Segunda-feira
16 de Novembro de 2015
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Economia
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Editor: Luiz Guimarães
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RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Brics deve reduzir riscos globais, diz Dilma
Lista de ações inclui estímulos à infraestrutura, menor volatilidade de mercados e reformas de instituições financeiras
A presidente Dilma Rousseff defendeu
o compromisso dos países do Brics (grupo
formado por Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul) com quatro pontos básicos
para a redução do que chamou de “riscos
que a economia global continua a enfrentar”. A lista inclui o estímulo aos investimentos em infraestrutura, a diminuição
da volatilidade dos mercados globais, a necessidade de reformas das instituições financeiras e o combate à pobreza e às desigualdades. Esta, segundo ela, é a agenda
que deve ser priorizada no âmbito do G-20
(grupo que reúne as 20 maiores economias
do mundo).
“Os países devem seguir comprometidos a trabalhar pela redução dos riscos que
a economia global continuar a enfrentar,
priorizando na agenda do G-20 temas importantes para países em desenvolvimento como investimentos em infraestrutura, a
redução da volatilidade dos mercados globais, a necessidade de reformas das instituições financeiras e o combate à pobreza
e às desigualdades”, afirmou a presidente.
Este foi o discurso de abertura da presidente durante a reunião do Brics, que
aconteceu na manhã deste domingo, pa-
ROBERTO STUCKERT FILHO/PR/JC
Dilma Rousseff (c) participou da solenidade de abertura do encontro dos países do G-20
ralelamente à cúpula do G-20 no balneário
de Antália, na Turquia. Dilma afirmou que
os resultados das ações do grupo são “muitos expressivos”, e citou também a concretização do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas, o
que, na visão da presidente, deve impulsionar a ampliação da agenda de cooperação
e a consolidação da parceria econômica
Presidente mostra preocupação com subsídios
A preocupação com o aumento dos subsídios agrícolas fez parte do discurso da presidente Dilma Rousseff no almoço de abertura da reunião de cúpula das 20 maiores
economias do mundo, o G-20. A presidente
brasileira também cobrou dos países responsabilidades diferenciadas nas metas
para o clima. Dilma sugere que economias
ricas tenham maiores responsabilidades e
apoiem nações em desenvolvimento.
Dilma alertou que o atual cenário econômico - desaceleração de algumas economias importantes e os preços mais baixos
das commodities - pode levar alguns países
a adotarem medidas protecionistas. Como
negociadores brasileiros têm sinalizado nas
últimas semanas, Dilma demonstrou preocupação com a possibilidade de que a que-
da do preço das matérias-primas aumente a
concessão de subsídios.
Apesar da preocupação com subsídios a
alguns setores, Dilma ressaltou a importância de proteger pequenos produtores nos países mais pobres. A presidente lembrou que
são esses produtores que respondem pela
maior da oferta de alimentos no mundo.
Dilma também expressou o desejo do
Brasil de que o mundo alcance um acordo
justo, ambicioso e duradouro na conferência
sobre o clima, a COP, que será realizada nos
próximos dias em Paris. Ao lembrar que o
Brasil tem avanços nesse tema, a presidente
defendeu que países devem ter responsabilidades comuns nas metas para redução da
emissão de carbono, mas defendeu que haja
referências “diferenciadas”.
do bloco.
Dilma também reforçou o empenho
de tornar realidade os compromissos da
reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), assumidos em 2010, em prol de
uma governança econômico-financeira global mais equilibrada e representativa, com
maior participação dos países emergentes e
em desenvolvimento.
Os líderes dos Brics ainda veem riscos
para a economia global e consideram que
a sua recuperação ainda não é sustentável.
O grupo divulgou um comunicado conjunto
sobre a situação da economia mundial. “Os
líderes concordaram que a economia global
ainda estava em risco e que sua recuperação ainda não é sustentável, o que realça
a importância do fortalecimento da coordenação e da cooperação em políticas macroeconômicas entre os membros do G-20 para
evitar repercussões negativas e de modo a
lograr crescimento forte, equilibrado e sustentável”, afirma o comunicado conjunto informal, divulgado depois do encontro.
Os líderes do Brics defenderam ainda
que “todos os membros do G-20 devem se
concentrar na implementação de suas respectivas estratégias nacionais de crescimento”. O documento destaca que a “politização
das relações econômicas e a introdução de
sanções econômicas”, que chama de desafios geopolíticos, continuam prejudicando as perspectivas futuras de crescimento
econômico. Atualmente, a Rússia enfrenta
sanções econômicas impostas pelo Estados
Unidos e União Europeia (UE) em função da
sua atuação na crise na Ucrânia.
‘Não vim a passeio’, afirma Levy na Turquia,
negando os rumores de que perderá posto
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
rechaçou os rumores de que estaria sendo
ameaçado ou a ponto de ser substituído. “Estamos navegando e permaneço até segunda
ordem”, disse durante entrevista coletiva ao
fim dos trabalhos do primeiro dia da reunião de cúpula do G-20. “Estou aqui, tenho
respaldo da presidente Dilma e não vim a
passeio”, disse.
Levy tenta afastar os rumores de que estaria sendo pressionado a deixar o governo
sob a acusação de que a política econômica
é muito austera. “O folhetim não é muito importante. O importante é o avanço das medidas. É nisso que a gente está focando.”
Em Brasília, informações de bastidores
indicam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva estaria liderando a pressão contra o
ministro e que o petista teria Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, como
preferido para ocupar a cadeira de Levy.
Diante dos rumores, Levy ressaltou que
“nunca teve grandes diferenças com o presidente Lula”. “Uma das grandes sabedorias (de Lula) foi ter paciência, ao contrário
de outras pessoas que querem fazer tudo ao
mesmo tempo. A grande lição que ele deu
foi fazer as coisas no seu tempo”, disse.
O ministro da Fazenda deu como exemplo a política de aumento do salário-mínimo, que “foi construída” gradualmente.
“Isso mostra persistência e paciência”, disse.
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