Cinemateca Portuguesa-Museu Do Cinema
Sala dos Carvalhos
O nome desta sala deve-se aos relevos das
suas paredes que representam folhas de carvalho.
Dedicada à exposição de peças da nossa colecção de aparelhos
do pré-cinema, princípio do cinema e equipamentos de pequeno formato.
Horário: dias úteis das 13h30 às 21h30
www.cinemateca.pt
Dos vários objectos aqui expostos, na sua maioria ligados à fotografia e às imagens animadas,
destaca-se um objecto em particular, o Praxinoscópio-Teatro de Émile Reynaud.
A partir da terceira década do séc. XIX as pesquisas sobre a persistência da visão deram origem a
uma série de instrumentos e brinquedos ópticos, cada um dos quais representa o aperfeiçoamento
em relação ao precedente no caminho da animação da imagem.
Émile Reynaud tem um papel indiscutivelmente prioritário entre todos os animadores da era précinematográfica. Em 1877, partindo do fenaquistiscópio de Plateau (réplica em exposição) e do
Zootrópio de Horner (réplica em exposição), aperfeiçoou os mecanismos criando o praxinoscópio
(réplica em exposição), um dos instrumentos ópticos mais complexos e sugestivos sob o ponto de
vista espectacular que foram inventados durante o séc. XIX. O praxinoscópio mantém a estrutura
do zootrópio de Horner substituindo as ranhuras por um prisma poligonal, colocado no centro do
cilindro. O praxinoscópio produz um movimento muito mais fluido e contínuo, e uma maior
luminosidade da imagem, marcando um importante passo em frente, em relação aos instrumentos
precedentes.
Entre 1879 e 1892, Reynaud inventa uma série de aparelhos em busca do enriquecimento do
espectáculo das imagens em movimento, para um público cada vez maior.
Primeiro inventa o praxinoscópio-teatro (original em exposição), onde as imagens eram animadas
sobre cenários teatrais em miniatura na tampa da caixa que continha o aparelho. Um ano mais
tarde associa a lanterna mágica à sua invenção criando o praxinoscópio de projecção que permita
projectar imagens desenhadas e pintadas à mão num grande écran. Por fim desenvolve uma
verdadeira máquina de espectáculo, o Teatro Óptico. A complexidade da estrutura e funcionamento
desta máquina de projecção inviabilizou a sua comercialização. O engenhoso aparelho projectava,
com a ajuda da lanterna mágica, as imagens desenhadas numa tira flexível, de comprimento
indefinido que se enrolava e desenrolava em duas bobinas. A tira regularmente perfurada
prenuncia a película cinematográfica. Reynaud ultrapassou o limite da acção repetitiva e limitada
que tinha distinguido os outros aparelhos ópticos. A partir de 1892, Émile Reynaud organiza no
Museu Grévin de Paris, verdadeiros espectáculos de desenhos animados, as pantomimas
luminosas, com a duração de cerca de meia hora, e acompanhamento musical ao vivo concebido
para a ocasião. O nascimento do cinema marca o fim das pantomimas luminosas. O espectáculo
interrompe-se, Reynaud destrói o teatro óptico e deita no Rio Sena as películas.
Pequeno Formato: 8mm/Super 8/9,5mm/16mm/ Multiformato
O primeiro formato de filme amador é criado pela Pathé, em 1922, com a introdução do formato de
9,5mm (indicação da largura), o qual contém perfurações centrais entre os fotogramas. Este
formato será seguido em 1923 pelo de 16mm, inovação da Kodak, já perfurado em ambos os lados
e que acabará por se tornar também um formato profissional. O formato de 16mm tornar-se-á
sonoro em meados da década de 1930.
O elevado custo da película leva a que a Kodak lance em 1932 o Double 8 que permite que,
expondo apenas metade da película de cada vez, esta possa ser dividida dando origem a um filme
de 8mm de perfuração lateral.
O formato de 8mm já desde meados da década de 1950 que permitia a gravação de som
directamente em película.
Se em finais da década de 1950 o 9,5mm havia já perdido muita da importância que até então
tinha, 1965 marca a introdução do Super 8. Formato semelhante ao de 8mm mas que, dada a
menor dimensão das perfurações e do espaço inter-fotogramas, permite uma maior economia de
película. Será também neste período que se assiste ao aparecimento dos cartuchos de filme, os
quais permitem um mais fácil manuseamento da película. No início da década de 1970 a Kodak,
seguida da Fuji com o Single 8, introduzirá película de Super 8 adequada para a gravação directa
de som.
A Ditmar, fundada em 1840 como uma fábrica de candeeiros, passará nas primeiras décadas do
século XX a ser uma das principais produtoras de câmaras e projectores cinematográficos
austríacas. Em 1936 a companhia introduz um sistema inovador que permite que o mesmo
equipamento projecte dois formatos diferentes, em resposta ao aparecimento da película de 8 mm,
aparecida em 1932, e que rapidamente ganha popularidade face aos formatos até aí dominantes (o
9,5mm e o 16mm). O pequeno formato popularizava-se junto das escolas e outras instituições e a
capacidade de projectar múltiplos formatos tornou-se uma mais-valia comercial. O modelo 2860,
aqui exposto, podia ser facilmente adaptado a projectar 8 ou 16mm.
A Elmo (acrónimo de “Electricity, Light, Machine and Organization”), fundada em 1921, foi uma das
mais inventivas firmas japonesas dedicadas a equipamentos cinematográficos. Aparelhos como o
Elmo FP, presente nesta exposição vêm, na década de 1960, permitir que os utilizadores do
nascente formato Super 8 beneficiem de projectores que assegurem também a projecção de
formatos anteriores, como o Regular 8.
Os retroprojectores eram frequentemente utilizados em demonstrações comerciais, bem como em
cursos de formação ou exposições. Utilizando cartuchos de filme Super 8, fáceis de operar,
modelos como o Videotronic Compact (exposto e em funcionamento) eram muitas vezes capazes
de alternar entre a projecção em tela e a retroprojecção em écran.
A crescente pulverização da procura entre diferentes formatos de película leva não só à adaptação
dos projectores como também de todo o equipamento associado ao pequeno formato, de tal
circunstância são exemplo as coladeiras de película. A coladeira modelo Trimat, da companhia
checoslovaca Meopta, exposta nesta sala, tinha capacidade de cortar e permitir a colagem precisa
dos mais populares formatos amadores da década de 1970 (8, Super 8 e 16mm).
Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinemateca
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