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História pública e ensino
de História
Marta Gouveia de Oliveira Rovai - Professora
Especialista em História Colaboradora convidada pelo
Instituto Qualidade no Ensino
Uma temática que tem tomado conta dos
debates acadêmicos é aquela em torno da
chamada História Pública. Cada vez mais
eventos têm sido organizados para se pensar
este novo
conceito, que envolve não apenas
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interdisciplinaridade dos mais diversos
especialistas. Busca-se pensar a história pública
como possibilidade de difundir o conhecimento
histórico – de maneira responsável e integrada
– para amplas audiências; por meio de arquivos,
centros de memória, museus, televisões,
rádios, editoras, jornais, revistas, organizações
governamentais e não governamentais, além da
própria sala de aula.
O conceito de história pública não é novo, mas a
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sobre sua importância teve origem na
Inglaterra, nos anos 1970, e ganhou espaço no
Canadá, Austrália, Itália, África do Sul e Estados
Unidos. Na Europa, emergiu como prática do uso
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historiadores ingleses cultivaram a prática de
uma história voltada para a inter-relação entre
memória e narrativa, valorizando a construção
de identidades coletivas. A emergência da
história pública não implicou na eliminação
da ciência histórica, mas procurou estimular
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de motivar a consciência histórica para um
público amplo, inclusive nas
escolas.
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passam pela necessidade de se colocar o
conhecimento acadêmico e comunitário na
arena pública; lidar com um público diverso e
com as
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discursos múltiplos, e tornar o ensino de
História uma forma de democratizar o saber
histórico.
Deve-se salientar que fazer história pública
não é só ensinar e divulgar determinado
conhecimento. Pressupõe pluralidade de
disciplinas e integração de recursos diversos.
É um
novo caminho de conhecimento e prática, de
como se fazer história, não só pensando na
preservação da cultura material, mas em como
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sua própria história, a relação entre passado
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para o presente.
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debate sobre história pública continua a render
frutos e pode ser ampliado e enriquecido. O
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por meios do contato com arquivos e
acervos, visita a museus para além da mera
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cinema e a história oral como formas narrativas
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entorno da escola. Isso tudo sem, no entanto,
perder a seriedade e o compromisso com a
produção de saberes. A pergunta que deve ser
feita na realização dessas práticas é como a
academia e a escola podem, em seu interior e
a partir de seus pressupostos, colaborar para
gerar uma história mais humana e democrática
fora delas. Ou, ainda, como podem contribuir
para a publicização da história sem reduzi-la à
mera curiosidade ou à leitura rasa dos fatos.
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dos manuais didáticos em livros de caráter
popularesco, atendendo a um mercado de
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fatos sem a menor análise das obras por parte
de docentes em sala de aula, assim como a
utilização de entrevistas orais com membros
da comunidade ou a escolha de objetos
patrimoniais sem o devido debate conceitual
com os alunos.
Para que esses processos mais democráticos
aconteçam é necessário o estabelecimento de
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histórica e o desenvolvimento de uma “história
didática” que estimule a formação de uma
“consciência histórica” ou uma história mais
participativa e colaborativa
com a comunidade dentro e fora do espaço
escolar. Considera-se, assim, a necessidade da
não supressão da ciência em favor da história
pública, porém, o desejo de pensar uma ponte
de comunicação com a recepção social do
trabalho acadêmico e a sua reinvenção pela
cultura escolar.
A história pública é um conceito escorregadio
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compromisso acadêmico e social
do professor. A prática da história pública como
“apresentação popular do passado para uma
gama de audiências” se relaciona com a forma
como adquirimos nosso senso do passado,
colaborando para nosso posicionamento sobre
o presente e o futuro frente a questões que
dizem respeito a problemas sociais, tradições
culturais, hábitos, demandas de gênero e de
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isso, lidar com essa condição é desenvolver a
“consciência de comunicar-se apropriadamente
com o público” para além da história como
entretenimento.
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