AVALIAÇÃO DE INTERFACES UTILIZANDO O
MÉTODO DE AVALIAÇÃO HEURÍSTICA E SUA
IMPORTÂNCIA PARA AUDITORIA DE SISTEMAS DE
INFORMAÇÕES
Rafael Milani do Nascimento, Claudete Werner
Universidade Paranaense (Unipar)
Paranavaí-PR-Brasil
[email protected], [email protected]
RESUMO. O presente artigo apresenta uma descrição do método de avaliação
heurística para avaliação de interfaces, com o objetivo de entender como esse
método pode auxiliar a auditoria de sistemas de informações, utilizando para
isso a análise de uma interface de acordo com o método em questão. Um
sistema web foi utilizado para a realização da avaliação.
1. Introdução
Os métodos de avaliação analíticos são aqueles nos quais os avaliadores utilizam de
aspectos relacionados a usabilidade para examinar aspectos de uma interface de usuário.
Normalmente, quem realiza esse tipo de avaliação são especialistas em usabilidade,
além de consultores de desenvolvimento de software especializado em determinados
tipos de interfaces, ou ainda usuários finais conhecedores do domínio e da tarefa, além
de outros. [Mack & Nielsen (apud Prates e Barbosa, 2014)].
Dentre os modelos de avaliação analíticos, temos o de avaliação heurística, que
busca identificar problemas de usabilidade de acordo com um conjunto de heurísticas ou
diretrizes, se baseando nas melhores práticas definidas por experientes especilaistas em
IHC (Interação Humano Computador), ao longo de vários anos de trabalho nessa área.
O objetivo do presente trabalho é realizar a avaliação da interface de um sistema
computacional na plataforma web, utilizando para isso o método de avaliação heurística
de interfaces, conforme nos apresenta Nielsen (apud Prates e Barbosa, 2014). Além
disso, apresentar possíveis melhorias na mesma, afim de garantir ao usuário a
experiência desejada do sistema em questão.
2. Metodologia
Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o tema em livros, artigos científicos e sites
da internet. Depois disso foi utilizado um sistema computacional na plataforma web
para realizar a avaliação de acordo com o método de avaliação heurística.
3. Desenvolvimento
3.1. Métodos de Avaliação analíticos
São três os tipos de conhecimentos necessários para a aplicação desse método de
avaliação: conhecimento sobre o domínio, conhecimento e experiência no projeto,
avaliação de interface de usuário e experiência em realizar um tipo específico de
avaliação. (LYNCH E PALMITER, apud PRATES E BARBOSA, 2014).
•
Conhecimento sobre o domínio: é indispensável para conseguir determinar o que
o usuário deseja, quais são as tarefas mais frequentes realizadas por ele e quais as mais
importantes;
•
Conhecimento e a experiência de projeto de interface de usuário: são
importantes e necessários para que o avaliador tenha capacidade para analisar os
aspectos mais importantes de um projeto de interfaces.
•
Experiência em realizar um tipo de avaliação específico: fornece ao avaliador a
capacidade de representar um cliente, além de conhecimento que o ajude a saber o que
procurar e também o que relatar como resultado da avaliação.
A partir desses conhecimentos, é possível avaliar os perfis de possíveis
avaliadores conforme a escala a seguir, em ordem de preferência:
•
Ideal: pode ser considerado como um avaliador “duplo”, ou seja, possui
experiência tanto nos processos e princípios de usabilidade quantos nos processos e
aspectos relevantes do domínio;
•
Desejável: é considerado o especialista em IHC, domina os processos de
avaliação, além dos princípios e diretrizes relevantes.
•
Menos desejável: é o especialista no domínio. Conhece o domínio e busca
estudar os princípios de interface e o processo de avaliação para realiza-la;
•
Menos desejável ainda: se trata de um membro da equipe de desenvolvimento.
Não consegue ou tem dificuldade em abandonar seu papel de desenvolvedor e assumir
um ponto de vista que se assemelha ao do usuário. (PRATES E BARBOSA, 2014).
Segundo MACK E NIELSEN (apud, PRATES E BARBOSA, 2014), existem
diversos tipos de avaliação analítica. No presente trabalho será abordado o método de
avaliação heurística.
3.2. Avaliação Heurística
Segundo NIELSEN (apud, PRATES E BARBOSA, 2014), o método de avaliação
heurística é uma das metodologias analíticas e busca identificar problemas de
usabilidade de acordo com um conjunto de heurísticas ou diretrizes. Esse método se
baseia nas melhores práticas definidas por profissionais experientes e especialistas em
IHC, ao longo de vários anos de trabalho nessa área.
Este método não envolve usuários, deve ser realizado apenas por avaliadores
especialistas. O recomendado é que esta seja realizada por ao menos 3 especialistas. É
um método bastante rápido e tem um custo bastante reduzido. (PRATES E BARBOSA,
2014).
De acordo com os mesmo autores, a avaliação deve seguir os seguintes
procedimentos:
1.
Sessões curtas, que devem durar entre uma e duas horas, deve ser individual,
onde cada especialista julga a conformidade da interface por meio de um determinado
conjunto de princípios (“heurísticas”) de usabilidade.
2.
Consolidação da avaliação dos especialistas. Nesse procedimento é realizado um
novo julgamento sobre o conjunto global dos problemas encontrados, além da
elaboração de um relatório unificado apresentando os problemas de usabilidade.
3.
Seleção dos problemas encontrados que devem ser corrigidos. Esta etapa deve
ser realizada juntamente com o cliente ou gerente responsável pelo projeto, onde será
realizada uma análise de custo/benefício das correções dos problemas encontrados na
etapa anterior.
Para a realização de uma avaliação utilizando os conceitos da heurística, devemos
conhecer cada uma delas a fim de compreender se os elementos que serão encontrados
em uma interface avaliada, atendam a esse conjunto básico de elementos que foram
elaborados por NIELSEN (1993). Cada uma das heurísticas por ele apresentadas serão
descritas abaixo:

Visibilidade do estado do sistema: mantenham os usuários informados sobre o
que está acontecendo, através de feedback adequado e no tempo certo;

Correspondência entre o sistema e o mundo real: utilize conceitos,
vocabulário e processos familiares aos usuários;

Controle e liberdade do usuário: forneça alternativas e “saídas de
emergência”; possibilidade de undo e redo;

Consistência e padronização: palavras, situações e ações semelhantes devem
significar conceitos ou operações semelhantes; caso haja convenções para o ambiente
ou plataforma escolhidos, estas devem ser obedecidas;

Prevenção de erro: tente evitar que o erro aconteça, informando o usuário sobre
as consequências de suas ações ou, se possível, impedindo ações que levariam a uma
situação de erro;

Ajuda aos usuários para reconhecerem, diagnosticarem e se recuperarem
de erros: mensagens de erro em linguagem simples, sem códigos, indicando
precisamente o problema e sugerindo de forma construtiva um caminho remediador;

Reconhecimento em vez de memorização: torne objetos, ações e opções
visíveis e compreensíveis;

Flexibilidade e eficiência de uso: ofereça aceleradores e caminhos alternativos
para uma mesma tarefa; permita que os usuários customizem ações frequentes;

Design estético e minimalista: evite porções de informações irrelevantes. Cada
unidade extra de informação em um diálogo compete com as unidades de informação
relevantes e reduz sua visibilidade relativa;

Ajuda e documentação: devem ser fáceis de buscar, focadas no domínio e na
tarefa do usuário, e devem listar os passos concretos a serem efetuados para atingir seus
objetivos.
Para cada um dos problemas encontrados, será necessário definir a localização
do problema na interface, além da sua gravidade. Gravidade essa que é definida por um
valor de acordo com a seguinte escala: (PRATES E BARBOSA, 2014.).

0 – Não concordo que isto seja um problema: Normalmente esse valor é
resultado da avaliação de um especialista que foi apontado por um outro;

1 – Problema cosmético: Só precisará ser concertado caso haja tempo extra no
projeto;

2 – Problema pequeno: É desejável que o problema seja resolvido, mas deve ser
considerado de baixa prioridade;

3 – Problema grande: É importante que seja concertado, então, deve ser
considerado como de alta prioridade;

4 – Catastrófico: É fundamental para o projeto que esse seja concertado antes do
seu lançamento.

4. Estudo de Caso
Os resultados da análise realizada na interface utilizada como estudo de caso, utilizando
o método de avaliação heurística, serão apresentadas na tabela 1:
Tabela 1. Resultados da Avaliação
Heurística
Visibilidade do Estado do Sistema
Correspondência Entre o Sistema e o Mundo Real
Gravidade
1
1
Controle e Liberdade do Usuário
1
Prevenção de Erro
2
Consistência e Padronização
Ajuda aos Usuários para Reconhecerem,
Diagnosticarem e se recuperarem de erros
3
2
Reconhecimento em vez de Memorização
2
Design Estético e Minimalista
2
Flexibilidade e Eficiência de Uso
Ajuda e Documentação
3
4
Após a avaliação utilizando o método heurístico, foi elaborado um relatório com as
alterações necessárias para atender as expectativas do usuário.
De acordo com a tabela 1, verificou-se as heurísticas que apresentaram mais
problemas, sendo que para isso foram utilizadas os conceitos de gravidade que foram
abordadas anteriormente, variando de 0 (menos grave) até 4 (mais grave).
Os problemas mais graves foram encontados no que se refere à consistência e
padronização, onde vários elementos analisados não estavam padronizados, e avaliados
com valor de gravidade 3. Outra heurística que apresentou o mesmo valor de gravidade
foi a que trata da flexibilidade e eficiência de uso, onde esse não apresentava uma forma
mais rápida e simples de se chegar a um ponto desejado no sistema, além de não
permitir a customização das interfaces do mesmo. O problema mais grave foi observado
na heurística de ajuda e documentação. O valor 4 foi atribuido pois o sistema analisado
não apresentava tal recurso.
4. Considerações Finais
Os métodos de avaliação de interfaces analíticos, mais especificamente o método de
avaliação heurística, se apresenta como uma ferramenta de fundamental importância
para auxiliar no auxílio à auditoria de sistemas de informações, pois preenche uma
lacuna que existe nos processos de auditoria.
Este artigo apresentou o método de avaliação heurística de interfaces,
apresentando a maneira com que esse método é utilizado, suas formas de avaliação e de
aplicação.
Como resultado do estudo de caso foi emitido um relatório onde foram sugeridas
algumas alterações para que as interfaces do sistema atendessem às expectativas dos
clientes. Dentre as sujestões está a padronização das interfaces, para resolução dos
problemas referêntes à heurística de consistência e padronização. Outra sujestão foi a
melhoria da flexibilidade, permitindo que o usuário tenha maior simplicidade durante a
navegação, além de permitir a customização das interfaces. Finalmente, foi sugerida a
criação de um tópico de ajuda para auxiliar o usuário quando esses encontrarem
qualquer tipo de dificuldade durante a utilização desta.
5. Referências
PRATES, R. O. BARBOSA, S. D. J. Avaliação de Interfaces de Usuário – Conceitos e
Métodos.
Disponível
em:
<http://www.urisan.tche.br/~paludo/
material/IHM/Material/avaliacao.pdf> Acesso em: 15 mar. 2015.
BARBOSA, S. D. J. SILVA, B. S. Interação Humano-Computador. Elsevier, 2010.
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avaliação de interfaces utilizando o método de avaliação heurística