União de Ensino Superior de Campina Grande Faculdade de Campina Grande – FAC-CG Curso de Fisioterapia Glicólise e Gliconeogênese Profa. Dra. Narlize Silva Lira Cavalcante Importância da Glicólise no Metabolismo ♦ A glicose ocupa posição central no metabolismo de plantas, animais e muitos microrganismos; ♦ Ela é relativamente rica em energia potencial e, por isso, é um bom combustível; ♦ Por meio de armazenamento da glicose como um polímero de alta massa molecular, a célula pode estocar grandes quantidades de hexose, enquanto mantém a osmolaridade citosólica relativamente baixa. Importância da Glicólise no Metabolismo ♦ Quando a demanda de energia aumenta, a glicose pode ser liberada desses polímeros de armazenamento intracelulares e utilizada para produzir ATP (Trifosfato de Adenosina); ♦ A glicose não é apenas um excelente combustível, é também um precursor versátil, capaz de suprir uma enorme variedade de intermediários metabólicos em reações biossintéticas. (LEHNINGER, 2011) Importância da Glicólise no Metabolismo ♦ Em animais e em vegetais vasculares, a glicose possui quatro destinos principais: Matriz extracelular e polissacarídeos da parede celular Glicogênio, amido, sacarose Armazenamento Síntese de polímeros estruturais Glicose Oxidação pela via da pentose-fosfato Ribose-5-fosfato Oxidação por glicólise Piruvato (LEHNINGER, 2011) Fermentação ♦ É a degradação anaeróbica da glicose ou de outros nutrientes para obtenção de energia, conservada como ATP; ♦ Como os organismos vivos surgiram inicialmente em uma atmosfera sem oxigênio, a quebra anaeróbica da glicose provavelmente é o mecanismo biológico mais antigo de obtenção de energia a partir de moléculas orgânicas combustíveis; (LEHNINGER, 2011) Glicólise ♦ Do grego glykys, “doce” ou “açúcar”, e lysis, “quebra”; ♦ É um processo no qual uma molécula de glicose é degradada em uma série de reações catalisadas por enzimas, gerando duas moléculas do composto com três átomos de carbono, o piruvato; Piruvato Glicólise ♦ Durante as reações sequenciais da glicólise, parte da energia livre da glicose é conservada na forma de ATP e NADH. ATP (Adenosina Trifosfato) NADH (Dinucleótido de nicotinamida e adenina ) (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase Preparatória Uma Visão Geral: A glicólise tem duas fases ♦ A quebra da glicose, formada por seis átomos de carbono, em duas moléculas de piruvato, cada uma com três átomos de carbonos, ocorre em 10 etapas, sendo que as 5 primeiras constituem a fase preparatória e Fase de Compensação as 5 últimas a fase de compensação; (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase Preparatória Uma Visão Geral: A glicólise tem duas fases ♦ Para cada molécula de glicose, dois ATPs são consumidos na fase preparatória e quatro ATPs são produzidos na fase de compensação, dando um rendimento líquido de dois ATPs por molécula de glicose convertida em Fase de Compensação piruvato. (LEHNINGER, 2011) Glicólise Destinos do Piruvato: Glicose ♦ Com exceção de algumas variações, o piruvato formado na glicólise é mais adiante metabolizado por três rotas catabólicas; Hipoxia ou Condições anaeróbias 2 Etanol + 2 CO2 2 Piruvato Condições anaeróbicas Condições aeróbicas 2 Lactato 2 CO2 Fermentação até etanol na levedura 2 Acetil-CoA Ciclo do ácido cítrico Fermentação até lactato no músculo em contrações vigorosa, nos eritrócitos, em algumas outras células e em alguns microorganismos 4 CO2 + 4 H2O Animais, vegetais e muitas células microbianas sob condições aeróbias (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase Preparatória da Glicólise: Fase Preparatória ♦ Duas moléculas de ATP são consumidas, e a cadeia carbônica da hexose é clivada em duas trioses-fosfato; 1. Fosforilação da Glicose: ♦ Na primeira etapa da glicólise, a glicose é ativada para reações subsequentes, pela fosforilação em C-6 formando Fase de Compensação glicose-6-fosfato, com ATP como doador de grupo fosforil: Hexocinase Glicose Glicose-6-fosfato (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase Preparatória da Glicólise: Fase Preparatória 2. Conservação de Glicose-6-fosfato a frutose-6-fosfato: ♦A enzima fosfo-hexose-isomerase (fosfoglicose- isomerase) catalisa a isomerização reversível da glicose6-fosfato, uma aldose, a frutose-6-fosfato, uma cetose: Fase de Compensação Fosfo-hexoseisomerase Glicose-6-fosfato Frutose-6-fosfato (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase Preparatória da Glicólise: Fase Preparatória 3.Fosforilação da frutose-6-fosfato a frutose-1,6-bifosfato: ♦ Na segunda das duas reações preparatórias da glicólise, a enzima fosfofrutocinase-1 (PFK-1) catalisa a transferência de um grupo fosforil do ATP para a frutose-6-fosfato, formando frutose-1,6-bifosfato: Fase de Compensação Fosfofrutocinase-1 (PFK-1) Frutose-6-fosfato Frutose-1,6-bifosfato (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase Preparatória da Glicólise: Fase Preparatória 4. Clivagem da Frutose-1,6-bifosfato: ♦ A enzima frutose-1,6-bifosfato-aldolase, frequentemente chamada simplesmente de aldolase, catalisa uma condensação reversível. A frutose-1,6bifosfato é clivada para a formação de duas triosesfosfato diferentes, o gliceraldeído-3-fosfato, uma aldose, e Fase de Compensação a diidroxiacetona-fostato, uma cetose: Aldolase Frutose-1,6-bifosfato Diidroxiacetonafosfato Gliceraldeído3-fosfato (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase Preparatória da Glicólise: Fase Preparatória 5. Interconversão das Trioses-fosfato: ♦ Apenas uma das duas trioses-fosfato formada pela aldolase, o gliceraldeído-3-fosfato, pode ser diretamente degradada nas etapas subsequentes da glicólise. O outro produto, a diidroxiacetona-fosfato, é rápida e reversivelmente convertida a gliceraldeído-3-fosfato pela Fase de Compensação quinta enzima da sequência glicolítica a triose-fosfatoisomerase: Triose-fosfatoisomerase Diidroxiacetonafosfato Gliceraldeído3-fosfato (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase de Compensação da Glicólise: Fase Preparatória ♦ Inclui as etapas de fosforilação que conservam energia, nas quais parte da energia química da molécula da glicose é conservada na forma de ATP e NADH; ♦ A conversão das duas moléculas de gliceraldeído-3fosfato a duas moléculas de piruvato é acompanhada pela Fase de Compensação formação de quatro moléculas de ATP a partir de ADP; (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase de Compensação da Glicólise: Fase Preparatória 6. Oxidação do gliceraldeído-3-fosfato a 1,3-bifosfoglicerato: ♦ A primeira etapa da fase de compensação é a oxidação do gliceraldeído-3-fosfato a 1,3-bifosfoglicerato, catalisada pela enzima gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase: Fase de Compensação Gliceraldeído-3-fosfatodesidrogenase Gliceraldeído-3fosfato Fostato inorgânico (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase de Compensação da Glicólise: Fase Preparatória 7. Transformação de grupo fosforil de 1,3-bifosfoglicerato a ADP: ♦ A enzima fosfoglicerato-cinase transfere o grupo fosforil de alta energia do grupo carboxil do 1,3-bifosfoglicerato para o ADP, formando ATP e 3-fosfoglicerato: Fase de Compensação Fosfogliceratocinase 1,3-Bifosfoglicerato ADP 3-Fosfoglicerato ATP (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase de Compensação da Glicólise: Fase Preparatória 8. Conversão de 3-Fosfoglicerato a 2-Fosfoglicerato: ♦ A enzima fosfoglicerato-mutase catalisa o deslocamento reversível do grupo fosforil entre C-2 e C-3 do glicerato, Mg2+ é essencial para essa reação: Fase de Compensação Fosfogliceratomutase 3-Fosfoglicerato 2-Fosfoglicerato (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase de Compensação da Glicólise: Fase Preparatória 9. Desidratação de 2-Fosfoglicerato a fosfoenolpiruvato: ♦ Segunda reação glicolítica que gera uma composto com alto potencial de transferência de grupamento fosforil, a enolase promove a remoção reversível de uma molécula de água do 2-fosfoglicerato para gerar fosfoenolpiruvato: Fase de Compensação Enolase 2-Fosfoglicerato Fosfoenolpiruvato (LEHNINGER, 2011) Glicólise Fase de Compensação da Glicólise: Fase Preparatória 10. Tranasferência de um grupo fosforil do fosfoenolpiruvato para ADP: ♦ A última etapa da glicólise é a transferência do grupo fosforil do fosfoenolpiruvato ao ADP, catalisada pela piruvato-cinase, que requer K+ e Mg2+ ou Mn2+: Fosfoenolpiruvato ADP Piruvato Fase de Compensação ATP (LEHNINGER, 2011) Glicólise Balanço Geral – Ganho Líquido de ATP: ♦ No processo glicolítico em geral, uma molécula de glicose é convertida a duas moléculas de piruvato (via do carbono); ♦ Duas moléculas de ADP e duas de Pi são convertidas a duas moléculas de ATP (via dos grupos fosforil); ♦ Quatro elétrons, na forma de íons hidreto, são transferidos de duas moléculas de gliceraldeído-3-fosfato para duas de NAD+ (via dos elétrons); ♦ A equação para o processo global é: Glicose + 2NAD+ + 2ADP + 2Pi 2 Piruvato + 2 NADH + 2H+ + 2ATP + 2 H2O (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese Importância da Gliconeogênese para o Metabolismo: ♦ O papel central da glicose no metabolismo surgiu cedo na evolução, e esse açúcar permanece sendo combustível quase universal e unidade estrutural nos organismos atuais, desde micróbios até humanos; ♦ Em mamíferos, alguns tecidos dependem quase completamente de glicose para sua energia metabólica; (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese Importância da Gliconeogênese para o Metabolismo: ♦ Para o cérebro humano e o sistema nervoso, assim como para os eritrócitos, os testículos, a medula renal e os tecidos embrionários, a é a principal ou única fonte de combustível. (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese Importância da Gliconeogênese para o Metabolismo: ♦ No entanto, o suprimento de glicose a partir desses estoques não é sempre suficiente, entre as refeições e durante períodos de jejum mais longos, ou após exercício vigoroso, o glicogênio esgota-se; ♦ Para esses períodos, os organismos precisam de um método para sintetizar glicose a partir de precursores que não são carboidratos; (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese Importância da Gliconeogênese para o Metabolismo: ♦ Isto é realizado por uma via chamada de Gliconeogênese, que converte em glicose o piruvato e os compostos relacionados, com três e quatro carbonos; ♦ A gliconeogênese ocorre em todos os animais, vegetais, fungos e microorganismos. As reações são essencialmente as mesmas em todos os tecidos e em todas as espécies; (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese Importância da Gliconeogênese para o Metabolismo: ♦ Os precursores mais importantes da glicose em animais são os compostos de três carbonos como o lactato, o piruvato e o glicerol, assim como certos aminoácidos; ♦ Em mamíferos, a gliconeogênese ocorre principalmente no fígado, em menor extensão no córtex renal e nas células epiteliais que revestem internamente o intestino delgado; (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese Glicólise e Gliconeogênese Vias Opostas Não Idênticas: ♦ A gliconeogênese e a glicólise não são vias idênticas correndo em direções opostas, embora compartilhem várias etapas, sete das 10 reações enzimáticas da gliconeogênese são o inverso das reações glicolíticas; ♦ No entanto, três reações da glicólise são essencialmente irreversíveis e não podem ser utilizadas na gliconeogênese; ♦ Na gliconeogênese, as três etapas irreversíveis são contornadas por um grupo distinto de enzimas, catalisando as reações que são irreversíveis no sentido da síntese de glicose. (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese Reações de Contorno da Gliconeogênese : ♦ A primeira reação de contorno da gliconeogênese é a conversão de piruvato em fosfoenolpiruvato (PEP). Esta reação não pode ocorrer por uma simples inversão da reação da piruvato-cinase da glicólise; 1. Conversão de Piruvato em Fosfoenolpiruvato (PEP): ♦ A fosforilção do piruvato é alcançada por uma sequência de reações de desvio que, em eucariotos, requer enzimas existentes tanto no citosol como nas mitocôndrias; (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese 1. Conversão de Piruvato em Fosfoenolpiruvato (PEP): ♦ A piruvato-carboxilase é a primeira enzima de regulação na via gliconeogênica; ♦ No citosol, oxaloacetato é convertido a fosfoenolpiruvato pela PEP-carboxilase: Oxaloacetato PEPcarboxilase Fosfoenolpiruvato (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese 1. Conversão de Piruvato em Fosfoenolpiruvato (PEP) : ♦ Como a membrana mitocondrial não tem transportador para o oxaloacetato, antes de ser exportado para o citosol o oxaloacetato formado a partir do piruvato deve ser reduzido a malato pela malato-desidrogenase mitocondrial, com o consumo de NADH; ♦ Uma segunda possibilidade para a conversão de piruvato em PEP predomina quando o lactato é o precursor glicogênico; ♦ Esta via faz uso do lactato produzido pela glicólise nos eritrócitos ou no músculo em anaerobiose. (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese 1. Conversão de Piruvato em Fosfoenolpiruvato (PEP) : ♦ A conversão de lactato em piruvato no citosol de hepatócitos gera NADH: PEP PEP-carboxilase citosólica Oxaloacetato Malatodesidrogenase citosólica Malato Malato Malatodesidrogenase mitocondrial PEP PEP-carboxilase mitocondrial Oxaloacetato Oxaloacetato Piruvatocarboxilase Piruvatocarboxilase Piruvato Piruvato Citosol Piruvato Piruvato Lactatodesidrogenase Lactato (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese 2. Conversão de Frutose-1,6-bifostafo a Frutose-6-fosfato: ♦ Segunda reação glicolítica que não pode participar da gliconeogênese é a fosforilação da frutose-6-fosfato pela PFK-1; ♦ Como essa reação é irreversível em células intactas, a geração de frutose-6-fosfato a partir de frutose-1,6-bifosfato é catalisada por uma enzima diferente, dependente de Mg2+, a frutose-1,6-bifosfatase (FBPase-1), que promove a hidrólise essencialmente irreversível do fosfato em C-1: Frutose-1,6-bifosfato + H2O Frutose-6-fosfato + Pi (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese 3. Conversão de Glicose-6-fosfato em Glicose: ♦ O terceiro contorno é a reação final da gliconeogênese, a desfosforilação, da glicose-6fosfato para formar glicose; ♦ A reação catalisada pela glicose-6-fosfatase não requer síntese de APT, sendo a hidrólise simples de uma ligação éster fosfato: Glicose-6-fosfato + H2O Glicose + Pi ♦ A glicose produzida pela gliconeogênese no fígado, nos rins ou ingerida na dieta é entregue a esses outros tecidos, inclusive o cérebro e os músculos, pela corrente sanguínea. (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese A Gliconeogênese é Dispendiosa Energeticamente, mas Essencial: ♦ Para cada molécula de glicose formada a partir do piruvato, seis grupos fosfato de alta energia são consumidos, quatro na forma de ATP e dois na forma de GTP; ♦ Além disso, duas moléculas de NADH são necessárias para a redução de duas moléculas de 1,3-bifosfoglicerato; ♦ Sendo assim, a síntese de glicose a partir de piruvato é um processo relativamente dispendioso. A maior parte desse alto custo energético é necessária para assegurar a irreversibilidade da gliconeogênese. (LEHNINGER, 2011) Gliconeogênese A Glicólise e Gliconeogênese são Mutuamente Reguladas: ♦ Se a glicólise (a conversão de glicose em piruvato) e a gliconeogênese (a conversão de piruvato em glicose) ocorressem simultaneamente em altas taxas, o resultado seria o consumo de ATP e a produção de calor; ♦ Essas duas reações enzimáticas, e várias outras nas duas vias, são reguladas alostericamente e por modificações covalentes (fosforilação); ♦ Sensdo assim, a glicólise e a gliconeogênese são mutuamente reguladas para prevenir o gasto operacional com as duas vias ao mesmo tempo . (LEHNINGER, 2011) União de Ensino Superior de Campina Grande Faculdade de Campina Grande – FAC-CG Curso de Fisioterapia Glicólise e Gliconeogênese [email protected]