“GASES: UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR” DANIELLE PATRÍCIA NASCIMENTO DE OLIVEIRA (IC)1 ILTON SÁVIO BATISTA MARTINS (IC)1 JACKSON DA SILVA SANTOS (PG)1 KATIA LIDIANE DA SILVA (PG)1 MARIA DO CÉU AZEVEDO DA SILVA (IC)1 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ([email protected]) INTRODUÇÃO Ao longo dos anos vem se discutindo tanto na mídia como na comunidade cientifica tudo a respeito das questões ambientais. Dentro desta problemática, podemos destacar os efeitos causados pelos gases, tais como: efeito estufa, chuva ácida, alterações climáticas, diminuição da qualidade do ar, problemas de saúde, dentre outros. Entre os gases mais conhecidos, o que é mais divulgado é o gás carbônico (CO2), porém tentaremos mostrar de forma interdisciplinar em química, física, geografia e biologia, a influência deste e de outros gases, tais como CH4, SO2, NO2, CFC e O3, e suas implicações ambientais. OBJETIVO Mostrar a relação estabelecida entre as disciplinas química, física, geografia e biologia, utilizando como tema gerador o assunto “gases”. Demonstrar que não é possível analisar um determinado assunto em certa disciplina acadêmica sem levar em consideração os aspectos de outras disciplinas, ou seja, elas estão interligadas e os educadores devem ter um “olhar holístico” e uma visão complexa. METODOLOGIA A metodologia utilizada é a bibliográfica e exploratória em que foram analisados materiais que continham assuntos relacionados a gases sem ser específico, mas abrangendo um contexto entre as disciplinas elencadas acima mostrando a conexão e a interdisciplinaridade entre estas e o tema gerador. DESENVOLVIMENTO Muitos gases estufas têm origem natural, em adição às fontes antropogênicas. Existem mecanismos naturais poderosos para a sua remoção da atmosfera. Entretanto, devido ao contínuo crescimento da sua concentração, mais gases estão sendo liberados para a atmosfera do que absorvidos pelos sistemas naturais, ver tabela 1. Tabela 1 – Fontes globais naturais e antropogênicas e absorção de gases estufas. Gases (milhões t) estufas Gás carbônico Fontes Natural Antropogênica 150.000 Metano 110 – 210 Absorção anual 7.100 300 - 154.000 Crescimento 3.100 - 3.500 460 – 660 35 - 40 450 Fonte: IPCC, 1996 (p. 17-19). Gás Carbônico: O gás carbônico é um composto comum no planeta, e imensas quantidades podem ser encontradas na atmosfera, nos solos, em rochas carbonatadas, e dissolvidas na água oceânica. Na Terra, todos os seres vivos participam do ciclo do carbono, no qual o gás carbônico é extraído do ar pelas plantas e algas que o decompõem em carbono e oxigênio. O carbono é incorporado à biomassa das plantas e algas, formando carboidratos, e o oxigênio é liberado para a atmosfera em sua forma molecular (O2). A biomassa se oxida e o gás carbônico retorna para a atmosfera ou armazena o carbono orgânico no solo, nas rochas ou em outros produtos orgânicos. Assim, o ciclo do carbono envolve a sua assimilação pelas plantas como gás carbônico, seu consumo na forma de tecidos e animais, sua liberação por meio da respiração, e seu acúmulo na biomassa e em reservatórios de longa duração como combustíveis fósseis. Segundo o IPCC (1996), pesquisas feitas com amostras de gelo antártico indicam que esse ciclo passou a perder o seu estado de equilíbrio nos últimos 200 anos, com a emissão de gás carbônico excedendo a capacidade de absorção pelos sistemas naturais da Terra (fotossíntese e absorção oceânica) ver tabela 2. Tabela 2 – Fonte de emissão de gás carbônico. Fontes Liberação pelos oceanos (bilhões t/ ano) 90 Decaimento aeróbico (vegetação) 30 Respiração (plantas e animais) 30 Fontes antropogênicas 7 Fonte: IPCC, 1996. A principal fonte antropogênica de emissão de gás carbônico é a queima de combustíveis fósseis, responsáveis por aproximadamente 3/4 dessas emissões. Metano: O metano é um gás-traço da atmosfera terrestre (constituinte em menor quantidade), radiativo e quimicamente ativo. O metano absorve radiação no infravermelho (calor) e ajuda a aquecer a Terra. Participa de reações químicas na atmosfera, influenciando na concentração de ozônio troposférico e vapor de água estratosférico, ambos os gases causadores de efeito estufa. Portanto, o aumento de sua concentração na atmosfera terrestre tem implicações importantes para o efeito estufa e as alterações climáticas globais. Além do mais, um grama de metano produz o impacto causado por 60 gramas de gás carbônico, tornando-o um gás de alto potencial de aquecimento global (Global Warning Potential –GWP). A sua concentração na atmosfera pode aumentar com o aquecimento global, uma vez que o aumento da temperatura faz desprender mais metano dos pântanos, lixões e outros meios para a atmosfera. A sua concentração é determinada pelo balanço entre suas taxas de emissão e remoção. O aumento da sua concentração indica que a taxa de entrada excede a taxa de remoção. A principal fonte de absorção é a sua combinação atmosférica, resultando em gás carbônico, e por meio da decomposição por bactérias no solo. O metano é vinte vezes mais efetivo que o gás carbônico na absorção de calor. O metano é gerado por uma variedade de complexos sistemas geoquímicos e biológicos. As emissões desses sistemas variam de acordo com o resultado de práticas de manejo, climas e condições físicas que se alteram diária, sazonal e anualmente. Como resultado, as emissões de metano podem variar muito em função do lugar e do tempo. Baseando-se em anos de medidas detalhadas da concentração do metano na atmosfera e na taxa estimada de destruição de metano, a entrada anual desse gás pode ser calculada. A tabela seguinte expressa as diversas fontes globais de emissão de metano e as suas respectivas contribuições. Tabela 3 - Fontes globais de emissão de metano Fonte Terras úmidas (saturadas) % 23 Gado domesticado 16 Cultivo de arroz 12 Sistemas petróleo/ gás 10 Minas de carvão 8 Queima de biomassa 8 Lixões 6 Tratamento de esgoto 5 Estrume de gado 4 Oceanos e água fresca 3 Fonte: EPA, 1998(adaptado de gráfico). Comparação entre o gás carbônico e o metano: Ligação Química: Apesar do CO2 e o CH4 serem gases, eles tem algumas semelhanças e diferenças. Esses gases são diferentes em relação à geometria. O CO2 tem geometria linear enquanto o CH4 tem geometria tetraédrica. Já em relação às polaridades das moléculas ambas são apolares, pois os momentos dipolares resultantes são iguais a zero. Reação Química: A reação estabelecida entre esses gases pode ser entendida como uma forma simplificada de uma reação de combustão completa do metano sem a formação de intermediários para facilitar a compreensão desta reação. A reação se processa da seguinte forma: uma molécula de metano reage com duas moléculas de oxigênio produzindo uma molécula de gás carbônico e duas moléculas de água no estado de vapor. CH4 +2O2 → CO2 +2H2O Podemos analisar por esta reação que quanto maior for o consumo de metano maior será a produção de gás carbônico para a atmosfera. Dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio: Esses são os poluentes que geram os ácidos sulfúrico (H2SO4) e nítrico (HNO3) produzidos pela queima de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão, e que são responsáveis pela chuva ácida, segundo as equações: S + O2 → SO2 (combustão) SO2 + 1/2O2 → SO3 (oxidação) SO3 + H2O → H2SO4 (hidratação) 2NO + O2 → 2NO2 (oxidação) 2NO2 + H2O → HNO3 + HNO2 (hidratação) As conseqüências da chuva ácida para a população humana, podem ser econômicas, sociais ou ambientais. Tais conseqüências são observáveis principalmente em grandes áreas urbanas, onde ocorrem patologias que afetam o sistema respiratório e sistema cardiovascular, e, além disso, causam destruição de edificações e monumentos, através da corrosão pela reação com ácidos. Estima-se que as chuvas ácidas contribuam para a devastação de florestas e lagos, sobretudo aqueles situados nas zonas temperadas ácidas. Clorofluorcarbonetos e ozônio: Os clorofluorcarbonetos (CFCs) são encontrados principalmente em sistemas de refrigeração, “spray”, fabricação de espumas plásticas e solventes usados na limpeza de circuitos eletrônicos. Segundo Kandel: “as moléculas de CFC tem a mesma estrutura do CH4, mas possuem, em volta do átomo de carbono, átomos de cloro e flúor no lugar dos de hidrogênio, e tem uma duração de vida muito longa. Quando atingem a estratosfera, elas participam de um ciclo de destruição catalítica do ozônio (O3), revelada pela descoberta em 1985 do “buraco” de ozônio acima do Antártico. A implicação dos CFC nessa destruição levou à adoção em 1987 do Protocolo de Montreal, colocando fim à sua produção”. Além da destruição da camada de ozônio os CFCs podem causar outras conseqüências como câncer de pele, catarata e danos à vegetação. CONCLUSÃO Os professores poderiam comunicar-se entre si, para que houvesse uma maior sinergia na hora de ensinar determinados assuntos em suas aulas,como por exemplo o tema gerador gases e com isso mostrar que uma disciplina é complementar da outra. Faz-se necessário uma abordagem mais ampla sobre o estudo dos gases, contribuindo assim para despertar, no aluno, uma visão critica sobre o conhecimento ambiental e suas implicações na qualidade de vida. BIBLIOGRAFIA FELTRE, Ricardo.Química , Vol. Único.São Paulo: Editora Moderna,1998. FERRE, Juan. Química novos tempos. São Paulo: Scipione, 2001. SALVADOR, Edgar. Química geral.São Paulo: Editora Saraiva,1995. DIAS, Genebaldo Freire. Pegada ecológica e sustentabilidade humana.São Paulo: Gaia, 2002. SARDELLA, Antônio. Química. 5ª Edição, Vol. Único.São Paulo: Editora Ática, 2003 KANDEL, Robert. O reaquecimetno climático. Ed. Loyola. São Paulo, 2007 MOTA, Suetônio. Introdução à engenharia ambiental. 2ª Edição. São Paulo. Editora ABES, 2000.