus valores médios de concentração em % de área. Coeficientes Canônicos Raiz 1 Raiz 2 Wilk’s Lambda P< 9-octadecenoato de etila 0,000 0,496 -0,018 -0,033 9,12-octadecenoato de etila 0,000 0,001 -0,220 -0,034 otadecanoato de etila 0,000 0,000 -0,334 0,946 cholestra-3,5 dieno 0,000 0,000 0,964 0,326 Compostos 20 % área relativa 1 dia 88,993 ±0,108 0,646 ±0,010 0,000 ±0,000 10,361 ±0,104 2 dias 89,393 ±1,738 5,815 ±1,804 0,000 ±0,000 4,793 ±0,077 3 dias 85,661 ±13,234 8,369 ±7,752 0,000 ±0,000 5,971 ±5,483 4 dias 90,235 ±12,378 9,162 ±11,682 0,267 ±0,3019 0,335 ±0,402 5 dias 94,404 ±1,620 5,247 ±1,629 0,348 ±0,013 0,000 ±0,000 35 30 25 Raiz Canônica 2 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 -100 -50 0 50 100 150 1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias Raiz Canônica 1 Figura 2: Análise discriminante das áreas dos compostos: 9-octadecenoato de etila; 9,12-octadecenoato de etila; octadecanoato de etila e cholestra-3,5 dieno obtidas por CG-EM para vespas M. consimilis de 1 a 5 dias de emergência. 7 6 5 Raiz Canônica 2 4 3 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -4 -2 0 2 4 6 8 10 Rainhas Machos Operárias Raiz Canônica 1 Figura 3: Diagrama de dispersão da análise discriminante dos alcanos lineares obtidos por CG-DIC, presentes na cutícula de vespas de M. consimilis por distinção de castas. 21 Tabela 4: Dados estatísticos da análise discriminante para os alcanos mais significativos responsáveis pela distinção de castas em M. consimilis e seus valores médios de % em área por CG-DIC. HC C15 C16 C17 C18 C19 C21 C23 C24 C25 C26 C27 C28 C29 C30 Nomenclatura n-pentadecano n-hexadecano n-heptadecano n-octadecano n-nonadecano n-heneicosano n-tricosano n-tetracosano n-pentacosano n-hexacosano Wilk’s Lambda P< 0,075 0,066 0,106 0,0688 0,113 0,070 0,223 0,069 0,066 0,068 0,002 ns 0,000 ns 0,000 0,028 0,0000 ns ns ns Coeficientes Canônicos Raiz 1 Raiz 2 % área relativa Rainhas Machos Operárias -0,564 0,111 0,084 ±0,043 0,092 ±0,053 0,160 ±0,113 1,561 -0,973 0,319 ±0,135 0,551 ±0,159 0,563 ±0,371 -1,351 -0,253 1,235 0,152 -0,296 0,315 0,233 ±0,150 0,930 ±0,261 1,706 ±2,285 0,270 ±0,068 0,420 ±0,339 12,676 ±10,922 5,028 ±9,651 36,417 ±8,423 6,593 ±10,507 n-heptacosano 0,101 0,000 -0,434 n-octacosano 0,096 0,000 1,351 n-nonacosano 0,071 0,022 0,211 n-triacontano 0,084 0,000 -1,945 HC = hidrocarboneto; ns = não significativo 1,778 -3,833 0,659 0,968 38,108 ±3,528 2,148 ±0,801 47,564 ±4,546 0,830 ±0,523 17,442 ±7,511 27,551 ±13,117 1,379 ±0,7327 3,736 ±2,258 17,742 ±5,773 43,738 ±16,602 0,456 ±0,157 1,980 ±1,886 Referências bibliográficas ABDALLA, F. 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Resumo Feromônios são utilizados pelos insetos como um meio de comunicação química agindo no indivíduo receptor produzindo respostas comportamentais ou fisiológicas específicas, sendo assim fundamentais para o reconhecimento intra e interespecífico. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar as diferenças interespecíficas entre os perfis de hidrocarbonos lineares da cutícula de 3 espécies de vespa do gênero Mischocyttarus e a estratégia química de uma delas para mimetizar a assinatura química de outra. Os hidrocarbonos cuticulares presentes nos abdomens de cada indivíduo foram extraídos com hexano em banho ultrassônico e analisados por cromatografia gasosa com detector de ionização em chama. Os resultados permitem inferir que as 3 espécies de vespa apresentam assinaturas químicas distintas quanto aos alcanos lineares de suas cutículas. No entanto, essas assinaturas são mais próximas entre aquelas que apresentam aspectos morfológicos e comportamentais semelhantes. Nestas ocorre, em parte devido a estas semelhanças, uma interação de parasitismo facultativo em que a invasora adquiri parte da assinatura química da colônia hospedeira e esta tem sua própria assinatura química alterada a partir do 25 primeiro contato entre ambas, sugerindo assim uma estratégia química para aumentar o sucesso da invasora em ser aceita por fêmeas da colônia hospedeira. Palavras-chave: parasitismo facultativo, alcanos lineares, cromatografia gasosa. Abstract Pheromones are used by insects as a chemical communication mean acting on the individual receptor producing specific behavioral or physiological answers, being like that fundamentals to the intra- and inter-specific recognition. So, this paper had as objective to evaluate the interspecific differences between the linear hydrocarbons profiles of the cuticle of 3 wasp species of Mischocyttarus genus and the chemical strategy of one of them to mimicry the chemical signature of the other one. The cuticular hydrocarbons present on the abdomen of each individual were extracted with hexane in ultrasonic bath and analyzed by gas chromatography with flame ionization detector. The results allow inferring that the 3 wasp species show distinct chemical signatures as the linear hydrocarbons of their cuticles. However, these signatures are closer to those who show similar morphological and behavioral aspects. In those occur, in part due to this similarities, an interaction of facultative parasitism in which the invader acquire part of the chemical signature of the host colony and this has its own chemical signature changed by first contact between both species, so suggesting a chemical strategy to increase the invader success to be accepted by females of host colony. Keywords: facultative parasitism, linear alkanes, gas chromatography. Introdução Os insetos sociais apresentam divisão de trabalho, sobreposição de geração e cuidado cooperativo com a prole (ROSS & MATTHEWS, 1991). Para o desenvolvimento das diversas tarefas em suas colônias são necessárias interações entre os indivíduos, assim, ao longo da evolução foram desenvolvidos mecanismos de comunicação química por meio de feromônios. Estes compostos agem no indivíduo receptor produzindo respostas comportamentais ou fisiológicas específicas, sendo importantes tanto na comunicação intraespecífica quanto interespecífica (GULLAN & CRANSTON, 2007). Dessa forma os feromônios exercem uma função chave em muitos aspectos da vida de um inseto e são geralmente divididos em dois tipos: substâncias leves e voláteis secretadas por glândulas e cadeias de hidrocarbonos encontradas na cutícula (HOWARD, 26 1993). Os hidrocarbonos cuticulares (HC) envolvem uma grande variedade de compostos tais como: hidrocarbonetos insaturados e uma série de hidrocarbonetos lineares saturados com ramificações (SLEDGE et al., 2001). A variação na composição química da cutícula permite o reconhecimento de companheiros e não-companheiros de ninho (GAMBOA, 1996), sendo possível também, distinguir: larvas de suas próprias colônias (COTONESCHI et al., 2007); operárias de acordo com sua função (ABDALLA et al., 2003; ANTONIALLI-JUNIOR et at., 2008); assinaturas coloniais (TANNURE-NASCIMENTO et al., 2007) e mesmo distinguir espécies (ANTONIALLI-JUNIOR et at., 2007). Além disso, Espelie & Hermann (1990) constataram que elementos dos substratos dos ninhos contêm hidrocarbonos similares e ou complementares aqueles que recobrem a cutícula dos indivíduos adultos, tendo também papel importante no reconhecimento intra e interespecífico. Vespas sociais Polistinae apresentam colônias fundadas por uma única fêmea ou por mais de uma fêmea com fundação do tipo independente (ROSS & MATTHEWS, 1991). Por outro lado, algumas espécies de vespas eusociais podem ao invés de iniciar suas próprias colônias apossar-se de colônias alheias que apresentem por parte da(s) fundadora(s) baixa motivação defensiva (NONACS & REEVE, 1995). O parasitismo facultativo intra e ou interespecífico já foi descrito em vespas na família Polistinae: em Vespula, Polistes e Michocyttarus (TINAULT & RUANO, 1999). No gênero Michocyttarus foi descrito casos de parasitismo intraespecífico nas espécies Mischocyttarus flavitarsus (LITTE, 1979) e Mischocyttarus mexicanus (CLOUSE, 1995). No comportamento de parasitismo social, além da espécie invasora exibir aspectos morfológicos e comportamentais similares a hospedeira usa como estratégia, esfregar a parte posterior do seu abdômen contra o ninho para adquirir parte do “cheiro” do substrato do ninho, imitando assim a assinatura química daquela colônia sendo capaz de ser aceita pelos indivíduos hospedeiros (CERVO & DANI, 1996; GAMBOA, 1996; LORENZI et al., 2011). Mischocyttarus consimilis Zikán (1949) é uma vespa neotropical que vem sendo estudada recentemente por Montagna et al. (2009); Montagna et al. (2010); Neves (2011), Torres et al. (2011), enquanto que os aspectos da biologia de Mischocyttarus cerberus Richards (1940) foram descritos por Giannotti (1998); Giannotti (1999); Silva & Noda (2000); Filho et al. (2011); Togni & Giannotti (2007); Togni & Giannotti (2008); Togni & Giannotti (2010). Fêmeas destas duas espécies compartilham similaridades morfológicas e 27 entre ninhos, diferindo tão somente no padrão de coloração do abdômen (GIANNOTTI, 1999; MONTAGNA et al., 2010). Diferentemente de M. lattior cujo aspecto morfológico das fêmeas é bem distinto das outras duas espécies (GARCETE-BARETT, 2001; HENRIQUE-SIMÕES et al., 2011). Dessa maneira, este trabalho teve como objetivo avaliar as diferenças interespecíficas entre os perfis de hidrocarbonos lineares da cutícula de 3 espécies de vespas sociais do gênero Mischocyttarus. Dentre elas, duas vem apresentando uma interação de parasitismo facultativo em todas as áreas onde as duas co-ocorrem, sendo assim, este trabalho também avaliou se há mimetismo da assinatura química como estratégia para a espécie parasita obter sucesso durante esta interação. Materiais e Métodos Coleta de material Para avaliar as diferenças dos perfis de hidrocarbonos cuticulares entre 3 espécies de vespas, as colônias foram coletadas de várias localidades da região do Estado de Mato Grosso do Sul (Bodoquena/MS, 20°32’19’’S, -56°42’54’’W, Baytaporã/MS, 22º13’16”S, 54º48’20”W, Dourados/MS, 22°13’16 “S, 54°48’20” W) e de uma região do estado de São Paulo (Piracicaba/SP, -22°42'30"S, 47°38'01"W) sem qualquer interação entre elas, sendo 3 colônias de M. cerberus, 4 de M. consimilis e 2 de M. latior. Avaliando diferentes colônias, de diferentes populações se obtêm resultados mais confiáveis sobre o perfil médio de hidrocarbonos dessas espécies. As colônias foram coletas com o auxílio de um saco plástico escuro que foi colocado sobre o ninho e que foi desprendido pelo pedicelo. As vespas foram anestesiadas por congelamento em freezer e em seguida foram extraídos abdomens de 4 a 10 indivíduos, dependendo do tamanho da população de cada colônia. Para avaliar o efeito da interação entre as espécies M. cerberus e M. consimilis durante o fenômeno de parasitismo facultativo, os perfis de hidrocarbonos cuticulares de todos os indivíduos de 2 colônias de M. cerberus invadidas por M. consimilis foram analisados. Análise química e estatística Os hidrocarbonos cuticulares de 75 abdomens foram extraídos em 2 mL de hexano (grau HPLC – VETEC) individualmente em banho ultrassônico por 30 min. Este processo foi realizado em duplicata. Em seguida, as duas frações foram unidas e o solvente 28 eliminado em capela de exaustão. O extrato seco foi dissolvido em 100 µL de hexano para análise por cromatografia gasosa com detector de ionização em chama (GC-FID; Thermo Scientific – Focus GC). O GC-FID foi equipado com uma coluna capilar OV-5 da marca Ohio, com composição de 5% fenil-dimetilpolisiloxano em sílica fundida capilar tendo as dimensões 30 m de comprimento x 0,25 mm de diâmetro x 0,25 µm de espessura de filme, usando nitrogênio como gás carregador à pressão constante de 0,8 bar. As análises foram realizadas em modo splitless com injeção de 1 µL, temperatura do injetor de 250oC e temperatura do detector de 320oC. O forno foi programado para alcançar temperatura final de 320 oC, começando a partir de uma temperatura inicial de 50oC e aumentando a uma velocidade de 5 oC min-1 até 85oC, depois aumentando a uma velocidade de 8oC min-1 até 300oC mantendo por 15 min, e até 320oC a uma velocidade de 10oC min-1 mantendo por 35 min. Os cromatogramas foram registrados pelo programa Chrom Quest 5.0 e analisados pelo programa Workstation Chrom Data Review. Os compostos químicos foram identificados baseados no padrão de hidrocarbonetos lineares de C7 a C40 (4 µg mL-1 em hexano) por comparação de tempos de retenção. A concentração de cada composto foi calculada pela área relativa, em porcentagem, referente às áreas dos picos dos alcanos C15 a C30. A análise de diferenciação das espécies foi feita pelas áreas dos picos correspondentes aos hidrocarbonetos de C15 a C30, por serem comuns a todas as espécies. A diferenciação foi realizada utilizando a análise de função discriminante stepwise pelo programa Statistica 7, indicada por selecionar um conjunto de variáveis que melhor diferenciam (caso exista diferença) os grupos analisados (QUINN & KEOUGH, 2002). Nesta análise a estatística Wilk’s Lambda é utilizada como medida da diferença entre os grupos, sendo que valores próximos a zero indicam que os grupos não se sobrepõem enquanto que valores próximos a um indicam elevada sobreposição entre os grupos e conseqüente inexistência de diferença significativa entre eles. Resultados e discussão A Figura 1 mostra a análise discriminante realizada nas áreas dos picos de alcanos lineares identificados e analisada no extrato da cutícula de abdomens de operárias de M. consimilis, M. cerberus e M. latior. O gráfico de dispersão aponta que as composições 29 químicas de perfil de hidrocarbonos das 3 espécies são distintos. De fato, os valores de Wilk’s lamba de 0,017 e de F de 23,064 demonstram que há diferenças significativas entre os perfis de hidrocarbono (p < 0,000), com raiz canônica 1 explicando 70% e juntamente com a raiz 2 explicam 100% dos dados. Estes resultados reforçam então, a importância do perfil de hidrocarbono no reconhecimento de sinais e distinção de espécies, corroborando as discussões de Howard & Blomquist (2005). Na Tabela 1 estão os alcanos lineares presentes e/ou ausentes nos perfis de hidrocarbono das 3 espécies, sendo que os alcanos de C35 até C40 não foram identificados em nenhuma das espécies estudadas. Os hidrocarbonetos de C15 a C30 foram os mais importantes para distinguir as espécies por estarem presentes nas 3 espécies, mas em concentrações diferentes (Tabela 1). Avaliando os resultados é possível perceber que a espécie M. latior distinguiu-se mais das outras duas espécies (Figura 1), principalmente, por conta do composto n-heptacosano (C27) presente nela em maior concentração. Por outro lado, houve uma maior sobreposição entre as espécies M. consimilis e M. cerberus, pois estas espécies também compartilham características morfológicas e comportamentais (GIANNOTTI, 1998; GIANNOTTI, 1999; SILVA & NODA, 2000; TOGNI & GIANNOTTI, 2007; TOGNI & GIANNOTTI, 2008; MONTAGNA et al., 2009; MONTAGNA et al., 2010; TOGNI & GIANNOTTI, 2010; FILHO et al., 2011; TORRES et al., 2011). Mas, os resultados demonstram que M. consimilis e M. cerberus possuem perfis de hidrocarbono distintos entre si (Figura 1). Os compostos n-nonacosano (C29) e ntriacontano (C30) são os que melhor definem, na seqüência, as posições das espécies M. consimilis e M. cerberus no gráfico de raiz canônica estando em maiores concentrações nessas espécies (Tabela 1). Dapporto et al., (2006) também encontraram elevadas concentrações de alcanos lineares com cadeias de carbonos de C23 a C33 em Ropalidia opifex. Em Polistes satan os alcanos lineares de n-heptacosano (C27), n-octacosano (C28) e n-tritriacontano (C33) foram mais significativos que alcanos com radical metila para separação de colônias (TANNURE-NASCIMENTO et al., 2007). A Figura 2 apresenta os resultados da análise discriminante para as espécies que possuem tendência para a interação de parasitismo, havendo uma separação relativamente nítida dos grupos, sendo que a análise de discriminação canônica detectou diferenças 30 significativas entre os perfis de hidrocarbonos lineares das espécies (Wilk’s Lambda de 0,036; valor de F de 8,792 com p < 0,000). Esta separação foi determinada pelos alcanos lineares C15; C19; C23; C26; C27; C29 e C30 (Tabela 2), sendo significativos para as duas raízes canônicas. Os perfis de hidrocarbono são distintos para as espécies de M. consimilis e M. cerberus, nas quais o composto n-heptacosano (C27) ocorre em maior concentração em M. consimilis e o composto n-triacontano (C30) em maior concentração em M. cerberus (Tabela 2). Por outro lado, a assinatura química dos indivíduos das duas espécies em colônias sob interação é similar (Figura 2), pois houve maior sobreposição dos dados estatísticos destes indivíduos, como já observado por Neves (2011). A similaridade dessas assinaturas químicas é definida pelo composto n-nonacosano (C29) presentes em alta concentração na cutícula de ambas as espécies coexistindo na colônia (Tabela 2). É possível, então, inferir que a espécie parasita adquiriu parte da assinatura química das colônias hospedeiras após os primeiros contatos, sobretudo, pelo contato com o substrato de seus ninhos (LORENZI & CERVO, 1992). Cervo & Lorenzi (1996) observaram que fêmeas de P. biglumis ao invadirem uma colônia hospedeira exibem freqüentemente o comportamento de vibrar seus abdomens contra o substrato do ninho hospedeiro, sugerindo que assim a espécie usurpadora passa a possuir odor similar ao da espécie hospedeira. É relevante notar, que a própria espécie hospedeira teve sua assinatura química alterada, após contato com a invasora (Figura 2), o que sugere que ambas as espécies sofrem alteração de suas assinaturas químicas pelo contato direto entre elas e com a estrutura do ninho. Neves (2011) também obteve os mesmos resultados. Assim, após os primeiros contatos entre as duas espécies, a concentração do composto n-nonacosano é alterada na cutícula do indivíduo em colônias sob interação. Fato similar ocorre em Polistes cuja concentração de hidrocarbonos ramificados presente no material do ninho foi alterada, segundo Lorenzi et al. (2011) devido à sobre marcação do ninho, primeiramente realizado pela rainha e, depois, pela usurpadora ao esfregar o gastér contra o ninho, intensificando a quantidade de hidrocarbonos presentes no material do ninho. A respeito disto, autores como Shellman & Gamboa (1982); Pfennig et al. (1983a); Pfennig et al. (1983b); Gamboa et al. (1986a); Gamboa et al. (1986b) constataram que para espécies do gênero Polistes manter contato com o substrato do ninho é importante para que 31 esses insetos possam reconhecer seus companheiros, já que os hidrocarbonos presentes na superficie do ninho são encontrados em proporções semelhantes aos da cutícula dos indivíduos adultos (ESPELIE & HERMANN, 1988; ESPELIE & HERMANN, 1990; ESPELIE et al., 1990; SINGER et al., 1992). Estes resultados, então permitem inferir que as 3 espécies de vespas apresentam assinaturas químicas distintas, ao menos quanto aos hidrocarbonos lineares de suas cutículas. No entanto, essas assinaturas são mais próximas naquelas que apresentam aspectos morfológicos e comportamentais semelhantes. Nestas ocorre, em parte devido a estas semelhanças, uma interação de parasitismo facultativo em que a invasora adquiri parte da assinatura química da colônia hospedeira e esta tem sua própria assinatura química alterada a partir do primeiro contato entre ambas, sugerindo assim uma estratégia química para aumentar o sucesso da invasora em ser aceita por fêmeas da colônia hospedeira. Conclusões Conclui-se que as assinaturas químicas das 3 espécies de vespas analisadas são distintas entre si embora, M. consimilis e M. cerberus possuam assinaturas mais próximas, provavelmente por serem também morfológica e comportamentalmente semelhantes. A interação de parasitismo facultativo que ocorre entre elas é devido não só a aspectos comportamentais, mas também a uma estratégia da espécie parasita mimetizar o perfil de HC da hospedeira. Contudo, esta interação acaba também por alterar a própria assinatura da espécie parasita. 32 4 3 2 Raiz Canônica 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 M. consimilis M. cerb erus M. Latior Raiz Canônica 1 Figura 1: Diagrama de dispersão da análise discriminante dos alcanos presentes nos perfis de HC das vespas de M. consimilis, M. cerberus e M. latior, mostrando a diferenciação das 3 espécies pelas duas raízes canônicas. 33 Tabela 1: Identificação dos hidrocarbonetos presentes e ausentes nos perfis de hidrocarbonos e os valores estatísticos da análise discriminante dos picos correspondentes aos alcanos mais significativos para diferenciação das espécies, seguido de seus valores médios de concentração em % de área. Presença ou ausência HC Nomenclatura M. cerberus 1 M. latior 0 Wilk’s Lambda P< - Coeficientes Canônicos % área relativa C7 n-heptano M. consimilis 1 C8 n-octano 1 1 0 - - - - - - - Raiz 1 Raiz 2 M. consimilis M. cerberus M. latior - - - - - - C9 n-nonano 1 1 1 - - - - - - - C10 n-decano 0 1 0 - - - - - - - C11 n-undecano 1 1 1 - - - - - - - C12 n-dodecano 0 0 1 - - - - - - - C13 n-tridecano 0 1 0 - - - - - - - C14 n-tetradecano 1 1 1 - - - - - - - C15 n-pentadecano 1 1 1 0,03 0,00 0,21 -1,53 0,11 ±0,07 0,44 ±0,46 0,06 ±0,02 C16 n-hexadecano 1 1 1 0,02 ns C17 n-heptadecano 1 1 1 0,02 0,02 -0,66 1,03 0,48 ±0,24 0,83 ±0,92 0,16 ±0,04 C18 n-octadecano 1 1 1 0,02 ns C19 n-nonadecano 1 1 1 0,02 ns C20 n-eicosano 1 1 1 C21 n-heneicosano 1 1 1 0,02 0,05 -0,17 -0,58 6,24 ±6,72 5,55 ±11,71 0,06 ±0,02 C22 n-docosano 1 1 1 C23 n-tricosano 1 1 1 0,02 ns C24 n-tetracosano 1 1 1 0,02 ns C25 n-pentacosano 1 1 1 0,02 ns C26 n-hexacosano 1 1 1 0,02 0,01 1,00 -1,40 0,71 ±1,18 3,37 ±3,79 3,48 ±0,89 C27 n-heptacosano 1 1 1 0,03 0,00 1,10 0,51 17,59 ±11,70 12,41 ±9,40 73,54 ±11,35 C28 n-octacosano 1 1 1 0,02 ns C29 n-nonacosano 1 1 1 0,02 0,02 -0,56 0,28 46,32 ±22,00 39,13 ±18,45 11,67 ±8,01 C30 n-triacontano 1 1 1 0,02 0,02 0,36 -0,58 1,74 ±1,17 13,42 ±6,78 0,66 ±0,27 C31 n-hentriacontano 1 1 1 - - - - - - - C32 n-dotriacontano 1 1 1 - - - - - - - C33 n-tritriacontano 1 1 0 - - - - - - - 1 1 0 - - - - - - - C34 n-tetratriacontano HC = hidrocarboneto;ns = não significativo 34 4 3 2 Raiz Canônica 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -4,5 -3,0 -1,5 0,0 1,5 3,0 4,5 6,0 7,5 M. consimilis M. cerb erus M. consimilis em interação M. cerb erus em interação Raiz Canônica 1 Figura 2: Diagrama de dispersão da análise discriminante mostrando a diferenciação das duas espécies de vespa do gênero Mischocyttarus pelas duas raízes canônicas com base nos perfis de HC de M. consimilis, M. cerberus em colônias com e sem interação. Tabela 2: Dados estatísticos da análise discriminante para os alcanos mais significativos responsáveis pela distinção das espécies M. consimilis e M. cerberus e dos indivíduos em interação sob ação parasita juntamente com seus valores médios de % em área. HC Nomenclatura Wilk’s Lambda P< Coeficientes Canônicos Raiz 1 Raiz 2 % área relativa M. consimilis M. cerberus Em interação C15 C16 C17 C18 n-pentadecano n-hexadecano n-heptadecano n-octadecano 0,07 0,04 0,03 0,04 0,00 ns ns ns 1,36 -0,09 0,11 ±0,07 0,46 ±0,04 0,25 ±0,18 C19 C20 C21 C22 C23 C24 n-nonadecano n-eicosano n-heneicosano n-docosano n-tricosano n-tetracosano 0,04 0,02 0,08 -0,49 0,31 ±0,25 0,25 ±0,14 2,17 ±2,64 0,04 ns 0,06 0,04 0,00 ns -0,31 -0,52 16,59 ±18,88 8,08 ±15,29 19,96 ±24,46 C25 C26 C27 C28 C29 C30 n-pentacosano n-hexacosano n-heptacosano n-octacosano n-nonacosano n-triacontano 0,04 0,05 0,04 0,04 0,05 0,06 ns 0,00 0,01 ns 0,00 0,00 2,96 -0,24 -0,38 0,74 0,73 ±1,17 18,23 ±13,02 3,37 ±3,79 12,41 ±9,40 0,89 ±1,36 6,28 ±3,00 -0,41 0,88 -0,69 0,84 45,10 ±22,15 1,68 ±1,16 39,13 ±18,45 13,42 ±6,77 54,96 ±22,98 2,14 ±1,08 HC = hidrocarboneto;ns = não significativo 35 Referências bibliográficas ABDALLA, F. C.; JONES, G. R.; MORGAN, E. D.; CRUZ-LANDIM C. 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