XII Encontro de Iniciação à Docência Universidade de Fortaleza 22 à 26 de Outubro de 2012 AULAS PRÁTICAS E FORMAÇÃO DOCENTE NA MELHORIA DO ENSINO: UMA DAS AÇÕES DO PIBID/BIOLOGIA/FAEC-UECE. 1 1 1 David Dias Machado (ID), Eliane Oliveira do Nascimento* (ID), Edivan Rodrigues Lima Junior (ID), Fabrício 2 1 1 Bonfim Sudério (PO), Franqueline Vituriano de Macedo (ID), Priscila Alves Fonseca (ID). 1. Universidade Estadual do Ceará – Faculdade de Educação de Crateús – Licenciatura em Ciências Biológicas. Bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/FAEC/UECE). 2. Universidade Estadual do Ceará – Faculdade de Educação de Crateús – Ciências Biológicas. Coordenador de área – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/FAEC/UECE). [email protected] Palavras-chave: PIBID. Práticas. Biologia. Docência Resumo Para muitos as aulas práticas no ambiente de laboratório podem despertar curiosidade e o interesse do aluno, visto que a sua estrutura pode facilitar a observação de fenômenos estudados em aulas teóricas. O uso deste ambiente também é positivo quando as experiências em laboratório estão situadas em um contexto histórico-tecnológico, relacionadas com o aprendizado do conteúdo, de modo que o conhecimento empírico seja testado e argumentado para enfim acontecer a construção de ideias. Desta forma, este trabalho vem destacar a importância de atividades práticas para uma melhor assimilação dos conteúdos, considerando que esse tipo de estratégia se faz necessária para a aproximação entre teoria e prática. O trabalho foi realizado no Colégio Estadual Regina Pacis (CERP), no município de Crateús-Ce, tendo como principais objetivos: fazer com que os bolsistas do PIBID/Biologia/FAEC/UECE percebessem como aulas práticas podem reforçar o ensino de biologia; analisar a opinião dos alunos em relação à aprendizagem, antes e depois das práticas; e disponibilizar novas alternativas metodológicas aos professores de biologia. O trabalho foi realizado com os alunos do 1º ano do ensino médio da escola citada, tendo o auxílio dos bolsistas do PIBID/Biologia/FAEC-UECE em aulas práticas diferenciadas. Após a realização das atividades aplicou-se questionários com os alunos para avaliação da eficácia das aulas práticas na facilitação do processo de aprendizagem. Analisando os resultados, pôde-se concluir que essa atividade proporcionou um maior grau de aprendizagem dos alunos, além de ter sido uma relevante oportunidade de prática docente para o processo de formação profissional dos bolsistas licenciandos. Introdução Muitos professores concordam que as atividades práticas despertam a motivação e o estímulo dos estudantes, mas uma parcela significativa de docentes ainda considera que a função do experimento é somente a comprovação prática de conteúdos vistos na teoria. No entanto, alguns autores descrevem sobre as inúmeras justificativas que os docentes apresentam para explicar o fato de os procedimentos experimentais serem poucos utilizados no ensino de ciências. Para Guimarães (1999), quando o aluno tem uma postura passiva diante das informações expostas pelo professor ou realiza uma atividade experimental que não estimula a imaginação, a curiosidade e o raciocínio, não se pode esperar que uma aprendizagem significativa seja alcançada. Porém, permitir que ISSN 21755396 1 o próprio aluno raciocine e realize as diversas etapas da investigação científica (incluindo, até onde for possível a descoberta) é a finalidade primordial de uma aula de laboratório. Daí a importância da problematização, que é essencial para que os estudantes sejam guiados em suas observações. Quando o professor ouve os estudantes, sabe quais suas interpretações e como podem ser instigados a olhar de outro modo para o objeto em estudo (POSSOBOM; OKADA; DINIZ, 2002) É fato que aulas práticas no ambiente de laboratório podem despertar curiosidade e, consequentemente, o interesse do aluno, visto que a estrutura do mesmo pode facilitar, entre outros fatores, a observação de fenômenos estudados em aulas teóricas. O uso deste ambiente também é positivo quando as experiências em laboratório estão situadas em um contexto histórico-tecnológico, relacionadas com o aprendizado do conteúdo, de modo que o conhecimento empírico seja testado e argumentado para enfim ocorrer a construção de ideias. Além disso, nessas aulas, os alunos têm a oportunidade de interagir com as montagens de instrumentos específicos, aos quais eles normalmente não têm acesso (BORGES, 2002). As aulas práticas podem ajudar no desenvolvimento de conceitos científicos, além de permitir que os estudantes aprendam como abordar objetivamente o seu mundo e como desenvolver soluções para problemas complexos. Além disso, as aulas práticas servem de estratégia e podem auxiliar o professor a retomar um assunto já abordado, construindo com seus alunos uma nova visão sobre um mesmo tema. Quando compreende um conteúdo trabalhado em sala de aula, o aluno amplia sua reflexão sobre os fenômenos que acontecem à sua volta, e isso pode gerar, consequentemente, discussões durante as aulas fazendo com que os alunos, além de manifestar suas idéias, aprendam a respeitar as opiniões de seus colegas de sala (LUNETTA, 1991). Neste contexto, visando à melhoria da formação docente no Brasil, a CAPES criou o Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID). O subprojeto “Formação do professor de Biologia: aprendizagem baseada na vivência e na prática”, parte integrante do PIBID/UECE, tem como foco a aprendizagem contextualizada da profissão docente por alunos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas da FAEC/UECE. Considerando a importância da vivência do licenciando no cotidiano escolar para a sua formação, uma das ações previstas no subprojeto consiste na elaboração e no desenvolvimento de aulas práticas voltadas para alunos do ensino médio. No município de Crateús-Ce, uma das escolas que participam do programa é o Colégio Estadual Regina Pacis (CERP). As aulas práticas desenvolvidas visam à melhoria da aprendizagem dos conteúdos de biologia e se caracterizam por sair do contexto teórico, estimulando e despertando um maior interesse por parte dos alunos. Para Pessoa (2001), durante uma atividade prática, o docente pode estimular o aluno a gostar e a entender os conteúdos, fazendo isso através de práticas que partem da realidade do cotidiano dos alunos. Do exposto, os objetivos desse trabalho foram: fazer com que os bolsistas do PIBID/Biologia/FAEC/UECE percebessem como aulas práticas podem reforçar o ensino de biologia; analisar a opinião dos alunos em relação à aprendizagem dos conteúdos, antes e depois das práticas; e disponibilizar novas alternativas metodológicas aos professores de biologia. Metodologia O trabalho foi realizado com os alunos do 1º ano do ensino médio do CERP com o auxílio dos bolsistas do PIBID/Biologia/FAEC-UECE. Os estudantes prepararam lâminas utilizando letras de jornal para entender o procedimento para ampliação de imagens. Na prática “visualização da célula vegetal” uma fina ISSN 21755396 2 película da cebola foi retirada com estilete e colocada sobre uma lâmina, adicionando-se à mesma uma pequena quantidade do corante azul de metileno e colocando-se uma lamínula sobre a preparação. Na prática “extração do DNA do morango” três morangos foram colocados em saco plástico e macerados até se tornar uma pasta quase homogênea. Em seguida, uma colher de sopa de detergente e uma colher de chá de sal de cozinha foram adicionadas, misturando-se bastante o material. Um funil com papel filtro foi utilizado para separação da parte líquida da solução. O material foi transferido para o tubo de o ensaio, ao qual se acrescentou álcool 70%, a aproximadamente 10 C, e em proporção de 2:1 (v/v). Os alunos fizeram movimentos circulares com o tubo de ensaio no intuito de emergir o aglomerado de DNA. Ao final da prática foi feita uma pesquisa de opinião (através de questionários) com os alunos para analisar o grau de aprendizagem dos conteúdos de biologia explorados, antes e depois da realização das práticas. Resultados e Discussão Em todas as práticas realizadas percebeu-se um entusiasmo dos alunos diante de aulas diferenciadas, havendo um melhor aproveitamento do conteúdo abordado nas aulas teóricas. A maioria dos alunos (98%) já apresentava certa familiaridade com o laboratório de biologia e suas práticas. Ao serem questionados sobre o grau de facilidade de compreensão dos conteúdos teóricos através do uso de aulas práticas, 27 alunos (71%) consideraram que o rendimento é alto, enquanto 11 (29%) responderam que facilitam em nível médio. Perguntados sobre a facilidade de compreensão do uso do microscópio na primeira prática, 37 (98%) alunos responderam que sim, 1 (2%) respondeu que não e 19 (50%) se julgam aptos para a preparação de uma lâmina com material biológico. Em relação à prática “Visualização da Célula Vegetal da Cebola”, 22 alunos (58%) afirmaram ter facilitado consideravelmente o entendimento da estrutura vegetal, 13 (34%) consideraram a aprendizagem razoável e apenas 3 (8%) afirmaram o rendimento baixo. A compreensão do conteúdo de ácidos nucléicos através da prática “Extração do DNA do Morango” foi considerada excelente por todos os 38 (100%) alunos. A adoção dessas práticas, além de ter aumentado o grau de aprendizagem dos conteúdos abordados, promoveu uma maior interação entre os alunos e mostrar para os bolsistas a importância de aulas práticas para o processo ensino aprendizagem. Conclusão Considerando os objetivos desse trabalho, pôde-se concluir que os bolsistas do PIBID/Biologia/FAEC/UECE reforçaram sua percepção quanto à importância da abordagem dos conteúdos biológicos de forma prática e contextualizada. Pôde-se perceber também o quanto os alunos aumentam o nível de aprendizagem através do uso de aulas práticas como auxílio às aulas teóricas. As atividades práticas proporcionaram um espaço para que os alunos se tornassem agentes do seu próprio aprendizado, descobrindo que aprender é mais do que a aquisição de conhecimento de fatos e que através da interação com as suas próprias dúvidas, podem chegar às suas próprias conclusões e à aplicação dos conhecimentos obtidos. Com esse trabalho e através da sua divulgação, essas alternativas metodológicas de ensino serão disponibilizadas aos professores de biologia. Referências ISSN 21755396 3 BORGES, A. T. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v.19, n. 3, p.291-313, dez. 2002. Disponível em: <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/6607> Acesso em: 03 de Ago. 2012. GUIMARÃES. C.C. Experimentação no ensino de química: caminhos e descaminhos rumo à aprendizagem significativa. Química Nova na Escola, 31(3),198-202. 2009. LUNETTA, V. N. Atividades práticas no ensino da Ciência. Revista Portuguesa de Educação, v. 2, n. 1, p. 81-90, 1991. MOREIRA, M.A. A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget. In: MOREIRA, M.A. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU. 199. p.95-107. PESSOA, O. F.; Os caminhos da vida. São Paulo. ED.Scipione, 2001. POSSOBOM, C. C. F.; OKADA, F. K; DINIZ, R. E. S. Atividades práticas de laboratório no ensino de biologia e de ciências: relato de uma experiência. Departamento de Educação do Instituto de Biociências de Botucatu – UNESP. 2002. Agradecimentos Aos alunos que participaram da pesquisa. Ao Colégio Estadual Regina Pacis (CERP) do município de Crateús-Ce. Ao Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de Crateús-Ce. À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior), pelo incentivo e confiança no potencial dos bolsistas licenciandos. ISSN 21755396 4