ALERTA FITOSSANITÁRIO - MONILÍASE DO CACAUEIRO (Moniliophthora roreri)
O agronegócio do cacau é um dos mais importantes para o Brasil
por envolver cerca de 50.300 famílias, responsáveis pela geração de 500.000
empregos, diretos e indiretos e o paísser um dos maiores consumidores de
chocolate do mundo. Os principais estados produtores são Bahia, Pará,
Espírito Santo e Rondônia, responsáveis juntos por uma produção anual
próxima de200 mil toneladas. A monilíase, ao contrário das outras pragas que
atacam o cacaueiro, tem ação específica e direta nos frutos de cacau, portanto
a percepção de perda na produção tem caráter imediato.
O QUE É:
A monilíase do cacaueiro é uma doença causada pelo fungo
Moniliophthora roreri, praga de grande importância econômica na cultura do
cacau pelo ataque direto nos frutos, causando prejuízos que variam de 50 a
100% na produção. De acordo com a legislação fitossanitária vigente, M. roreri
é uma praga quarentenária ausente no Brasil e sua introdução pode provocar
profundos desequilíbrios em ambientes agrícolas, urbanos e naturais, com
reflexos econômicos, sociais e ambientais causados pelo desemprego, perda
de renda no meio rural, e desmatamentos, considerando o caráter
conservacionista da cultura do cacau. Atualmente, a praga encontra-se restrita
ao continente americano, estando presente em todos os países produtores de
cacau da América Central, sendo a última constatação no México em 2005; e
na América do Sul, no Equador e nos países fronteiriços com o Brasil:
Colômbia, Peru, Venezuela e recentemente na Bolívia (2012), país que faz
fronteira com o estado de Rondônia, terceiro maior produtor de cacau do Brasil
(figura 1).
No Brasil, embora ainda não tenha sido constatada até o
momento, apresenta-se como uma séria ameaça, pois levantamentos mais
recentes constataram a praga em regiões próximas à fronteira do Brasil (Acre)
com o Peru. A implantação e/ou pavimentação derodovias interligando o Brasil
com esses países (Peru, Venezuela e Colômbia) vem intensificando
perigosamente o tráfego entre regiões afetadas daqueles países e regiões
indenesde populações (espontâneas e/ou cultivadas) de cacau nos estados
(Acre, Amazonas, Rondôniae Roraima) fronteiriços do Brasil.
As principais fontes do inóculo são os frutos infectados na árvore.
A alta umidade relativa favorece a esporulação do patógeno que inicia em
média uma semana após osurgimento dos sintomas, permanecendo intensa
até dez semanas, quando a produção de inóculo cai para níveis insignificantes.
Frutos mumificados que permanecem nas árvores de uma estação para outra,
tem papel importante como fonte de inóculo inicial da praga.
A disseminação dos esporos (fonte de inóculo) é realizada
principalmente pelo vento, podendo as chuvas, terem um papel secundário na
epidemiologia da praga. A longa distância a praga pode ser disseminada pelo
transporte de frutos e veículos infectados, material vegetativo e
embalagens contendo os esporos do fungo, que são viáveis em condições
adversas até um período de nove meses.
HOSPEDEIROS:
Os únicos hospedeiros conhecidos do fungo Moniliophthora roreri
estão dentro dos gêneros Theobroma e Herrania, da família Sterculiaceae
(atualmente estes dois gêneros foram reclassificados dentro da família
Malvaceae).
As seguintes espécies têm mostrado susceptibilidade ao fungo
seja em condições naturais ou artificiais:
Theobroma augustifolium,
Theobroma bicolor,
Theobroma cacao,
Theobroma grandiflorum,
Theobroma mammosum,
Theobroma simiarum,
Theobroma sylvestre,
Herrania balaensis,
Herrania nítida,
Herrania pulcherrima,
Herrania purpúrea.
SINTOMAS:
O período de incubação do fungo é longo, variando de 40 a 90
dias, para o surgimento dos primeiros sintomas. Inicialmente são lesões
irregulares de coloração marrom escura observadas nas superfícies dos frutos.
Com o desenvolvimento da praga estas lesões coalescem, podendo no caso
de infecções precoces, cobrirem toda a superfície do fruto (figura 2).
Sobre as lesões, observa-se o desenvolvimento de um micélio de
coloração branca, com grande quantidade de conídios. Após alguns dias, a
coloração do micélio pode mudar para tonalidade creme, cinza ou marrom.
Internamente,
observa-se
uma
necrose
generalizada
das
sementes, sendo aseveridade deste sintoma mais acentuada quando a
infecção ocorre em frutos jovens. Assementes necrosadas podem ficar
aderidas umas às outras, dificultando sua remoção do interiordos frutos.
Os sintomas da monilíase são semelhantes ao provocados pela
vassoura-de-bruxa nos frutos de cacaueiro. Na ausência de esporulação de M.
roreri, fica impossível uma distinção entre as duas pragas.
CONTROLE:
A monilíase é uma praga de difícil convivência, por não se dispor,
até o momento, de técnicas eficazes para o seu controle. O manejo integrado é
a forma mais eficiente de controle simultâneo das principais pragas do
cacaueiro (Podridão Parda, Vassoura-de-bruxa e Monilíase):
Tratos fitossanitários: remoção semanal dos frutos infectados
que devem ser picados para facilitar a decomposição. Em contato com o solo,
a praga tem a sobrevivência diminuída, em torno de três meses, devido à
competição com outros microrganismos. O inóculo produzido nestes frutos, não
possui
a
mesma
eficiência
de
disseminação
dos
produzidos
nos
frutosinfectados que permanecem na copa.
Durante a estação de menor precipitação, recomenda-se remoção
dos frutos infectados mumificados, que não tenham sido removidos durante o
período de frutificação, a fim de diminuir o inóculo primário para o novo ciclo do
fungo. A diminuição da umidade relativa no interior das plantações, através de
podas das copas dos cacaueiros e das árvores de sombra, tem sido utilizada
como uma forma de amenizar os efeitos da praga.
Tratos
culturais:
roçagem,
desbrota,
poda/rebaixamento,
adubação dos cacaueiros, drenagem e raleamento de árvores de sombra;
O QUE FAZER EM CASO DE SUSPEITA:
A comunicação de suspeição de ocorrência de Moniliophthora
roreri deverá ser feita diretamente à Superintendência Federal de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento na unidade da federação, que deverá designar um
fiscal federal agropecuário para realizar coleta de amostras e envio para
laboratório credenciado no MAPA.
Figura 1. Distribuição geográfica da monilíase do cacaueiro.
Figura 2. Sintomas da monilíase do cacaueiro.
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