O PAPEL DO TUTOR PRESENCIAL NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
BARNI, Edí Marise
[email protected]
Eixo Temático: Comunicação e Tecnologia
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O artigo apresenta à análise dos resultados, da pesquisa realizada com vinte estudantes do
curso de pedagogia a distância de uma instituição da cidade de Curitiba –PR. Trata-se de uma
pesquisa qualitativa, descritiva, onde foi aplicado um questionário a todos os participantes, e
uma entrevista direta com cinco alunos. Tendo como objetivo verificar o nível de
competência do tutor presencial. A mesma foi dividida em quatro etapas, a primeira o
levantamento bibliográfico, a segunda aplicação do questionário com os vinte alunos do curso
de pedagogia no pólo presencial, a terceira entrevista direta com cinco alunos, quarta e última
etapa foi à construção do artigo e apresentação dos resultados. Na análise dos resultados
podemos perceber a insatisfação dos estudantes em relação ao tutor presencial, levantaram a
falta de interesse em orientá-los, quando vão buscar orientação a resposta é sempre a mesma,
“isso não é comigo”, mas com quem é perguntam os alunos? Não tendo uma orientação em
relação ao estágio, não existindo acompanhamento no local da realização. Diante de tanta
insatisfação, colocam como ponto positivo o material didático, e as ferramentas tecnológicas.
Sabemos que o ensino a distância tem muito a caminhar, e reestrutar- se em todos os sentidos,
mas não podemos fechar os olhos no que tange ao atendimento ao estudante, muitas vezes se
sente solitário na sua trajetória acadêmica, o levando a desistência do seu sonho.
Palavras - chave: Tutor-presencial. Ensino a distância. Pedagogia.
Introdução
O artigo em questão teve como objetivo, verificar a competência do tutor presencial do
curso de pedagogia de uma instituição de ensino a distância da cidade de Curitiba –PR. A
pesquisa se fundamentou em quatro etapas, a primeira o levantamento bibliográfico, a
segunda aplicação do questionário com vinte alunos do curso de pedagogia no pólo
presencial, a terceira foi à entrevista direta com cinco alunos, quarta e última etapa à
construção do artigo e apresentação dos resultados.
10672
A fundamentação teórica tem como base vários autores em relação à educação à
distância, o papel do tutor presencial, comunicação e autonomia dos alunos e práticas
tutoriais.
Na análise dos resultados podemos perceber a insatisfação dos estudantes em relação
ao tutor local, levantaram a falta de interesse em orientá-los, quando vão buscar orientação a
resposta é sempre a mesma, “isso não é comigo”, mas com quem é perguntam os alunos?
Diante de tanta insatisfação, colocam como ponto positivo o material didático e as
ferramentas tecnológicas.
O resultado apresentado poderá levar a instituição a repensar o papel do tutor
presencial, talvez isso não seja claro para o aluno, e também para o próprio profissional.
Sabemos que o ensino a distância tem muito a caminhar, e reestrutar- se em todos os sentidos,
mas não podemos fechar os olhos no que tange o atendimento ao estudante, que muitas vezes
se sente solitário na sua trajetória acadêmica, o levando a desistência do seu sonho.
A educação à distância
O ensino a distância vem ganhando cada vez mais espaço, no cesário brasileiro
educacional. Têm suas características históricas, sociais, políticas que vem construindo ao
longo do tempo. A própria definição de ensino a distância tem sofrido mudanças devido aos
avanços tecnológicos, e a exigência do mercado.
Para Moran 2002 a educação a distância é quando aluno e professores não se
encontram no mesmo espaço, mas o processo de ensino-aprendizagem é mediado por
ferramentas tecnológicas, como rádio, CD-ROM, tele-transmissão, e-mail, telefone e outros.
Temos muitas definições de educação a distância, porém Moore e Kearsley (1996, p.2)
afirmam que:
Educação a distância é o aprendizado planejado que normalmente ocorre em lugar
diverso do professor e, como conseqüência, requer técnicas especiais de
planejamento de curso, técnicas instrucionais especiais, métodos especiais de
comunicação, eletrônicos ou outros, bom como estrutura organizacional e
administrativa específica.
Nesse sentido a educação a distância necessita ter um planejamento minucioso, para
que nenhuma informação se perca, pois o estudante não fica no mesmo espaço físico do
10673
professor, fazendo o uso de ferramentas que cheguem até o estudante. Segundo Peters (1973,
p.2):
Ensino /Educação a Distância (Fernunterricht) é um método racional de partilha
conhecimento, tarefas e atitudes. Defende a divisão do trabalho, segundo princípios
organizacionais, e utilização de meios técnicos de comunicação extensivos com a
intenção de produzir materiais de ensino de alta qualidade de forma a poder instruir
um elevado número de alunos ao mesmo tempo e onde quer que estejam situados Forma industrializada de ensinar e aprender.
Nessa afirmação, nota-se que a educação a distância atinge um grande número de
estudantes ao mesmo tempo, tornando acessibilidade do conhecimento uma realidade.
Quando Peters (1973) comenta da “industrialização de ensinar e aprender”, necessita-se ter
cuidado para a não robotização, e levar o olhar do estudante apenas para um anglo.
No Brasil, a legislação que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação (LDB) está
escrito na Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996, no seu art. 80º, o poder público incentiva o
desenvolvimento e a vinculação de programa do ensino à distância em todos os níveis e
modalidades de ensino, e de educação continuada. No Decreto nº 2.4904, 10 de fevereiro de
1998, o Senhor Presidente da República no uso de suas atribuições decreto no Art. 1º declarou
que:
[...] educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados,
apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou
combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação.
Através dessa abertura do governo o ensino a distância tem crescido e desenvolvido
plausivamente, para a melhoria e aperfeiçoamento de acordo com a necessidade de cada
discente, que possibilita a auto-aprendizagem com a mediação de recursos didáticos
sistematicamente organizados.
A educação à distância, enquanto prática educativa deve considerar esta realidade e
comprometer-se com os processos de libertação do homem em direção a uma sociedade mais
justa, solidária e igualitária.
Enquanto prática de mediação deve fazer uso da tecnologia, entendida como, “[...] um
conjunto de conhecimentos especializados, com princípios científicos que se aplicam a um
10674
determinado ramo de atividade, modificando, melhorando, aprimorando os produtos oriundos
do processo de interação [...]” (BRITO E PURIFICÃO, 2006, p. 18).
Falar de tecnologia não é nada fácil, diante das mudanças rápidas que a sociedade em
geral tem passado, esta questão tem afetado diretamente o papel das instituições de ensino,
como articuladoras do conhecimento sistemático.
Neste sentido exige-se, pois, uma organização de apoio institucional e uma mediação
pedagógica que garantam as condições necessárias à efetivação do ato educativo. Esta questão
precisa ser perseguida constantemente por todas as instituições de ensino a distância no
intuito de chegarmos o mais próximo do ideal, no que tange ao processo ensino-aprendizagem
com excelência.
O papel do tutor presencial
A educação a distância vai além da dimensão metodológica e deve ser vista como
parte do Projeto Político Pedagógico (PPP), que vincula a educação com a luta por uma vida
pública na qual o diálogo, a tolerância, o respeito à diversidade estejam atentos aos direitos e
condições que organizam, como uma forma social justa e democrática.
No momento a educação a distância é um fato social e cultural cada vez mais
necessário e significativo, tempo e lugares educativos se multiplicam e a educação
institucional formal e presencial não é mais do que uma das formas entre todas as demais.
Para que o processo ensino-aprendizagem aconteça na educação à distância é de
fundamental importância a presença de o tutor presencial atuar como orientador da
aprendizagem que acompanha e orienta de modo competente, tanto técnico como
didaticamente o processo de desenvolvimento do aluno.
O tutor presencial desempenha papel importante como pessoa chave para ajudar os
alunos, individualmente, a interagir com os materiais e para converter informações em
conhecimentos.
O papel especial do tutor presencial é o de assistir ou ajudar o aluno, individualmente
e coletivamente, por meio interativo eletrônico, atuando de forma que ele se sinta como se
estivesse em situação de uma aula presencial. Acompanha os alunos na tele-sala durante a
tele-aula ou teleconferência, nas atividades supervisionadas, auto-instrucionais, práticas e
inclusive estágios, que o aluno desenvolvera a partir do material didático e dos materiais
instrucionais de apoio aos cursos.
10675
O tutor presencial ainda tem sob sua responsabilidade a gestão didática e acadêmica,
de sua tele-sala bem como a coordenação geral de suas atividades.
Pensar no tutor presencial, no atual estágio da sociedade digital é identificar as
multifunções. Muitos no seu discurso querem fugir dessa digitalização da educação, porém o
que vemos inerente a esse mundo desconhecido um grande número de professores em busca
de desvendar.
Tutores presenciais que querem mudar sua maneira de ensinar, que querem se adaptar
as exigências educacionais dos novos tempos que sentem que a sociedade mudou. Sabem que
no mundo digital o seu papel altera que em algumas situações se amplia, mas não se extingue.
Diante destas questões podemos ressaltar a análise da ação docente neste mundo cibernético,
mas valorizando tutor presencial como ser humano.
Ser humano que a todo tempo trabalha com jovens e adultos, mediando interações no
ato de ensinar e aprender. Segundo Kenski ( 2001, p. 96) “[...] como, em primeiro lugar , um
agente de memória. Um profissional responsável, entre outras coisas , pela manutenção da
memória social.”
Compete a ele o papel de mediador provocando assim no estudante
reflexão, transmissão e a manutenção da cultura no seu determinado momento.
O tutor presencial como agente de memória é capaz de criar espaços de interações,
entre estudantes que têm acesso ilimitado a tecnologia e aos que apenas vivenciam
experiências nestas modalidades no espaço escolar. O outro papel fundamental de acordo com
Kenski (2001, p.97) “[...] em todos os tempos diz respeito à sua ação como agente de valores,
aquele que influencia os comportamentos e atitudes de seus alunos”.
É o profissional que estimula a intra-relação e a inter-relação. A intra-relação é
trabalhar a identidade do estudante, quem sou eu neste mundo digital? Contextualizando este
questionamento na visão macro eu - mundo. Como podemos trabalhar valores se não
olharmos para dentro de nós, e provocarmos que o outro se olhe.
Vivemos um momento de incertezas, complexidade, em frente a isso o tutor presencial
não pode mais se postar na atitude daquele que sabe, mas sim como aquele que pesquisa.
Pesquisa junto com o estudante, os papéis se fundem formando um só. Essa exigência de um
tutor presencial pesquisador deve parte ao mundo digital, pois muitas vezes a informação, o
conhecimento que vai ser trabalhado com o estudante, o mesmo já acessou.
No ensino a distância o tutor presencial é um articulador do trabalho em colaboração
dos alunos, e com os outros profissionais manterá uma relação de valores que irão permear
10676
toda ação. Podemos dizer que o mundo digital sutilmente, provoca um clima entre instituição
– professor - estudante de confiança e amizade que propicia a construção do conhecimento e
amplia a rede de valores éticos e morais voltados para ação coletiva.
Então: quem é o tutor presencial na era digital? Aquele que visualiza a tecnologia
como grande instrumento de ensino aprendizagem, mas seu olhar é de curiosidade e de
compaixão ao ser humano.
No sistema de ensino a distância, o tutor presencial tem um papel fundamental, pois é
por intermédio dele que se garante a inter-relação personalizada e contínua do aluno no
sistema, e se viabiliza a articulação necessária entre os elementos do processo e a consecução
dos objetivos propostos.
A instituição que desenvolve este processo de educação busca construir seu modelo
tutorial visando ao atendimento das especificidades locais regionais, incorporando nos
programas e cursos, como complemento às novas tecnologias.
Neste sentido, o tutor presencial passa a ser um elo entre o virtual e o real, tornando-se
assim um gestor do conhecimento, que tem por objetivo estimular e articular o conhecimento,
visando atingir a excelência e proporcionar o compartilhamento das informações, envolvendo
assim a promoção das relações humanas e do uso da tecnologia voltadas para a educação.
A presença e mediação realizada pelo tutor presencial na educação a distância é
essencial para o sucesso de um curso e, conseqüentemente, aprendizagem dos alunos. Mediar,
neste contexto significa ajudar os alunos a superar as dificuldades, os estimulando a fazer
pesquisas que não se restrinjam ao material de estudo, e propondo práticas que vão além da
mera presença do tutor presencial em sala no momento das aulas.
As práticas tutorias podem ser ações individuais dos tutores presenciais que culminam
em momentos de aprendizagens. Elas podem acontecer com todos os alunos de um curso,
com um grupo de alunos, ou então, individualmente.
Devido às diferenças regionais, geográficas e culturais não há práticas tutorias que se
apliquem irrestritamente em todas as situações. Desta forma a participação dos tutores
presenciais se torna fundamental, no sentido de refletir e colocar em ação uma prática tutorial
que esteja de acordo com a realidade do pólo de apoio presencial em que atua.
Comunicação e Autonomia do Aluno
Para Brito, citando Cherry, comunicação é o:
10677
Estabelecimento de uma unidade social entre seres humanos, pelo uso de signos de
linguagem. A compartilha de conjuntos comuns de regras, para várias atividades que
visam um objetivo. [...] Toda comunicação procede por meio de signos, com os
quais um organismo afeta o comportamento do outro (ou, de modo mais geral, o
estado do outro). [...] Comunicação não é a resposta em si mesma, mas é
essencialmente a relação que se estabelece com a transmissão do estímulo e a
evocação da resposta. (2008, p.5)
Segundo essa mesma autora, para que ocorra comunicação é necessário que seja
emitida uma mensagem e que em seguida haja uma resposta. Caso ocorra somente o envio da
mensagem, sem retorno, o que acontece é apenas fornecimento de informações.
No tocante ao ensino à distância, a comunicação entre professor, tutor presencial e
aluno são mais complexos. Geralmente nos cursos desta modalidade, em que os alunos
assistem aula por meio de aparelhos que utilizam tecnologia na maior parte do tempo ocorre a
transmissão de conhecimentos do professor para o aluno.
Nesse sentido, a comunicação deve se dar em outros momentos, como por exemplo,
com o professor, tutor presencial em horários diferentes das aulas,
utilizando ambientes
virtuais ou outras tecnologias.
Essa comunicação deve, de acordo com Brito (2008, citando Morais Filho, 2007), ser
“controlada para evitar as distorções que podem decorrer” devido ao distanciamento físico,
pois este é um fator que faz com que o professor de EAD não consiga perceber as reações dos
alunos frente às informações fornecidas, sendo fundamental a percepção e ação no sentido
em relação ao ambiente de sala de aula. De acordo com Moore e Kearsley (2007), citados por
Brito (2008, p.6),
Os alunos muitas vezes são mais defensivos quando assistem ao curso de um
professor que não é visto do que seriam em uma aula convencional, mas dificilmente
expressam essa inquietação. Alguns alunos buscam abertamente um relacionamento
dependente com o professor, ao passo que outros são visivelmente independentes, e
a maioria se posiciona entre os extremos.
Nesse sentido, o professor - tutor deve tentar desenvolver a máxima autonomia nos
alunos sem esquecer que muitos precisam de apoio motivacional. Ser autônomo, de acordo
com Piaget, citado por Brito (2008, p.7), “significa estar apto a, cooperativamente, construir o
sistema de regras morais e operatórias necessárias à manutenção de relações permeadas pelo
respeito mútuo”.
10678
Nesse contexto, as instituições de EAD devem primar pelo desenvolvimento da
autonomia dos alunos elaborando planejamentos que permitam ao aluno adquirir esse tipo de
competência. Segundo Morais Filho (2007), citado por Brito (2008, p. 9), o planejamento,
Exige uma seleção criteriosa e adequada dos conteúdos programáticos, dos recursos
e dos materiais a serem incluídos no curso. Esta, sem dúvida, é uma tarefa que exige
tempo, reflexão, redirecionamentos, estudo das características do aluno e do meio
onde ele vive. Exige adequação e controle. Exige, sobretudo, o acompanhamento
contínuo e, portanto, um diálogo constante entre o professor, o tutor e o aluno e uma
avaliação contínua imprescindível.
Levando em conta esse cenário, todos os sujeitos envolvidos no processo educativo
devem entender que ensinar não se restringe a transmitir conhecimentos, mas que, além disso,
é criar possibilidades para que os alunos sejam mais autonômos, críticos e saibam trabalhar
com as informações fornecidas pelo professor de modo que consigam, por si mesmos,
produzir e construir seus conhecimentos.
Práticas Tutoriais
As práticas tutorias podem ser criadas através de projetos com o objetivo de
potencializar a aprendizagem dos alunos. Segundo Perrenoud (2000) acompanhar a
administração e a progressão da aprendizagem mobiliza cinco competências:
a) Conceber e administrar situações problemas;
b) Ter uma visão longitudinal dos objetivos da instituição;
c) Apresentar ligação entre teorias e as atividades do processo de ensino;
d) Ter uma abordagem formativa para poder avaliar o processo ensino aprendizagem dos alunos;
e) Realizar uma avaliação periódica das competências e tomar decisões progressivas.
Cada uma delas deve ser trabalhada interligada com as demais, para que a instituição
de ensino tenha uma visão macro e micro da situação, a partir disso criar planos de ações a
partir de projetos. Esses planos de ações devem ser criados dentro de um panorama,
respeitando o projeto político pedagógico e o contexto onde instituição está inserida. Não
podemos tomar decisões isoladas, ao acaso sem dados dentro de um estudo sistemático e
fundamentado. No quadro abaixo mostramos um modelo de plano de ação.
10679
O QUE
QUEM
QUANDO
ONDE
PORQUE
Qual..
O responsável
Data
Local
Justificar
Quadro 1 – Plano de ação
COMO
Passo a passo
Você pode criar outros roteiros de plano de ações, lembrando sempre em determinar
quem vai realizar, e a data da ação, para não ficar no esquecimento. É comum nas
organizações realizarem reuniões e discussões, para buscar soluções aos problemas e depois
nada ser feito.
A partir do levantamento das dificuldades dos alunos criarem possibilidades de
trabalhos com as sugestões de todos. Perrenoud (2000) apresenta algumas sugestões como:
a) Trabalhar a partir da representação dos alunos;
b) Desenvolver atividades tomando como leitura os erros e os obstáculos de
aprendizagem dos alunos;
c) Administrar as situações problemas através dos níveis dos alunos e as suas
possibilidades;
d) Ter uma avaliação dos alunos através de uma abordagem formativa;
e) Apresentar trabalho integrado;
f)
Desenvolver trabalhos com alunos com grandes dificuldades;
g) Suscitar o desejo de aprender do aluno;
h) Explicitar a relação com o saber no aluno;
i)
Desenvolver no aluno a capacidade de auto-avaliação;
j)
Favorecer um projeto pessoal de cada aluno.
Neste sentido, todos devem se unir para criar práticas tutorias em um ambiente de
harmonia, e com propostas que trabalhem para evolução do ensino com competência e
qualidade.
A partir dessa prática você vai criando um clima de confiança e liberdade de
expressão, onde a pessoa sente-se realmente acolhida. A pessoa sente-se genuinamente aceita,
compreendida, respeitada e, freqüentemente aliviada de sentimentos dolorosos ou difíceis.
Lembrando que práticas tutoriais podem ser desenvolvidas de várias formas, desde
uma visita técnica, seminário, leitura de um livro para debate, aula dialogada sobre o assunto
determinado, nivelamento de algum assunto que os alunos tenham dificuldade e outras.
10680
Encaminhamentos metodológicos e análise dos resultados
Esta pesquisa se caracteriza por ser qualitativa, e um estudo descritivo, tendo como
objetivo verificar a competência do tutor presencial. Segundo Cervo e Bervian (2002, p.138),
explicam que a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e relaciona fatos e fenômenos
sem os manipular. Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na visão
social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo
como coletivamente.
A pesquisa foi dividida em quatro etapas, a primeira o levantamento bibliográfico, a
segunda aplicação do questionário com os vinte alunos do curso de pedagogia no pólo
presencial, a terceira a entrevista direta com cinco alunos, quarta e última etapa foi à
construção de um artigo e apresentação dos resultados.
Para Cervo e Bervian (2002, p.137) “recorre-se à entrevista quando não há fontes mais
seguras para as informações desejadas ou quando há necessidade de completar dados
extraídos de outras fontes”. Nesse caso após aplicação do questionário, sentiu-se a
necessidade de aplicar a entrevista direta, com intuito de confirmar ou não alguns dados.
Na análise dos resultados podemos perceber a insatisfação dos alunos em relação ao
tutor presencial, levantaram a falta de interesse em orientá-los, quando vão buscar orientação
a resposta é sempre a mesma, “isso não é comigo”, mas com quem é perguntam os alunos?
Não tendo uma orientação em relação ao estágio, não tendo acompanhamento no local da
realização. Na orientação dos trabalhos a resposta do tutor é “não posso dar meu parecer, isso
é papel do corretor”. A resposta que mais escutam do tutor presencial “isso não é comigo, isso
é falha do sistema”. O fato que chamou mais atenção na pesquisa foi os comentários dos
estudantes, quando repetiram várias vezes “sinto-me só”, “isolados”, e “sem ninguém para
compartilhar”. Será que não esta faltando um relacionamento mais afetivo, de confiança entre
tutor presencial e estudante?
Diante de tanta insatisfação, colocam como ponto positivo o material didático e as
ferramentas tecnológicas. Em relação a tele-aula comentam que a maioria delas é cansativa,
faltando aos professores um pouco mais de dinamismo, e preparo para ministrar aula nessa
modalidade. O foco de nossa pesquisa não é a tele- aula, porém vale ressaltar que na opinião
dos alunos faltam professores com paixão, com entusiasmo, reflexivos, que apresentem uma
aula dialogada, e provocadora.
10681
O resultado apresentado deve levar a instituição a repensar o papel do tutor
presencial, talvez isso não é claro para o aluno, e também para o próprio profissional.
Sabemos que o ensino a distância tem muito a caminhar, e reestrutar-se em todos os sentidos,
mas não podemos fechar os olhos no que tange ao atendimento ao estudante, muitas vezes se
sente solitário na sua trajetória acadêmica, o levando a desistência do seu sonho.
Quanto ao tutor presencial temos que levar em consideração, se recebe orientações,
cursos de capacitação, remuneração adequada, trabalhos de motivação e outros. Cabe ao
gestor local, e coordenação pedagógica realizarem um diagnóstico e tomarem as ações que
forem necessárias. Essa pesquisa abriu leques para vários questionamentos, e deixamos essa
proposta à instituição.
Considerações Finais
O ensino a distância apesar de seus avanços nos últimos tempos, tornando-se uma
busca pelos estudantes, devido ao menor tempo de disponibilidade presencial, valor de
mensalidade, ainda tem o maior número de evasão. Segundo as pesquisas, essa evasão se da
na maioria das vezes devido à monotonia do sistema de ensino, falta e desencontro de
informações, a não credibilidade das instituições de ensino a distância.
Na presente pesquisa que teve como foco verificar a competência do tutor presencial,
pode-se notar que a insatisfação dos alunos em relação às orientações recebidas é enorme,
alias acontece a desorientação. Os estudantes afirmam que fazem estágio sem
acompanhamento nas escolas, que em relação aos trabalhos não recebem orientações devidas.
Uma das propostas que apresentamos a instituição é que esclareça ao aluno, e ao tutor
presencial o papel de cada um, e que possibilite ferramentas de comunicação sem ruídos,
nessa relação. Muitas vezes falta educação continuada ao tutor presencial, um
acompanhamento de sua atuação, avaliação do seu trabalho, e a coordenação não atua com
clareza e objetividade, não apresentando a ele onde necessita avançar.
O fato que chamou mais atenção nessa pesquisa é a postura do aluno, quando repetiu
várias vezes “sinto-me só”, “isolado”, e “sem ninguém para compartilhar”. Será que não esta
faltando um relacionamento mais afetivo, de confiança entre tutor presencial e estudante?
Muitas vezes falta criar espaço de troca, de debate, seminários, ou mesmo uma conversa
informal, permitindo que o estudante fale de suas angustias, de seus medos e de seus sonhos.
10682
Essa pesquisa foi de grande valia ao pesquisador, pois trouxe uma visão da
importância do papel do tutor presencial, o quanto o estudante busca nele a solução para os
seus problemas. Sabemos que temos muito a avançar, mas o tutor presencial não pode ignorar
o pedido de socorro dos estudantes.
REFERÊNCIAS
ARETIO. L. G. Educación a distancia hoy. Madrid: UNED, 1994.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
Profissional de Nível Tecnológico/ Parecer 29/2002. Aprovado 03/12/02.
BRASIL. Ministério da Educação. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº
5672/71.
BRASIL. Ministério da Educação. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº
9394 de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL, Ministério da Educação. Decreto nº 24904/ 10 de fevereiro de 1998.
BRASIL, Ministério da Educação. Decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005 regulamenta o
art. 80 da Lei 9394/96.
BRITO, Gláucia da Silva; PURIFICAÇÃO, da Ivonélia. Educação e tecnologias. Curitiba.
PR: IBPEX, 2006.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Makron Books, 2002.
KENSKI, Vani Moreira. O papel do professor na sociedade digital. In: CASTRO, Amélia
Domingues de; CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (Org.) Ensinar a ensinar. Didática
para a escola fundamental e média. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. p. 96 106
MORAN, José Manuel.
Princípios da educação à distância. Disponível em:
<http:www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm>. Acesso em: abr. 2011.
Moore, Michel G., Kearsley, Greg. Distance education: a systems view. Belmont (USA):
Wadsworth Publishing Company, 1996.
PETERS,
Otto.
A
teoria
da
industrialização.
Disponível
<http://wordseparole.blogspot.com/2007/02/peters-otto-teoria-da-industrializao.html>.
Acesso em: jun. 2011.
em
10683
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Tradução: Patrícia Chittoni
Ramos. Porto Alegre, 2000.
Download

O PAPEL DO TUTOR PRESENCIAL NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA