O PAPEL DO TUTOR PRESENCIAL NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA BARNI, Edí Marise [email protected] Eixo Temático: Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O artigo apresenta à análise dos resultados, da pesquisa realizada com vinte estudantes do curso de pedagogia a distância de uma instituição da cidade de Curitiba –PR. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, onde foi aplicado um questionário a todos os participantes, e uma entrevista direta com cinco alunos. Tendo como objetivo verificar o nível de competência do tutor presencial. A mesma foi dividida em quatro etapas, a primeira o levantamento bibliográfico, a segunda aplicação do questionário com os vinte alunos do curso de pedagogia no pólo presencial, a terceira entrevista direta com cinco alunos, quarta e última etapa foi à construção do artigo e apresentação dos resultados. Na análise dos resultados podemos perceber a insatisfação dos estudantes em relação ao tutor presencial, levantaram a falta de interesse em orientá-los, quando vão buscar orientação a resposta é sempre a mesma, “isso não é comigo”, mas com quem é perguntam os alunos? Não tendo uma orientação em relação ao estágio, não existindo acompanhamento no local da realização. Diante de tanta insatisfação, colocam como ponto positivo o material didático, e as ferramentas tecnológicas. Sabemos que o ensino a distância tem muito a caminhar, e reestrutar- se em todos os sentidos, mas não podemos fechar os olhos no que tange ao atendimento ao estudante, muitas vezes se sente solitário na sua trajetória acadêmica, o levando a desistência do seu sonho. Palavras - chave: Tutor-presencial. Ensino a distância. Pedagogia. Introdução O artigo em questão teve como objetivo, verificar a competência do tutor presencial do curso de pedagogia de uma instituição de ensino a distância da cidade de Curitiba –PR. A pesquisa se fundamentou em quatro etapas, a primeira o levantamento bibliográfico, a segunda aplicação do questionário com vinte alunos do curso de pedagogia no pólo presencial, a terceira foi à entrevista direta com cinco alunos, quarta e última etapa à construção do artigo e apresentação dos resultados. 10672 A fundamentação teórica tem como base vários autores em relação à educação à distância, o papel do tutor presencial, comunicação e autonomia dos alunos e práticas tutoriais. Na análise dos resultados podemos perceber a insatisfação dos estudantes em relação ao tutor local, levantaram a falta de interesse em orientá-los, quando vão buscar orientação a resposta é sempre a mesma, “isso não é comigo”, mas com quem é perguntam os alunos? Diante de tanta insatisfação, colocam como ponto positivo o material didático e as ferramentas tecnológicas. O resultado apresentado poderá levar a instituição a repensar o papel do tutor presencial, talvez isso não seja claro para o aluno, e também para o próprio profissional. Sabemos que o ensino a distância tem muito a caminhar, e reestrutar- se em todos os sentidos, mas não podemos fechar os olhos no que tange o atendimento ao estudante, que muitas vezes se sente solitário na sua trajetória acadêmica, o levando a desistência do seu sonho. A educação à distância O ensino a distância vem ganhando cada vez mais espaço, no cesário brasileiro educacional. Têm suas características históricas, sociais, políticas que vem construindo ao longo do tempo. A própria definição de ensino a distância tem sofrido mudanças devido aos avanços tecnológicos, e a exigência do mercado. Para Moran 2002 a educação a distância é quando aluno e professores não se encontram no mesmo espaço, mas o processo de ensino-aprendizagem é mediado por ferramentas tecnológicas, como rádio, CD-ROM, tele-transmissão, e-mail, telefone e outros. Temos muitas definições de educação a distância, porém Moore e Kearsley (1996, p.2) afirmam que: Educação a distância é o aprendizado planejado que normalmente ocorre em lugar diverso do professor e, como conseqüência, requer técnicas especiais de planejamento de curso, técnicas instrucionais especiais, métodos especiais de comunicação, eletrônicos ou outros, bom como estrutura organizacional e administrativa específica. Nesse sentido a educação a distância necessita ter um planejamento minucioso, para que nenhuma informação se perca, pois o estudante não fica no mesmo espaço físico do 10673 professor, fazendo o uso de ferramentas que cheguem até o estudante. Segundo Peters (1973, p.2): Ensino /Educação a Distância (Fernunterricht) é um método racional de partilha conhecimento, tarefas e atitudes. Defende a divisão do trabalho, segundo princípios organizacionais, e utilização de meios técnicos de comunicação extensivos com a intenção de produzir materiais de ensino de alta qualidade de forma a poder instruir um elevado número de alunos ao mesmo tempo e onde quer que estejam situados Forma industrializada de ensinar e aprender. Nessa afirmação, nota-se que a educação a distância atinge um grande número de estudantes ao mesmo tempo, tornando acessibilidade do conhecimento uma realidade. Quando Peters (1973) comenta da “industrialização de ensinar e aprender”, necessita-se ter cuidado para a não robotização, e levar o olhar do estudante apenas para um anglo. No Brasil, a legislação que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação (LDB) está escrito na Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996, no seu art. 80º, o poder público incentiva o desenvolvimento e a vinculação de programa do ensino à distância em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. No Decreto nº 2.4904, 10 de fevereiro de 1998, o Senhor Presidente da República no uso de suas atribuições decreto no Art. 1º declarou que: [...] educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação. Através dessa abertura do governo o ensino a distância tem crescido e desenvolvido plausivamente, para a melhoria e aperfeiçoamento de acordo com a necessidade de cada discente, que possibilita a auto-aprendizagem com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados. A educação à distância, enquanto prática educativa deve considerar esta realidade e comprometer-se com os processos de libertação do homem em direção a uma sociedade mais justa, solidária e igualitária. Enquanto prática de mediação deve fazer uso da tecnologia, entendida como, “[...] um conjunto de conhecimentos especializados, com princípios científicos que se aplicam a um 10674 determinado ramo de atividade, modificando, melhorando, aprimorando os produtos oriundos do processo de interação [...]” (BRITO E PURIFICÃO, 2006, p. 18). Falar de tecnologia não é nada fácil, diante das mudanças rápidas que a sociedade em geral tem passado, esta questão tem afetado diretamente o papel das instituições de ensino, como articuladoras do conhecimento sistemático. Neste sentido exige-se, pois, uma organização de apoio institucional e uma mediação pedagógica que garantam as condições necessárias à efetivação do ato educativo. Esta questão precisa ser perseguida constantemente por todas as instituições de ensino a distância no intuito de chegarmos o mais próximo do ideal, no que tange ao processo ensino-aprendizagem com excelência. O papel do tutor presencial A educação a distância vai além da dimensão metodológica e deve ser vista como parte do Projeto Político Pedagógico (PPP), que vincula a educação com a luta por uma vida pública na qual o diálogo, a tolerância, o respeito à diversidade estejam atentos aos direitos e condições que organizam, como uma forma social justa e democrática. No momento a educação a distância é um fato social e cultural cada vez mais necessário e significativo, tempo e lugares educativos se multiplicam e a educação institucional formal e presencial não é mais do que uma das formas entre todas as demais. Para que o processo ensino-aprendizagem aconteça na educação à distância é de fundamental importância a presença de o tutor presencial atuar como orientador da aprendizagem que acompanha e orienta de modo competente, tanto técnico como didaticamente o processo de desenvolvimento do aluno. O tutor presencial desempenha papel importante como pessoa chave para ajudar os alunos, individualmente, a interagir com os materiais e para converter informações em conhecimentos. O papel especial do tutor presencial é o de assistir ou ajudar o aluno, individualmente e coletivamente, por meio interativo eletrônico, atuando de forma que ele se sinta como se estivesse em situação de uma aula presencial. Acompanha os alunos na tele-sala durante a tele-aula ou teleconferência, nas atividades supervisionadas, auto-instrucionais, práticas e inclusive estágios, que o aluno desenvolvera a partir do material didático e dos materiais instrucionais de apoio aos cursos. 10675 O tutor presencial ainda tem sob sua responsabilidade a gestão didática e acadêmica, de sua tele-sala bem como a coordenação geral de suas atividades. Pensar no tutor presencial, no atual estágio da sociedade digital é identificar as multifunções. Muitos no seu discurso querem fugir dessa digitalização da educação, porém o que vemos inerente a esse mundo desconhecido um grande número de professores em busca de desvendar. Tutores presenciais que querem mudar sua maneira de ensinar, que querem se adaptar as exigências educacionais dos novos tempos que sentem que a sociedade mudou. Sabem que no mundo digital o seu papel altera que em algumas situações se amplia, mas não se extingue. Diante destas questões podemos ressaltar a análise da ação docente neste mundo cibernético, mas valorizando tutor presencial como ser humano. Ser humano que a todo tempo trabalha com jovens e adultos, mediando interações no ato de ensinar e aprender. Segundo Kenski ( 2001, p. 96) “[...] como, em primeiro lugar , um agente de memória. Um profissional responsável, entre outras coisas , pela manutenção da memória social.” Compete a ele o papel de mediador provocando assim no estudante reflexão, transmissão e a manutenção da cultura no seu determinado momento. O tutor presencial como agente de memória é capaz de criar espaços de interações, entre estudantes que têm acesso ilimitado a tecnologia e aos que apenas vivenciam experiências nestas modalidades no espaço escolar. O outro papel fundamental de acordo com Kenski (2001, p.97) “[...] em todos os tempos diz respeito à sua ação como agente de valores, aquele que influencia os comportamentos e atitudes de seus alunos”. É o profissional que estimula a intra-relação e a inter-relação. A intra-relação é trabalhar a identidade do estudante, quem sou eu neste mundo digital? Contextualizando este questionamento na visão macro eu - mundo. Como podemos trabalhar valores se não olharmos para dentro de nós, e provocarmos que o outro se olhe. Vivemos um momento de incertezas, complexidade, em frente a isso o tutor presencial não pode mais se postar na atitude daquele que sabe, mas sim como aquele que pesquisa. Pesquisa junto com o estudante, os papéis se fundem formando um só. Essa exigência de um tutor presencial pesquisador deve parte ao mundo digital, pois muitas vezes a informação, o conhecimento que vai ser trabalhado com o estudante, o mesmo já acessou. No ensino a distância o tutor presencial é um articulador do trabalho em colaboração dos alunos, e com os outros profissionais manterá uma relação de valores que irão permear 10676 toda ação. Podemos dizer que o mundo digital sutilmente, provoca um clima entre instituição – professor - estudante de confiança e amizade que propicia a construção do conhecimento e amplia a rede de valores éticos e morais voltados para ação coletiva. Então: quem é o tutor presencial na era digital? Aquele que visualiza a tecnologia como grande instrumento de ensino aprendizagem, mas seu olhar é de curiosidade e de compaixão ao ser humano. No sistema de ensino a distância, o tutor presencial tem um papel fundamental, pois é por intermédio dele que se garante a inter-relação personalizada e contínua do aluno no sistema, e se viabiliza a articulação necessária entre os elementos do processo e a consecução dos objetivos propostos. A instituição que desenvolve este processo de educação busca construir seu modelo tutorial visando ao atendimento das especificidades locais regionais, incorporando nos programas e cursos, como complemento às novas tecnologias. Neste sentido, o tutor presencial passa a ser um elo entre o virtual e o real, tornando-se assim um gestor do conhecimento, que tem por objetivo estimular e articular o conhecimento, visando atingir a excelência e proporcionar o compartilhamento das informações, envolvendo assim a promoção das relações humanas e do uso da tecnologia voltadas para a educação. A presença e mediação realizada pelo tutor presencial na educação a distância é essencial para o sucesso de um curso e, conseqüentemente, aprendizagem dos alunos. Mediar, neste contexto significa ajudar os alunos a superar as dificuldades, os estimulando a fazer pesquisas que não se restrinjam ao material de estudo, e propondo práticas que vão além da mera presença do tutor presencial em sala no momento das aulas. As práticas tutorias podem ser ações individuais dos tutores presenciais que culminam em momentos de aprendizagens. Elas podem acontecer com todos os alunos de um curso, com um grupo de alunos, ou então, individualmente. Devido às diferenças regionais, geográficas e culturais não há práticas tutorias que se apliquem irrestritamente em todas as situações. Desta forma a participação dos tutores presenciais se torna fundamental, no sentido de refletir e colocar em ação uma prática tutorial que esteja de acordo com a realidade do pólo de apoio presencial em que atua. Comunicação e Autonomia do Aluno Para Brito, citando Cherry, comunicação é o: 10677 Estabelecimento de uma unidade social entre seres humanos, pelo uso de signos de linguagem. A compartilha de conjuntos comuns de regras, para várias atividades que visam um objetivo. [...] Toda comunicação procede por meio de signos, com os quais um organismo afeta o comportamento do outro (ou, de modo mais geral, o estado do outro). [...] Comunicação não é a resposta em si mesma, mas é essencialmente a relação que se estabelece com a transmissão do estímulo e a evocação da resposta. (2008, p.5) Segundo essa mesma autora, para que ocorra comunicação é necessário que seja emitida uma mensagem e que em seguida haja uma resposta. Caso ocorra somente o envio da mensagem, sem retorno, o que acontece é apenas fornecimento de informações. No tocante ao ensino à distância, a comunicação entre professor, tutor presencial e aluno são mais complexos. Geralmente nos cursos desta modalidade, em que os alunos assistem aula por meio de aparelhos que utilizam tecnologia na maior parte do tempo ocorre a transmissão de conhecimentos do professor para o aluno. Nesse sentido, a comunicação deve se dar em outros momentos, como por exemplo, com o professor, tutor presencial em horários diferentes das aulas, utilizando ambientes virtuais ou outras tecnologias. Essa comunicação deve, de acordo com Brito (2008, citando Morais Filho, 2007), ser “controlada para evitar as distorções que podem decorrer” devido ao distanciamento físico, pois este é um fator que faz com que o professor de EAD não consiga perceber as reações dos alunos frente às informações fornecidas, sendo fundamental a percepção e ação no sentido em relação ao ambiente de sala de aula. De acordo com Moore e Kearsley (2007), citados por Brito (2008, p.6), Os alunos muitas vezes são mais defensivos quando assistem ao curso de um professor que não é visto do que seriam em uma aula convencional, mas dificilmente expressam essa inquietação. Alguns alunos buscam abertamente um relacionamento dependente com o professor, ao passo que outros são visivelmente independentes, e a maioria se posiciona entre os extremos. Nesse sentido, o professor - tutor deve tentar desenvolver a máxima autonomia nos alunos sem esquecer que muitos precisam de apoio motivacional. Ser autônomo, de acordo com Piaget, citado por Brito (2008, p.7), “significa estar apto a, cooperativamente, construir o sistema de regras morais e operatórias necessárias à manutenção de relações permeadas pelo respeito mútuo”. 10678 Nesse contexto, as instituições de EAD devem primar pelo desenvolvimento da autonomia dos alunos elaborando planejamentos que permitam ao aluno adquirir esse tipo de competência. Segundo Morais Filho (2007), citado por Brito (2008, p. 9), o planejamento, Exige uma seleção criteriosa e adequada dos conteúdos programáticos, dos recursos e dos materiais a serem incluídos no curso. Esta, sem dúvida, é uma tarefa que exige tempo, reflexão, redirecionamentos, estudo das características do aluno e do meio onde ele vive. Exige adequação e controle. Exige, sobretudo, o acompanhamento contínuo e, portanto, um diálogo constante entre o professor, o tutor e o aluno e uma avaliação contínua imprescindível. Levando em conta esse cenário, todos os sujeitos envolvidos no processo educativo devem entender que ensinar não se restringe a transmitir conhecimentos, mas que, além disso, é criar possibilidades para que os alunos sejam mais autonômos, críticos e saibam trabalhar com as informações fornecidas pelo professor de modo que consigam, por si mesmos, produzir e construir seus conhecimentos. Práticas Tutoriais As práticas tutorias podem ser criadas através de projetos com o objetivo de potencializar a aprendizagem dos alunos. Segundo Perrenoud (2000) acompanhar a administração e a progressão da aprendizagem mobiliza cinco competências: a) Conceber e administrar situações problemas; b) Ter uma visão longitudinal dos objetivos da instituição; c) Apresentar ligação entre teorias e as atividades do processo de ensino; d) Ter uma abordagem formativa para poder avaliar o processo ensino aprendizagem dos alunos; e) Realizar uma avaliação periódica das competências e tomar decisões progressivas. Cada uma delas deve ser trabalhada interligada com as demais, para que a instituição de ensino tenha uma visão macro e micro da situação, a partir disso criar planos de ações a partir de projetos. Esses planos de ações devem ser criados dentro de um panorama, respeitando o projeto político pedagógico e o contexto onde instituição está inserida. Não podemos tomar decisões isoladas, ao acaso sem dados dentro de um estudo sistemático e fundamentado. No quadro abaixo mostramos um modelo de plano de ação. 10679 O QUE QUEM QUANDO ONDE PORQUE Qual.. O responsável Data Local Justificar Quadro 1 – Plano de ação COMO Passo a passo Você pode criar outros roteiros de plano de ações, lembrando sempre em determinar quem vai realizar, e a data da ação, para não ficar no esquecimento. É comum nas organizações realizarem reuniões e discussões, para buscar soluções aos problemas e depois nada ser feito. A partir do levantamento das dificuldades dos alunos criarem possibilidades de trabalhos com as sugestões de todos. Perrenoud (2000) apresenta algumas sugestões como: a) Trabalhar a partir da representação dos alunos; b) Desenvolver atividades tomando como leitura os erros e os obstáculos de aprendizagem dos alunos; c) Administrar as situações problemas através dos níveis dos alunos e as suas possibilidades; d) Ter uma avaliação dos alunos através de uma abordagem formativa; e) Apresentar trabalho integrado; f) Desenvolver trabalhos com alunos com grandes dificuldades; g) Suscitar o desejo de aprender do aluno; h) Explicitar a relação com o saber no aluno; i) Desenvolver no aluno a capacidade de auto-avaliação; j) Favorecer um projeto pessoal de cada aluno. Neste sentido, todos devem se unir para criar práticas tutorias em um ambiente de harmonia, e com propostas que trabalhem para evolução do ensino com competência e qualidade. A partir dessa prática você vai criando um clima de confiança e liberdade de expressão, onde a pessoa sente-se realmente acolhida. A pessoa sente-se genuinamente aceita, compreendida, respeitada e, freqüentemente aliviada de sentimentos dolorosos ou difíceis. Lembrando que práticas tutoriais podem ser desenvolvidas de várias formas, desde uma visita técnica, seminário, leitura de um livro para debate, aula dialogada sobre o assunto determinado, nivelamento de algum assunto que os alunos tenham dificuldade e outras. 10680 Encaminhamentos metodológicos e análise dos resultados Esta pesquisa se caracteriza por ser qualitativa, e um estudo descritivo, tendo como objetivo verificar a competência do tutor presencial. Segundo Cervo e Bervian (2002, p.138), explicam que a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e relaciona fatos e fenômenos sem os manipular. Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na visão social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo como coletivamente. A pesquisa foi dividida em quatro etapas, a primeira o levantamento bibliográfico, a segunda aplicação do questionário com os vinte alunos do curso de pedagogia no pólo presencial, a terceira a entrevista direta com cinco alunos, quarta e última etapa foi à construção de um artigo e apresentação dos resultados. Para Cervo e Bervian (2002, p.137) “recorre-se à entrevista quando não há fontes mais seguras para as informações desejadas ou quando há necessidade de completar dados extraídos de outras fontes”. Nesse caso após aplicação do questionário, sentiu-se a necessidade de aplicar a entrevista direta, com intuito de confirmar ou não alguns dados. Na análise dos resultados podemos perceber a insatisfação dos alunos em relação ao tutor presencial, levantaram a falta de interesse em orientá-los, quando vão buscar orientação a resposta é sempre a mesma, “isso não é comigo”, mas com quem é perguntam os alunos? Não tendo uma orientação em relação ao estágio, não tendo acompanhamento no local da realização. Na orientação dos trabalhos a resposta do tutor é “não posso dar meu parecer, isso é papel do corretor”. A resposta que mais escutam do tutor presencial “isso não é comigo, isso é falha do sistema”. O fato que chamou mais atenção na pesquisa foi os comentários dos estudantes, quando repetiram várias vezes “sinto-me só”, “isolados”, e “sem ninguém para compartilhar”. Será que não esta faltando um relacionamento mais afetivo, de confiança entre tutor presencial e estudante? Diante de tanta insatisfação, colocam como ponto positivo o material didático e as ferramentas tecnológicas. Em relação a tele-aula comentam que a maioria delas é cansativa, faltando aos professores um pouco mais de dinamismo, e preparo para ministrar aula nessa modalidade. O foco de nossa pesquisa não é a tele- aula, porém vale ressaltar que na opinião dos alunos faltam professores com paixão, com entusiasmo, reflexivos, que apresentem uma aula dialogada, e provocadora. 10681 O resultado apresentado deve levar a instituição a repensar o papel do tutor presencial, talvez isso não é claro para o aluno, e também para o próprio profissional. Sabemos que o ensino a distância tem muito a caminhar, e reestrutar-se em todos os sentidos, mas não podemos fechar os olhos no que tange ao atendimento ao estudante, muitas vezes se sente solitário na sua trajetória acadêmica, o levando a desistência do seu sonho. Quanto ao tutor presencial temos que levar em consideração, se recebe orientações, cursos de capacitação, remuneração adequada, trabalhos de motivação e outros. Cabe ao gestor local, e coordenação pedagógica realizarem um diagnóstico e tomarem as ações que forem necessárias. Essa pesquisa abriu leques para vários questionamentos, e deixamos essa proposta à instituição. Considerações Finais O ensino a distância apesar de seus avanços nos últimos tempos, tornando-se uma busca pelos estudantes, devido ao menor tempo de disponibilidade presencial, valor de mensalidade, ainda tem o maior número de evasão. Segundo as pesquisas, essa evasão se da na maioria das vezes devido à monotonia do sistema de ensino, falta e desencontro de informações, a não credibilidade das instituições de ensino a distância. Na presente pesquisa que teve como foco verificar a competência do tutor presencial, pode-se notar que a insatisfação dos alunos em relação às orientações recebidas é enorme, alias acontece a desorientação. Os estudantes afirmam que fazem estágio sem acompanhamento nas escolas, que em relação aos trabalhos não recebem orientações devidas. Uma das propostas que apresentamos a instituição é que esclareça ao aluno, e ao tutor presencial o papel de cada um, e que possibilite ferramentas de comunicação sem ruídos, nessa relação. Muitas vezes falta educação continuada ao tutor presencial, um acompanhamento de sua atuação, avaliação do seu trabalho, e a coordenação não atua com clareza e objetividade, não apresentando a ele onde necessita avançar. O fato que chamou mais atenção nessa pesquisa é a postura do aluno, quando repetiu várias vezes “sinto-me só”, “isolado”, e “sem ninguém para compartilhar”. Será que não esta faltando um relacionamento mais afetivo, de confiança entre tutor presencial e estudante? Muitas vezes falta criar espaço de troca, de debate, seminários, ou mesmo uma conversa informal, permitindo que o estudante fale de suas angustias, de seus medos e de seus sonhos. 10682 Essa pesquisa foi de grande valia ao pesquisador, pois trouxe uma visão da importância do papel do tutor presencial, o quanto o estudante busca nele a solução para os seus problemas. Sabemos que temos muito a avançar, mas o tutor presencial não pode ignorar o pedido de socorro dos estudantes. REFERÊNCIAS ARETIO. L. G. Educación a distancia hoy. Madrid: UNED, 1994. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional de Nível Tecnológico/ Parecer 29/2002. Aprovado 03/12/02. BRASIL. Ministério da Educação. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 5672/71. BRASIL. Ministério da Educação. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. BRASIL, Ministério da Educação. 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