Leite RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA JANEIRO | 2015 Práticas de higiene na fabricação de queijo Nos últimos anos, a gastronomia passou a fazer parte do interesse dos consumidores. Um número significativo de brasileiros tem consumido queijo no seu dia a dia. Essa mudança ampliou as oportunidades de negócios para os produtores de queijos artesanais. Nesse contexto, o presente Boletim de Tendências apresentará os principais cuidados e práticas de higienização na produção de queijo, e os órgãos fiscalizadores no estado que regulamentam as queijarias, conforme as normas técnicas relacionadas à inspeção sanitária de produtos de origem animal. FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DO CONSUMO DE QUEIJOS NO BRASIL GLOBALIZAÇÃO Mais brasileiros viajando e conhecendo queijos europeus. ALTA GASTRONOMIA Presença de queijos finos em pratos sofisticados. RENDA Aumento do padrão de consumo do brasileiro. Fonte: Pedro Rocha Franco. Aumento da renda leva à expansão do consumo de queijos especiais no país. Estado de Minas. 2013. MERCADO DE QUEIJOS NO BRASIL R$ 19 bilhões + de 1,5 mil fábricas é a estimativa da movimentação desse mercado em 2014. produtoras de queijo no Brasil. R$ 33 bilhões de litros de leite produzidos no Brasil são destinados para a fabricação de queijo. O consumo médio de queijos por ano no Brasil é de 5 kg. Já na Itália e França, o consumo chega a 25 kg. Na Argentina, 11 kg. Espera-se que o consumo de queijos no Brasil chegue a 11 kg em 2030. Fonte: Alda do Amaral Rocha. Mercado de queijos cresce no país e atrai estrangeiros. Abiq. 2014. 1 Cuidados de higiene no processo de fabricação As boas práticas de fabricação são divididas em cuidados com higiene pessoal e sanitização de instalações, equipamentos e utensílios. Esses elementos norteiam as atividades desenvolvidas na unidade de produção e visam a segurança do produto a ser fabricado. As fábricas de queijo que adotarem práticas de higiene, tendem a aumentar a qualidade nutricional e sensorial do seu queijo, bem como o lucro líquido da empresa. O queijeiro responsável deve utilizar roupa protetora branca, botas brancas e máscara para boca e nariz, para a manipulação adequada dos alimentos. HIGIENE PESSOAL A pessoa responsável em manipular os alimentos deve ter bons hábitos de higiene. Manter corpo, vestuários e calçados limpos, os cabelos protegidos com toca lavável ou descartável e as unhas curtas, limpas e sem esmalte, são algumas das medidas que podem ser adotadas. Não utilize anéis, alianças, brincos, pulseiras, relógios e outros adornos durante o processo. As mãos devem ser lavadas de maneira frequente e cuidadosa: antes de iniciar o trabalho, após usar o banheiro, depois de comer, mexer nos olhos, boca, ouvido e nariz (sempre que necessário). O uniforme deve estar limpo, sem botões e sem bolsos, e deve ser trocado diariamente. Lave as mãos e também antebraços com detergente neutro e biodegradável. Após, utilize solução sanificante álcool a 70% ou solução clorada a 100 – 200 ppm ou iodófora a 20 – 30 ppm. Dentro da área de fabricação evite comer, espirrar, tossir, coçar a cabeça, entre outras práticas anti-higiênicas que possam contaminar os alimentos. Fonte: Guia técnico para a implantação de boas práticas de fabricação em unidades de produção do queijo minas artesanal. Emater. 2009. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar. Produção de derivados do leite: queijos. Ead Senar. 2009. 2 Sanitização das instalações, equipamentos e utensílios Esses itens, geralmente, apresentam alto volume de resíduos que sobram após a fabricação de queijo. Recomenda-se antes da aplicação dos agentes sanitizantes, que todo esse material extra seja removido de sua superfície, com o intuito de evitar a proliferação de microrganismos. 1 Reúna o material necessário para começar o processo de higienização. Utilize detergente neutro, água potável, esponja ou escova de cerdas duras, balde e luvas de borracha. Comece lavando o piso, as paredes e as mesas. Em seguida, os equipamentos, e por fim, os utensílios. Enxague todos eles com água corrente e potável, para retirar todo o detergente. Atenção: as luvas devem ser colocadas com as mãos secas e o material usado na limpeza não poderá ser utilizado para outra finalidade. 2 A sanitização é um procedimento obrigatório para evitar a propagação de microrganismos sobreviventes à limpeza. Reúna balde, solução clorada e medidor, para iniciar o processo. Para solução clorada a 3% de cloro ativo, utilizam-se 100 ml em 10 litros de água. Para solução clorada a 12% de cloro ativo, utilizam-se 20 ml em 10 litros de água. Atenção: a aplicação dos agentes sanitizantes deve ser feito antes e após iniciar o trabalho, sempre que necessário. Os utensílios devem secar naturalmente, em ambiente protegido de poeira e outros contaminantes. Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar. Produção de derivados do leite: queijos. Ead Senar. 2009. 3 Regulamentação técnica Órgãos fiscalizadores Para que a produção tenha padrão de qualidade comprovada, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou a Instrução Normativa nº30, de 7 de agosto de 2013, que prevê a autorização dos órgãos estaduais e municipais certificarem produtos de origem animal. Isso facilita o registro nacional e amplia a comercialização de queijos certificados para os demais estados e para o exterior. Como era: IN 57/2011 Como ficou: IN30/2013 A definição de novo período de maturação dos queijos artesanais será realizada por ato normativo específico, após a avaliação dos estudos por um Comitê Técnico Científico, designado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastacimento. A definição de novo período de maturação dos queijos artesanais será realizada após a avaliação dos estudos pelo orgão estadual e/ou municipal de inspeção industrial e sanitária, reconhecidos pelo sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi/Poa). A propriedade deve ser certificada como livre de tuberculose e brucelose. A propriedade deve ser certificada como livre de tuberculose e brucelose, de acordo com o disposto no Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT), ou controladas para brucelose e tuberculose pelo Orgão Estadual de Defesa Sanitária Animal, no prazo de até três anos, a partir da publicação desta IN. As propriedades rurais devem descrever e implementar: As propriedades rurais devem descrever e implementar: 1. Programa de Controle de Mastite, com a realização de exames para detecção de mastite clínica e subclínica, incluindo a análise mensal do leite da propriedade em laboratório da Rede Brasileira da Qualidade do Leite - RBQL para composição centesimal, Contagem de Células Somáticas e Contagem Bacteriana Total - CBT. 2. Programa de boas práticas de ordenha e da fabricação, incluindo controle dos operadores, controle de pragas e transporte adequado do produto até o entreposto. 3. Coloração e controle de potabilidade da água utilizada nas atividades. 1. Programa de Controle de Mastite, com a realização de exames para detecção de mastite clínica e subclínica, incluindo a análise mensal do leite da propriedade em laboratório da Rede Brasileira da Qualidade do Leite - RBQL para composição centesimal, Contagem de Células Somáticas e Contagem Bacteriana Total - CBT. 2. Programa de boas práticas de ordenha e da fabricação, incluindo controle dos operadores, controle de pragas e transporte adequado do produto até o entreposto. 3. Coloração e controle de potabilidade da água utilizada nas atividades. Observações Melhorou. Antes, somente o Mapa autorizava a redução do período de maturação. Agora, orgãos municipais e estaduais reconhecidos pelo Mapa também podem. Pouco mudou. Apenas explica como produtor deverá comprovar que a propriedade está livre da tuberculose e brucelose. Pouco mudou. Apenas excluiu a periodicidade mensal do leite. Fonte: Rafael Grassi Pinto Ferreira. Instrução Normativa Nº 30/2013 do Mapa. Slow Food Brasil. 2013. 4 Inspeção de produtos de origem animal Visão da especialista A função deste órgão competente é registrar novos estabelecimentos que produzam leite e derivados, bem como fiscalizá-los após sua aprovação no processo de obtenção no Serviço de Inspeção Estadual de Produtos de Origem Animal (SIE), permitindo que comercializem dentro do Estado de Santa Catarina. ESSE PROCESSO É DIVIDIDO EM DUAS ETAPAS 1. “Contamos ainda com um diferencial em Santa Catarina, que é o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi). É importante ressaltar que as exigências higiênico-sanitárias e estruturais são as mesmas para todas as esferas de produção” Análise documental Aprovação de plantas, rótulos e processos de fabricação de produtos, entre outros. 2. Análise local da estrutura física Realizado por vistoriais de terreno e de edificações já existentes ou em construção. Alexandra Reali Olmos – Médica veterinária, em entrevista ao Sistema de Inteligência Setorial. Três instâncias de serviços oficiais de inspeção Municipal: comercialização dos produtos unicamente no município; Estadual: comercialização dos produtos para todo o estado; “Destacamos a necessidade de haver programas de autocontrole da empresa, ou seja, relatórios que nos permitam identificar que são seguidas normas de higiene, sanitização e controle dos processos de produção” Federal: comercialização dos produtos para todo o país. Alexandra Reali Olmos – Médica veterinária, em entrevista ao Sistema de Inteligência Setorial. Confira as empresas catarinenses credenciadas, que realizam a inspeção de produtos de origem animal. A função desse órgão competente é registrar novos estabelecimentos que produzam leite e derivados, bem como fiscalizá-los após sua aprovação no processo de obtenção no Serviço de Inspeção Estadual de Produtos de Origem Animal (SIE), permitindo que comercializem dentro do Estado de Santa Catarina. 5 Esses documentos têm prazos de validade diferenciados, cabendo à empresa manter estes dados atualizados. Já para o título de registro da empresa no SIE, não há prazo de validade. O registro pode ser suspenso ou cancelado, seja por solicitação do representante legal ou por ação da fiscalização. Dicas sobre inspeção de queijos 1 2 Façam um estudo financeiro do investimento inicial, contemplando a estrutura física (construção, equipamentos, utensílios) e pessoal necessária para iniciar o negócio. Informe-se das obrigatoriedades legais de estrutura, de produção e de documentos exigidos para registro de uma indústria de alimentos. Independentemente do tamanho da empresa, há exigências mínimas para que o negócio seja viável. 4 3 Nunca esqueça que higiene, capricho e seriedade na fabricação de alimentos não custam dinheiro, e são diferenciais para que se produza com qualidade e segurança. Se não tiver condições de iniciar um negócio por conta própria, procure associações, cooperativas e os programas de incentivo do próprio governo, para alavancar a implantação de sua empresa. 5 6 Receba bem os fiscais da inspeção. O serviço deles é fiscalizar e orientar a sua produção para que o negócio prospere. Utilize esse serviço para melhorar cada vez mais. Se os alimentos que você produz estão na mesa de sua família, esse já é um forte sinal de que o negócio pode dar certo. Fonte: Alexandra Reali Olmos – Médica veterinária, em entrevista ao Sistema de Inteligência Setorial. 6 AÇÕES RECOMENDADAS Veja na cartilha Como montar uma fábrica de queijo artesanal (coalho e manteiga), as informações sobre estrutura, quadro de pessoal, equipamentos necessários e dicas para tornar a queijaria competitiva; Acompanhe os eventos da área. Aprenda novas técnicas de fabricação de queijo e faça parcerias de negócios a fim de ampliar a visibilidade da queijaria no mercado. Fique atento à programação do Congresso Leite & Queijo Minas; Procure o núcleo de Inspeção de Produtos de Origem Animal de Santa Catarina para tirar dúvidas e busque mais informações referentes a esse serviço. A Médica Veterinária Alexandra R. Olms ([email protected]) é a coordenadora técnica do setor de leite e derivados no órgão competente; Comprove que a propriedade está livre de tuberculose e brucelose, por meio de certificação, de acordo com o disposto no Programa de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT); Faça o curso EAD (Educação a distância) Sei Planejar e estruture a queijaria a fim de adaptá-la para as demandas de mercado. Leite RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA JANEIRO | 2015 Coordenador: Marcondes da Silva Cândido Gestor do Projeto: Douglas Luís Três Conteudista: Natan Amboni de Souza SEBRAE Santa Catarina Endereço: SC 401, KM 01, Lote 02 Parque Tecnológico Alfa - João Paulo CEP: 88030000 - Florianópolis – SC Telefone: 48 3221 0800 Dúvidas ou sugestões sobre o conteúdo do relatório envie um e-mail para: [email protected] Faça também suas contribuições para o SEBRAE-SC enviando um e-mail para: [email protected] Todos os direitos reservados. 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