FACULDADES INTEGRADAS IPITANGA - UNIBAHIA CURSO DE PEDAGOGIA CRIS PINTO DOMINGOS DEISE DA SILVA SANTOS EMANUELLE RIBEIRO BARROS JOSÉLIA DOS SANTOS SÁ LARISSA OLIVEIRA VIEIRA SHIRLEY COSTA DE VASCONCELOS SANTANA VALDIANE SOUZA SANTOS CADERNO DIGITAL DE ARTIGOS Lauro de Freitas 2013 FACULDADES INTEGRADAS IPITANGA - UNIBAHIA CURSO DE PEDAGOGIA CADERNO DIGITAL DE ARTIGOS Caderno Digital de Artigos apresentado ao Curso de Pedagogia das Faculdades Integrada Ipitanga – Unibahia, da disciplina Pesquisa e Prática Pedagogica VI, sob orientação da professora Mestre Cinthia Seibert. Lauro de Freitas SUMÁRIO 2013 APRESENTAÇÃO....................................................................................................... 4 EDUCAÇÃO MORAL, VALORES HUMANOS E SEUS REFLEXOS NA VIDA ESCOLAR (Cris Pinto Domingos)............................................................................... 5 (RE)DESCOBERTAS SOBRE A INFÂNCIA: DA NEGAÇÃO AO DIREITO (Deise da Silva dos Santos).......................................................................................................13 EXCLUSÃO SOCIAL: REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO HISTÓRICO DA EXCLUSÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS (Emanuelle Ribeiro Barros)........................................................................................................................20 OS PROCESSOS QUE ENVOLVEM A LEITURA E A INFORMÁTICA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM (Josélia dos Santos Sá).................................................................................................................31 A MÚSICA COMO ATIVIDADE LÚDICA NA EDUCACÃO (Larissa Oliveira Vieira).........................................................................................................................37 MOTIVAÇÃO NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM (Shirley Costa de Vasconcelos Santana) …............................... 44 A LITERATURA INFANTIL COMO ESTÍMULO A LEITURA (Valdiane Souza Santos) .................................................................................................................... .. 51 APRESENTAÇÃO O processo vivenciado por nós, alunas do sexto semestre de Pedagogia, revela avanços e desafios na busca pela ressignificação de saberes, iniciação à pesquisa e a sistematização dos coteúdos trabalhados e produzidos ao longo deste período. No início a angústia com o tempo de produção, cobranças e dificuldade em encontrar as referências para a construção do artigo. Sentimos a escassez de algumas obras em nosso acervo, mas isto não nos desmotivou.Após buscas de materiais bibliográficos fizemos uma seleção de textos a serem utilizados e com o auxílio da professora Mestre Cinthia Seibert fomos moldando e aperfeiçoando a nossa escrita até chegar ao nosso produto final que é este Caderno Digital de Artigos. Foi um constante vai e vém. A cada produção, leituras, orientação e sugestões para ampliação e/ou alterações do percurso iniciado por nós. Entendemos a importância de investigarmos o nosso tema em profundidade, buscando compreender a origem do mesmo, seu percurso histórico, alinhnado com o problema de pesquisa e nossa hipótese. Assim transcoreemos o semestre, mas ao final conseguimos produzir com dedicação e afinco os nosso artigos e esperamos que este seja um material de apoio para outros pesquisadores. EDUCAÇÃO MORAL, VALORES HUMANOS E SEUS REFLEXOS NA VIDA ESCOLAR Cris Pinto Domingos 1 RESUMO Em pleno século XXI com todas as mudanças que vem ocorrendo com a inserção de novas tecnologias na sociedade e, principalmente na escola, com tanta influência das mídias, mudanças biológicas, culturais, políticas e, principalmente sociais, observamos uma inversão de valores morais e éticos. Crianças, jovens e adultos encontram-se muitas vezes sozinhos na busca de seus referenciais de valores e direitos humanos, numa sociedade globalizada, violenta, midiática, paradoxal e egocêntrica. Este artigo tem por finalidade esclarecer que a ética, a moral e a educação geralmente andam de mãos dadas. O ser humano seja homem ou mulher é um produto da natureza e da cultura. Quando o ser humano vive em sociedade a tendência é formar pactos para que todas as partes envolvidas possam estar satisfeitas e assim viverem em harmonia. Palavras-chave: Moral. Ética. Valores. Inclusão. Educação. RESUMEN En el siglo XXI, con todos los cambios que se han producido con la inserción de las nuevas tecnologías en la sociedad y, especialmente, en la escuela, por lo que la influencia de los medios de comunicación, los cambios biológicos, culturales, políticos y sociales, especialmente observar una inversión de valores morales y éticos. Niños, jóvenes y adultos están a menudo solos en la búsqueda de los valores referenciales y los derechos humanos en una sociedad globalizada, medios violentos, paradójicas y egocéntrico. Este artículo tiene por objeto aclarar la ética, la moral y la educación a menudo van de la mano. El ser humano es hombre o mujer es un producto de la naturaleza y la cultura. Cuando el hombre vive en sociedad se tiende a formar pactos que todas las partes pueden ser satisfechas y por lo tanto viven en armonía. Palabras-clave: Moral. Ética. Valores. La inclusión. Educación. 1 Graduanda do curso de Pedagogia, pelas Faculdades Integradas Ipitanga – UNIBAHIA E-mail: [email protected] VALORES MORAIS RESGATADOS NAS ESCOLAS Quando se fala em valores, deve-se definir sobre qual valor se trata. Este artigo discorre sobre os valores com respeito à conduta humana. Para Vázquez (2002) quando se fala em valores, tem-se presente a utilidade, a bondade, a beleza, a justiça etc., assim, como os respectivos polos negativos: inutilidade, maldade, fealdade, injustiça, etc. Valor é definido como qualidade humana de natureza física, intelectual ou moral que desperta admiração ou respeito. Logo surge a pergunta: quais são os valores que despertam admiração ou respeito nos estudantes atualmente? É difícil acreditar que os discentes estejam valorizando, admirando ou respeitando as atitudes corretas hoje em dia. É comum, inclusive, observar que as crianças estão crescendo com valores distorcidos, dando importância aos elementos que não deveriam ser valorizados, como aparência, supérfluos, violência, objetos, etc. Com isso, as crianças estão se tornando cada vez mais egoístas e vazias. Não conseguem dividir e nem respeitar as diferenças. Na verdade as crianças estão apenas tolerando as diferenças, só que tolerar as diferenças significa que algo é melhor que o outro, as crianças começam a se comparar com outras crianças buscando sempre ser melhor que o outro. Aprender a respeitar é que se torna necessário. Respeitar significa que as diferenças estão no mesmo patamar, que são as diferenças que fazem cada um ser único. Mas quando se trata de inclusão de valores deve-se pensar em como sua aquisição se dará, já que as crianças se veem diante de tantas insinuações e abordagens na mídia que aceleram a maturidade. O que fazer para que as mesmas consigam distinguir o que é certo do que é errado? Este é um dos atuais dilemas dos pais e educadores. Tais insinuações e abordagens têm relação com a aceleração das diferentes etapas do desenvolvimento a serem vividas pelas crianças. Como não conseguem distinguir sobre cada uma dessas fases, pois não possuem maturidade suficiente, começam a distorcer o que está sendo permitido. E, dessa maneira, os valores começam a ser invertidos. Pais, mães e educadores precisam estar atentos com as crianças, para que as mesmas repeitem as etapas de maturidade sem “queimar” nenhuma. Estando atentos ao fato de quê certos valores aumentam em importância, outros diminuem, outros ficam estáveis e outros ainda elevam-se na adolescência para diminuir depois dessa fase. Os ditos “aborrecentes” que estão na fase de transição sentem-se confusos por não serem nem crianças e nem adultos e é nesta fase que eles se sentem perdidos e acabam por distorcer os valores morais reclamados pela sociedade. Nesta fase é de grande importância que pais e educadores trabalhem juntos na construção do caráter moral do discente. É observado que a escola e, em especial os educadores, hoje em dia, estão assumindo papeis que vão além da ação de ensinar. Possivelmente este seja o motivo pelo qual deixaram de ser chamados de professores e passaram a ser chamados de “Educadores”, pois agora é de sua responsabilidade observar e instruir para a formação do caráter e personalidade das crianças. A educação por meio dos educadores é algo indispensável atualmente. Pois é por intermédio dela que se busca formar alunos, torná-los pessoas dignas. Mas como fazer isso sem viver valores muito específicos? Vive-se tempos críticos, violentos e desesperados, isso acontece por que a grande parte da humanidade se esqueceu dos seus valores e os considerado ultrapassados e desinteressantes. A educação que se baseia em valores humanos é a certeza de que se formarão pessoas, de fato, humanas. Esta humanidade está relacionada à consciência que temos do eu, do outro, do nós e do universo. Segundo Martinelli (1996, p. 30): “O resgate dos valores humanos e de seus subvalores deve ser a proposta básica de todas as experiências que vivemos no cotidiano”. Então é preciso que os alunos desenvolvam o autoconhecimento para chegar à consciência do eu; o conhecimento de que ninguém está só. Para chegar à consciência do outro; ter o conhecimento da relação de interação entre todos os seres vivos, para chegar a consciência do nós; e o conhecimento da vida, para chegar à consciência do Universo. Porém a construção desses conhecimentos deve estar pautada nos cinco valores humanos absolutos: verdade, paz, amor, não violência e retidão. Cada um desses valores engloba outros valores relativos ou subvalores. A vivência desses valores alicerça o caráter por meio de transformações dos níveis da consciência. Os valores absolutos são a base de um método de trabalho proposto por Sai Baba com cinco técnicas em que a vivencia contínua de valores irá levar a excelência humana. A partir de Vázquez (2002), entendemos, que o sujeito é um ser histórico e por este motivo deve-se haver reflexão acerca de quais os valores que tratamos hoje com os discentes. A Moral, no campo da reflexão ética, segue três direções. A primeira direção tendo Deus como origem ou a fonte da Moral, onde a normas morais derivam de um poder sobre-humano. Sendo assim, as normas não estariam no próprio homem e sim acima dele. A segunda direção tendo a natureza como origem ou a fonte Moral. A conduta Moral do sujeito estaria ligada a uma conduta natural, ou seja, biológica. Deste modo os valores teriam origem nos instintos e por isso poderiam ser encontradas não só naquilo que o homem é como ser natural, biológico, mas inclusive nos animais. A terceira direção tendo o homem como origem e fonte da Moral, o sujeito que aqui se fala é um ser dotado de uma essência eterna e imutável inerente a todos os indivíduos, sejam quais forem às alternativas históricas ou a situação social. Logo, a Moral constitui um aspecto da maneira de ser, que permanece e dura através das mudanças históricas e sociais. A Moral surgiu para ajudar o sujeito a ser. Ser o que ele se propõe a ser, a realizar sua travessia. Deve-se haver consciência de quê aprender a noção de Moral é uma atividade complexa e que se não for minuciosamente discriminada, pode levar a posições ambíguas ou a posições opostas e parciais. Segundo Bicudo, 1992: A moral pode ser encarada como sendo semelhante à prudência, à lei, aos usos e costumes, caso em que algumas regras de conduta podem ser assumidas como certas, podendo ser considerada válidos enquanto diretrizes de ações de indivíduos ou de grupos. Sendo assim, a Moral fica entendida como algo básico para que o homem se assuma como sujeito do seu acontecer, ou seja, ele é um agente transformador. A Moral permite que o sujeito se sinta livre para expressar o seu querer e a sua vontade levando em conta seus valores, por este motivo muitos sujeitos agem de forma egoísta. Para Vázquez (1990, p. 10): “a realidade moral varia historicamente e, com ela, variam os seus princípios e as suas normas”. Não é correto afirmamos que a Moral de uma sociedade será a mesma estabelecida na época de Aristóteles, assim como ocorrem mudanças e fatos históricos que se alteram o percurso da vida dos humanos a Moral sempre se modificará para atender as necessidades de uma nova sociedade, pois por mais abrangente que seja a definição da Moral ela acaba sempre se esbarrando nas muralhas de seu próprio tempo e se transformando em instituição social. Para quê os seres humanos constroem ideais morais? Segundo Costa (1994, p. 77): “[...] para proteger-nos dos danos que a natureza pode causar a nosso corpo e dos sofrimentos psíquicos que podem advir de nossas relações com os outros”. Então entende-se que os ideais morais não só devem estar inclusos na educação como também devem ser observados, praticados e debatidos. A Moral não é algo abstrato e nem subjetivo, ela passa pela subjetividade, mas é concreta e objetiva, pois há nela sempre um sentido finalista, pois a sua principal função é a de não deixar nunca secar a fonte de inspiração do bem. A EDUCAÇÃO MORAL A educação Moral é uma tarefa destinada a dar forma Moral à própria identidade, mediante um trabalho de reflexão e ação a partir das circunstâncias que cada sujeito vai encontrando no dia a dia. Mais de um espaço educativo contíguo a outros espaços educativos, ela é uma dimensão formativa que atravessa todos os âmbitos da educação e da personalidade, sendo um aspecto chave da formação humana. (PUIG, 1998, p.20) A educação Moral vem como um instrumento de busca de uma identidade, pois nenhum ser humano é uma ilha. A Moral é entendida por diversos ângulos, tratemos primeiramente ela sendo entendida como socialização, ou seja, ela consiste em inserir as crianças na coletividade por meio de um sistema de normas e valores vigentes que são impostos pelas regras sociais de convivência. Outra tendência da educação Moral é a classificação de valores que é uma ideia oposta à da socialização, nesta a criança, por conta própria, supera os conflitos de valores em que se encontra. A outra tendência da educação Moral é percebê-la como parte do desenvolvimento cognitivo. A mais importante busca humana é esforçar-se pela Moralidade em nossa ação. Nosso equilíbrio interno, inclusive da existência, depende disso. Somente a Moralidade em nossas ações pode dar beleza e dignidade à vida. Fazer disso uma força viva e trazê-la para a consciência é talvez a tarefa principal da educação ( EINSTEIN apud MARTINELLI, 1996, P.51). A Moral da qual viemos tratando desde o inicio do artigo é bem representada pela frase de Albert Einstein citado anteriormente. A educação tem, ou pelos menos deveria ter, como principal objetivo fazer um resgate dos valores morais reclamados cada vez mais pela sociedade atual. Desta forma torna-se importante a reflexão sobre que princípios devem constituir a base da Educação Moral. Eles não devem ser só gerais precisam entrar na afetividade e na forma do sujeito se expressar e relacionar com o mundo. Necessitam envolver tanto as atividades humanas lógicas, quanto aos inter-relacionamentos pessoais e que acabam por enfatizar os sentimentos. Mas ai nos deparamos com um antigo dilema, “razão” versus “sentimento”, ele deve ser conscientemente superado pela Educação Moral, a qual não pode perder de vista que o ser humano é um “todo” e age de acordo com os problemas que possui. “A Educação Moral tem sido vista, ainda, como um processo que auxilia a pessoa a discernir e a esclarecer os valores que lhe são significativos” ( BICUDO,1982, p.35). Ela se baseia no ato de perceber e entender os valores assumidos pelos discentes, os quais orientarão as suas escolhas morais. A Educação Moral vê o discente como sujeito capaz que através de suas experiências e convívios possuem a capacidade de elaborar seu próprio quadro de valores. O discente é então visto como ser ativo que está continuamente respondendo, influenciando e sendo influenciado pelo quê acontece no seu ambiente. A percepção clara dos valores necessários para a pessoa é um elemento de muita importância, de certa forma fundamental para a Educação Moral, embora ela não seja formada apenas por isto. A resposta Moral exige que o sujeito se sinta livre para expressar o seu querer e a sua vontade, este não pode ter sua escolha Moral sendo coagido de forma alguma. A Educação Moral deve ter como objetivo permitir que os discentes sintam as manifestações do querer, do gostar, do preferir então a Educação Moral deve auxiliar a pessoa a discernir o que realmente vale para ela. Deste modo a Educação Moral deve preocupar-se com os aspectos relacionados aos sentimentos, na mesma medida que estes levam á percepção dos valores. Esta percepção é o primeiro passo para a concretização da Educação Moral que, neste sentido, abarca a Educação dos Valores. EDUCAÇÃO DE VALORES A Educação dos Valores não pode ser apresentada em um quadro fixo de valores considerados pela sociedade e pelos educadores como valores positivos. Os valore morais são iguais a vestimenta das utopias humanas; sejam das utopias positivas, seja das utopias positivas negativizadas pelas circunstâncias em que se encontram. Para que haja a compreensão de valores os discentes precisam vivencia-los, mas também não deve se restringir apenas a fazer com que o individuo perceba os valores que lhes são significativos, pois assim ele limitaria os fins no processo educativo, os quais não iriam além dos valores do estudante. Ao mesmo tempo em que a Educação de Valores se preocupa com os valores que todos vivenciam ela deve procurar ampliar o campo de valores dos mesmos. A Educação em Valores contribui de forma significativa para um aprofundamento do humanismo do aprender os valores e vivê-los. “Basta uma simples observação da realidade para perceber que o controle nunca existiu. Crianças e adultos constroem seus sistemas de valores dentro do espectro de possibilidades que a natureza, a cultura e a sociedade lhes oferecem, mas de forma não previsível” (ARAÚJO; PUIG, 2007, p. 29). Na medida em que os sujeitos aprofundam o seu conhecimento a respeito de si mesmo e sobre o meio no qual vive, as sua escolhas vai lentamente realizando-se segundo princípios morais que orientam a sua conduta. Os princípios vividos pelo sujeito representam a sua própria filosofia de vida, ou seja, a sua visão de homem e de mundo, se torna importante porque expressam um ponto principal que une as tendências das escolhas das pessoas, limitando-a e definindo-a. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisar essa rede de elementos que traz a temática dos valores não é algo fácil, porém constantemente somos convidados a refletirmos e construirmos uma relação critica com esse tema complicado. A escola enquanto instituição social e espaço de ação-reflexão, possui um papel fundamentalmente importante no processo de construção e de reconstrução dos valores que norteiam o agir dos alunos. Entendemos que a escola deve desempenhar um papel instrutivo e não formativo e não pode trabalhar qualquer valor com os alunos e acima de tudo não pode trabalhar os valores de qualquer forma. Assim compreendemos a educação como uma ação consciente, intencional e planejada no processo de formação humana, pela qual são assimilados, vivenciados e recriados os conhecimentos e experiências acumulados pela pratica social. Dada a temática da educação em valores, abordada neste artigo, é preciso que resgatemos não só a ética, a moral como também os demais valores humanos no espaço escola, uma vez que a escola é um dos locais privilegiados para o ser humano humanizar-se. No entanto a pratica pedagógica da educação moral em valores humanos não deve permitir posturas doutrinárias ou relativistas, mas sim buscar uma nova vertente que é a dialógica, na co- construção coletiva e em princípios. Então é preciso, que seja construída uma “cultura escolar” que favoreça a emergência desta pratica. Vencer a situação de fragilidade com que a educação Moral e a educação de valores se encontram na atualidade não implica somente adotar uma medida, ou outra e achar que todo o problema vai estar resolvido. A capacidade de mudar está diretamente ligada a um compromisso coletivo. Nesse sentido, segundo Cortella e La Taille (2005, p. 107): [...]a escola precisa urgentemente assumir sua tarefa, pois é a única instituição que ainda tem legitimidade social para tanto, a única que no fundo, diz respeito a todo mundo, visto que, em algum momento da vida, todo mundo é aluno ou professor, pai ou irmão de aluno [...]. Ou seja, a escola ocupa um lugar central na sociedade. A escola é o espaço privilegiado das crianças durante muitos anos, elas crescem lá dentro. Não pode-se supor que só se vai ensinar uma parte dos conhecimentos, deixando de lado a ética, os valores humanos e a Moral. Cabe aqui pensarmos: Quais os valores que queremos trabalhar com os nossos alunos? Será que podemos utilizar de jogos e brincadeiras para realizar o resgate da educação moral e da educação de valores? REFERÊNCIAS ARAÚJO, Ulisses F.;PUIG, Josep Maria.Educação e valores. Org: Valéria Amorim Arantes . São Paulo: Summus, 2007. ARISTÓTELES. A ética. Tradução de Cássio M. Fonseca. Tecnoprint S.A. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2001. BICUDO, Maria Aparecida. Fundamentos éticos da educação.São Paulo: Cortez, 1982. CORTELLA, M.S; LA TAILLE,Y. de. Nos Labirintos da Moral.Campinas, SP: Papirus, 2005. COSTA, Jurandir Freire. A ética e o espelho da cultura. 3 ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. (Org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. MARTINELLI, Marilu. Aulas de transformação: O programa de educação em valores humanos. São Paulo: Petrópolis, 1996. PEREIRA, Otaviano. O que é Moral. São Paulo: Brasiliense, 1998. PUIG, Josef Maria. A construção da personalidade moral. Tradução de Luizete Guimarães Barros e Raquel Camorlinga Alcarraz. São Paulo: Ática, 1998. VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. Tradução de João Dell’ Anna. 23 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. (RE)DESCOBERTAS SOBRE A INFÂNCIA: DA NEGAÇÃO AO DIREITO Deise da Silva dos Santos *2 RESUMO O presente artigo é um estudo feito sobre a infância. O mesmo traz a história da infância da sua negação e da sua invisível inexistência durante muitos anos. Explica como ocorreu este processo e o que levou a valorização da infância. Infância deriva do latim infantia, que significa sem fala, portanto a própria etiologia da palavra traz um significado negativo quanto à infância. As visões sobre a infância são construídas social e historicamente: a o modo como às crianças são inseridas e os papéis que a mesma assume, irão variar com os modelos de organização social. Do século XIII ao século XX, houve um avanço quanto à postura dos adultos em relação a infância, no dia 20 de Novembro de 1989, as Nações Unidas adotaram por unanimidade a Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), documento que enuncia um amplo conjunto de direitos fundamentais – os direitos civis e políticos, e também os direitos económicos, sociais e culturais – de todas as crianças, bem como as respectivas disposições para que sejam aplicados. Este artigo tem o objetivo de explicar o processo de negação da infância até os direitos estabelecidos pela CDC, através da história. Palavras-chave: Infância. História. Negação. Direitos. RESUMEN Este artículo es un estudio sobre la infancia. Lo mismo es la historia de la infancia de su negación y su falta invisible durante muchos años. Explica cómo se produjo este proceso y lo llevó a la recuperación de la infancia. Niñez Infantia deriva del latín, que significa infantia, por lo que la etiología real de la palabra tiene un significado negativo sobre la infancia. Visiones de la infancia son una construcción social e histórica: se insertan como los niños y los roles que asume, variarán en función de los modelos de organización social. Siglo XIII hasta el siglo XX, se produjo un gran avance con respecto a la postura de los adultos en relación con los niños en el 20 de noviembre de 1989 las Naciones Unidas adoptaron por unanimidad la Convención sobre los Derechos del Niño (CRC), un documento que establece un conjunto de derechos fundamentales - los derechos civiles y políticos, así como los derechos económicos, sociales y culturales - de todos los niños, y sus disposiciones sean aplicada. Este artículo trata de explicar el proceso de negación de la infancia a los derechos establecidos por el CDC, a través de la historia. Palabras clave: Infancia, la historia, la negación y los derechos. 2 Graduanda do curso de Pedagogia, pelas Faculdades Integradas Ipitanga – UNIBAHIA e-mail: [email protected] (RE)DESCOBERTAS SOBRE A INFÂNCIA: DA NEGAÇÃO AO DIREITO Comecemos por entender a etimologia da palavra infância. Infância deriva do latim infantia, que significa sem fala, perceberemos que esse é um sentido que acompanha os conceitos e explicações que a sociedade atribuiu, mesmo após promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, no Brasil. Segundo o próprio ECA – Art. 2° “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”. Diz o dicionário Houssais que infância é o período da vida humana que vai desde o nascimento ao início da adolescência. A questão é: como é este período? O que é realmente a infância? Por que muitos têm a sua infância perdida? Para responder tais questões é preciso recorrer à história da vida humana. As visões sobre a infância são construídas social e historicamente: há o modo como as crianças são inseridas e os papéis que as mesmas assumem, irão variar com os modelos de organização social. À medida em que a infância passa a ser vista como uma fase da vida humana, um período e, portanto uma condição ou fase que deve ser superada ou transformada para a racionalidade da fase adulta. As crianças sempre foram concebidas como seres que necessitam de cuidados especiais antes de ingressarem na vida adulta. No entanto, o conceito de infância apresenta variações de acordo com a sociedade e o período histórico em que é analisado. Há muito tempo atrás, segundo Ariés (1981), a infância era retratada de diferentes formas, como por exemplo, nas pinturas da época da civilização arcaica em que crianças eram figuradas como homens pequenos, com toda a estrutura de um adulto, porém em tamanho menor. A infância não era algo importante e respeitado. “Crianças prodígios” eram logo inseridas na sociedade como bravos guerreiros e era-lhes exigida a força física de um adulto. Analisando este ponto de vista da civilização arcaica, percebe-se que a infância era negada de tal forma que consideravam as crianças já adultas. Segundo Ariés (1981), “a infância era um período de transição, logo, ultrapassado, e cuja lembrança também era logo perdida”. As pessoas não tinham a ideia de etapas da vida humana, como: criança, jovem, adulto, idoso. Na época se pensava que a criança poderia ser um guerreiro, desde que esta fosse inserida a este meio ainda criança e mostrar-se forte como um adulto. Várias práticas sociais como jogos, ocupações, trabalhos, profissões e armas não eram classificadas para determinada idade. O que o adulto fazia, a criança poderia também fazer, frequentavam os mesmos lugares. Segundo KOHAN (2005), não existia o atual pudor às crianças a respeito de assuntos sexuais. Daí se percebe que a violência sexual contra crianças não é algo atual, já pode ter existido há muito tempo, quando as mesmas não eram enxergadas como frágeis, infantis, imaturas. Depois dessa figura de criança, inicia-se outra por volta do século XII, em retratos de anjos. Esses anjos representavam crianças crescidas, já diferente da ideia de adulto em miniatura. Algumas crianças desta época se dedicavam às tarefas da igreja, enquanto outras preferiam ficar em suas casas aprendendo os afazeres domésticos. Houve, de certa forma, uma evolução na visão da infância da época da civilização arcaica até o século XIII, já não se tinha mais a ideia de que a criança teria que ir as guerras e ter a postura e força de um adulto. Ela passa a ter uma figura mais frágil. O segundo modelo de criança surge na história por volta do século XII era retratada na forma de Jesus quando criança, em pé vestido com uma camisa leve, como os dois braços em volta do pescoço de sua mãe e aninhado em seu colo com o rosto colado ao dela (ARIÉS, p.19. 1981). A miniatura de Jesus demonstrava o sentimento e uma representação mais real da infância. Essas representações inspiraram outras cenas familiares contendo crianças. Durante este mesmo século, começam a surgir imagens de crianças procurando o seio da mãe, beijando ou acariciando-a, brincando com os brinquedos tradicionais da infância, com fruta ou pássaro amarrado, comendo ou enrolada em seus cueiros. Começa-se então a ter uma visão mais real da infância. O terceiro modelo de criança surge na fase gótica, quando as crianças eram representadas nuas. O menino Jesus que era sempre o modelo para tais representações, quase nunca era despido totalmente, sempre o encobriam com cueiros ou camisas, só no final da Idade Média que ele se desnudaria. “Na arte medieval francesa, a alma era representada por uma criancinha nua e em geral assexuada”(ARIÉS, 1981). A nudez tentava mostrar a alma da criança, que antes não era vista. As cenas em que era exibida a criança não tinham com o objetivo de mostrar a realidade da mesma, esta era sempre secundária, ou seja, estava só para compor as cenas: com a família, em um milagre, em jogos, entre outras. Isso de certa maneira era real, as crianças estavam sempre juntas aos adultos em reuniões de trabalhos ou em jogos. Hoje, assim como no final do século XIX, tem-se a tendência de separar o mundo da criança do mundo adulto, a ideia arcaica de junção da criança ao adulto, instiga o sentimento moderno da infância, que é de manter essas crianças em contato com outras, mas dentro também do mundo adulto, através das mídias e das relações. A infância era nesta época uma fase sem importância, onde a mesma não precisa ser fixada na memória como lembrança. Hoje a sensibilidade ligada à infância, faz com que as pessoas protejam, eduquem, cuidem melhor das crianças mas, segundo Ariés (1981), a opinião comum era de que as crianças não tinham nem movimento e nem forma reconhecível no corpo. Atualmente crê-se que a criança já tem personalidade desde sua infância. Naquela época, somente as crianças batizadas eram vistas como imortais. Durante muito tempo, conforme cita Ariés (1981), “no país Basco, quem não tinha batismo era enterrado em casa”, pois não tinha o direito de ser enterrado junto aos imortais. Talvez, este fato tenha sido a origem das oferendas sacrificais. Esse sentimento de indiferença para com as crianças, negando a possibilidade ou até mesmo a própria morte está ligada à prática de abandono das crianças recém-nascidas romanas e chinesas. Essa insensibilidade choca e surpreende, mas na época era algo natural. Ela começou a mudar com o novo gosto pelos retratos que exibiam crianças mortas ao lado de outras crianças vivas (ARIÉS, 1981), demonstrando que a perda das mesmas já não era visto como algo inevitável e sem importância. No século XVII surge à grande novidade, segundo Ariés (1981) “as crianças eram retratadas sozinhas ou com outras crianças e esse costume perdura até os dias de hoje, só que agora através da fotografia”. A ideia de “desperdício necessário” começou a desaparecer com o novo modelo de retrato. Embora as contradições demográficas não tenham mudado muito do século XIII até o século XVII, uma coisa é certa: uma nova sensibilidade começava a surgir, embora “a taxa de natalidade na época continuasse alta” (ARIÉS, 1981), as pessoas começavam a se importar mais com as crianças. De certa forma, essa importância dada à personalidade da criança estava ligada ao cristianismo que estava ditava os costumes e pelo poder que detinham, faziam com que as pessoas acreditassem nos costumes pregados. Como já citado anteriormente, as crianças passavam a ter papéis na igreja de ajudantes. “A preocupação dos pais em vacinar suas crianças contra varíola” (ARIÉS, 1981) mostra mais uma vez a mudança no tratamento com as crianças que antes não tinham valor. Esse costume, de vacinação, por exemplo, deve ter dado origem cuidados com a criança, com o objetivo de proteger a vida da mesma, como higiene e promoção da saúde. Segundo Ariés (1981), foram essas atitudes que contribuíram para a diminuição da taxa de mortalidade da época. Nesta mesma época, as famílias começam a copiar a termos linguísticos mais utilizados por crianças, começando a surgir o registro linguagem infantil. Não apenas o futuro da criança, mas também sua simples presença e existência passaram a ser dignas de preocupação, ou seja, as crianças haviam assumido um lugar dentro da família. Era como o centro de ocupações e proteção. Todos agora se importavam e queriam manter as crianças vivas, pois a ideia de seres sem importância, sem alma, já havia desaparecido dando lugar aos novos hábitos e costumes. A criança passa a ser o centro das atenções dentro da família. A mesma gradativamente vai se organizando em tornos das crianças, dando-lhes a importância desconhecida até então: já não pode-se mais perdê-las ou substituí-las sem uma grande dor ou tristeza, já não pode-se tê-las em seguida, pois precisam limitar o seu número para poder atendê-las melhor. (KOHAN, 2005). Em 1500 e 1700, houve uma mudança radical na maneira como as pessoas descreviam o mundo e em todo o seu modo de pensar. (CAPRA, p. 49, 1982). Além da ascensão da classe burguesa nessa época, houveram também avanços científicos que contribuíram para que a taxa de mortalidade infantil fosse reduzida, já que se desenvolveram técnicas na área de saúde que fizeram com que as pessoas transformassem os hábitos e as atitudes em relação ao cuidado com o corpo. Com a redução dos índices de mortalidade, surge a ideia de infância, graças a esse avanço na ciência e as transformações econômicas e sociais. A ideia de infância nasceu no interior das classes médias que se formavam no interior da burguesia. (KRAMER, p. 87. 2003). Um novo olhar surge: a criança passa a ser vista em suas particularidades, que na época medieval não eram vista. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia. (ARIÉS, 1981) Rousseau atenta para as vicissitudes da criança, mas não no sentido de sua impureza, mas na preservação do que há de melhor no homem. Ao invés de se querer tornar a criança logo adulta, deve-se ajudar a mesma a desenvolver a sua personalidade de forma harmoniosa. Uma visão muito comum da criança é que ela não é capaz de pensar por si mesma. Ela é dependente de um adulto, ou seja, de quem já atingiu a maioridade, mas isso não quer dizer que ela não tenha a capacidade de refletir sobre suas ações e pensar por si mesma. Com essa visão de incapacidade, crê-se que para se tornar dono de si mesmo, seria preciso emanciparse, e para KOHAN (2005), a emancipação seria um abandono da infância, a sua superação. O que vem acontecendo muito atualmente. Segundo Santo Agostinho, a criança é constituída de uma natureza pecadora, logo a mesma, não tem nada de inocente (GAGNEBIN, 1997). E nas palavras de Gagnebin: a infância continua sendo o lugar da perdição e de confusão ela não é mais o terreno privilegiado do pecado, ela continua sendo o território primordial e essencial do erro, do preconceito da crença cega, todos esses vícios do pensamento dos quais devemos nos libertar. Para Sarmento (2007), as distintas representações da infância se caracterizam especialmente pelos traços de negatividade, mais do que pela definição de conteúdos (biológicos ou simbólicos) específicos. A criança é considerada como o não adulto e este olhar adultocêntrico sobre a infância registra especialmente a ausência, a incompletude ou a negação das características de um ser humano “completo”. A infância então é considerada como a idade onde não existe a razão, este fenômeno está presente no comércio e na indústria atual, onde proíbe de certa forma, objetos e vestimentas do universo infantil para inserir a criança cada vez mais depressa no mundo adulto. A mídia atualmente ocupa um papel importante na noção de desaparecimento da infância. Postam (1999), faz uma crítica ao uso das mídias, pois elas facilitam o acesso da criança ao universo adulto, um universo que contêm informações que antes eram restritas às crianças e que agora circulam pelas mídias, tais como TV, internet, revistas, etc., as quais são de fácil acesso para qualquer um, inclusive para as crianças. Desse modo a inocência atribuída à criança se perde nesse contexto, na medida em que ela passa a conhecer o universo proibido dos adultos. Daí, novamente, a sociedade começa a se perder o sentido real da infância, mesmo aumentando o número de creches públicas, priorizando a educação infantil, as crianças estão deixando de ser crianças cada vez mais cedo. Em 20 de Novembro de 1989, as Nações Unidas adotaram por unanimidade a Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), documento que enuncia um amplo conjunto de direitos fundamentais – os direitos civis e políticos, e também os direitos económicos, sociais e culturais – de todas as crianças, bem como as respectivas disposições para que sejam aplicados. Os direitos são: 1° Direito à igualdade, sem distinção de raça religião ou nacionalidade. 2° Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social. 3° Direito a um nome e a uma nacionalidade. 4° Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequada para a criança e a mãe. 5° Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente. 6° Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade. 7° Direito à educação gratuita e ao lazer infantil. 8° Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes. 9° Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho. 10° Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa surgiu a partir das inquietações sobre o porquê da negação da infância e da não garantia dos direitos estabelecidos. Será que este a CDC e o ECA, garantem de fato a proteção e preservação da infância? Os estudos fazem refletir sobre tal pergunta vendo a realidade da infância atualmente e percebe-se que a Convenção dos Direitos da Criança e o ECA ainda precisam de avanços quanto a efetivação das suas normas. Analisar a história e o porquê da infância ter sido negada durante muito tempo, trouxe uma nova perspectiva do significado de infância. Valorizar e garantir os direitos das crianças de terem uma infância tranquila e saudável é dever de todos, sociedade, pais, educadores e governantes. A infância só será valorizada quando perceberem a importância da mesma para o desenvolvimento de qualquer indivíduo. REFERÊNCIAS ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de janeiro: Zahar,1981. BRASIL. ECA - Estatuto da Criança e do adolescente. Lei nº 8.069, de 13 dejulho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dáoutras providências. 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EXCLUSÃO SOCIAL: REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO HISTÓRICO DA EXCLUSÃO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS HUMANAS Emanuelle Ribeiro Barros3 RESUMO O presente artigo tem como objetivo refletir a exclusão social e seu processo histórico, abordando a passagem de um modelo de sociedade comunitária para societária o que deixou muitos seres humanos em desvantagem social e com isso provocou conseqüências desastrosas para o convívio social. A instauração da propriedade privada, o crescimento econômico, a industrialização tornou o homem cada vez mais individualista voltando-se mais para o capital do que para o social. Com isso a pobreza, a miséria, a marginalização tomaram proporções cada vez maiores, pois a desigualdade social divide os seres humanos entre dominados e dominantes, entre consumidores e “consumidores falhos”, entre quem pode e quem não pode e como conseqüência muitos indivíduos que são postos para fora deste novo modelo de sociedade que exclui para incluir aos grupos que vivem marginalizados da sociedade de forma desumana e privados de seus direitos. Palavras–chave: Sociedade. Comunidade. Exclusão social. Pobreza. Desigualdade social. RESUMEN Este artículo tiene como objetivo reflejar la exclusión social y su proceso histórico, frente a la aprobación de un modelo de sociedad para la comunidad empresarial, que dejó a muchos seres humanos en situación de desventaja social y esto causó consecuencias desastrosas para la vida social. La institución de la propiedad privada, el crecimiento económico, la industrialización se convirtió en el hombre cada vez más individualista, giro más a la capital de lo social. Así, la pobreza, la miseria, la marginación han tomado proporciones crecientes debido a la desigualdad social se divide entre los seres humanos dominantes y dominados, entre los consumidores y los consumidores "defectuosos", entre los que pueden y que no pueden, y como resultado muchas personas que se ponen a cabo este nuevo modelo de sociedad que excluye a incluir a los grupos marginados de la sociedad que viven en inhumana y privados de sus derechos. Palabras-clave: La sociedad. La comunidad. La exclusión social. La pobreza. La desigualdad social. 3 . Graduanda do curso de Pedagogia, pelas Faculdades Integradas Ipitanga – UNIBAHIA REFLEXÕES SOBRE A DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS A desigualdade social não é uma via de mão única ela apresenta vários caminhos, pois ser tratado de forma desigual, ou seja, diferente das normas de igualdade pode ser por fatores étnicos, culturais, religiosos, de gênero e principalmente quando se trata de fatores econômicos, pois a má distribuição de renda é uma das causas mais evidentes das desigualdades sociais, pois separa a sociedade em classes, ou melhor, seleciona os homens entre o “ser mais” e o “ser menos”, opressores e oprimidos essa divisão se torna fundamental para se manter a opressão. De acordo com Freire (2005): Na medida em que as minorias a seu domínio, as oprimem, dividi-las e mantê-las divididas são condições indispensáveis à continuidade de seu poder. Não se pode dar ao luxo de consentir na unificação das massas populares, que significaria indiscutivelmente uma séria ameaça à sua hegemonia. (FREIRE, 2005, p. 160 e 161.) Para entendermos a situação atual de desigualdade social entre os homens faz-se necessário uma reflexão a respeito das mudanças sociais no que diz respeito à passagem de um modelo de sociedade comunitária para societária e as conseqüências humanas causadas com este processo. Com base nos estudos de Ferdinand Tonnies as relações sociais são criações da vontade humana e se distingue entre vontade essencial que compreende a tendência básica, instintiva e orgânica que dirige a atividade humana; e a vontade arbitrária que é a forma deliberada, propositada, voluntária que determina a atividade humana em relação ao futuro. Estes dois tipos de vontade explicam a existência de dois tipos fundamentais de grupos ao primeiro tipo de grupo expressão da vontade essencial Tonnies chama comunidade e ao grupo que deriva da vontade arbritária, sociedade. O autor aponta que na comunidade o sentimento de pertencer ao grupo domina o pensamento e as ações das pessoas assegurando a união do grupo e a cooperação de cada um. De acordo com Subirats (apud SANTOS, 2008.) As raízes semânticas de comunidade nos levam a termos como communis, que entre outras coisas significa “distribuído entre todos”, “bem comum”, e que, como substantivo (cummunus), significaria ‘aquele’ que faz o que tem de fazer junto com os outros (SUBIRATS, 2003 apud SANTOS, 2008). A comunidade é uma forma social caracterizada por suas relações pessoais, intenso espírito emocional, pelos costumes, crenças e tudo que há em comum. Segundo Rousseau, o homem inicialmente era instintivo, flexível e com sentidos aguçados, considerado selvagem, apresentava uma estreita ligação com a natureza. Nisto, o ser humano, inserido num ambiente simples e rudimentar considerado estado de natureza, vivia livre, sem qualquer tipo de conforto e sofisticação. Logo, a desigualdade começa sutilmente na vida humana, quando o homem instaura a propriedade privada e estabelece um pacto social. De acordo com Rousseau (2011): A família é pois, se assim o quereis, a norma primitiva das sociedades políticas: o cabeça é a imagem do pai, o povo a dos filhos e havendo todos nascidos iguais e livres, só a proveito comum alienam a sua liberdade. A diferença toda é que na família o amor que o pai tem aos filhos paga os cuidados que ele lhes dispensa, e no Estado o jubilo de governar supre o amor que a seus povos dedica o maioral político. (ROUSSEAU, 2011, p.18). A mais antiga das sociedades é a família, o pai cuida do seu filho por amor de forma incondicional, porÉm, no Estado, o governante não ama o povo, mas sim, o status de governador, pois, sente prazer em governar. A ordem social é um direito sagrado que não vem do direito natural, mas de uma convenção, o pacto social. Diferente da relação apresentada pelos membros da comunidade, Na sociedade os indivíduos são membros que pertencem a uma associação devido a decisões voluntárias e estarem de acordo com seus fins; as relações entre os indivíduos se baseiam nos interesses individuais fortalecendo relações de competições, de concorrência ou com um cunho de indiferença. Rousseau (1999) acrescenta que: A extrema desigualdade na maneira de viver, o excesso de ociosidade por parte de uns, o excesso de trabalho de outros, a facilidade de irritar e de satisfazer nossos apetites e nossa sensualidade, os alimentos demasiadamente requintados, que nos nutrem de sucos abrasantes e nos sobrecarregam de indigestões, a má alimentação dos pobres, que mesmo assim freqüentemente lhes falta e os leva, quando possível, a sobrecarregar avidamente o estômago, as vigílias, os excessos de toda espécie, os imoderados transportes de todas as paixões, as fadigas e o esgotamento de espírito, os desgostos, as penas inumeráveis experimentados em todos os estados, e de que as almas estão perpetuamente corroídas: eis pois, as funestas garantias de que a maioria dos males é fruto de nossa própria obra, e de que seriam quase todos evitados se conservássemos a maneira simples, uniforme e solitária de viver, que nos foi prescrita pela natureza.(ROUSSEAU, 1999, p .28 e 29) De acordo com Giddenes (1975, p.58), “A sociedade de classes é o produto de uma seqüência determinada de mudanças históricas”. As primeiras sociedades tribais apresentavam uma simples divisão do trabalho, sendo a propriedade comum aos membros da comunidade (comunismo primitivo). A ampliação da divisão do trabalho e o aumento do nível de riqueza (conseqüência da primeira) são acompanhados pela expansão da propriedade privada. O Estado aparece como defensor da propriedade privada, da liberdade do mercado, subordinado à lógica e desenvolvimento do capital. Torna-se um Estado máximo para o capital e mínimo para o social. A crítica de Marx ao “indivíduo egoísta” das Declarações dos Direitos Humanos não envolve nenhuma crítica ao conceito de indivíduo em si. Ela é a crítica de uma concepção que vê o indivíduo como simples mônada que se agrega mecanicamente a outras mônodas para compor a sociedade, ignorando o fato de que o indivíduo está sempre inserido no conjunto definido de relações sociais. Na sociedade capitalista, essas relações levam ao declínio do indivíduo e à atrofia de suas potencialidades. Mudar essas relações é libertar o indivíduo. Não se trata, portanto, de dissolver o indivíduo na sociedade, mas de dissolver uma certa sociedade para emancipar o indivíduo (ROUANET, 1993, p. 28 e 29). A sociedade capitalista tem ajudado no declínio da humanidade, vive-se dias em que voltamos a viver como os bárbaros, pois a mesma sociedade que exclui é, a mesma que sofre com as mazelas de uma “sociedade marginalizada”, no entanto faz-se pensar que incluir um sujeito no contexto social não é um bem comum, mas uma ferida aberta que logo mais ira se contextualizar em todo um corpo, o corpo social. A vida social produz e reproduz a todo instante e em vários níveis, não apenas econômico, mas também políticos e culturais uma multiplicidade de relações contraditórias que, por sua vez, são responsáveis pela manutenção das desigualdades sociais. “As diferenciações sociais são fabricadas pelas relações econômicas, sociais, políticas e culturais, pois expressam concepções de mundo diferentes, de acordo com cada classe social”. (TOMAZI, 2000, p.126). Afixar o rotulo de valor humano inferior a outro grupo é uma das armas usadas pelos grupos superiores nas disputas de poder, como meio de manter sua superioridade social. Nesta situação, o estigma social imposto pelo grupo mais poderoso costuma penetrar na auto-imagem deste ultimo e, com isso, enfraquecê-lo e desarmá-lo. ELIAS (apud TAPPARELA e NORON, 2000, p.174) O crescimento econômico trouxe as suas mazelas sociais, e com a industrialização que se iniciou no século XVIII ampliando a relação trabalho- capital, dando inicio assim a um novo modelo de sociedade capitalista fundamentada na teoria de que a riqueza deveria ser centralizada, direcionada apenas para a burguesia, o pobre por sua vez deveria trabalhar de forma desumana para assegurar sua sobrevivência. Porém os capitalistas viam a pobreza como aceitação de se submeter às condições do próprio trabalho. O pobre trabalhava muito e lhes eram pago um salário miserável que mal dava para satisfazer as necessidades humanas básicas desta forma o pobre se tornava cada vez mais pobre e dependente do trabalho ainda que fosse de maneira desumana e com isso os burgueses ficavam cada vez mais ricos. Caliman (2008) faz uma abordagem sobre os estudos feitos pelos países que destacam as causas da pobreza como conseqüência das grandes mudanças “na estrutura da desigualdade social” como as desigualdades criadas pela não satisfação das novas necessidades, neste sentido, a pobreza econômica torna-se entre as desigualdades a mais visível e menos aceita principalmente quando chega ao nível considerado pela condição de miséria, pois tem implicações assistenciais em relação aos sujeitos, os quais são excluídos geralmente da política. A pobreza está ligada paralelamente com as necessidades humanas, pois na concepção econômica ela se expressa pela falta de condições para suprir determinadas necessidades consideradas dentro, de uma certa cultura, indispensáveis para a sobrevivência dos indivíduos. Podemos abordar a pobreza por suas diversas causas que podem estar relacionadas às necessidades essenciais de trabalho, de segurança, de instrução, de habitação e de serviço de saúde. Caliman (2008) aponta que esta multiplicidade de fatores da pobreza com o conceito de pobreza multidimensional que se associa freqüentemente com condições de marginalização que para o autor: Se consideramos a marginalidade como fruto de um sistema social baseado no antagonismo de classes, o conceito de pobreza resultante se refere à idéia de um núcleo central e de grupos sociais caracterizados por uma relação de dependência-distanciamento do centro do sistema social. As relações de produção têm um lugar central nesta conceituação, e têm a capacidade de condicionar as relações sociais. O trabalho, na sociedade industrializada, fornece a renda que permite aos grupos familiares terem acesso aos recursos, e se transforma em instrumento de relação com os outros, criando simbolicamente a diferença de status. (CALIMAN, 2008, p.104). Freire (2005, p.61) se posiciona sobre a questão “dentro” (incluído) ou “fora” (excluído). Segundo ele, na concepção e prática bancária, os oprimidos recebem o nome de assistidos, sendo considerados marginalizados que discrepam a fisionomia geral da sociedade, que é boa, organizada e justa. Assim, os oprimidos seriam seres individuais e patológicos, necessitando serem ajustados à sociedade. Nessa visão, os oprimidos são “seres fora de” ou à “margem de”, que precisam ser integrados. EXCLUSÃO SOCIAL: SOMBRA DE UM PROCESSO HISTÓRICO A exclusão social é à sombra de todo um processo histórico que decorre até os dias atuais, o que diferencia é a incorporação de novos discursos e novas percepções a respeito do assunto. A característica principal do problema da exclusão social é a relação de domínio dos homens que tinham o poder sobre aqueles que apresentavam alguma fraqueza no que dizia respeito aos padrões da sociedade. Estes eram submetidos à condição de exílio, de separação, de ficar a parte eram completamente rejeitados e marginalizados. Para Julian Freund Citado por Xiberras, (1993), podemos constatar que: A maior parte das sociedades históricas estabeleceram uma distinção entre os membros de pleno direito e os membros com um estatuto à parte. A exclusão fazia então parte da normalidade das sociedades sem levantar casos de consciência moral ou política, a não ser quando suscitasse a misericórdia sob o signo da virtude da caridade (XIBERRAS,1993, p.7). Pensar a exclusão social vai alem da busca por conceitos e explicações cientificas é antes de qualquer coisa colocar em pauta o que nós seres humanos estamos priorizando. Não se pode ignorar que grande parte da população não goza ao menos dos direitos básicos da cidadania, faz-se necessário uma reflexão sobre a condição humana de forma a olhar para o outro como um ser comum e não como um ser diferente de outro mundo só porque por algum motivo não responde as expectativas da sociedade. Morim (2001), afirma que “Conhecer o humano é antes de mais nada situá-lo no universo e não separá-lo dele”. Sabemos que aceitar o outro como um ser comum não é algo tão palpável quanto se pode imaginar, pois, se trata de uma construção histórica de estigmas e paradigmas impregnados na nossa sociedade. Porem é imprescindível um olhar critico sob a forma com que muitos seres humanos vem sendo refugados, descartados como um lixo. Bauman, (2005) apresenta reflexões sobre a produção do refugo humano. A produção do refugo humano ou, mais exatamente de seres humanos refugados (os “excessivos” e “redundantes”, ou seja os que não puderam ou não quiseram ser reconhecidos ou obter permissão para ficar) é um acompanhante inseparável da modernidade”. Grande parte da população encontra-se em condições subumanas devido a produção do refugo humano.(BAUMAN, 2005, p.12.) O problema da exclusão social torna-se ainda mais agravante com o surgimento da sociedade capitalista na passagem da idade media para a idade moderna com o renascimento urbano e comercial na Europa, entre o século XIII e XVI onde aparece uma nova classe chamada burguesia a qual buscava o lucro por meio das atividades comercias. Porem foi no século XVIII que o capitalismo teve um grande crescimento com a ajuda da industrialização, que não se trata apenas do crescimento da atividade fabril a revolução industrial é fenômeno muito mais amplo, constitui uma autêntica revolução social que se manifesta por transformações profundas da estrutura institucional, cultural e social. (DURKHEIM... [et al.], 2001) o que fortaleceu a relação entre o capital e o trabalho. No interior da sociedade capitalista há uma divisão de classes com uma acentuação de renda nos setores ou classes detentoras do capital. Portanto, o capitalismo é marcado por desigualdade social causada por este modelo de sociedade que até hoje se divide entre produtores e consumidores e não sobra espaço para qualquer outro ser humano que não se encaixe nesse novo padrão de sociedade. Bauman(1999) acrescenta uma nova categoria de consumidores são eles os “consumidores falhos”, pois na concepção do autor não existem não-consumidores e sim aqueles não acompanham as necessidades humanas impostas pela sociedade capitalista. Todas as relações só podem ser empreendidas a partir do consumo, não há nada fora deles. A contribuição de Marx em relação a critica ao capitalismo é de grande relevância, pois, suas reflexões enriquecem o conceito de necessidades humanas e “necessidades do capitalismo”. Com base nos estudos de Marx o autor CALIMAN (2008), cita que: O homem, concebido como potencialmente rico de necessidades e, expropriado não somente de bens necessários à sua sobrevivência, mas, também da capacidade de percepção das próprias necessidades até o momento em que nele se desencadeiam as necessidades radicais, ou seja, a tentativa extrema de superação da miséria e da pobreza. As indústrias produzem a cada dia novos produtos com novas funções, novos modelos cada vez mais diferentes nesta mesma medida muitos produtos vão sendo descartados ainda em condição de uso para dar lugar aos novos produtos. Desta forma o ser humano vai perdendo a noção de suas necessidades naturais por estarem voltado as “necessidades do capitalismo”. Marx (1963 apud COLLIMAN, 2008). “As necessidades do capitalismo estão voltadas para a geração de lucro, ele induz os indivíduos à adesão e a busca de novas necessidades. Essas não podendo ser satisfeitas pela maioria das pessoas geram a desigualdade social.” Os indivíduos que estão sendo refugados da sociedade são aqueles que não geram lucro ao contrario são considerados um problema financeiro, o capitalismo coloca estas pessoas como seres redundantes que segundo BAUMAN (2005, p.20). Ser “redundante” significa se extranumerário, desnecessário, sem uso – Quaisquer que sejam as necessidades responsáveis pelo estabelecimento dos padrões de utilidade e de indispensabilidade. Os outros não necessitam de você... Não há uma razão auto-evidente para você existir nem qualquer justificativa obvia para que você reivindique o direito à existência. Ser declarado redundante significa ter sido dispensado pelo fato de ser dispensável. A partir desta definição de seres redundantes o autor afirma que “nosso planeta está cheio”, mas explica que não é por falta de espaço físico ou geográfico, mas devido ao progresso econômico e seus novos meios de sobrevivência onde muitos indivíduos são descartados como lixo, sobrevivendo em condições subumanas em lugares desprovidos de habitação. Na medida em que os progressos econômicos beneficiam uma parte da população a outra parte “o lixo humano” vai tomando proporções cada vez maiores. Outro ponto importante que devemos levar em consideração em relação à exclusão social é a idéia de que existem seres humanos (homens, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, pessoas com necessidades especiais) que de alguma forma estão sendo privados, expulsos dos espaços da igualdade e da obtenção de direitos, são os desumanizados os que “não tem direito de terem direitos” (NASCIMENTO, apud SANTOS, 2000. p. 62). Direitos estes que deveriam ser garantidos a todas as pessoas como está escrito na Declaração Universal dos direitos humanos no artigo primeiro, “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.” Direito de viver livre, falar o que pensa e ser tratados de forma igual independente de raça, religião, cultura, profissão, condição financeira ou qualquer outro tipo de diferença. Segundo as reflexões de Freire (2005, p.157), nos encontramos em uma sociedade marcada pelo avanço das inovações tecnológicas e pela abundância da produção do sistema capitalista, mas, contraditoriamente, essa mesma sociedade com seu projeto de desenvolvimento exclui, homens e mulheres dos seus exercícios de cidadania, pois gera grandes desigualdades sociais, preconceitos, fome, miséria, analfabetismo e desemprego. A exclusão social coloca os seres humanos em um nível de rejeição a ponto de serem levados para fora de nossos mercados de trabalho e principalmente dos nossos valores ao serem vitimas de representação estigmatizante. Partindo da idéia de que o homem é um ser biopsicosocial ou seja ele é a um só tempo físico, biológico, psíquico e social percebemos que o homem em sua essência necessita de um acolhimento, de uma interação por meio dos laços sociais, portanto convivemos em uma sociedade individualista, em que a exclusão social em termos de relações interpessoais tem como características praticas de hostilidade, de rejeição que: “ou colocam os grupos à parte, de fora, ou os excluem por dentro provocando formação de guetos por reclusão”. (XIBERRAS, 1993). Ou seja, a sociedade exclui para incluir de outra forma do lado de “fora” colocando esses indivíduos a margem como desnecessários a sociedade As vitimas do intenso processo de exclusão social, têm suas raízes no processo de urbanização, mudança social, descontentamento, pobreza e violência que ganharam força com o processo econômico da sociedade capitalista que desproveu os indivíduos do direito a igualdade o que fortaleceu as disparidades econômicas entre as classes sócias de modo que a população mais pobre tende a ficar cada vez mais expostos, vulneráveis e conseqüentemente em situação de risco. Esta situação de risco acaba se traduzindo por dificuldades na freqüência e no aproveitamento escolar, nas condições de saúde de forma geral e nas relações afetivas consigo mesmo, com sua família e com o mundo, tendo como conseqüências à exposição a um circuito de sociabilidade marcado pela violência, pelo uso de drogas e pelos conflitos com a lei. Muitas vezes estas experiências de vida facilitam dinâmicas expulsivas da família nuclear e da casa e o ingresso no circuito da rua e das instituições de abrigo. As causas da exclusão podem ser diferentes, mas, para aqueles situados na ponta receptora, os resultados parecem ser quase os mesmos. Confrontados pela intimidante tarefa de ganhar os meios para a sobrevivência biológica [...], eles têm motivo para contemplar e saborear as distinções entre o sofrimento planejado e a miséria por descuido (BAUMAN, 2005,p.54 apud SANTOS, 2008). CONSIDERAÇÕES FINAIS É difícil imaginar como no decorrer de toda história a humanidade conseguiu se desumanizar a ponto de aceitar, fechando os olhos para fingir não ver seres da sua própria espécie vivendo em condições subumanas, por causa da ambição e competição que faz com que a humanidade corra em uma corrida que, nem todos vencem e no percurso muitos são deixados para traz, são abandonados, descartados. A questão é que essa população em vez de ser acolhidas, são vistas como vitimas do seu próprio fracasso e como incapazes de superar tal situação, mas ao contrario do que pensam, capacidade estes sujeitos têm, mas, os seus direitos são “roubados” assim como sua dignidade de ser gente. E dessa forma encontramos em nossa sociedade problemas como o trabalho prematuro, baixa escolaridade, desvinculação familiar, analfabetismo, mendingância, maus tratos, exploração sexual, condutas delitivas, pobreza, miséria, fome e moradores de rua que, de certa forma, é uma das representações, mas, marcantes de falta de dignidade humana, pois ao passarmos pelos centros das grandes cidades é muito comum nos depararmos com uma população heterogênea de moradores de rua vivendo embaixo de pontes, viadutos expostos a todos os riscos que a rua oferece, levando em conta que em meio a estes moradores é muito comum vermos crianças e adolescentes em sua fragilidade, em sua inocência tendo que amadurecer dentro deste grupo social de forma precoce, perdendo não só o período de suas vidas, mas acarretando conseqüências que carregarão por todas suas vidas sejam elas físicas, psicológicas ou até mesmo sociais. Diante desta situação que medidas devem ser pensadas para que nossa sociedade se ajuste no que diz respeito a condição humana de exclusão social? A educação como ferramenta para o desenvolvimento humano poderia contribuir para o processo de “ressocialização” desses sujeitos excluídos? Ou mais especificamente a pedagogia social de rua que, nos convida ao exercício crítico da nossa realidade, trazendo nossa visão aos significados sociais que grupos diversos manifestam em situações que requer postura de reflexão e comprometimento daqueles que se propõe a promover mudanças significativas na vida dessas pessoas marginalizadas em nossa sociedade poderá pela pratica educativa contribuir para o desenvolvimento social destes seres humanos em situação de risco? REFERÊNCIAS BAUMAN, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. __________________. Globalização conseqüências humanas. de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. CALIMAN, Geraldo. 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Com base nestas abordagens, propõem-se discutir algumas transformações que a tecnologia traz para a relação leitura-escrita e como os gêneros digitais poderiam ser utilizados, visando um ensino de leitura mais contextualizada. Assim utilizandose de novas tecnologias de ensino, com o uso do computador, sua diversificação de materiais pedagógicos midiáticos e, visando ajudar o aluno a atingir a aprendizagem significativa, o professor tornar-se-á um mediador do conhecimento, que perpassa simplesmente da decodificação de símbolos, processando a informação de várias formas segundo o seu objetivo, neste universo cultural e tecnológico, tornando a aprendizagem da leitura de forma prazerosa, significativa e abrangente. O maior desafio é caminhar para um ensino e uma educação de qualidade, que integre todos os seres humanos, para isso é necessário à integração da ética, o emocional e a tecnologia para uma transmissão entre o pessoal e o social. Palavras-chave: Leitura. Aprendizagem. Tecnologia. Processo. ABSTRACT Este artículo se centra en los casos de la tecnología informática como herramienta pedagógica, que se utiliza para la adquisición de la lectura, una breve historia de la lectura y cómo se maneja el proceso de enseñanza-aprendizaje. En base a estos criterios, se propone discutir algunos cambios que la tecnología aporta a la relación entre la lectura y la escritura y cómo se podrían utilizar los géneros digitales, con miras a una enseñanza de la lectura más contextualizada. Por lo tanto el uso de nuevas tecnologías de aprendizaje con el uso del ordenador, la diversificación de los materiales y medios de enseñanza con el fin de ayudar al estudiante a lograr el aprendizaje significativo, el profesor será un mediador de conocimientos que sólo impregna el símbolos de decodificación, procesamiento de información de diversas maneras de acuerdo a su objetivo, este universo tecnológico y cultural, por lo que aprender a leer tan agradable, significativa e integral. El mayor reto es entrar en una escuela y una educación de calidad que integra a todos los seres humanos, esto requiere la integración de la tecnología de ética, emocional y de transmisión entre lo personal y lo social. Palabras-clave: Lectura. El aprendizaje. La tecnología. Los procesos. Processo histórico da leitura 4 Graduanda do curso de Pedagogia, pelas Faculdades Integradas Ipitanga – UNIBAHIA Refletir a história da leitura é analisar como tudo começou. De acordo com os estudos de Fischer (2006), em seu livro História da Leitura, cujas questões referiam aos primeiros leitores, como era realizada a leitura e o que os filósofos Aristóteles, Sócrates e Platão viam a leitura em sua época. O que o autor pode perceber, Sócrates acreditava que os livros, os objetos em si, não o seu conteúdo eram na verdade, uma barreira à aprendizagem. Para ele havia apenas uma interpretação de um texto, no qual essa interpretação só poderia ser feita por pessoas treinadas no âmbito intelectual. Sócrates estava certo, as práticas primitivas da escrita de sua época davam margem à dúvida, o que prejudicava a comunicação. Ele queria que a clareza autoral da oralidade fosse mantida. Platão discípulo e biógrafo de Sócrates acreditavam na teoria de seu mestre, assim rejeitando a escrita apenas para lutar por sua causa que era o uso “adequado” da escrita. Suas diversas obras comprovam um meio para modelar o próprio pensamento. A leitura privada de livros (rolos de papiro) parece ter-se tornado costume apenas no século IV AC. Ao contrário de Sócrates, Aristóteles tornou-se um leitor comum, chegando a reunir uma biblioteca particular. A passagem do século V ao IV AC. marcou a transição da tradição oral para a escrita. Aristóteles acreditava que a leitura poderia ser feita através de figuras distintas e objeto. Ao desenhar a figura do corpo de um menino como: a cabeça isolada, pernas caídas – tudo isso era uma forma isolada de leitura. Apesar da leitura e a escrita estarem intrinsecamente relacionadas, ela é na verdade a antítese da escrita. Na realidade cada uma atua em pontos distintos do cérebro. A escrita é uma habilidade; já a leitura é uma aptidão natural. A escrita originou-se de uma elaboração; a leitura desenvolveu-se com a compreensão da humanidade e dos recursos da palavra escrita. Por volta de 1300 AC, entendia-se que “Ler” significava declamar. Durante a maior parte do tempo da história da escrita, ler denotava falar. As pessoas já haviam percebido que instruções, cálculos, acordos verbais podiam ser adulterados com facilidade. A leitura conduz o ser humano à transformação, à produção de conhecimento, contribui significamente para a ampliação de possibilidades dos alunos na produção de texto. Entende-se por leitura um processo de apreensão/compreensão de algum tipo de informação armazenada num suporte e transmitida mediante determinados códigos, como a linguagem. A palavra deriva do Latim “Lectura”, originalmente com o significado de “eleição, escolha, leitura”. Também se designa por leitura a obra ou o texto que se lê. Leitura são uma decifração, uma decodificação e um ato individual. (CAGILLIARI, 1994, P.150). A mecânica da leitura implica a ativação de vários processos: a fisiologia (atividade neurológica, que permite a compreensão do ponto de vista biológico), a psicologia: processo mental, tanto na decodificação como na associação.Leitura trata-se de um processo no qual o pensamento e a linguagem estão involucrados em contínuas trans-ações, quando o leitor busca obter sentido a partir do texto impresso. (GOODMAN, 1967). Segundo Goodman (1967) essa trans-ações, deve-se ao fato que nenhuma leitura está aquém do pensamento. Porque como disse Vygostky (1987, P.125), ao mesmo tempo em que a linguagem é um fator importante para o desenvolvimento mental da criança, exercendo uma função organizadora e planejadora de seu pensamento,ela também tem uma função social e comunicativa . Através da linguagem a criança entra em contato com o conhecimento humano e adquire conceitos sobre o mundo que a rodeia, apropriando-se da experiência acumulada pelo gênero humano no decurso da história social. É também a partir da interação social, da qual a linguagem é expressão fundamental, que a criança constrói sua própria individualidade. Vygostsky ao falar de linguagem, estava interessado em um modelo de produção do pensamento no qual a linguagem tem um lugar determinante, desempenhando funções específicas, sendo o mais importante esquema de mediação do comportamento humano. A construção das funções psíquicas das crianças foi vinculada à apropriação da cultura humana, através das relações interpessoais dentro da sociedade à qual pertence. Ele considerou essa apropriação como dando através da educação e do ensino por intermédio de adultos ou companheiros mais experientes. O desenvolvimento cognitivo foi compreendido como uma consequência do conteúdo a ser apropriado e das relações que ocorrem ao longo do processo de educação e ensino. Neste sentido, o aprendizado precede o desenvolvimento. DEFINIÇÕES DE APRENDIZAGEM O processo de aprendizagem pode ser definido de forma sintética como o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Segundo alguns estudiosos, a aprendizagem é um processo integrado que provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que aprende. Essa transformação se dá através da alteração de conduta de um indivíduo, seja por condicionamento operante, experiência ou ambos, de uma forma razoavelmente permanente. As informações podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de hábitos. O ato ou vontade de aprender é uma característica essencial do psiquismo humano, pois somente este possui o caráter intencional, ou a intenção de aprender; dinâmico, por estar sempre em mutação e procurar informações para a aprendizagem; criador, por buscar novos métodos visando a melhora da própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e erro. O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o aprendizado. Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato de aprender a falar, a andar, necessitando apenas que ele passe pelo processo de maturação física, psicológica e social. Na maioria dos casos a aprendizagem se dá no meio social e temporal em que o indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses fatores, e por predisposições genéticas. O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA ABORDAGEM DE VYGOTSKY Para Vygotsky (1984, p.29), a aprendizagem das crianças se inicia muito antes de sua entrada na escola. Aprendizagem e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança. Aprendizagem escolar parte do zero, pois antes de seu ingresso na escola a criança vive uma série de experiências. O ponto de partida desta análise é a concepção vygotskyana de que o pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala. Uma vez admitido o caráter histórico do pensamento verbal, devemos considerá-lo sujeito a todas as premissas do materialismo histórico, que são válidas para qualquer fenômeno histórico na sociedade humana (Vygotsky, 1993 p. 44). Sendo o pensamento sujeito às interferências históricas às quais está o indivíduo submetido, entende-se que, o processo de aquisição da ortografia, a alfabetização e o uso autônomo da linguagem escrita são resultantes não apenas do processo pedagógico ensino-aprendizagem propriamente dito, mas das relação sociocultural do sujeito. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (FREIRE, 1990.p.20). Segundo Freire (1990) a leitura do mundo que antecede é sistemática, todos nós não nascemos prontos ,porém adquirimos bagagens oriundas das nossas vivências anteriores. Huey (1908) foi um dos pioneiros da psicologia, reconheceu no século XX, a complexidade em termos, considerou a leitura como sendo essencialmente uma busca de significado e como sendo construtiva. Seu trabalho influenciou o pensamento acerca da leitura do presente século, mas deixou de ser considerado na medida em que a atenção se desviou para o desenvolvimento de uma tecnologia da leitura centrada no leitor principiante. Para ele estas técnicas são entendidas como ajuda proporcionada aos alunos para construírem seus aprendizados e, portanto úteis ao desenvolvimento da leitura do sujeito. NOVAS TECNOLOGIAS E A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA Cada linguagem está corelacionada a suporte corpóreo específico e a processos de raciocínio e de decisão que, por sua vez também estão fortemente ligados ao uso das tecnologias. A palavra Tecnologia implica a técne não só o fazer ao logos da palavra criadora dos sentidos,que por sua vez , existe na corporeidade,isto é,corporificada em determinado suporte material virtualizado.(Marques,1999:40). Seja eles o corpo humano, a folha de papel ou a telado computador, corpos que se movem nos vastos campos semânticos e que permitem à palavra a abertura aos muitos dados pelos diferentes usos que fazemos dela esse novo espaço de comunicação (ciberespaço) apresenta como características básicas a hipertextualidade e a interatividade,as quais por sua vez comportam outras características que dão a especificidade da nova cultura. A introdução de novos meios de comunicação, dinâmicos e em permanente transformação, revelou o grande atraso do ensino escolar (tradicional) e a dificuldade que este possui de atualizar-se e acompanhar o ritmo da modernidade. Segundo Moran (2000, p.16), essa mudança vai demorar mais do que a gente pensa, pois as dificuldades são muitas, os meios de comunicação são contraditórios, porque as escolas por mais que tenham laboratórios de informática, ainda não está preparada pra atuar. Os professores dependem de um sistema mais organizado e de projetos que visem a mudança, tanto do lado administrativo, com formação continuada, quanto do lado humanístico. Portanto, esse trabalho, muda o professor em relação a espaço e comunicação com os alunos, pois parte de uma postura flexível e domínio tecnológico. Mas é necessário preparar o professor para a utilização adequada da pedagogia da Internet e dos programas multimídia, ensiná-los a fazer pesquisa, para integrar um projeto interdisciplinar, portanto a mudança na educação vai depender dos educadores estarem maduros emocionalmente, e que haja um processo pedagógico apoiado gerencialmente, tecnologicamente, e assim ter um ambiente de inovação e comunicação. O uso da informática como ferramenta pedagógica tende a superar e transformar os métodos de ensino, dando um suporte maior para o professor que vai mediar um processo de ensino e aprendizagem mais dinâmico e contextualizado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebendo através dessa análise dos processos que envolvem a construção do conhecimento e possíveis medidas de mudanças posturais que abrange a aquisição da leitura, a partir do processamento multimídico, devemos reformular as nossas práticas pedagógicas? Conclui-se que a utilização das ferramentas midiáticas está cada vez mais sendo necessária a mudança. A leitura envolve variadas linguagens e contextos. Convivemos com diferentes formas de processamento da informação. Deve-se buscar em nossas aulas, auxiliar o aluno em sua compreensão do mundo, e mais do que isso, estimulá-lo a ser parte ativa deste mundo em que vive. REFERÊNCIAS CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. 2. Ed. São Paulo: Scipione, 1994. FISHER, Steven R. História da Leitura. Tradução: Cláudia Freire. São Paulo: Editora UNESP, 2006. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 35. ed. São Paulo: Cortez, 1987. GOODMAN, Kenneth S.(1967), Reading: a Psycholinguist Guessing Game. Journal of the Reading Specialist, 6, 126-135. VYGOTSKY, Lev S.(1987). Pensamento e Linguagem. Tradução: Jéferson Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes. MORAN, J. M. Novas Tecnologias Mediação Pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000. HUEY, E.B. (1908/1968). The psychology and pedagogy of reading. Cambridge. MIT Press. MÚSICA COMO ATIVIDADE LÚDICA NA EDUCAÇÃO Larissa Oliveira Vieira5 RESUMO Este artigo tem por objetivo mostrar a música como uma importante ferramenta lúdica para o auxílio na educação. Para uma melhor compreensão do conceito de música e sua relevância na sociedade. Foi feito um breve histórico começando dos primeiros indícios da música na humanidade e mostrará sua relevância para a formação global da criança, por fim trará a música no contexto da ludicidade. Palavras-chave: Música. Educação. Lúdico. Criança. ABSTRACT Este artículo tiene como objetivo mostrar la música como una herramienta importante para ayudar em la educación de recreo. Para una mejor comprensión del concepto de la música y su relevancia en la sociedad. Hizo una breve historia de los primeros indicios de la canción a partir de la humanidad y mostrar su relevancia a la formación integral del niño, finalmente, llevar la música en el contexto de lo lúdico. INTRODUÇÃO A música é uma linguagem universal que, de acordo com Brasil (1998) é capaz de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. Esse formato de linguagem vem acompanhando a humanidade desde os primórdios da história, exercendo diferentes funções, em diferentes épocas e lugares. Ela está presente na vida do ser humano desde o seu nascimento, permanecendo sempre perto durante toda a sua vida. É difícil encontrar um ser que não tenha contato com a música, pois a mesma pode ser encontrada em diversos lugares: desde propagandas de televisão e carros com alto-falantes, passando pelos hipermercados, como também em ambientes de restaurantes. 5 Graduanda em Pedagogia na instituição Faculdades Integradas Ipitanga – UNIBAHIA. A música traz muitos benefícios para o ser como um todo. Ela contribui no desenvolvimento da inteligência e integração social bem como é agente facilitadora no processo de aprendizagem. A musica no contexto da educação atual, está sendo mais valorizada no sistema educacional, ao ponto de criarem um capítulo sobre o tema no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, o qual será utilizado durante toda a produção. O presente artigo traz o conceito de música, a sua origem desde os tempos passados até hoje e a importância para o ser humano. Explana a música dentro da educação na antiguidade até os tempos atuais e faz uma abordagem da musica como uma atividade lúdica. MÚSICA: conceito, origem e importância Muitos conceitos se têm de música, a exemplo de “alguma coisa que se goste”, “som agradável aos ouvidos” e a “junção de ritmo e melodia”. A palavra “música” no dicionário Aurélio vem com a seguinte definição: “Arte e ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido”. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil v.3, Brasil (1998, p.45) traz a música como “a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio”. Dentro das mais variadas definições de música, algo que não se pode negar, e é comum a todos os conceitos, é de que “música é sons [sic], sons a nossa volta, quer estejamos dentro ou fora de salas de concerto”, como afirma John Cage (SCHAFER In. BRITO, 2003, p. 27). Quando se aceita que a música vai além da técnica e alcança o nível de comover e transformar o ser, ela não pode ser definida como a junção da melodia, ritmo e harmonia. Desde os tempos de Homero (séc. VII a.C.) já se percebia a importância da música. Ela era imprescindível no acompanhamento do canto, da poesia e da dança. Como nos diz GRANJA (p. 22, 2006), a música “desempenhava, assim, uma função cognitiva importante, pois facilitava a memorização dos épicos, suscitava sentimentos e educava a percepção estética dos ouvintes”. A música é a primeira arte existente na história da humanidade e também a primeira a fazer parte da vida do ser humano. Desde o seu nascimento a criança, de diversas comunidades, cada uma com seus costumes, têm contato com a música, seja nas cantigas de ninar ou em rituais de nascimento, na mídia e ao chegar à fase escolar. Temos um repertório musical especial, que reúne músicas significativas que dizem respeito à nossa história de vida: as músicas da infância, as que nos lembram alguém, as que cantávamos na escola, as que nos remetem fatos alegres ou tristes, as que ouvimos no rádio, em concertos, shows etc. (BRITO, p. 31, 2003) Segundo nos mostra Granja (2010), existem indícios de que a música é praticada pelo homem há muito tempo, como inscrições e desenhos de instrumentos musicais nas cavernas, flautas feitas de ossos e outros, além dos registros da prática musical em civilizações como a egípcia, babilônica e a assíria, bem como em civilizações milenares como a hindu e a chinesa. O povo brasileiro sempre foi um povo musical sendo que “nos dois primeiros séculos de colonização portuguesa, a música que se fez no Brasil estava diretamente vinculada a Igreja e a catequese” (MARIZ, p.37, 1994). Dentre as três raças inicialmente existentes no Brasil, citados por Mariz (1994) de branca, negra e vermelha, a que menos teve aparição foi a indígena. Em decorrência do tráfico de escravos a partir do sec. XVI, obteve-se grande número de negros do continente africano presentes no país, os quais tiveram contribuição na parte rítmica. Já a influência branca foi a mais relevante, por parte dos portugueses nos instrumentos e literatura musical, dos espanhóis através do bolero, fandangos, seguidillas, habanelas e zarzuelas, latino-americano com tango, francesas com cantos infantis dentre outras. Ainda segundo Mariz (p. 39, 1994), as atividades musicais da sociedade no período colonial “foram de maior vulto na Bahia e em Olinda, embora não se deva menosprezar o que ocorria no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Maranhão e Pará”. Contudo a música entra em decadência no Brasil no período do Império, com a volta do Rei Dom João VI à Lisboa. Tanto na história do mundo quanto na do Brasil, “a linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-estima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social” (BRASIL, p. 49, 1998). Ela é capaz de fazer as pessoas lembrarem entes queridos, amigos, colegas da escola... de lugares especiais, momentos marcantes como também de provocar emoções como tristeza, saudade, alegria, euforia. MUSICA E EDUCAÇÃO A música, como uma das primeiras artes existentes na humanidade, tinha alto valor educacional. De acordo com Granja (p. 21, 2010), “foi na Grécia antiga que a música se aproximou de modo especial da educação e da filosofia”. Nestes tempos a musica tinha lugar de destaque na educação, sendo reconhecida como conhecimento fundamental da educação. Um dos grandes filósofos gregos da Antiguidade mais que tinha uma ligação muito forte com a música foi Pitágoras, que além de matemático, cientista e líder religioso era músico. Para ele a música: “tinha a função de educar a percepção estética dos discípulos da sociedade pitagórica. Estes deveriam apreciar a beleza dos sons individuais e de suas composições da mesma forma com que apreciavam as belas formas geométricas e suas simetrias” (GRANJA, p. 30, 2010) Sócrates também entendia que a música era de fundamental importância dentro da educação chegando a afirmar que “a educação musical é a parte principal da educação, porque o ritmo e a harmonia têm o grande poder grande poder de penetrar na alma e tocá-la fortemente levando com eles a graça e cortejando-o, quando se foi bem educado” (GRANJA, p. 37, 2010). Com o passar dos anos, foi-se perdendo a valorização da musica na educação. Essa desvalorização se deu porque, segundo Granja (2010), além de a música, bem como as artes em geral não terem mais o mesmo reconhecimento que as ciências, ela passou a ser vista como atividade somente para especialistas, e não mais como para uma formação do cidadão. A música dentro do contexto educacional atende a vários objetivos na educação infantil “como formação de hábitos, atitudes e comportamentos”, bem como em “comemorações relativas ao calendário de eventos do ano letivo” chegando a “memorização de conteúdos” (BRASIL, p.47, 1998). Apesar de essas práticas estarem acontecendo, elas são feitas, muitas vezes, sem o valor de desenvolvimento integral da criança, visto que esses momentos entram como rotina na vida da criança, e não como ensinamentos. A criança está inserida em um meio em que a aprendizagem não vem somente da instituição escolar. Sua educação acontece a todo momento e em todo lugar. Segundo Brandão (p.9, 2007), “não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja a melhor; o ensino escolar não é a única prática e o professor profissional não é o único praticante”. A criança tem contato com a música desde ou seu nascimento, e durante a sua vida muitas outras músicas aparecem de todo lugar e de várias formas. Sendo assim, a sua educação advinda da música pode acontecer em qualquer lugar, e não somente no âmbito escolar. Brito (2003, P.p. 35) diz que “a criança é um ser 'brincante' e brincando faz música”. As brincadeiras musicais praticadas pelas crianças, a saber: brincar de roda, jogos de mão, realizar brinquedos rítmicos, e etc., “atendem as necessidades de expressão que passa pela esfera afetiva, estética e cognitiva” (BRASIL, 1998, p. 48). Brasil (1998, p.70,) ainda diz que “em todas as culturas as crianças brincam com a música”, as quais são passadas por tradição oral. Brandão (2007, p. 13) enfatiza que “a educação existe onde não há a escola e por toda parte podem haver redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi sequer criada a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado”. De acordo com documento oficial (BRASIL, 1998, p. 48), “compreende-se a música como linguagem e forma de conhecimento”, no qual pode ser adquirido tanto na educação formal como na não-formal. E, segundo a mesma obra, (1998, p.49), “a linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-estima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social”. A MÚSICA E O LÚDICO Em termos de origem, o lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo". Mas com o decorrer do tempo a palavra foi ganhando significados semânticos mais desligados de sua origem e levantado muitas discussões teóricas a respeito do que seja o lúdico. Para Huizinga (apud Marcellino, 1989) o lúdico acontece por meio do jogo, que por sua vez tem sua essência no divertimento. O jogo, com o passar dos anos, foi sofrendo mudanças de conceito e de valor perante a sociedade, principalmente dentro da educação. Visto somente como recreação nos tempos de Sócrates, Aristóteles, Sêneca e Tomás de Aquino, o jogo passa a ser considerado “não sério” na Idade Média, por está associado ao jogo de azar. No Renascimento ele é visto como conduta livre, contribuindo no desenvolvimento da inteligência e facilitando o estudo, reconhecendo a “criança dotada de valor positivo, de uma natureza boa, que se expressa espontaneamente por meio do jogo” (KISHIMOTO, p.63, 2002). Essa ideologia vai se fixar no Romantismo. A música está intrinsecamente ligada ao brincar, ao jogo na educação infantil. Em alguns países, a mesma palavra é usada para se referir ao ato de brincar quanto de tocar musica, como por exemplo, “play” (em inglês) e “jouer” (em francês). Dantas (2002) explana que a ideologia walloniana defende quão o infantil é sinônimo de lúdico. Pelo fato da criança ser criança, suas ações serão lúdicas: Toda a atividade da criança é lúdica, no sentido de que se exerce por si mesma. Ou, dito em outros termos, toda atividade emergente é lúdica, exerce-se por si mesma antes de poder integrar-se em um projeto de ação mais extenso que a subordine e transforme em meio (DANTAS, p.113, 2002). Toda atividade infantil é lúdica, e sendo lúdica atenderá as necessidades do seu desenvolvimento. Logo, a brincadeira executada pelas crianças é a forma que elas têm de estar adquirindo conhecimentos, sem que elas saibam. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para Educação Infantil, as brincadeiras com a música realizadas pelas crianças perpassam por todas as culturas. Essas brincadeiras são transmitidas de geração em geração, e envolve movimentos, gestos, danças e faz-de-conta. Os jogos ou brincadeiras musicais são atividades que promovem a participação ativa do indivíduo, o beneficiando não somente no desenvolvimento cognitivo, mas também no afetivo e social. Dewel (apud AMARAL, p.99, 2002) declara que é brincando as crianças “observam mais atentamente e deste modo fixam na memória e em hábitos muito mais do que se elas simplesmente vivessem indiferentemente todo o colorido da vida ao redor.” Contudo o mesmo autor alerta para o ambiente que irá ocorrer a brincadeira, pois: “enquanto jogos imitativos são de grande valor educacional no modo de ensinar a criança a observar seu meio e alguns dos processos necessários ao seu desenvolvimento, se o meio não for bom, a criança aprende maus hábitos e maneiras erradas de pensar e julgar. Tais modos são muito difíceis de corrigir, porque foram fixados ao serem vivenciados em situação de brincadeira” (DEWEL, apud AMARAL, p.99, 2002). Por isso Amaral (2002) afirma que para fixar hábitos saudáveis nas crianças é preciso se utilizar de jogos dentro da escola que são exercidos fora deste ambiente. A música é um jogo muito utilizado pelas crianças em suas brincadeiras de mão, de rodas... É necessário aproveitar essas músicas também para fixar aprendizagens saudáveis será mais significativa para a criança. CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente, o sistema educacional está tentando trazer novamente a música para a educação, não só como expressões sonoras, mas principalmente como uma linguagem capaz de mexer com o psíquico, afetivo e cognitivo do ser. Também como uma forma de integração e comunicação social, expressão humana, resgate de culturas. Brito (p.28, 2003) afirma que “como uma das formas de representação simbólica do mundo, a música, em sua diversidade e riqueza, permite-nos conhecer melhor a nós mesmos e ao outro – próximo ou distante”. Não tem como escapar do universo sonoro que nos rodeia a todo o momento. Existem musicas que mexem com o nosso passado, que nos faz refletir sobre algo importante da nossa vida, e músicas que até ficam em nossa mente por muitos tempos. Pesquisar e estudar como utilizar a música na educação é só uma maneira formal de inseri-la na neste meio, pois mesmo quando a musica estava em decadência em relação à educação, as crianças nunca pararam de brincar com a música e utilizá-la em diversos momentos da sua vida. A criança memoriza um repertório maior de canções e conta, conseqüentemente, com um “arquivo” de informações referentes a desenhos melódicos e rítmicos que utiliza com freqüência nas canções que inventa. Ela é uma boa improvisadora, “cantando histórias”, misturando idéias ou trechos dos materiais conhecidos, recriando, adaptando etc. (BRASIL, p.52, 1998) Investir na música como um componente importante na formação da criança em seu período escolar é garantir o seu desenvolvimento pleno, em um futuro cidadão reflexivo, autônomo de suas ideias, capaz de interiorizar as suas aprendizagens. REFERÊNCIAS BRITO, Teca Alencar. Música na Educação Infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. 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MOTIVAÇÃO NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Shirley Costa de Vasconcelos Santana * 6 RESUMO O presente trabalho objetiva analisar a importância da motivação na relação professor-aluno no seu processo de ensino e aprendizagem. Este artigo nos convida a uma reflexão em questões relacionadas a motivação, o desejo de ensinar e aprender, onde o professor é o principal mediador propiciando a aprendizagem, onde o respeito, comprometimento, a afetividade e o amor pela educação são fatores importantes para o despertar do aprender e o sucesso ou fracasso para o aprendizado. Palavras - chave: Motivação. Professor. Aluno. Afetividade. RESUMEN Este estudio tiene como objetivo analizar la importancia de la motivación en la relación profesor-alumno en el proceso de enseñanza y aprendizaje. En este artículo nos invita a reflexionar sobre temas relacionados con la motivación, el deseo de enseñar y aprender, donde el profesor es el principal mediador proporcionando aprendizaje donde el respeto, el compromiso, el afecto y el amor por la educación son factores importantes para despertar aprendizaje y el éxito o el fracaso para el aprendizaje. Palabras clave: Motivación. Profesor. Estudiante. Afecto. MOTIVAÇÃO NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM A motivação é a força que nos estimula a agir, é um sentimento que faz com que o individuo dê o melhor de si para alcançar seus objetivos; na educação é conduzir o aluno à satisfação de se sentir entusiasmado por estar aprendendo e a satisfação por ser um mentor pela evolução desse aprendizado. De acordo com Falcão (2003): 6 Graduanda do curso de Pedagogia, pela Faculdades Integradas Ipitanga – UNIBAHIAE- [email protected] mail: Muitos especialistas resumem toda motivação humana em auto- conservação e auto-expansão. A síntese do que o homem procura na vida é: satisfazer-se dentro de um quadro referencial imediato e, ao mesmo tempo, projetar-se para o futuro em busca de mais e melhor; manter-se e expandir-se. Tudo aquilo que, na vida, o homem fizer, pensar e sentir estará relacionado com esses motivos básicos. (FALCÃO, 2003, p 61). Segundo Falcão (2003, p 65) a motivação intrínseca, chamada também de pessoal ou inconsciente que representa o desejo interior de atingir algum objetivo ou satisfazer determinada necessidade, ou seja, é a força psíquica que possuímos. A motivação intrínseca é também chamada de motivação pessoal ou inconsciente, é a motivação que vem do prazer que alguém obtém da tarefa em si, da satisfação resultante de completar uma tarefa ou simplesmente de trabalhar nessa mesma tarefa, obtendo o desejo pessoal pelo que faz. Motivação extrínseca, caracterizada por fatores externos e é conhecida também como motivação ambiental ou consciente, são os factores motivacionais externos, traduzidos em recompensas como dinheiro ou notas (no caso do ensino). Estas recompensas proporcionam a satisfação ou o prazer que a tarefa em si não proporciona. O professor tem uma maior responsabilidade na motivação extrínseca, pois é ele que deve preparar uma aula que desperte o interesse dos alunos. Já a motivação intrínseca é fundamental para todo o processo de aprendizagem, o aluno precisa estar motivado a aprender. A motivação intrínseca refere-se à escolha e realização de determinada atividade por sua própria causa, por ser interessante atraente ou, de alguma forma, geradora de satisfação. A própria matéria de estudo desperta no indivíduo uma atração que o impulsiona a se aprofundar nela e a vencer os obstáculos que possam ir se apresentando ao longo do processo de aprendizagem. Um sujeito intrinsecamente motivado procura novidade, entretenimento, satisfação da curiosidade, oportunidade para exercitar novas habilidades e obter domínio. Nessa condição, fica implícita uma orientação pessoal para dominar tarefas desafiadoras, associadas ao prazer derivado do próprio sucesso. A satisfação produzida pelas atividades sustentadas pela motivação intrínseca relaciona-se, portanto, com o sentimento de competência e de autonomia que a acompanha. (REIS, 2011). Analisando o processo de ensino-aprendizagem, ambas as motivações são importantes, sendo que a motivação intrínseca é primordial porque dela dependerá o processo de aprendizagem, na medida em que o aluno precisa estar motivado para aprender, embora nem sempre o motivo seja o processo de aprendizagem em si mesmo. Por outro lado, devem ser analisados estratégias que despertem o interesse dos alunos e ser consideradas, em determinados contextos, recompensas para estimular a motivação extrínseca. Na relação do professor com o aluno a motivação é um ato indispensável para um bom desenvolvimento do seu trabalho, pois o educador motivado proporciona uma comunicação adequada, responde às expectativas do aluno proporcionando um aprendizado e um bom desenvolvimento entre ambas as partes. Motivação é provavelmente, o termo mais usado para explicar o sucesso ou fracasso no aprendizado Morales (1998) afirma: Sem uma boa eficaz relação didática com os alunos, simplesmente não há uma boa relação professor- aluno. Não vamos á sala de aula para fazer os alunos rirem ( o que ocasionalmente vem bem a acalhar) tampouco para ser carinhosos, afim deque eles se sintam bem, e sim para ajudá- los em sua tarefa de aprender. (MORALES, 1998, p.51). Não se pode motivar, quando não se tem motivos e quando não se é capaz de se auto estimular. O professor não pode passar uma verdade, um sentimento que não tem. Apesar dos problemas enfrentados com a profissão, o educador deve sentir-se orgulhoso do que faz, produz e reproduz, ele não deve ser visto como um meio para que os alunos atingirem seus objetivos, e sim um condutor para o seu conhecimento. De acordo com (Morales, 1998, p25). O professor pode ensinar mais com que é do que com aquilo que pretende ensinar; seu modo de fazer as coisas implica mensagens implícitas de efeitos que podem ser positivos ou negativos; se aceitam ou recusam suas atitudes e seus valores, reforçase o interesse ou desinteresse pelo aprendido (pode-se aprender a odiar a matéria). (MORALES 1998, p 25). O professor é de extrema importância na vida do aluno, pois o educador sem motivação pode ocasionar serias conseqüências na vida do aluno. Segundo Morales (1998, p.61), “a conduta do professor influi sobre a motivação e a dedicação do aluno ao aprendizado”. O aluno motivado proporciona melhor desenvolvimento na aprendizagem, facilitando no desempenho do professor, que deve estar atento para possibilitar o melhor tipo de aprendizado para o aluno, proporcionando atividades lúdicas, inovação nas tarefas aplicas. A prática educativa lúdica propicia tanto ao educando quando ao educador, levando em consideração contribuições desse aprendizado. Um professor competente está sempre pronto a refletir sobre sua metodologia, sua postura em aula, a replanejar sua prática educativa, a fim de estimular a aprendizagem, a motivação dos seus alunos, de modo que cada um deles seja um ser consciente, ativo, autônomo, participativo e agente crítico modificador de sua realidade. (MORALES, 1998, p 63). O autor PAIN (1985), aborda a aprendizagem como fator decisivo para a vida e sobrevivência do indivíduo, é por meio dela que o homem se afirma como ser racional, constitui sua personalidade e se prepara para cumprir o papel indispensável na sociedade. Não basta mais ações como dar aulas, é preciso muito mais do que isso, é preciso envolver o aluno em sua própria aprendizagem, motivando-o, fazendo com que ele se interesse em descobrir, em aprender. Portanto, aprender a lidar com o desconhecido, com o conflito, com o inusitado, com o erro, com as dificuldades e problemas que aparecem no dia a dia, requer transformar informação em conhecimento, com o despertar do desejo em aprender, ser seletivo e buscar sempre novos conhecimentos, estando preparado para resolver os problemas que surgem, são tarefas que farão parte do cotidiano das pessoas, em especial do professor. Assim, o ambiente onde a criança vive é fundamental para seu desenvolvimento enquanto cidadão, pois influencia em seu aprendizado, na interação com outras pessoas, especialmente com outras crianças, pois estão em fase de mudanças intensas, além, da apropriação dos costumes, tradições e valores que seu grupo social conhece e julga como necessários para sua vida em sociedade. Nesse sentido, quando se trata de aprendizagem escolar precisa-se considerar tudo que influencia na aprendizagem do educando, como metodologia, atividades lúdicas, interação para que ele adquira efetivamente uma aprendizagem sólida e duradoura. Quando a criança sente que aprender é uma experiência excitante da qual se pode desfrutar, então isso se transformará em algo mágico e inesquecível, que nunca termina, durando por toda a vida, e experiências vivenciadas transformando um individuo com desejo de está sempre aprendendo algo novo. Segundo Morales (1998, p.56), “os alunos devem sentir-se livres para errar e aprender com seus erros. O sentir-se livres se traduz aqui por ausência de medo, de angustia... Aprender com os próprios erros é importante para o crescimento pessoal, seja emocional, social ou cognitivo”. Pode-se dar estrutura para esse aprendizado, com qualidade, boa preparação das aulas, as práticas para que se tenha a eficácia do aprendizado, proporcionando informações claras, orientando e tirando duvidas no ato em que é questionado, permitindo a curiosidade para as descobertas do aprendizado, adaptações dos ambientes que é estudado despertando o interesse e o desejo do educando, não esquecendo que a informação é fonte do saber. Segundo Navarro (s/d, p. 29-30): Quando a criança sente que aprender é uma experiência excitante da qual se pode desfrutar, então isso se transformará em algo que nunca termina, durando toda a vida. As crianças aprendem a esconder suas dificuldades com comportamentos como ser o palhaço da classe, manter-se calada, adoecer, fugir das responsabilidades, demonstrar desinteresse ou, muitas vezes, através do mau comportamento. Com frequência fica isolada, esconde-se ou evita fazer as coisas porque assim ninguém poderá lhe causar dano. Estas máscaras protetoras utilizadas para não serem tachadas de burras, lentas ou intratáveis isolam-nas socialmente. (NAVARRO, s/d, p. 29-30). A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM De acordo com CUNHA (2008) a dimensão da afetividade ocupa um lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento. Constitui-se como facilitadora do processo de ensino e aprendizagem, onde o aluno passa a ser objeto de empatia do professor, que ao dar-se conta deste recurso senti-se estimulado a desenvolver uma metodologia que propicie o aluno. Cunha (2008) afirma que: Em qualquer circunstância, o primeiro caminho para a conquista do aprendiz é o afeto. Ele é um meio facilitador para a educação. Irrompe em lugares que, muitas vezes, estão fechados as possibilidades acadêmicas. Considerando os níveis de dispersão, conflitos familiares e pessoas e ate comportamentos agressivos na escola hoje em dia, seria difícil encontrar algum outro mecanismo de auxilio ao professor, mas eficaz. (CUNHA, 2008, p 52). A afetividade é uma ferramenta indispensável para auxilio do professor em sala de aula, pois alem de chamar atenção do aluno, faz com que o mesmo interaja mais, despertando o desejo em aprender, permitindo o aluno a romper barreiras e bloqueios psicológicos, tornando o espaço educacional em um ambiente agradável e prazeroso, criando possibilidades para o desenvolvimento desse aprendizado. De acordo com Cunha (2008). A professora ou o professor é o guardião do seu ambiente. A começar pelos seus movimentos em sala, que devem ser adequados e gentis. A postura, o andar, o falar são observados pelos os alunos, que o vê como modelo. Independentemente de idade, da pré – escola, a universidade o professor será sempre observado. Então, um bom ambiente para a prática do ensino, começa por ele que canalizará a atenção do aprendente e despertará o seu interesse em aprender. (CUNHA, 2008, p 80). O educador acima de tudo tem que ter amor pelo que faz assim criar possibilidades para que o desejo do aprender, não se corrompa com os descasos e acontecimentos que propicia o desinteresse e a motivação pelo desejo em aprender acabe. Compreendendo que a aprendizagem ela anda junto com o crescimento e é adquirido dia a dia, o professor deve passar a confiança para que esse processo educativo permita a criança confiar em si mesmo e creditado em sua própria capacidade, tendo um ambiente estimulador e ter a segurança para enfrentar suas limitações Sendo a afetividade um dos fatores importantes para estimular o aluno. Como dizia Rubem Alves (2003, p.03) “Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim não morre jamais...” CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante o desenvolvimento deste artigo, pude analisar fatores importantes sobre a motivação na vida do individuo, pois é uma ferramenta indispensável, para a evolução e o desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem. O professor como mentor não deve esquecer que o seu sucesso como profissional depende da motivação que recebe e pode transmitir a cada aluno, apesar de dificuldades enfrentadas na profissão, não se deve permitir que isso influencie em seu trabalho como educador. Pois o mesmo deve estar atento para possibilitar o melhor tipo de aprendizado para o aluno, a afetividade contribui para essa relação pois propicia respeito, e interesse em aprender do aluno. O educador deve-se manter bastante atento, para contribuições desse aprendizado, como atividades lúdicas, inovação nas tarefas aplicadas e assim tendo como resultado positivo para ambas as partes. De acordo com Morales (1998, p.41). É necessário sublinhar a importância de como vemos a nos mesmo, como concebemos nosso papel de professores (funções, condutas, esperadas). Isso é importante para nós e é importante como algo que podemos fazer os outros refletir ( por exemplo, em atividades de formação do professorado). Em suma, tudo que vamos comentando... Será realidade dependendo de como nos vemos e de como definimos nossas obrigações, ou ao menos responsabilidades morais, como professores. (MORALES, 1998, p 41). Ser professor é um ato de amor, deve- se intermediar e gerir conhecimentos. Tem a opção de ser um transmissor para se tornar num transformador, despertando o desejo do aluno em aprender e criar novas expectativas para cada novo aprendizado, como dizia Rubem Alves (2003) “O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há ser depositada no ventre vazio. É a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos”. REFERÊNCIAS ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 7° ed. Campinas, SP Papirus, 2003. CUNHA, Antonio Eugênio. Afeto e Aprendizagem, relação de amorosidade e saber na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak 2008. FALCÃO, Gérson. Psicologia da Aprendizagem. 10. ed. São Paulo:Ática, 2003. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011. GIL, Antonio Caldas. Como elaborar projeto de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atas, 1991. HELLER, Robert. Como motivar as pessoas. São Paulo: Publifolha,1999. MORALES, Pedro. A relação professor-aluno: o que é como se faz. 5 ed.São Paulo: Loyola , 1998. NAVARRO, Adriana de Almeida. Dificuldades de aprendizagem: detecção e estratégias de ajuda. Edição MMIX. Impresso no Brasil: Cultural, SA, s/d. PAIN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médias, 1985. REIS, Valdeci. Educação: A complexidade de Morin e Freire. 15 de mai 2011. Disponível em:<http://www.pedagogofaed.blogspot.com.br/2011/05/motivação-em-sala-de-aula. htmI>.Acesso em: 19 mai. 2013. A LITERATURA INFANTIL COMO ESTÍMULO A LEITURA Valdiane Souza Santos7 RESUMO Este artigo visa demonstrar a importância da literatura infantil como estimulo para formação do leitor ainda na infância. A prática da leitura é uma tarefa essencial para a construção do conhecimento, ajuda a desenvolver a reflexão e o espírito crítico e é fonte inesgotável de assuntos para melhor compreender a si e ao mundo. Entende-se que desde a infância é necessário estimular e incentivar o hábito da leitura considerando que esta é a época da vida mais propicia para ingresso de saberes. Outros gêneros literários podem ser introduzidos por meio da literatura infantil. Encontra-se atualmente no Brasil um vasto acervo de livros para este público, no entanto fatores econômicos e sociais ainda têm distanciando o acesso deste material para algumas crianças. Considera-se relevante ainda, o incentivo dos pais e educadores que devem considerar e utilizar o livro em sua plenitude, como meio lúdico, critico e educacional. Palavras-chave: Leitura. Livro. Estimulo. Literatura Infantil. RESUMEN Este artículo tiene como objetivo demostrar la importancia de la literatura infantil como un estímulo para la formación del lector en la infancia. Práctica de lectura es una tarea esencial para la construcción del conocimiento, ayuda a desarrollar el pensamiento crítico y la reflexión y es una fuente inagotable de problemas para entender mejor a sí mismos y al mundo. Se entiende que des la infancia es necesario para estimular y fomentar el hábito de lectura teniendo en cuenta que este es el momento de la vida proporciona para la entrada de los conocimientos. Otros géneros literarios pueden ser introducidos por intermedio de la literatura infantil. Está actualmente en Brasil una vasta colección de libros para este público, los factores sociales y económicos, sin embargo aún no se distancian acceder a este material para algunos niños. Todavía es relevante, los padres y los educadores deben animar a considerar y utilizar el libro en su totalidad, como un medio lúdico, crítico y educativo. Palabras-clave: Lectura. Libro. Estímulo. La literatura infantil. LITERATURA INFANTIL Acredita-se que a infância é o melhor momento para formação do hábito da leitura, pois é nesta fase que o individuo forma a maior parte dos hábitos da sua vida. Pesquisas de conceituados teóricos comprovam a significante contribuição dos livros na vida da criança, que através da leitura amplia sua leitura de mundo e de si mesmo enquanto 7 Graduanda do curso de Pedagogia, pelas Faculdades Integradas Ipitanga – UNIBAHIA. e-mail: [email protected] individuo. Na leitura a criança é conquistada por sua própria curiosidade e deste modo descobre as mais diversas sensações que o livro pode lhe despertar. Mediante a estas primeiras descobertas acredita-se que outros gêneros literários atrairão este jovem leitor, ou ouvinte no caso das crianças ainda não letradas. A literatura infantil em sua prática contribui para a criatividade e expressão das ideias deste sujeito em desenvolvimento, também oportuniza a criança em situações nas quais possam interagir em seu processo de construção do conhecimento,devendo assim ser utilizada como meio de sensibilização da consciência crítica e para desenvolver o interesse de analise do mundo despertando o senso crítico e tornando-o agente atuante na sociedade.Conforme Coelho (2000, p.26): “a criança através da literatura infantil entra no texto e viaja no mundo da fantasia e do questionamento. Nesse sentido, a leitura pode ser vista, vivida,sentida,falada, ouvida e contada”. Em um universo do imaginário as crianças mergulham no intuito de aproximar sua realidade da literatura infantil e se descobrem enquanto sujeitos da leitura que se apropriam. Acredita-se que literatura infantil e seus personagens de contos, fábulas e outros, permitem as crianças a identificarem-se ou não com as dificuldades ou alegrias de seus heróis. Os estudos de Pimentel (1999, p. 25) realizados sobre literatura infantil demonstram que a literatura infantil se transformou nos países industrializados em um rico depósito para ser explorado, na área de alfabetização visando uma boa escolarização da criança. Tendo em vista que esse gênero literário se destina a recrear e emocionar a criança, segundo a autora, é importante pontuar que um bom livro seria agradável e apreciado tanto por adultos como por crianças. Nesse sentido a escritora conclui que existem livros, que são aceitos como fazendo parte da literatura infantil que são ingênuos, tem uma linguagem carregada de diminutivos, não oferecem um sentido à trama e têm diálogos frágeis, ou seja, são livros que tratam a criança como se ela fosse um ser sem inteligência. A autora explica que é no encontro com qualquer forma de literatura que os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Mas, demonstra também, que a literatura infantil, por iniciar o homem no mundo literário, é utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, servindo como meio de transmissão de valores e ideias. É muito vasta as produções literárias infantis encontradas atualmente, em suas diversas línguas, estilos e formatos, com animações em pop- up, textos curtos, rimados etc. existe uma grande variedade que possibilita trabalhar temas diversos com as crianças nos primeiros anos de vida, possibilitando assim que esta associe os livros a novas descobertas, são leituras voltadas ao lúdico e a contextos diversos. Embora existam muitas publicações grande parte das crianças brasileiras ainda encontram dificuldades para ter acesso a este material, em suma estas dificuldades decorem de fatores econômicos, sociais e políticos. São poucas as bibliotecas públicas e algumas destas não dispõem de material adequado, acervo para este público ou não dispõem de profissionais adequados para orientá-los. Estudiosos da área afirmam que são poucos os pais que estimulam a leitura ou ainda que possuam orientação para comprar livros apropriados a fase de desenvolvimento que se encontra a criança, de modo que acabam escolhendo simplesmente pela capa, desconsiderando por falta de conhecimento, o estilo mais apropriado para a faixa etária. Assim, pode-se entender que é de suma importância que pais e educadores tenham conhecimento de qual é a leitura e o livro que de fato contribuam para a formação deste jovem leitor. Bamberger (1987, p.11) afirma que, comparada ao cinema, ao rádio e à televisão, a leitura tem vantagens únicas. Em vez de precisar escolher entre uma variedade limitada, posta à sua disposição por cortesia do patrocinador comercial, ou entre os filmes disponíveis no momento, o leitor pode escolher entre os melhores escritos do presente e do passado. Lê onde e quando mais lhe convém, no ritmo que mais lhe agrada, podendo retardar ou apressar a leitura; interrompê-Ia, reler ou parar para refletir, a seu bel-prazer. Lê o que, quando, onde e como bem entender. Até bem pouco tempo, segundo Coelho (2003) a literatura infantil era considerada como um gênero secundário, e vista pelo adulto como algo pueril, uma história sem outro valor senãodistrair e encantar as crianças. Para investir na interpretação do texto literário dentro dessa realidade, é necessário conhecer as obras infantis que abordem questões e problemas universais, inerentes ao ser humano. Por meio do prazer ou das emoções que as histórias proporcionam, o simbolismo que está implícito nos tramas e nos personagens vai agir no inconsciente, atuando pouco a pouco para ajudar a resolver conflitos interiores, os quais são normais nas crianças. As pessoas adultas consideram que devem entrar em detalhes científicos quando estão explicando algo à criança, mas Bettelheim (1992, p. 63) enfatiza que as explicações científicas necessitam de pensamento objetivo, algo que a criança ainda não tem. A literatura infantil e, principalmente, os contos de fadas podem ser fundamentais para a formação da criança em relação a si mesma e ao mundo à sua volta. Essa forma de apresentar os problemas simplifica todas as coisas, torna para a criança, a vida menos complexa. Pais e educadores podem e devem contribuir para o estimulo a leitura, explorando o livro em sua plenitude, como instrumento lúdico e educacional. É necessário vencer barreiras em uma época onde as novas tecnologias são cada vez mais cobiçadas por um público exigente e de todas as idades. Motivações e orientações precisam ser dadas para crianças e jovens para que na era digital, os livros não passem a ser peças empoeiradas em prateleiras. Sem serem lidos os livros são peças inúteis, não entretém, não educam, não transformam ninguém. Durante a pesquisa ocorreram algumas dificuldades relacionadas à produção textual diante da pouca oferta de material bibliográfico na Instituição. Leituras anteriores e novas pesquisas na internet ajudaram a somar com os poucos livros encontrados. Os percalços encontrados para esta produção evidenciam a necessidade de manter as leituras atualizadas e fazer desta uma pratica continua. Foram grandes as contribuições alcançadas pela pesquisadora durante a pesquisa, entre elas destacam-se a ampliação do conhecimento acerca do tema tratado, a inserção de novas palavras ao vocabulário e melhor compreensão de textos diversos e facilidade diante de outros escritos acadêmicos. Escreve bem quem ler bem, e neste caso o ler bem trata da apropriação do leitor com o texto. Pretende-se através desta pesquisa aqui expostas, provocar a reflexão dos leitores acerca do assunto abordado e contribuir para formação de novos saberes. REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, F. O estranho mundo que se mostra às crianças. São Paulo: Summus, 1999. BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. Trad. Octávio Mendes Cajado. 3 ed. São Paulo: Ática, 1987. BERNARDO, P. P. A mitologia criativa e o olhar. In: ARCURI, Irene. Arte Terapia de Corpo e Alma. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. BETTELHEIM, B. Psicanálise dos Contos de Fadas. 9. ed. Trad. Arlene Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. COELHO, N. N. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2003. PIMENTEL, L. G. Introdução à Literatura Infantil e Juvenil. São Paulo: Pioneira, 1999.