Cai previsão para o PIB de 2012. 19/06/2012 00:00 | Tribuna do Norte Por Fernando Nakagawa, em Tribuna do Norte. Brasília (AE) - Cresce o pessimismo com o Brasil em 2012. Pesquisa do Banco Central mostra que a previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia caiu pela sexta semana seguida, de 2,53% para 2,30%. Em tempos de crise global e falta de confiança de empresários, a retração é vista especialmente na indústria e analistas já preveem expansão do setor de menos de 1% no ano. Nesse cenário, economistas apostam que o corte de juros deve seguir até agosto. ABR Nem estímulos como queda de impostos e melhora nas condições de financiamento conseguiram aumentar o otimismo em relação à indústria. Mesmo com o esforço da equipe econômica em tentar acelerar a atividade econômica, analistas estão cada vez mais cautelosos. Ainda que iniciativas como a redução do juro, oferta de mais crédito e recursos para investimentos públicos ajudem, o efeito deve demorar a aparecer. "As medidas recentemente anunciadas de investimentos, como a liberação de R$ 20 bilhões para os Estados, só terão efeito claro lá para 2013", diz o economista-chefe da Gradual Investimentos, Andre Perfeito. Após incentivar o crédito para consumo, a presidente Dilma Rousseff iniciou na semana passada nova investida para tentar acelerar os investimentos dos governos estaduais com o lançamento de uma nova linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) O símbolo do pessimismo está na indústria. Mesmo com financiamentos mais baratos e redução de impostos, o setor segue com estoques elevados e empresas já dão sinais de problemas. Em abril, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria cortou postos de trabalho pelo segundo mês consecutivo. Diante do quadro desanimador, a previsão dos analistas para o crescimento do setor industrial em 2012 caiu pela metade em um mês: de 1,58%, há quatro semanas, para 0,63%, na pesquisa divulgada ontem. Juros Com a economia lenta e sem sinais de solução na crise externa, o mercado reforça a aposta de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguirá com a estratégia de cortar o juro para baratear o crédito e, assim, incentivar a demanda interna. Na pesquisa, analistas mudaram a previsão e passaram a apostar que o ciclo de redução da Selic só será encerrado em agosto, e não mais em julho, como era a aposta até semana passada. Para o mercado, o juro atualmente em 8,50% ao ano deve cair 0,50 ponto porcentual em 11 de julho. Depois, o ciclo de cortes continua em 29 de agosto, quando a taxa deve recuar pela última vez no ano e atingir 7,50%. O espaço para o movimento existe, avaliam os analistas, porque a economia fraca diminui a pressão sobre os preços. Na pesquisa do BC, a estimativa de alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano caiu pela quinta semana seguida, de 5,03% para 5,0%. O movimento leva a previsão cada vez mais perto do centro da meta de inflação para o ano, que é de 4,5%. Brics vão criar fundo de reservas anticrise Denise Chrispim Marin - enviada especial. San José de los Cabos, México, (AE) - Os líderes do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) concordaram ontem com a criação de um Fundo Virtual de Reservas, para o socorro financeiro mútuo em situações de crise. As regras e o montante total desse novo mecanismo devem ser concluídos até a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em setembro, no Japão. Os cinco países emergentes igualmente reiteraram, neste segunda-feira, seu aporte adicional de US$ 60 bilhões a US$ 70 bilhões para a "muralha" do FMI, com o objetivo de proteger as economias do contágio da crise europeia. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, insistiu não ser o novo aporte de reservas uma antecipação dos Brics a um possível agravamento da crise econômica mundial e, mais especificamente, a possíveis desequilíbrios graves no balanço de pagamentos e a problemas de liquidez nas cinco economias emergentes nos próximos anos. Mas admitiu ser esse mecanismo "uma nova bala na agulha", a ser disparado em caso de problemas nesses países. "Essa iniciativa vai no sentido do aumento da confiança, o elemento que se deteriorou nesta crise. Estabelecemos a solidariedade financeira entre nós (Brics)", afirmou. "É importante ter uma região dinâmica para ajudar a estimular as economias avançadas a fazer as reformas necessárias, a aumentar os seus investimentos e a crescer", completou Mantega. MODELO O novo fundo seguirá o modelo da Iniciativa Chiang Mai, um mecanismo multilateral criado em 2000 para permitir a troca de moedas entre a China, o Japão, a Coreia do Sul e os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Atualmente, a Iniciativa Chiang Mai dispõe de US$ 240 bilhões. Como explicou Mantega, não haverá aporte físico de recursos para o seu novo fundo, mas a definição das parcelas das reservas internacionais de cada sócio do Brics que ficará disponível para possíveis trocas de moeda. Enquanto o fundo não entra em operação, os Brics poderão fazer trocas bilaterais de moedas, se necessário. Os líderes do Brics concordaram ser a crise da zona do euro uma ameaça ao sistema financeiro internacional e da estabilidade econômica que requer soluções cooperativas. A contribuição adicional de recursos dos cinco países para o FMI, para a construção de uma muralha de US$ 420 bilhões, continua atada a exigências. A primeira, segundo Mantega, de utilização desses recursos somente depois de esgotados os das atuais linhas de socorro do FMI. A segunda, que seja aprovada até outubro pelos Congressos dos países-membros o projeto de reforma de governança do FMI e das suas cotas, que daria maior poder aos Brics nesse organismo. Empresários latino-americanos estão pessimistas São Paulo (AE) - Os empresários da América Latina estão preocupados com o futuro da economia dos seus países. A pesquisa Panorama Global dos Negócios, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou que 43% dos diretores financeiros estão mais pessimistas, enquanto 27% se mostram mais otimistas em relação ao trimestre anterior. Os executivos estão temerosos com o desempenho da economia global, sobretudo com a estagnação dos Estados Unidos e a crise na Europa. Essa preocupação vem sendo reforçada pelos sinais de desaceleração da economia chinesa, considerada o motor do crescimento mundial. "A China é uma grande compradora de commodities. A gente já começa a observar uma desaceleração na Ásia e isso causa preocupação na América Latina, de manter um crescimento acelerado enquanto o mundo inteiro está desacelerando", afirma Antônio Gledson de Carvalho, professor da FGV, responsável pela pesquisa em parceria com o Klenio Barbosa, também docente da faculdade. A pesquisa Panorama Global dos Negócios foi realizada pela primeira vez na América Latina e ouviu 38 diretores financeiros das empresas da região. Há 65 trimestres, a Universidade de Duke e CFO Magazine são responsáveis pelo mesmo levantamento na Europa, Estados Unidos e mais, recentemente, na Ásia. Ao todo, o levantamento consultou 811 executivos. Na comparação com outras regiões, os latino-americanos estão mais confiantes com relação ao futuro. O levantamento global mostrou que 25,1% dos executivos dos EUA estão otimistas. Na Europa, esse porcentual cai para 20,8% dos pesquisados, enquanto na Ásia alcança 20,3% do total. O aumento do pessimismo na América Latina, contudo, não vai se traduzir na retração de investimentos e emprego. Pelo levantamento, os executivos consultados esperam alta de 5% na contratação de mão de obra. Oito em cada dez empresas afirmam já estar contratando. Os salários devem crescer 8% ao longo do ano