ANÁLISE DO PROCESSAMENTO DE MISTURAS PVDF/PMMA Estevão Freire1, Elisabeth E. C. Monteiro2, Victor J.R.R. Pita2, Otavio Bianchi1, Madalena C. Forte3*, Regina C. R. Nunes2 1 Depto. de Engenharia Química da UCS, CP. 1352, 95.001-970 Caxias do Sul/RS – [email protected]; 2Instituto de Macromoléculas da UFRJ, C.P.68.525, Rio de Janeiro/RJ – [email protected]; 3Escola de Engenharia - Av. Bento Gonçalves, 9500 - Setor 4, Prédio 74 – sala 211 - Campus da UFRGS, Porto Alegre/RS – [email protected] Processing analysis of PVDF/PMMA blends The rheological properties of poly(vinylidene fluoride) (PVDF) and poly(methyl methacrylate) (PMMA) blends at different compositions were evaluated in this work. The blends were melt mixed in a Rheomix 600, Haake mixing chamber. The materials were mixed in proportions of 0, 20, 40, 60, 80 and 100wt% of PVDF, at 190oC, during 20 minutes, using rotor speeds of 30, 60 and 100 rpm. The blends processed at higher rotor speeds presented higher values of mechanical specific energy. The homogenization times for blends with PMMA content greater than 20% processed at 60 and 100 rpm were practically constant, considering the experimental error. The increase of the blending speed promoted a reduction of the mixture homogenization blending time and an increase of the mechanical specific energy. mistura do tipo Rheomix 600 com rotores do tipo “roller”, acoplada ao Reômetro de Torque Rheocord Introdução Misturas de PVDF/PMMA têm sido alvo de 9000, Haake. O processamento dos polímeros puros e numerosas patentes nos últimos anos, cujos objetivos das misturas foi realizado a 190ºC, utilizando têm sido a obtenção de materiais com alto desempenho velocidades de rotor iguais a 30, 60 e 100 rpm. A quanto à resistência química, propriedades ópticas [1], energia mecânica consumida no processamento das e para uso em revestimentos [3-6]. misturas foi calculada segundo a seguinte expressão A mistura PVDF/PMMA é miscível no estado [11]: amorfo, isto é, acima do ponto de fusão do PVDF, em torno de 170oC. Com a diminuição da temperatura, o E m = 2π .N .TT (1) PVDF cristaliza a partir do fundido, se estiver presente na mistura em concentrações acima de 50%, formando onde N é a rotação e TT é o torque total produzido no desta forma um sistema de duas fases consistindo de processo. uma fase cristalina, onde o PVDF está presente e uma fase amorfa, onde estão presentes o PVDF e PMMA. A energia mecânica específica (Esp) foi [5,7-9]. calculada como sendo o quociente da energia mecânica A reometria de torque é uma técnica de total pela massa da mistura (m): caracterização reológica que prevê a processabilidade de um material polimérico, durante um determinado E intervalo de tempo a uma determinada temperatura, E sp = m (2) tendo como variáveis a velocidade da mistura e o tipo m de rotor. Uma das principais aplicações é a otimização O tempo de homogeneização das misturas foi do processamento por extrusão [10]. Estes estudos calculado a partir da diferenciação da curva torque podem ser utilizados para estabelecer as condições versus tempo, onde considerou-se o tempo após o ótimas de processamento e para o desenvolvimento de carregamento do material no qual a derivada da curva é morfologias que maximizem o desempenho das igual a zero. misturas [11]. Estudos reológicos semelhantes foram Resultados e Discussão realizados em sistemas poli(cloreto de vinila) (PVC)/plastificantes, policarbonato/poli(óxido de Avaliação da processabilidade etileno) e policarbonato/copolímero acrilonitrilaA Figura 1 mostra as curvas de torque versus butadieno-estireno (ABS) [11-13]. tempo das misturas realizadas a 60 rpm. Experimental As análises de reometria de torque foram realizadas utilizando PVDF puro (Atofina, Kynar 740), PMMA puro (Atofina, V052), doados por Autotravi Borrachas e Plásticos Ltda. e misturas com 20, 40, 60 e 80%, em peso, de PMMA. Foi utilizada a câmara de 225 80 70 60 Torque (N.m) Os valores mais elevados de energia mecânica específica das misturas foram alcançados quando foram utilizadas velocidades de rotação maiores no processamento destas. Entretanto, para cada mistura, os valores de energia mecânica específica praticamente não sofreram alteração. Pode ser observado na Figura 3 que a partir da adição de 20% de PMMA, em peso, o valor do tempo de homogeneização não sofreu alteração, considerando o erro de medida, quando foram utilizadas velocidades de rotação maiores na câmara de mistura. Com o aumento do teor de PMMA na mistura, ocorre uma aproximação dos tempos de homogeneização nas três velocidades estudadas. Nas misturas feitas a 30 rpm são obtidos tempos maiores de homogeneização para baixos teores de PMMA. Portanto, o aumento da velocidade de rotação promove uma redução dos tempos de homogeneização das misturas devido à maior energia fornecida ao sistema pela ação do cisalhamento. PMMA/PVDF 0/100 PMMA/PVDF 20/80 PMMA/PVDF 40/60 PMMA/PVDF 60/40 PMMA/PVDF 80/20 PMMA/PVDF 100/0 50 40 30 20 10 60 rpm 0 0 200 400 600 800 1000 1200 Tempo (s) Figura 1 - Curvas de torque versus tempo para composições processadas a 60 rpm. As misturas feitas a 30 e 100 rpm apresentaram comportamento semelhante ao mostrado na Figura 1. A Figura 2 mostra o efeito do teor de PMMA sobre a energia mecânica específica do processamento das misturas PVDF/PMMA a 30, 60 e 100 rpm e a Figura 3 sobre o tempo de homogeneização das misturas. Conclusões As misturas realizadas a velocidades de rotação maiores apresentaram maiores valores de energia mecânica específica. A partir de 20%, em peso, de PMMA, os tempos de homogeneização das misturas realizadas a 60 e 100 rpm se mantiveram praticamente constantes, considerando o erro de medida. As misturas feitas a velocidades de rotação maiores apresentaram menores tempos de homogeneização, devido ao maior cisalhamento imposto ao sistema. Energia mec. esp. (kJ/kg) 150000 120000 90000 60000 Agradecimentos Os autores agradecem à Autotravi Borrachas e Plásticos Ltda. pela doação dos materiais usados neste trabalho. 30 rpm 60 rpm 100 rpm 30000 0 20 40 60 80 Referências Bibliográficas 1. US Patent 3.524.906, 18/08/1970 2. US Patent 4.820.586, 11/04/1989 3. US Patent 4.615.848, -7/10/1986 4. US Patent 6.362.271, 26/03/2002 5. S. Schneider; X. Drujon; J. C. Wittmann; B. Lotz, Polymer, 2001, 42, 8799-8806 6 – X. Gu,; L..Sung, D. L Ho; C. A. Michaels; D. Nguyen; Y.C. Jean; T. Nguyen, http://slp.nist.gov/pic/ice2002gu.pdf 7. Y. Hirata; T. Kotaka; Polym. J., 1981,13, 3, 273-281 8. S. Shimada; Y. Hori; H. Kashiwabara, Macromolecules, 1988, 2107-2111. 9. D. J. Hourston; I. D. Hughes, Polymer, 1977, 18, 1175-1178. 10. V. J. R. R. Pita, Tese de Doutorado, IMA/UFRJ, Rio de Janeiro, 1999. 11. I. Babbar; G. N. Mathur, Polymer, 1994, 35, 12, 2631-2635. 12. V. J. R. R.Pita; E. E. M. Sampaio; E. E. C. Monteiro, Polym. Test, 2002, 21, 545-55. 13. L. R. Bocayuva; A. S. Gomes; C. M. F. Oliveira; M. C. V. Amorim,. Polym. Test., 2000, 19, 321-327. 100 Teor de PMMA (%) Figura 2 – Efeito do teor de PMMA sobre a energia mecânica específica das composições PVDF/PMMA processadas a 30, 60 e 100 rpm. Tempo de homogeneização (s) 240 30 rpm 60 rpm 100 rpm 220 200 180 160 140 120 100 80 0 20 40 60 80 100 Teor de PMMA (%) Figura 3 – Efeito do teor de PMMA sobre o tempo de homogeneização das misturas processadas. Anais do 8o Congresso Brasileiro de Polímeros 226