GESTÃO POR METAS
Caminho para integrar desenvolvimento,
flexibilidade e resultados
Sigmar Malvezzi PhD
Brasília, 21 de outubro de 2009
• Desde a formação das redes instantâneas de
comunicação e de ação, e da célere evolução
tecnológica, os grupos indivíduos e instituições
vivem nos limites de suas competências.
• Nesse contexto, os riscos não despontam como
fatos extraordinários, mas como rotinas.
• Os fracassos ocorrem, por mais que os discursos
neguem seu reconhecimento.
• Neste início do século XXI, nada tem sido mais
difícil e incerto do que a previsão do futuro.
• O amanhã é construído pela ação de hoje
orientada pela antecipação estratégica, pela
contínua vigilância sobre a metamorfose do
ambiente e pela autonomia responsável dos
atores sociais.
• Nesse contexto, a gestão por resultados
tornou-se o principal instrumento da ligação
entre demandas dinâmicas diversas e a
adaptação eficaz às flutuações conjunturais.
• Vive-se a ditadura das metas e do tempo real,
contingências que impõem a todos as regras
da produção de resultados e do imediatismo.
• A gestão por resultados em “tempo real”
tornou-se predicado indispensável da gestão
dos negócios e da competência profissional.
• Dentro dessa dinâmica, foi desenvolvida a
cultura do agir energizado por metas.
• Objetivos específicos controlam a ação e
aperfeiçoam sua qualidade.
• Nessa cultura há efeitos positivos como o
aumento da sensibilidade para as
situações com potencial para criar valor
(que são acionadas pelo imperativo de
decisão imediata de efeitos visíveis) e
efeitos negativos como a nefasta
necessidade da urgência.
• A motivação para a ação tornou-se
contingente a objetivos imediatos e o
tempo tem sido absorvido pela sensação de
urgência e pela produção de resultados.
• A ação tornou-se polivalente, de maior
alcance e mais dependente de serviços
diversos (ação pessoal)
• Embora as tecnologias da teleinformação
realizem grande parte das tarefas, a qualidade
dos resultados tornou-se ainda mais depende
da ação humana.
• Dentro de um contexto caracterizado por
tantas incertezas, o desempenho profissional
não cabe nos limites da manualização e das
regras.
• A racionalidade dessa gramática coloca o
desempenho dentro de quatro distintas ordens
(lógicas):
• a rotina esperada pela empresa e pelo “cliente”
• os determinismos da tecnologia
• a gestão da subjetividade (valores, sentimentos)
• O agenciamento dos contratos psicológicos.
• A gestão por metas permite a acomodação da
flexibilidade exigida pela tecnogência
(experts) e pelo tecnoserviço à rigidez das
estruturas e regras frente às flutuações
conjunturais.
• As metas surgem como instrumentos
poderosos porque propiciam aos grupos e
indivíduos o controle sobre os eventos de
curto prazo.
• A forma de enfrentamento de regras rígidas e
de papeis burocráticos é a permanente leitura
do contexto, a criatividade e a intuição dos
profissionais (a qualidade do desempenho
requer inteligência e serviços técnicos
coordenados pela autonomia e conhecimento
dos subtextos) da tecnogência e do
tecnoserviço.
• Denomina-se por tecnogência o conjunto de
profissionais do conhecimento que realizam
tarefas abstratas (a resolução de problemas, o
desenho e manejo de processos, a previsão
de eventos, a gestão de pessoas...).
• Essas tarefas integram planejamento, produção
e comercialização (persuasão e vendas) como
habilidades indistintas.
• Denomina-se por tecnoserviço, o conjunto de
profissionais que realizam tarefas manuais e
de serviços de rotina, dentro de ambiente
físicos e sociais que requerem freqüente
adaptação das normas e processos (conduzir
ônibus, assistência ao cliente, servir
refeições).
• Essas tarefas integram habilidades técnicas,
sociais, emocionais e estéticas.
• Entende-se por meta a antecipação de novas
propriedades e estruturas no ambiente, ou no
próprio individuo, a subsequente intenção de
intervenção e a posterior ação mobilizadora
dos objetos e relações funcionais para
viabilizar as alterações nessas propriedades e
estruturas.
• As metas organizam a ação, estimulam a
compreensão dos eventos (desenvolvimento
de competências), reforçam a motivação,
produzem satisfação e recriam o mundo como
o individuo o deseja.
• Por isso as metas constituem instrumentos
polivalentes de amplitude totalizadora
(modificam o ambiente, estimulam o
crescimento e têm poder terapêutico).
• Uma vez aceitas e compreendidas, as metas
povoam a periferia da consciência como
pontos de referencia que orientam e
propiciam significados às ações.
• As metas mobilizam os sistemas subjetivos e
contribuem para o desenvolvimento da
relação de reciprocidade entre o indivíduo e o
ambiente.
• A realização de metas demanda alto grau de
autocontrole (sujeição de si mesmo a alguma
racionalidade que dá sentido ao agir).
• Através dessa racionalidade o indivíduo
aprende mais sobre si mesmo e sobre o
mundo.
• As metas alteram a gramática do desempenho
da racionalidade reativa para a racionalidade
proativa (Ryan).
• A ação proativa é uma conduta criativa que
visa modificar as propriedades e condições
ambientais tendo em vista algum propósito.
• Por isso, a racionalidade proativa integra a
intenção e a certeza da própria eficácia
• A ação reativa é uma resposta eliciada por
demandas e estímulos do ambiente, e como
tal, limitada ao controle sobre as modificações
produzidas pela força desses estímulos.
• A ação reativa contribui pouco para o
aprendizado da diferenciação entre a simples
aplicação de fórmulas e a ação inovadora.
• A ação reativa (como postura) dificulta a
diferenciação entre o importante e o
essencial.
• A ação reativa leva o indivíduo a julgar e
escolher sob a influência dos estereótipos (as
crenças pré-existentes não são processadas
com o cuidado que o problema exige, ou
merece).
• A cultura da ação reativa fomenta o
autoritarismo, o foco no curto prazo e o olhar
sobre os sintomas.
• Esses predicados fragilizam a identidade
profissional e a tornam errática.
• Estudos diversos sobre os efeitos das metas
constataram sua força sobre a motivação e
sobre as competências cognitivas.
• Descobriu-se que quanto mais motivados, os
indivíduos mais estabeleciam e realizavam
metas.
• As metas aparecem na dinâmica do
desempenho como forças orientadoras e
energizadoras da aprendizagem.
• O estímulo à ação direcionada por metas
desenvolveu quatro famílias de competências:
(1) a busca de feed back, (2) a ação proativa,
(3) a eficácia do controle emocional e (4) o
crescimento de habilidade sociais.
• Quanto mais desafiadoras forem as metas,
mais o indivíduo tende a “esticar” suas
competências.
• Encontrando eficácia como resultado desse
esforço o individuo desenvolve sua
autoconfiança porque ele tem provas
empíricas e observáveis de sua capacidade.
• O indivíduo reativo tende a perceber o
ambiente ao seu redor como ameaça
(controle frágil sobre sua motivação).
• O indivíduo proativo tende a perceber o
ambiente como desafio (sua motivação é
alimentada pelo empenho de transcendência
e resignificância).
• A percepção do ambiente como ameaça limita
a ação do indivíduo ao controle dos aspectos
ameaçadores empobrecendo-a por seu
direcionamento à neutralização das ameaças.
• Há pouca criatividade nesse tipo de ação
porque as potencialidades são restringidas
pela “percepção motivada” do ambiente ao
seu redor.
• A percepção do ambiente como desafio
estimula a sensibilidade e a busca pelas
potencialidades existentes na situação através
da apreensão não motivada porque o
indivíduo cede às potencialidades presentes (e
escondidas) no ambiente.
• A ação explora as potencialidades, produzindo
respostas criativas e por corolário, o
crescimento do indivíduo.
• O agir por metas fomenta a transcendência de
significados (enriquecendo o relacionamento
do indivíduo com o ambiente).
• O agir por metas distancia o indivíduo das
estruturas, desenvolvendo a coragem de ser
(força ontológica de ser mais do que se, pela
força da própria da própria ação).
• O agir por metas ensina o indivíduo a
diferenciar a satisfação instrumental
(crescimento econômico) do trabalho autoprodutivo (crescimento psicológico).
• Elaborar objetivos para si mesmo demanda
consciência das próprias potencialidades
(modo criativo de ver a vida).
• Portadora de tais predicados, a gestão por metas
surge como instrumento de liderança porque as
metas são fontes de competência, motivação,
sentido e esperança.
• Como tal, sensibiliza o gestor a desenvolver visão
totalizadora do mundo e a buscar legitimidade
em sua ação.
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