Centro de Animação Bíblico-Catequética Diocese de Ponta Grossa CATEQUISTA “Ide… anunciai a Boa-Nova.” (Mateus 28,19) Prefácio Após mais de quinze anos de utilização da Coleção Sementes – manual de catequese elaborado na Diocese de Ponta Grossa (PR) –, utilizada por catequistas de muitas regiões do Brasil, é para mim motivo de alegria e grande esperança apresentar a nova coleção, totalmente reformulada no espírito do Documento de Aparecida e do processo de Iniciação à Vida Cristã. Hoje melhor compreendemos que a catequese não é uma transmissão de conteúdos de doutrina (“instrução”), nem apenas preparação para receber este ou aquele sacramento (“etapa de formatura”), mas é um processo dinâmico e abrangente de educação da fé, um itinerário de vida, que leva alguém ao encontro de comunhão e intimidade com Jesus Cristo e à adesão à proposta do Reino, que é vivida na Igreja. Duas consequências brotam dessa visão: primeira - o catequista, alguém orante, que experimenta e vive o seu encontro pessoal com o Senhor, é capaz de introduzir os catequizandos no Mistério (mistagogia); segunda - uma vez que esse processo de discipulado se realiza na comunidade eclesial, e toda a comunidade paroquial é catequizadora, com a participação da família e do sacerdote, a dinâmica toda da catequese vai inserir o catequizando na vida da comunidade... Daí uma grande novidade da nova coleção: a inserção de celebrações litúrgico-catequéticas ou ritos de Iniciação, que vão assinalando as várias etapas e introduzindo o catequizando no Mistério do Ressuscitado, levando-o a assimilar a linguagem dos símbolos, dos gestos, da vida de oração e contemplação, bem como a participar de maneira ativa e frutuosa na Liturgia e na transformação da sociedade. Este volume começa com uma preciosa apresentação, que expõe de maneira clara a mística da Iniciação à Vida Cristã, sempre iluminada pela atitude de Jesus com os discípulos de Emaús. Respeita a psicologia das idades e os diversos momentos do ano litúrgico. Será muito útil para a preparação dos catequistas no início das atividades. Parabenizando a Equipe de Animação Bíblico-Catequética da diocese e a Editora Ave-Maria por colocar à disposição dos catequistas e das comunidades do Brasil este precioso instrumento, invoco sobre todos as bênçãos de Deus uno e trino. Na Festa de Maria, Mãe da Divina Graça, padroeira da Diocese. Ponta Grossa, 15 de setembro de 2011. Dom Sergio Arthur Braschi Apresentação Esta edição reformulada do Manual de iniciação para uma vida de comunhão com Cristo na sua comunidade faz parte da Coleção Sementes e é expressão do amadurecimento da edição publicada em 1995 na Diocese de Ponta Grossa (PR). Reformulada com a colaboração de catequistas, religiosos, pedagogos, psicólogos e sacerdotes, esta edição alinha o processo catequético com as orientações do Documento de Aparecida, do Diretório Nacional de Catequese, do Estudo 97 sobre iniciação à vida cristã e das diretrizes gerais da Ação Evangelizadora da Igreja (2011-2015). Deseja oferecer à Igreja um instrumento vivo e dinâmico de transmissão da fé, para auxiliar o “processo de iniciação à vida cristã”, que conduz a pessoa para um mergulho no Mistério de Cristo, formando nela um coração de discípulo missionário. É preciso tratar com zelo uma importante parcela do povo de Deus confiada à Igreja composta de crianças e adolescentes. Para eles, a catequese de iniciação à vida cristã é fundamental para o crescimento na fé, porque proporciona um encontro pessoal com Cristo por meio da escuta da Palavra, da Celebração dos mistérios da fé e da vida comunitária. O método de “iniciação” requer cuidado no planejamento para o êxito da ação catequética no âmbito paroquial. Necessita também de catequistas mistagogos, isto é, que tenham segurança para conduzir ao Mistério pela vivência da fé, da espiritualidade e do testemunho de vida de comunhão na comunidade. Por sua vez, a comunidade também é chamada a realizar essa tarefa, que é “do conjunto da Igreja”. A formação e a criatividade de nossos catequistas são sempre uma qualidade a ser valorizada e estimulada. Embora o trabalho dedicado de muitos catequistas seja objeto de nosso respeito e admiração, a iniciação de nossas crianças e adolescentes tem sido fragmentada e, às vezes, insuficiente diante dos desafios e das urgências desta “mudança de época”. Esta edição reformulada do manual da Coleção Sementes proporciona a diminuição da distância entre a catequese e a liturgia, que são duas faces do mesmo Mistério, em vista da adesão a Jesus e do discipulado. A catequese de iniciação à vida cristã favorece a integração entre Anúncio, Celebração e Vivência Comunitária. Sendo um método mais participativo, fomenta a conexão entre catequista, catequizandos, família e comunidade. A Coleção Sementes contém cinco volumes para realizar um processo global de catequese, instruindo com os quatro pilares da doutrina (crer, celebrar, viver e rezar), que favorecem a experiência das primeiras e fundamentais noções da fé. Os três primeiros volumes preparam para a intimidade com Cristo, a inserção e a pertença à sua comunidade, que se expressará por meio da participação eucarística. Os outros dois volumes confirmam a opção e a adesão a Jesus e à sua comunidade, consolidando no catequizando um coração de discípulo missionário para atuar, na força do Espírito Santo, como “sal da terra e luz do mundo”. (Mateus 5,13-14) Este manual inicia-se com uma carta de acolhida aos pais e aos catequizandos, um texto de capacitação inicial para os catequistas, uma celebração de unção e de envio do catequista e um encontro de acolhida dos catequizandos. Em seguida, sugere um encontro de reflexão sobre a Campanha da Frater- nidade e, posteriormente, apresenta a celebração litúrgica de admissão ao catecumenato com os gestos da assinalação dos sentidos e entrega do Livro da Palavra. Este volume traz as experiências do tempo catecumenal no itinerário catequético, ou seja, “um tempo para conveniente instrução, santificado com os sagrados ritos litúrgicos celebrados em tempos sucessivos” (Sacrosanctum Concilium 64). A 1ª unidade expõe a Revelação, oferecendo um panorama bíblico dos eventos do Antigo Testamento para que o catequizando perceba “o Deus que fala conosco” por meio da Criação, da Aliança que fez com os patriarcas e do dom da lei no Sinai. Essas experiências se desenvolvem a partir de nove temas. A unidade se encerra com uma celebração da “Oração de Bênção aos catequizandos”. A 2ª unidade dá prosseguimento à narrativa vétero-testamentária, com sete temas sobre os eventos de Juízes, Reis e Profetas para que o catequizando aprenda a ouvir e a acolher a voz de Deus, identificando-se com a missão profética. A unidade é concluída com a “Celebração litúrgica Penitencial”. Com onze temas, a 3ª unidade apresenta a nova Aliança em Jesus Cristo, plenitude da Revelação, e os primeiros passos dessa comunidade. Nesta unidade, o catequizando identificará o Cordeiro de Deus mediante o testemunho de João Batista e perceberá a escolha que Deus fez para que Maria fosse a Mãe de Jesus Salvador, o qual anuncia o Reino, as Bem-Aventuranças, e, vencendo a morte na Cruz, gera a comunidade guiada pelo Espírito Santo e enviada para a missão. Antecedido de um texto de formação para o catequista, cada encontro apresenta orientações e é organizado segundo os quatro passos da metodologia do encontro dos discípulos de Emaús com o Ressuscitado: Acolhimento, Fundamentação, Espiritualização e Atividades de fixação – atividades que integram também a vivência da fé em família e fomentam o compromisso cristão do discípulo missionário. Este manual apresenta um processo pedagógico dinâmico, cristocêntrico, litúrgico-comunitário, orante e bíblico, que integra a família, o catequista, o catequizando e a comunidade, ajudando o catequizando a desenvolver o costume de ouvir, celebrar, viver e rezar a Palavra de Deus dentro e fora da família. “Ide, fazei discípulos meus... ensinando-os tudo o que vos ordenei” (Mateus 28,19-20). Desejosos de que esse mandato de Jesus à Igreja aconteça de modo sempre renovado e caracterizado pela alegria, pedimos os auxílios da Mãe da Divina Graça. Equipe Diocesana de Animação Bíblico-Catequética Diocese de Ponta Grossa, PR Carta de acolhida aos pais Queridos pais: Com muito carinho e alegria, a Igreja recebe seu filho para o 2o Tempo de catequese. “Tempo” é uma expressão muito rica; além de indicar o momento do processo dedicado à formação humana e cristã, lembra-nos também que Deus infunde em nós a sua graça através do “tempo”. É no Tempo que acontece e se perpetua a ação salvadora de Deus. “Há um tempo para cada coisa” lembra-nos o autor do livro de Eclesiastes 3,1. Compartilhamos com vocês deste “tempo de graça e intimidade com o Senhor”, que seu filho experimentará na catequese de iniciação. Esse é um momento de especial responsabilidade para uma família cristã, é parte do processo de iniciar ou de conduzir uma pessoa para a inserção na “vida” da comunidade de fé. Contando com a participação e o compromisso da família, a Igreja deseja auxiliar na tarefa de conduzir para o encontro com o Ressuscitado, formando no cristão um coração de discípulo missionário, dando continuidade na missão de iniciação cristã. Toda pessoa carrega no coração o “desejo de ser feliz”. O processo de iniciação é a resposta para esse desejo e também a missão da Igreja de conduzir o homem para a “alegria do encontro vivo com Cristo”, inserindo-o no lugar onde Ele escolheu permanecer vivo: a comunidade cristã. A catequese inicia no ventre materno, que acolheu, com a experiência de amor, com sentimentos de afeto e gratidão, o dom da vida em seus primeiros momentos, e se estende pela convivência familiar, que deve ser naturalmente compreendida como um núcleo de relações de amor que formam valores. É no ambiente de um lar com pais cristãos, permeado de gestos e valores do Evangelho, que são realizados nos filhos os primeiros e fundamentais traços que imprimirão neles uma fisionomia cristã. A Igreja, por sua vez, aprofundará e dará continuidade a essa tarefa que se inicia na família: “Os pais são os catequistas insubstituíveis dos seus filhos”. “Nos primeiros anos de vida da criança, lançam-se a base e o fundamento do seu futuro. Por isso mesmo, devem os pais compreender a importância de sua missão a esse respeito. Em virtude do batismo e do matrimônio, são eles os primeiros catequistas de seus filhos: de fato educar é continuar o ato de geração. Nessa idade, Deus passa de modo particular ‘mediante a intervenção da família’. As crianças têm necessidade de aprender e de ver os pais que se amam, que respeitam a Deus, que sabem apresentar o ‘conteúdo cristão’ no testemunho e na esperança ‘de uma vida de todos os dias vivida segundo o evangelho’. O testemunho é fundamental. A Palavra de Deus é eficaz em si mesma, mas adquire sentido concreto quando se torna realidade na pessoa que anuncia. Isso vale de modo particular para as crianças que ainda não têm condições de distinguir entre a verdade anunciada e a vida daquele que a anuncia. Para a criança, não há distinção entre a mãe e o pai que rezam e a oração: mais ainda, a oração tem especial valor porque é reza da mãe e do pai.” (João Paulo II – discurso em Porto Alegre, RS, 1980) 11 Caríssimos pais, caminhemos juntos nesta missão de testemunhar e transmitir a fé para formar em seu filho um coração de discípulo missionário, inserindo-o nos mistérios do Pai e na comunidade onde Jesus escolheu permanecer! “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria.” (Documento de Aparecida no 29) Equipe Diocesana de Animação Bíblico-Catequética Diocese de Ponta Grossa (PR) 12 Carta de acolhida aos catequizandos Querido catequizando: “Escutai: Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra parte caiu no solo pedregoso e, não havendo terra bastante, nasceu logo, porque não havia terra profunda, mas, ao surgir do sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou. Outra parte caiu entre os espinhos; os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu fruto. Outras caíram em terra boa e produziram fruto, crescendo e se desenvolvendo, e uma produziu trinta, outra sessenta e outra cem.” (Marcos 4,3-8) A parábola do semeador é fonte inspiradora para a evangelização. A semente é a Palavra de Deus, que será lançada no seu coração em cada encontro de catequese. O semeador é Jesus Cristo. Ele anunciou o Evangelho na Palestina há mais de dois mil anos e enviou os seus discípulos a semeá-lo pelo mundo, e assim fazem hoje os catequistas e a “ação do conjunto da Igreja em suas pastorais e movimentos”. (Diretório Geral para Catequese no 15) Jesus Cristo hoje, presente na Igreja por meio do Espírito, continua a semear amplamente a Palavra do Pai no campo do mundo. Ele deseja lançar “sementes de esperança” em seu coração por meio do seu catequista. Lemos na parábola que a qualidade do terreno é sempre muito variada. A semente do Evangelho cai “à beira do caminho” (Marcos 4,4), quando não é realmente escutada; cai “em solo pedregoso” (Marcos 4,5), sem que possa penetrar profundamente na terra; cai “entre os espinhos” (Marcos 4,7) e é imediatamente sufocada no coração daqueles que se fazem distraídos porque têm outras preocupações. Mas a parábola conta que há sementes que caem “em terra boa” (Marcos 4,8), isto é, no coração aberto e disposto à relação pessoal com Deus, que deseja ser solidário com o próximo – assim a semente produz frutos abundantes! Com qual dessas situações você deseja que seu coração se assemelhe nesse processo? Caríssimo catequizando, medite sobre isso para que possamos iniciar com alegria, coragem, dinamismo e firme decisão a participação neste 2o Tempo de catequese. Seja bem-vindo! Junto com seus pais e nossa comunidade, daremos mais um passo neste bonito caminho de “iniciação para uma vida de comunhão com Cristo na sua comunidade”! “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria.” (Documento de Aparecida no 29) Catequista e Equipe Diocesana de Animação Bíblico-Catequética Diocese de Ponta Grossa (PR) 13 Capacitação inicial para os catequistas Querido catequista: Sua vida é um dom para a comunidade cristã. O Senhor Deus lhe dirigiu o olhar com ternura, agradou-se de você e o escolheu! Você é portador de um relacionamento profundo de amor com o Senhor, que o capacita a interpretar as Escrituras e a colocar o catequizando numa relação de intimidade com o Senhor e com sua comunidade. Auxiliado pelo itinerário que este manual lhe oferece, você realizará o tempo chamado de Catecumenato com os catequizandos. Trata-se do tempo no qual acontece progressivamente a educação de toda a vida cristã, é o “tempo para um aprendizado que se constrói através da prática e da experiência do Encontro com Jesus, tendo a finalidade de unir o discípulo ao Cristo-Mestre. O tempo do catecumenato não é uma mera exposição de dogmas e preceitos, mas iniciação no Mistério da Salvação” (Ad Gentes 14). Através do desenvolvimento dos encontros deste tempo, você conduzirá os catequizandos “à prática de uma vida evangélica, introduzindo-os na vida da fé, da liturgia e da caridade, mediante ritos sagrados celebrados em épocas sucessivas” (Catecismo 1248). A iniciação cristã realizada no tempo do catecumenato não é apenas tarefa dos catequistas e sacerdotes, mas de toda a comunidade dos fiéis, de modo especial, da família e também dos padrinhos. (Ad Gentes 14) Estamos num período muito rico de transição no qual somos chamados a passar de um estilo tradicional de catequese para uma “catequese de inspiração catecumenal”. São necessários confiança, entusiasmo e paciência para que a mudança seja acompanhada de explicações e orientações, evitando discussões estéreis. O essencial neste novo jeito de fazer catequese é “inspirá-la no processo catecumenal”, ou seja, é o jeito querigmático com o qual é preciso realizar tudo que se faz na Igreja, “centralizar no encontro pessoal com Jesus Cristo e na conversão”. Assim nos pedem as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora: “partir de Cristo para conduzir ao encontro com Ele” (DGAE 4, p. 17). “Semeai, o resto fará o Senhor!” Retomando essas palavras, que o saudoso Papa “Beato João Paulo II” dirigiu aos catequistas em determinada ocasião, deixemo-nos animar por apelo tão significativo que projeta sobre a ação de catequizar a ação do próprio Deus, o qual generosamente nos inspira a espalhar a semente da Palavra capaz de fazer, misteriosamente, a vida germinar. Deus o abençoe e um bom ano catequético! A capacitação que se segue deve ser organizada pela Coordenação Paroquial de Catequese destinada ao grupo de catequistas e contém: 1. Reflexão sobre vocação e missão do catequista 2. Conteúdo específico de cada tempo 3. Metodologia e pedagogia do manual 4. Desenvolvimento psicológico da criança entre 10 e 12 anos 5. Os quatro pilares para transmissão da fé 6. Celebrações litúrgicas com ritos de iniciação cristã 15 1. Reflexão sobre vocação e missão do catequista Um tema muito forte na Bíblia é o chamado de Deus e sua relação com a própria Palavra. Palavra de Deus e vocação são duas realidades profundamente ligadas. Toda a Escritura manifesta um chamado radical que Deus dirige ao homem para que ele seja, na sua vida, aquilo que já é na sua essência: imagem de Deus e filho de Deus! A Escritura é o lugar em que se gera uma relação com Deus e se aprofunda a relação gerada. É por isso que chamamos a Bíblia “Palavra de Deus”. Seguindo essa linha de pensamento, fica bem mais fácil entender o que significa “ser chamado”. O profeta Isaías descreve com estas palavras todo o mistério do “chamado”, da “relação nova” que Deus deseja estabelecer com alguém sobre o qual pousa o seu olhar: “Eu te escolhi, te chamei pelo teu nome e te pus um nome novo, ainda que não me conheças” (Isaías 45,4). Apenas com um versículo, o Profeta nos indica tudo o que acontece quando nos sentimos envolvidos por um mistério profundo que chamamos “vocação”. A primeira coisa que percebemos nesse mistério é que Deus dá início a um novo relacionamento: “EU te escolhi...!”. Quem é chamado precisa sempre reconhecer o privilégio de ter sido envolvido num relacionamento com Deus de modo diferente. A vocação implica sempre numa escolha específica que apenas Deus faz! Ser chamado por Jesus implica uma escolha que Ele faz de alguém, por mistérios da sua vontade. É um privilégio do qual não podemos nos envergonhar, como dizia João Paulo II: “Quão grande privilégio é conferido àqueles que são chamados a serem consagrados a Deus, a serem anunciadores do Evangelho! Quão extraordinária satisfação se descobre quando respondemos ao apelo de comunicar Cristo ao outro!” (23/02/1981). O segundo elemento que deve sempre ficar claro a quem se percebe escolhido está contido nesta outra expressão: “chamei pelo nome”. Não se trata apenas de um “convite”. Nunca na Escritura o verbo usado tem essa característica, pois o Senhor não “convida alguém”, mas sim o “convoca”. O que isso significa? Significa que não é apenas uma solicitação, mas um apelo que Deus faz a quem “Ele considera capaz para a missão que Ele conhece”. É o maravilhoso e encantador agir de Deus que deseja “precisar do homem” para salvar o homem. “Eu preciso de você; não de outro! Apenas você pode ser para os outros aquilo que Eu desejo dar-lhes!”. O terceiro elemento que fica claro em toda vocação autêntica é que Deus não nos pede para sermos algo diferente daquilo que já somos. “Eu te chamei pelo nome” indica o respeito profundo que Deus tem para com aquilo que nós somos; Ele respeita o nosso “nome”, a nossa personalidade, a nossa cultura, história, dramas, expectativas etc. Ele não pediu a Pedro para ser “marceneiro”, mas sim para continuar sendo “pescador”. Apenas o objetivo da vida mudaria. Isso é o sinal de que um chamado é autêntico. Todos os apelos da Escritura refletem esse respeito profundo de Deus por aquilo que somos. Ele não pede para “substituir” a nossa vida por outra coisa que, às vezes, existe apenas na nossa imaginação. Deus respeita tudo aquilo que somos, mas pede que usemos tudo o que somos para unir nossa vida à beleza do projeto de Deus. Por último, para poder apreciar e acolher a maravilhosa escolha que Deus faz e que chamamos “vocação”, consideremos a última parte do mesmo versículo: “...um nome novo, ainda que não me conheças”. É o encantador e aventuroso caminho da vocação que não esgota o seu potencial, apenas no momento de responder “sim”; é um longo processo de assimilação entre a vontade de Quem convoca e de quem é convocado; Paulo dirá: “Não sou mais eu quem vive, é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2,20). Não se trata de substituição de personalidade, trata-se apenas de “sintonia de corações”, “com participação”, “fusão de sentimentos”, do mesmo modo que Jesus dirá sobre o Pai: “Eu e o Pai somos um”. É sentir o que o outro sente, é viver o que o outro vive. Enfim, é permitir que Deus aja livremente em nossa vida “para que o mundo creia” no amor e na bondade de Deus. Toda vocação é relacionada a uma missão: “o catequista é chamado a educar e conduzir o discípulo para a experiência profunda de encontro com o Senhor, escutando e refletindo em si a pessoa de Jesus vivo”. 16 Partilhando com o grupo: •Oquemaislhechamouatençãonareflexãosobrevocação? •Comoessarealidadeestápresenteemsuavida? Por que utilizar um manual para fazer catequese? Fazer catequese com um manual é realizar “um itinerário educativo que vai além da simples transmissão de conteúdos doutrinais desenvolvidos nos encontros catequéticos. Este manual propõe um processo participativo de acesso às Sagradas Escrituras, à liturgia, à doutrina da Igreja, à inserção na vida da comunidade eclesial e às experiências de intimidade com Deus”. (Diretório Nacional de Catequese 152) Este manual apresenta um conjunto de passos e operações necessários para instruir alguém em determinada etapa do processo. Ele tem como pano de fundo um caminho, porém, sozinho não é todo caminho catequético, pois catequese é muito mais do que apenas aquele momento isolado do encontro. Os momentos de catequese acontecem também na família, na vida em comunidade, nas celebrações e em tantas outras atividades. A eficácia do processo é garantida por um bom manual, mas também exige preparo, formação, criatividade e planejamento do catequista e participação da comunidade, da família e do sacerdote. A partir da reflexão acima, qual é a importância da utilização de um manual no processo catequético de iniciação à vida cristã? Dinamizando o tema Formar grupos de até 10 pessoas e entregar 1 kit em embalagem de plástico contendo: •3canudinhos •1folhacolorida •5palitosdesorvete •1bexiga •1pedaçodebarbante •1pedaçodepapel-cartão •1pedaçodefita-crepecoladanopróprioplástico •1guardanapo Em seguida, pedir a cada grupo que, utilizando o material do kit, monte em equipe “algo que seja útil para percorrer um caminho”. Depois os grupos podem apresentar o que montaram, explicando o significado. Conclusão: perceber que a utilidade do manual é como a de um kit, no qual as coisas não estão prontas ou acabadas – nele se encontram recursos para que, mediante planejamento, participação e criatividade, seja possível expressar o que se deseja. 2. Conteúdo específico de cada tempo a) O 1o Tempo do manual da Coleção Sementes – Sementes de Vida – procura desenvolver o Pré-catecumenato, com um acento querigmático (primeiro anúncio vibrante de Jesus Cristo). 17 O processo que este manual propõe é dedicado à interação do catequizando consigo mesmo, com a obra da Criação e com os outros, fomenta a confiança mútua no grupo e, sobretudo, conduz para uma relação com Deus na comunidade. É um tempo dedicado para auxiliar o catequizando a experimentar a alegria do encontro pessoal e intransferível com Jesus Cristo. É preciso favorecer a vivência do processo de conversão (mudança na maneira de interpretar e decidir) para se transformar em discípulo missionário de Jesus, um discípulo que esteja consciente, esclarecido, que aja de modo coerente e generoso. No primeiro tempo, evidenciamos a “família como introdutores” nas experiências de fé e vida. As celebrações ajudam a inseri-lo na comunidade, dão acesso à vida litúrgica e santificam esse tempo. O que você destacaria no processo do 1o Tempo que o manual “Sementes de Vida” realiza? b) O 2o Tempo da Coleção Sementes – Sementes de Esperança – realiza parte do catecumenato, que é o tempo da catequese propriamente dita, um itinerário mais longo e denso no processo. No 2o Tempo é desenvolvido um conjunto de temas, dentro da pedagogia catequética própria, visando realizar, de modo harmonioso e abrangente, uma exposição da história da Salvação. Neste tempo de catequese, é necessário “fazer ecoar e ressoar” no íntimo da pessoa a Palavra de Deus, que renova e ilumina seu modo de agir. O estilo “escolar ou de aula de religião” dá lugar ao estilo “querigmático”, isto é, fraterno, comunitário, orante, celebrativo, meditativo, que faz confrontar a vida pessoal e social, proporcionando inserção na comunidade e comunhão com a sua missão. No segundo tempo, evidencia-se a figura do “padrinho como introdutor” nessas experiências de fé e vida. Neste tempo do catecumenato acontecem ritos e celebrações importantes para que o catequizando sinta-se progredindo no caminho da fé. O que você destacaria no processo do 2o Tempo que o manual “Sementes de Esperança” realiza? c) No manual do 3o Tempo – Sementes de Comunhão – acontece a continuidade do catecumenato e o período chamado de Purificação, de caráter quaresmal e penitencial, e a Iluminação, que é a recepção dos gestos de Jesus, os sacramentos pascais. Neste Tempo, o catecumenato prossegue com a síntese dos principais conteúdos da fé cristã, procurando favorecer o entendimento e a vivência da fé pelo catequizando. A Purificação evidencia o sentido litúrgico da Quaresma para que o catequizando viva esse momento como um “retiro de 40 dias”, que favorece a preparação da Páscoa, quando liturgicamente recomenda-se a Iluminação pela recepção do Sacramento (pastoralmente, cada comunidade realiza a Iluminação no momento oportuno). Mediante a participação nas catequeses e celebrações deste tempo, o catequizando experimentará uma melhor assimilação do Evangelho em sua vida, da moral cristã, do sentido de pecado, de perdão e reconciliação. O itinerário do manual realiza um estudo orante dos sacramentos, particularmente dos sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Confirmação e Eucaristia) e do mistério pascal. O que você destacaria no processo do 3o Tempo que o manual “Sementes de Comunhão” realiza? d) O 4o e o 5o Tempos do processo da iniciação – Sementes de Participação – são chamados de Mistagogia. É um período privilegiado para um mergulho mais intenso nos “segredos” ou mistérios da fé. Pastoralmente, na Coleção Sementes, esse período abarcará as experiências do aprendizado da fé que firmará (pela Crisma ou Confirmação) o discípulo, por meio de atividades pastorais e missionárias, em um projeto pessoal e comunitário de vida. Também nos séculos III ao V aconteciam nesse Tempo catequeses mistagógicas. Mistagogia é um termo formado por duas palavras gregas: “mista”, que significa mistério; e “agog”, que significa guia, condutor ou orientador. 18 Conseguimos compreender que o itinerário realizado no tempo de Mistagogia será um momento favorável para “conduzir para dentro do mistério ou dos segredos de Deus”. Suficientemente iniciado, cabe ao catequizando progredir na comunidade cristã e no processo formativo. Como membro da comunidade cristã, precisa sentir-se responsável por si, pela Igreja e por sua missão. O que você destacaria no processo do 4o e 5o Tempos que o manual “Sementes de Participação” realiza? Conhecendo o itinerário que o processo da Coleção Sementes desenvolve no catequizando nos cinco tempos: 1o Tempo Conhecer-se e Relacionar-se 1o Tempo Eu comigo mesmo e com o mundo Eu e o outro Eu e Deus 1o Tempo Relações fraternas vividas em Comunidade 2o Tempo Deus se revela: Palavra/Criação 2o Tempo Ele nos chama a viver este Projeto em Comunidade 2o Tempo Jesus anuncia: O Reino e as Bem-Aventuranças 2o Tempo Maria do Sim Jesus, a Nova Aliança 2o Tempo Faz Aliança Dá a Lei do Amor Fala pelos profetas 3o Tempo Vivendo a Lei do Amor em Comunidade 3o Tempo Crer no Deus Uno e Trino em Comunidade 3o Tempo Experimentar os gestos salvíficos de Jesus em Comunidade 4o Tempo Eu, adolescente: razão e liberdade 4o Tempo O agir do discípulo: vida de oração e cultivo de fé 4o Tempo Faço opções, posso servir a comunidade discipulado 4o Tempo Firmar as convicções de fé na comunidade 4o Tempo Dialogar em família Respeitar as diferenças 5o Tempo Serviço aos irmãos 5o Tempo A força do Espírito na história e na Igreja é força para a missão 5o Tempo Assumir a vocação e missão para servir a comunidade e a Sociedade DISCÍPULO MISSIONÁRIO Olhando o organograma, podemos compreender o ponto de partida e de chegada que cada um dos manuais desenvolve e ter uma visão de conjunto do itinerário realizado ao longo de cada tempo. As áreas do 1o Tempo representam o manual Sementes de Vida. Ao longo do ano, cada encontro realiza um processo, por meio de um conteúdo, que conduz a uma experiência com Deus, o qual chama para relações fraternas na comunidade. As áreas do 2o Tempo representam o percurso realizado com o manual Sementes de Esperança, que lançará as bases da Revelação do Deus da Aliança – experiência que em Jesus somos chamados a vivenciar a Salvação na comunidade. 19 As áreas do 3º Tempo ajudam a compreender que o manual Sementes de Comunhão, sintetizando os mandamentos e o símbolo da fé (credo), consolida a inserção na comunidade pela participação no mistério sacramental da presença eucarística do Ressuscitado. Fica claro que ao longo dos três anos acontece um processo de inserção na comunidade e a expressão dessa pertença comunitária é a vida eucarística. Depois podemos ver nas áreas do 4º e do 5º Tempos as etapas desenvolvidas pelo manual Sementes de Participação. Já inserido na experiência da comunidade, o catequizando retomará o conhecimento e a compreensão de si nessa fase de pré-adolescência e adolescência, seguindo no processo de maturidade da fé. Firmando suas convicções na comunidade, poderá aprofundar suas opções para o serviço de discipulado e, experimentando a atuação e a força do Espírito, poderá tornar-se também missionário. Essa é a visão de conjunto da catequese de iniciação que a Coleção Sementes realiza por meio da metodologia aplicada nos cinco tempos. Deseja inserir a pessoa no mistério do encontro com o Ressuscitado presente na comunidade em vista de formar no catequizando um coração de discípulo missionário da Igreja para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Refletindo com o grupo •Essa visão de conjunto que a Coleção Sementes apresenta contribui de que forma para a realização do serviço catequético? (Depois da partilha em grupo, os catequistas se reúnem conforme os tempos nos quais ministrarão catequese e leem o que segue.) 3. Metodologia e pedagogia do manual Este manual foi preparado com carinho para você, que acredita no serviço catequético e faz do encontro de catequese uma ocasião festiva de convivência, de partilha e de encontro vivo com o Senhor, tornando a “catequese um caminho que, pelo Encontro com Jesus, forma discípulos”. No início de cada encontro, você verificará os objetivos a serem alcançados, o material de apoio a ser utilizado para dinamizar o encontro e um texto de formação e preparação, que servirá para seu aprofundamento pessoal e sua preparação espiritual sobre o tema a ser desenvolvido em cada encontro. Você perceberá que cada um dos encontros possui quatro passos: Acolhimento (VER), Fundamentação (ILUMINAR), Espiritualização (CELEBRAR) e Atividades de fixação (AGIR CRISTÃO). Se olharmos para a pedagogia que Jesus utilizou no episódio de Emaús (Lucas 24), identificamos que os quatro passos realizados nos encontros são inspirados nesse processo, que servirá para levar os catequizandos à experiência de um encontro vivo e transformador. O catequizando precisa perceber na atividade do catequista os mesmos gestos de Jesus. O Senhor encontrou os discípulos no caminho e se pôs a caminhar com eles, perguntando dos fatos da vida (é a ACOLHIDA-VER), em seguida iluminou os anseios e a vida deles a partir da Palavra (é a FUNDAMENTAÇÃO-ILUMINAR). Isso despertou nos discípulos o desejo de permanecerem unidos e com o Senhor, a ação de graças (é a ESPIRITUALIZAÇÃO-CELEBRAR). A experiência foi tão marcante e significativa, que reorientou e enviou os discípulos para a missão (é a ATIVIDADE, o AGIR CRISTÃO). Nossos encontros conservam a mesma pedagogia de Jesus. É importante compreender e desenvolver bem o passo a passo que propomos. Além disso, remetemos o catequizando para uma reflexão 20 e vivência de fé com a família e também para uma prática de discipulado que pedirá um compromisso concreto no intervalo da semana. No desenvolvimento do encontro, aparecem traços da espiritualidade e metodologia da “Leitura Orante da Palavra”, que o catequista poderá utilizar para introduzir progressivamente o catequizando num mergulho mais profundo no Mistério, através das questões: • O que Deus falou para mim neste texto? (após a Fundamentação) • O que sinto vontade de dizer a Deus? (após a Espiritualização) • Transformando a oração em compromisso de ação cristã (na atividade e compromisso do “agir cristão”) Como desenvolver a metodologia dos quatro passos em um encontro? 1o passo – Acolhimento: esse passo tem por finalidade evidenciar e recolher os fatos presentes na vida dos catequizandos para melhor compreender a realidade deles (“Jesus aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles perguntando: sobre o que conversais pelo caminho?”, Lucas 24,15-17). Aplicando os métodos sugeridos e as técnicas de entrosamento, pode durar em torno de 10 a 15 minutos. 2o passo – Fundamentação: depois de perceber a realidade através do acolhimento, o catequista iluminará os fatos da vida com a Palavra de Deus (“explicava-lhes a Escritura”, Lucas 24, 27). Ela reconduz nossa história para Deus e para o serviço. Esse passo precisa ser participativo, de construção do conhecimento e requer um período de 20 minutos para que seja desenvolvido. 3o passo – Espiritualização: a experiência fará brotar neles o reconhecimento da bondade de Deus, conduzindo-os para a espiritualização. Será o momento de experimentar a relação comunitário-pessoal com o Deus da Vida (“Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lhes”, Lucas 24, 30). As técnicas para esse momento sugerem um período de 15 minutos. 4o passo – Atividades de fixação: para concluir o ciclo desse processo, é preciso que a experiência de fé seja assimilada por eles em vista de lançá-los na integração com a família e no compromisso de atividades transformadoras (“levantaram-se na mesma hora e foram a Jerusalém”, Lucas 24, 33). Esse momento pode acontecer num período de 15 minutos. O intuito do processo é levar os catequizandos para a experiência de Encontro vivo com Jesus. O catequista perceberá, no desenvolvimento do tema, o modo de realizar cada passo, gerando uma relação viva entre eles, sem tornar cansativo ou vazio cada momento do processo e ainda sem trabalhar mecanicamente em função do relógio. Refletindo com o grupo • Você já havia percebido a relação existente entre a pedagogia que Jesus utilizou com os discípulos de Emaús e a metodologia que desenvolvemos em cada Encontro? • Na sua opinião, é importante desenvolver no encontro catequético os quatro passos da metodologia que o manual apresenta? Por quê? 4. Desenvolvimento psicológico da criança entre 10 e 12 anos Esse período abrange o tempo chamado de “indústria”, “impulso intelectual” e “formação do caráter”. Compreendemos como “indústria” a capacidade da criança de ser produtiva, de construir e elaborar junto. Nesta idade as crianças apresentam habilidades na execução de um trabalho manual, capacidade de inventar, destreza e aptidão para aprender e fazer as coisas sem necessitar de ajuda de alguém. 21 Desenvolvem o gosto pela colaboração no trabalho, pela atenção firme, conseguindo concluir uma atividade até o fim. Direcionam sua energia para a aquisição de habilidades necessárias para ajustar-se ao meio em que vivem. No “impulso intelectual”, a criança desenvolve o conceito sobre si mesma e conhece melhor suas habilidades pessoais, que se refletem nos estudos e nos trabalhos. Tem maior desejo de fazer parte de grupos. Desenvolve a capacidade de pensar e se esforça para entender o próprio pensamento. É capaz de decidir por ignorar o que se passa ao seu redor, controlar o conteúdo de sua mente e pensar em si mesma como potencial criador tal qual os adultos. No “tempo da formação e estruturação do caráter da pessoa”, os catequizandos desenvolvem a firmeza de vontade, a índole, tendência especial e inclinação para o bem ou para o mal, por isso a necessidade de apontar para valores cristãos. Neste período, sentem-se capazes de assimilar conhecimentos e atitudes que levam ao bem de si e do outro. Aprendem a se relacionar com figuras que representam o princípio da autoridade (política, Igreja). Aprendem o valor de ser competente, de ser capaz de assumir compromisso na sociedade. Inicia-se um processo de “consciência de si e do que se passa ao seu redor” e o processo do “conceito de orientação da vida”. Neste período é preciso estar atento, saber promovê-los e valorizá-los, pois quando seus esforços são desconsiderados, a tendência é que predomine neles o sentimento de inferioridade, a dúvida sobre sua competência, gerando ideias e sentimentos negativos a respeito de si mesmos como: “não consigo fazer”, “não sou capaz”. Os catequizandos dessa faixa etária estão aptos a ceder gradualmente o egocentrismo infantil e a compreender melhor os conceitos e valores. Percebem com mais clareza o conceito a respeito de si mesmos (autoestima) e reconhecem aquilo que são capazes de realizar: identificam-se com as tarefas com maior zelo, cuidado ativo, esforço e presteza. Buscam heróis e referenciais, aprendem melhor com a capacidade visual, atividades de grupo e cruzadas. São mais interessados, leem com antecedência, apresentam suas atividades para receber reconhecimento ou elogio, gostam de fazer e “fazer bonito”. Eles necessitam perceberem-se produtivos e sentirem-se percebidos, participantes e pertencentes ao grupo, respeitados em seu jeito de ser e de fazer as atividades. Têm um pouco de dificuldade de envolver-se com a oração, pois falta-lhes “concentração”. Neste tempo, começa-se a trabalhar mais com a Bíblia, porque o catequizando tem melhor coordenação motora para procurar textos. 22 Para estimular os catequizandos deste tempo, é importante: • Iniciar o encontro fomentando a participação deles, reforçando as ideias e pensamentos que apresentam, orientando-os sobre o que é bom e o que não é bom. (momentos do Acolhimento– Ver; e da Fundamentação–Iluminar). • Valorizar suas produções e criatividade. (momentos da Espiritualização–Celebrar; das Atividades de Fixação–Agir; do Vivendo a Fé em Família; e do Compromisso de discípulo). • Mostrar a importância de aceitar as diferenças das criações de cada um (momento das Atividades de Fixação–Agir; do Vivendo a Fé em Família; e do Compromisso de discípulo). • Possibilitar que cada um expresse seu ponto de vista: verbalmente, desenhos, argila, papel (momento da Espiritualização–Celebrar; e das Atividades de Fixação–Agir). Refletindo com o grupo • Comente o que mais lhe chamou atenção sobre o desenvolvimento psicológico da criança desta faixa etária. • Percebendo os estímulos necessários para o serviço nesta fase do desenvolvimento do catequizando, você se identifica com o perfil do catequista para este Tempo? 5. Os quatro pilares para transmissão da fé É importante que o catequista saiba que o conjunto dos temas deste manual procura apresentar progressivamente conteúdos que fazem parte dos quatro pilares que a Igreja se utiliza para transmitir a fé. Por meio desses quatro pilares ou grandes temas, desenvolvemos com a metodologia do manual uma catequese bíblica, litúrgica, celebrativa, vivencial e orante, ajudando a pessoa a sistematizar ou compreender a fé revelada na Escritura. Os quatro pilares são: 1o Crer (temas sobre a Revelação – no organograma com o coração) 2o Celebrar (temas sobre Liturgia e Sacramento – no organograma com a estrela) 3o Viver (temas sobre mandamentos para o Agir – no organograma com a seta) 4o Rezar (temas sobre Oração – no organograma com a cruz) CRER REVELAÇÃO CELEBRAR LITURGIA E SACRAMENTO VIVER MANDAMENTOS BEM-AVENTURANÇAS AGIR CRISTÃO REZAR ORAÇÃO CELEBRAÇÕES LITÚRGICO-CATEQUÉTICAS 6. Celebrações litúrgicas com ritos de iniciação cristã Uma novidade nesta edição reformulada do manual são as celebrações litúrgico-catequéticas ou ritos de iniciação (no organograma com o sol). Elas contêm elementos inspirados no processo da “Iniciação à vida cristã”, aproximando a catequese da celebração litúrgica, afinal, aquilo que é ensino da catequese torna-se “vida celebrada” na liturgia. Elas ajudam a iniciar progressivamente nas celebrações litúrgicas e a descobrir a linguagem dos ritos, dos símbolos, dos gestos e das posturas, dando acesso à vida de oração e contemplação. Também permitem acompanhar o ano litúrgico para vivência eclesial e uma participação mais ativa, plena e frutuosa na liturgia. Integram o catequizando, a família e a comunidade, proporcionando que todos compreendam a vitalidade e a força que esses mistérios possuem de atualizar no tempo a presença viva de Deus. As celebrações litúrgico-catequéticas são excelentes oportunidades para compreensão do processo feito, pois, além de colaborarem na inserção do catequizando na vida da comunidade, permitem salientar o papel catequizador da comunidade. O catequista pode avaliar, pela convivência entre os catequizandos, se as atitudes deles estão sendo permeadas pelos valores do Evangelho. Tudo isso substitui as insuficientes “provas”, porque a catequese não é um curso sobre fé e religião, mas deseja imprimir na vida as atitudes cristãs, para que a pessoa saiba proceder tendo o Evangelho como critério de ação. Partilhando com o grupo: • O que você compreendeu sobre a importância das celebrações dos ritos de iniciação? • Em grupos, verifique abaixo o conjunto de temas que será trabalhado neste tempo e identifique, conforme os símbolos, a qual dos quatro pilares cada um deles pertence. Verifique os momentos em que estão as celebrações de ritos de iniciação. 23 Capacitação inicial para os catequistas Deus cria o homem e o convida a participar de Sua vida Deus se revela através da obra da Criação O Deus que chama Moisés fortalece para a missão Isaías: profetizou a vinda do Messias Deus João se Batista: revela através profeta da da obra Nova da Criação Aliança O amor de Jesus não tem limites e vence a morte Encontro de acolhida dos catequizandos Celebração de unção e envio do catequista Pecado: o homem recusa o convite amoroso de Deus Os mandamentos dirigem o homem para o amor Jeremias: chamado a ser “profeta das nações” Deus Maria: criaescolhida o homem para e o convida ser Mãe ade Jesus participar e do povo de Sua de Deus vida Jesus sopra o Espírito Santo, que dá unidade e à Igreja, e a envia em missão Deus não desiste do homem e propõe Aliança Celebração: Oração de Bênção aos catequizandos Ezequiel: anunciou a renovação interior Jesus cresce em Pecado: o homem idade, recusa sabedoria o convite eamoroso graça convivendo de Deus com os homens Os amigos de Jesus vivem a Aliança do Amor em comunidade: a Igreja Encontro sobre a Campanha da Fraternidade Deus chama Abraão, que o responde pela fé Os homens desejaram ser governados por Juízes e Reis Daniel: anunciou a esperança e a vitória Jesus nos chama para sermos seus amigos A Igreja de Jesus é Una, Santa, Católica e Apostólica Celebração litúrgica de admissão: Assinalação dos Sentidos e Entrega do Livro da Palavra Os 12 profetas menores: homens de Deus As bem-aventuranças colocam Deus no centro da vida das pessoas Conhecendo alguns preceitos da Igreja Celebração do Natal Deus se revela por meio de sua Palavra A Aliança de Deus com Abraão, Isaac e Jacó Os profetas mantêm viva a consciência da Aliança do amor nos homens Celebração Litúrgica Penitencial Pecado: Jesus anuncia o homem recusa o Reino o convite amoroso de Deus de Deus Anexo: Ano litúrgico Objetivo do conjunto dos encontros do 2o Tempo: é o tempo para a exposição da história da Salvação com estilo “querigmático”, que se constrói por meio da prática e da experiência do Encontro com Jesus, com a finalidade de unir o discípulo ao Cristo-Mestre. Tempo da catequese propriamente dita, que realiza um itinerário mais longo e denso no processo. Esse processo precisa ser percorrido pedagógica e mistagogicamente (com espírito orante e segurança), possibilitando ao catequizando ouvir a voz de Deus que se revela, falando conosco e dando de si mesmo. O itinerário apresentará a Revelação de Deus mediante os eventos da Criação, da Aliança com os Patriarcas e pelo dom da lei no Sinai, proporcionando ao catequizando conhecer e se identificar com a missão profética de anunciar o Reino e denunciar o que não está conforme o projeto, assimilando a Nova e eterna Aliança em Jesus Cristo. Neste tempo, o catequizando identificará o Cordeiro de Deus, por meio de João Batista, e perceberá a escolha que Deus fez para Maria se tornar a Mãe de Jesus Salvador, Aquele que anunciou o Reino, as Bem-Aventuranças e o mistério de amor que vence a morte na cruz, gerando a comunidade. A finalidade é que o catequizando sinta-se impelido a viver o amor fraterno na comunidade, na força do Espírito Santo, participando também da missão que a comunidade recebeu. Essa experiência deve ser adquirida com alegria e entusiasmo. O verdadeiro cristão só existe quando a pessoa for equilibrada e harmônica. Para isso, é importante conhecer o que cremos, celebrar com a comunidade aquilo que cremos, viver de acordo com a fé e manter a esperança da fé pela oração. Reflita sobre isso! Os catequizandos precisam ser incentivados na troca de experiências, na convivência, com simplicidade e naturalidade. A eficácia do serviço catequético fundamenta-se na experiência de fé, no testemunho e na participação comunitária do catequista, na busca permanente de formação e na criatividade para preparar e desenvolver os encontros, virtudes próprias de quem ama. Para concluir a formação, vamos meditar o que segue: Grupo 1: não se faz catequese com a soma dos conteúdos dos encontros ou através de “provas”. O fundamental é acompanhar o catequizando ao longo do caminho e perceber no processo o conjunto de ações cristãs que estão sendo gravadas no coração e nos gestos dele. 24 Grupo 2: a catequese não se resume somente ao momento do encontro com o catequista ou ao manual; outras atividades catequéticas são necessárias para que aconteça o Encontro pessoal com Jesus: a vida da comunidade deve ser catequizadora, a ação dos pais cristãos deve catequizar, o testemunho pessoal do catequista deve ser coerente, enfim, a catequese não vai bem quando o “conjunto da vida e do testemunho cristão da comunidade dos batizados vai mal”. Todos: catequese é um processo dinâmico, não se resume a fórmulas mágicas, ela depende também de um catequista orante, mistagogo, que experimenta e vive o encontro pessoal com o Senhor, capaz de conduzir com segurança os catequizandos para o mistério de Cristo presente na comunidade. Tenhamos um coração dócil e disposto para um aprendizado constante, e o Espírito do Senhor nos conduzirá. Amém! Desejamos a todos um ano catequético repleto da luz e da sabedoria de Deus. Equipe Diocesana de Animação Bíblico-Catequética Diocese de Ponta Grossa – PR 25 Celebração de unção e envio do catequista Sugerimos que essa celebração seja realizada preferencialmente em um horário de missa com a comunidade, pais e catequizandos. Poderá ser adaptada se não for possível contar com a presença de um sacerdote. adultos, no conhecimento e no encontro vivo com o vosso Filho para melhor participarem dos Mistérios da Fé. Concedei também que nossa comunidade seja uma “comunidade catequizadora”, na qual as pessoas possam encontrar, pelo nosso testemunho, a presença de Jesus Cristo, que dá sentido para a vida. Isso vos pedimos em nome do vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. Material de apoio: • cópia desta celebração para dirigente, sacerdote e catequistas Dirigente: • velas para todos os catequistas – Cantemos todos juntos: • círio pascal aceso “Vem, vem, vem, vem Espírito Santo de Amor, • Bíblia (cada catequista deve levar a sua) • óleo (para o padre abençoar e ungir os vem a nós, traz à Igreja um novo vigor”. (2 vezes) catequistas) Dirigente: – Agora os catequistas voltados para a Palavra (Combinar os cantos antecipadamente com a equipe de Deus no Ambão, segurando sua Bíblia, coloda celebração litúrgica.) quem uma das mãos sobre ela e rezem. Após o Oremos, depois da Comunhão Catequistas: O sacerdote, diácono, ministro, comentarista – Senhor, com o batismo nos tornastes menou coordenador(a) de catequese convida os catequistas para que se dirijam o mais próximo possí- sageiros de vossa Palavra. Nós, catequistas, acolhemos com gratidão e alegria o convite que nos fizesvel da mesa da Palavra (Ambão). (Enquanto eles se encaminham ao local, o dirigente tes para colaborarmos no crescimento do Corpo de Cristo. Dai-nos a vossa graça para educarmos explica à comunidade:) na fé e animarmos nossa comunidade. Que o teu Espírito seja nossa força para que, como profetas, Dirigente: anunciemos tua presença pela Palavra. – Queridos irmãos e irmãs, alegremo-nos, pois hoje é um dia especial para nossa comunidade. Canto: Neste momento os catequistas receberão da Igreja “Vem, Espírito Santo, vem, vem iluminar!” (2 vezes) e de nossa comunidade a oração de envio para que cumpram com a graça de Deus a sua missão de (O Círio deve estar aceso e ao redor deve haver uma introduzir nossos catequizandos no conhecimento vela para cada catequista.) da fé, favorecendo o encontro vivo com Cristo. Dirigente: (O catequista, com a sua Bíblia aberta, aproxima-se.) – Agora os catequistas dirijam-se para perto do CíSacerdote ou diácono (impondo a mão sobre rio Pascal, estendam a mão em direção a ele, rezando. os catequistas, reza): Catequistas: – Pai de bondade, abençoai nossos catequistas, a fim – Cristo Ressuscitado, dai-nos a luz do teu Esde que, movidos pelo vosso Espírito Santo, cumpram fielmente a sua missão de anunciar a tua Palavra. Que eles pírito e imprime em nós os teus pensamentos, a tua possam introduzir nossos catequizandos, adolescentes e maneira de ver a história, de compreender e julgar 27 a vida, de amar sem medida, de agir como servos sempre em favor da vida. Ajuda-nos a promover os pequenos e fracos, a anunciar a esperança, para que, unidos na comunidade, possamos realizar o projeto da fraternidade, da justiça e da paz onde vivemos, levando Tua Palavra como luz para o mundo. Amém. (Os catequistas pegam suas velas segurando também a Bíblia.) quistas para proferir a oração da unção e envio para o serviço de educar na fé e de promover o encontro dos catequizandos com Cristo Ressuscitado. (Os catequistas, com as mãos livres, ajoelham-se.) Sacerdote e comunidade: – Pai de bondade, que ungistes vosso Filho com o Espírito Santo, nós vos pedimos que, volDirigente: vendo vosso olhar em favor dos nossos catequis– Agora o sacerdote acenderá uma vela no tas, derrame sobre eles vossa unção para que eles Círio e transmitirá esta luz para a vela da coorde- anunciem com vigor, coragem e entusiasmo vossa nadora, que a comunicará para os catequistas. En- Palavra que é vida, fazendo-nos vitoriosos em todo quanto isso, acompanhemos esse gesto, cantando. combate. (Enquanto isso, unge as mãos dos catequistas Canto: e o povo canta.) “Dentro de mim existe uma luz, que me leva por onde deverei andar...” Canto: Dirigente: “Envia teu Espírito Senhor / A nós descei divina luz”. (ou outro canto oportuno) – Neste momento o sacerdote, junto com a comunidade, estenderá as mãos sobre os cate(Bênção para toda a comunidade e canto final.) Ei, catequista! ... Não se esqueça de começar a preparar a celebração de admissão ao catecumenato. Converse com o padre e avise os pais e catequizandos que será necessário um padrinho para essa celebração! 28 Encontro de acolhida dos catequizandos Objetivos: • Acolher os catequizandos para criar um ambiente familiar. • Ajudá-los a compreender os valores que aprenderão nos encontros da catequese. Material de apoio: • Bíblia • flores • vela • 5 floquinhos ou bolinhas de algodão para cada catequizando • recipiente para colocar os floquinhos de algodão para cada catequizando • 7 cartões, cada um contendo uma das pa- lavras: ganância, desconfiança, roubo, ódio, discórdia, briga e indiferença; e, no verso do cartão, um dos sentimentos de: alegria, paz, amizade, amor, união, confiança e carinho • 1 cesta grande • crachás em forma de floquinho ou nuvem • fita adesiva • 1 floquinho de algodão colado num pequeno cartão, que traz escrito um dos sentimentos descritos anteriormente, a ser enviado para cada família Preparação do ambiente: • Preparar a sala, deixando-a com um ambiente alegre e festivo, destacando a Bíblia com a vela e as flores. Início do encontro: • Queridos catequizandos, estou muito feliz pela presença de cada um de vocês neste dia! O catequista se apresenta: • Um encontro entre amigos é marcado por gestos de carinho e acolhida, por isso convido a todos para que ofereçamos uns aos outros um abraço cheio de alegria dizendo: “que bom que você veio”. Realizaremos uma dinâmica por meio de uma história que será encenada. Dinâmica de acolhida 1ª parte – história do floquinho de carinho Objetivo: “quebrar o gelo” para possibilitar um ambiente acolhedor, fraterno e familiar. Compreender os valores e sentimentos que farão parte dos encontros de catequese. Desenvolvimento: (orientado pelo catequista) 1.Pedir aos catequizandos que formem um círculo. 2.Escolher um catequizando que representará o menino da história e entregar-lhe a cesta. 29 3.Entregar a cada um dos outros catequizandos um recipiente com cinco floquinhos de algodão. 4.Explicar que eles representarão o povo da aldeia, inclusive o catequista. 5.Fazer a leitura da história e, à medida que o catequista for lendo, inicia-se a encenação. História do floquinho de carinho Era uma vez uma pequena aldeia onde não existia dinheiro. Tudo o que as pessoas compravam era trocado pelo que cultivavam e produziam. Para eles, a coisa mais importante e valiosa era a amizade. Quem nada produzia ou nada possuía que pudesse ser trocado por alimento ou utensílio, dava o seu carinho. O carinho era simbolizado por um floquinho de algodão (o catequista mostra o seu floquinho de algodão). Era normal que as pessoas dessem floquinhos de algodão sem querer nada em troca, pois as pessoas que davam seu carinho sabiam que receberiam outros floquinhos de carinho num outro momento. Certa vez, uma mulher muito má, que vivia fora da aldeia, convenceu um pequeno menino a não dar seus floquinhos (o catequista pede que o menino escolhido dê um passo à frente). Desta forma, ele acumularia os floquinhos, seria a pessoa mais rica da aldeia e teria o que quisesse. Iludido pelas palavras da malvada, o menino, que era bastante conhecido e querido na aldeia, passou a juntar carinhos (pedir ao menino escolhido que estenda a cesta grande e que todos lhe entreguem três floquinhos). Ele não dava a ninguém nenhum de seus floquinhos. Em pouquíssimo tempo ele estava tão lotado de floquinhos, que mal conseguia se mover. Quando a aldeia estava praticamente sem floquinhos, as pessoas começaram a guardar o pouco de carinho que tinham, e toda a harmonia da cidade desapareceu (pedir que os catequizandos escondam consigo o seu recipiente com os dois floquinhos restantes). Surgiu pela primeira vez a ganância, a desconfiança, o roubo, o ódio, a discórdia, a briga e a indiferença entre as pessoas (o catequista coloca no centro do círculo os cartões com as palavras referidas). Como era o mais querido da aldeia, o menino foi o primeiro a sentir-se triste e sozinho. Isso fez com que o menino procurasse a mulher má para perguntar-lhe se aquilo tudo fazia parte da riqueza que ele acumulou. Não a encontrando mais, ele tomou uma decisão. Pegou sua grande cesta, com os seus floquinhos, e caminhou por toda a aldeia distribuindo a todos seu carinho. A todos a quem dava o seu carinho, apenas dizia: – Obrigado por receber meu carinho! (o menino deve distribuir os floquinhos aos demais e dizer-lhes essa frase) Assim, sem medo de acabar com seus floquinhos, ele distribuiu até o último carinho sem receber um só de volta. Sem que tivessem motivo de se sentirem sozinhos e tristes novamente, alguém caminhou até o menino e lhe deu o seu carinho (o catequista vai até o menino e entrega um floquinho de carinho). Um outro fez o mesmo... mais outro... e outro..., até que o menino ficou novamente cheio de carinho (caso os catequizandos não façam espontaneamente o gesto narrado, o catequista deve sugerir que eles entreguem um floquinho ao menino). E a aldeia voltou a ser o que era antes, todos cheios de:... (o catequista pede que os catequizandos desvirem os cartões – um de cada vez – e juntos leiam a palavra escrita no verso). 30 Conclusão: esses floquinhos são sinais de que somos portadores de carinho, paz, alegria, amizade etc. É assim que caminharemos em nossos encontros de catequese, procurando partilhar os nossos floquinhos, fazendo a experiência do encontro com os irmãos e também com Jesus. (O catequista prossegue a dinâmica da acolhida com a apresentação.) 2ª parte – apresentação dos catequizandos e expressão de sentimentos Objetivo: conhecer os membros do grupo catequético pelo nome e, expressando um sentimento, iniciar uma amizade. Desenvolvimento: (orientado pelo catequista) 1.Colocar no centro do círculo os crachás cortados em forma de floquinho com os nomes dos catequizandos e o do catequista, voltados para cima. 2.Pegar seu crachá, falar seu nome, apresentar-se brevemente e colocar o crachá em seu peito (o catequista primeiro). 3.Orientar para que cada catequizando – um de cada vez – pegue seu crachá, apresente-se e o coloque em seu peito. 4. Pedir que cada catequizando pegue um floquinho (da primeira parte da dinâmica) e escolha em segredo um dos sentimentos que estão no centro do círculo. 5. Começando pelo catequista, cada um entregará o floquinho para a pessoa que está à sua direita dizendo: “(nome da pessoa), obrigado por aceitar meu floquinho de...” (nome do sentimento que escolheu). Ao término, todos se levantam e cantam: Canto: “Seja bem-vindo” Seja bem-vindo ô ô ô, seja bem-vinda a a a Que bom que você veio, é bom te encontrar, o amor e a alegria nós vamos partilhar! Seja bem-vindo ô ô ô, seja bem-vinda a a a, Que bom que você veio é bom te encontrar (2 vezes) Oração final: – Segurando os floquinhos que utilizamos na dinâmica, vamos até o local onde está a Bíblia para rezarmos juntos. (O catequista rezará o início da oração e, em seguida, um de cada vez completará a oração, dizendo o sentimento que está no seu coração e colocando seu floquinho sobre a Bíblia.) Catequista: – Jesus, nestes encontros de catequese ajuda-nos a viver a(o)... Envio: O encontro termina com um abraço dado pelo catequista em cada catequizando, convidando-os a voltar com alegria para o próximo encontro, trazendo a atividade que será proposta. (Entregar para cada catequizando o cartão do floquinho que tem um sentimento escrito.) Cada um levará o cartão que recebeu para casa e o entregará à sua família. 31 Compromisso para o catequizando realizar com sua família Entregue o cartão a seus pais ou responsáveis e explique que a comunidade está desejando aquele sentimento escrito no cartão. Para sua família peça seus pais ou responsáveis para prepararem em casa um cartão igual ao que receberam e escreverem uma mensagem para a comunidade de catequizandos. Esse cartão deve ser levado para o próximo encontro. LEMBRETE Catequista, não se esqueça de se reunir com os outros catequistas do 2º Tempo para preparar a celebração de admissão ao catecumenato: Assinalação dos Sentidos e Entrega do Livro da Palavra. Por meio de um bilhete, um telefonema ou pessoalmente, avise os pais e os catequizandos a respeito da data, horário e local da celebração, comunicando-os que será necessária a presença de um padrinho católico para essa celebração (pode ser o padrinho de batismo ou outra pessoa católica que irá acompanhar o tempo de educação da fé do catequizando com seu testemunho). Verifique as informações sobre a celebração para orientar os catequizandos. 32 Encontro sobre a Campanha da Fraternidade Objetivos: • Descobrir o tema e o lema da Campanha da Fraternidade do ano corrente, refletir sobre a questão e definir ações concretas. • Mobilizar-se para uma vida mais cristã e fraterna. • Concluir que fraternidade é algo que se constrói no dia a dia. Material de apoio: • Bíblia • vela • flores • fita adesiva para fixar as mensagens no mural • mala ou caixa com materiais referentes à Campanha para montagem do cenário: tecido roxo, cartaz da Campanha do ano corrente, cópia da oração da Campanha da Fraternidade para cada catequizando, CD com hino da Campanha, jornal ou revistas com notícia da Campanha etc. • 3 kits, contendo cada um: canudinhos, palitos de sorvete, guardanapos, folhas de jornal, tiras de barbante, tesoura, pedaços de papel colorido, caixa de palito de fósforo vazia, materiais recicláveis, cola • 1 cartão para cada catequizando escrever a atitude que assumirá • 1 rádio (Há um subsídio fornecido pela CNBB chamado Encontro Catequético com Crianças e Adolescentes, que possui várias dinâmicas para reflexão com o tema. Pode ser previamente adquirido em livrarias católicas.) Preparação do encontro: • Arrumar o ambiente do encontro com a Bíblia, vela e flores. • Colocar dentro da mala ou da caixa os materiais referentes ao tema da Campanha. • Preparar um espaço no mural para fixar os cartões que os catequizandos trouxerem com as mensagens dos pais. Acolhimento – ver a realidade “Jesus aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles.” (Lucas 24,15) – Bem-vindo a este encontro! Vamos aproveitar estes momentos que passaremos juntos para crescer nos laços de amizade uns com os outros e também na amizade com Jesus, que está presente em nosso meio! Dinâmica: partilhando sentimentos Objetivo: promover a interação dos catequizandos entre si e com as famílias para gerar um ambiente mais fraterno na catequese. 33 Desenvolvimento: (orientado pelo catequista) 1. Motivar, com carinho, que todos peguem o cartão com o floquinho que trouxeram de casa com a mensagem escrita por seus pais e que se sentem em círculo. 2. Orientar para que um de cada vez partilhe o compromisso que realizou com a família. 3. Após a partilha de todos, o catequista motiva para que fixem as mensagens no espaço previamente preparado no mural. Conclusão: tendo expressado nossos sentimentos para gerar um ambiente mais familiar, vamos compreender melhor o que significa uma Campanha da Fraternidade. Fundamentação – Iluminar “Explicava-lhes as Escrituras.” (Lucas 24,27) Desde 1962, a Igreja convida as comunidades do Brasil a refletir, no decorrer da Quaresma, sobre alguma questão social, ambiental, religiosa ou econômica, propondo um gesto concreto de testemunho da fraternidade cristã, de conversão e de mudança de vida. A Campanha da Fraternidade provoca nas comunidades cristãs um sentimento profundo de solidariedade, considerando que existem muitas necessidades com as quais podemos ser mais fraternos. Desde então, em cada ano que chega é proposto um tempo para refletir, que se fundamenta num apelo profundo de conversão na vida de cada cristão e de gestos concretos relativos a uma temática proposta. Estamos vivendo com a Igreja o tempo da Quaresma. O espírito quaresmal acentua a necessidade de fraternidade, estimula um compromisso com um novo tipo de evangelização e nos faz olhar com carinho para as necessidades apresentadas. Cada cristão é chamado a refletir sobre as ações concretas que podem ser realizadas em favor do próximo e em relação às temáticas apresentadas na Campanha da Fraternidade. Para isso, faz-se necessária uma conversão do coração, acrescida de um esforço, a fim de beneficiar a própria vida, a do outro ou a realidade. O amor cristão não é puramente sentimento interior; é, sim, um comportamento expresso por atitudes concretas, dentro e fora da comunidade, de hospitalidade, solidariedade, respeito, testemunho. Vamos pegar nossa Bíblia e ler o texto de Mateus 25,37-40, que nos ajuda a compreender o “espírito da Campanha da Fraternidade”. Quando o cristão vive os ensinamentos de Jesus e os leva a sério, ele se transforma e se compromete com a comunidade e a sociedade. Sabe colocar generosamente em comum os dons que tem e aquilo que lhe pertence. Consequentemente, acontece a justiça, a verdadeira fraternidade, e aparecem ações que amenizam a pobreza e a miséria e, sobretudo, promovem a dignidade do ser humano, porque um cristão supre a necessidade do outro, partilhando livre e conscientemente o que possui. Dinâmica: cenário da Campanha da Fraternidade Objetivo: descobrir o tema, o lema e a reflexão proposta pela Campanha do ano. 34 Desenvolvimento: (orientado pelo catequista) 1. Organizar em círculo a comunidade de catequizandos. 2. Estender o tecido roxo no centro. 3. Explicar, dizendo: “Estamos no tempo litúrgico da quaresma, que nos prepara para a festa da Páscoa. A cor roxa indica um sinal de nossa penitência, de contrição e de serenidade. Refletimos neste tempo a necessidade de voltar nosso coração para Deus, ter atenção à sua Palavra que nos pede serviço e compromisso”. 4. Retirar, um a um, o material da mala, comentar sobre o significado de cada material e colocá-lo sobre o tecido, compondo um cenário sobre a Campanha. 5. Conversar com eles para descobrirem juntos o tema, o lema e a reflexão proposta. Conclusão: descobrimos o tema, o lema e a reflexão que a Igreja nos propõe neste ano por meio da Campanha da Fraternidade. Vamos ouvir e cantar juntos o hino da Campanha. O que Deus falou para mim neste texto? Espiritualização – Celebrar “Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lhes.” (Lucas 24,30) (O catequista convida cada catequizando para que pegue a cópia da oração da Campanha da Fraternidade que está sobre o tecido da cor do tempo litúrgico.) Vamos rezar pelas realidades que a Campanha deste ano nos apresenta. Convido para que façamos uma prece espontânea sobre o que compreendemos do alerta da Campanha, unindo-nos com toda a Igreja do Brasil. (Depois das preces, o catequista conclui:) Rezemos juntos a oração da Campanha da Fraternidade. O que sinto vontade de dizer a Deus? Atividades de fixação – agir cristão “Levantaram-se na mesma hora e foram a Jerusalém.” (Lucas 24,33) Dinâmica: gerando fraternidade Objetivo: refletir sobre o tema da Campanha e fomentar atitudes concretas. Desenvolvimento: (orientado pelo catequista) 1. Formar três grupos com a comunidade de catequizandos. 2. Entregar 1 kit para cada grupo, pedindo que confeccionem algo referente ao tema da Campanha. 35 3. Orientar que cada grupo apresente o trabalho que confeccionou em forma de noticiário de TV. 4. Reunir, depois das apresentações, todos os catequizandos em círculo para que reflitam sobre as atitudes concretas que podem ser realizadas por eles e suas famílias em relação ao tema da Campanha. 5. Terminar a reflexão entregando para cada catequizando um cartão no qual deverão escrever, individualmente, a atitude concreta que poderão assumir em relação à Campanha da Fraternidade. Conclusão: cada um assumiu uma atitude concreta para vivenciar a Campanha da Fraternidade. Levem para casa o cartão com a atitude concreta que escreveram e mostrem a seus pais. Procurem incentivá-los para que realizem junto com você a atitude concreta em favor da Campanha ao longo deste ano. LEMBRETE AO CATEQUISTA Catequista, não se esqueça de verificar com o Padre e os outros catequistas do 2º Tempo se está tudo certo para a celebração de admissão ao catecumenato: Assinalação dos Sentidos e Entrega do Livro da Palavra. Por meio do bilhete que segue no “Vivendo a Fé em família”, um telefonema ou pessoalmente, lembre aos pais e aos catequizandos a respeito da data, horário e local da Celebração. É importante que a família convide um padrinho católico para esta celebração (pode ser o padrinho de batismo ou outra pessoa católica que realizará um gesto durante a celebração e acompanhará o tempo de educação da fé do catequizando com seu testemunho). Verifique as informações sobre a celebração para orientar os catequizados. Atenção: o catequista poderá dar continuidade às reflexões sobre a Campanha da Fraternidade com outros encontros, utilizando os materiais ou o subsídio da CNBB, indicados no material de apoio. Vivendo a fé em família – transformando a oração em compromisso de ação cristã Reúna seus pais e mostre o cartão com a atitude concreta que você assumiu sobre a Campanha da Fraternidade, convidando-os a assumirem também esse compromisso. LEMBRETE AOS PAIS Queridos pais, não se esqueçam de participar da celebração de admissão ao catecumenato, quando acontecerá a Assinalação dos Sentidos e Entrega do Livro da Palavra ao seu filho que será no dia _____/______ às ______horas. Local __________________________. Para essa celebração, será necessária a presença de um padrinho católico (pode ser o padrinho de batismo ou outra pessoa católica que realizará um gesto na celebração e acompanhará com seu testemunho de fé o tempo de catequese de seu filho). Qualquer dúvida, estou à sua disposição. Telefone: _______________________ Eu, __________________ e a comunidade esperamos vocês com carinho! Compromisso do discípulo de Jesus para a semana – Reze com sua família a oração da Campanha da Fraternidade que você recebeu no encontro. 36 Celebração litúrgica de admissão ao catecumenato: Assinalação dos Sentidos e Entrega do Livro da Palavra (Sugerimos que esta celebração seja realizada no processo. “Busca-se com o catecumenato que os catequizandos não só ampliem seus conhecimen1º mês de catequese.) tos da mensagem cristã, mas solidifiquem sua fé, Aos pais, sacerdotes e catequistas sua caminhada de conversão e sua inserção na coEste texto permite refletir sobre a realização do munidade” (ABC da Iniciação Cristã, p. 27). Rito de Admissão ao Catecumenato, inspirado nos Durante esse tempo, os catequizandos criam elementos do processo da iniciação à vida cristã. familiaridade com a Palavra de Deus, pede-se deles A iniciação de uma pessoa aos mistérios da uma progressiva mudança de mentalidade e dos vida cristã acontece por meio de um caminho par- costumes com suas consequências sociais. Neste ticipativo, que conduz ao encontro com o Res- tempo, a formação se realiza pela narração das exsuscitado e à inserção em sua comunidade para periências de Deus, particularmente da História crer, celebrar, viver e manter-se firme na esperança da Salvação mediante a catequese bíblica (Estudo cristã em vista da transformação da realidade. Esse da CNBB, 97 p.52). processo é realizado progressivamente pelo testemunho das Escrituras, de ritos celebrados na co- Rito de Admissão ao Catecumenato munidade e da vivência do compromisso de fé no Ingressa-se no Catecumenato por um rito que tecido familiar, social e comunitário. é uma porta de passagem, um degrau no caminho No 1º tempo, chamado também de pré-ca- da intimidade com o Senhor, que santifica o ensitecumenato, e mediante a família e o catequista, no da fé e reúne a comunidade. O Rito de Admissão ao Catecumenato é maros catequizandos receberam os rudimentos da vida espiritual e os primeiros fundamentos da doutrina cado por uma grande celebração quando, depois cristã pelo anúncio do Deus vivo, que enviou Jesus de terem acolhido, no primeiro tempo, o anúncio Cristo para a salvação de todos. Tempo no qual o do Deus vivo (querigma), os catequizandos já posEspírito Santo abre os corações para que creiam, suem uma fé inicial em Cristo. Nesse rito, celebradesejando mudar de vida e entrar em relação pes- -se o momento no qual “os catequizandos reúnemsoal com Deus em Cristo na sua comunidade, in- -se publicamente na comunidade para manifestar suas intenções à Igreja em dar continuidade ao vocando-o e aderindo a Ele livremente. O catecumenato é o 2o tempo da iniciação caminho de fé, e esta, no exercício de seu múnus cristã, dedicado à catequese prolongada e com- apostólico, acolhe aqueles que desejam enraizar-se pleta, em vista da consolidação e exercício da fé, em Cristo” (Ritual de Iniciação à Vida Cristã, 14). amadurecendo a vontade sincera de seguir a Cristo, de participar do dom de sua Vida e de sentar-se em torno do banquete que o Senhor mesmo nos preparou. “É um espaço de tempo no qual os catequizandos recebem uma adequada formação e exercitam-se na prática da vida cristã, aprofundando-se na fé, na conversão e na participação na vida da comunidade” (Estudo da CNBB 97, p. 93). No tempo do catecumenato, o catequizando refletirá sobre os vários elementos do Mistério Pascal, sobre a vida cristã, a liturgia da Igreja e a oração cristã, por isso é o período mais longo do O objetivo dessa celebração é auxiliar a comunidade, os pais e os catequizandos a perceberem o caminho de fé que a catequese propõe e que os catequizandos estão percorrendo. Nessa celebração acontece o Rito de Admissão dos catequizandos ao Catecumenato pela Assinalação dos Sentidos com a Cruz do Senhor e pela Entrega da Palavra; dessa forma os catequizandos são acolhidos pela comunidade e ingressam no aprofundamento da fé inicial já recebida no primeiro tempo, em vista do encontro com a Pessoa de Jesus. 37 A cruz iluminará a compreensão da Escritura pelos catequizandos, que a recebem como sinal de sua condição de ouvintes da Palavra, fazendo com que sejam melhor aconchegados no seio maternal da Igreja e cresçam no caminho do discipulado. A Assinalação dos Sentidos marca o catequizando com o sinal da cruz; é sinal de pertença a Deus, de entrega, de serviço, de confiança e fidelidade ao Pai. É o sinal do triunfo de Deus que ilumina com a Ressurreição de seu Filho toda criatura, concedendo participação em seu Mistério. Assinalar com a cruz os sentidos torna a pessoa apta e capaz para a compreensão das Escrituras, assim como os discípulos de Emaús, que entenderam o projeto de Deus a partir do Mistério da Cruz. A Entrega do Livro da Palavra iluminará o caminho do discípulo que, cooperando com a Graça divina e instruído pelos catequistas, comunidade, família, padrinho e sacerdote, adquire maturidade na Escritura. Percorrendo o caminho da verdade, os catequizandos professam e vivem a fé, tornando-se sal da terra e luz do mundo. Desde então, cercados pelo amor e a proteção da Mãe Igreja, são “alimentados pela Palavra de Deus, que é o primeiro e fundamental dever da Igreja” (Doc. da CNBB 97 p.12). A presença do padrinho é importante neste rito. Auxiliado pela família, ele garantirá a continuidade no caminho da iniciação à vida cristã do catequizando. Não é necessário que o padrinho seja o mesmo do batismo. Os catequizandos e seus familiares devem pensar na sua escolha. O padrinho será escolhido em razão do exemplo, das qualidades e virtudes cristãs que o tornam apto para essa importante missão. A amizade que o catequizando encontra nele não deve ser o único critério que determina a escolha. A figura do padrinho representa a comunidade e, aprovado pelo sacerdote, ele acompanha o candidato no Rito da Admissão ao Catecumenato, podendo acompanhá-lo também no acesso aos sacramentos. Compete ao padrinho mostrar ao catequizando, de modo familiar, a prática do Evangelho na vida particular e na convivência social, ajudá-lo nas suas dúvidas e inquietações. Exerce com mais evidência o seu serviço a partir do dia da eleição para os sacramentos, quando, perante a comunidade, dá o seu testemunho a respeito do catequizan- 38 do; e a sua função de padrinho conserva toda a sua importância, quando o batizado é ajudado para se manter fiel às promessas do Batismo que recebeu. Formados e apoiados no testemunho de vida cristã dos padrinhos, dos pais, da comunidade, dos catequistas e do sacerdote, os catequizandos passarão progressivamente do velho homem para o novo, que tem sua perfeição em Cristo. Preparando a celebração Combinar com o pároco a data, o horário e o desenvolvimento da celebração na qual acontecerá o Rito de Admissão ao Catecumenato. Recomenda-se que esse rito seja realizado em um dos horários normais de missa da comunidade. Comunicar com antecedência aos pais e catequizandos a data, o horário e o local da Celebração, preparando-os sobre as respostas e demais detalhes, orientando-os sobre a necessidade da presença do padrinho e as ações realizadas durante o rito. Os catequizandos devem ser informados de que no dia dessa celebração devem chegar com antecedência e permanecer em fila na porta da Igreja. Pedir aos pais que tragam uma Bíblia, que será solenemente entregue aos catequizandos pelos padrinhos durante a missa. Orientar os padrinhos sobre esse momento. Providenciar uma pequena cruz para entregar aos pais assim que eles chegarem à celebração ou quando forem chamados para a Assinalação. Reservar o lugar para os catequizandos na Igreja. Os pais e padrinhos podem ficar normalmente na Assembleia. O grupo de catequistas organiza os catequizandos que participarão do rito, se possível na porta da Igreja ou no início do átrio, para que esperem ali o chamado do sacerdote à admissão. Iniciando a celebração A missa inicia com o canto e a procissão de entrada normalmente. Ao chegar ao presbitério, antes de fazer o sinal da cruz, o sacerdote acolherá a comunidade, preparando-a para o Rito de Admissão dos catequizandos ao Catecumenato, que acontecerá pela Assinalação dos Sentidos e pela Entrega do Livro da Palavra. Chegando lá se posiciona à frente deles e os convida – Sejam todos bem-vindos, queridos pais e a ingressar na Igreja, trazendo-os até o presbitério.) catequizandos, padrinhos e caríssimos membros Canto: da comunidade. A celebração eucarística de hoje Nós nos gloriamos na cruz de Nosso Senhor, que se reveste de um caráter especial: nela acontecerá hoje resplandece com o novo mandamento do amor o Rito da Admissão de nossos catequizandos ao Catecumenato, que é um tempo forte para a ins- (2 vezes) trução e o aprofundamento da fé, em vista de uma 1. O povo carrega tua cruz no escuro e na luz, pertença mais efetiva na comunidade. Como o si- marchando assim vai. A cruz plenifica a vida, resposnal da cruz faz parte deste rito, será realizado no ta sofrida à vontade do Pai. momento oportuno. Sentados, acompanhemos. (O sacerdote convida os pais dos catequizandos (O sacerdote saúda os catequizandos que permapara que se dirijam até o presbitério junto aos seus necem ainda na porta de entrada.) filhos; em seguida, os catequistas entregam rapidamente aos pais uma cruz com a qual eles assinalarão Sacerdote aos catequizandos: seus filhos.) – Queridos catequizandos, vocês se sentiram chamados por Deus e por isso estão percorrendo Compromisso para pais, padrinhos e comunidade um caminho para ingressar com maior maturidade Sacerdote: na vida da comunidade cristã. Em nome da Igre– Vós, pais, padrinhos e irmãos aqui presentes, ja, eu vos acolho com carinho, uma vez que hoje estais dispostos a testemunhar a vossa fé ajudando vocês serão admitidos ao Catecumenato, dando estes catequizandos no seguimento de Cristo? um passo importante para o aprofundamento da (As respostas podem ser projetadas ou contidas fé. Recebam também o carinho de nossa comunidade, expresso por meio de uma salva de palmas. numa folha com a celebração.) Sacerdote: Catequista do 1º Tempo – introdutor: – Caríssimo sacerdote, familiares dos catequizandos, padrinhos e comunidade, dou testemunho de que ao longo do 1º Tempo estes catequizandos procuraram fazer sua adesão a Cristo com esforço e dedicação. Hoje, convocados pela Igreja, manifestam publicamente seu desejo de aprofundar a fé, ingressando no Tempo do Catecumenato através do Rito pelo qual serão Assinalados com a Cruz do Senhor, uma vez que pelo batismo já participam do Mistério da Ressurreição de Cristo, recebendo também a Palavra. Todos: – Sim, estamos dispostos a ajudá-los. (O sacerdote motiva a comunidade a ficar em pé.) Assinalação da Cruz na fronte e nos sentidos Sacerdote: – A Assinalação dos Sentidos marca o catequizando com o sinal da cruz; é sinal de pertença a Deus, sinal de entrega, de serviço, de confiança e fidelidade ao Pai. É sinal do triunfo de Deus que ilumina toda criatura com a Ressurreição de seu Filho, concedendo participação em seu Mistério. Assinalar com a cruz os sentidos torna a pessoa Sacerdote: apta e capaz para a compreensão das Escrituras. – Catequista, leve a cruz de Nosso Senhor até os catequizandos. Nela eles encontrarão forças para Enquanto os pais assinalam com a cruz os seus vencer os desafios do caminho que estão percorren- filhos, cada um realizará sobre si os gestos que indido e à luz da Ressurreição compreenderão as Escri- cam a nossa pertença a Deus e à Igreja. (O sacerdote turas. Voltemos o olhar para a Cruz e cantemos. faz o sinal da cruz diante do grupo dos catequizandos (Um catequista pega a cruz processional e se di- a cada invocação, enquanto os pais colocam nos seus rige até a porta central onde estão os catequizandos. filhos a cruz no lugar que é pronunciado.) 39 Sacerdote: – Cristo vos chamou para ser vosso amigo; lembrem-se sempre Dele e sejam fiéis em segui-lo. Para isso vou marcar-vos com o sinal de Cristo; este sinal, daqui em diante, vos fará lembrar-se de Cristo e de seu amor. – Recebei a cruz na vossa fronte (os pais colocam a cruz na fronte dos seus filhos e a comunidade traça a cruz na sua própria fronte). Cristo vos fortalece com o sinal do seu amor e da sua vitória; aprendei agora a conhecê-lo e a segui-lo. – Recebei o sinal da cruz nos ouvidos, para ouvirdes a voz do Senhor. – Recebei o sinal da cruz nos olhos, para verdes a luz de Deus. – Recebei o sinal da cruz na boca, para responderdes à Palavra de Deus. – Recebei o sinal da cruz no peito, para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração. – Recebei o sinal da cruz nos ombros, para levardes o jugo de Cristo, que é suave. (Depois, somente o sacerdote traça o sinal da cruz sobre todos os catequizandos, sem os tocar, dizendo:) – Sobre todos vós eu faço o sinal da cruz, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, para terdes a vida pelos séculos sem fim. – Deus todo poderoso, que pela cruz e ressurreição de vosso filho destes a vida ao vosso povo, concedei que estes vossos servos e servas marcados com o sinal da cruz, seguindo os passos de vosso Filho, conservem em sua vida a graça da vitória da cruz e a manifestem por palavras e gestos. Por Cristo, Nosso Senhor. Todos: – Amém. Catequista: – A Entrega do Livro da Palavra iluminará o caminho do discípulo que, cooperando com a Graça divina e instruído pelos catequistas, comunidade, família, padrinho e sacerdote, adquirirá maturidade na Escritura. Cercados pelo amor e pela proteção da Mãe Igreja, os catequizandos serão “alimentados pela Palavra de Deus, que é o primeiro e fundamental dever da Igreja”. Sacerdote: – Catequizandos, vocês são convidados a aprofundar a fé ouvindo, celebrando, vivendo e rezando a Palavra de Deus. Hoje a comunidade vos reconhece como iniciantes no discipulado da Palavra. A Palavra de Deus é transmitida no lar cristão pela vivência e pelo testemunho dos pais. A entrega da Palavra de Deus precisa ser oferecida aos filhos a cada dia através da prática dos pais e dos membros da comunidade. O padrinho representa o auxílio dos membros da comunidade cristã nesta tarefa de transmissão e testemunho da Palavra. (O padrinho segurará a Palavra de Deus num dos lados, ficando de frente para o catequizando, que segurará a Bíblia na outra ponta. Os padrinhos repetirão a oração. O sacerdote reza, e os padrinhos repetem.) Sacerdote: – Recebe a Palavra de Deus / são Palavras de Vida eterna / que iluminarão teu caminho / busca compreender / amar, guardar no coração e rezar a Palavra / para transformá-la em vida e serviço. (Os catequistas do 2º Tempo se dirigem a um local conveniente para receber os catequizandos.) Sacerdote: – Queridos pais, antes de voltarem aos seus Catequista: lugares, entreguem a seus filhos a cruz, que é o sinal do triunfo de Deus, que tudo vence. – Os padrinhos conduzem seus afilhados aos catequistas como sinal de que os familiares (O sacerdote prossegue a missa normalmente.) e também eles colaborarão no aprofundamento da fé que o catequista realizará. Acolhamos este Entrega da Palavra gesto manifestando nossa alegria com uma salva (Depois da homilia ou em outro momento que achar de palmas. conveniente, o sacerdote chama ao presbitério os catequi(O sacerdote prossegue a missa normalmente.) zandos e os padrinhos, que deverão trazer a Bíblia.) 40 1 Unidade a Deus se revela por meio de sua Palavra na obra da Criação e faz Aliança com o homem 1o Encontro Deus se revela por meio de sua Palavra 43 Objetivos: • Animar os catequizandos para que se sintam acolhidos. • Despertar no catequizando o desejo de conhecer e ter intimidade com a Sagrada Escritura, a Bíblia. • Identificar a Bíblia como Palavra Viva do Deus que age em nossa história e nos convida a responder-lhe. Material de apoio: • Bíblia • flor • vela • tecido da cor do tempo litúrgico • fósforo • capa e contracapa para montagem de um livro (dinâmica de acolhimento) • gravura com o rosto de Jesus • fita adesiva • 1 folha para cada catequizando • 4 cartões, cada um contendo uma das frases dos seguintes dísticos: Na citação do Salmo 8,2-3: fala o poeta, cantando a obra de Deus Na citação do Salmo 69,2-3: fala a pessoa que sofre Na citação de Oseias 14,2-3: falam os profetas, que são amigos de Deus, chamando à conversão Na citação de Mateus 19,14-15: fala Jesus, o Filho de Deus • cartaz com a frase: “QUEM BEIJA A BÍBLIA, BEIJA O ROSTO DE DEUS!” (Santo Agostinho) Atenção: esse cartaz será utilizado também no próximo encontro. Formando e preparando o catequista para o encontro Neste tempo, aprofundaremos a reflexão sobre a Sagrada Escritura. Descobriremos porque a Bíblia é um livro especial; conheceremos as pessoas que falam, escutam e agem; pessoas que souberam ouvir e orientar suas vidas conforme as indicações de Deus. Encontraremos também pessoas que escolheram não levar em conta o que Deus propõe e, com elas, encontraremos também injustiças, pecados, violências e guerras. Tudo isso faz parte da longa história com a qual Deus se faz conhecer e deseja estabelecer uma relação de amorosa confiança com o homem. Na Palavra de Deus está contida a Revelação, ou seja, o processo com o qual Deus se faz conhecer, transmitindo a si mesmo. 44 Em sua Palavra, Deus revela a si mesmo seu projeto para com as pessoas, o sentido da história e da nossa vida. Ele fez tudo isso comunicando-se conosco; é Deus que fala. Precisamos ter muito claro que a expressão “Palavra de Deus” significa algo bem mais profundo do que “palavras de Deus” ou “coisas que Deus diz”. A Palavra de Deus coloca-nos “diante de Deus que fala”. Não falamos apenas através de palavras, mas também com gestos, com decisões, com escolhas e nas atitudes do dia a dia. Toda a vida do povo e a ação de Deus em sua história foi recolhida no único grande livro que chamamos Bíblia, ou Escritura Sagrada. Neste ano vamos aprender a escutar o que a Bíblia nos fala, ela é uma carta de amor de Deus por nós, seus amigos. A Bíblia é um diálogo constante entre duas pessoas que aprendem a se comunicar reciprocamente: o Senhor e o homem. Nela falam muitos homens e mulheres que viveram em tempos e lugares diferentes: • o poeta, que canta a obra de Deus (Gênesis 1; Êxodo 15; Salmo 8); • a pessoa que sofre (Êxodo 3,7; todo o livro de Jó; Salmo 69); • falam os Profetas – amigos de Deus – criticando os pecados (2Samuel 12,1-15); chamando à conversão (Oseias 14,2-3); anunciando a salvação (Oseias 2,1-3); por fim, fala o próprio Filho de Deus (Hebreus 1,1-4; Marcos 1,14-15), que é a manifestação viva, visível, clara e objetiva de quem Deus é. Nas palavras, gestos, atitudes e escolhas de Jesus, podemos ver claramente quem Deus é sem correr o risco de inventar uma “imagem de Deus”. Construir imagens fictícias de Deus constitui o “pecado da idolatria”. Muitas são as páginas e tantos são os livros, reunidos num só, que chamamos “Bíblia”. A primeira parte dela vai de Gênesis até o livro do Profeta Malaquias. Essa parte é chamada de Antigo Testamento ou “Antiga Aliança”. Pode ser comparada ao ensinamento de um pai para com o seu filho. Isso é feito através de histórias (Êxodo, Números, Josué, livros de Samuel, livros dos Reis e outros), através de poesia (Cântico dos Cânticos), de orações (Salmos), de leis e mandamentos (Levítico, Deuteronômio, especialmente Deuteronômio 5,6-18 e Êxodo 20,2-17) e outras formas de ensinar. Com a Lei, ou “código da Aliança”, Deus colocou diante dos seus filhos a vida e a morte, ou seja, a possibilidade de ser um povo realizado ou infeliz, e lhes aconselhou: “Escolhe, pois a vida” (Deuteronômio 30,19). Os Profetas, e tantas pessoas de Deus, ajudaram o povo a escutar e obedecer aos ensinamentos; mas o povo, ao fechar os ouvidos para Deus, preferiu a morte. Na linguagem da Bíblia, “vida” e “morte” são sinônimos de realização, felicidade ou de tristeza e frustração. Por isso, o Profeta e amigo de Deus, Jeremias, sonhou que um dia haveria uma Nova Aliança não embasada sobre a “lei”, mas sobre a consagração do coração. Essa ninguém ensinaria, porque não era para os ouvidos, mas Deus escreveria diretamente no coração do seu povo (Jeremias 31,31-34). O sonho de Jeremias e de tantos outros homens e mulheres aconteceu. A novidade não é Lei ou ensinamento, mas o anúncio novo de Deus para nós é uma Pessoa: Jesus, que chamamos Cristo. A segunda parte da Bíblia vai dos Evangelhos (que apresentam a Nova e eterna Aliança que Jesus estabeleceu com sua vida, morte e ressurreição) até o Apocalipse. É chamada de Novo Testamento ou “Nova Aliança”. O “Novo Testamento” tem como centro a própria Palavra Viva de Deus, que é Jesus. Tudo o que é preciso saber sobre Ele está contido nos Evangelhos, mas nem tudo o que Ele fez foi escrito. Os Escritores sagrados decidiram colocar no papiro ou nos pergaminhos apenas aquilo que é necessário e suficiente para nos dar elementos reais que nos permitam ter fé em Jesus, assim como escreveu São João: “Muitos outros sinais realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escri- 45 tos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele” (João 20,30). A palavra “Evangelho” significa “novidade”, “notícia boa e feliz”. Então, a segunda Aliança, escrita no coração é o Evangelho, anúncio de Jesus Cristo, que veio para os homens e mulheres de todos os tempos e lugares, que acreditaram (Lucas 1,45) e nunca deixaram de esperar (Mateus 1). Não se trata mais de seguir apenas alguns mandamentos, mas sim uma Pessoa que fala de Deus com tudo o que ela é, pois Jesus é a Palavra viva que Deus dá às pessoas. A pregação e a vivência da Igreja primitiva foi transcrita no livro dos Atos dos Apóstolos e nas Cartas dos Apóstolos Paulo, Tiago, Pedro, João e de outros discípulos, às vezes anônimos como, por exemplo, a “Carta aos hebreus”. O livro da esperança das comunidades cristãs que estavam sofrendo perseguição é o Apocalipse de São João, o último dos livros da Bíblia. Antes de ser escrita, a novidade do Evangelho foi bem plantada no coração da Igreja, pelo anúncio e pregação dos Apóstolos, movidos pelo Espírito Santo (Atos 2,22-24). Precisaram vários anos antes que as comunidades cristãs pudessem escolher quais livros falavam realmente de Jesus e quais eram cheios de fantasias (estes eram chamados “escritos apócrifos”). Depois de muito tempo e investigação, foram escolhidos, sob a orientação do Espírito Santo, os livros que nós temos na nossa Bíblia. Então, foi a nossa Igreja que escreveu o Novo Testamento, mas não sozinha, senão seriam só palavras humanas; ela foi inspirada pelo Espírito Santo que Jesus tinha prometido mandar para guiá-la e ensiná-la (Atos 1,8; João 14,26). Composição da Bíblia A Bíblia é composta por 73 livros: 46 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento. Percebemos que há uma diferença com as Bíblias usadas pelos “evangélicos”. Eles possuem apenas 66 livros porque se recusaram a incluir no cânon da Bíblia os livros que serão elencados a seguir. A Igreja católica acolheu todos os livros que os hebreus tinham na época de Jesus, já que o próprio Jesus os usava e porque os Evangelistas fizeram várias vezes referência a esses livros (a versão da Escritura que eles usavam era chamada “dos 70” e é essa versão que a Igreja Católica está ainda hoje usando). Por exemplo: toda vez que Jesus chama a si mesmo com o título de “filho do homem” ele o faz referindo-se ao livro de Daniel 7,13ss.; se Jesus usou esses livros, os primeiros cristãos não viram motivação para excluir aqueles livros que, muitos séculos depois, os protestantes excluíram de suas Bíblias. A Igreja Católica levou a sério e aplicou a toda a Escritura as últimas palavras do livro do Apocalipse que diz o seguinte: “E eu declaro a todos os que escutam as palavras proféticas deste livro: Se alguém aumentar alguma coisa, Deus lhe aumentará os flagelos que estão descritos neste livro. E se alguém retirar palavras deste livro profético, Deus lhe retirará a parte que tem na árvore da Vida e na cidade santa, descritas neste livro” (Apocalipse 22,18). Livros não presentes nas Bíblias protestantes: • Tobias • Judite • Sabedoria • Baruc • Eclesiástico • 1o e 2o Livro dos Macabeus • Ester • Daniel 46 Depois do estudo do texto, procure rezar, meditar e vivenciar a Palavra, preparando-se para o Encontro. Acolhimento – Ver a realidade “Jesus aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles.” (Lucas 24,15) (O catequista prepara antecipadamente a sala do encontro com criatividade, colocando sobre uma mesa o tecido da cor do tempo litúrgico, uma vela acesa e um vaso de flor.) Estou muito feliz por recebê-lo para o segundo tempo de catequese. A palavra “tempo” indica a ação favorável de Deus em nós, o seu domínio. Estar no segundo tempo de catequese é experimentar a ação de Deus, sentir que Ele nos guia, nos ensina, nos concede seus dons e suas graças, enfim tudo aquilo que é favorável para nossa salvação. Neste tempo de ensino, teremos a oportunidade de conhecer mais profundamente o que Deus nos revela através da sua Palavra Viva transmitida pela Bíblia. Na Celebração de Admissão para o segundo tempo de ensino, você foi “Assinalado com a Cruz”, indicando que pertence a Deus e teve a alegria de receber dos introdutores (padrinhos) o “Livro da Palavra”. Vamos conhecer e amar a Palavra de Deus. Que Ele nos ensine a obedecer a sua Palavra neste caminho bonito do segundo tempo, que proporcionará nosso encontro com Jesus e nossa inserção na vida da sua comunidade! Descobriremos porque a Bíblia é um livro especial; conheceremos as pessoas que falam, escutam e agem na Bíblia. Dinâmica: descobrindo a riqueza da Bíblia – “Palavra de Deus” Objetivo: esclarecer o que é Bíblia e perceber a experiência que o catequizando e sua família têm da Palavra de Deus. Desenvolvimento: (orientado pelo catequista) 1. Entregar uma folha de papel para cada catequizando com as seguintes questões: – Para você o que é a Bíblia? – Escreva como a Bíblia faz parte da vida de sua família. 2. Ler as questões e motivá-los para que respondam, cada um em sua folha. 3. Orientar, ao final do trabalho, que cada catequizando leia, à comunidade de catequizandos, aquilo que escreveu. 4. Recolher as folhas para montagem de um livro. 5. Colocar as folhas dentro da capa e contracapa que confeccionou previamente para montar o livro. (O catequista pega o livro montado.) Conclusão: a Bíblia é um conjunto de livros, que transmite a Palavra de Deus. Deus é o autor da Bíblia, mas através de escritores inspirados pelo Espírito 47 Santo, Ele fala a todos nós de modo humano. Na Bíblia encontramos a história de um povo e a manifestação da vida de Deus agindo na história deles. Deus continua agindo em nossas vidas (mostrar uma gravura de Jesus e colocá-la entre as folhas do livro). Ele participa de nossa vida, escrevendo conosco uma história de amor e salvação, atuando nas diferentes situações do dia a dia. Para que a Bíblia surgisse, foi necessária a contribuição de muitas pessoas, em tempos diferentes e distantes. Assim, as palavras de Deus foram narradas por escritores humanos. Eles narraram, sob a ação do Espírito Santo, os acontecimentos da vida deles e a intervenção de Deus naquelas situações. Assim como montamos este livro – recolhendo um pouquinho da história de cada um de vocês e de suas famílias –, o povo de Deus recolheu na sua história as ações que Deus realizou e nos transmitiu pela Bíblia. Vamos dizer juntos: – Deus é o autor da Bíblia. Ele inspirou pessoas para que escrevessem, com palavras humanas, a Palavra de Deus. A Bíblia é a expressão do projeto do amor de Deus que age em favor do seu povo. Atenção: o catequista deverá guardar o livrinho que será utilizado também no próximo encontro. Fundamentação – Iluminar “Explicava-lhes as Escrituras.” (Lucas 24,27) (Colocar o livrinho confeccionado sobre a mesa preparada e pedir que todos os catequizandos fiquem em pé, segurando sua Bíblia.) Entronização da Bíblia: (O catequista apresenta o cartaz com a frase: QUEM BEIJA A BÍBLIA, BEIJA O ROSTO DE DEUS, de Santo Agostinho.) Vamos ler a frase de Santo Agostinho neste cartaz. Em silêncio, vamos contemplar por um instante nossa Bíblia. (Fixar o cartaz na mesa preparada) Vamos ler novamente no cartaz o que disse Santo Agostinho. Agora, com muito carinho, podemos beijar nossa Bíblia. (O catequista segura sua Bíblia.) A Bíblia, colocada no centro da nossa vida e de nossa comunidade de catequese, vai nos ensinar a ser mais amigos uns dos outros e de Deus. Ele fala igualmente a todos nós, porque somos seus filhos amados! Enquanto entronizamos a Bíblia, colocando-a sobre a mesa, cantemos juntos com alegria: Canto: “Toda Bíblia é comunicação” Toda Bíblia é comunicação de um Deus amor, de um Deus irmão, é feliz quem crê na revelação, quem tem Deus no coração. 48 Neste segundo tempo de catequese, teremos a oportunidade de escutar melhor e aprender o que Deus nos fala através da Bíblia. Ela é uma carta de amor de Deus para nós, é chamada também de “Palavra de Deus” ou “Sagrada Escritura”. Quem ouve o que Deus fala não se perde nos caminhos da vida, porque a sua Palavra ilumina os passos de quem a escuta com atenção e amor. Vamos encontrar em nossa Bíblia o Evangelho escrito por João 8,12 e ler juntos. Dinâmica: quem está falando? Objetivo: perceber que há um diálogo entre Deus e os homens na Bíblia. Desenvolvimento: (orientado pelo catequista) 1. Formar quatro grupos com os catequizandos. 2. Entregar um dos cartões com a citação bíblica para cada grupo. 3. Orientar para que procurem a citação do cartão na Bíblia e verifiquem, no cartão, quem falou aquilo que leram. 4. Explicar, após o término do trabalho, que cada grupo dirá primeiro a citação bíblica à comunidade, depois lerá no cartão quem falou através dela e em seguida deverá ler o versículo bíblico a todos. Conclusão: percebemos que na Bíblia muitos homens e mulheres, que viveram em tempos e lugares diferentes, conversam com Deus como amigos. Bíblia é o conjunto de muitas páginas e também de tantos livros reunidos em um só. Chamamos a primeira parte da Bíblia de Primeira Aliança ou de Antigo Testamento. Sofonias Ageu Zacarias Malaquias Miquéias Naum Habacuc Daniel Oséias Baruc Ezequiel Filêmon Hebreus 1Timóteo 2Timóteo Carta a Tito 2Tessalonicenses 1João 1Pedro 2João 2Pedro 3João Judas Tiago Eclesiástico Sabedoria Cântico dos Cânticos Eclesiastes Provérbios Salmos Jó 14 Cartas de Paulo 7 Livros Poéticos ou Sapienciais Joel Amós Abdias Jonas 1Tessalonicenses 2Crônicas 16 Livros Históricos Colossenses Efésios Filipenses 2Coríntios Gálatas Romanos 1Coríntios 2Macabeus 1Macabeus Ester Evangelhos a Atos Judite Tobias Neemias 2Reis 1Crônicas Esdras Rute 1Samuel Josué Juízes 2Samuel 1Reis João Lucas Mateus Marcos Deuteronômio Levítico Êxodo sis ne Gê Atos dos Apóstolos 5 livros do Pentateuco (Tora) Isaías Jeremias Lamentações Os livros do Antigo Testamento narram a obra da Criação, a Aliança que Deus fez com o povo de Israel, chamados também de hebreus, e a ação dos profetas que preparam para a vinda de Jesus Cristo. O Antigo Testamento contém todo o ensinamento de um Deus que como um Pai educa seus filhos, totalizando 46 livros. Números (O catequista mostra no desenho da estante bíblica os livros do Antigo Testamento.) 7 Cartas Católicas Apocalipse 18 Livros Proféticos 49 Alguns destes livros do Antigo Testamento contêm poesia (como o livro do Gênesis), orações (como o livro dos Salmos), leis ou aliança e mandamentos (Levítico, Deuteronômio e Êxodo). Os profetas, e tantas pessoas de Deus, ajudaram o povo a escutar e obedecer esses ensinamentos. Em sua Palavra, Deus propõe uma Aliança de amor e fidelidade com os homens. A segunda parte da Bíblia é formada por 27 livros que chamamos de Novo Testamento. (O catequista mostra os livros do Novo Testamento no desenho da estante bíblica.) O Novo Testamento contém os quatro Evangelhos que narram o nascimento, a vida, a missão, a morte e a ressurreição de Jesus, Nosso Salvador, e o início da sua Igreja; o livro dos Atos dos Apóstolos, que conta a força recebida do Espírito Santo para a pregação dos apóstolos e a vivência da Igreja primitiva; e as Cartas de alguns Apóstolos – como Paulo, Tiago, Pedro e João – que orientaram e organizaram as primeiras comunidades cristãs. O último livro chamado Apocalipse, foi escrito por São João e ficou conhecido como livro da esperança para as comunidades que sofriam. Vamos ler juntos: – A Bíblia não é apenas um livro. Ela é um conjunto de vários livros num único volume. A Bíblia possui 73 livros, dos quais 46 pertencem ao Antigo Testamento e 27 constituem o Novo Testamento. (Explorar novamente no desenho da estante bíblica a divisão do Antigo e Novo Testamento.) A Bíblia foi escrita durante vários séculos. Deus é seu autor e foram muitos os seus escritores que, inspirados, escreveram o que Deus quis com linguagem humana. Cada pessoa, ao escrever a mensagem que Deus lhe inspirava, usou a linguagem própria do seu tempo para exprimir e fazer entender o que queria transmitir, servindo-se de símbolos encontrados na realidade daquele povo. Vamos ler juntos: Todos: – Nós não somos a religião de um livro, pois não seguimos apenas uns mandamentos, nós seguimos uma Pessoa que é Jesus. Ele fala de Deus com tudo aquilo que Ele faz e com tudo que Ele é. Jesus é a Palavra viva que Deus dá às pessoas. A Bíblia não transmite apenas Leis ou ensinamentos, ela nos coloca na presença viva de uma Pessoa que é Jesus Cristo. Ele veio para os homens e mulheres de todos os tempos e lugares que acreditaram e nunca deixaram de esperar. Vamos ler juntos: Todos: – Alegria assim tão grande foi primeiro transmitida de viva voz, como fizeram os profetas e os Apóstolos, depois escrita porque precisava ser anunciada a todo o mundo. A Bíblia foi escrita para que a voz e as ações maravilhosas que Deus realizou com seu povo fossem transmitidas a nós. O que Deus falou para mim neste texto? Espiritualização – Celebrar “Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lhes.” (Lucas 24,30) Neste momento, em pé, vamos nos aproximar mais da Bíblia que está sobre a mesa; ela será a luz do nosso caminhar. Coloquemos uma das nossas mãos sobre o coração e estendamos a outra em direção à Bíblia para fazer uma prece em silêncio. (breve instante) 50 Todos: – Senhor, nós te pedimos a graça de sermos fiéis à tua Palavra. Agradecendo a Deus, que nos deu sua Palavra de Vida, cantemos: Canto: “Tua Palavra é assim” (Pe. Zezinho, SCJ/CD 6849-7 – Juventude e vocação) É como a chuva que lava, é como o fogo que arrasa, tua Palavra é assim; não passa por mim sem deixar um sinal. (bis) 1.Tenho medo de não responder, de fingir que eu não escutei. Tenho medo de ouvir teu chamado, virar pro outro lado, fingir que eu não sei. (2 vezes) O que sinto vontade de dizer a Deus? Atividades de fixação – Agir cristão “Levantaram-se na mesma hora e foram a Jerusalém.” (Lucas 24,33) Circule o desenho no qual você identifica como sua Bíblia poderia estar se sentindo em sua casa: esquecida contente empoeirada triste descuidada Por quê?___________________________________________________________ Durante este ano, nossa comunidade de catequizandos conhecerá mais sobre a Palavra de Deus. Ela nos ensina a viver como irmãos e a andar nos caminhos do bem. Confeccione um cartão com a frase de Santo Agostinho que está no cartaz. Esse cartão será utilizado na atividade do compromisso. Vivendo a fé em família – Transformando a oração em compromisso de ação cristã 1. Reúna seus pais e mostre a eles a atividade de fixação no 1 que você realizou no encontro. 2. Comente o que isso significa. 3. Faça um compromisso em família, circulando e pintando um dos desenhos que represente melhor como você deseja deixar a Bíblia de sua família ao longo deste ano. 51 Por que escolheu este desenho? 4. Confeccione um cartão com o desenho da Bíblia que escolheu para levá-lo no próximo encontro Compromisso do discípulo de Jesus para a semana 1. Entregue para uma pessoa o cartão com a mensagem de Santo Agostinho que você confeccionou no Encontro. Conte que você já iniciou o segundo Tempo de Catequese e que a Palavra de Deus é Viva! Material para o próximo encontro: levar o cartão com o desenho da Bíblia confeccionado em família. 52