líderes do pensamento Mario Garnero* BRICS: consolidando posições Há mais de 35 anos, o Brasil tem patinado em seu desenvolvimento econômico. Nossos concorrentes estão nos ultrapassando – pela esquerda e pela direita. Estamos ficando para trás. Até o fim dos anos 80, o Brasil, juntamente com o Japão, foi uma das nações que mais se desenvolveram em todo o século 20. O Brasil, no entanto, tem se situado na lanterna do crescimento econômico. No contexto dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), somos o país de desempenho mais acanhado. No ano passado, por exemplo, o crescimento de apenas 0,9% – o menor em três anos – observado no Brasil foi o menor deles. A China evoluiu 7,8%, seguida por Índia (5%), Rússia (3,4%) e África do Sul (2,5%). No ano anterior não foi muito diferente. Em 2011, o Brasil situou-se na penúltima posição dentre os membros dos Brics. A previsão para 2014 é também desanimadora. De acordo com dados recentes revelados pelo FMI, o Brasil ficará novamente atrás de todos com um fraco crescimento de 2,5%. A projeção é que a China lidere a lista com 7,3%, seguida por Índia (5,1%), Rússia (3%) e África do Sul (2,9%). Como se vê, no tabuleiro dos Brics, passado, presente e futuro nos condenam. Falta-nos, e isso é mais que consensual, a infraestrutura para destravar o crescimento, alçar novos voos e colocar o desenvolvimento do Brasil à altura do que precisa e merece a nossa sociedade. E o desafio da expansão e modernização da infraestrutura no Brasil esse grupo de países é poderoso e responde por 19% do pib global. Mas o brasil vem destoando passa por duas questões fundamentais. De um lado, a interação mais eficiente do setor privado e do governo para um pacto de investimentos que saia do papel efetivamente. De outro, o planejamento do cresci- mento mediante ênfase em setores estratégicos e multiplicadores. Esses são alguns dos temas que serão examinados em seminário sobre os Brics que o Fórum das Américas realizará em Nova York, em março do ano que vem, reunindo figuras de destaque do mundo empresarial, político e acadêmico de todo o planeta. O objetivo é que as novas reflexões possam auxiliar e lançar luzes sobre estratégias e mecanismos que influenciem positivamente o desenvolvimento dos Brics e do Brasil. No jogo da globalização, os países dos Brics têm hoje um imenso poder de negociação. Juntos, correspondem a 19% do PIB do mundo e a população do grupo representa cerca de 42% da população mundial. Para se ter uma ideia da força do bloco, de acordo com a The Economist, os cinco países foram responsáveis por 55% do crescimento global nos últimos três anos. Como se observa, no todo, o clube mostra-se como uma sólida potência. Num olhar mais atento, no entanto, há ainda muitas contradições internas e a necessidade de um contínuo processo de consolidação de posições e realidades. O Brasil, em particular, dá sinais de timidez e fragilidade ao conjunto. É necessário, portanto, reorientar a nossa rota de modo a permitir que o Brasil se posicione na vanguarda desse clube. *Mario Garnero é chairman do Grupo Brasilinvest, presidente do Fórum das Américas e da ANUBRA (Associação das Nações Unidas — Brasil). 38 | forbes brasil novembro 2013 15.Artigo_Garnero ed15 _NOVO R.indd 38 08/11/13 17:37