Paraíba
Cidades
Sexta-feira, 23 de agosto de 2013
B3
“Tenho fé. Um dia vai melhorar”
Catador reclama do ambiente insalubre onde trabalha; Prefeitura diz que vai expandir coleta seletiva
Aline Guedes
Apesar do apoio da
Prefeitura de João Pessoa,
os catadores reclamam
dos espaços insalubres e
desorganizados dos núcleos de coleta seletiva. “Não
é porque trabalhamos com
lixo que o local tem que
ser sujo. Aqui é cheio de
ratos, baratas, escorpiões.
A maior discriminação que
Domicílios
!
Na Paraíba, 39.463 pessoas vivem
em domicílios que têm ao menos um
catador. O Censo de 2010 captou a
existência de 387.910 pessoas que
trabalham com a coleta e reciclagem
de resíduos sólidos no País. Porém,
se observarmos o total de pessoas
que vivem em domicílios que contam
com a presença de pelo menos uma
pessoa que declarou exercer essa
atividade, o número passa a ser
bem mais significativo, totalizando
1.426.584. Na região Nordeste, esse
total de pessoas em domicílios com
pelo menos um(a) catador(a) chega
a 456.060, o que representa 32,0%
do total nacional.
Pior renda
!
A renda média do catador
paraibano é R$ 391,93, a pior
da região Nordeste. À época da
pesquisa o salário mínimo era R$
510. Os dados do IBGE indicam
que a renda média em 2010,
segundo os próprios trabalhadores,
era de R$ 571,56. Ou seja, a
renda de todo o universo de
catadores no país superava o
valor do salário mínimo. Na
região Nordeste, entretanto, esses
valores estavam bem abaixo.
A média da renda das pessoas
envolvidas na atividade de coleta
e reciclagem em 2010 foi de R$
459,34 – cerca de 10% inferior
ao salário mínimo nacional.
a gente sofre não é do povo
não. É do governo que não
olha pra gente, principalmente aqui no Núcleo do
Treze de Maio. Acho injusto, mas tenho fé. Um dia
vai melhorar”, lamenta o
catador Ronaldo Dias.
O local onde ele e
José Caetano trabalham
é um dos cinco núcleos de
coleta seletiva mantidos
pela Prefeitura, por meio
da Autarquia de Limpeza
Urbana (Emlur). De acordo com o chefe da Coleta
Seletiva, Ulisses Ximenes,
são 200 catadores cadastrados nas associações. “A
Emlur oferece toda logística do núcleo, fardamento e
alimentação. Vamos começar a colocar caminhões
em todos os núcleos para
facilitar o trabalho e rodar
nos bairros que não tem
coleta seletiva”, afirma.
Em João Pessoa, 31
bairros têm coleta seletiva. Segundo Ulisses, a
meta é aumentar para 50
no próximo ano. Em 2014,
a Emlur também pretende abrir mais 10 núcleos.
Três deles já estão licitados
(Valentina, Geisel e Alto do
Céu) e deve começar a funcionar no primeiro semestre do próximo ano.
técnicas de redação
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O projeto Correio
Enem 2013 está sendo lançado hoje, com a
circulação do primeiro
suplemento com dicas
para o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem). Este fascículo
é sobre técnicas de redação, com projetos de
textos. Serão quatro
semanas consecutivas,
divulgadas sempre nas
sextas-feiras, com dicas e sugestões para os
estudantes. O material
está sendo produzido por uma equipe de
professores e educadores do Colégio Geo. O
Centro
Universitário
de João Pessoa (Uni-
pê) está patrocinando
a iniciativa.
A diretora comercial do Jornal Correio,
Glicia Rangel, explicou
que o projeto é composto por 12 páginas
e pode ser comprado
em bancas de revistas
e com os gazeteiros em
todo o Estado. Os assinantes do jornal receberão o suplemento
inteiramente
grátis.
“Serão dicas bastante
interessantes, onde os
estudantes poderão se
atualizar e testar seus
conhecimentos. Ainda
há tempo para os candidatos ficarem informados do que poderá
encontrar no Enem”,
explicou.
© 2013 infografiCORREIO
Previdência
!
Na Paraíba, 49,2% dos catadores
contribuem para a previdência. Isso
significa que mais da metade não
tem garantia de aposentadoria.
Em relação às pessoas idosas em
domicílios com catadores, no Estado,
63,2% destas estão cobertas pela
previdência.
Analfabetos
!
No Estado, 39,8% dos catadores
são analfabetos. Só 15,6% dos que
têm mais de 25 anos posuem ao
menos o ensino fundamental. Nesta
faixa etária, 7,9% têm o ensino
médio completo. Segundo o Censo
2010, esse valor chega a 9,4% da
população. O Nordeste é a região
com a maior taxa de analfabetismo
entre os catadores, atingindo
34,0%, enquanto que entre toda a
população da região é de 18,6%.
Só uma em cada 10 pessoas que
trabalham na reciclagem possui
ensino médio. Paraíba e Sergipe
dividem a última posição, com 7,9%.
Maioria é negra e mora em cidades
Na Paraíba, 71,8%
dos catadores são negros,
média maior que a do Brasil, 66,1%. Ou seja, duas
em cada três pessoas que
exercem a atividade são
negras. De acordo com o
Censo do IBGE, considerando que o total de negras e negros representam
52,0% da população brasileira, pode-se notar que o
percentual dessa parcela
da população na atividade de catação é superior
ao de negros na população
brasileira total. No Nordeste esse percentual é ainda
maior, chegando a 78,0%.
Na Paraíba, 90,1%
dos catadores residem em
áreas urbanas, onde se
produz a maior quantidade de materiais recicláveis.
Esse percentual em todo o
país chega a 93,3%, superior inclusive à distribuição espacial da população
como um todo, que possui
uma taxa de urbanização
em torno de 86,0%. No
caso da região Nordeste, o
percentual de urbanização
entre catadoras e catadores é um pouco menor que
a média nacional, 88,5%.
PB e AL têm menos desigualdade
A Paraíba e Alagoas
têm a menor desigualdade
de renda do trabalho entre
catadores, com um índice
de Gini de 0,39. Uma das
principais formas de medir
a desigualdade é o índice
de Gini, que varia entre
0 e 1. Quanto mais perto
de 1 maior a desigualdade, e quanto mais perto
de 0 menor. De acordo
com o Censo, a desigualdade de renda de todos os
trabalhadores brasileiros
em 2010 era de 0,58. Se
considerarmos apenas os
trabalhadores envolvidos
com a coleta e reciclagem
de resíduos sólidos, o valor do índice de Gini para
o Brasil é de 0,42.
Na Paraíba, dos domicílios com catadores, 7,9%
estão no patamar de extrema pobreza. Considera-se
em situação de extrema
pobreza, ou seja, renda não
ultrapassa a marca de R$
70 per capita. O Nordeste
é a região que apresenta o
maior percentual de extrema pobreza, 8,4% .
Creches
!
Na Paraíba, 21,1% das crianças que
estão em domicílios com catadores
frequentam creches. A percentagem
de crianças (0 a 3 anos) no Brasil
que frequentam creche é de 23,6%.
Na região Nordeste o percentual é
21,7%. Mais de 98,5% dos domicílios
com catadores têm energia elétrica.
Na seca, PB tem 11 mil
notificações de dengue
Amanda Carvalho
Apesar da estiagem,
os paraibanos continuam
adoecendo de dengue. Segundo os últimos dados
da Secretaria de Estado
da Saúde (SES), até o dia
16, 4.052 casos da doença
foram confirmados, 89 a
mais do que há três semanas, quando totalizaram
3.963. Nessas três semanas, outros quatro casos
graves da doença foram
confirmados,
totalizando 99, sendo 78 foram de
dengue com complicação;
17 de febre hemorrágica e
quatro casos de síndrome
do choque da dengue. Os
números de notificações
passaram de 10.646 para
11.256, um aumento de
610 novos casos suspeitos.
A gerente executiva de Vigilância em Saúde da SES,
Talita Tavares, informou
que, mesmo no período de
estiagem, metade da sorologia está dando positiva
para dengue, indicando
que ainda há circulação
viral, principalmente por
causa da circulação do sorotipo tipo 4.
Talita Tavares disse
que a recomendação é não
parar as ações de campo,
com o combate das larvas
e do mosquito e dar continuidade aos ciclos operacionais até dezembro.
Segundo Talita, o Plano de
Contingência de 2014 será
ampliado para todos os
municípios. “Mesmo sem
ser período chuvoso, a SES
vem avaliando que há um
comportamento dos casos
suspeitos, que as notificações estão num volume
maior”, afirmou.
Nos municípios que
enfrentam a seca, onde se
guarda água em cisternas e
baldes, os cuidados devem
ser maiores, pois podem
ser potenciais criadouros.
“É preocupante essa situação e o trabalho nesses locais deve ser constante, não apenas para a
dengue, mas para outros
problemas, como diarreia
e outros agravos. Vamos
acompanhar as ações municipais e se eles atingiram
as metas”, disse.
Segundo a SES, os
municípios com casos graves são João Pessoa (27 casos), Campina Grande (11),
Sousa (06), Cajazeiras (03),
Uiraúna (04), São João
do Cariri (03), Arara (03)
e Santana de Mangueira,
Remígio, Itaporanga, Santa
Rita e Uiraúna com 2 casos
cada município.