Anais do VIII ENIC Encontro de Iniciação Científica 2 0 0 9 Universidade Severino Sombra VIII ENIC 2009 Vassouras - RJ 1 Anais do VIII ENIC Encontro de Iniciação Científica Vassouras - 3 a 5 de novembro de 2009 2 Universidade Severino Sombra Reitor Professor José Antônio da Silva Vice-Reitora Professora Therezinha Coelho de Souza Pró-Reitoria de Ensino e Legislação Professor Marco Antonio Soares de Souza Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Professor Felipe da Costa Brasil Coordenadoria de Pesquisa Professor Paulo Cesar Rodrigues Cassino Organização do Evento Felipe da Costa Brasil Paulo Cesar Rodrigues Cassino Carlos Vitor de Alencar Carvalho Marise Maleck de Oliveira Cabral Valéria Kelli de Almeida Costa ISBN 978-85-88187-13-9 Edição: Universidade Severino Sombra Vassouras Todos os textos são de responsabilidades dos autores 3 Índice CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLÓGICAS E DA NATUREZA A PRODUÇÃO DE VINHOS TINTOS E A UTILIZAÇÃO DE ENZIMAS COMERCIAIS CAROLINA ROCHA LUIZ VIANNA, CARLOS EDUARDO CARDOSO 11 ANÁLISES QUÍMICAS DE SOLOS: UMA VISÃO CRÍTICA MARIANA M. SOUTO, FERNANDO LUIS M. FILHO, DOUGLAS M. TORRES, CARLOS EDUARDO CARDOSO 14 SISTEMA COMPUTACIONAL PARA A DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DE FIGURAS PLANAS USANDO O TEOREMA DE GREEN SORAIA TEIXEIRA BARBOSA, LEANDRO LOURES, RICARDO AMAR DE AGUIAR, CARLOS VITOR DE ALENCAR CARVALHO 17 O NÚMERO DE OURO NA SALA DE AULA ELIZABETH MENDES DE OLIVEIRA, DAIANE GOMES BUENO 20 SUGESTÕES PARA O ESTUDO DO CONCEITO DE DERIVADA COM BASE EM SUAS APLICACÕES DO COTIDIANO ELIZABETH MENDES DE OLIVEIRA, WILLIAM BALTAR PONCIANO 28 POLÍGONOS ESTRELADOS E OS NÚMEROS PRIMOS DOUGLAS DUARTE DE SOUZA, ALINE LEBRE X. DA ROSA, MARIA EDUARDA GOMES E CASTILHO, ESTELA KAUFMAN FAINGUELERNT 33 SOFTWARE COMO APOIO AO ENSINO DA MATEMÁTICA PAIVA, ANA MARIA SEVERIANO DE; SÁ, ILYDIO PEREIRA DE COSTA, LUCIANO PECORARO; VILLELA, ALINE ALVES ; RIBEIRO, FRANCISCO DE ASSIS 34 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES DO PROJETO “200 ANOS DESVENDANDO DARWIN E A EVOLUÇÃO PANZA, CLAUDIENE GONÇALVES DE OLIVEIRA, ALVIM, GILMARA FERREIRA , FELIPPE, RAFAEL SANTOS ROSA, PEREIRA, SABRINA DE BARROS, PARREIRA, WALQUIRIA DA SILVA PEDRA,CABRAL, MARISE MALECK DE OLIVEIRA, MELO, DIOGO JORGE DE, GUIMARÃES, MARIA DAS GRAÇAS, 37 BROMELIA ANTIACANTHA APRESENTA TOXIDADE PARA ONCOPELTUS FASCIATUS FERNANDA CRISTINA CARVALHO DOS SANTOS, ANA PAULA DE ALMEIDA, MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL 40 SUBSTÂNCIA PICANTE DAS PIMENTAS INIBE A ECLOSÃO DE OVOS EM INSETOS 4 BIANCA DA SILVA SOARES, MASSUO JORGE KATO, MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL 42 PLANTA DA REGIÃO SUL FLUMINENSE INIBE A POSTURA E A ECLOSÃO DOS OVOS DE INSETO FITÓFAGO MICHELE TEIXEIRA SERDEIRO, ANA PAULA DE ALMEIDA, MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL 44 INVESTIGAÇÃO DE LARVAS DE AEDES AEGYPTI NO MUNICÍPIO DE VASSOURAS, REGIÃO SUL FLUMINENSE. RENATA FRAGA PINHEIRO, SIMONE PEREIRA ALVES, MARIANA DE OLIVEIRA CONSTÂNCIO, DIEGO TONE TELLES, SEBASTIÃO CLEBSON DE MACEDO ANUNCIAÇÃO, MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL 46 DADOS PRELIMINARES DO ESTUDO DA BIOATIVIDADE DE NAFTOQUINONAS SOBRE INSETOS VETORES SUMARA MOREIRA LEAL LACERDA DE ARAUJO, JOSÉ MARIA BARBOSA FILHO, MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL 49 LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA ENTOMOFAUNA COMO BIOINDICADORES EM FRAGMENTO DE FLORESTA ATLÂNTICA NO MUNICÍPIO DE MIGUEL PEREIRA, RJ. RAMOS, P. T., ALMEIDA, S. E. E CASSINO, P. C. R. 51 PERCEPÇÃO SOBRE OS PROBLEMAS AMBIENTAIS ENTRE ESTUDANTES DE UM ESTABELECIMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA DA REDE PARTICULAR DE ENSINO DE PARATY, RJ – DADOS PRELIMINARES TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA BILIO BARRETO, VÂNIA P. G. C. PEREIRA, INGRID LARISSA ARAÚJO BATISTA, SUEYLA DA SILVA ALVES, ROBERTA MEDEIROS MACEDO, PHILIPPE MACHADO PONTES DA SILVA, JORGE LUIZ PASSOS SILVA FILHO 54 INVENTÁRIO DE CIRRIPEDIA (CRUSTACEA, MAXILLOPODA) DOS COSTÕES ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA ESC TAMOIOS, RJ AMANDA BRASIL COELHO, PHILIPPE MACHADO PONTES DA SILVA, TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA BILIO BARRETO, VANIA FILIPPI GOULART CARVALHO PEREIRA 57 INVENTÁRIO DE MOLUSCOS DOS COSTÕES ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA ESEC TAMOIOS, RJ KELLY ROCHA SIQUEIRA, INGRID LARISSA ARAÚJO, TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA BILIO BARRETO, VANIA FILIPPI GOULART CARVALHO PEREIRA 60 REGISTRO DA COMUNIDADE DE AMPHIPODA (CRUSTACEA) DOS COSTÕES ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA ESEC TAMOIOS, RJ ROBERTA MEDEIROS MACEDO, TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA BILIO BARRETO, VANIA FILIPPI GOULART CARVALHO PEREIRA 61 5 MACROFAUNA ASSOCIADA AO FITAL DA ALGA CAULERPA RACEMOSA (FORSSKAL), ILHA COMPRIDA, PARATY, RJ. ALAN BEUTIN, SUEYLA DA SILVA ALVES, SAMARA MACEDO PINTO, TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA BILIO BARRETO, VANIA FILIPPI GOULART CARVALHO PEREIRA 64 SUSTENTABILIDADE EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS PEDRO PAULO LEITE FRISONI, VANIA FILIPPI GOULART CARVALHO PEREIRA, KATIA CRISTINA GARCIA 67 REGISTRO DA COMUNIDADE DE AMPHIPODA (CRUSTACEA) DAS PRAIAS ARENOSAS DE DUAS ILHAS DA ESEC TAMOIOS, RJ VIRGÍNIA PAOLA DE SOUZA ABREU MARQUES, GREICIANE FRANÇA BRONZATO DE ALMEIDA, TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA BILIO BARRETO, VANIA FILIPPI GOULART CARVALHO PEREIRA 70 COLEOPTEROFAUNA E HYMENOPTEROFAUNA EPÍGEA, COLETADA ATRAVÉS DE ARMADILHAS DE SOLO EM FRAGMENTO DE FLORESTA ATLÂNTICA CAIO DIAS MARTINI ALVES NASCIMENTO, CAIO PALMEIRA TEIXEIRA, ARTHUR MOREIRA CARDOZO & WILLIAM COSTA RODRIGUES 73 CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CORRELAÇÃO ENTRE A PRESSÃO EXPIRATÓRIA MÁXIMA E O PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO MÁXIMO EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS NUNES, LIDIANE A. SANTANA, GONDIM, FERNANDA FRANCISQUINI, GOMES, MARIANA DE SÁ, FIGUEIRA, LETÍCIA REIS, BRANDÃO, PAULO VITOR C. NAGATO, AKINORI CARDOZO 76 COMPARAÇÃO DO PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO EM PACIENTES ASMÁTICOS E NÃO ASMÁTICOS GOMES, MARIANA DE SÁ, GONDIM, FERNANDA FRANCISQUINI, NUNES, LIDIANE A. SANTANA, FIGUEIRA, LETÍCIA REIS, BRANDÃO, PAULO VITOR C. NAGATO, AKINORI CARDOZO 78 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS INFECÇÕES ASSOCIADAS À VENTILAÇÃO MECÂNICA BERNARDO DE FRANÇA PAULA, AKINORI CARDOZO NAGATO, CRISTIAN CREMONEZ VOGAS, JAQUELINE TRAVASSOS DE MELO, FRANK DA SILVA BEZERRA, MARCO AURÉLIO DOS SANTOS SILVA, ROSE BRANDÃO HONÓRIO 81 MATRICÍDIO: UM ESTUDO DE CASO DE PACIENTE COM TRANSTORNO BIPOLAR MARÍLIA JOLY, FLÁVIA OBANA,LUIS EUGÊNIO PRADO ROCHA, MARIANA AMARAL REIS, ALEXANDRE VALENÇA 84 6 DOENÇA MENTAL E VIOLÊNCIA: UM ESTUDO DE SÉRIE DE CASOS DE PSICÓTICAS HOMICIDAS MARÍLIA JOLY, FLÁVIA OBANA,LUIS EUGÊNIO PRADO ROCHA, MARIANA AMARAL REIS, ALEXANDRE VALENÇA 87 INCIDÊNCIA DE ERLIQUIOSE NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE CORRÊAS – PETRÓPOLIS, RJ. VINÍCIUS MARINS CARRARO, RENATA SILVESTRE, BÁRBARA CRUZ TAVARES DE MACEDO FERNANDES 90 LEVANTAMENTO DOS DIAGNÓSTICOS HISTOPATOLÓGICOS EM BIÓPSIAS DE PELE EM UM LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA NO ANO DE 2008 HENRIQUE MAGALHÃES DE SOUZA LIMA, GABRIELA CAUPER DE CARVALHO PEREIRA, ELLENE PAPAZIS ALQUATI, NATÁLIA DE PAIVA ABRAHÃO, LÍLIA TOMAZ GODOI, LUDMILLA SILVA OLIVEIRA, RENATO DE OLIVEIRA FLORES, FERNANDA MIRANDA REZENDE, ANELISE DE SOUZA SILVA, CARLOS HENRIQUE DE SOUZA LIMA 93 AUTORIDADE MÉDICA X RUA DO POVO: ENTRE A CRISE HUMANA E SOCIAL ÁDAMO KATSUHIRO DE ANDRADE YOSHIKI, FRANCISCO BURANELI, GUSTAVO MARTTINS DE ALMEIDA, MARCELO CRISTIANO CORRÊA CARDOSO , PEDRO VICTOR P. KEGEL, HEITOR MANSOR COLETI, HENRIQUE JUNQUEIRA GARCIA G. MARQUES, PATRÍCIA SAYURI UENO, LORUAMA NOGUEIRA, ELISA MARIA AMORIM DA COSTA 95 SAÚDE DO HOMEM: UM DESAFIO NECESSÁRIO AMANDA THAÍS THOMÉ DE MORAIS, ANA AMÉLIA DAVID GERALDES, MARIAH DE PAULA LEITE, JULIANA PORTELLA VEIGA DRUMOND, FERNANDA CORREA CHAVES, MAGDALENE SALOMÃO DA FONSECA, CLÁUDIA CORREARD DE LIMA, ELISA MARIA AMORIM DA COSTA 98 A SOLIDÃO DO JARDINEIRO (AS DIFICULDADES DE CUIDAR DE QUEM CUIDA) AMANDA THAÍS THOMÉ DE MORAIS, ANA AMÉLIA DAVID GERALDES, MARIAH DE PAULA LEITE, JULIANA PORTELLA VEIGA DRUMOND, FERNANDA CORREA CHAVES, MAGDALENE SALOMÃO DA FONSECA, CLÁUDIA CORREARD DE LIMA, HEITOR MANSOR COLETI, HENRIQUE JUNQUEIRA G.G.MARQUES;MARCELO CRISTIANO C. CARDOSO,PEDRO VICTOR P. KEGEL, FRANCISCO BURANELI,GUSTAVO MARTTINS DE ALMEIDA, PATRÍCIA SAYURI UENO, LORUAMA NOGUEIRA, ÁDAMO KATSUHIRO DE ANDRADE YOSHIKI, ELISA MARIA AMORIM DA COSTA 101 ESTUDO COMPARATIVO DO IMC, ATIVIDADE FÍSICA E DIETA DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICIPIO DE VASSOURAS-RJ (UMA ANÁLISE POR GÊNERO) GISLAINE CALABAR SEVERINO, JULIA GRACIELA GAMA VALENTIM RAMOS, PAOLA CRISTINA ORMINDO DE CASTRO, WALLACE SOARES DA 7 SILVA, WILLIAN RAIBOLT CABRAL, ELISA MARIA AMORIM DA COSTA, MARCOS ANTONIO MENDONÇA, VIVIANE LOPES VACCARO 103 AVALIAÇÃO DA PROLIFERAÇÃO DE MICROORGANISMOS ORAIS EM TRÊS TIPOS DE MATERIAIS REEMBASADORES DE PRÓTESE TOTAL SUBMETIDOS À CICLAGEM DE PH-ESTUDO PILOTO GALVÃO, YFS; BELLO, RF; RIBERTO, FC; GOYATÁ, FR. 106 AVALIAÇÃO DOS APARELHOS FOTOPOLIMERIZADORES DOS CONSULTÓRIOS PARTICULARES DA CIDADE DE VASSOURAS/RJ: ESTUDO PILOTO RACHEL FERREIRA BELLO, THALYTA DOS REIS FURLANI ZOUAINFERREIRA,RODRIGO SIMÕES DE OLIVEIRA, FREDERICO DOS REIS GOYATÁ 108 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA FLEXURAL DE RESINAS COMPOSTA REFORÇADAS POR FIBRA GABRIELLA FRANCISCO MANTA, THALYTA DOS REIS FURLANI ZOUAIN FERREIRA, RODRIGO SIMÕES DE OLIVEIRA, NADINE VIBIAN TAIRA, TACIANA BARCELLOS CARVALHEIRA E FREDERICO DOS REIS GOYATÁ 111 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE MICROORGANISMOS EM MATERIAIS REEMBASADORES DE PRÓTESE TOTAL PAULA APARECIDA MONFARDINI GONÇALVES, RACHEL FERREIRA BELO, NATÁLIA GUEDES FERREIRA, THALES GUEDES FERREIRA, FREDERICO DOS REIS GOYATÁ, LEONARDO GONÇALVES CUNHA, THALYTA DOS REIS FURLANI ZOUAIN FERREIRA, SHANA DE MATTOS DE OLIVEIRA COELHO 114 RESISTÊNCIA À FRATURA DE RAÍZES FRAGILIZADAS E RECONSTRUÍDAS COM DIFERENTES TÉCNICAS ADESIVAS SANTOS, VRSS, MANTA, GF, TAIRA, NV, GOYATÁ, FR 117 PERCEPÇÃO DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS SOBRE PARTICIPAÇAO POPULAR NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE BERNARDO DE FRANÇA PAULA, MARGARIDA MARIA DONATO DOS SANTOS 120 AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇAO DA ROTULAGEM DE CREME DE LEITE UHT COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE TRÊS RIOS - RJ, BRASIL TAINÁ SILVESTRE, SHEILA VENTURA, PEDRO H. N. RESENDE, MARCONE R. S. MENDES, LUCAS C. FERES, MARJORIE TOLEDO DUARTE 123 AVALIAÇÃO DO FRESCOR DE CORVINA (MICROPOGONIAS FURNIERE) E PEIXE-ESPADA (TRICHIURUS LEPTURUS) E SUAS CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO SHEILA DE F. VENTURA, LUCAS C. FERES, TAINÁ SILVESTRE, MARCONE R. S. MENDES, PEDRO HENRIQUE N. RESENDE, MARJORIE T. DUARTE 125 INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DO BEZERRO NO MOMENTO DA ORDENHA SOBRE O DESEMPENHO PRODUTIVO DE VACAS MESTIÇAS HOLÂNDESZEBU 8 TAINÁ SILVESTRE, SHEYLA VENTURA, MARJORIE TOLEDO DUARTE, MARCOS MACEDO JUNQUEIRA 128 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS NOS PACIENTES ADMITIDOS COM DOR TORÁCICA RAFAEL RICARDO DA SILVA MIRANDA ZAPATA, OCTÁVIO DRUMMOND GUINA, MARLON M. VILAGRA, 130 AVALIAÇÃO EPIDEMIOLOGICA DOS CASOS DE TUBERCULOSE PULMONAR NO MUNICÍPIO DE VASSOURAS-RJ JANINE CAPOBIANGO MARTINS, PRISCILLA RODRIGUES MOREIRA, ALINE DAMAZIO DO VALE, PRISCILA C. BARBOSA FERREIRA, WEVELIN S. DE MATOS, DIEGO SANTA ROSA SANTOS, MARINA S. SONG, FERNANDA COELHO, MARIANA FRIZZERA, PAULA PITTA DE RESENDE CÔRTES 132 ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE DENGUE NA CIDADE DE VASSOURAS NO ANO DE 2008 WEVELIN SANTOS DE MATOS, PRISCILLA RODRIGUES MOREIRA, ALINE DAMAZIO DO VALE, PRISCILA C. BARBOSA FERREIRA, JANINE CAPOBIANGO MARTINS, DIEGO SANTA ROSA SANTOS, MARINA S. SONG, FERNANDA COELHO, MARIANA FRIZZERA, PAULA PITTA DE RESENDE CÔRTES 135 UM ESTUDO DAS MORBIDADES ATENDIDAS NO PRONTO-SOCORRO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO SUL FLUMINENSE (HUSF) NO ANO DE 2008 FÁBIO FARIAS FERREIRA SEBASTIÃO JORGE DA CUNHA GONÇALVES 138 A SEXUALIDADE NA SENILIDADE: DIANTE À AIDS. CERULI, CLEYDER DELGADO GONÇALVES, SEBASTIÃO J.C. 141 ESTUDANDO A INCIDÊNCIA DO PAPILOMA VÍRUS HUMANO (HPV) NA UNIDADE DA FAMÍLIA PEDRO CASIMIRO ALVES. TEIXEIRA, RODRIGO DA SILVA, CÉSAR, THIAGO PONTES DE OLIVEIRA, GONÇALVES, SEBASTIÃO JORGE DA CUNHA, COSTA, SILÉIA COELHO 144 ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DE ATENDIMENTOS E DO TEMPO DE ESTIRAMENTO NA FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA GONDIM, FERNANDA FRANCISQUINI, GOMES, MARIANA DE SÁ, NUNES, LIDIANE A. SANTANA, FIGUEIRA, LETÍCIA REIS, LACERDA, ADRIANA, BRANDÃO, PAULO VITOR COSTA, RAMOS, SELIANE SILVA 147 LEVANTAMENTO DE PARASITOSES INTESTINAIS EM RESIDENTES DA VILA DE CARAMONAS NO MUNICÍPIO DE DORES DO TURVO – MG INGRID MARINHO MAROTTA MOREIRA, BÁRBARA CRUZ TAVARES DE MACEDO FERNANDES E VINICIUS MARINS CARRARO 150 CENTRO DE LETRAS, CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS 9 A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA O RESGATE DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E NATURAL DE MARICÁ BERNADETE COLLARES BARROSO BENTO, HERMES FERREIRA DA SILVA FILHO, ANA MARIA LEAL ALMEIDA 153 TURISMO ACESSÍVEL: UMA FERRAMENTA DE INCLUSÃO LUCIANA OLIVEIRA HENRIQUES, MARCIO ROBERTO PALHARES NAMI 155 A CONTRIBUIÇÃO DA FESTA DE SÃO JORGE COMO INCREMENTO DA ATIVIDADE TURÍSTICA NO VALE DO CAFÉ ALINE APARECIDA PINA GOMES, MARIA ELISA CARVALHO BARTHOLO 158 10 A PRODUÇÃO DE VINHOS TINTOS E A UTILIZAÇÃO DE ENZIMAS COMERCIAIS Carolina Rocha Luiz Vianna1, Carlos Eduardo Cardoso2 1 Universidade Severino Sombra, Curso de Química Industrial, [email protected] 2 Universidade Severino Sombra, Curso de Química Industrial, [email protected] Resumo- Vinificação é um conjunto de operações que transformam a uva em vinho, que por sua vez é a bebida da fermentação alcoólica do mosto de uva sã, fresca e madura. Fazem parte do processo de vinificação: colheita, recepção e análise da uva; esmagamento e desengaçamento; correções do mosto; sulfitagem do mosto; inoculação de leveduras; maceração; fermentações; sulfitagem do vinho; trasfegas; atestos; estabilização física do vinho; clarificação; filtração; maturação e envelhecimento; corte; engarrafamento e envelhecimento na garrafa. As enzimas mais utilizadas enologicamente são as celulases e as pectinases produzidas por fungos. Estas enzimas são adicionadas à elaboração do vinho com o intuito de retirar a pectina do mosto e otimizar o processo de extração dos compostos polifenólicos, que são os grandes responsáveis pela qualidade do vinho, conferindo-lhe cor, corpo e adstringência. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização de combinações de enzimas comerciais na produção de vinho tinto, demonstrando que as enzimas podem potencializar as características sensoriais inerentes a esta bebida. Palavras-chave: Vinho tinto, Enzimas, Fermentação Alcoólica. Área do Conhecimento: Ciências Agrárias; Ciência de Alimentos; Tecnologia das Bebidas. Introdução Segundo Hornsey (2007), o Homo sapiens deve, provavelmente, ter encontrado Viti vinifera, subespécie sylvestris, pela primeira vez há cerca de dois milhões de anos, quando os primeiros grupos de humanos migraram do leste da África. É possível afirmar, entretanto, que o homem do Paleolítico foi o primeiro a ter contato com o vinho, puramente acidental, com uvas demasiadamente maduras e mais provavelmente, com a armazenagem mal sucedida de suco de uva, que é, particularmente, uma bebida muito instável. Os primeiros “vinhedos intencionais” de que se tem notificação, foram cultivados no período Neolítico, entre 8500 e 4000 a.C. (HORNSEY, 2007). A viticultura no Brasil ocupa uma área de, aproximadamente, 77 mil hectares, com vinhedos desde o extremo sul do país até regiões situadas muito próximas ao equador. A produção de uvas é cerca de 1,2 milhões de toneladas/ano. Deste volume, em torno de 45% é destinado ao processamento, para a elaboração de vinhos, sucos e outros derivados, e 55% comercializado como uvas de mesa (IBRAVIN, 2009). De acordo com Aquarone (2001), vinificação é um conjunto de operações realizadas para transformar a uva em vinho. Cada tipo de vinho se utiliza de um conjunto de operações específicas à ele, mas há também alguns passos do processo que são comuns a todos os tipos de vinho tinto. . Fazem parte do processo de vinificação: colheita, recepção e análise da uva; esmagamento e desengaçamento; correções do mosto; sulfitagem do mosto; inoculação de leveduras; maceração; fermentações; sulfitagem do vinho; trasfegas; atestos; estabilização física do vinho; clarificação; filtração; maturação e envelhecimento; corte; engarrafamento e envelhecimento na garrafa. Assim, o objetivo deste trabalho foi, a partir de uma extensa revisão bibliográfica, avaliar a utilização de combinações de enzimas comerciais na produção de vinho tinto. Mais especificamente, pretendeu-se demonstrar que as enzimas podem potencializar as características sensoriais inerentes a esta bebida. Materiais e Métodos Além de uma ampla revisão da literatura sobre o tema, buscou-se avaliar sensorialmente vinhos tintos produzidos com e sem a utilização de enzimas comerciais. Os requisitos tecnológicos considerados neste trabalho, bem como os padrões de identidade foram aqueles regulamentados pelo Ministério da Agricultura e pelo Ministério da Saúde, através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Resolução CNS/MS Nº. 04, DE 24 de novembro de 1988). Discussão O cacho de uva é constituído pelo engaço (parte herbácea) e pelas bagas ou grãos (VENTURINI FILHO, 2005). Conforme citado por Aquarone (2001), o engaço é rico em água, matéria lenhosa, resinas, minerais, tanino, e sua composição em açúcares e ácidos orgânicos é insignificante. A baga da uva é constituída de casca (20 a 40% do peso), sementes (2 a 8% do peso) e polpa (52 a 78% do peso). 11 A casca ou pele é um envoltório que, dada à sua elasticidade, se afila à medida que a baga cresce, quase não aumentando de peso durante esse processo. A casca é recoberta por uma camada fina de uma resina, chamada pruína, que protege a casca contra ações do calor, umidade e contra a penetração de microrganismos causadores de doenças (AQUARONE, 2001). As substâncias corantes, denominadas antocianinas, podem estar presentes tanto na casca quanto na polpa das uvas tintas. A casca apresenta, ainda, uma concentração de taninos, com teor que varia de 0,5 a 2%, dependendo da variedade da uva (HORNSEY, 2007). Em seu trabalho, Hornsey (2007) acrescenta que a estrutura da parede celular das uvas é composta por polímeros de ácido galacturônico e que a pele da uva deve incluir a epiderme e sua “capa cerosa” (pruína) e a hipoderme, em que a parede celular é engrossada por celulose, sendo que as células da hipoderme são separadas em duas regiões, o exterior (com células de forma retangular) e o interior (com células de forma poligonal). Segundo Aquarone (2001), a polpa é constituída de 650 a 850 g/L de água, 120 a 250 g/L de açúcares redutores, 6 a 14 g/L de ácidos orgânicos, 2,5 a 3,5 de substâncias minerais e 0,5 a 1,0 g/L de compostos nitrogenados, além de outros componentes em quantidades mínimas. Os açúcares redutores da uva são constituídos principalmente de glicose e frutose, em proporções iguais no momento da maturação. Os ácidos orgânicos encontrados são principalmente: ácido tartárico e ácido málico, podendo ser encontrado também o ácido cítrico em concentrações menores. No momento da vidima ou colheita, a acidez total da polpa da uva varia de acordo com o clima e com a exposição do vinhedo. A polpa da uva apresenta 0,3 a 1,0 g/L de matérias nitrogenadas totais, sendo uma parte nitrogênio amoniacal, assimilável pelas leveduras (10 a 20 %) e outra parte na forma de nitrogênio orgânico, que se precipita durante a fermentação sob a ação de tanino e de álcool, na forma de aminoácidos, aminas e proteínas. As matérias minerais presentes na polpa das uvas são principalmente potássio, cálcio, magnésio, sódio e ferro; sendo que a principal delas é o potássio, com concentração que varia de 0,7 a 2,0 g/L. A polpa apresenta ainda uma concentração de matérias pécticas no estado de suspensão coloidal mais ou menos solúvel, e seu teor varia em função da variedade e do grau de maturação da uva, quanto mais madura a uva, maior a concentração de substâncias pécticas (AQUARONE, 2001; HORNSEY, 2007). Hornsey (2007) reporta que a parede celular das uvas é constituída basicamente de 30% de pectina e a lamela média está impregnada de celulose e hemicelulose e essas estruturas são capazes de conferir rigidez e forma à célula. A lamela celular é composta por substâncias pécticas, derivadas do ácido poligalacturônico. Para obter o suco a partir das bagas, a lamela média precisa primeiro ser quebrada e as células adjacentes liberadas, sendo que este é o principal objetivo da maceração. As pectinas estão presentes nas células vegetais, integrando um grupo heterogêneo de polissacarídeos, capazes de estabilizar em suspensão outros compostos coloidais de sumos e mostos, além de reter água. Com isso, contribuem para a turbidez e viscosidade destes produtos, impedindo a adequada filtração e clarificação dos mesmos. Além disso, as pectinas retêm suco durante a maceração das frutas, diminuindo, assim, o rendimento da extração (UENOJO E PASTORE, 2007). De acordo com Nelson e Cox (2002), enzimas são substâncias complexas formadas no interior de células vivas, que funcionam como catalisadores de ação específica, e tem origem biológica ou vegetal. Com exceção de um pequeno grupo de moléculas catalíticas de RNA, todas as enzimas são proteínas. Se uma enzima é desnaturada ou desassociada em suas subunidades, sua atividade catalítica é freqüentemente perdida. Se uma enzima é rompida em seu componente aminoácido, sua atividade catalítica é destruída. A catálise enzimática das reações é essencial aos organismos vivos. Hornsey (2007) apresenta que as enzimas mais comumente utilizadas enologicamente são as pectinases, hemicelulases, glicosidases e glucanases, sendo que as mais importantes são as pectinases, que ocorrem naturalmente nas frutas, incluindo as uvas, e são parcialmente responsáveis pelo processo de amadurecimento. As pectinases das uvas são, entretanto, inativadas pelos valores de pH e a concentração de SO2 prevalecentes durante a fabricação de vinho, por isso, com as técnicas modernas de vinificação, é preciso adicionar enzimas líticas ao processo, para que a qualidade do produto seja assegurada. Pectinases de origem fúngica, por exemplo, são resistentes ás condições encontradas durante a vinificação e por isso, em condições especiais, é permitido adicionar preparações comerciais de enzimas desses microrganismos. Do ponto de vista da cor, um dos atributos mais importantes dos vinhos, já que é a primeira característica observada pelo consumidor, detectou-se que as tendências do mercado há alguns anos se inclinam para vinhos tintos e rosados de coloração intensa e de marcadas tonalidades púrpuras. A mudança de cor durante o envelhecimento do vinho deve-se entre outros fatores, à composição fenólica do vinho, também podendo ser controlado pela adição de enzimas 12 pectolíticas (GONZÁLEZ-SANJOSÉ, 2003). A eliminação de polissacarídeos impede ou reduz a possibilidade de combinação destes com antocianos e taninos, reduzindo-se os riscos de aparição de turbidez na garrafa e as mudanças de cor associados a estes fenômenos. Assim, o efeito sobre a extração de pigmentos depende das atividades enzimáticas de cada preparado comercial, da variedade da uva e de seu amadurecimento e das condições em que se realizam as macerações. Conclusões Na indústria de vinhos, as enzimas pectolíticas removem os grupos metil das pectinas de alto teor de grupos metoxílicos, tornando a pectina ácido péctico, não havendo formação de gel e agem nas pectinas com baixo teor de grupos metoxílicos sobre as unidades não metiladas de ácido galacturônico na cadeia, diminuindo assim a viscosidade. Muitos dos constituintes do flavor das uvas estão concentrados na pele e serão liberados no mosto após a ação enzimática. Enzimas de contato devem extrair e proteger componentes responsáveis pela coloração, bem como a liberação de aromas, sendo que as uvas tintas devem receber maior quantidade de enzimas, pois os taninos se ligam às enzimas inativando-as parcialmente. É extremamente importante que essas enzimas não tenham nenhuma atividade antocianogênica, pois as antocianases têm a capacidade de remover as unidades de glicose e provocar uma desestabilização da cor. A mudança de cor durante o envelhecimento do vinho deve-se entre outros fatores, à composição fenólica do vinho, também podendo ser controlado pela adição de enzimas pectolíticas. Resultados de estudos da adição das enzimas com uvas tintas têm sido variáveis, com alguns estudos mostrando uma ampliada extração da cor, alguns não mostram aumento nenhum e outros ainda, mostram uma decrescida extração da cor. Tais resultados têm sido atribuídos a impurezas, como fenol esterases nas preparações enzimáticas, que degradam antocianinas e fenóis ao invés de ajudar nas suas extrações. Preparações de enzimas pectolíticas raramente são homogêneas e geralmente contém traços de outras enzimas, como celulases e hemicelulases a fim de promover a quebra dos tecidos. Sendo que alguns autores apresentam resultado que indicam que o uso de enzimas de maceração de uvas tintas tem mostrado que elas realmente aumentam a estabilidade da cor, especialmente quando utilizadas com variedades como a Pinot Noir, que tem naturalmente um baixo conteúdo de fenol e antocianinas. Esse aumento de estabilidade dos pigmentos tem sido atribuído à extração enzimática dos taninos, que tem um efeito protetor nos pigmentos vermelhos. Desta forma, conclui-se que o principal inconveniente de se adicionar enzimas pectolíticas ao vinho, é que estas podem acarretar em um aumento do teor de metanol no vinho, quando há a adição de pectinasmetilesterases, que liberam os grupos metoxi das pectinas. Mostrou-se, portanto, que o processo de produção de vinhos tintos é bastante complexo e a utilização de combinações de enzimas comerciais é viável, desde que controlada adequadamente. Além disso, percebe-se pelo comentário de vários autores, que as enzimas podem potencializar as características sensoriais inerentes ao vinho tinto. Referências AQUARONE, E. Biotecnologia industrial. Vol.4: Biotecnologia na produção de alimentos. São Paulo : Edgard Blucher, 2001. GONZÁLES-SANJOSÉ, M.L.; IZCARA, E.; PÉREZ-MAGARIÑO, S.; REVILLA, I. Efecto del uso de enzimas pectinolíticos sobre aspectos tecnológicos y visuales de mostos y vinos. X Congresso Brasileiro de Viticultura e Enologia. Bento Gonçalves, 2003. [Anais]. Disponível em: www.cnpuv.embrapa.br/publica/anais/cbve10/cbve 10-inicial.pdf. Acesso em 27 de abril de 2009. HORNSEY, I. The Chemistry and Biology of Winemaking. RSC Publishing. Cambridge, United Kingdom, 2007. IBRAVIN – Instituto Brasileiro do Vinho. A vitivinícula brasileira. Disponível em: http://www. ibravin.org.br/brasilvitivinicola.php. Acesso em 27 de abril de 2009. NELSON, D. L.; COX, M. M. Lehninger – Princípios de Bioquímica. Terceira edição. São Paulo, 2002. UENOJO, M.; PASTORE, G.M. Pectinases: aplicações industriais e perspectivas. Química Nova, v.30, n.2, p.388-394, 2007. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-4042200700 0 200028&script=sci_arttext-75k. Acesso em 01 de maio de 2009. VENTURINI FILHO, W. G. Tecnologia de bebidas: matéria-prima, processamento, BPF/APPCC, legislação e mercado. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. 13 ANÁLISES QUÍMICAS DE SOLOS: UMA VISÃO CRÍTICA Mariana M. Souto1, Fernando Luis M. Filho2, Douglas M. Torres3, Carlos Eduardo Cardoso4 1 Universidade Severino Sombra, CECETEN, [email protected] Universidade Severino Sombra, CECETEN, [email protected] 3 Universidade Severino Sombra, CECETEN, [email protected] 4 Universidade Severino Sombra, CECETEN, [email protected] 2 Resumo- Este trabalho teve como objetivo traçar o perfil de uma amostra de solo da fazenda Macuco (Andrade Pinto, Vassouras, RJ). Mais especificamente, pretendeu-se avaliar criticamente os métodos clássicos empregados na caracterização química de solos, incluindo métodos internacionais e nacionais desenvolvidos e adaptados pela EMBRAPA para solos tropicais de carga variável. As determinações analíticas foram feitas nas amostras secas ao ar e a os resultados foram expressos em conformidade com o sistema internacional de unidades (SI). A metodologia de avaliação da qualidade baseou-se na análise dos parâmetros pH (em água, KCl e CaCl2), cátions trocáveis, fósforo assimilável e matéria orgânica. Os resultados indicaram que pequenas otimizações nas metodologias empregadas podem agilizar os trabalhos e manter a confiabilidade. Palavras-chave: solos; Solo; Análises Químicas. Área do Conhecimento: Ciências Agrárias; Agronomia; Química do Solo. Introdução A análise química do solo é um dos métodos mais utilizados na avaliação da fertilidade do solo para fins de recomendação de adubação e calagem. Esse método teve grande desenvolvimento no Brasil a partir de 1965. Nessa época, foi iniciado o programa denominado Soil Testing, com o acordo de cooperação internacional entre o Ministério da Agricultura, representado pela antiga Equipe de Pedologia e Fertilidade do Solo (atualmente Embrapa Solos) e a Universidade Estadual da Carolina do Norte, com o apoio da Agência Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional - USAID. Esse programa visava, principalmente, os aspectos de automação, uniformização, experimentação e calibração de métodos para essas análises. A utilização deste conjunto de metodologias ficou conhecida como Método Embrapa (EMBRAPA, 1997), que compreende as extrações de P e K, com a solução Mehlich-1, de Al, Ca e Mg com o KCl, as determinações do pH em água e do carbono ou da matéria orgânica por método colorimétrico, calibrado com o método WalkeyBlack. Segundo Cantarella e colaboradores (1994), este conjunto de metodologias era adotado em mais de 50% dos laboratórios de análises de solos no país. No entanto, os resultados de análise de solo estão sujeitos a erros de diversas naturezas. Essas discrepâncias causam descrédito das análises em si, e de todo sistema de recomendação de adubação. A minimização dos erros pode ser conseguida através de programas interlaboratoriais que buscam a uniformização de metodologias. Tais programas atuam na troca de informações e análises das mesmas amostras, pelos diferentes laboratórios. Em geral, os programas vigentes no país têm o objetivo de divulgar e uniformizar protocolos analíticos entre laboratórios, bem como diagnosticar e promover a melhoria da Qualidade dos resultados por eles emitidos. As modificações e adaptações no conjunto de metodologias originais e a implantação de novos procedimentos culminaram com surgimento dos Programas de Controle de Qualidade regionais de São Paulo (Instituto Agronômico de Campinas IAC), Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Programa de Avaliação da Qualidade de Análises de Solo da Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solo e de Tecido Vegetal –Rolas), Minas Gerais (Profertil) e Paraná (Comissão Estadual de Laboratórios de Análises Agronômicas - Cela). O Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade (PAQLF) teve início em 1992, com a participação dos laboratórios que utilizam o método EMBRAPA, com objetivo de estimular laboratórios de outras regiões não assistidas a participarem de um sistema que pudesse avaliar e corrigir, se necessário, sua qualidade analítica. Desta forma, esse trabalho teve como objetivo geral a familiarização com os métodos EMBRAPA, através da análise de uma amostra de solo do distrito de Andrade Pinto (Vassouras/RJ). Mais especificamente, pretendeu-se avaliar criticamente as metodologias recomendadas pela EMBRAPA Solos, adequando-as ao Laboratório de Química Analítica da Universidade Severino Sombra. 14 Materiais e Métodos Todos os compostos e reagentes utilizados neste trabalho possuiam grau analítico e não sofreram etapas prévias de purificação. A água utilizada nos experimentos foi destilada. Os valores de pH foram obtidos no medidor pHmetro DIGIMED (São Paulo, Brasil), acoplado a um eletrodo combinado de vidro. Todas as soluções empregadas neste trabalho foram preparadas em solução aquosa e os solutos, em todos os casos, foram pesados em uma balança analítica GEHAKA AG 200 (São Paulo, Brasil). As leituras de absorvância para a determinação de fósforo assimilável foram feitas em um espectrofotômetro Micronal B 342 (São Paulo, Brasil). As determinações de cátions trocáveis se deram em um Fotômetro de chama DIGIMED DM61 e por volumetria. 10 g de solo foram adicionadas a 2 erlenmeyers, seguido da adição de 25 mL das -1 soluções extratoras de KCl 1,0 mol L , CaCl2 -1 0,01mol L e água destilada (uma em cada frasco). As soluções foram agitadas e deixadas em repouso por uma hora. Com auxilio de um pHmetro previamente calibrado, foram feitas as determinações do pH das amostras. +1 +1 Para determinação dos cátions K e Na , 10 g de solo foram pesados em um erlenmeyer, seguindo-se a adição de 100 mL de HCl 0,05 mol -1 L . A solução foi agitada e deixada em repouso por uma semana, sendo uma alíquota analisada em um Fotômetro de Chama DM-61 e em +2 +2 ICPOES. Para determinação de Ca e Mg , 5 g de solo foram adicionados a um erlenmeyer -1 contendo 100 mL de KCl 1,0 mol L . A solução foi agitada e deixada em repouso por uma semana, sendo 2 alíquotas de 50,0 mL transferidas para dois erlenmeyers. No primeiro frasco, procedeu+3 se a determinação inicial de Al por titulação com -1 NaOH 0,025 mol L e azul de bromotimol como indicador. No mesmo erlenmeyer, procedeu-se a +2 +2 determinação de Ca e Mg , adicionando-se previamente tampão pH 10 e negro de ericromo T. -1 A solução foi titulada com EDTA 0,0125 mol L Na segunda alíquota de 50,0 mL , procedeuse a adição de Trietanolamina 50%, KOH 10% e murexida, titulando-se com uma solução de EDTA -1 +2 0,0125 molL para a determinação de Ca . Esses cátions foram determinados, também, por +1 +1 +2 +2 ICPOES. Os cátions K , Na , Ca e Mg extraidos com solução de acetato de amônio pH 7,0 foram determinados por ICPOES. A acidez trocável (H + Al) liberada pela reação com solução não tamponada de KCl foi utilizada para determinar a capacidade de troca de cátions (CTC) efetiva, que é definida como a soma das + 3+ bases com os cátions H e Al . Essa determinação foi feita titulando-se uma alíquota do -1 extrato com NaOH 0,025 mol L em presença de fenolftaleína. Para análise da matéria orgânica, cerca de 20 g de solo certificado foram finamente macerados. Deste, 0,25 g foi pesado e colocado junto a 50,0 -1 mL de dicromato de potássio 0,4 mol L em um erlenmeyer que foi levado a fervura branda durante 5 minutos. Após o aquecimento, foram adicionados 80 mL de água, 2 mL de H3PO4 concentrado e difenilamina. A solução resultante foi titulada com sulfato ferroso amoniacal 0,1 -1 mol L (Fe(NH4)(SO4)2.6H2O). Procedeu-se, também, a determinação da MO por calcinação de 1,0 g de amostra de solo. Após secagem em estufa a 120°C para remoção da água, a massa de solo foi levada a 500°C em mufla. Para a determinação do fósforo assimilável, 10,0 g de solo certificado 3 PAQLF da EMBRAPA foi pesado em um erlenmeyer, ao qual adicionou-1 se 100 mL de solução HCl 0,05 mol L para extração. A solução foi agitada e deixada em repouso por uma semana. Uma alíquota de 5,0 mL do extrato foi transferida para uma erlenmeyer contendo 10 mL de solução ácida de molibdato de -1 amônio 30 g L e 30 mg de ácido ascórbico. A solução resultante permaneceu em repouso por uma hora, para desenvolvimento da coloração característica (azulada). As soluções padrão de -1 0,5, 1,0 e 2,0 mg L foram preparadas pela -1 diluição de uma solução padrão de P 50 mg L e alíquotas de 5,0 mL desses padrões diluídos foram transferidas para erlenmeyers, procedendose da mesma forma que para com a amostra. Após o repouso, as soluções dos padrões e da amostra tratadas com molibdato de amônio tiveram sua absorvância determinada em um Espectrofotômetro Micronal B 342 em um comprimento de onda de 566 nm. Resultados e Discussões As técnicas mais comumente empregadas na seleção de soluções extratoras consistem no cultivo de plantas em diferentes solos com teores variados de nutrientes, ou por meio da variação artificial destes com aplicação de diferentes doses dos elementos, correlacionando-os com o teor no solo e com o teor foliar das amostras estudadas. Na escolha do melhor é feito o cálculo de correlação simples entre a matéria seca produzida, o teor do elemento e o seu conteúdo na planta com os teores do solo extraídos pelas diferentes soluções (HAUSER, 1973). No caso do pH, o diagnóstico informará sobre a facilidade ou a dificuldade que terão as plantas para alcançar o nutriente existente ou que será adicionado pela adubação. Os resultados encontrados nesse estudo mostram que não se faz necessário o tempo de repouso de 60 minutos para medição do 15 pH, podendo o mesmo ser reduzido para 15 minutos. A capacidade de troca de cátions (CTC) do solo é definida como sendo a soma total dos cátions que o solo pode reter na superfície coloidal prontamente disponível à assimilação pelas plantas. Neste trabalho, demonstrou-se ser viável a substituição de alguns reagentes mascarantes usados na volumetria de complexação, bem como a correlação entre os resultados obtidos no fotômetro de chama e na análise volumétrica. A extração da matéria orgânica do solo nos laboratórios de rotina de análise de solo normalmente é realizada através da solução sulfocrômica a qual contém dicromato de potássio (ou sódio) e ácido sulfúrico. Esta solução tem sido utilizada devido à propriedade dos seus reagentes em oxidarem as frações orgânicas mais prontamente oxidáveis do solo. Embora o método da solução sulfocrômica apresente uma boa exatidão e precisão, o uso desta solução contribui para a presença do cromo (Cr) nos efluentes laboratoriais, representando um risco à qualidade ambiental e a saúde pública. Considerando os inconvenientes ambientais e os riscos à saúde associada ao uso do Cr, métodos alternativos ao uso do dicromato foram utilizados, destacando-se o método da perda de peso por ignição (PPI) e a calcinação da amostra. A análise do solo é o principal veículo de transferência de informações geradas pela pesquisa sobre adubação de culturas aos produtores. No caso do fósforo (P), a situação é bastante complexa, pela grande variedade de métodos de extração do elemento em uso, o que, de certa forma, é um indicativo da complexidade do comportamento do elemento P no solo. Os métodos de análise de solo mais utilizados procuram, em geral, avaliar preferencialmente o fator quantidade, que é o parâmetro do solo mais importante para explicar a maior parte da variação do efeito de P do solo sobre as culturas (DALAL; HALLSWORTH, 1976). Conclusões Na amostra de solo testada, obteve-se uma correlação significativa entre os valores de matéria orgânica do solo obtido pelo método da solução sulfocrômica (SSC) e o método da perda de peso por calcinação (PPC). Estas variações podem ser atribuídas, entre outros motivos, às diferenças mineralógicas existentes entre as alíquotas da amostra (ou da própria amostragem que, esperase, seja a mais uniforme possível). Enquanto a deoxidrilação de muitos dos silicatos de argila inicia entre 350 a 370ºC, para certos minerais, como a vermiculita, gibbsita, goethita e brucita, a perda de água estrutural geralmente ocorre entre 150 a 250ºC. Os resultado obtidos mostram que o método da PPC superestimou os valores de C do solo, o que pode ser atribuído à perda de água de certos componentes minerais do solo, ou a volatilização de compostos inorgânicos da fase sólida do solo. Embora mais altos, estes resultados indicam que o método da PPC apresenta um potencial razoável para estimar o teor de C do solo em substituição ao método da solução sulfocrômica. Uma característica importante, na seleção de um método de análise de P em solos, é a sua aplicabilidade em diferentes tipos de solos, principalmente no que se refere ao pH. Isto porque é difícil, em laboratórios de rotina, adotar diferentes métodos para grupos de solos com características variáveis. A confiabilidade, representatividade e exatidão do método podem ser avaliadas pelos testes estatísticos, através da técnica de intervalo de 2 confiança em relação à média de r , e, segundo Da Silva e Raij (1999), admite-se como aceitável coeficiente de variação da medida de 20% e o erro permitido de 5% de probabilidade, no teste t de Sstudent. Em todos os casos, os dados obtidos neste trabalho permitiram concluir que as adaptações propostas são viáveis. Referências CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; MATTOS JÚNIOR, D. A análise de solo no Brasil: 19821989. Boletim Informativo Sociedade Brasileira Ciência do Solo, Campinas, v.19, n.3, p.96-112, 1994. DALAL, R.C.; HALLSWORTH, E.G. Evaluation of the parameters of soil phosphorus availability factors in predicting yield response and phosphorus uptake. Soil Science Society of America. Journal, Madison, v.40, n.4, p.541-546, July/Aug. 1976. DA SILVA, F. C., RAIJ, B. van. DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO EM SOLOS AVALIADA POR DIFERENTES EXTRATORES. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.34, n.2, p.267-288, fev. 1999 EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas do Solo (Rio de Janeiro, RJ). Manual de métodos de análise do solo. Rio de Janeiro, 1997. 212 p. HAUSER, G. F. The calibration of soil tests for fertilizer recommendations. Roma:FAO,1973. 71 p. 16 Sistema Computacional para a determinação de propriedades Geométricas de Figuras Planas usando o Teorema de Green Soraia Teixeira Barbosa1, Leandro Loures2, Ricardo Amar de Aguiar3, Carlos Vitor de Alencar Carvalho4 1 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas e da Natureza, Curso de Sistemas de Informação, [email protected] 2 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas e da Natureza, Curso de Engenharia Elétrica, [email protected] 3 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas e da Natureza, Curso de Engenharia Elétrica e Ambiental, [email protected] 4 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas e da Natureza, Curso de Sistemas de Informação e Programa de Mestrado em Educação Matemática, [email protected] Resumo- Este artigo tem como objetivo apresentar o software PROPFIG2D, que pode ser utilizado para a determinação de propriedades geométricas de figuras planas. Em figuras comuns, esses cálculos podem ser bem simples, porém, a generalização do cálculo das propriedades geométricas fica inviabilizada pela representação do domínio de integração, devido ao grau de particularidade exigido para cada figura estudada. Para solucionar este problema, o software contará com uma simplificação do domínio de integração através da aplicação do Teorema Integral de Green. Outra aplicação do sistema desenvolvido é no apoio ao ensino da matemática pois possibilita a construção de figuras planas permitindo aos alunos diversos estudos sobre geometria plana tais como: suas características, formas, simetrias, áreas, perímetros. Palavras-chave: Teorema de Green, geometria plana, propriedades geométricas Área do Conhecimento: Matemática, Matemática Aplicada, Ciência da Computação, Processamento Gráfico Introdução O cálculo das propriedades geométricas de figuras planas (área, momentos de inércia, momentos estáticos da área, produto de inércia, etc) sempre foi uma tarefa básica necessária na área da Engenharia. Matematicamente, tais propriedades podem ser expressas por integrais duplas avaliadas no domínio representativo da figura analisada. Em figuras comuns, o cálculo é bem simples e viável, entretanto, a generalização do cálculo das propriedades geométricas fica inviabilizada pela representação do domínio de integração, devido a particularidade de cada figura estudada. Existem duas soluções para este problema, uma delas é a simplificação do domínio de integração, através do Teorema Integral de Green, onde as propriedades geométricas da figura podem ser calculadas através de integrais de linhas ao longo de seu contorno. A segunda, consiste em subdividir a figura plana em regiões elementares (triângulos, retângulos, círculos, etc.), cujas propriedades geométricas podem ser facilmente tabeladas. Inicialmente, este trabalho adotou como princípio o Teorema Integral de Green, visando uma implementação computacional do mesmo utilizando a linguagem de programação C. Material e Métodos O Teorema de Green é uma ferramenta da Matemática utilizada para o cálculo de áreas de figuras planas limitadas e fechada. Além disso,seu princípio é utilizado para formulação de outros teoremas, como por exemplo o teorema de Stokes e Gauss, suas aplicações são extensas e extremamente úteis nas áreas da física, química, nas engenharias, geologia e etc. (BRAGA, 2005). O Teorema de Green é expresso da seguinte equação: ∂N ∫ M ( x, y)dx + N ( x, y )dy = ∫ ∂x A − ∂M ∂y da O teorema exprime uma integral dupla sobre uma região plana D, em termos de uma integral de linha em torno de uma curva que é fronteira de D, Figura 1. VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 17 Figura 3 – Interface do PROPFIG2D. Figura 1 – Região D analisada e suas fronteiras. (Adaptado de LOURES, 2008) Os passos para definição de uma propriedade geométrica através do Teorema de Green são os seguintes: 1. Aproximar a curva fechada R por segmentos de retas (Figura 2); 2. Parametrização dos segmentos de retas; 3. Aplicação do Teorema. Figura 2 - Aproximação da curva por segmentos de retas. (Adaptado de LOURES, 2008) O PROPFIG2D O software PROPFIG2D apresenta ao usuário uma interface gráfica na qual é possível desenhar e editar uma figura composta por vários segmentos de reta e em seguida calcular suas propriedades. Atualmente ele se encontra na versão 1.1, na qual já é possível calcular todas as propriedades básicas de uma figura plana utilizando os conceitos do Teorema de Green. O objetivo da criação deste software é auxiliar os estudantes da área de Engenharia em seus estudos e ajudar a calcular as propriedades de figuras planas independente do seu grau de complexidade. A Figura 3 mostra a interface do software desenvolvido. A interface do software é dividida em três partes. Do lado esquerdo da tela, está o modo de edição, onde o usuário poderá selecionar as opções para desenhar, alterar a figura, ajustar o tamanho da mesma na tela e escolher o método de desenho da figura, que pode ser feita através do mouse ou do teclado. Se o usuário escolher a opção de entrada pelo teclado, assim que o botão de desenhar linha for acionado, o programa abre uma janela onde vai recebendo as coordenadas das linhas, uma de cada vez, até que a figura seja fechada. Na parte central está a área de desenho. Ela possui uma malha onde cada ponto tem uma coordenada para que o usuário possa se orientar quando estiver desenhando a figura. A posição da malha pode ser modificada na barra superior da tela através do menu de opções onde se encontra o item “Editar Malha”. Do lado direito da tela estão as propriedades da figura. Ao clicar em “Calcular”, o programa calcula as propriedades da figura e exibe na tela. Para a implementação do software foi escolhida a linguagem C com o uso da biblioteca gráfica OpenGL e da biblioteca IUP, ambas livres e multiplataforma. A OpenGL foi escolhida devido á sua portabilidade e grande quantidade de documentação disponível. Esta biblioteca é utilizada em muitas aplicações de Computação Gráfica como jogos e sistemas de visualização. A biblioteca IUP fornece opções para a criação da interface gráfica junto com uma linguagem de especificação de diálogos (LED) que torna este processo bem mais simples, separando o sistema de interface do sistema gráfico e permitindo que a janela tenha a aparência nativa do sistema operacional que estiver sendo usado. Para calcular as propriedades da figuras, o software precisa executar uma série de tarefas. Primeiro é necessário ler as coordenadas dos pontos de cada uma das retas. Essas coordenadas são armazenadas pelo programa e organizadas de forma que o cálculo seja feito no sentido anti-horário, figura 4. Depois de armazenar todas as retas na sequência correta, o software começa a calcular VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 18 cada uma das propriedades. Para cada um dos segmentos são calculados e armazenados os valores da área, dos momentos estático (Qx e Qy) e de inércia(Ixe Iy) e o produto de inércia(Ixy). Com as propriedades de cada reta armazenadas, o software calcula as propriedades da figura e as exibe na tela para o usuário. Resultados Para a execução dos testes, foi utilizada uma figura geométrica em forma de “T” e uma tabela em excel com os seus valores previamente calculados (Figura 4). Essa figura foi novamente desenhada no PROPFIG2D (Figura 5). Os resultados obtidos foram semelhantes aos encontrados na Figura 5, validando desta forma a metodologia de solução usada neste software. adicionadas novas funcionalidades como calcular figuras vazadas e novas ferramentas de desenho, além da correção dos bugs encontrados em sua fase inicial. Outra funcionalidade que está sendo desenvolvida é a da segunda solução do problema apresentado, isto é, a subdivisão da região em pequenas regiões com formas conhecidas para determinação das suas propriedades. Referências Cohen M., Manssour I. H. OpenGL Uma Abordagem Prática e Objetiva. Novatec, 2006 Braga, A. S. Teorema de Green e Aplicação, Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura em Matemática) – Universidade Católica de Brasília, 2005. Levy, C. H. IUP/LED: Uma Ferramenta Portátil de Interface com o Usuário, Dissertação de Mestrado (Mestrado em Informática: Ciência da Computação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 1993. Figura 4 - Modelo usado como base para verificação dos valores Figura 5 – Figura geométrica em forma de T no PROPFIG2D Discussão O PROPFIG2D está em fase final de desenvolvimento, mas pelos resultados alcançados e pela sua facilidade de utilização é possível observar a sua potencialidade de uso tanto na determinação das propriedades de figuras planas nos cursos de engenharia bem como no ensino de matemática. Futuramente serão VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 19 O NÚMERO DE OURO NA SALA DE AULA Elizabeth Mendes de Oliveira [email protected] Universidade Severino Sombra Daiane Gomes Bueno [email protected] Universidade Severino Sombra Resumo: Pretende-se inicialmente com esse estudo fazer uma análise histórica contextual da Geometria no que tange a Proporção Áurea até a descoberta do Número de Ouro. Em seguida propor atividades interdisciplinares e contextualizadas destinadas ao Ensino de Matemática no Ensino Fundamental e Médio, sendo estas desenvolvidas em sala de aula, de maneira que auxiliem a prática de docentes. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo a busca pela significação para que assim as aplicações matemáticas decorrentes do estudo deste número ainda pouco falado nas escolas, tenham realmente compreensão e despertem o prazer dos alunos em estudar os conteúdos matemáticos. Palavras-chave: Número de Ouro, Desenho Geométrico, Interdisciplinaridade e História. 1. Posicionamento do Trabalho De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, o ensino contextualizado e interdisciplinado favorecem a construção do conhecimento, visto que o ensino torna-se mais significativo para o discente quando se estabelece relações entre o objeto do estudo e o meio no qual está inserido. Com este trabalho será possível demonstrar que a Matemática está presente em todo e qualquer ato que temos ou elemento formador. Nesse sentido pretende-se com esta pesquisa sugerir propostas de atividades que auxiliem a prática de docentes em sala de aula por meio do Número de Ouro. Inicialmente esse estudo fará uma análise histórica contextual da Geometria no que tange a Proporção Áurea até a descoberta do Número de Ouro. 2. Aspectos Históricos sobre o Número de Ouro 20 A escola grega de Pitágoras estudou e observou muitas relações e modelos numéricos que apareciam na natureza, beleza, estética, harmonia musical e outros, mas provavelmente a mais importante é a razão áurea, razão divina ou proporção divina. O número de ouro não é mais do que um valor numérico cujo valor aproximado é 1,618. Este número irracional é considerado por muitos o símbolo da harmonia. Se quiséssemos dividir um segmento AB em duas partes, teríamos uma infinidade de maneiras de fazer. Existe uma, no entanto, que parece ser mais agradável à vista, como se traduzisse uma operação harmoniosa para os nossos sentidos. Relativamente a esta divisão, o matemático alemão (ZEIZING,1855), formulou o seguinte princípio: “Para que um todo dividido em duas partes desiguais pareça belo do ponto de vista da forma, deve apresentar a parte menor e a maior a mesma relação que entre esta e o todo." 2.1 Leonardo da Vinci Leonardo da Vinci revela os seus conhecimentos matemáticos em seus desenhos bem como a utilização da razão áurea como garantia de uma perfeição, beleza e harmonia únicas. Representa bem o homem típico da renascença que fazia de tudo um pouco sem se fixar em nada. Um exemplo clássico é a tradicional representação do homem em forma de estrela de cinco pontas, o qual foi inspirado no pentágono regular e estrelado inscrito na circunferência, conforme pode ser observado na Figura 1. Figura 1: Representação do homem segundo Leonardo da Vinci. 21 A Mona Lisa apresenta o retângulo de Ouro em múltiplos locais, o primeiro desenhando um retângulo à volta da face, o retângulo resultante é um retângulo de Ouro; o segundo dividindo este retângulo por uma linha que passa nos olhos, o novo retângulo obtido também é de Ouro e o terceiro, as dimensões do quadro também representam a razão de Ouro. Isto pode ser observado na Figura 2. Figura 2: Mona Lisa de Leonardo da Vinci. 2.2 Fibonacci Leonardo de Pisa (Fibonacci = filius Bonacci) matemático e comerciante da idade média nasceu na Itália por volta de 1175 e ficou conhecido como Fibonacci (filho de Bonaccio). A partir da publicação do livro Líber Abacci , (livro do Ábaco) em 1202, Fibonacci tornou-se famoso, principalmente devido aos inúmeros temas desenvolvidos nesse trabalho. Nele aparecem estudos sobre o clássico problema envolvendo populações de coelhos, o qual foi à base para o estabelecimento da célebre seqüência (números) de Fibonacci. A teoria contida no livro Liber Abacci é ilustrada com muitos problemas que representam uma grande parte do livro. Um dos problemas que está nas páginas 123 e 124 deste livro é o Problema dos pares de coelhos (paria coniculorum): _Quantos pares de coelhos podem ser gerados de um par de 22 coelhos em um ano? Um homem tem um par de coelhos em um ambiente inteiramente fechado. Desejamos saber quantos pares de coelhos podem ser gerados deste par em um ano, se de um modo natural a cada mês ocorre a produção de um par e um par começa a produzir coelhos quando completa dois meses de vida. Como o par adulto produz um par novo a cada 30 dias, no início do segundo mês existirão dois pares de coelhos, sendo um par de adultos e outro de coelhos jovens, assim no início do mês 1 existirão 2 pares: 1 par adulto + 1 par recém nascido. Esse problema aparece esquematizado na Figura 3. 23 Figura 3: Problema Esquematizado dos Coelhos. Tal processo continua através dos diversos meses até completar um ano. Observa-se esta formação no gráfico com círculos, mas também se pode perceber que a seqüência numérica, conhecida como a seqüência de Fibonacci, indica o número de pares ao final de cada mês. 24 3. Como Determinar o Número de Ouro? De uma forma mais simplificada podemos chegar ao número de ouro e para isso vamos utilizar o seguinte processo: Considere o segmento de reta, cujas duas extremidades se denominarão de A e C, e colocando um ponto B entre A e C (neste caso o ponto B estará mais perto de A) de maneira que a razão do segmento de reta menor (AB) para o maior (BC) seja igual à razão do maior segmento (BC) para o segmento todo (AC): A razão entre os comprimentos destes habitualmente por seção áurea. Então, tem-se que segmentos designa-se ( AB ) = (BC ) . (BC ) ( AC ) Pode-se então definir o número de ouro se fizer: AB = y, BC = x e AC = x + y. Fazendo as devidas substituições tem-se a equação do segundo grau x 2 − x − 1 = 0 , resolvendo a equação obtém as soluções x ′ = (1 + 5 ) e x′′ = (1 − 5 ) . 2 2 Tendo em conta que o comprimento de um polígono, nunca poderá ser negativo, será considerada apenas a solução positiva, com isso encontra-se o número de ouro Φ = (1 + 5 ) . 2 4. Onde Encontrar o Número de Ouro? Para exemplificar a presença do Número de Ouro, nas mais diversas áreas de estudo a seguir serão apresentadas algumas das aplicações do número de ouro na natureza e na arquitetura. Os números de Fibonacci podem ser usados para caracterizar diversas propriedades na Natureza. O modo como as sementes estão dispostas no centro de diversas flores é um desses exemplos. A Natureza "arrumou" as sementes do girassol sem intervalos, na forma mais eficiente possível, formando espirais logarítmicas que tanto curvam para a esquerda como para a direita. O curioso é que os números de espirais em cada direção são (quase 25 sempre) números vizinhos na seqüência de Fibonacci. O raio destas espirais varia de espécie para espécie de flor, conforme indicado na Figura 4. Figura 4: Sementes do Girassol. Pode-se encontrar retângulos de ouro associados a numerosas obras de arquitetura tal como o Parthenon, em Atenas ou nas obras do arquiteto Lê Corbusier. Uma das obras de Lê Corbusier aparece ilustrada na Figura 5 onde se pode notar claramente a utilização de retângulos áureos. Figura 5: Unidade de Habitação por Lê Corbusier. 26 5. Conclusão O número de ouro é considerado por muitos estudiosos um símbolo da harmonia. Pode ser encontrado em nosso cotidiano, de forma real e em muitos monumentos históricos. Aparece na natureza, na arte, arquitetura, música e nos seres humanos. Surgiu da necessidade que os antigos tinham de utilizar a contagem como forma matemática para aplicá-las em seus negócios. Fibonacci deu uma grande contribuição à Geometria com a sua descoberta, a qual está relacionada com a solução do problema dos coelhos. Grandes pintores como Leonardo Da Vinci usaram a razão áurea em seus trabalhos. A próxima etapa deste trabalho consiste em propor atividades relacionadas aos conceitos do Número de Ouro baseados no estudo de noções de medida, razão, estimativa, números irracionais, radicais e operações com radicais, tendo como objetivo criar oportunidades para uma aprendizagem significativa. 6. Referências CASTELAN, R et al. A geometria e a natureza. Anais do Graphica 96. Florianópolis, 1996. DOMINGUES, Ivan (Org.). Conhecimento e transdisciplinaridade II: aspectos metodológicos. Belo Horizonte: EdUFMG, 2005. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e Interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? São Paulo: Loyola, 1979. KOPKE, Regina Coeli Moraes. Geometria e desenho na escola: uma visão transdisciplinar. In: Anais do II Congresso Mundial de Transdisciplinaridade. Vila Velha, Vitória, 2005. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Ensino fundamental. Brasília: MEC, 1998. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Ensino médio. Brasília: MEC, 2002. 27 SUGESTÕES PARA O ESTUDO DO CONCEITO DE DERIVADA COM BASE EM SUAS APLICACÕES DO COTIDIANO Elizabeth Mendes de Oliveira [email protected] Universidade Severino Sombra William Baltar Ponciano [email protected] Universidade Severino Sombra Resumo: O objetivo central desta pesquisa está diretamente relacionado com o processo de ensino-aprendizagem da disciplina Cálculo Diferencial e Integral. Sendo analisadas e avaliadas as principais dificuldades apresentadas pelos estudantes na aprendizagem do conceito de derivada. Nesse sentido serão estudadas as diversas aplicações da derivada sobre dois aspectos básicos, o histórico e o geométrico. Além dos importantes papeis na matemática, na física, química, engenharia, tecnologia, ciências, etc. Com o intuito de introduzir essas diversas aplicações nas aulas de cálculo, identificando desta maneira os principais elementos que devem ser levados em conta nas abordagens para a melhoria do ensino desta disciplina. Palavras - chave: Derivada, Cálculo Diferencial e Integral, Historia e Aprendizagem. 1. Posicionamento do Trabalho Tendo como alvo de pesquisa as diversas aplicações do Cálculo Diferencial e Integral, o que se refere ao estudo de derivada foi abordada em especial neste estudo, por entender, que este é um dos conceitos fundamentais da disciplina. A versatilidade do cálculo fez com que ele fosse aplicado a muitas áreas. Nesse sentido, esse trabalho pretende realizar uma pesquisa histórica sobre o surgimento da derivada, em seguida sobre as aplicabilidades do conceito de derivada encontradas nas diversas áreas do conhecimento. 2. Breve Histórico sobre a Derivada A origem da derivada está essencialmente nos problemas geométricos clássicos de tangência, por exemplo, para determinar uma reta que intercepta uma dada curva em apenas um ponto dado. Euclides (cerca de 300 a.C) 28 provou o familiar teorema que diz que a reta tangente a um círculo em qualquer ponto P é perpendicular ao raio em P. Já Arquimedes (cerca de 287-212 a. C) tinha um procedimento para encontrar a tangente à sua espiral e Apolônio (cerca de 262-190 a.C.) descreveu diversos métodos, para determinar tangentes a parábolas, elipses e hipérboles. Mas estes eram apenas problemas geométricos que foram estudados apenas por seus interesses particulares limitados; os gregos não perceberam nenhuma linha em comum ou qualquer valor nestes teoremas. Problemas de movimento e velocidade, também básicos para nosso entendimento de derivadas hoje em dia, também surgiram com os gregos antigos, embora estas questões tenham sido originalmente tratadas mais filosoficamente do que matematicamente. Os quatro paradoxos de Zenon (cerca de 450 a.C.) se apóiam sobre dificuldades para entender velocidade instantânea sem ter uma noção de derivada. Na Física estudada por Aristóteles (cerca de 384 -322 a.C.), os problemas de movimento estão associados intimamente com noções de continuidade e do infinito (isto é, quantidades infinitamente pequenas e infinitamente grandes). O interesse em tangentes a curvas reapareceu no século 17 como uma parte do desenvolvimento da geometria analítica. Pierre Fermat (1601-1665) foi o primeiro a considerar a idéia de uma família inteira de curvas, desenvolveu um procedimento algébrico para determinar os pontos mais altos (máximos) e mais baixos (mínimos) sobre uma curva; geometricamente, ele estava encontrando os pontos onde a tangente à curva tem inclinação zero. Isaac Newton (1642-1727) começou a desenvolver o seu “Cálculo de Flúxions” entre os seus primeiro esforços científicos em 1663. Para Newton, movimento era a “base fundamental” para curvas, tangentes e fenômenos relacionados de cálculo e ele desenvolveu seus flúxions a partir da versão de Hudde do procedimento da dupla raiz. Newton estendeu esta técnica como um método para encontrar a curvatura de uma curva, uma característica que agora sabemos ser uma aplicação da derivada segunda. Gottfried Leibniz (1646-1716) desenvolveu seu cálculo diferencial e integral durante o período entre 1673 e 1676 onde aprendeu o método de Sluse para encontrar retas tangentes a curvas algébricas. Leibniz tinha pouca inclinação para desenvolver estas técnicas e interesse ainda menor em 29 fundamentações matemáticas (isto é, limites) necessárias, mas ele aperfeiçoou as fórmulas modernas e a notação para derivada no seu famoso artigo em 1684 "New methods for maximums and minimums, as well as tangents, which is neither impeded by fractional nor irrational quantities, and a remarkable calculus for them". Aqui está o primeiro trabalho publicado em cálculo e de fato a primeira vez que a palavra “cálculo” foi usada em termos modernos. Agora, qualquer um poderia resolver problemas de tangentes sem ser especialista em geometria, alguém poderia simplesmente usar as fórmulas de “cálculo” de Leibniz. No final do século 18, Lagrange (1736-1813) tentou reformar o cálculo e torná-lo mais rigoroso no seu Theory of Analytic Functions, 1797. Lagrange pretendia dar uma forma puramente algébrica para a derivada, sem recorrer à intuição geométrica, a gráficos ou a diagramas e sem qualquer ajuda dos limites de d'Alembert. Lagrange desenvolveu a principal notação que usamos agora para derivadas e o desenvolvimento lógico de seu cálculo era admirável em outros aspectos, mas seu esforço em prover uma base sólida para o cálculo falhou porque sua concepção da derivada era baseada em certas propriedades de series infinitas as quais, sabemos agora, não são verdadeiras. Finalmente, no início do século 19, a definição moderna de derivada foi dada por Augustin Louis Cauchy (1789-1857) em suas aulas para seus alunos de engenharia. Em seu Résumé of Lessons given at l'Ecole Polytechnique in the Infinitesimal Calculus, 1823, afirmou que a derivada é: “O limite de f (x + h ) − f ( x ) quando h se aproxima de zero”. Cauchy prosseguiu para h encontrar derivadas de todas as funções elementares e dar a regra da cadeia. De igual importância, Cauchy mostrou que o Teorema do Valor Médio para derivadas, que tinha aparecido no trabalho de Lagrange, era realmente a pedra fundamental para provar vários teoremas básicos do cálculo que foram assumidos como verdadeiros, isto é, descrições de funções crescentes e decrescentes. Derivadas e o cálculo diferencial estão agora estabelecidos como uma parte rigorosa e moderna do cálculo 3. Algumas Aplicações do Conceito de Derivada 30 O conceito de derivada está intimamente relacionado à taxa de variação instantânea de uma função, o qual está presente no cotidiano das pessoas, através, por exemplo, da determinação da taxa de crescimento de uma certa população, da taxa de crescimento econômico do país, da taxa de redução da mortalidade infantil, da taxa de variação de temperaturas, da velocidade de corpos ou objetos em movimento, enfim, poderíamos ilustrar inúmeros exemplos que apresentam uma função variando e que a medida desta variação se faz necessária em um determinado momento. Para entendermos como isso se dá, inicialmente vejamos a definição matemática da derivada de uma função em um ponto. Definição: Se uma função f é definida em um intervalo aberto contendo x0 , então a derivada de f em x0 , denotada por f ′( x0 ) , é dada por: f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 ) , se este limite existir, ∆x representa uma ∆x f ′( x0 ) = Lim ∆x → 0 pequena variação em x, próximo de x0 . Para exemplificar a presença do conceito de derivada, nas mais diversas áreas de estudo a seguir serão apresentadas algumas dessas aplicações na área de Ciências Biológicas e em Problemas de Resfriamento, na primeira, temos que a derivada se aplica na pesquisa da taxa de crescimento de bactérias de uma cultura, esta pode ser representada pela equação diferencial dN = kN , dt onde N representa a quantidade de bactérias em dado tempo t e K representa a constante de proporcionalidade. A figura 1 descreve esse crescimento por meio de uma linha de tendência. Em Problemas de Resfriamento onde a taxa de variação de temperatura T (t ) de um corpo em resfriamento é diretamente proporcional a diferença entre a temperatura do corpo e a temperatura constante ambiente, isto é, dT = k (T − Tm ) , dt Tm do meio em que k é uma constante de proporcionalidade. Um exemplo clássico para este problema seria quando um bolo é retirado de um forno e deseja-se saber quanto tempo levará para sua temperatura chegar a um valor aceitável para consumo. 31 4. Conclusão Enfim, é possível perceber que as aplicações presentes representam explicitamente a essência do conceito de derivada, que é a medida da taxa de variação instantânea. Tudo isto possibilita a percepção de que a aplicabilidade do Cálculo Diferencial está diretamente relacionada ao cotidiano, desta forma esse trabalho se propõe a estudar os diferentes problemas encontrados no cotidiano e utilizá-lo como ferramenta auxiliadora nas aulas de cálculo Diferencial e Integral. 5. Referências ANTON, Howard. Cálculo: um novo horizonte. v. 1. Trad. Cyro de Carvalho Patarra, Márcia Tamanaha. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000. HOFMANN, Laurence D.; BRADLEY, Gerald L. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações. Trad. Ronaldo Sergio de Biasi. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. HIMONAS, Alex; HOWARD, Alan. Cálculo: Conceitos e aplicações. Trad. Ronaldo Sergio de Biasi. Rio de Janeiro: LTC, 2005. DAMM, R. F. Registros de Representação – Educação Matemática. EDUC Editorada da PUC-SP. São Paulo, 1999. FUSCO, C. A. S. Um estudo da transposição didática da Derivada. Anais IV Encontro Paulista de Educação Matemática. São Paulo, 1996 GODOY, L. F. S. Registros de Representação da Noção de Derivada e o Processo de Aprendizagem. São Paulo, 2004. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) Departamento de Matemática. Pontifica Universidade Católica de São Paulo. PACHECO, E. R. Um estudo de Atitudes em Relação ao Cálculo Diferencial e Integral, em Estudantes Universitários. São Paulo, 2000. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) Departamento de Matemática. Universidade Estadual de Campinas. PELCZAR Michael. Microbiologia: Conceitos e Aplicações. v.1. 2. ed. Rio De Janeiro: Makrow Books, 1996. 32 POLÍGONOS ESTRELADOS E OS NÚMEROS PRIMOS Douglas Duarte de Souza 1, Aline Lebre X. da Rosa 1, Maria Eduarda Gomes de Castilho 1, Estela Kaufman Fainguelernt 2 1 Universidade Severino Sombra, Bolsistas do Projeto Jovens Talentos - FAPERJ, Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas e da Natureza, GPEMCC, [email protected] 2 Resumo: Este relato é uma das atividades realizadas com alunos do Ensino Básico que participam do projeto “A Análise Matemática Visitando a Escola Básica”, que vem sendo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Educação Matemática, Cultura e Cidadania (GPEMCC), por professores da Universidade Severino Sombra e agora por alunos do Ensino Básico ligados ao Projeto Jovens Talentos, da FAPERJ, onde estamos promovendo a reflexão sobre conceitos pertinentes à Análise Matemática que são aplicados na Matemática desde a Educação Básica. Palavras Chave: visualização, polígono estrelado; número primo, construções Geométricas. Área de conhecimento: Educação Matemática Introdução: Um dos objetivos do Grupo é refletir sobre os conceitos pertinentes a Análise Matemática usada no Ensino Básico, como por exemplo, trabalhar com os números primos na construção ou não de polígonos regulares estrelados. Materiais ou Métodos: Por meio das construções geométricas dos polígonos estrelados utilizando material de desenho auxiliando-os no desenvolvimento do raciocínio espacial possibilitando a reconstrução de conceitos matemáticos, como por exemplo, as noções de polígono regular estrelado, números primos e descobrir que relações podem ser encontradas. se aumentava indefinidamente o número de lados na sua construção. Resultados Parciais: Observamos que os alunos participaram ativamente e resolveram estas atividades com prazer, descobrindo e recordando as noções de múltiplo e divisor. Relacionaram os polígonos regulares, cujo o número de vértices era maior que quatro, com os números primos. Resultados e Discussão: As discussões sobre a maneira de se construir os polígonos estrelados levaram os alunos a descobrirem que quando se aumentava o número de lados dos polígonos inscritos em uma circunferência eles mais se aproximavam da circunferência o que levou um dos alunos a perguntar se a circunferência não era o Limite de inscrição de polígonos regulares quando 33 34 SOFTWARE COMO APOIO AO ENSINO DA MATEMÁTICA 1 2 – orientação; SÁ, Ilydio Pereira de – orientação; COSTA, Luciano 3 4 5 Pecoraro ; VILLELA, Aline Alves ; RIBEIRO, Francisco de Assis PAIVA, Ana Maria Severiano de 1 USS-RJ - [email protected] USS - RJ – CECETEN – [email protected] 3 USS-RJ- [email protected] 4 USS-RJ- [email protected] 5 USS-RJ- [email protected] 2 Resumo. Apresentamos relato de experiência que teve como objetivo o ensino da matemática, com apoio de software. O uso do computador no cotidiano permite ampliação e integração com o conhecimento. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, em especial aqueles direcionados ao Ensino Médio, encontramos a presença das tecnologias em cada uma das áreas do conhecimento, indicando a necessidade de desenvolver habilidades identificadas com as diferentes linguagens em todos os campos do saber. Tecnologias mediam a prática pedagógica oferecendo desafios importantes voltados à produção intelectual, onde o aluno passa a ser produtor de conhecimento e a ação docente dá lugar a relação dialógica que permite ao professor e ao aluno aprender a aprender, num processo coletivo para a produção do conhecimento. Se a Tecnologia apresenta-se como possibilidade de intervir na relação que os sujeitos – alunos e professores – desenvolvem durante o processo de ensino e de aprendizagem, também é verdade que nos defrontamos com desafios e incertezas no processo de ensino-aprendizagem da Matemática. Palavras-Chave: Ensino de matemática. Tecnologias. Universidade. Escola básica. Introdução Este estudo tem como objetivo apresentar reflexões sobre ensino da matemática com apoio de software. Muitos são os estudos que interrogam sobre práticas pedagógicas que valorizam a criatividade, a criticidade. Novos conteúdos, novas metodologias, resignificação das práticas pedagógicas são questões que alimentam o debate sobre formação de professores e tecnologia, dentre eles FREIRE, 1996; ARAÚJO, 2007; CURY, 2000; TARDIF, 2007, 2006; D’AMBRÓSIO, 1986, 2002, 2005, 2006. Uma das demandas que traz desafios aos espaços de formação de professores é o tema das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Sobre este se fala em “mudança no modo de pensar e conviver”, “mudança na forma e no tempo de ensinar e de aprender”. Material e Métodos: Software Régua e Compasso A experiência que apresentamos desenvolveu-se em uma escola do município de Miguel Pereira. Os alunos da primeira turma observada pertencem a uma escola da rede particular de ensino. São em número de oito (8), na faixa etária entre 13 e 15 anos. Ao se fazer levantamento sobre a relação com tecnologia, identificamos que dos oito alunos (8), sete (7) tiveram seu primeiro contato com o computador e internet, na própria casa. Ao se identificar a periodicidade do contato observamos ser diariamente para 50% dos entrevistados. Para 70% deles a utilização maior é para trabalhos escolares e 60% para contatos pessoais. Um outro bloco de perguntas identificou como os alunos observam a relação entre o ensino e a aprendizagem em matemática com a utilização de softwares. Setenta por cento (70%) consideram que “facilita a compreensão do conteúdo”, “acrescenta conhecimento” e “melhora a aprendizagem com uso do software”. Cinqüenta por cento (50%) consideram “que facilita aprender matemática porque descontrai a aula”; 20% consideram que não há interferência. Para abordarmos construções geométricas dos triângulos, das bissetrizes, das retas paralelas e perpendiculares decidimos utilizar o software educativo Régua e Compasso. A opção pela introdução do software se apresentou como alternativa para oferecer aos alunos oportunidade de contato com um programa que envolvesse conteúdos geométricos de forma diferenciada. O programa Régua e Compasso é um software livre que torna possível a construção de pontos, retas paralelas, retas perpendiculares, pontos sobre as retas, semi-retas, círculos, ângulos, além de outros figuras geométricas planas, sendo possível até a utilização de recursos VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 35 que envolvem movimentos de uma determinada função. Também é possível mensurar os valores de ângulos, medidas de comprimentos, áreas e perímetros. O professor pode estimular que seus alunos façam conjecturas, experimentem com o uso do software, confirmem, ou não, hipóteses e, num momento seguinte, façam as demonstrações formais exigidas pela matemática. Como todo software educativo se bem utilizado pode favorecer tanto alunos quanto professores. A aula, utilizando o Régua e Compasso, estimulou nos alunos perguntas como: “Onde e por quem foi desenvolvido?”, “Para que serve?” ou “Tenho condições de baixar o software em casa?”. Discussão Se a Tecnologia apresenta-se como possibilidade de intervir na relação que os sujeitos – alunos e professores – desenvolvem durante o processo de ensino e de aprendizagem, também é verdade que nos defrontamos com desafios e incertezas no processo de ensino-aprendizagem da Matemática: a) Como aprender com tecnologias que vão se tornando cada vez mais sofisticadas, mais desafiadoras?; b) Como não absolutizar ou mitificar as TIC no processo de ensino e de aprendizagem? c) Como formar professores nas Universidades e como formá-los na educação básica, em serviço? Resultados: realizadas apresentando as atividades Uma das aulas observadas tinha como objetivo verificar a aprendizagem do conceito de base média de um triângulo qualquer, considerando conteúdos anteriormente estudados e o conhecimento prévio do software Régua e Compasso. A partir da ferramenta os alunos tinham construído, verificado e comparado as medidas de segmentos relacionadas ao Baricentro e às medianas em um triângulo qualquer. Uma semana antes desta aula, com o uso do software, os alunos construíram, individualmente, com os utensílios clássicos do desenho geométrico, como régua, papel, lápis e borracha, triângulos e trapézios à sua escolha. No início da construção, cada aluno após traçar e registrar as medidas dos lados do triângulo, mediu seus lados utilizando a régua. Após traçarem as medianas, inferiram que a base média do triângulo é formada pela base do triângulo original dividida por dois. Tudo isso se tornou possível de comprovar devido ao fato de utilizarem a régua como material de verificação para tais comprovações. Em um segundo momento, após traçarem uma reta paralela a um dos lados e prolongando a reta da base média do triângulo, os alunos observaram a formação de um outro triângulo adjacente ao já construído anteriormente. Tendo como ponto de partida os desenhos construídos, o professor apresentou desafio aos alunos: O triângulo adjacente ao triângulo original é congruente ao triângulo maior ou ao triângulo menor (formado pela base média)? Para responder a tais indagações, foi muito mais fácil com a utilização do software “Régua e Compasso”. A verificação se tornou muito mais simples e os grupos puderam demonstrar as propriedades da base média de um triângulo, usando casos de congruência de triângulos. Observamos que as metodologias utilizadas – construção com instrumentos tradicionais do desenho geométrico e uso do software – foram importantes para a sistematização do conceito em questão. A utilização do software facilitou a visualização e verificação das propriedades envolvidas, permitindo a revisão de conhecimentos estudados anteriormente e cumprindo fundamental papel na consolidação do conhecimento. A observação das atividades de sala de aula, em que interagiam professor, alunos e pesquisadores possibilitou observar que o uso do software Régua e Compasso contribui para: a) articulação teoria e prática b) visualização do conhecimento ensinado c) intervenção no erro, nas hipóteses formuladas pelos alunos sobre o assunto em questão. A partir do erro o aluno constrói hipóteses sobre o mesmo, iniciando processo de busca do “acerto”. Em relação ao protagonismo do professor observamos que este interage como sujeito que ensina e aprende como aborda Freire (1996). Ao fazer reflexão sobre o uso do programa podemos observar que, por meio do software, as manipulações com materiais concretos, os cálculos, as construções e aplicações contribuíram para que os alunos fortalecessem seus conteúdos no âmbito do conhecimento matemático e computacional. Realizamos diversas outras atividades com o uso do software, explorando outras formas VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 36 geométricas como os quadriláteros e os resultados foram semelhantes: interesse e participação dos alunos; aulas de matemática dinâmicas; alunos que conjecturavam, estimavam, acertavam, erravam e aprendiam com o erro cometido. . REFERÊNCIAS ARAÚJO, Jussara de Loiola. Educação Matemática Crítica. Belo Horizonte, MG:Argumentum, 2007, p. 61-70 BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais para o ensino médio. Brasília, DF: MEC, SEMTEC, 2002, A. CURY, Helena Noronha. A formação dos formadores de professores de Matemática: quem somos, o que fazemos, o que poderemos fazer in. Formação de Professores de Matemática uma visão multifacetada, Porto Alegre:EDIPUCRS, 2000, p.11-27; D’ AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação na idade mídia: a reconfiguração -da escola no espaço urbano. Disponível em http://www.rio.rj.gov.br/sme/destaque/debates.htm. Capturado em 22/02/2006. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Da realidade à ação: reflexões sobre educação e matemática. São Paulo: Sumus; Capinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1986 D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Sociedade, cultura, matemática e seu ensino. In: Revista Educação e Pesquisa, São Paulo. V. 31, p. 99-120, 2005 D'AMBRÓSIO, Ubiratan. Que matemática deve ser aprendida nas escolas hoje? . Teleconferência no Programa PEC – Formação Universitária, patrocinado pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, 27 de julho de 2002. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007, p. 245-276 TARDIF, Maurice; MUKAMURERA, Joséphine. La pédagogie scolaire et lês TIC: l’ enseignement comme interactions, communication et pouvoirs. In Lês technologies de l’ information et de la communication et leur avenir em éducation. 1999, Vol. XXVII, n.2. Disponível em http://www.acelf.ca/c/revue/revulhtml. Capturado em 27/02/2006. VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 VIII ENIC - USS 2009 – CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES DO PROJETO “200 ANOS DESVENDANDO DARWIN E A EVOLUÇÃO” PANZA, Claudiene Gonçalves de Oliveira1, ALVIM, Gilmara Ferreira , FELIPPE, Rafael Santos Rosa, PEREIRA, Sabrina de Barros, PARREIRA, Walquiria da Silva Pedra,CABRAL, Marise Maleck de Oliveira, MELO, Diogo Jorge de, GUIMARÃES, Maria das Graças, 1 Universidade Severino Sombra, CECETEN, [email protected] Resumo - Este trabalho pretende apresentar e divulgar o projeto “200 Anos Desvendando Darwin e a Evolução”, buscando perceber as relações sociais existentes entre os discentes da Universidade Severino Sombra e o Evolucionismo. O projeto iniciado em meados deste ano tem como metodologia a aplicação de um questionário fechado e auto-aplicável em turmas de distintos períodos dos diversos cursos da Universidade Severino Sombra. Foram escolhidos para pré-teste o quarto período de Ciências Biológicas e o sexto período de Teologia. Além disto, este procura auxiliar a pratica docente, principalmente os que lecionam disciplinas que possuem a evolução como paradigma, e divulgando e despertando o interesse sobre o tema. Palavras-chave: Charles Darwin, Neodarwinismo, Evolução, Pesquisa de Público, Educação. Área do Conhecimento: Biologia Geral. Introdução Várias instituições nos últimos anos vêm prestando homenagens a Charles Darwin, como as exposições temporárias do American Museum Natural History, que chegou ao Brasil via Instituto Sangari e as comemorações do “Darwin Day” - 12 de fevereiro - dia do nascimento do naturalista (Melo et all, 2008). Essas homenagens se intensificaram neste ano (2009), quando de duas datas importantes e relacionadas a Darwin - os seus 200 anos de nascimento e os 150 anos da publicação do livro “A Origem das Espécies”. Cabe destacar que as comemorações estão sendo marcadas internacionalmente por intensas e polêmicas discussões entre evolucionistas e criacionistas, encontrando-se principal assunto de conflito a teoria sobre o “Design Inteligente”. Com todas as comemorações e polêmicas fazse notória a presença e o engajamento dos cursos de Biologia e áreas afins em defesa do Neodarwinismo, motivando ainda mais os eventos comemorativos. Seguindo um pouco desse caminho, os Cursos de Ciências Biológicas, Biomedicina e Engenharia Ambiental da Universidade Severino Sombra (USS), estão iniciando um projeto de pesquisa a ser realizada entre o corpo discente dos diferentes cursos de graduação da USS. Em princípio, a abordagem de qualquer assunto sobre Evolução, principalmente o termo, representa para muitos indivíduos, independente da formação, um assunto controverso e de difícil aceitação. A diversidade de cursos, a grande representatividade dos municípios do entorno e a representatividade de outras regiões do país existentes na USS, proporciona uma amostra dos conhecimentos e opiniões dos futuros profissionais sobre a evolução biológica. Dentre os objetivos deste projeto, encontra-se a identificação da relação social dos discentes da universidade com as teorias evolucionistas. Tal estudo se propôs a conhecer, analisar e divulgar os conhecimentos e idéias, daquele corpo discente, a respeito de Charles Darwin, o criacionismo e o darwinismo, enriquecendo os debates junto à comunidade acadêmica, da qual faz parte, e a divulgar aos pares e à sociedade os avanços e o nível de conhecimentos evolucionistas considerado um dos suportes a maiores e amplas percepções a toda e quaisquer áreas do saber. Conseqüentemente este trabalho, destina-se a apresentar as ideologias iniciais do projeto “200 Anos Desvendando Darwin e a Evolução” e a metodologia a ser aplicada. Material e Métodos A abordagem de qualquer assunto sobre Evolução torna-se demasiadamente delicada por permear limites éticos, que este projeto pretende respeitar. Conseqüentemente, a metodologia apresentada busca se adequar a essa questões, pensando principalmente na aceitação da pesquisa pelos discentes. Há de se ratificar ter sido este projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da USS. VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 37 Dentre os diversos cursos, escolheram-se para um pré-teste os alunos do quarto período de Ciências Biológicas e do sexto período de Teologia, contando-se na participação da pesquisa inicial com 31 (trinta e um) universitários. Depois do pré-teste o questionário vai ser aplicado em outros cursos e períodos, restringindo-se no Curso de Ciências Biológicas a avaliação a alunos que ainda não cursaram a disciplina de “Evolução”, a acontecer no sétimo período daquele curso. Contudo, como método avaliativo do projeto foi escolhido o uso de um questionário fechado, autoaplicável, a ser entregue aos alunos em sala de aula por monitores do projeto. O questionário possui nove questões abordando conhecimentos adquiridos durante a trajetória escolar sobre Charles Darwin e idéias evolucionistas; de pesquisa de opinião e conhecimentos sobre as idéias evolucionistas; sobre a origem da diversidade dos seres vivos; sobre a evolução do homem; além da sondagem sobre a significância da Teoria da Seleção Natural para os conhecimentos específicos dos cursos que realizam. O questionário/pesquisa contou com duas opções de respostas; e, uma questão aberta sobre os conhecimentos que possuem sobre a Teoria da Seleção Natural e os trabalhos de Darwin. Resultados Encontrou-se entre os 100% dos participantes da pesquisa, tanto do curso de Ciências Biológicas como do curso de Teologia, um conhecimento prévio de Charles Darwin, adquirido ao longo da trajetória escolar. Entre os alunos de Ciências Biológicas, 82%. e entre dos alunos de Teologia, 79%, responderam “sim” para terem presenciado a mídia abordar assuntos sobre Charles Darwin durante os anos de 2008 e 2009. Para o item “tem conhecimento sobre as idéias evolucionistas”, 100% dos participantes dos dois cursos pesquisados, responderam positivamente. Os resultados obtidos para o “acreditar em idéias evolucionistas” representam 92,8% dos alunos do Curso de Teologia e 79,6 %, dos alunos do Curso de Ciências Biológicas, que dizem acreditar em tais idéias. Os dados obtidos demonstram se considerarem “criacionistas” 59% dos participantes do Curso de Ciências Biológicas e 21% dos alunos do Curso de Teologia. Considerando-se “evolucionistas” encontramos 41% dos biólogos e 79% dos teólogos, participantes da pesquisa. Obteve-se, para a “origem da diversidade entre os seres vivos”, entre os futuros biólogos, 53% se dizendo evolucionista e, 47%, criacionista; entre os futuros teólogos, foram encontrados 72% se posicionando como evolucionistas, 21% como criacionistas e 7% que se omitiram. Para a significância da Teoria da Seleção Natural nos conhecimentos dos cursos que realizam, os graduandos dos Cursos de Ciências Biológicas, 100%,e de Teologia, 86%, informaram que “sim”; e, 14% dos alunos de Teologia não se posicionaram. Discussão Em geral dos estudantes do Curso de Ciências Biológicas se espera compreensão e credibilidade para com a Teoria da Seleção Natural e os demais conceitos evolucionistas, em virtude de uma formação acadêmica que deve sustentar-se nos avanços dos conhecimentos da biologia evolutiva. Por outro lado, a formação dos estudantes de Teologia, não se baseando em pressupostos da biologia evolutiva, há de apoiarse na dialética do criacionismo, em virtude da maior influência dos conceitos do cristianismo no ocidente. No pré-teste da pesquisa, realizada junto aos dois cursos – Ciências Biológicas e Teologia -, constituintes do grupo escolhido de vinte e um (21), entre os vinte e sete (27) cursos oferecidos pela Universidade Severino Sombra, foram obtidos dados que diferem da visão do esperado, onde a maioria dos futuros biólogos deveria ser evolucionistas e a maioria dos futuros teólogos ser criacionista. O posicionamento dos estudantes sobre conhecimentos e assuntos relacionados a Charles Darwin se ratificou na atenção da divulgação pela mídia, nos anos de 2008 e 2009, de assuntos associados ao naturalista, como era esperado a partir das comemorações veiculadas. Nos cursos participantes deste estudo preliminar constatou-se ter acontecido durante o ano letivo de 2009, a abordagem de assuntos, sobre o autor da teoria da origem das espécies, o que evidencia a existência do debate sobre o mesmo, aqui independente do tipo de credibilidade ou significado que possa lhe ser atribuído. Pode-se inferir, a partir dos resultados obtidos para o item “tem conhecimento sobre as idéias evolucionistas”, que a dicotomia evolucionismo/ criacionismo tem sido apresentada aos estudantes. Não se pode identificar a discussão em sala de aula como o fator determinante da credibilidade às idéias evolucionistas, pois chama a atenção os resultados obtidos diferirem do esperado, onde a maioria dos alunos do Curso de Teologia diz acreditar em idéias evolucionistas, em um percentual maior do que entre os alunos do Curso de Ciências Biológicas, que dizem acreditar nas mesmas. Ao longo da pesquisa, à medida que se aprofundou e limitou os posicionamentos dos VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 38 alunos, verificou-se maior divergência ao esperado, para a “origem da diversidade entre os seres vivos”, por serem os futuros biólogos equânimes entre ser evolucionista e ser criacionista, enquanto entre os futuros teólogos, a maioria, três vezes e meia a mais, se diz evolucionista em contraposição aos criacionistas, mesmo se registrando a omissão ocorrida. A dicotomia evolucionista/criacionista, frente à concepção da “evolução do homem”, apresentou dessemelhança aprofundada ao ser constatado se considerarem “criacionistas”, em frequência muito maior, os alunos do Curso de Ciências Biológicas do que entre os alunos do Curso de Teologia. Estes se apresentando como portadores de conceituações evolucionistas, tornam evidendentes, consequentemente, uma inversão nos resultados, pois há o dobro de teólogos evolucionistas em relação a biólogos “evolucionistas”. Se considerados os dois cursos inicialmente pesquisados, em conjunto, constatase a maioria dos alunos se posicionando como “evolucionistas” para a explicação sobre a evolução do homem. A significância da Teoria da Seleção Natural para os Cursos de Ciências Biológicas e de Teologia pelos representantes dos cursos pesquisados foi reconhecida pela maioria dos alunos participantes, indicando uma possível abertura para outros questionamentos. O projeto “200 Anos Desvendando Darwin e a Evolução” ainda se encontra em sua fase de gestação, pois se iniciou em meados de 2009, pretendendo buscar mecanismos para a sondagem do que pensa a sociedade sobre o Evolucionismo. No primeiro corte de estudos encontram-se os discentes da Universidade Severino Sombra em Vassouras. Contudo, o projeto busca contribuir para a prática em sala de aula de docentes que atuem em disciplinas dos cursos de graduação que possuam as teorias evolutivas como paradigmas, destacando-se as disciplinas de Evolução, Geologia e Paleontologia e Geologia. O projeto inclui, durante o desenvolvimento, a divulgação e o despertar de interesses sobre a personalidade que foi o Naturalista Charles Darwin e a influência das teorias evolutivas nas diferentes áreas do conhecimento. GOULD, Stephen Jay. Darwin e os Grandes Enigmas da Vida. São Paulo: Martins Fontes, 1999. MELO, Diogo Jorge de, MORAIS, Silvilene de Barros Ribeiro & MONÇÃO, Vinicius de Moraes. Atividade pedagógica realizada a partir da exposição "Darwin - O homem e a teoria revolucionária que mudou o mundo", IV Jornada Fluminense de Paleontologia, UNIRIO, 2008. MEYER, Diogo & EL-HANI, Charbel. Evolução o sentido da biologia, São Paulo: UNESP, 2005. Referências DARWIN, Charles. Viagem de um Naturalista ao redor do Mundo: África, Brasil e Terra do Fogo, Porto Alegre: L&PM Pocket, v.1, 2009a. _________ Viagem de um Naturalista ao redor do Mundo: Andes, Ilhas Galápagos e Austrália, Porto Alegre: L&PM Pocket, v.1, 2009b. VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 39 BROMELIA ANTIACANTHA APRESENTA TOXIDADE PARA ONCOPELTUS FASCIATUS 1 2 FERNANDA CRISTINA CARVALHO DOS SANTOS , ANA PAULA DE ALMEIDA , MARISE MALECK DE 1 OLIVEIRA CABRAL 1 Laboratório de Insetos Vetores e Curso de Ciências Biológicas/CECETEN/Universidade Severino Sombra, Vassouras, RJ, Brasil. [email protected]; [email protected]. 2 Laboratório de Estudo Químico e Farmacológico de Produtos Naturais -LAEQUIFAR/Universidade Severino Sombra, Av. Exp. Oswaldo de Almeida Ramos, 280, Vassouras, RJ e CEQOFFUP/CEQUIMED, Universidade do Porto, Porto, Portugal. [email protected]. Resumo: As substâncias de plantas são consideradas grandes auxiliares na compreensão dos sistemas ecológicos e o homem vem investigando a sua utilização na saúde e na agricultura, fazendo das plantas fontes de produtos no controle de doenças e pragas. Bromelia antiacantha é uma espécie terrestre nativa da Mata Atlântica, e sua utilização na medicina popular é descrita desde a década de 40, apresentando propriedades antihelmínticas, antitussígenas e no tratamento de cálculos renais. No intuito de avaliar a bioatividade desta bromeliácea, foram obtidos extratos e frações de suas folhas, e os bioensaios foram realizados por tratamento oral nas ninfas de Oncopeltus fasciatus. O extrato bruto de B. antiacantha apresentou atividade antimuda e as suas subfrações mostraram toxidade para o Hemiptera O. fasciatus, indicando que o gravatá é uma planta com possível potencial inseticida. Palavras-chave: Bromelia antiacantha, metabólitos secundários, Oncopeltus fasciatus, inseticidas naturais de plantas, Mata Atlântica. Área do Conhecimento: Grande área: Ciências Biológicas / Área: Parasitologia / Subárea: Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores Introdução As plantas, diferentemente dos animais, não possuem sistemas imunológicos para enfrentar certas situações adversas (HAMMOND-KOSACK & JONES, 2000) e sua exposição a fatores ambientais e agentes biológicos (fungos, bactérias, vírus, nematóides, insetos e herbívoros), faz com que possuam defesas de natureza química (metabolismo secundário) que se protejam de uma maneira geral (PINTO et al., 2002). As substâncias produzidas por plantas através de metabolismo secundário podem apresentar atividades biológicas diversas. Os enfoques explorados para o controle de insetos são vários, destacando-se entre eles, as atividades inseticida, repelentes, inibidora de alimentação, e até atraente para os insetos. O Brasil é o país com maior potencial para pesquisa com espécies vegetais, pois detém a maior e mais rica biodiversidade do planeta, distribuída em seis biomas distintos. (NOLDIN et al., 2006). Até o momento, ainda não se conhece quase nada sobre a composição química de 99,6% das plantas de nossa flora, estimadas entre 40 mil a 55 mil espécies (MING, 1996). Além disso, uma grande quantidade de compostos secundários das plantas medicinais já isolados e com estrutura química determinada ainda não foi estudada quanto suas atividades biológicas (DI STASI, 1996). Da família Bromeliaceae com 60 gêneros e mais de 1400 espécies, destaca-se Bromelia antiacantha Bertol (Bromeliaceae), espécie terrestre conhecida como gravatá, é uma planta nativa da Mata Atlântica do Sul do Brasil (CORREA, 1984). Esta bromeliácea é utilizada na medicina popular no tratamento de tosses, bronquites, aftas, e usada no tratamento de cálculos renais (REITZ, 1983). No intuito de verificar os efeitos dos extratos de B. Antiacantha em insetos utilizou-se como modelo experimental Oncopeltus fasciatus (Dallas, 1852) (Hemiptera: Lygaidae). Como outros Hemípteros que atacam folhas, os ligaidíneos nelas determinam o aparecimento de pequenas manchas cloróticas nas partes picadas pelo rostro e, em conseqüência destas lesões, as folhas secam e morrem (BEST, 1977). O. fasciatus são insetos fitófagos freqüentemente vistos sugando Asclepias curassavica (Leguminosidae) e outros vegetais de importância agrícola. A necessidade de novas moléculas para o desenvolvimento de inseticidas eficientes, específicos e menos tóxicos, tem estimulado o interesse às pesquisas das fontes vegetais com métodos menos impactantes ao meio ambiente para o controle de pragas. 40 Objetivo O objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência dos extratos e frações obtidas de B. antiacantha sobre o desenvolvimento de O. fasciatus, e no controle populacional de insetos. Material e Métodos As folhas de B. antiacantha foram maceradas com metanol originando o extrato bruto metanólico (290 mg) originou a uma subfração solúvel (SC; 123 mg) e outra insolúvel (IC; 87,6 mg). Os bioensaios foram realizados por uso oral em ninfas de 5º estádio de O. fasciatus de uma colônia mantida no Laboratório de insetos vetores/ USS. Foram utilizados grupos de 20 ninfas em triplicatas e três repetições. O extrato bruto e a subfração SC foram dissolvidos em acetona, e a subfração insolúvel MEOH em etanol. Os controles compreenderam grupos com e sem adição do solvente de diluição. Posteriormente, o extrato bruto e as subfrações foram diluídas em solução salina (1:3), e adicionadas à água da dieta (ml) dos insetos nas concentrações de 50, 100 e 200 µg/ml. Após os tratamentos, os insetos foram mantidos em câmara climatizada a 24º ± 1ºC e 75% ± 10 % UR, com dieta normal, sementes de girassol e água, e observados durante 15 dias, quanto ao desenvolvimento, mortalidade e durante 35 dias quanto à reprodução. Os dados foram analisados pelo teste de Tukey. Resultados O tratamento oral com o extrato bruto metanólico resultou em 50% (3 ± 0,6) (P < 0, 001) de inibição da ecdise (200 µg/ml) e 60% de mortalidade de ninfas. O mesmo tratamento com a subfração de clorofórmio não apresentou inibição da muda, mas estendeu o período de seu desenvolvimento. A mesma subfração apresentou 57% de toxidade para as ninfas, 45% de mortalidade de adultos e com a redução de sua longevidade. A subfração metanólica também apresentou toxidade de 47% para as ninfas de O. fasciatus. insetos fitófagos. (Fomento: FUNADESP e FAPERJ). FUSVE/USS, Referências BEST, R. L. The milkweed bug. Carolina Tips, 40: 13, 1977. CORREA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, v.1, 1984. DI STASI, L. C. Química de produtos naturais: principais constituintes ativos. In: DI STASI,L.C. (Ed.). Plantas Medicinais: Arte e Ciência – Um Guia de Estudos Multidisciplinar. São Paulo: Ed. Universidade Paulista. p.109-127, 1996. HAMMOND-KOSACK, K.; JONES, J. D. G. Responses to plant pathogens. In: BUCHANAN, B.B.; GRUISSEM, W.; JONES, R.L. Biochemistry & molecular biology of plants. Rockville : American Society of Plant Physiologists, p.1102-1156, 2000. MING, L. C. Coleta de Plantas medicinais. In: Plantas Medicinais: Artes Ciência. Um guia de estudo Interdisciplinar. L. C. Di Stasi .(Org.) São Paulo Editora da UNESP. p. 69-86, 1996. NOLDIN, V. F., ISAIAS, D. B., FILHO, V. C. GÊNERO Calophyllum: IMPORTÂNCIA QUÍMICA E FARMACOLÓGICA. Quim. Nova, 29 (3): 549-554, 2006. PINTO, A., SILVA, D.H.S., BOLZANI, V.S., LOPES.P., EPIFANO, R.A. Produtos Naturais: atualidades, desafios e perspectivas. Química Nova, 25: 45-61, 2002. REITZ, R. Bromeliáceas e a malária – Bromelia endêmica. Flora Ilustrada Catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, 856p. 1983. Discussão Os dados acima indicam que a atividade de inibição da muda presente no extrato bruto de B. antiacantha não se repete nas subfrações testadas neste estudo, devendo ser necessárias testar outras subfrações. A toxidade desta planta sobre as ninfas do inseto está presente no seu extrato bruto e nas suas subfrações (metanólica e clorofórmio) possibilitando que o gravatá possa ser uma fonte de substâncias ativas no controle de 41 SUBSTÂNCIA PICANTE DAS PIMENTAS INIBE A ECLOSÃO DE OVOS EM INSETOS BIANCA DA SILVA SOARES1, MASSUO JORGE KATO2, MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL3 1 Curso de Ciências Biológicas/CECETEN e Laboratório de Insetos Vetores/Universidade Severino Sombra, Vassouras, RJ. [email protected]; [email protected] Laboratório de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. [email protected]. 2 Resumo: Amidas são substâncias responsáveis pelo princípio picante das pimentas e com propriedades tóxicas sobre várias espécies de insetos. Este estudo buscou avaliar a bioatividade da amida P1 sobre o inseto Hemiptera Oncopeltus fasciatus Dallas 1852, que demonstrou interferir sobre a reprodução dos insetos. Estes dados incentivam o estudo mais específico de suas propriedades visando sua utilização no controle de insetos. Palavras-chave: Oncopeltus fasciatus, Piper scutifolium, Hemiptera, produtos naturais de plantas, amidas. Área do Conhecimento: Grande área: Ciências Biológicas/Área: Parasitologia/Subárea: Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores Introdução: Amidas são substâncias que constituem o principal grupo de metabólitos das Piperáceas. Piper scutifolium Jack (Piperaceae) espécie vegetal encontrada nas regiões tropicais e subtropicais, com indicações fitoterápicas na medicina popular (PARMAR et al., 1997). Estas substâncias possuem considerável potencial quanto a atividade biológica (NAVICKIENE et al., 2000), como inseticidas sobre várias espécies de insetos (PAULA et al., 2000; PARK et al., 2002; ESTRELA et al., 2003). Diante das perdas de produção provocadas pelo ataque dos insetos, o produtor agrícola se depara com a necessidade de recorrer a diversos métodos de controle como o controle biológico, genético e cultural, além das táticas convencionais. Todavia, a contínua utilização do controle químico com praguicidas não seletivos, sem a rotação de produtos, pode causar desequilíbrios como a eliminação de insetos benéficos, explosões populacionais de pragas, e principalmente, a perda de eficácia e inseticidas mediante a seleção de populações resistentes aos compostos químicos (KAY & COLLINS, 1987; GUEDES & FRAGOSO, 1999). Oncopeltus fasciatus (Hemiptera: Lygaidae), é considerado inseto experimental para o estudo de bioatividade e da interação parasito-vetor (BEST, 1977; ANDRÈ, 1934) e são vistos sugando vegetais de importância agrícola (ANDRÈ, 1934; BEST, 1977). O inseto em estudo tem como hospedeiros naturais Crithidia acidophili, Leptomonas oncopelti, L. walacei, e os tripanossomatídeo Phytomonas elmassiani responsável pelos prejuízos em culturas importantes como café, coco e dendê (ALVES e SILVA, 2007). Material e Métodos A amida P1 foi isolada das folhas de P. scutifolium (MARQUES et al. 2007), dissolvida em acetona e diluída em solução salina em diferentes concentrações de 1, 10 e 100µg. Os bioensaios foram realizados com 10 ninfas de 5º estádio de O. fasciatus da colônia do laboratório de insetos vetores/USS, utilizando tratamento tópico e oral, em triplicatas e com três repetições, incluindo os controles com e sem adição do solvente de diluição. No tratamento tópico a substância foi aplicada no abdômen (µg/µl), e no tratamento oral (µg/ml) foi adicionada à água da dieta dos insetos. Após os tratamentos, os insetos foram mantidos em BOD a 27 ºC e 25% UR e observados durante 30 dias. Resultados Os tratamentos tópico e oral (100µg) apresentaram baixa mortalidade (14 - 20%) de ninfas e de (6 - 18%) de adultos. O tratamento tópico resultou em 39,7 ± 14,2 de postura de ovos quando comparados ao controle (97 ± 43), e com 100% de inibição da eclosão. O tratamento oral mostrou 35,3 ± 30,6 de postura de ovos com apenas 21 % de viabilidade quando comparados ao grupo controle (56 ± 13,8). Discussão 42 A baixa toxicidade da amida para o Hemiptera é corroborada com os bioensaios com as moscas Lucilia cuprina e Musca domestica (BARBIERI JUNIOR et al., 2007) e com testes em formigas cortadeiras (CASTRAL et al., 2001). Mas, em contrapartida, as amidas apresentaram atividade inseticida para Spodoptera frugiperda (MIYAKADO et al.,1989). Diversos trabalhos afirmam o efeito tóxico dos extratos de diferentes espécies de Piper, como sobre o coleóptera bicudo – do algodoeiro com 98% de mortalidade de larvas (MIRANDA et al., 2002). Estes resultados necessitam de estudos mais aprofundados quanto ao tipo de tratamento vs atividade da amida P1 sobre o Hemiptera principalmente sobre a inibição da eclosão de ovos de O. fasciatus. (Fomento: FUSVE/USS, FUNADESP,PIBIC/USS). Referências ALVES e SILVA, T. L. Caracterização parcial de atividade proteolítica celular e extracelular de Phytomonas serpens contra proteínas de glândulas salivares do inseto vetor Oncopeltus fasciatus. ESPAÇO SIGMA. UFRJ – FOCO, 24/06/2007. ANDRÉ, F. Journal of Science, 9: 73-88, 1934. BARBIERI JUNIOR, E., BARRETO JUNIOR, C.B., RIBEIRO, R. C., OLIVEIRA, V. H. S., LIMA, M. E. F., MOYA-BORJA, G. E. Efeito inseticida de amidas naturais de Piper e do derivado sintético tetraidropiperina sobre Lucilia cuprina (Diptera: Calliphoridae) e Musca domestica (Diptera: Muscidae). Rev. bras. Parasitol. Vet., 16 (2): 87-91, 2007. BEST, R. L. The milkweed bug. Carolina Tips, 40: 13, 1977. CASTRAL, T. C., CORREA, A. G., FERNANDES, J. B., PEREIRA, L. G. B., BUENO, O. C., PAGNOCCA, F. C., VICTOR, S. R., LEONARDO, A. M. C., DIETRICH, C. R. R. C. Avaliação da atividade biológica de amidas derivadas do ácido 3, 4-metilenodioxicinâmico sobre insetos e fungos. In: IX CIC - Congresso de Iniciação Científica da UFSCar, São Carlos. CD, 2001. ESTRELA, J. L. V.; GUEDES, R. N. C.; MALTHA, C. R. A.; FAZOLIN, M. Toxicity of piperine amide analogs to larvae of Ascia monuste orseis Godart (Lepidoptera: Pieridae) and Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae). Neotropical Entomology, 32 (2): 343-346, 2003. GUEDES, R. N. C. & FRAGOSO, D. B. Resistência a inseticidas: Bases gerais, situação e reflexões sobre o fenômeno em insetos - praga do cafeeiro. In L. Zambolim (ed.). I Encontro sobre produção de café com qualidade. Viçosa, UFV, 259p, 1999. KAY,I. R. & P. J. COLLINS. The problem of resistance to insecticides in tropical insects pests. Insect Sci. Apllic. 8: 715-721, 1987. MARQUES, J. V., KITAMURA, R. O., LAGO, J. H., YOUNG, M. C., GUIMARÃES, E. F., KATO, M. J. Antifungal amides from Piper scutifolium and Piper hoffmanseggianum. J. Nat. Prod. 70: 2036–39, 2007. MIRANDA, J. E., OLIVEIRA, J. E. M., ROCHA, K. C. G., BORTOLI, S. A., NAVICKIENE, H. M. D., KATO, J. M., FURLAN, M. Potencial inseticida do extrato de Piper tuberculatum (Piperaceae) sobre Alabama argillacea (Huebner, 1818) (Leptoptera: Noctuidae). Rev. Bras. Ol. Fibros. 6 (2): 557-563, 2002. MIYAKADO, M., NAKAYAMA, I., OHNO, N. Insecticidal unsaturated isobutylamides: from natural products to agrochemical leads. In: J. T. Amason, B.J. R. Philogenie & P. Morand (eds). Insecticides of plan origin. ACS symposium series 387, Am. Chem. Soc., New York, 320p., 1989. NAVICKIENE, H. M. D., ALÉCIO, A. C., KATO, M. J., BOLZANI, V. S., YOUNG, M. C., CAVALHEIRO, A. J., FURLAN, M. 2000: Antifungal amides from Piper hispidum and Piper tuberculatum. Phytochemistry, 6: 621626, 2000. PARK, I. K.; LEE, S. G.; SHIN, S. C.; PARK, J. D.; AHN, Y. J. Larvicidal Activity of Isobutylamides Identified in Piper nigrum Fruits Against Three Mosquito Species. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 50: 1866-1870, 2002. PARMAR, V. S.; JAIN, S. C.; BISHT, K. 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Expedicionário Oswaldo de Almeida Ramos, 280, 27700.000, Vassouras, RJ, e CEQOFFUP/CEQUIMED, Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4050-045 Porto, Portugal. [email protected]. Resumo: No intuito de avaliar atividade biológica de Cecropia catharinensis, da região sul fluminense, sobre insetos fitófagos foi realizado bioensaios com a fração metanólica sobre as ninfas de Oncopeltus fasciatus (Hemiptera: Lygaidae). Esta fração resultou na redução da ovipostura de fêmeas previamente tratadas e na inibição da eclosão dos ovos de O. fasciatus. A fração metanólica apresentou toxidade para ninfas e adultos do Hemiptera. Estes dados sugerem a necessidade da purificação desta fração na busca da substância ativa de C. catharinensis no controle de insetos vetores. Palavras-chave: Cecropia catharinensis, produtos naturais de plantas, Oncopeltus fasciatus, controle de vetores, inseto fitófago. Área do Conhecimento: Grande área: Ciências Biológicas/Área: Parasitologia/Subárea: Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores. Introdução O gênero Cecropia (Urticaceae) possui cerca de 60 espécies descritas com ampla distribuição na América Latina. No Brasil, onde são conhecidas popularmente como embaúba, imbaúba ou umbaúba, as espécies deste gênero pode ser encontrado nas regiões Norte (Floresta Amazônica), Centro-Oeste, bem como no Sudeste e Sul (Mata Atlântica) (PIO CORRÊA, 1978; BERG & ROSSELLI, 2005). A importância do gênero em países como o Brasil, México, Argentina e Paraguai não está relacionada somente na sua amplitude de distribuição, mas também pelos seus diversos usos na medicina popular. Na busca de substâncias ativas de plantas, a medicina popular pode ser fonte de importantes informações. Dados da literatura revelam a existência de uma maior probabilidade de se encontrar atividade biológica em plantas orientadas pelo seu uso na medicina popular do que em plantas escolhidas ao acaso (CECHINEL FILHO & YUNES 1998). A Cecropia catharinensis é utilizada popularmente no tratamento de combate à asma, pressão alta e inflamação, diurético e antiespasmódico, bronquite e cardiotônica (SIMÕES et al., 1998; FENNER et al., 2006). Insetos normalmente são utilizados como cobaias para expandir o conhecimento em diversas áreas da ciência, como a genética, histologia, fisiologia, morfologia e evolução (FEIR 1974). Assim como FEIR (1974), neste estudo utilizou-se Oncopeltus fasciatus Dallas (Hemiptera: Lygaidae) como modelo experimental, pois apresenta ciclo curto, requer pouco espaço e é grande o suficiente para ser observado facilmente (BEST 1977). O. fasciatus é um inseto de hábito migratório, que se distribui por uma ampla área geográfica, a qual se estende da região central e Sul dos Estados Unidos da América (EUA), passa pelo México e chega ao Brasil (revisto por FEIR, 1974). Na natureza, diversas são as famílias de plantas onde este inseto se alimenta. No entanto, é visto com maior freqüência se alimentando em plantas da família Asclepiadaceae (revisto por FEIR, 1974). Objetivo O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial da fração metanólica obtida do extrato bruto metanólico de C. catharinensis sobre o desenvolvimento de O. fasciatus, na busca de uma nova estratégia de controle populacional de insetos. Material e Métodos C. catharinensis foi coletada no Hospital Eufrásia Teixeira Leite no município de Vassouras no Estado do Rio de Janeiro no ano de 2006. A exsicata foi feita, classificada por CARAUTA, J. P. e depositada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O material vegetal seco e pulverizado foi extraído com metanol, em uma relação igual a 10 44 1 % no LAEQUIFAR/USS, a técnica utilizada para a obtenção dos extratos foi a maceração exaustiva. Os extratos foram filtrados em funis de vidro, utilizando o algodão como barreiras físicas, e secas em evaporador rotatório, ou ainda em placa de aquecimento, com agitação provocada por barra magnética, e sob temperatura controlada. O extrato seco obtido foi codificado como extrato bruto metanólico (EBM). Uma pequena amostra do extrato seco foi tratada com clorofórmio. A porção solúvel foi filtrada e seca e codificada como fração solúvel de clorofórmio (77mg), e a parte insolúvel foi filtrada com metanol e obtida a fração metanólica (89mg). Os bioensaios foram realizados por tratamento oral sobre ninfas de 5º estádio de O. fasciatus de uma colônia do Laboratório de insetos vetores/ USS. Os tratamentos foram realizados adicionando a fração metanólica na água da dieta das ninfas nas concentrações de 10, 50 e 100µg/ml, e os controles com e sem adição do solvente de diluição. Todos os experimentos foram realizados em triplicatas e três repetições. Após os tratamentos, os insetos foram mantidos em câmara climatizada a 24º ± 1ºC e 75% ± 10 % UR, com dieta normal e observados durante 15 dias, quanto ao desenvolvimento, mortalidade, e durante 35 dias quanto à reprodução. Os dados foram analisados pelo teste de Tukey. Resultados O tratamento oral com a fração metanólica de C. catharinensis resultou em uma alteração no período de desenvolvimento das ninfas (6,1 ± 2,3) quando comparados ao controle (8,1 ± 2,2), na mortalidade de 33% (P< 0,05) de ninfas e em 45% (P< 0,05) de mortalidade de adultos, mas não mostrou atividade antimuda. As fêmeas tratadas previamente (5º st) tiveram a postura de ovos reduzida (25,6 ± 3,5) (P< 0,01) quando comparadas aos controles (146,6 ± 52,1 e 98,6 ± 49,2), e em nenhuma das concentrações testadas neste estudo, apresentaram eclosão dos ovos. catharinensis. Estes dados confirmam a possibilidade da presença de uma substância que esteja interferindo no sistema reprodutor das fêmeas do Hemiptera, e possa no futuro ser utilizada no controle da população de insetos. (Fomento: FUSVE/USS, PIBIC/UUS,FUNADESP). Referências BERG, C. C., ROSSELLI, P F. Cecropia, Flora Neotropica/The New York Botanical Garden, New York, 2005. BEST, R. L. The milkweed bug. Carolina Tips, 40: 13, 1977. CECHINEL FILHO, V., YUNES, R. A. Estratégias para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. Conceitos sobre modificação estrutural para a otimização da atividade. Quím. Nova 21: 99-105, 1998. FEIR, D. Oncopeltus fasciatus: a research animal. Ann. Rev. Entomol. 19: 81-96, 1974. PIO-CORREA, M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, v.1, 1984. SIMÕES, C. M. O., MENTZ, L. A., SCHENKEL, E. P., IRGANG, B. E., STEHMANN, J. R. Plantas da medicina popular do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto Alegre, pp. 97, 1998. FENNER, R., A. H. BETTI, L. A. MENTZ, S. M. K. RATES. Rev. Bras. Ciênc. Farm. 42: 369-94, 2006. Discussão Estudos prévios com o extrato bruto metanólico de C. catharinensis demonstrou 30% de mortalidade de ninfas, redução da ovipostura e 100% de inibição da eclosão dos ovos de O. fasciatus. A sua partição na subfração metanólica e com o mesmo tipo de tratamento, adicionando a subfração na dieta dos insetos corroboram com a atividade tóxica de 33% da planta sobre as ninfas, e intensificam a toxidade, com a taxa de 45% de mortalidade de adultos. Mas, a principal e eficiente atividade cabe a inibição da ovipostura e na inviabilidade dos ovos de O. fasciatus quando suas ninfas são tratadas previamente com C. 45 INVESTIGAÇÃO DE LARVAS DE Aedes aegypti NO MUNICÍPIO DE VASSOURAS, REGIÃO SUL FLUMINENSE. 1 1 1 RENATA FRAGA PINHEIRO , SIMONE PEREIRA ALVES , MARIANA DE OLIVEIRA CONSTÂNCIO , 1 1 DIEGO TONE TELLES , SEBASTIÃO CLEBSON DE MACEDO ANUNCIAÇÃO , MARISE MALECK DE 1 OLIVEIRA CABRAL 1 Curso de Ciências Biológicas/CECETEN e Laboratório de Insetos Vetores/Universidade Severino Sombra, Av. Expedicionário Oswaldo de Almeida Ramos, 280, 27700.000, Vassouras, RJ. [email protected].; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]. Resumo: Vassouras apresenta uma população de 32.495 habitantes. Entre junho de 2008 e maio de 2009 iniciou-se este estudo visando contribuir para o levantamento da presença de Aedes aegypti no município de Vassouras, RJ. O Ae. aegypti é o mosquito transmissor da dengue e da febre amarela urbana. Com sua alta capacidade de adaptação convive facilmente no ambiente urbano, demonstrando que os hábitos humanos favorecem sua incidência. Este estudo levantou as formas imaturas do mosquito em oito pontos determinados do limite da zona urbana em direção à zona rural. Os resultados mostraram positividade de Ae. aegypti em todos os pontos analisados. Palavras-chave: Aedes aegypti, Diptera, Levantamento populacional, Culicidae, Ecologia de mosquitos. Área do Conhecimento: Grande área: Ciências Biológicas/Área: Zoologia/Subárea: controle populacional de animais. 46 Introdução: O número de municípios brasileiros nos quais tem sido assinalada a presença de Aedes aegypti L. 1762 (DIPTERA: CULICIDAE) (NEVES & SILVA, 1989; REY, 1992), vetor da dengue e da febre amarela, tem aumentado rapidamente nos últimos anos. O mosquito Ae. aegypti é um mosquito cosmopolita com hábito diurno, na natureza nutrem-se de néctar de flores e suco de frutos que são essenciais para a sobrevida de muitas espécies. Contudo, o repasto sangüíneo feito pelas fêmeas dos mosquitos autógenos é imprescindível para a maturação dos ovos. A fêmea faz sua postura após cada repasto sangüíneo. Grande parte da dificuldade de controle deste vetor se deve a sua extraordinária competência na busca e na escolha de locais preferenciais para oviposição. O Ae. aegypti mostra capacidade de se propagar nos mais variados tipos de criadouros e, seguramente, existe ligação entre os depósitos e os hábitos de armazenagem de água de cada população. A atividade humana e seus hábitos propiciam a criação dos criadouros preferenciais para suas larvas em recipientes como pneus, latas, vidros, vasos, lagos artificiais, piscinas e aquários abandonados (CONSOLI & LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1994). A pesquisa visou contribuir para o levantamento das larvas de A. aegypti no município de Vassouras, onde se propõe atenção dos órgãos de saúde para evitar o aumento do vetor e de uma possível epidemia da doença na região. Propondo um controle mais efetivo dos depósitos e focos do vetor da dengue. Material e Métodos O estudo foi realizado no município de Vassouras, localizado na região do Médio Paraíba no Estado 2 º do Rio de Janeiro. Este município possui 552 km e 32.495 habitantes (IBGE, 2009), a 22 24’14”S e º 43 39’ 45’’W, 434m de altitude, clima mesotérmico úmido, associado à Floresta Temperada Úmida, com temperatura média anual de 16ºC a 28ºC. Para este levantamento as áreas de estudo foram selecionadas de acordo com os locais pré determinados pela Divisão de Vigilância Sanitária do município, como o de maior incidência de larvas. Estes pontos foram monitorados com o uso de armadilhas de pneus (com água e capim) e foram estabelecidos com a finalidade de implementar medidas de vigilância e controle de Ae. aegypti. As coletas foram semanais nos oito pontos, entre o período de junho/2008 a maio/2009. Após a coleta, as larvas foram acondicionadas em tubos de vidro contendo álcool 70% para o Laboratório de Insetos Vetores/USS para a identificação e contagem. A identificação dos espécimes foi realizada pela observação direta dos caracteres morfológicos evidenciáveis ao estereoscópico e ao microscópio de luz transmitida utilizando a chave dicotômica proposta por FORATTINI (2002). Dentre os espécimes coletados, apenas Ae. aegypti e o Ae. albopictus foram notificados como foco positivo. Os dados foram analisados através de ANOVA. Resultados Os resultados identificaram 8021 larvas de insetos, sendo 2200 (27,4%) de Ae. aegypti. Dos pontos positivos, uma área localizada no centro urbano apresentou 37% (68 ± 52), e outra situada na periferia do município 24% de larvas (44 ± 46). A presença das formas imaturas foi mais significativa nos meses de janeiro (56 ± 57) (21%), novembro (45 ± 44) (16%) e março (43 ± 48) (16%) indicando a relação temperatura vs umidade. Discussão Os resultados encontrados apontam alguma relação direta da presença de larvas com os aspectos de saneamento básico. Uma das conseqüências esperadas do presente estudo era a definição de critérios para permitir a priorização das atividades de vigilância e controle do mosquito. O encontro de maiores níveis de presença de larvas ocorridos em dois pontos (um urbano e um rural) mostra que essas áreas deverão ser priorizadas. Estes pontos são espaços utilizados no armazenamento de material de descarte e significativamente associados aos índices de positividade. A outra questão seria investigar se há algum tipo de estrutura de dependência espacial na população de mosquitos, como sugere GETIS et al. (2003) e MORRISON et al. (2004). Os estudos continuam em andamento no nosso laboratório/USS, e espera-se que os resultados deste levantamento possam nortear fatores na priorização das atividades de vigilância e controle das larvas em determinadas áreas urbanas do município. (Fomento: FUSVE/USS, FUNADESP). 47 Referências CONSOLI, R. A. G. B. & LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, R. Principais Mosquitos de Importância Sanitária no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1994. FORATTINI, O.P. Culicidologia Médica. Identificação, Biologia, epidemiologia. Ed. Universidade de São Paulo, Brasil. Vol.2, 864pp, 2002. GETIS A, MORRISON AC, GRAY K, SCOTT TW. Characteristics of the spatial pattern of the dengue vector, Aedes aegypti, in Iquitos, Peru. Am J Trop Med Hyg. 69 (5): 494-505, 2003. MORRISON AC. ASTETE H. CHAPILLIQUEN F, RAMIREZ-PRADA C, DIAZ G, GETIS A, et al. Evaluation of a sampling methodology for rapid assessment of Aedes aegypti infestation level in Iquitos, Peru. J Med Entomol. 41 (3): 502-10, 2004. NEVES, D. P., SILVA, J. E. Entomologia Médica: comportamento,captura, montagem. COOPEMED, 112p, 1989. REY, L. Bases da Parasitologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 349p, 1992. 48 DADOS PRELIMINARES DO ESTUDO DA BIOATIVIDADE DE NAFTOQUINONAS SOBRE INSETOS VETORES 1 2 SUMARA MOREIRA LEAL LACERDA DE ARAUJO , JOSÉ MARIA BARBOSA FILHO , 1 MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL 1 Curso de Ciências Biológicas/CECETEN e Laboratório de Insetos Vetores/Universidade Severino Sombra/USS, Vassouras, RJ, Brasil. [email protected]; [email protected]. 2 Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil. [email protected]. Resumo: Produtos naturais de plantas têm sido extensivamente usados como medicamentos desde os tempos antigos. Naftoquinonas são substâncias do metabolismo secundário de plantas e conhecidas por suas propriedades anticancerígenas dentre outras, e freqüentemente encontradas em várias espécies de plantas da família Bignoniaceae. A substância teste foi isolada de Tabebuia aurea, ipê amarelo, da região norte e nordeste do Brasil. Este estudo pretendeu avaliar a bioatividade da naftoquinona sobre o Hemiptera Oncopeltus fasciatus, na busca de um produto natural de planta no controle de insetos vetores. Palavras-chave: Produtos Naturais, Tabebuia aurea, Oncopeltus fasciatus, Naftoquinonas, insetos vetores. Área do Conhecimento: Grande área: Ciências Biológicas/Área: Parasitologia/Subárea: Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores Introdução A planta Tabebuia aurea (Bignoniaceae), ipê amarelo ou caraibeira, conhecida pelos índios, pela ação febrífuga, diurética e antiinflamatória de sua casca amarga (BRAGA 1960). Extratos de suas folhas mostraram atividade inseticida contra a largata Spodoptera frugiperda, praga do milho, talvez pela presença do alcalóide carobina (GARCEZ et al., 2008) Além dos alcalóides, as naftoquinonas são descritas como principais constituintes do gênero Tabebuia da família Bignoniaceae por serem freqüentes e algumas vezes abundantes em várias espécies deste gênero (OLIVEIRA et al., 1990). Estas substâncias vêm apresentando atividades anticancerígena, antiinflamatória, analgésica, antimicrobiana, e agindo contra os transmissores da dengue esquissostomose e malária (BARBOSA-FILHO et al., 2004, 2006; OLIVEIRA et al, 2005, VILLELA et al., 2005). Plantas possuem substâncias especiais (metabolismo secundário) que as protegem de outras plantas, insetos fitófagos e herbívoros predadores de uma maneira geral (PINTO et al., 2002). A fim de verificar as atividades biológicas das naftoquinonas em insetos, utilizou-se como modelo experimental Oncopeltus fasciatus (Dallas, 1852) (Hemiptera: Lygaidae) que freqüentemente são vistos sugando Asclepias curassavica (Leguminosidae) (BEST, 1977). Objetivo O objetivo deste estudo foi avaliar a ação das naftoquinonas isoladas de T. aurea sobre O. fasciatus, inseto fitófago, na busca de um produto natural no controle de insetos vetores. Material e Métodos A naftoquinona foi isolada de T. aurea (BARBOSA-FILHO et al., 2004) e posteriormente dissolvida em acetona: DMSO (1:3) em diferentes concentrações. Os bioensaios foram realizados com tratamento tópico com ninfas de 5º estádio de O. fasciatus de uma colônia mantida no Laboratório de insetos vetores/USS. O tratamento tópico consistiu na aplicação da substância no abdômen das ninfas nas concentrações de 10, 50 e 100µg/ninfa. Os testes foram realizados com grupos de 10 ninfas em triplicatas e três repetições, e os controles compreenderam grupos sem adição dos solventes de diluição. Após os tratamentos, os insetos foram mantidos em câmara climatizada a 24º ± 1ºC e 75% ± 10 % UR, com dieta normal, sementes de girassol e água, e observados durante 15 dias, quanto ao desenvolvimento e mortalidade, e durante 35 dias quanto à reprodução e longevidade dos adultos. Os dados foram analisados pelo teste de Tukey. Resultados Os resultados preliminares com o tratamento tópico com a naftoquinona obtida de T. áurea mostraram uma taxa de 30 a 40% de mortalidade de ninfas, e de 10 a 14% de mortalidade de adultos de O. fasciatus em todas as concentrações testadas. Nestes primeiros ensaios todos os insetos tiveram uma ecdise acima de 49 90% e uma quantidade de ovos próximo do grupo controle (89 a 211 ovos). Discussão De acordo com os primeiros ensaios a naftoquinona não mostrou atividade antimuda, e também não inibiu a postura de ovos em fêmeas tratadas previamente com a substância. Mas, a atividade tóxica foi significativa, apresentando percentuais próximos de 40% de mortalidade de ninfas. Em testes com Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis a naftoquinona já foi descrita como apresentando atividade antimicrobiana (BARBOSA-FILHO et al., 2004). O estudo da toxidade e da bioatividade da naftoquinona sobre O. fasciatus continua em andamento em nosso laboratório, a fim de avaliar seus efeitos sobre o inseto fitófago. (Fomento: FUSVE/USS, FUNADESP). Química Nova 13: 302, 1990. PINTO, A., SILVA, D.H.S., BOLZANI, V.S., LOPES.P., EPIFANO, R.A. Produtos Naturais: atualidades, desafios e perspectivas. Química Nova, 25: 45-61, 2002. VILLELA, T; ANDRADE, B. S. B. de; MELLO; U.; NORD, N; SILVA, F. A. C.; REIS, S. L. A., Plantas medicinais e tóxicas.2000 .Disponível em: http://www.cpap.embrapa.br/agencia/cpngresso/Bi oticos/VILLELA-070pdf. Referências BARBOSA-FILHO, J. M.; CAMARA, C. A.; SILVA, T. M. S.; GIULIETTI, A. M.; SOARES, M. B. P.; SANTOS, R. R. Processo de síntese da 3-iodoalfa-lapachona e usos como imunomodulador, antimicrobiano e antiinflamatório. Revista da Propriedade Industrial 1843, referente ao PI 0403686-7. 2006. BARBOSA-FILHO, J. M.; LIMA, C. S. A.; ALMEIDA, J. R. G. S.; SILVA, M. S.; AGRA, M. F. Botanical study, phytochemistry and antimicrobial activity of Tabebuia aurea. Phyton - International Journal of Experimental Botany, 53: 221 - 228, 2004. BEST, R. L. The milkweed bug. Carolina Tips, 40: 13, 1977. BRAGA, R. 1960. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. Fortaleza: Imprensa Oficial, 1960 .540 p. GARCEZ, S. W., GARCEZ, R. F., ZANELLA, P. F. D., RODRIGUES, R. S., COUTINHO, V. G. Revista agrária, 1 (1): 133-144, 2008. OLIVEIRA M. F. de; MATTOS, M. C. de; BRAZFILHO, R. Oximas do lapachol. Disponível em :http://www.sbq.org.br/ranteriores/23/resumos/085 9-1/. OLIVEIRA, A. B., RASLAN, D. S., MIRAGLIA, M. C., MESQUITA, A. A. L, ZANI, C. L; FERREIRA, D. T., MAIA, J. G. S. Análise de naftoquinonas em extratos brutos de raízes de Zeuheria Montana M. 50 Levantamento preliminar da Entomofauna como bioindicadores em Fragmento de Floresta Atlântica no Município de Miguel Pereira, RJ. RAMOS, P. T.¹, ALMEIDA, S. E.² e CASSINO, P. C. R.³ 1 – Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Severino Sombra, Vassouras – RJ, Bolsista IC- FAPERJ. E-mail: [email protected]. 2 – Engenheiro Agrônomo Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. 3 – Professor Titular Doutor da Universidade Severino Sombra, Vassouras – RJ. E-mail: [email protected]. . . Área do conhecimento: Ecologia Aplicada. Resumo O estudo realizado no Fragmento de Floresta Atlântica, localizado no Município de Miguel Pereira, RJ, objetiva registrar o levantamento da Entomofauna como bioindicadores, através de “pitfall”, distribuídos em quatro pontos distantes 100 m entre eles. Após as coletas, foram separadas e identificadas as seguintes ordens: Isoptera (0.3%), Orthoptera (4.4%), Hemiptera Heteroptera (0.3%), Coleoptera (16.3%), Diptera (18.2%) e Hymenoptera (57.8%). Na ordem Coleoptera, destacaram-se as famílias Staphylinidae (64%) e Scarabaeidae (33,3%), Lymexilidae (2%) e Chrysomelidae (0.7%). Desta maneira possui um grau satisfatório de biodiversidade, caracterizando que os insetos podem ser utilizados como instrumentos denominados bioindicadores. 1 – Introdução As florestas tropicais são conhecidas por sua alta biodiversidade, (Wilson 1992), contudo estão crescentemente sujeitas a perturbações antropogênicas (Fearnside 1999 e Skole & Tucker 1993). O processo de perda de habitat e fragmentação está intimamente ligado (Laurence & Bierregaard 1997), podendo afetar diretamente o número de espécies e o tamanho das populações, pois interferem nas interações bióticas (p. ex. competição e predação) (Holt 1977). Dentre vários grupos animais, os insetos têm sido alvo de muitos estudos, com o objetivo de inventariar e encontrar subsídios para que não apenas se conheça a sua diversidade, mas também sirva de apoio para a avaliação de condições ambientais (Humphrey et al. 1999). Muitos trabalhos restringiram-se a estudar unicamente os besouros, não apenas na busca de informações sobre a diversidade, mas também na possível utilização da ordem como indicadora ambiental (Marinoni & Dutra 1997, Didhan et al. 1998). Segundo Lunz e Carvalho (2002) e Gallo et al. (2002), os insetos são os agentes biológicos mais abundantes e importantes na natureza, onde nos ecossistemas de vegetação utilizam várias fontes de alimento para suprir suas energias. Tendo isto em vista, este presente estudo objetivou o levantamento e inventariamento preliminar da população de entomofauna presente em um pequeno fragmento urbano de Mata Atlântica, que sofrera e ainda sofre efeitos da ação antrópica e ainda assim persiste apresentando graus de recuperação. 2 – Materiais e Métodos O estudo foi realizado num fragmento de Floresta Atlântica, localizada próximo ao centro do Município de Miguel Pereira, estado do Rio de Janeiro, com cerca de 618m do nível do mar, na propriedade do Summer Garden, Bairro Summerville, cercada por áreas habitadas e limítrofes à área rural. As coletas de insetos foram realizadas, no período compreendido de Julho a outubro de 2008, que abrangeu o final do outono, onde a precipitação pluviométrica fora bem reduzida 51 e as temperaturas já estavam baixas; o período de inverno, frio e com muito pouca umidade; e até meados da primavera, quando começam as chuvas e as temperaturas encontravam mais elevadas. O Município encontra-se na região Serrana do Vale do Médio Paraíba, a uma latitude próxima de 22°26’00’’ Sul e longitude 43°28’00’’oeste, distante da capital, Rio de Janeiro, aproximadamente 120 km por rodovia (RJ-125 e BR 116), uma região degradada pela ação do Homem, mas que ainda existe uma cobertura vegetal remanescente que ano a ano vem recuperando-se. Para a captura dos insetos foram utilizadas armadilhas do tipo “Pitfall”, distribuídas em quatro pontos no interior do transecto, separadas aproximadamente 100m entre elas, onde fora colocada uma armadilha por ponto de coleta. Cada ‘pitfall’ era feito de plástico, de formato cilíndrico, como altura de 15 cm e diâmetro de 10 cm, em seu interior, colocada uma solução de água, detergente e formol, para evitar a fuga do espécime coletado e sua posterior conservação até o recolhimento das armadilhas. Após serem colocados os ‘Pitfalls’, uma bola de gaze era embebida numa solução de fezes humanas recentes e água, para simular o odor de fezes mamíferas, como atrativo para o inseto. Esta bola de fezes era pendurada numa haste de vergalhão em forma de “L” invertido, a aproximadamente 5 cm do solo. As armadilhas permaneciam instaladas no interior da mata por 48 horas ininterruptas. Após este período, as armadilhas foram recolhidas e levadas para o Laboratório de Bionomia de Insetos (LABIN), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRuralRJ), onde o material biológico fora triado, identificado e catalogado. Foram realizadas quatro coletas por ponto (uma a cada mês), totalizando 16 coletas durante todo o período. 3 – Resultados e Discussão Realizado este estudo preliminar, como resultado geral numérico para a população da entomofauna do fragmento, pode-se citar a presença das seguintes ordens: Blattodea, com 2,7% de presença nas coletas; Isoptera como 0,3%; Orthoptera com 4,4%, valendo ressaltar que eram espécimes ainda na sua forma jovem; Hemíptera Heteroptera com 0,3%; Coleoptera com 16,3%; Díptera com 18,2%; e Hymenoptera com 57,8%, onde todos os representantes desta ordem eram pertencentes à Família Formicidae. Totalizando, foram coletados 704 espécimes, onde a primeira coleta foi a de maior expressão, com 48,7% dos indivíduos, seguida da quarta coleta, com 29,5%, terceira coleta com 17% e por fim e com menor expressão, a segunda coleta com participação de 4,8% dos indivíduos. Dando ênfase a Ordem Coleoptera, alvo do estudo, estiveram presentes quatro Famílias: Scarabaeidae, com freqüência relativa de 33,3% da coleta; Staphylinidae, com 64%; Lymexilidae, com 2% e Chrysomelidae, com 0,7%. Partindo destes resultados preliminares, pode-se constatar que a presença de insetos da Ordem Coleoptera, principalmente das Famílias Staphylinidae (64%) e Scarabaeidae (33,3%), caracteriza uma biodiversidade satisfatória, levando-se em consideração seus hábitos alimentares, matéria orgânica em decomposição e fezes de mamíferos. Cabe ressaltar que a identificação das espécies coletadas ainda é necessária, para podermos ter resultados satisfatórios para qualificarmos a qual grupo de mamíferos são pertencentes às fezes que subsidiam a permanência dessa população de coprófagos no fragmento e assim, termos um melhor dimensionamento do grau de recuperação deste ambiente. Outro aspecto a ser levado em consideração é a presença significativa da Família Formicidae (representou 100% das coletas da Ordem Hymenoptera). Partindo desta análise, enquanto o número de insetos capturados na primeira coleta (Julho/2008) era baixo, ocorreu uma significativa presença de formigas (Hymenoptera - Formicidae), o que pode vir a deduzir ter ocorrido uma correição durante o período de coleta no ponto 1, pois dentre os demais pontos amostrados, apenas foram coletadas formigas neste referido ponto. Todavia, excluindo-se o ponto 1, da primeira coleta, a freqüência de formigas 52 acompanhou o numero de insetos capturados nos demais meses, mostrando a existência de uma interferência climática, onde em meses de temperaturas baixas e ausência de chuvas e umidade, a freqüência de insetos torna-se menor e aumenta de forma gradual com a elevação das mesmas taxas. Desta maneira, o crescente número de coleoptera necro/coprófagos está ligado ao aumento de umidade do solo, que proporciona uma facilitação dos processos de decomposição da matéria orgânica disposta, realizada em parte, também por estes agentes. 4 – Conclusão Preliminarmente, conclui-se que o ambiente avaliado apresenta um grau de conservação e/ou recuperação devido à presença da diversidade da entomofauna apresentada, com uma ênfase à presença dos coleopteros coprófagos, visto que, tal presença pode indicar que o ambiente estudado abriga ou, ao menos, é local de passagem para grupos de mamíferos e para tal mérito, o local precisa deter condições básicas para a manutenção destes animais, representando assim, um estado de conservação, valendo ressaltar, é claro, que ainda é necessária a identificação de quais grupos seriam estes de passagem pelo fragmento. Desta maneira, o Fragmento de Mata Atlântica estudado possui um grau de destaque quanto a sua biodiversidade, caracterizando que os insetos podem ser utilizados como um dos instrumentos denominados Bioindicadores na avaliação de impactos para o estudo e gestão ambiental sustentáveis, embora que para uma avaliação mais precisa e obtenção de dados mais consistentes, o período para a realização de um levantamento desta entomofauna deve ser ampliado para uma maior abrangência da sazonalidade durante todo um ciclo, assim obtendo-se dados mais confiáveis. (Fomento: FUNADESP/USS) 5 – Referências Bibliográficas DIDHAN, R. K.; LAWTON, J. H., HAMMOND, P. M.; EGGLETON, P. Trophic Structure Stability and extinction dynamics of beetles (Coleoptera) in tropical Forest fragments. Philosophical Transactions of Royal Society of London 353:437-451, 1998. FEARNSIDE, P.M. Biodiversity as an environmental service in Brazil’s Amazonian forest: risks, value and conservation. 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O presente estudo se constitui num instrumento para se detectar a percepção sobre os problemas ambientais entre estudantes de um estabelecimento de educação básica da rede particular de ensino de Paraty, RJ. Trata-se de um estudo descritivo de natureza prospectiva com informações levantadas por intermédio de uma ficha-questionário. Das 43 fichas analisadas, cerca de 48,84% pertenciam a estudantes que residiam no município de Angra dos Reis e 51,16% no município de Paraty, local sede do estabelecimento de ensino. Foi questionado aos estudantes o que considerariam impacto ambiental em uma listagem de 15 itens; sendo a poluição das águas e corte e queimada de árvores os mais votados com 95,34% do total. Com relação à existência da Estação Ecológica de Tamoio, somente 39,54%, afirmaram conhecer a unidade. Apesar de serem dados preliminares, estes apontam para a necessidade de um trabalho maior de divulgação sobre a Estação Ecológica de Tamoios, tendo em vista sua importância no contexto regional, por ser uma fonte inesgotável para atividades de pesquisa e exemplo de preservação de recursos naturais. Pode-se também verificar que a percepção sobre os impactos está presente, tendo em vista que na listagem dos 15 itens todos de certa forma foram assinalados. Sendo os mais votados, os que normalmente são relatados como impactos por outras populações em situações semelhantes. 1. Introdução A percepção, sobre os problemas e questões ambientais é essencial para o planejamento de ações e medidas ligadas à prática de Educação Ambiental. Tratase de um viés importante no delineamento de ações que contribuam, para reduzir ou prevenir impactos ambientais de natureza antrópica. O presente estudo se constitui num instrumento para se detectar a percepção sobre os problemas ambientais entre estudantes de um estabelecimento de educação básica da rede particular de ensino de Paraty, RJ. Trata-se de um das etapas do projeto de pesquisa intitulado PAE (Projeto de avaliação e educação ambiental) desenvolvido em parceria com a Estação Ecológica de Tamoios. A Estação, criada pelo decreto federal 98.864/90 está localizada na Baia da Ilha Grande, nos municípios de Angra dos Reis e Paraty ( RJ ) e encontra-se sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Estações ecológicas são unidades de conservação de proteção integral, ou seja, são áreas onde os ecossistemas devem estar livres de alterações causadas pelo homem, de acordo com a Lei 9985/00. 54 Tamoios e 39,54% responderam que sim, contra os 60,46% não. Finalmente, foi 2. Metodologia Trata-se de um estudo descritivo de natureza prospectiva com informações levantadas por intermédio de uma fichaquestionário. A ficha continha questões objetivas e foi aplicada entre estudantes de um estabelecimento de educação básica da rede particular de ensino de Paraty, RJ. Para tal, cada estudante, encaminhou primeiramente, ao responsável o termo de consentimento livre esclarecido, caso o estudante fosse autorizado a participar o mesmo era encaminhado à Coordenação do referido estabelecimento. Os estudantes autorizados, pelos responsáveis a participarem da pesquisa, receberam a ficha-questionário para ser respondida. O questionário foi aplicado no decorrer da primeira quinzena do mês de agosto de 2009 e foi recolhido no dia 26 de agosto do mesmo ano. A pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Severino Sombra. 3. Resultados Foram analisadas 43 fichasquestionário, sendo 62,79% respondidas por meninas e 37,21% por meninos, os estudantes faziam parte de turmas dos 6º, 7º, 8º e 9º anos do ensino fundamental e 1º, 2º e 3º anos do ensino médio. 48,84% dos alunos residiam no município de Angra dos Reis e 51,16% no município de Paraty, local sede do estabelecimento de ensino. Foi perguntado aos alunos se sabiam ou se já tinham ouvido falar em Educação Ambiental, sendo que 37,21% responderam não e 62,79% sim. Foi perguntado também se sabiam da existência de Estação Ecológica de questionado aos estudantes o que consideraria impacto ambiental em uma listagem de 15 itens, sendo neste caso a poluição das águas e corte e queimada de árvores os mais votados com 95,34% do total. A tabela I apresenta os percentuais das respostas dadas pelos estudantes, quando indagados sobre impactos ambientais. Tabela I. Registro de respostas sobre os itens considerados impactos ambientais, entre estudantes de um estabelecimento de educação básica da rede particular de ensino de Paraty, RJ. Impacto Falta de água Aumento de pombos, ratos e insetos Poluição das águas Poeira Esgoto a céu aberto Fumaça de cigarro Lixo a céu aberto Fumaça de chaminés de indústrias Enchentes Faixas e cartazes nas ruas Fumaça de veículos automotores Contaminação do solo Trânsito intenso Corte de árvores e queimadas Extinção e espécies animais e vegetais Considerações Finais Percentual de indicações 48,83 27,90 95,34 25,58 93,02 55,81 90,69 83,72 41,86 6,97 83,72 90,69 23,25 95,34 93,02 55 Pode-se também verificar que a percepção sobre os impactos está presente, tendo em vista que na listagem dos 15 itens todos foram assinalados. Sendo os mais votados, os que normalmente são relatados como impactos por outras populações em situações semelhantes. Apesar de serem dados preliminares, estes apontam para a necessidade de um trabalho maior de divulgação sobre a Estação Ecológica de Tamoios, tendo em vista sua importância no contexto regional, por ser uma fonte inesgotável para atividades de pesquisa e exemplo de preservação de recursos naturais. Sendo portanto um exemplo em relação à medidas mitigadoras que mantenham a biota natural em condições sustentáveis. 56 INVENTÁRIO DE CIRRIPEDIA (CRUSTACEA, MAXILLOPODA) DOS COSTÕES ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA ESC TAMOIOS, RJ 1 2 3 Amanda Brasil Coelho , Philippe Machado Pontes da Silva , Tereza Aparecida Ferreira , Fabiana 3 4 Bilio Barreto , Vania Filippi Goulart Carvalho Pereira 1 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica, amanda [email protected] 2 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluno de Iniciação Científica 3 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Professoras 4 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Orientadora Resumo – O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), RJ. Foi objetivo desta pesquisa registrar e organizar um banco de dados das espécies da Subclasse Cirripedia das comunidades dos costões rochosos das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba). As coletas foram realizadas no mediolitoral dos costões rochosos nos meses de março, maio, junho e julho de 2008 e fevereiro e abril de 2009. Foram retiradas três 2 amostras aleatórias com um amostrador de 20 cm , com ajuda de uma espátula, de cada costão das praias. O material coletado foi triado no Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, onde se encontra conservado em álcool 80%. No presente estudo foram identificadas três espécies de Cirripedia; todas comuns das costas brasileiras sendo uma, invasora. Palavras-chave: Banco de dados, Cirripedia, costão rochoso, ESEC Tamoios. Área do Conhecimento: Taxonomia de Grupos Recentes. Introdução O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. Em função do hidrodinamismo da onda um costão rochoso pode ser definido como exposto e protegido (CARVALHAL & BERCHEZ, 2005). Costão exposto é aquele que recebe maior impacto de ondas, freqüentemente apresentando-se na forma de paredões lisos. Neste ambiente a diversidade de organismo é menor e estes precisam desenvolver estruturas eficientes de proteção e fixação, pois o embate das ondas é um dos principais responsáveis pela mortalidade. Um costão protegido é encontrado em regiões de baixo hidrodinamismo, bastante fragmentado, resultando numa grande riqueza de espécies associadas. Os costões rochosos podem ser divididos em três zonas (infralitoral, mediolitoral e supralitoral), zonas estas que se acham sujeitas a diferentes condições físicas e são colonizadas por diferentes organismos dispostos não apenas como um reflexo do nível das marés e outros fatores abióticos relacionados (temperatura, umidade, luminosidade), mas também sofrendo influência de fatores bióticos, como recrutamento e de interações biológicas (herbivoria, predação e competição). A combinação destes fatores faz com que os costões rochosos sejam ambientes dinâmicos e sujeitos a mudanças temporais (sazonais) e espaciais (DUARTE & GUERRAZZI, 2004). Neste habitat o Filo Mollusca inclui um dos macroinvertebrados mais numerosos e diversificados que ocorrem junto aos componentes das comunidades vágeis ou sésseis de invertebrados marinhos e compõem uma porção expressiva da biomassa em vários ambientes constituindo um grupo ecologicamente importante. Estes organismos vivem associados a variados tipos de substratos em diferentes ambientes, incluindo substratos naturais e artificiais. O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), localizada na Baía da Ilha Grande, nos municípios de Angra dos Reis e Paraty, Estado do Rio de Janeiro, sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A ESEC Tamoios é uma área de proteção integral composta de 29 ilhas (PLANO DE MANEJO, 2006). Esta pesquisa corresponde aos primeiros resultados sobre um dos objetivos do “PROJETO DE AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL (PAE) DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS”, desenvolvido na USS, que compreende o estudo da biodiversidade das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba) - ESEC Tamoios. Foi objetivo deste trabalho analisar os aspectos taxonômicos e ecológicos dos exemplares da subclasse Cirripedia, da comunidade dos costões rochosos das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba), com a finalidade de fazer um banco de dados dos macroinvertebrados dos locais de estudo. 57 Material e métodos As coletas foram realizadas no mediolitoral dos costões rochosos dos dois extremos do arco praial nas três praias da ilha do Sandri (latitude Sul 23º 02’ 20’’ e longitude Oeste 44º 29’ 40’’) – Praia do Coelho, Praia do Engenho e Praia do Su, e na praia da ilha Comprida (latitude Sul 23º 03’ 17’’ e longitude Oeste 44º 35’ 51’’), ambas na baía da Ilha Grande, RJ, que pertence à Unidade de Conservação da Estação Ecológica de Tamoios (ESEC de Tamoios). As amostragens foram realizadas nos meses de março, maio, junho e julho de 2008, e fevereiro e abril de 2009. Do mediolitoral dos costões rochosos de cada praia das duas ilhas, foram retiradas três amostras aleatórias com um amostrador de 20 2 cm , com ajuda de uma espátula e, logo em seguida, com auxílio de um pincel, foram retirados organismos possivelmente ainda aderidos à rocha. O material coletado foi armazenado em sacos plásticos contendo água do mar e solução anestésica de Cloreto de Magnésio a 10%. As amostras foram devidamente etiquetadas e transportadas para o Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, CECETEN, da Universidade Severino Sombra. No laboratório, as amostras foram acondicionadas em formol 4%, onde foram triadas e as espécies de Cirripedia foram identificados sempre que possível até espécie. Todo o material se encontra conservado em álcool 80% e acha-se depositado na coleção do laboratório. Resultados Até a presente data, foram encontradas nos locais de estudo desta pesquisa três espécies de cirrípedes: Filo Arthropoda Subfilo Crustácea Classe Maxillopoda Subclasse Cirripedia Ordem Sessilia Subordem Balanomorpha Família Chthamalidae Chthamalus bisinuatus Pilsbrig, 1916 C. proteus Dando & Southward, 1980 Família Tetraclita Tetraclita stalactifera (Lamark, 1818) A zonação observada nas praias estudadas parece obedecer aos padrões típicos esperados em um costão relativamente exposto. A ação das ondas no local (especialmente na praia do Su, ilha do Sandri), aliada à relativa grande amplitude de variação das marés, favorece a sobrevivência dos organismos habitantes das faixas superiores, como Chthamalus bisinuatus e Tetraclita stalactifera, já que promove um umedecimento dessa área fora da zona de arrebentação das ondas. Discussão A maior abundância de C. bisinuatus na praia do Su se deve provavelmente à maior lavagem pelas ondas promovendo um microhabitat mais benigno, com maior disponibilidade de oxigênio e alimento. Provavelmente pelo mesmo motivo, a espécie Tetraclita stalactifera também apresentou maior abundância nesta praia. Um fator biótico também parece ser determinante na distribuição de C. bisinuatus em faixas mais altas no costão: a intensa competição com a espécie de mexilhão Brachidontes solisianus, ambos animais filtradores. Paine (1966 apud NYBBAKEN,1982) demonstrou, em estudos feitos em costões de regiões temperadas, a força dessa interação interespecífica na zonação das cracas Balanus balanoides e dos mexilhões Mytilus edulis (espécies de craca e mexilhão correspondentes, em zonas temperadas, às duas espécies citadas acima, típicas de zonas tropicais). B. balanoides compete com M. edulis pela ocupação da região em que ocorre maior abundância de alimento e oxigênio (regiões mais próximas da linha d’água, com maior periodicidade na renovação desses recursos). Mas como B. balanoides é uma espécie competidoramente mais fraca que M. edulis e mais tolerante à exposição aérea, ela acaba ocupando uma faixa mais alta no costão, que lhe serve como um "refúgio" à essa competição desvantajosa. As cracas (C. bisinuatus) iniciam sua atividade filtradora imediatamente após serem borrifadas por água, e portanto necessitam de condições mínimas de água para sobreviverem, podendo ocupar as áreas mais altas do costão (LEVINTON, 1982). Por outro lado, os mexilhões (B. solisianus) devem ser mais capacitados à minimizar os riscos de predação, e por isso lhes é possível habitar a faixa mais próxima da zona de contato com predadores. Outro fator atuando sobre a distribuição de Chthamalus poderia ser a predação por Stramonita haemastoma. Assim, o recrutamento seletivo de larvas de C. bisinuatus nesses refúgios, situados mais distantes da zona de contato com predadores, promoveria a maior densidade de adultos nessa altura do costão. A maior exposição aérea nas regiões mais altas do costão também é um fator determinante na zonação das espécies, já que promove maiores taxas de dessecação corpórea, menores períodos de trocas gasosas efetivas, e aumento da temperatura basal à níveis muitas vezes intoleráveis por certos organismos. Como as zonas mais altas do costão permanecem períodos mais longos expostas ao 58 ar, os organismos que dependem de correntes de água para se alimentar a princípio obteriam menores quantidades diárias de alimento, se comparados com aqueles organismos habitantes das regiões próximas à linha d’água. C. proteus foi encontrada em pequena abundância em todas as praias estudadas. Conclusões As espécies T. stalactifera e C. bissinuatus são espécies comuns do litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. A espécie C. proteus, por ser uma espécie invasora, pode excluir competitivamente as espécies nativas de cracas. Agradecimentos : Agradecemos à FUNADESP pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do Projeto PAE; à USS, pelo transporte terrestre mensal; à ESEC Tamoios pelo transporte marítimo mensal. Referências CARVALHAL, F. & BERCHEZ, F.A.S. Costão Rochoso – a diversidade em microescala. Projeto Ecossistemas Costeiros do Instituto de Biociências da USP. 2005. DUARTE, L.F.L. & GUERRAZZI, M.C. 16. Zonação do Costão Rochoso da praia do Rio Verde: padrões de distribuição e abundância, p. 179-188, 2004. In MARQUES, O.A.V. & DULEBA, W. (eds.), Estação Ecológica JuréiaItatins. Ambiente Físico, Flora e Fauna. Ribeirão Preto: Holos. LEVINTON, J.T. 1982 Marine Ecology. PrenticeHall, Inc NYBBAKEN, J.W. 1982. Marine Biology: an ecological approach. Harper & Row, Publishers, New York. PLANO DE MANEJO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS (2006). Coordenação Geral: AMORIM H.B. & NUNES, W.H. 242 pp. 2006. 59 INVENTÁRIO DE MOLUSCOS DOS COSTÕES ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA ESEC TAMOIOS, RJ 1 2 3 3 Kelly Rocha Siqueira , Ingrid Larissa Araújo , Tereza Aparecida Ferreira , Fabiana Bilio Barreto , 4 Vania Filippi Goulart Carvalho Pereira 1 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica, [email protected] 2 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica 3 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Professoras 4 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Orientadora Resumo – O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), RJ. Foi objetivo desta pesquisa registrar e organizar um banco de dados das espécies do Filo Mollusca das comunidades dos costões rochosos das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba). As coletas foram realizadas no mediolitoral dos costões rochosos nos meses de março, maio, junho e julho de 2008 e fevereiro e abril de 2009. Foram retiradas três amostras 2 aleatórias com um amostrador de 20 cm , com ajuda de uma espátula, de cada costão das praias. O material coletado foi triado no Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, onde se encontra conservado em álcool 80%. No presente estudo foram identificadas 12 táxons do Filo Mollusca, sendo que entre os táxons encontrados, destaca-se a primeira ocorrência da espécie invasora Isognomon bicolor, para a Baía da Ilha Grande. Palavras-chave: Banco de dados, costão rochoso, ESEC Tamoios, Mollusca. Área do Conhecimento: Taxonomia de Grupos Recentes. Introdução O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. Em função do hidrodinamismo da onda um costão rochoso pode ser definido como exposto e protegido (CARVALHAL & BERCHEZ, 2005). Costão exposto é aquele que recebe maior impacto de ondas, freqüentemente apresentando-se na forma de paredões lisos. Neste ambiente a diversidade de organismo é menor e estes precisam desenvolver estruturas eficientes de proteção e fixação, pois o embate das ondas é um dos principais responsáveis pela mortalidade. Um costão protegido é encontrado em regiões de baixo hidrodinamismo, bastante fragmentado, resultando numa grande riqueza de espécies associadas. Os costões rochosos podem ser divididos em três zonas (infralitoral, mediolitoral e supralitoral), zonas estas que se acham sujeitas a diferentes condições físicas e são colonizadas por diferentes organismos dispostos não apenas como um reflexo do nível das marés e outros fatores abióticos relacionados (temperatura, umidade, luminosidade), mas também sofrendo influência de fatores bióticos, como recrutamento e de interações biológicas (herbivoria, predação e competição). A combinação destes fatores faz com que os costões rochosos sejam ambientes dinâmicos e sujeitos a mudanças temporais (sazonais) e espaciais (DUARTE & GUERRAZZI, 2004). Neste habitat o Filo Mollusca inclui um dos macroinvertebrados mais numerosos e diversificados que ocorrem junto aos componentes das comunidades vágeis ou sésseis de invertebrados marinhos e compõem uma porção expressiva da biomassa em vários ambientes constituindo um grupo ecologicamente importante. Estes organismos vivem associados a variados tipos de substratos em diferentes ambientes, incluindo substratos naturais e artificiais. O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), localizada na Baía da Ilha Grande, nos municípios de Angra dos Reis e Paraty, Estado do Rio de Janeiro, sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A ESEC Tamoios é uma área de proteção integral composta de 29 ilhas (PLANO DE MANEJO, 2006). Esta pesquisa corresponde aos primeiros resultados sobre um dos objetivos do “PROJETO DE AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL (PAE) DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS”, desenvolvido na USS, que compreende o estudo da biodiversidade das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba) - ESEC Tamoios. Foi objetivo desta pesquisa analisar os aspectos taxonômicos e ecológicos dos exemplares do Filo Molusca, da comunidade dos costões rochosos das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba), com a finalidade de fazer um banco de dados dos macroinvertebrados dos locais de estudo. 60 Material e métodos As coletas foram realizadas no mediolitoral dos costões rochosos dos dois extremos do arco praial nas três praias da ilha do Sandri (latitude Sul 23º 02’ 20’’ e longitude Oeste 44º 29’ 40’’) – Praia do Coelho, Praia do Engenho e Praia do Su, e na praia da ilha Comprida (latitude Sul 23º 03’ 17’’ e longitude Oeste 44º 35’ 51’’), ambas na baía da Ilha Grande, RJ, que pertence à Unidade de Conservação da Estação Ecológica de Tamoios (ESEC de Tamoios). As amostragens foram realizadas nos meses de março, maio, junho e julho de 2008, e fevereiro e abril de 2009. Do mediolitoral dos costões rochosos de cada praia das duas ilhas, foram retiradas três amostras aleatórias com um amostrador de 20 2 cm , com ajuda de uma espátula e, logo em seguida, com auxílio de um pincel, foram retirados organismos possivelmente ainda aderidos à rocha. O material coletado foi armazenado em sacos plásticos contendo água do mar e solução anestésica de Cloreto de Magnésio a 10%. As amostras foram devidamente etiquetadas e transportadas para o Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, CECETEN, da Universidade Severino Sombra. No laboratório, as amostras foram acondicionadas em formol 4%, onde foram triadas e os espécimes de Mollusca foram identificados sempre que possível até espécie, sendo considerados somente aqueles que continham partes moles. Todo o material se encontra conservado em álcool 80% e acha-se depositado na coleção do laboratório. Alguns espécimes foram enviados para especialistas para a devida taxonomia. Resultados Neste trabalho foram considerados espécimes coletados com as partes moles, que foram identificadas em 11 taxons do Filo Mollusca, conforme abaixo discriminados: Classe Gastropoda Ordem Archeogastropoda Superfamília Fissurellidea Família Fissurellidae Fleming, 1822 Subfamília Fissurelinae Fissurella clenchi (Farfante, 1943) Subfamília Emarginulinae Diadora sp. Superfamília Patelloidea Família Acmaeidae Carpenter, 1857 Subfamília Acmainae Collisella subrugosa (Orbigny, 1846). Superfamília Nacelloidea Família Nacellidae Thiele, 1891 Nacella (Patinella) delicatissima Strebel, 1907 Ordem Mesogastropoda Superfamília Littorinnoidea Família Littorinidae (Gray, 1840) Subfamília Littorinidae Littorina flava (King & Broderip) L. ziczac (Gmelin, 1791). Ordem Neogastropoda Superfamília Muricoidea Família Thaididae (Jousseaume, 1888) Stramonita haemastoma (Linneus, 1767) Ordem Onchidiida Superfamília Onchidioidea Família Onchidiidae (Gray, 1824) Onchidella indolens (Gould, 1852) Superfamília Rissooidea Familia Caecidae Gray, 1850 Classe Bivalvia (Pelecypoda) Ordem Mytiloida Superfamília Mytilidea Família Mytilidae Rafinesque, 1815 Subfamília Mytilinae Brachidontes solisianus (Orbigny, 1846) Ordem Pterioidea Família Isognomonidae Woodring, 1925 Isognomon bicolor (Adams, 1845) Classe Polyplacophora Discussão Diversos autores (BERGALLO et al., 2000; ABSALÃO et al., 2003; SANTOS et al., 2007) inventariam espécies coletas sem (conchas vazias) ou com partes moles. No presente estudo não consideramos aqueles de conchas vazias na caracterização desta comunidade malacológica, devido a problemas que poderiam incluir transporte pós-morte através da gravidade, correntes ou por caranguejos hermitões. O resultado taxonômico mostrou a presença de espécies comuns no litoral brasileiro, porém, revelou a ampliação da distribuição geográfica conhecida da espécie invasora Isognomon bicolor, que ainda não foi registrada para a Baía da Ilha Grande. A espécie, originária do Caribe, foi introduzida no Brasil primeiramente no Atol das Rocas (DOMANESCHI & MARTINS, 2002), a cerca de três décadas. Foi registrada para grande parte dos costões do litoral brasileiro, ocorrendo desde o supralitoral até 7m de profundidade. Pó ser uma espécie séssil, ela compete com a comunidade nativa impedindo a fixação, o que causa a erradicação dos bivalves nativos como Perna perna e espécies dos gêneros Brachidontes, Crassostrea, Amphiroa e Jania. (WWW.INSTITUTOHORUS.ORG.BR). 61 Conclusões No presente estudo, registra-se a presença de vários moluscos comuns na costa brasileira, sendo que a espécie invasora Isognomon bicolor, é o primeiro registro para a baia da Ilha Grande. Devido aos conhecimentos sobre a grande biodiversidade malacológica da Baía da Ilha Grande (FRANKLIN et al., 2007), é importante que se ampliem os estudos nas ilhas da ESEC Tamoios. Baía da Ilha Grande. V. 23, cap. 8 Mollusca. Brasília. 2007. WWW.INSTITUTOHORUS.ORG.BR). em 02/10/2009, às 16:00h. Acessado Agradecimentos : Agradecemos à FUNADESP pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do Projeto PAE; à USS, pelo transporte terrestre mensal; à ESEC Tamoios pelo transporte marítimo mensal. Referências ABSALÃO, R.S; CAETANO, C.H.S. & PIMENTA, A.D. Novas ocorrências de gastrópodes e vivalves marinhos no Brasil (Mollusca). Revista Brasileira de Zoologia, V. 20, p. 323-328. 2003 BERGALLO, H.G.; ROCHA, C.F.D; ALVES, M.A.S & SLUYS, M.V. A fauna ameaçada de extinção no estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ed. Universidade de Estado do Rio de Janeiro – EDUERJ, 2000. CARVALHAL, F. & BERCHEZ, F.A.S. Costão Rochoso – a diversidade em microescala. 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In: Biodiversidade Marinha da 62 REGISTRO DA COMUNIDADE DE AMPHIPODA (CRUSTACEA) DOS COSTÕES ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA ESEC TAMOIOS, RJ 1 2 2 Roberta Medeiros Macedo , Tereza Aparecida Ferreira , Fabiana Bilio Barreto , Vania Filippi Goulart 3 Carvalho Pereira 1 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica, [email protected] 2 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Professoras 3 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Orientadora Resumo – O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), RJ. Foi objetivo desta pesquisa registrar e organizar um banco de dados das espécies de Amphipoda das comunidades dos costões rochosos das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba). As coletas foram realizadas no mediolitoral dos costões rochosos nos meses de março, maio, junho e julho de 2008 e fevereiro e abril de 2009. Foram retiradas três amostras 2 aleatórias com um amostrador de 20 cm , com ajuda de uma espátula, de cada costão das praias. O material coletado foi triado no Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, onde se encontra conservado em álcool 80%. No presente estudo foram identificadas sete espécies pertencentes à ordem Amphipoda: Amphitoe sp., Apohyale media, A. wakabare, Parhyale hawaiiensis, Parhyale sp., Elasmopus brasiliensis e Elasmopus sp. Palavras-chave: Amphipoda, banco de dados, costão rochoso, ESEC Tamoios. Área do Conhecimento: Taxonomia de Grupos Recentes. Introdução O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. Em função do hidrodinamismo da onda um costão rochoso pode ser definido como exposto e protegido (CARVALHAL & BERCHEZ, 2005). Costão exposto é aquele que recebe maior impacto de ondas, freqüentemente apresentando-se na forma de paredões lisos. Neste ambiente a diversidade de organismo é menor e estes precisam desenvolver estruturas eficientes de proteção e fixação, pois o embate das ondas é um dos principais responsáveis pela mortalidade. Um costão protegido é encontrado em regiões de baixo hidrodinamismo, bastante fragmentado, resultando numa grande riqueza de espécies associadas. Os costões rochosos podem ser divididos em três zonas (infralitoral, mediolitoral e supralitoral), zonas estas que se acham sujeitas a diferentes condições físicas e são colonizadas por diferentes organismos dispostos não apenas como um reflexo do nível das marés e outros fatores abióticos relacionados (temperatura, umidade, luminosidade), mas também sofrendo influência de fatores bióticos, como recrutamento e de interações biológicas (herbivoria, predação e competição). A combinação destes fatores faz com que os costões rochosos sejam ambientes dinâmicos e sujeitos a mudanças temporais (sazonais) e espaciais (DUARTE & GUERRAZZI, 2004). Neste habitat a Ordem Amphipoda inclui um dos macroinvertebrados mais numerosos e diversificados que ocorrem junto aos componentes das comunidades vágeis de invertebrados marinhos e compõem uma porção expressiva da biomassa em vários ambientes constituindo um grupo ecologicamente importante. Estes organismos vivem associados a variados tipos de substratos em diferentes ambientes, incluindo substratos naturais e artificiais. O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), localizada na Baía da Ilha Grande, nos municípios de Angra dos Reis e Paraty, Estado do Rio de Janeiro, sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A ESEC Tamoios é uma área de proteção integral composta de 29 ilhas (PLANO DE MANEJO, 2006). Esta pesquisa corresponde aos primeiros resultados sobre um dos objetivos do “PROJETO DE AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL (PAE) DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS”, desenvolvido na USS, que compreende o estudo da biodiversidade das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba) - ESEC Tamoios. Foi objetivo desta pesquisa analisar os aspectos taxonômicos e ecológicos dos exemplares da ordem Amphipoda, da comunidade dos costões rochosos das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba), com a finalidade de fazer um banco de dados dos macroinvertebrados dos locais de estudo. 61 Material e métodos As coletas foram realizadas no mediolitoral dos costões rochosos dos dois extremos do arco praial nas três praias da ilha do Sandri (latitude Sul 23º 02’ 20’’ e longitude Oeste 44º 29’ 40’’) – Praia do Coelho, Praia do Engenho e Praia do Su, e na praia da ilha Comprida (latitude Sul 23º 03’ 17’’ e longitude Oeste 44º 35’ 51’’), ambas na baía da Ilha Grande, RJ, que pertence à Unidade de Conservação da Estação Ecológica de Tamoios (ESEC de Tamoios). As amostragens foram realizadas nos meses de março, maio, junho e julho de 2008, e fevereiro e abril de 2009. Do mediolitoral dos costões rochosos de cada praia das duas ilhas, foram retiradas três amostras aleatórias com um amostrador de 20 2 cm , com ajuda de uma espátula e, logo em seguida, com auxílio de um pincel, foram retirados organismos possivelmente ainda aderidos à rocha. O material coletado foi armazenado em sacos plásticos contendo água do mar e solução anestésica de Cloreto de Magnésio a 10%. As amostras foram devidamente etiquetadas e transportadas para o Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, CECETEN, da Universidade Severino Sombra. No laboratório, as amostras foram acondicionadas em formol 4%, onde foram triadas e os espécimes de Amphipoda foram identificados sempre que possível até espécie. Todo o material se encontra conservado em álcool 80% e acha-se depositado na coleção do laboratório. Alguns espécimes foram enviados para especialistas para a devida taxonomia. Resultados No presente estudo foram identificados sete taxons pertencentes à ordem Amphipoda. Filo Arthropoda Subfilo Crustacea Classe Malacostraca Subclasse Eumalacostraca Superordem Peracarida Ordem Amphipoda Infraordem Gammarida Família Amphitoidae Stebbing, 1899 Amphitoe sp Família Hyalidae Bulycheva, 1957 Apohyale media (Dana, 1853) Apohyale wakabare Serejo, 1999 Parhyale hawaiiensis (Dana, 1853) Parhyale sp Família Melitidae Bousfield, 1973 Elasmopus brasiliensis (Dana, 1853) Elasmopus sp O gênero Amphitoe Latreille, 1817, tem como principais características: antena 1 mais longa que a 2 ou quase igual; flagelo acessório ausente ou muito pequeno; pedúnculo da antena 2 usualmente robusto; ramo interno do urópodo 3 com dois longos, recurvados e robustos espinhos. A espécie A. media pode ser distinguida de todas as espécies pela ausência de espinhos marginais no ramo externo dos urópodos 1-2 em ambos os sexos; urópodo 3 unirreme; pereópodos 5-6-7 com um espinho bem forte; olho bem redondo (RUFFO, 1950; SEREJO, 1999). A. wakabare caracteriza-se por possuir remiformes, ovais e grandes; ausência de espinhos dísterolateral no urópodo 1, ramos do urópodo 3 com 1-2 espinhos marginais (SEREJO, 1999). De acordo com SEREJO (1999), P. hawaiensis tem como características principais a antena 1 maior que o pedúnculo da antena 2, um espinho distal no urópodo 1, escamas no urópodo 3 e pereópodos 6-7 com cerdas na margem posterior do própodo. Da família Melitidae, em Elasmopus brasiliensis, o própodo do gnatópodo 2 do macho e da fêmea apresenta-se com muitas cerdas pectinadas, sendo que nas fêmeas, menos numerosas que aquelas do macho (SEREJO, 1999). Discussão Todas as espécies aqui estudadas são cosmopolitas de águas tropicais e subtropicais (LINCOLN 1979, WAKABARA & SEREJO, 1998; SEREJO, 1999, 2004; MARTÍN DÍAZ, 2003) e apresentam registro para as regiões costeiras do Estado do Rio de janeiro. São espécies típicas de costões rochosos, encontradas associadas a algas (TARARAM & WAKABARA, 1981; LANCELLOTTI & TRUCCO, 1993), conforme o habitat em que foram encontradas neste trabalho. Parhyale sp. encontrada nos costões da praia do Coelho, na ilha do Sandri, apresentava as antenas bem cerdosas, e escamas e um espinho distal na parte interna do urópodo 1. Estas características são típicas da espécie Parhyale plumulosus (Dana, 1853), que não tem registro de ocorrência para o Brasil. Conclusões Os costões rochosos do Estado do Rio de Janeiro ainda necessitam de muito estudo. Porém, se por um lado faltam estudos, sobram ameaças aos nossos costões. O conhecimento adequado de nossa fauna e flora são necessários e, ainda, um monitoramento de longa duração e estudos que levem em conta processos e interações bióticas (como recrutamento, competição, predação e herbivoria). Programas de manejo sustentável em áreas de exploração 62 de espécies de interesse econômico, de recuperação de áreas degradadas e de Educação Ambiental, bem como o cumprimento da legislação de proteção aos costões rochosos são imprescindíveis para que áreas como a ESEC Tamoios sejam adequadamente preservadas. Mais estudos seriam importantes para considerarmos Parhyale sp. encontrada nesta pesquisa, ou uma espécie nova ou uma espécie invasora, o que corresponderia ao primeiro registro de Parhyale plumulosus para o Brasil. Agradecimentos : Agradecemos à FUNADESP pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do Projeto PAE; à Dra. Cristiana S. Serejo (UFRJ) pela identificação de espécies de anfípodas; à USS, pelo transporte terrestre mensal; à ESEC Tamoios pelo transporte marítimo mensal. Referências CARVALHAL, F. & BERCHEZ, F.A.S. Costão Rochoso – a diversidade em microescala. Projeto Ecossistemas Costeiros do Instituto de Biociências da USP. 2005. SEREJO, C.S. Taxonomy and distribution of the family Hyalidae (Amphipoda, Talitroidea) on the Brazilian coast. In: F.R. Schram and J.C.von Vaupel Klein, eds. Crustaceans and the Biodiversity Crisis. Proceedings of the Fourth International Crustacean Congress, Amsterdam, The Netherlands, July 20-24, 1998, Volume 1, Brill, Boston, 1021 pp. 1999. SEREJO, C. S. 2004. Talitridae (Amphipoda, Gammaridea) from the Brazilian coastline. Zootaxa. N. 646, p. 1-29. 2004. TARARAM, A. S. & WAKABARA, Y. The mobile fauna-specially Gammaridea of Sargassum cymosum. Marine Ecology Progress Series. N. 5, p. 157-163. 1981. WAKABARA, Y. & SEREJO, C.S. Malacostraca Peracarida. Amphipoda. Gammaridea and Caprellidea. In: Young PS (ed.) Catalogue of Crustacea of Brazil. Rio de Janeiro: Museu Nacional. (Série Livros n. 6), p. 561-594. 1998. DUARTE, L.F.L. & GUERRAZZI, M.C. 16. Zonação do Costão Rochoso da praia do Rio Verde: padrões de distribuição e abundância, p. 179-188, 2004. In MARQUES, O.A.V. & DULEBA, W. (eds.), Estação Ecológica JuréiaItatins. Ambiente Físico, Flora e Fauna. Ribeirão Preto: Holos. LANCELLOTTI, D. A. & TRUCCO, R. G. Distribution patterns and coexistence of the amphipod genus Hyale. Marine Ecology Progress Series. N. 93, p. 131-141. 1993. LINCOLN, R. J British Marine Amphipoda: Grammarideo: 1 frontspiece + 1-658, British Museum (Natural History) London ISBN 0565-00818-8. 1979. MARTÍN, A. AND & DÍAZ, J. La fauna de anfípodos (Crustacea: Amphipoda) de las aguas costeras de la región oriental de Venezuela. Boletín. Instituto Español de Oceanografía.V. 19, n. 1-4, p. 327- 344. 2003. PLANO DE MANEJO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS (2006). Coordenação Geral: AMORIM H.B. & NUNES, W.H. 242 pp. 2006. RUFFO, S. Studi sui crostacei anfipodi XXII. Anfipodi del Venezuela raccolti dal Dott. G. Marcuzzi. Memorie del Museo Civico di Storia Naturale di Verona. V. 2, p. 49-65. 1950. 63 MACROFAUNA ASSOCIADA AO FITAL DA ALGA Caulerpa racemosa (Forsskal), ILHA COMPRIDA, PARATY, RJ. 1 2 3 4 Alan Beutin , Sueyla da Silva Alves , Samara Macedo Pinto Tereza Aparecida Ferreira , Fabiana 4 5 Bilio Barreto , Vania Filippi Goulart Carvalho Pereira 1,2,3 1 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Alunos de Iniciação Científica, [email protected] 4 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Professoras 5 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Orientadora Resumo – O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), RJ. Foi objetivo desta pesquisa registrar e organizar um banco de dados das da macrofauna do infralitoral associada a alga Caulerpa racemosa, dos costões rochosos da ilha Comprida (Tarituba). As coletas foram realizadas no infralitoral dos costões rochosos no mês agosto de 2009, com o uso de um quadract medindo 1m² contendo dezesseis subquadrados de 25cm² escolhendo aleatoriamente um dos 16 quadrados. O material coletado foi triado no Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, onde se encontra conservado em álcool 80%. No presente estudo foram identificados um total de 54 indivíduos representantes da classe Gastropoda (35,18%), classe Polychaeta (20,37%) e do subfilo Crustacea (Decapoda e Amphipoda (44,44%). O grande número de indivíduos da macrofauna associados a C. racemosa pode estar relacionado com a morfologia desta alga. Palavras-chave: Banco de dados, costão rochoso, ESEC Tamoios, fital, infralitoral. Área do Conhecimento: Taxonomia de Grupos Recentes. Introdução O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. Em função do hidrodinamismo da onda um costão rochoso pode ser definido como exposto e protegido (CARVALHAL & BERCHEZ, 2005). Os costões rochosos podem ser divididos em três zonas (infralitoral, mediolitoral e supralitoral), zonas estas que se acham sujeitas a diferentes condições físicas e são colonizadas por diferentes organismos dispostos não apenas como um reflexo do nível das marés e outros fatores abióticos relacionados (temperatura, umidade, luminosidade), mas também sofrendo influência de fatores bióticos, como recrutamento e de interações biológicas (herbivoria, predação e competição). A combinação destes fatores faz com que os costões rochosos sejam ambientes dinâmicos e sujeitos a mudanças temporais (sazonais) e espaciais (DUARTE & GUERRAZZI, 2004). O fital é um habitat do ambiente marinho no qual a composição e a distribuição das plantas e animais diferem de qualquer outro. A planta substrato pode ser uma alga marinha, uma grama marinha ou um líquen que servem de morada ou são locais de alimentação e abrigo. Um dos aspectos mais importantes entre a relação do fital com a macrófita é a complexidade estrutural do habitat, e isto influencia a composição e diversidade das espécies (NASCIMENTO, 2007). O gênero Caulerpa pertence à família Caulerpaceae (JOLY, 1967). Possui talo prostrado, cenocítico, constituído de porção rastejante e rizomatosa fixa ao substrato por tufos de rizóides e por ramos eretos inteiros ou dissecados por numerosos ramos curtos. Seus ramos são semelhantes ao eixo ou disticamente dispostos, em forma de pena ou globóides e, neste caso, assemelhando-se a cachos de uvas. Estes podem ser simples ou variadamente ramificados, frequentemente se assemelhando aos órgãos de plantas superiores. O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), localizada na Baía da Ilha Grande, nos municípios de Angra dos Reis e Paraty, Estado do Rio de Janeiro, sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A ESEC Tamoios é uma área de proteção integral composta de 29 ilhas (PLANO DE MANEJO, 2006). Esta pesquisa corresponde aos primeiros resultados sobre um dos objetivos do “PROJETO DE AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL (PAE) DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS”, desenvolvido na USS, que compreende o estudo da biodiversidade das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba) - ESEC Tamoios. O objetivo desse trabalho foi conhecer a macrofauna associada a alga Caulerpa racemosa (Forsskal) da ilha Comprida, contribuindo assim para caracterização da biodiversidade faunística da região estudada. 64 Material e métodos O presente estudo desenvolveu-se na Ilha Comprida (latitude Sul 23°03’17”e longitude Oeste 44°36’51”), na baía da Ilha Grande, Paraty, RJ, que pertence à Unidade de Conservação da Estação Ecológica de Tamoios (ESEC de Tamoios). Nela foi observado o infralitoral do costão da praia localizada nesta ilha. A observação foi realizada no mês de agosto de 2009, no infralitoral do costão da praia; a alga foi coletada a uma profundidade de dois metros, onde foi utilizado um quadrado de 1m² contendo dezesseis subquadrados de 25cm². Este quadract foi colocado em locais onde houvesse comunidades de algas da espécie Caulerpa racemosa; estas foram coletadas aleatoriamente escolhendo um dos 16 quadrados. As algas foram removidas manualmente utilizando-se sacos plásticos para envolvê-las; posteriormente, foram acondicionadas em recipientes plásticos contendo água do mar e solução anestésica de Cloreto de Magnésio a 10%. As amostras foram devidamente etiquetadas e transportadas para o Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, CECETEN, da Universidade Severino Sombra. No laboratório, o processamento das amostras envolveu lavagens sucessivas das plantas em bandejas de plástico, e a macrofauna foi triada com o auxilio de uma lupa e pinça e, posteriormente, acondicionadas em formol 4%, Resultados Foi encontrado no presente estudo, associado a alga Caulerpa racemosa, um total de 54 indivíduos representantes do Filo Mollusca (classe Gastropoda - 35,18%), Filo Annelida (classe Polychaeta - 20,37%) e do Filo Arthropoda (subfilo Crustacea – Decapoda e Amphipoda - 44,44%). Os gastrópodes, totalizando 19 indivíduos, pertencem ao grupo de moluscos mais numerosos e diversificados do filo Mollusca, representando mais de 4/5 das espécies (HICKMAN et al., 2004). O seu tamanho é muito variado, desde minúsculos caracóis aquáticos com 1 mm a uma espécie australiana com 70cm de comprimento. Habitam água doce, salgada, ambientes úmidos e sombreados. São distinguidos por um pé muscular rastejante chato utilizado para locomoção e uma cabeça fracamente desenvolvida. A maioria dos indivíduos apresenta concha calcárea dorsal em forma de escudo secretada pela parede corporal adjacente (o manto) (HICKMAN et al., 2004). Com relação aos Polychaetas verificou-se a presença de 11 indivíduos. São em sua maioria marinhos podendo ser encontrados em grandes profundidades dos oceanos, flutuando próximos da superfície ou enfiados em rochas ou na areia das praias. Pensa-se que são também os organismos mais primitivos do Filo Annelida. Possuem o corpo segmentado interna e externamente, com segmentos ou somitos numerosos. Cabeça distinta do corpo, sexos separados, com fecundação externa e desenvolvimento indireto (com larva trocófora). São quase exclusivamente marinhos. Possuem parapódios (um par por segmento) que são conjuntos de cerdas que se assemelham a patas e possuem tentáculos na zona cefálica. As suas dimensões podem ir desde alguns milímetros até 3 metros em comprimento (HICKMAN et al., 2004). Os Crustáceos apresentaram-se em maior quantidade, pois possuem representantes das ordens Amphipoda com 18 representantes e Decapoda com 6 representantes, sendo esses todos caranguejos jovens. Os anfípodas são crustáceos pequenos, consumidores primários em muitas cadeias alimentares, sendo de grande importância em habitats pelágicos e bentônicos. Possuem olhos compostos, um par de maxilípedes e ausência de carapaça. Seu corpo é comprido lateralmente. Desenvolvimentpo direto. Os decápodes possuem três pares de maxilípedes e cinco pares de apêndices ambulatórios, cujo primeiro par é modificado em vários grupos para formar quelas (pinças). São representados pelos caranguejos, lagostas, siris, camarões e lagostins (HICKMAN et al., 2004). Discussão O quatro táxons aqui encontrados associados a C. racemosa, isto é, Gastropoda, Polychaeta, Decapoda e Amphipoda, também são comuns em fitais compostos por outras algas (TARARAM, 1977; TARARAM & WAKABARA, 1981; DUTRA, 1985; SANTOS & CORREA, 1995). A comparação de fitais de diversos mares do mundo, mostrou que anfípodas e moluscos são os grupos mais abundantes da macrofauna neste ambiente, provavelmente pelo fato destes organismos se alimentarem do substrato, enquanto que bivalves e decápodas procuram abrigo entre os talos, provavelmente contra predadores (MASUNARI, 1998). A presente pesquisa corrobora os resultados de MASUNARI (1998). Conclusões O grande número de espécies e espécimes de macrofauna associados a Caulerpa racemosa em relação a outras algas, pode estar relacionado com a morfologia da fronda desta alga, que por 65 ser muito ramificada oferece maior disponibilidade de microhabitats para estes animais. Os costões rochosos do Estado do Rio de Janeiro ainda necessitam de muito estudo. O presente estudo enseja uma maior investigação sobre a mcrofauna associada de fital. Agradecimentos : Agradecemos à FUNADESP pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do Projeto PAE; à USS, pelo transporte terrestre mensal; à ESEC Tamoios pelo transporte marítimo mensal. Referências CARVALHAL, F. & BERCHEZ, F.A.S. Costão Rochoso – a diversidade em microescala. Projeto Ecossistemas Costeiros do Instituto de Biociências da USP. 2005. Lamouroux (Chlorophyta) do recife da Ponta Verde, Maceió, Alagoas, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. V. 12, n. 2, p. 263-271. 1995. TARARAM, A.S. A fauna vágil de Sargassum cymosum C. Aghard, 1820 da Praia do Lamberto e Praia Grande, Ubatuba, São Paulo com especial referência aos Gammaridea (Crustácea Amphipoda). Dissertação (Mestrado). Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, São Paulo. 73 pp. 1977 TARARAM, A. S. & WAKABARA, Y. The mobile fauna-specially Gammaridea of Sargassum cymosum. Marine Ecology Progress Series. V. 5, p. 157-163. 1981. DUARTE, L.F.L. & GUERRAZZI, M.C. 16. Zonação do Costão Rochoso da praia do Rio Verde: padrões de distribuição e abundância, p. 179-188, 2004. In MARQUES, O.A.V. & DULEBA, W. (eds.), Estação Ecológica Juréia-Itatins. Ambiente Físico, Flora e Fauna. Ribeirão Preto: Holos Ed .2004. DUTRA, R.R.C. A fauna vágil do fital Pterocladia capillacea (Gmelin) Bornet & Thuret (Rhodophyta, Gelidiaceae) da ilha do Mel, Paranaguá, Paraná. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná. 115 pp. 1985. HICKMAN, C.P. ; ROBERTS, L.S.; LARSON, A. Princípios Integrados de Zoologia. Tradução de Antônio Carlos Marques. 11ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 846 pp. 2004. JOLY, A. B. Gêneros de algas marinhas da costa atlântico latino americana. São Paulo SP; Ed. USP. 456p. 1967. MASUNARI, S. A. arquitetura do habitat nos ecossistemas marinhos costeiros. IV Simpósio de Ecossistemas Brasileiros. Publicações ACIESP, São Paulo. V. 104, p. 147-165. 1998. NASCIMENTO, E. O ecossistema fital: Uma abordagem por fractais. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil. 2007. PLANO DE MANEJO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS (2006). Coordenação Geral: AMORIM H.B. & NUNES, W.H. 242 pp. 2006. SANTOS, C.G. & CORREA, M.D. Fauna associada ao fital Halimeda opuntia (Linnaeus) 66 SUSTENTABILIDADE EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS Pedro Paulo Leite Frisoni¹, Vania Filippi Goulart Carvalho Pereira², Katia Cristina Garcia³ 1 Universidade Severino Sombra/Centro de Ciências Exatas e da Natureza/[email protected] ²Universidade Severino Sombra/Centro de Ciências Exatas e da Natureza/[email protected] ³Universidade Federal do Rio de Janeiro/[email protected] Resumo. O presente trabalho apresenta os resultados da primeira etapa do projeto de pesquisa “Avaliação e Educação Ambiental (Pae) da Estação Ecológica de Tamoios (RJ)”, desenvolvido na Universidade Severino Sombra, que teve como objetivo identificar a percepção de diferentes atores sociais em relação à sustentabilidade da Unidade de Conservação (UC). Para tal foram aplicados questionários semiestruturados e realizadas entrevistas com diversos atores sociais locais, que permitiram identificar vários problemas enfrentados pela ESEC Tamoios, sendo os principais a falta de divulgação da UC e dos trabalhos de conservação ambiental realizados, além da precariedade da fiscalização. Os resultados obtidos auxiliarão na segunda etapa do projeto de pesquisa, quando será realizado o mapeamento das variáveis que compõe a sustentabilidade da ESEC Tamoios e a avaliação da sustentabilidade da UC considerado diferentes cenários de desenvolvimento da região. Palavras-chave: Unidade de Conservação, Sustentabilidade, Percepção, atores sociais Área do conhecimento: 90193000 ENGENHARIA/TECNOLOGIA/GESTÃO 1 Introdução Em 1987, o Relatório “Nosso Futuro Comum”, conhecido como o Relatório de Brundtland, cunhou oficialmente o termo “desenvolvimento sustentável”, prevendo a garantia de recursos naturais para as gerações futuras (CMMAD, 1987). A partir de então, planejar o desenvolvimento configura-se em um desafio que abrange simultaneamente as três dimensões da sustentabilidade: social, ambiental e econômica (GARCIA et al., 2007). De acordo com AGARDY (1994), muitas áreas de unidades de conservação foram estabelecidas como reservas de uso múltiplo, acomodando muitos usuários diferentes. Entre os vetores de pressão sobre a diversidade biológica de ilhas e seu entorno destaca-se a exploração das espécies de interesse econômico, a introdução de espécies exóticas, o lixo, a especulação imobiliária, a poluição e a pesca predatória. Alguns destes vetores de pressão também puderam ser observados na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC de Tamoios), a partir da identificação da percepção dos diferentes atores sociais (membros do comitê gestor, turistas, donos de pousadas, moradores, comerciantes) consultados na primeira etapa do projeto de pesquisa “Avaliação e Educação Ambiental (Pae) da Estação Ecológica de Tamoios (RJ)”. A identificação da percepção de cada um destes atores sociais em relação à sustentabilidade da UC em termos de seus aspectos ecológicos, econômicos e sociais, servirá de referência para a segunda etapa do projeto, de mapeamento das variáveis que compõe a sustentabilidade da UC e avaliação da sustentabilidade da UC nos diferentes cenários de desenvolvimento previstos para a região. A metodologia de pesquisa e os resultados obtidos na primeira etapa são apresentados a seguir. 2 A Estação Ecológica de Tamoios A Estação Ecológica de Tamoios, criada pelo o Decreto n 98.864 de 23 de janeiro de 1990, está situada no Estado do Rio de Janeiro, nos municípios de Angra dos Reis e Paraty (22º 58’ 54’’ a 23º 12’ 23’’ latitude sul e 44º 17’ 44’’ a 44º 41’ 19’’ longitude oeste). Foi criada visando à realização de pesquisas básicas e aplicadas de Ecologia, a proteção do ambiente natural e o desenvolvimento da educação conservacionista nas 29 ilhotas, ilhas, lajes e rochedos, situados na baía da Ribeira, em Angra dos Reis, e na baía da Ilha Grande, em Paraty. Sua sede situa-se na Rodovia BR-101 Km 536, Mambucaba, Paraty, RJ, A Estação Ecológica possui uma área total de 8.699,7460 ha, sendo 3,36% (292,6226 ha) terrestre e 96,64% (8.407,1234 ha) marítima, assim discriminados na Figura 1 (AMORIM H.B. & NUNES, W.H., 2006). De acordo com o Plano de Manejo (AMORIM H.B. & NUNES, W.H., 2006), o seu Bioma terrestre é dominado por floresta tropical (Mata Atlântica) e o seu ecossistema marinho é representado por regiões estuarinas. Os principais atributos naturais dessa Estação são as paisagens e a rica fauna e flora local. Por esta razão a área da Estação Ecológica de Tamoios possui grande potencial turístico, até mesmo em nível internacional, relacionado à observação da natureza, passeios e 67 turismo subaquático. Constitui-se em uma área de grande beleza cênica. 3 Materiais e Métodos A metodologia utilizada para atender ao objetivo da pesquisa seguiu os seguintes presupostos: - Pesquisa aplicada, predominantemente qualitativa; - Pesquisa exploratória e descritiva - pois envolveu levantamento bibliográfico, análise de exemplos, trabalhos de campo e entrevistas Quanto aos procedimentos adotou-se a pesquisa bibliográfica, elaborada a partir de materiais já publicados, constituído principalmente de artigos de periódicos e a pesquisa de campo, para fins de levantamento de dados. Nesta pesquisa foram utilizadas como técnicas de coletas de dados a observação, pesquisa documental e entrevistas com atores sociais da região, membros e não membros do comitê gestor da ESEC Tamoios. Foram utilizados questionários que visavam obter informações relativas à ESEC Tamoios e à percepção dos atores sociais. A aplicação dos questionários e realização das entrevistas ocorreu após preenchimento individual do Termo de Consentimento, de acordo com a orientação do Conselho de Ética da Universidade Severino Sombra. Os questionários foram formulados visando um estudo dos impactos e problemas ambientais existentes na Estação Ecológica, e a percepção das pessoas em relação a estes problemas e possíveis soluções para minimização dos mesmos. Para tal, os questionários foram divididos em duas categorias: um para o comitê gestor da ESEC Tamoios, com o objetivo de obter uma visão da percepção interna; e outro para os não membros do comitê gestor. Para o preenchimento dos questionários e entrevistas, foram realizadas uma série de trabalhos de campo nas seguintes localidades: Paraty, Tarituba, Mambucaba, Angra dos Reis, Perequê e Ilha do Sandri. 4 Resultados A partir das entrevistas realizadas e do preenchimento dos questionários com os “não membros” do comitê gestor da ESEC Tamoios, observou-se uma deficiência nos trabalhos de esclarecimento e divulgação para a comunidade sobre a existência da UC. Este é um ponto bastante problemático, uma vez que a conservação ambiental das UC está fortemente relacionada com o conhecimento da existência legal da área protegida por parte da população que vive e ou que desfruta dos atrativos naturais existentes no local. Quando os não membros do comitê tomaram conhecimento, no decorrer das entrevistas, sobre a existência da UC, foi perguntado a eles quais os problemas que eles acreditavam serem os principais enfrentados pela ESEC Tamoios e suas respostas foram coerentes com a falta de conhecimento sobre a existência da ESEC Tamoios, uma vez que são apontados como problemas a falta de fiscalização e a falta de programas de educação ambiental com a população visando incentivar a conservação da área protegida. Em relação a esta última questão, cabe mencionar que o próprio IBAMA já havia identificado a necessidade de uma maior interação com a população e até mesmo vislumbrado a possibilidade de ampliar os trabalhos de educação ambiental tanto com os moradores, como com a população visitante da UC. Por meio das entrevistas feitas com o preenchimento dos questionários com membros do comitê gestor da Unidade, observou-se que o maior atrativo é a paisagem, principalmente pelo fato da área possuir uma biodiversidade muito rica. A percepção do comitê gestor em relação às alterações positivas observadas no decorrer do tempo em termos de conservação desta rica biodiversidade desde a criação da Unidade de Conservação foram evidênciadas. Como os não membros do comitê gestor, os membros apontam a falta de fiscalização como o principal problema, seguido pela pouca divulgação e interação com a população, e falta de infraestrutura para recebimento de visitantes e também para realização de programas de educação ambiental com a população fixa e flutuante na UC. As principais atitudes que foram sugeridas nas entrevistas com o comitê gestor, para minimizar os problemas enfrentados pela ESEC Tamoios foram: ampliação da divulgação da existência da UC, bem como da importância de sua biodiversidade e de seus atrativos ambientais, seguida pelo aumento da fiscalização e fortalecimento da gestão interna da UC. 5 Discussão A pesquisa bibliográfica realizada mostrou que os problemas identificados pelos membros e não membros do comitê gestor da ESEC Tamoios apresentados nas Figuras 4 e 6 também foram evidenciados em outras UC, como na Unidade de Conservação Parque Estadual de Jacupiranga (PEJ) em São Paulo e na APA de Guaraqueçaba. Da mesma forma, a deficiência na fiscalização e a falta de infra-estrutura dessas UC são os principais problemas apontados por WATANABE (2004) e TEIXEIRA (2005), mostrando que estes são hoje problemas comuns nas UC do Brasil. 68 6 Conclusão Nesta primeira etapa do projeto de pesquisa “Avaliação e Educação Ambiental (Pae) da Estação Ecológica de Tamoios (RJ)” foi possível observar que, apesar do Brasil ter avançado bastante em termos de conservação da biodiversidade e estabelecimento de áreas protegidas desde a criação da primeira UC federal e promulgação da Lei do SNUC, existem ainda diversos pontos de fragilidade que precisam ser trabalhados para que se possa garantir a sustentabilidade das áreas protegidas existentes no país. Referências bibliográficas apontam problemas de fiscalização e gestão em diferentes UC no Brasil. Problemas que também foram apontados pela população e membros do comitê gestor da Estação Ecológica de Tamoios, objeto de estudo desta pesquisa. A aplicação de questionários semi-estruturados e a realização de entrevistas permitiu identificar a percepção dos atores sociais em relação à sustentabilidade da UC. Com os resultados apresentados pode-se concluir que a Estação Ecológica precisa incentivar e ampliar mais os trabalhos de Educação Ambiental, passando assim, a informar a população sobre a sua existência e também conscientizar a população sobre o seu papel para a melhoria das condições ambientais da Unidade de Conservação. A estação ecológica precisa ainda fortalecer a sua gestão e aumentar a fiscalização, para garantir que o trabalho de conservação seja executado e mantido. A fiscalização juntamente com o maior envolvimento e conscientização da população são caminhos complementares para garantir a preservação ambiental da região e alcançar uma maior eficiência nos processos de gestão da ESEC Tamoios, assim como sua sustentabilidade. Na próxima etapa do projeto de pesquisa, os resultados apresentados neste artigo serão utilizados como orientação para o mapeamento das variáveis que compõe a sustentabilidade da ESEC Tamoios e definição de um modelo de avaliação da sustentabilidade da UC considerado diferentes cenários de desenvolvimento da região. - BRASIL, Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Lei No 9.985, de 18 de Julho de 2000. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso Futuro Comum, Editora da Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 1987. - COSTA, Patrícia Côrtes, Unidades de Conservação. São Paulo: Aleph, 2002. - GARCIA et al, Concepção de um Modelo Matemático de Avaliação de Projetos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE). Revista Gestão & Produção, São Carlos, v. 14, n. 3, set.-dez. 2007. - IBAMA (Instituto Brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais), Sítio da Internet: http://www.ibama.gov.br/siucweb/mostraUc.php?s eqUc=103. Acesso em 14 de maio de 2008 e http://www.ibama.gov.br/siucweb/guiadechefe/java .htm. Acesso em 14 de maio de 2008. - TEIXEIRA, Cristina, O Desenvolvimento Sustentável em Unidade de Conservação: a “naturalização” do social; Revista Brasileira de Ciências Sociais - RBCS Vol. 20 nº. 59 outubro/2005. - UFRR, ELETRONUCLEAR & IBAMA, Plano de Manejo da Estação Ecológica de Tamoios, Fase 1 - Resumo Executivo, 2001. - WATANABE, Nide Yoko; SILVA, Alexandre Carnier Nunes da; MACEDO, Arlei Benedito, Evolução do uso do solo no parque estadual de Jacupiranga (SP) e suas conseqüências para a gestão ambiental. Indaiatuba, 2004. Disponível em: http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro 2/GT/GT02/GTNeide.pdf. Acesso em: 19 de abril de 2008. Referências Bibliográficas - AGARDY, M.T., Advances in marine conservation: the role of marine protected areas. Trends in Ecology and Evolution n. 9, p. 267-270. 1994. - AMORIM H.B. & NUNES, W.H. (coord.). Plano De Manejo da Estação Ecológica de Tamoios. 242 pp, 2006. - BRASIL, Criação de Estações Ecológicas, Áreas o de Proteção Ambiental. Lei n 6.902, de 27 de abril de 1981. 69 REGISTRO DA COMUNIDADE DE AMPHIPODA (CRUSTACEA) DAS PRAIAS ARENOSAS DE DUAS ILHAS DA ESEC TAMOIOS, RJ 1 2 Virgínia Paola de Souza Abreu Marques , Greiciane França Bronzato de Almeida , Tereza Aparecida 3 3 4 Ferreira , Fabiana Bilio Barreto , Vania Filippi Goulart Carvalho Pereira 1 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica, [email protected] 2 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica 3 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Professoras 4 USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Orientadora Resumo – As praias arenosas podem ser identificadas conforme seu grau de exposição, sendo assim consideradas desde muito expostas, onde não há predominância de ilhas na sua frente, a muito protegidas, com proteção de diversas ilhas. O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), RJ. Foi objetivo de esta pesquisa registrar e organizar um banco de dados das espécies da ordem Amphipoda da comunidade das praias arenosas das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba). As coletas foram realizadas do supralitoral ao infralitoral nos meses de março, maio, junho e julho de 2008, e fevereiro e abril de 2009. O material coletado foi triado no Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, onde se encontra conservado em álcool 80%. No presente estudo foi identificado duas espécies pertencentes à Família Talitridae: Platorchestia monodi (Mateus, Mateus & Afonso, 1986) e Atlantorchestoidea brasiliensis (Dana, 1853). Ambas foram encontradas na zona de varrido do supralitoral das praias estudadas, sendo que P. monodi nas praias protegidas e semi expostas e A. brasiliensis somente na praia semi exposta. Palavras-chave: Amphipoda, banco de dados, ESEC Tamoios, praias arenosas. Área do Conhecimento: Taxonomia de Grupos Recentes. Introdução Segundo McLACHLAN (1980) as praias podem ser identificadas conforme seu grau de exposição, sendo assim consideradas desde muito expostas, onde não há predominância de ilhas na sua frente, a muito protegidas, com proteção de diversas ilhas; isso faz com que a variabilidade física seja resultante da combinação de características das ondas e granulometria do sedimento. A diversidade de espécies está relacionada com fatores associados à morfodinâmica, como inclinação da praia e tamanho de partículas de sedimento que indicam, pelo tamanho do grão, o quanto mais íngrime estará o perfil da praia. Se o grão apresentar maior diâmetro junto com um alto declive, a diversidade e abundância de espécies serão menores (McLACHLAN, 1983). De acordo com BROWN & MACLACHLAN (1990), a macrofauna da zona entremarés de praias é caracterizada por apresentar uma comunidade com baixa diversidade de espécies, com elevado número de indivíduos de uma única espécie, quando comparada a regiões submersas. Os crustáceos são animais do filo Arthropoda, no qual a ordem Amphipoda constitui o maior grupo da Superclasse Peracarida, apresentando uma grande diversidade, cerca de 5.700 espécies já foram descritas no mundo. No Brasil foram registradas até agora cerca de 130 espécies marinhas. Os anfípodas podem ser considerados bem sucedidos, tanto em número de indivíduos como de espécies, e parte deste sucesso pode ser atribuído à proteção da prole (BOROWSKY, 1980). Os AmphipodaGammaridea constituem um grupo muito grande e diversificado de espécies predominantemente marinhas, distribuídas por 69 famílias. Existem representantes na água doce e uma única família (Talitridae) reúne as espécies terrestres (BUCKUP & BOND – BUCKUP, 1999). As pulgasde-praia, como são popularmente chamados, vivem debaixo de seixos ou rochas ou escavam na praia próximos a marca da maré alta, mas os saltadores dos detritos de folhas do Hemisfério Sul são encontrados no húmus e na terra úmidos, longe do litoral (RUPPERT & BARNES, 1996). O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), localizada na Baía da Ilha Grande, nos municípios de Angra dos Reis e Paraty, Estado do Rio de Janeiro, sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A ESEC Tamoios é uma área de proteção integral composta de 29 ilhas (PLANO DE MANEJO, 2006). Esta pesquisa corresponde aos primeiros resultados sobre um dos objetivos do “PROJETO DE AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL (PAE) DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS”, desenvolvido na USS, que compreende o estudo da biodiversidade das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba) - ESEC Tamoios. Foi objetivo desta pesquisa analisar os aspectos taxonômicos e ecológicos dos exemplares da ordem Amphipoda, da 70 comunidade das praias das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba), com a finalidade de fazer um banco de dados dos macroinvertebrados dos locais de estudo. Material e métodos As coletas foram realizadas nas três praias da ilha do Sandri (latitude Sul 23º 02’ 20’’ e longitude Oeste 44º 29’ 40’’) – Praia do Coelho, Praia do Engenho e Praia do Su, e na única praia da ilha Comprida (latitude Sul 23º 03’ 17’’ e longitude Oeste 44º 35’ 51’’), ambas na baía da Ilha Grande, RJ, que pertence à Unidade de Conservação da Estação Ecológica de Tamoios (ESEC de Tamoios). As amostragens foram realizadas nos meses de março, maio, junho e julho de 2008, e fevereiro e abril de 2009. Em cada arco praial foram demarcados quatro transectos perpendiculares à linha d’água, eqüidistantes entre si. Cada transecto foi dividido em quatro níveis paralelos à linha d’água, sendo o nível 1 no supralitoral, os níveis 2 e 3 no médiolitoral e o nível 4 no infralitoral. De cada nível foi retirada uma amostra utilizando um amostrador de 15cm de diâmetro, que era enterrado 25cm de profundidade. A amostra era lavada na água do mar com uma rede de 0,3mm de entre-nós e, posteriormente, acondicionada em sacos plásticos previamente etiquetados e com Cloreto de Magnésio a 10%. As amostras foram transportadas para o Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, CECETEN, da Universidade Severino Sombra. No laboratório, as amostras foram acondicionadas em formol 4%, onde foram triadas e os espécimes de Amphipoda foram identificados sempre que possível até espécie. Todo o material se encontra conservado em álcool 80% e acha-se depositado na coleção do laboratório. Alguns espécimes foram enviados para especialistas para a devida taxonomia. Resultados Neste trabalho foram identificadas duas espécies pertencentes à ordem Amphipoda. Ambas as espécies, Platorchestia monodi (Mateus, Mateus & Afonso, 1986) e Atlantorchestoidea brasiliensis (Dana, 1853), pertencem à família Talitridae Rafinesque, 1815. Os espécimes foram coletados no supralitoral (Nível 1) e no mediolitoral (Nível 2), sempre na linha de deixa, sob algas de arribação. Platorchestia monodi foi encontrada em todas as praias estudadas, enquanto que Atlantorchestoidea brasiliensis foi encontrada somente na praia do Su, na ilha do Sandri, praia esta do tipo semi-exposta. Filo Arthropoda. Subfilo Crustacea. Classe Malacostraca. Ordem Amphipoda Subordem Gammaridea. Família Talitridae. Platorchestia monodi (Mateus, Mateus & Afonso, 1986) Orchestia monodi Mateus, Mateus & Afonso, 1986) : 100-110, figs. 1-7. Orchestia platensis – Oliveria, 1953: 329, figs. 10-12; Soares, 1979: 98. Platorchestia platensis (Kroyer, 1845) forma monodi (Mateus, Mateus & Afonso, 1986) – Stock & Biernbaum, 1994: 796-800, fig. 1. Platorchestia monodi _ Morino & Ortal, 1995: 825, figs. 1-3; Stock, 1996: 150, figs. 2-4 (part). De acordo com SEREJO (2004), P. monodi caracteriza-se por apresentar como principais características a palma do gnatópodo 2 do macho em V, pedúnculo da antena 2 intumescido), ramo externo do urópode sem espinho, gnatópodo 1 do macho com lobos entumecidos e gnatópodo 1 da fêmea com palma pequena. Atlantorchestoidea brasiliensis (Dana, 1853) Orchestia (Talitrus) brasiliensis Dana, 1853: 857, pl. 57, fig. 2ªg. Orchestoidea Brasiliensis _ Bate, 1862: 13, pl. 2, fig. 4. Orchestoidea brasiliensis _ Stebbing, 1906a: 529; Schellenberg, 1938: 209, fig 3; Oliveira, 1953: 335, figs. 13-14. “Orchestoidea” brasiliensis _ Bousfield, 1982: 24-44. Pseudorchestoidea brasiliensis _ Cardoso & Veloso, 1996: 11; Gomez & Defeo, 1999: 209; Cardoso, 2002, 167 Segundo SEREJO (2004), A. brasiliensis caracteriza-se por apresentar como principais características os olhos grandes e com pouca pigmentação, cerdas diferenciadas no pereopodo 5, gnatópodo 1 simples tanto na fêmea como no macho, gnatópodo 2 do macho com palma obliqua e cabeça com ângulo anterior. Discussão A família Talitridae possui, até a presente data, 50 gêneros com cerca de 200 espécies, sendo o único grupo de anfípoda-gamarideo que vive em ambiente terrestre (SEREJO, 2004). As duas espécies encontradas nesta pesquisa foram coletadas sempre na marca da maré mais alta, o que corrobora os trabalhos de RUPPERT & BARNES (1996) e SEREJO (2004). A reação dos espécimes no momento da coleta era a mesma descrita por RUPPERT & BARNES (1996), isto é, muitos saltavam até 1m para frente e outros escavavam o substrato a fim de se ocultarem. Para este comportamento os indivíduos apresentavam o 4º e 5º pares de pereópodes bem desenvolvidos e os pleópodes vestigiais, conforme descrito por BUCKUP & BOND – BUCKUP (1999). Segundo CARDOSO & VELOSO (1996), a espécie A. brasiliensis é típica de praias expostas o que corrobora o fato de ter sido encontrada na única praia semi-exposta dos locais de estudo, a praia do Su, na ilha do Sandri. Além da praia do 71 Su, P. monodi foi encontrada nas outras praias estudadas, isto é, a praia da ilha Comprida (Tarituba) e as praias do Coelho e do Engenho, da ilha do Sandri, que são praias protegidas. No Brasil, P. monodi foi resgistrada para os Estados de Pernambuco, Alagoas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.O Estado do Paraná foi o único em que a espécie foi encontrada numa ilha, a ilha do Mel. No mundo, sua presença é comum em diversas ilhas do oceano Atlântico (SEREJO, 2004). A espécie A. brasiliensis é endêmica do Brasil, onde foi encontrada nas praias continentais dos Estados do Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que neste último, também foi encontrada numa ilha, a ilha Grande (SEREJO, 2004). Conclusões No presente estudo, registra-se a presença dos talitrídeos Platorchestia monodi e Atlantorchestoidea brasiliensis na comunidade de zona de varrido do supralitoral das praias das ilhas do Sandri e da Comprida (Tarituba), ambas localizadas na ESEC Tamoios, Estado do Rio de Janeiro. South African Journal of Zoology. V. 46, p. 137-138. 1980. McLACHLAN, A. Sandy beach ecology. A review. In: McLachlan, A. and Erasmus, T (eds), Sandy Beachs Ecosystems. The Hague: W. Junk, p. 321-380. 1983. PLANO DE MANEJO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS (2006). Coordenação Geral: AMORIM H.B. & NUNES, W.H. 242 pp. 2006. RUPPERT, E. E. & BARNES, R.D. Zoologia dos Invertebrados. Sexta edição. Editora Roca. 1996. SEREJO, C. S.Talitridae (Amphipoda, Gammaridea) from the Brazilian coastline. Zootaxa 646, 1-29. 2004. Agradecimentos : Agradecemos à FUNADESP pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do Projeto PAE; à Dra. Cristiana S. Serejo (UFRJ) pela identificação de espécies de anfípodas; à USS, pelo transporte terrestre mensal; à ESEC Tamoios pelo transporte marítimo mensal. Referências BOROWSKY, B. Factors that affect juvenile emergence in Gammarus palustris (Bousfield, 1969). J. exp. mar. Biol. Ecol. V. 42. n.3: p. 213-223. 1980. BROWN, A.C. & MCLACHLAN, A. Ecology of Sandy Shores. Amsterdam, Elsevier, 328pp. 1990. BUCKUP & BOND – BUCKUP. Os crustáceos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Editora UFRGS, 503 pp.1999. CARDOSO, R.S. & VELOSO, V.G. Population biology and secondary production of the sand hopper Pseudorchestoidea brasiliensis (Amphipoda: Talitridae) at Prainha Beach, Brazil. Mar. Ecol. Prog. Ser. V. 142, p. 111119. 1996. McLACHLAN, A. The definition of sand beaches in relation to exposure: a simple rating system. 72 COLEOPTEROFAUNA E HYMENOPTEROFAUNA EPÍGEA, COLETADA ATRAVÉS DE ARMADILHAS DE SOLO EM FRAGMENTO DE FLORESTA ATLÂNTICA* Caio Dias Martini Alves Nascimento¹, Caio Palmeira Teixeira¹, Arthur Moreira Cardozo¹ & William Costa Rodrigues² * Projeto coordenador pelo primeiro autor e fomentado pela FUSVE/Funadesp. Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas Tecnológicas e da Natureza/Curso de Engenharia Ambiental, e-mail: [email protected], [email protected], [email protected] 2 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas Tecnológicas e da Natureza/Curso de Engenharia Ambiental e Methodos Consultoria Ambiental, e-mail: [email protected] 1 Resumo- O presente estudo teve como objetivo identificar e quantificar a coleopterofauna e himenopterofauna em fragmento de floresta atlântica, comparando os pontos de coleta, estratos, quanto a ocorrência destes pontos. Sendo realizado em um fragmento de floresta atlântica com 19 ha, pertencente ao Instituto Zoobotânico de Morro Azul (IZMA) (www.izma.org.br), situado nas coordenadas geográfica de 22°29'41.51"S e 43°34'3.14"O, distrito de Morro Azul, município de Eng. Paulo de Frontin, RJ. O período de estudo foi de 12 meses, compreendendo quatro estações do ano, tendo início em abril de 2008 e término em fevereiro de 2009, com coletas trimestrais, sempre no mês central. Verificou-se no período de estudo que os himenópteros foram os mais freqüentes, quando comparados com os coleópteros. Em geral os dois grupos tiveram freqüência maior nos meses mais quentes do período de estudo, mas quando comparado os estratos (pontos de coleta) verificou-se um antagonismo entre os grupos, onde coleópteros estão mais presentes em locais equilibrados e himenópteros presentes em locais perturbados. Palavras-chave: Bioindicadores, Diversidade, Insecta, Pitfall. Área do Conhecimento: 2.05.03.00-8 – Ecologia Aplicada Introdução Coleópteros e himenópteros são indicadores biológicos (CABRERA, et al. 1998, OSBORN et al., 1999; DURAES et al., 2005, HERNANDEZHERNANDEZ, et al., 2008, ROVEDDER, et al. 2009), podendo ser utilizados como instrumentos dentro do monitoramento ambiental. A Mata Atlântica de hoje se apresenta como um mosaico composto por poucas áreas relativamente extensas, principalmente na região sul e uma porção bem maior composta de áreas em diversos estágios de graduação (GUATURA, et al., 1996). Os insetos são excelentes organismos para avaliar o impacto da formação de fragmentos florestais, pois são altamente influenciados pela heterogeneidade do habitat (THOMANZINI e THOMAMZINI, 2000). Para se conhecer a magnitude dos efeitos impactantes, indicadores de qualidade do solo têm sido largamente utilizados em estudos comparativos (MERLIN, 2005; SANTOS et al., 2008). Dentre tais indicadores, populações da pedofauna têm se destacado devido à sensibilidade a modificações no meio, respondendo a estas com relativa rapidez, comparativamente a outros indicadores de qualidade do solo como propriedades físicas e conteúdo de matéria orgânica do solo (REICHERT et al., 2003). O objetivo do estudo foi identificar e quantificar a coleopterofauna e himenopterofauna em fragmento de floresta atlântica, comparando os pontos de coleta, estratos, quanto a ocorrência destes pontos. Material e Métodos O estudo foi realizado em fragmento de floresta atlântica, com 19 ha, pertencente ao Instituto Zoobotânico de Morro Azul (IZMA) (www.izma.org.br), situado nas coordenadas geográfica de 22°29'41.51"S e 43°34'3.14"O, distrito de Morro Azul, município de Eng. Paulo de Frontin, RJ. O período de estudo foi de 12 meses, compreendendo quatro estações do ano, tendo início em abril de 2008 e término em fevereiro de 2009, com coletas trimestrais, sempre no mês central de cada estação, evitando assim “efeito borda”. O experimento foi dividido em oito áreas, com diferentes estratos, em cada área foram instaladas seis armadilhas 12 cm de diâmetro, volume de 500 ml e contendo 150 mL de solução de água (90%), detergente neutro (9%) e formol (1%), as armadilhas foram dispostas em um transecto, VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 73 onde distavam 10 m entre si. A permanência das armadilhas foi de 48 horas, reduzindo o esforço amostral. Nos períodos de maior pluviosidade as armadilhas receberam cobertura de arame e plástico evitando assim transbordo. Cada ponto de coleta foi selecionado de acordo com as características edáficas e florísticas do local, sendo esta avaliação realizada visualmente e no campo. Após a coleta, o material foi encaminhado para o laboratório de zoologia da Universidade Severino Sombra, para triagem e identificação em nível de ordem. Os insetos foram acondicionados em tubos de ependorff contendo solução alcoólica a 70%, para melhor conservação e posterior identificação em nível taxonômico menores. Resultados e Discussão Foram coletados 9574 artrópodes, sendo destes 2.065 coleópteros e 3.556 himenópteros, 21,57% e 37,14% dos artrópodes coletados. O Ponto com maior coleta de coleópteros foi o ponto IV com 415 coleópteros (µ= 103,75 ± 91,3104) e o ponto com menor número foi o II, com 100 coleópteros (µ=25,0 ± 17,9072) (Figura 1). O ponto com maior ocorrência de coleópteros está situado em um estrato transitório entre borda e “mata fechada”, portanto um local onde há, possivelmente, perturbações externas ao fragmento, de forma mais efetiva, quando se compara o interior do fragmento. Já o ponto com menor número de espécimes coletados, está localizado em estrato muito perturbado, e com vegetação rasteira e poucas árvores, tendo um aspecto de borda. Neste local há a presença predominante da Cyperacaee Hypolytrum pungens Vahl, vulgarmente conhecida navalha-de-macaco ou capim navalha, um indicador de áreas degradadas (KLUMPP, et al. 2001). Figura 1. Média de coleópteros coletados por ponto no período de abril 2008 a fevereiro de 2009 em fragmento de Floresta Atlântica. O Ponto com maior coleta de himenópteros foi o ponto II com 723 himenópteros (µ= 180,75 ± 55,8114) e o ponto com menor número foi o VIII, com 203 coleópteros (µ= 50,75 ± 19,4143) (Figura 2). Figura 2. Média de hymenopteros coletados por ponto no período de abril 2008 a fevereiro de 2009 em fragmento de Floresta Atlântica. Antagonicamente aos coleópteros o ponto com maior número de himenópteros e neste caso, maior número de formicídeo (Hymenoptera, Formicidae), provavelmente pela competição ou por serem os himenópteros, mais oportunistas que os coleópteros. Desta forma, a transição de uma floresta para uma pastagem ou após a derrubada florestal comparada a um ambiente de pastagem apresentam redução na diversidade de espécies (VASCONCELOS, 2001). E com o declínio da qualidade do solo ou o incentivo à sua degradação promove redução de biodiversidade animal afetando a manutenção dos ecossistemas terrestres como um todo (AZEVEDO, 2004). Quando avaliado o ponto de meno ocorrência da hymenopterofauna, verifica-se que este está localizado no centro do fragmento, com característica de solo com cobertura de serrapilheira e presença de árvores de grande porte. O que pode indicar uma maior diversidade em detrimento do número de indivíduos ou um ambiente equilibrado indicando maior equitabilidade. Segundo THOMANZINI & THOMANZINI (2002) o número de ordens, famílias e espécies de insetos diminuem com a elevação do nível de antropização do ambiente. Como a fauna do solo e da serapilheira apresentam alta diversidade e rápida capacidade de reprodução, são excelentes bioindicadores, e suas propriedades ou funções indicam e determinam a qualidade ou o nível de degradação do solo (WINK, 2005). Quando comparadas as épocas do ano, verificou-se que os coleópteros ocorrem com maior freqüência no outono (38,64%) e no verão (27,31%), sendo no outono uma freqüência de 7,17%. Já os himenópteros praticamente não tiveram variação, entretanto no verão verificou-se valor ligeiramente maior (32,28%) e no inverno a freqüência foi de 19,18% (Figura 3). VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 74 O estudo demonstra que através de do monitoramento de insetos, é possível verificar uma variação da ocorrência entre estratos, num existente fragmento, e mesmo estimar a diferença entre as ocorrências, nas épocas do ano, assim percebe-se que não só a variação sazonal, mas o nível de perturbação pode interferir na dinâmica populacional dos coleópteros e himenópteros presentes no fragmento estudado. Figura 3. Porcentagem de coleóptero e himenópteros, coletados por ponto no período de abril 2008 a fevereiro de 2009 em fragmento de Floresta Atlântica. Referências AZEVEDO, A.C. de. Funções ambientais do solo. In: AZEVEDO, A.C.de.; DALMOLIN, R.S.D.; PEDRON, F.de A. (Org.). Fórum Solos e ambiente, 1., 2004, Santa Maria: Pallotti, 2004. p.7-22. CABRERA, M.; JAFFE, K.; GOITIA, W & OSBORN, F. 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Nagato, Akinori Cardozo 1 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] n Docente da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] Resumo A fisioterapia respiratória baseada em evidências é uma realidade e ganha cada vez mais adeptos; atualmente as técnicas de medida da função pulmonar estão alicerçadas nas pesquisas científicas. A tosse é um mecanismo de higiene brônquica que desencadeia alto fluxo expiratório, empregando energia cinética da musculatura expiratória e da retração elástica pulmonar. (Aquino et al, 2008). Embora o indivíduo que apresenta maior força expiratória teoricamente possui um maior fluxo expiratório, porém, esse dado ainda não possui comprovação científica. Portanto neste estudo correlacionamos à pressão expiratória máxima e o fluxo expiratório máximo. Palavras-chave: Indivíduos saudáveis, pico de fluxo expiratório, pressão expiratória máxima e tosse. Área do Conhecimento: Fisioterapia Introdução Nas últimas décadas, os fisioterapeutas têm buscado fundamentação científica para nortear a prática clínica e subsidiar a escolha das suas intervenções. (Fonseca, 2004).Tais objetivos estende-se desde as práticas relacionadas a avaliação clínica até os procedimentos e técnicas terapêuticas A primeira etapa (avaliação clínica), no entanto, permite ao profissional, por meio de testes e medidas de qualidade, a identificação de alterações funcionais dos diferentes sistemas orgânicos, o planejamento do tratamento, bem como a documentação de sua eficácia e a reivindicação da credibilidade científica dos procedimentos (Hristara-Papadopoulou, 2008). A tosse, como mecanismo fisiológico, tem fundamental importância na remoção das secreções respiratórias, constituindo, assim, um dos mecanismos de defesa pulmonar (Jacomelli et al, 2003). A avaliação deste mecanismo inclui medidas de pressões inspiratórias e expiratórias máximas, pico de fluxo da tosse (PFT), capacidade vital (CV) e capacidade de inspiratória (Kang et al, 2005). Este trabalho tem como objetivo investigar a correlação entre a pressão expiratória máxima e o pico de fluxo expiratório em indivíduos saudáveis. Materiais e Métodos O estudo transversal foi realizado na Universidade Severino Sombra (USS), cidade de Vassouras-RJ, no segundo semestre de 2009. Participaram do estudo 81 indivíduos adultos saudáveis, com idades de 18 e 30 anos, de ambos os gêneros. Os indivíduos foram submetidos ao Questionário Respiratório sugerido pela American Thoracic Society-Division of Lung Diseases (ATSDLD) (Diaz et al, 2003) para investigação dos parâmetros clínicos e avaliação da função ventilatória pulmonar para caracterização dos indivíduos saudáveis. Foram realizadas avaliação clínica com a aferição dos sinais vitais, dados antropométricos e avaliação pulmonar utilizando a manovacuometria (manovacuômetro - Marshall Town® Estados Unidos), para a medida da 76 pressão expiratória máxima (Pe máx) – solicitando uma inspiração máxima seguida de expiração contra o sistema aéreo fechado; e medida do pico de fluxo expiratório (Peak Flow Meter® - Assess, Estados Unidos)– solicitando uma inspiração profunda seguida de expiração rápida e forçada. Para ambas as técnicas foram utilizadas um clipe nasal, e três mensurações consecutivas com intervalo regular de um minuto. Os dados foram apresentados em média ± erro padrão da média. A análise de correlação entre as variáveis numéricas foram analisadas pela Correlação de Pearson, obtendo nível de significância estabelecido com P<0,001. Resultados Foram avaliados 81 indivíduos adultos saudáveis, sendo 55 do gênero feminino com média de idade 22,69 ± 0,41 anos e 26 do gênero masculino com média de idade 23,11 ± 3,51 anos. Os valores da pressão expiratória máxima variaram 60 a 120 cmH2O, com média de 97,85 ±16,72 e os valores do pico de fluxo expiratório,variaram de 290 a 880 L/min, com média de 392,90 ± 116,25 L/min. Foi observada uma correlação fortemente, positiva entre os valores da pressão expiratória máxima e o pico de fluxo expiratório máximo, apresentando nível de significância estabelecido de p<0,001. Discussão Muitos laboratórios de função pulmonar ainda se baseiam em observações empíricas para a estimativa de valores relacionados à prova de função pulmonar. Isto não permite o real conhecimento científico ou entendimento de suas origens e limitações. A função pulmonar, constitui-se em exame imprescindível na prática clínica no manejo de pacientes portadores de doenças respiratórias (Pereira et. al., 2007). De acordo com os resultados da presente pesquisa, foram encontradas correlações fortemente positiva entre Pe máx e pico de fluxo expiratório (PFE). Obtiveram valores aumentados de PFE, formando uma curva exponencial, o que mostra que quem tem mais força na musculatura ventilatória apresenta maior fluxo. A capacidade de produzir o pico de fluxo de tosse (PFT) está diretamente relacionada com a geração de pressão expiratória, pacientes que apresentam valores significativamente menores de pressão expiratória máxima (Pe máx), não conseguem atingir um PFT eficiente, dessa forma, de acordo com a literatura, valores de Pe máx menores que 45 cmH2O não produzem PFT eficaz, valores acima de 60 cmH2O garantem a produção de PFT e, assim, um mecanismo de tosse eficiente. Portanto, a medida de Pe máx é um indicador da capacidade de gerar PFT. O PFT correlaciona-se diretamente com a capacidade de remover secreções do trato respiratório, valores abaixo de 160L/min têm sido associados à ineficiência da tosse em realizar o clearance mucociliar. Valores acima de PFT 160L/ min. podem não garantir tosse eficaz devido à deterioração da musculatura respiratória durante períodos de infecção respiratória. Por isso, valores de PFT acima de 270L/min. são utilizados para identificar pacientes que são capazes de produzir PFT e consequentemente garantir um mecanismo de tosse eficiente e uma higienização adequada do trato respiratório (Dalmonch em 2009). Referências -FONSECA, S.T. Informação versus conhecimento: O papel da pós-graduação [editorial]. Rev Bras Fisiot. 2004;8. -JACOMELLI, Marcia et al. Abordagem diagnóstica da tosse crônica em pacientes nãotabagistas.J Pneumol 29(6) – 2003. -AQUINO ES, COELHO CC, MACHADO MGR. Terapia pró-tussígena não farmacológica. In: Machado MGR. 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Santana, Figueira, 2 n Letícia Reis, Brandão, Paulo Vitor C. Nagato, Akinori Cardozo 1 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] n Docente da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] Resumo Introdução Sistema Respiratório é dividido em: trato respiratório superior (nariz, boca, faringe, laringe e cavidades sinusais da cabeça) e trato respiratório inferior (traquéia, brônquios, diafragma e pulmões). O pulmão tem como função primordial a troca gasosa. Ele possibilita que o oxigênio se mova a partir do ar para dentro do sangue venoso e o dióxido de carbono se mova para fora, mantendo os gases sangüíneos dentro de valores de normalidade. Ele também executa outros trabalhos, como o de metabolizar alguns compostos, filtrar materiais tóxicos da circulação, e atua como um reservatório de sangue, além de controlar e organizar os movimentos respiratórios. Os pulmões apresentam quatro volumes distintos os quais, somados, representam o maior volume que podem atingir quando expandidos e quatro capacidades pulmonares que podem ser consideradas como dois ou mais volumes em conjunto. (Guyton & Hall.,2008). A asma brônquica é uma das doenças crônicas mais comuns e afeta todas as idades. Apesar das dificuldades conhecidas no estabelecimento de uma definição precisa desta doença, dadas as múltiplas utilizações do termo (sintomas, exacerbações, anormalidades das vias aéreas), é entendida como uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que se expressa por episódios recorrentes de dispnéia, aperto torácico e tosse de intensidade variável. Estes sintomas estão normalmente associados a uma obstrução generalizada das vias aéreas, a qual é reversível espontaneamente ou por tratamento. (Matos e Machado., 2007). Para avaliar os volumes pulmonares, podem ser utilizados desde testes simples como a espirometria e o peak flow. Os volumes pulmonares não avaliam diretamente a função pulmonar, entretanto, alterações nos volumes pulmonares estão associadas com condições respiratórias patológicas. Por essa razão esses testes oferecem informações que auxiliam no diagnóstico e tratamento de pacientes com doença cardiopulmonar (Boaventura et al., 2007). Palavras-chave: Pico de fluxo expiratório, Capacidades e Volumes Pulmonares, Peak Flow, Espirometria. Área do Conhecimento: Fisioterapia Atualmente, esta doença representa um problema social de magnitude considerável que se reflete em custos financeiros elevados tanto para o doente como para a sociedade. Em termos individuais, pelas suas características clínicas (cursando com agudizações), a doença asmática torna-se um desafio diário à capacidade de adaptação destes doentes, exigindo ajustamentos contínuos no seu funcionamento cotidiano que permitam regular o impacto e o curso da doença (Matos e Machado., 2007). O diagnóstico funcional é feito através do Pico de Fluxo Expiratório (PFE), que permite avaliar o grau de obstrução brônquica e facilitam o diagnóstico. O PFE representa o fluxo máximo gerado durante uma expiração forçada, realizada com a máxima intensidade, partindo do nível máximo de insuflação pulmonar, ou seja, da capacidade pulmonar total. Ele é considerado um indicador indireto da obstrução das grandes vias aéreas e é afetado pelo grau de insuflação pulmonar, pela elasticidade torácica e musculatura abdominal e pela força muscular do 78 asmático. É dependente do esforço e, por isso, requer a colaboração do indivíduo. Os medidores do PFE podem ser usados para determinar a severidade da asma; verificar a resposta ao tratamento durante um episódio agudo de asma; monitorizar o progresso no tratamento da asma crônica e fornecer informações para qualquer possível ajuste nos exercícios; detectar a piora na função pulmonar e evitar uma possível crise severa com uma intervenção precoce e, diagnosticar asma induzida por exercício. (Azevedo.,2002). Este trabalho tem como objetivo investigar a comparação entre o pico de fluxo expiratório em pacientes asmáticos e não asmáticos. Materiais e Métodos O estudo será realizado no segundo semestre letivo no período de setembro à novembro do ano de 2009, na Universidade Severino Sombra, cidade de Vassouras – RJ. Participarão do estudo 8 indivíduos adultos do gênero feminino: 4 asmáticos com idade média de 18 à 28 anos e 4 não asmáticos com idade média de 15 a 30 anos ambos acadêmicos desta Instituição. Os indivíduos serão submetidos ao Questionário Respiratório baseado no III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma (2002). Na avaliação clínica será realizado: anamnese, constando dados de identificação pessoal -iniciais do nome e idade; obtenção de dados antropométricos - peso e altura. Para avaliação da função ventilatória pulmonar, será realizado primeiro a cirtometria, Em seguida, para a realização da medida do fluxo espiratório será utilizado um pequeno aparelho portátil feito de material plástico claro, contendo um sistema graduado de medidas PFE (Peak Flow Meter - Assess, Estados Unidos). A espirometria será realizada através do espirômerto portátil (Graham-Field, Estados Unidos). em seguida realizada a ventilometria, com o paciente ventilando normalmente, com o uso do clip nasal no período de um minuto, (ventilômetro - Ferraris Mark 8, Inglaterra). Resultados Foram avaliados 8 indivíduos adultos, todos do gênero feminino com média de idade entre 18 e 28 anos. Os valores do pico de fluxo expiratório variaram entre 150 e 360 L/min, os valores da espirometria variaram entre 600 e 2710 ml e os valores da ventilometria variaram entre 6.950 e 18.750ml. Foi observada uma correlação fortemente, positiva entre os valores do pico de fluxo expiratório máximo, da ventilometria e da espirometria apresentando nível de significância estabelecido de p<0,001. Discussão A função pulmonar, constitui-se em exame imprescindível na prática clínica no manejo de pacientes portadores de doenças respiratórias (Pereira et. al., 2007). De acordo com os resultados da presente pesquisa, foram encontradas correlações fortemente positiva entre os valores do pico de fluxo expiratório máximo, da ventilometria e da espirometria. A capacidade de produzir o pico de fluxo de tosse (PFT) está diretamente relacionada com a geração de pressão expiratória. Pode-se observar que os pacientes asmáticos apresentaram valores significativamente menores do Pico de Fluxo Expiratório em relação aos pacientes não asmáticos. O PFT correlaciona-se diretamente com a capacidade de remover secreções do trato respiratório, valores abaixo de 160L/min têm sido associados à ineficiência da tosse em realizar o clearance mucociliar. Valores acima de PFT 160L/ min. podem não garantir tosse eficaz devido à deterioração da musculatura respiratória durante períodos de infecção respiratória. Por isso, valores de PFT acima de 270L/min. são utilizados para identificar pacientes que são capazes de produzir PFT e consequentemente garantir um mecanismo de tosse eficiente e uma higienização adequada do trato respiratório (Dalmonch em 2009). Referências - GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Fisiologia humana e mecanismos das doenças. 6ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2008. -PERREIRA, Verônica et al. Pressões respiratórias máximas: valores encontrados e preditos em indivíduos saudáveis. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, vol. 11, n. 5, p.361-368, set./out., 2007. -DALMONCH, Renata Menezes. Função Respiratória E Mecanismo Da Tosse na Distrofia Muscular de Duchenne Rbps 2009; 22 (2): 113119. - BOAVENTURA, Cristina de Matos, et al. Valores de referência de medida de pico de fluxo expiratório máximo em escolares. Arq Med ABC. Uberlândia. pp. 30-34. Novembro 2007. 79 - MATOS, Ana Paula Soares, MACHADO, Ana Cláudia Cardoso. Influência das Variáveis Biopsicossociais na Qualidade de Vida em Asmáticos. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Vol. 23. n. 2, pp. 139-148 Abr-Jun 2007. - AZEVEDO, Andréa Maria Pires et al. Perfil nutricional e avaliação do pico de fluxo expiratório de crianças asmáticas. Paraíba. Outubro 2002. 80 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS INFECÇÕES ASSOCIADAS À VENTILAÇÃO MECÂNICA Bernardo de França Paula1, Akinori Cardozo Nagato2, Cristian Cremonez Vogas3, Jaqueline Travassos de Melo4, Frank da Silva Bezerra5, Marco Aurélio dos Santos Silva6 Rose Brandão Honório7 1 Universidade Severino Sombra/ Serviço Curso de graduação em Enfermagem [email protected] 2 Universidade Severino Sombra/Fisioterapia 3 Hospital Universitários Sul Fluminense/Unidade de Terapia Intensiva 4 Hospital Universitários Sul Fluminense/Laboratório de Microbiologia 5 Universidade Severino Sombra /Coordenação do curso de Fisioterapia – USS 6 Universidade Estadual do Rio de Janeiro/Mestrado de Biologia Experimental 7 Hospital Universitários Sul Fluminense /Serviço de controle de Infecção Hospitalar RESUMO – trata-se de um estudo retrospectivo com o objetivo de identificar quais os microrganismos foram encontrados na secreção de pacientes submetidos à ventilação mecânica na Unidade de Terapia Intensiva adulto do Hospital Universitário Sul Fluminense com diagnóstico de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM). Foram analisado prontuários de 19 pacientes com diagnostico clínico e laboratorial de PAVM. Foram isolados 27 microrganismos no estudo, classificados em dois grupos de acordo com a coloração Gram sendo (11) 40,74% Gram positivas e (16) 59,25% Gram negativas. O microrganismos de maior prevalência foi Acinetobacter sp. aparecendo em (10) 52,63% das infecções, seguida de Staphylococcus aureus (09) 47,36%. O estudo demonstrou alta resistência e baixa sensibilidade de Acinetobacter sp. aos antibióticos testados. Palavras-chave: Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica, avaliação microbiológica, resistência e sensibilidade. Área do Conhecimento: Ciências biológicas Introdução As infecções hospitalares constituem hoje um grave problema de saúde pública no país. A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) é a infecção hospitalar que mais comumente acomete pacientes internados em unidades de terapia intensiva (TEIXEIRA, 2004; ZEITOUN, 2001). Sua incidência pode variar entre 6 e 52% dependendo da população estudada e dos critérios de diagnostico (MACHADO, 2006). Com a instalação de tal infecção os pacientes permanecem mais tempo internados o que gera um aumento nos custos hospitalares (VIERA, 1999). Vários fatores podem levar ao surgimento da PAVM: relacionados ao hospedeiro como idade avançada, desnutrição, tabagismo, etilismo e uso de drogas intravenosas, cirurgia prévia e entrada na unidade de terapia intensiva; relacionado com o ambiente como infecção cruzada pela equipe que cuida, medicações; e fatores mecânicos como sondanasogástrica e refluxo nasogástrico. (ZEITOUN, 2001; MACHADO, 2006; NAFZIGER, 2003) A utilização de critérios microbiológicos através de avaliação quantitativa permite uma melhor especificidade no uso de antibióticos (BERGMANS, 2004) 81 Com a introdução da ventilação mecânica invasiva aumentaram os riscos de desenvolvimento de infecção hospitalar. O paciente com Ventilação Mecânica Invasiva (VMI) tem um risco relativo de 3,44 para a PAVM que o não ventilado (SILVA, 2003). Neste contexto ressaltamos a importância do desenvolvimento de pesquisas por parte das instituições visto que em cada setor e hospital, há um perfil diferente de microrganismos, pacientes, patologias e profissionais gerando uma peculiaridade. Baseado neste contexto o objetivo do presente estudo é identificar quais os microrganismos foram encontrados na secreção de pacientes submetidos à ventilação mecânica na Unidade de Terapia Intensiva adulto PAVM. Materiais e Métodos O estudo foi realizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário Sul Fluminense (HUSF) Foram analisados 19 prontuários do acervo UTI-HUSF, onde apenas 19 (06 do sexo feminino e 13 do sexo masculino) apresentavam registro sobre o desenvolvimento de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM), e, portanto, foram incluídos no estudo. Os prontuários incluídos nas análises foram organizados segundo seus respectivos números de registro no HUSF, e em seguida foram coletados dados referentes: ao diagnóstico de internação, sexo, tempo de internação na UTI, tempo (em dias) de ventilação mecânica, presença ou ausência de doenças associadas, antibióticos utilizados e tempo de antibioticoterapia. Foi considerado PAVM os pacientes que desenvolveram pneumonia após 48-72 horas da intubação endotraqueal e instituição da ventilação mecânica invasiva (VMI). Para a determinação diagnóstica de PAVM foram utilizados os critérios do Clinical Pulmonary Infection Score (CPIS, Escore Clínico de Infecção Pulmonar), A cultura do aspirado traqueal foi considerada positiva (+) quando a unidade formadora de colônia (UFC) foi ≥ 106/ml sem antibioticoterapia; ou ≥105/ml com antibioticoterapia. A cultura e a bacterioscopia foram realizadas no Laboratório de Microbiologia do HUSF, semeadas nos meios de cultura em Ágar Sangue (para bactérias em geral) e Ágar Mc Conkey (para bastonetes Gram Negativos). Resultados No que se refere ao diagnóstico de base, as doenças que prevaleceram foram Traumatismo Crânio Encefálico (06) 31,5%, Acidente Vascular Encefálico (04) 21%, Insuficiência Respiratória (04) 21%, Politraumatismo (03) 15,7% e outras (02) 10,8%. Foram isolados 27 microrganismos no estudo, classificados em dois grupos de acordo com a coloração Gram sendo (11) 40,74% Gram positivas e (16) 59,25% Gram negativas. O microrganismos de maior prevalência foi Acinetobacter sp. aparecendo em (10) 52,63% das infecções, seguida de Staphylococcus aureus (09) 47,36%. Dos 19 episódios de PAVM (12) 63,1% foram causados por apenas 01 microorganismo, (06) 31,5% por 02 microrganismos e (01) 5,2% por 03 microrganismos. O microrganismo Acinetobacter sp, em 04 infecções foi resistente à (17) 89,47% dos antibióticos testados, em 01 infecção foi resistente à (18) 94,74% e em 05 infecções foi resistente à (16) 84,21% dos antibióticos. Discussão O estudo demonstrou que há um predomínio de microrganismos Gram negativos, corroborando com os estudos de Teixeira (2004). A prevalencia de Acinetobacter sp seguida de Staphylococcus aureus revela que o perfil 82 das UTI`s pode se assemelhar no que diz respeito à incidência de bactérias por sitio de infecção (SILVA, 2003). A multirresistencia bacteriana encontrada no estudo demonstrou ter um impacto significante na mortalidade dos pacientes internados (TEIXEIRA, 2004). Referências − [Brazilian guidelines for treatment of hospital acquired pneumonia and ventilator associated pneumonia2007]. J Bras Pneumol, 2007. 33 Suppl 1: p. S1-30 − BERGMANS, D. C. J. J.; BONTEN, M. J. M. Nosocomial Pneumonia. In: MAYHALL, C. G. Hospital Epidemiology and Infection Control. 3. ed. 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Jornal Bras. de Pneumol., São Paulo, v. 30, n. 6, dez. 2004 − VIEIRA, L. A. et al. Colonização Intestinal de Recém Nascidos por Enterobactérias Multiresistentes a antimicrobianos em Unidade Neonatal..Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 75, n. 2, p. 83-90; 1999. − ZEITOUN, S.S. et al. Incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica em pacientes submetidos à aspiração endotraqueal pelos sistemas aberto e fechado: estudo prospectivo – dados preliminares. Rev. latino-am. enfermagem - Ribeirão Preto - v. 9 - n. 1 - p. 46-52 - janeiro 2001 83 MATRICÍDIO: UM ESTUDO DE CASO DE PACIENTE COM TRANSTORNO BIPOLAR Marília Joly1, Flávia Obana2,Luis Eugênio Prado Rocha3, Mariana Amaral Reis4, Alexandre Valença5 1 Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected] Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected] 3 Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected] 4 Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected] 5 Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected] 2 Resumo- Matricídio é o assassinato de uma mãe pelo filho ou filha, uma forma de homicídio raramente vista na prática psiquiátrica. Estudos de casos de matricídio têm revelado a presença de transtornos mentais, tais como esquizofrenia transtorno bipolar, transtornos de personalidade e alcoolismo, assim como casos em que não há evidência de transtorno mental.Tem-se como objetivo relatar o caso de uma mulher com transtorno bipolar que assassinou a sua genitora, e que foi avaliada em perícia psiquiátrica para avaliação da responsabilidade penal. Foi realizada entrevista psiquiátrica, sendo o diagnóstico psiquiátrico estabelecido com base na entrevista e observação dos registros periciais e hospitalares, utilizando-se os critérios diagnósticos DSM-IV-TR. A examinanda foi considerada inimputável, em virtude da presença de doença mental, que afetou inteiramente o seu entendimento e determinação em relação ao delito praticado. Ela cumpre medida de segurança em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico há dois anos. Palavras-chave: violência, homicídio, transtorno mental, transtorno do humor. Área do Conhecimento: medicina, psiquiatria, psiquiatria forense. Introdução O matricídio é definido como o assassinato de uma mãe pelo filho ou filha, sendo uma das formas mais raras de homicídios, com taxas que variam de 1% a 4% de todos os homicídios (GREEN e col., 1981). Alguns estudos realizados com amostras de instituições psiquiátricas sugeriram que o matricídio seria cometido especialmente por homens esquizofrênicos. Entretanto, casos judicialmente confirmados de indivíduos não hospitalizados, têm revelado a presença de outros transtornos mentais, tais como transtorno bipolar, transtornos de personalidade e alcoolismo, assim como casos em que não há evidência de psicopatologia (CLARK, 1993). Na literatura há poucos estudos sobre a associação entre matricídio e transtorno bipolar. Em estudo canadense sobre parricídio (assassinato de pais por filhos), realizado em período de 15 anos (1990 a 1995), através de consultas a arquivos e inquéritos policiais de mortes suspeitas e a registros psiquiátricos, Bourget e col. (2007) encontraram 64 casos, sendo 37(57,8%) de patricídio e 27 (42,1%) de matricídio. Para ambas as ofensas, o transtornos mentais do eixo I mais frequentes foram a esquizofrenia e outros transtornos psicóticos (54,2% de matricídios e 46% de patricídios), seguidos de depressão (16,7% de matricídios e 13,9% de patricídios) e intoxicação por substâncias psicoativas (4,2% de matricídios e 5,6% de patricídios). Dos perpetradores, apenas quatro (6,3%) eram mulheres, sendo que três cometeram matricídio. Destas, duas apresentavam transtornos psicóticos e uma intoxicação por substância psicoativa. Investigando o mesmo tema, Graz e col. (2009) revisaram os registros de ofensas criminais perpetradas por 1561 pacientes com transtorno bipolar tratados entre 1990 e 1995 em um hospital em Munich, na Alemanha. Encontraram que 65 pacientes (4,16%) tinham sido condenados após sete a doze anos de alta hospitalar. A taxa de comportamento criminoso foi maior no grupo de pacientes que apresentavam sintomas maníacos agudos, sendo que 5,6% dos pacientes deste grupo foram condenados por crimes violentos. Um histórico de abuso de substâncias foi encontrado em 21,2% da amostra total (329 de 1561), o que destaca a importância desta comorbidade em pacientes bipolares que apresentaram conduta criminosa ou violenta. Material e Métodos Foi selecionada para esta pesquisa uma paciente com diagnóstico de transtorno bipolar que estava cumprindo medida de segurança em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 84 Rio de Janeiro por infração ao artigo 121 do Código Penal do Brasil (homicídio ou tentativa de homicídio). A paciente em questão foi acusada de assassinar a sua genitora. O diagnóstico psiquiátrico final foi estabelecido com base na entrevista psiquiátrica e observação dos registros, utilizando-se os critérios diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais4ª. edição texto revisado (DSM-IV-TR- 2000). A paciente assinou um Termo de Consentimento para participar voluntariamente do estudo (consentimento livre e esclarecido). O estudo foi aprovado por parte do Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esse estudo faz parte de projeto de pesquisa sobre a associação entre violência e doença mental. Resultados A, sexo feminino, 28 anos, natural do Rio de Janeiro, cor branca, solteira, sem profissão, 1º. grau incompleto, aposentada. A examinanda foi submetida a avaliação psiquiátrica pericial (incidente de insanidade mental) no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho, no Rio de Janeiro, no ano de 2007. De acordo com informações dos autos do processo criminal, consta na denúncia, que no ano de 2006, a examinanda atingiu a sua genitora, com quem vivia, com vários golpes de instrumento cortante, provocando a morte da mesma. A examinanda afirma que seus problemas psiquiátricos começaram quando a mesma contava com vinte anos de idade, no ano de 1998, ocasião em que não conseguia dormir, andava despida pelas ruas, quebrava objetos de casa, tinha o pensamento muito rápido e falava de forma ininterrupta, inclusive dirigindo-se a pessoas desconhecidas. Nesta ocasião foi internada em uma clínica psiquiátrica, pela primeira vez. No mesmo ano foi hospitalizada pela segunda vez, por novo episódio de alteração do humor, com características semelhantes ao já descrito. Afirma que entre os anos de 1999 e 2005 fez acompanhamento em centro de atenção psicossocial, usando clorpromazina e lítio, permanecendo assintomática durante este período. No ano de 2006, após interromper o tratamento medicamentoso, voltou a apresentar novo episódio de exaltação do humor, logorréia e agitação psicomotora, sendo novamente internada em clínica psiquiátrica. A examinanda relatou ainda que quando fazia uso regular de medicamentos, seu relacionamento com a genitora “era ótimo”, porém quando interrompia o uso de medicamentos “ficava agressiva com ela”. Afirma que tinha interrompido uso de medicação um mês antes do delito (assassinato da genitora), ocasião em que voltou a apresentar novo episódio de humor irritado, hiperatividade, logorréia, insônia global e escuta de vozes, cujo conteúdo diz não lembrar. Não havia histórico ou relato de uso de álcool e/ou substâncias psicoativas. Informa que a avó materna “tinha problemas de cabeça”, tendo sido internada em diversas ocasiões em clínicas psiquiátricas. Afirma ainda que ela e a genitora, com quem residia, eram pessoas pobres, vivendo de um salário mínimo, proveniente da aposentadoria da examinanda, por doença mental, a partir dos 24 anos de idade. A examinanda interrompeu seus estudos na 6ª. série, em virtude dos problemas psiquiátricos relatados. Nunca trabalhou ou teve profissão especializada. Referiu ter tido poucos namorados, apesar de ser uma pessoa “muito falante”. Tinha poucos amigos, porém costumava freqüentar bailes, porque gostava muito de dançar. Durante a avaliação pericial (Laudo de Exame de Sanidade Mental), relatou: “estava doente da cabeça e fui no baile e conheci um rapaz e levei lá para minha casa e ele pediu a minha mão em casamento e minha mãe não deixou e ele mandou eu enfiar a faca nela, aí eu fiz isso”. Apresentava, de acordo com a avaliação pericial, humor exaltado e irritado, logorréia e aceleração do curso do pensamento. Nesta perícia psiquiátrico-forense foi considerada inimputável, em virtude de ser inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de suas ações ou de determinar-se de acordo com este entendimento, à época dos fatos, por doença mental. Cumpre medida de segurança, na forma de internação no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho, há dois anos. No exame psiquiátrico atual a examinanda apresenta pessoal cuidada, colaborativa, fala rápida, humor irritado e levemente exaltado, sem nenhuma sintomatologia psicótica no momento deste exame. Afirma sentir-se muito arrependida em relação ao delito: “eu gostava muito dela, não sei porque fiz isso”. O diagnóstico psiquiátrico final foi estabelecido com base na entrevista psiquiátrica e observação dos registros periciais e hospitalares, utilizando-se os critérios diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais4ª. edição texto revisado (DSM-IV-TR- 2000). A examinanda em questão preencheu critérios diagnósticos para Transtorno Bipolar tipo I, episódio mais recente maníaco: recentemente em episódio maníaco (redução da necessidade do sono; mais loquaz que o habitual e pressão por falar; experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo; agitação psicomotora; envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 85 conseqüências dolorosas) – critério A; houve, anteriormente, episódio maníaco – critério B; os episódios do humor não são melhor explicados por transtorno esquizoafetivo nem estão sobrepostos a esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante ou transtorno psicótico sem outra especificação – critério C. Discussão No Brasil, o critério adotado pelo nosso código penal para avaliação da responsabilidade penal é o biopsicológico: a responsabilidade só é excluída, se o agente, em razão de doença mental ou retardamento mental, era, no momento da ação, incapaz de entendimento ético-jurídico e auto-determinação. O método biopsicológico exige a averiguação da efetiva existência de um nexo de causalidade entre o estado mental anômalo e o crime praticado, isto é, que este estado, contemporâneo à conduta, tenha privado parcial ou completamente o agente de qualquer das mencionadas capacidades psicológicas (seja a intelectiva ou a volitiva). Em um episódio maníaco típico, tanto o pensamento quanto o comportamento e volição, apresentam-se muito alterados, devido a uma aceleração de todos os processos psíquicos, bem como distúrbios psicopatológicas da afetividade e vontade, afetando inteiramente o entendimento e a determinação, daí a inimputabilidade da examinanda. A conexão entre transtorno bipolar e violência parece ser maior durante os episódios agudos do transtorno. Pacientes maníacos apresentaram comportamento violento na comunidade durante as duas semanas que antecederam a admissão hospitalar, tiveram taxas mais elevadas de violência durante os três primeiros dias de hospitalização (McNEIL e col., 1988). Os pacientes maníacos frequentemente se tornam violentos quando se sentem restritos ou quando limites são colocados pela equipe de atendimento. O risco de violência no transtorno bipolar é maior na fase maníaca do que na depressiva. No caso apresentado, o fator precipitante imediato do crime parece ter sido um desentendimento verbal da examinanda com a sua genitora. Variáveis psicopatológicas parecem também ter importância no comportamento violento ou homicida de indivíduos com transtornos afetivos graves. Pacientes maníacos podem apresentar violência não premeditada, súbita e grave, decorrente de ideação persecutória ou frustração diante da colocação de limites, como no caso apresentado. Apesar de alguns estudos descreverem a importância de uma dinâmica familiar perturbada na causa do matricídio, este aspecto não foi ilustrado no presente caso, já que a examinanda afirmou ter bom relacionamento com a vítima, sua genitora. Não podemos deixar de levar em consideração que todos os dados do caso apresentado foram colhidos apenas com a própria examinanda. Diversos estudos têm encontrado um padrão duradouro de rompimento do contato com serviços de saúde mental, enquanto em outros o homicídio parece ocorrer logo após o início do transtorno mental, antes do ofensor ter estabelecido um contato com estes serviços. A examinanda em questão não estava em tratamento psiquiátrico ou em uso de psicofármacos antes do delito. É importante que os serviços de saúde mental trabalhem para prevenir a perda de contato e não aderência ao tratamento, que freqüentemente precedem o homicídio cometido por pessoas com transtornos mentais graves. Também é fundamental que a sociedade e autoridades governamentais atenuem barreiras de acesso a tratamento psiquiátrico e psicossocial. Referências - AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental th Disorders 4 Edition (Text-Revision). American Psychiatric Publishing, Washington, D.C., 2000. - BOURGET, D., GAGNÉ P. Parricide: a comparative study of matricide versus patricide. J Am Acad Psychiatry Law. V. 35, p. 306-312, 2007. - CLARK SA. Matricide: the schizophrenic crime? Med Sci Law. V.33, p. 325-328,1993. - GRAZ, C., ETSCHEL, E., SCHOECH H., SOYKA M. Criminal behavior and violent crimes in former inpatients with affective disorder. J Affect Disord. In press, 2009. - GREEN, CM. Matricide by sons. Med Sci Law. 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VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 86 DOENÇA MENTAL E VIOLÊNCIA: UM ESTUDO DE SÉRIE DE CASOS DE PSICÓTICAS HOMICIDAS Marília Joly1, Flávia Obana2,Luis Eugênio Prado Rocha3, Mariana Amaral Reis4, Alexandre Valença5 1 Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected] Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected] 3 Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected] 4 Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected] 5 Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected] 2 Resumo- O objetivo desse estudo foi avaliar amostra de todas as mulheres com diagnóstico de transtorno psicótico primário que receberam medida de segurança e estavam em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Rio de Janeiro, em regime de internação (n=8), em virtude de homicídio ou tentativa de homicídio (Artigo 121 do Código Penal Brasileiro). Foi realizado um levantamento retrospectivo de dados através de registros periciais e pareceres de equipes de assistência. O diagnóstico psiquiátrico final foi realizado com base na entrevista psiquiátrica e observação dos registros, utilizando-se os critérios diagnósticos do DSM-IV-TR. Sete pacientes receberam diagnóstico de esquizofrenia e uma de transtorno esquizoafetivo. A maioria das vítimas (n=6, 60%) era membro familiar das pacientes. Cinco (62,5%) pacientes da amostra total apresentavam sintomatologia psicótica no momento da avaliação pericial. As alucinações auditivas foram os sintomas psicóticos mais comuns. O estudo de fatores motivadores do comportamento homicida pode fornecer conhecimentos para o estabelecimento de intervenções terapêuticas. Palavras-chave: agressão, homicídio, transtorno mental, esquizofrenia. Área do Conhecimento: medicina, psiquiatria, psiquiatria forense. Introdução Material e Métodos A violência cometida por indivíduos com transtornos mentais graves tem se tornado um crescente foco de interesse entre médicos, autoridades policiais e população em geral. Diversos estudos na última década têm mostrado uma associação entre transtornos mentais e comportamento violento (HODGINS et al., 1996; SWANSON et al., 1990). Uma das principais abordagens para estudar esta relação são as pesquisas com indivíduos homicidas, uma vez que o homicídio é considerado uma expressão mais grave da violência. A associação entre esquizofrenia e comportamento violento é um achado robusto: tem sido descrito por vários grupos de pesquisadores independentes que trabalham em países industrializados (SWANSON et al., 1990) e em países em desenvolvimento (VOLAVKA et al., 1997), com diferentes culturas, serviços sociais e de saúde e sistemas de justiça criminal, em estudos examinando diferentes amostras e utilizando metodologias diversas. Estes achados implicam em grande sofrimento tanto para as vítimas quanto para os perpetradores, além de um custo financeiro alto para a sociedade. Foram selecionadas para esta pesquisa todas as pacientes com diagnóstico de transtorno psicótico primário que estavam cumprindo medida de segurança em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Rio de Janeiro por infração ao artigo 121 do Código Penal do Brasil (homicídio ou tentativa de homicídio) (n=8). Tratase de um estudo de série de casos. Os transtornos psicóticos primários foram definidos como sendo esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo e transtorno delirante. Foi realizado um levantamento de dados de registros periciais e pareceres de equipe de assistência do manicômio judiciário, onde as examinandas se encontravam internadas. O diagnóstico psiquiátrico final foi estabelecido com base na entrevista psiquiátrica e observação dos registros, utilizando-se os critérios diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais- 4ª. edição texto revisado (DSM-IV-TR- 2000). Também houve aplicação da escala das Síndromes Positiva e Negativa (PANSS), no grupo de pacientes que VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 87 apresentaram diagnóstico de transtornos psicóticos primários (n=8). Após concordância das pacientes em participar da pesquisa, houve aplicação de entrevistas estruturadas e questionários pelos pesquisadores do presente projeto. Não houve nenhuma interferência em relação ao tratamento recebido pelas pacientes, por parte das equipes de assistência da instituição mencionada. As pacientes assinaram um Termo de Consentimento para participar voluntariamente do estudo (consentimento livre e esclarecido). O estudo foi aprovado por parte do Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Resultados A amostra foi composta por oito pacientes do sexo feminino, acusadas de homicídio (n=5, 62,5%) ou tentativa de homicídio (n=3, 37,5%). Todas as pacientes aceitaram participar do estudo. Foi encontrado que 37,5% (n=3) das pacientes tinham história prévia de comportamento violento. No que diz respeito ao grau de imputabilidade relacionado ao delito, a maioria das pacientes (n=7, 87,5%) foi considerada inimputável. No total houve dez vítimas agredidas, já que uma das pacientes tentou afogar seus três filhos menores de idade. A maioria das vítimas (n=6; 60%) era membro familiar das pacientes. Os principais instrumentos utilizados para a prática do delito foram os cortantes (n=3; 37,5%). De acordo com a avaliação da perícia psiquiátrica inicial, cinco (62,5%) pacientes da amostra total (n=8) apresentavam sintomatologia psicótica no momento desta avaliação. Observou-se que as alucinações auditivas (n=4, 50%) foram os sintomas psicóticos mais comuns neste grupo. Ainda em relação ao grupo estudado, a média e desvio padrão em relação aos escores de sintomas positivos e negativos medidos através da Escala PANSS foi 12 + 8,92 e 38,5 + 10, 91, respectivamente. Discussão Em nosso estudo realizamos uma avaliação psiquiátrico-forense de amostra de oito pacientes com transtornos psicóticos primários que estavam cumprindo medida de segurança em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, por homicídio (n=5) ou tentativa de homicídio (n=3), na cidade do Rio de Janeiro. A maior parte destas apresentava baixo nível de escolaridade, eram solteiras (87,5%), não tinham atividade profissional (50%) e tinham baixa renda familiar, à época do delito. Sete (87,5%) pacientes receberam diagnóstico de esquizofrenia e uma (12,5%) de transtorno esquizoafetivo. Uma história passada de violência tem sido consistentemente considerada como preditiva de violência subseqüente, em diversas populações de pacientes (STEINERT, 2002). Da amostra do presente estudo, três pacientes (37,5%) tinham história prévia de comportamento violento, sendo que duas estavam envolvidas em dois processos criminais e outra em cinco processos criminais. O estudo da média e desvio padrão de escores de sintomas positivos e negativos neste grupo, através da escala PANSS, mostrou uma pontuação mais baixa dos primeiros (12 ± 8,92), em relação aos últimos (38,5 ± 10,91), achado possivelmente relacionado à evolução deste transtorno mental grave, havendo predomínio de sintomas negativos. A relação entre transtornos mentais graves e criminalidade é mais complexa do que uma simples causalidade. Fatores como idade, gênero, status sócio-econômico e criminalidade prévia são importantes, assim como outros fatores potencialmente tratáveis como abuso de substâncias, transtornos de personalidade e uso regular de medicamentos. A comorbidade com abuso de substâncias aumenta o risco de comportamento violento naqueles com transtornos mentais graves (HODGINS et al., 1996; SWANSON et al., 1990). Neste aspecto, encontramos em nossa amostra que três de oito pacientes (37,5%) usaram álcool nos dias anteriores ao delito e uma delas, além de álcool, também utilizou cannabis sativa e cocaína, previamente ao delito. Curiosamente, duas pacientes que tinham envolvimento em mais de um processo criminal tinham história de abuso de álcool. Uma delas, envolvida em cinco processos criminais, além de álcool também utilizava cannabis sativa e cocaína Em nosso estudo cinco (62,5%) pacientes da amostra total (n=8) apresentavam sintomatologia psicótica no momento da avaliação pericial inicial (Laudo de Exame de Sanidade Mental). Verificou-se que as alucinações auditivas (n=4 pacientes, 50%) foram os sintomas psicóticos mais comuns neste grupo, ainda de acordo com a avaliação pericial. Quando as próprias pacientes deste grupo (n=8) foram questionadas no momento do presente estudo sobre a existência de sintomatologia psicótica à época do delito, quatro (50%) referiram alucinações auditivas. Certamente este último dado tem valor limitado e fidedignidade incerta, por depender da lembrança das pacientes. Nosso estudo também ilustra a importância da sintomatologia psicótica antes da manifestação do comportamento violento. VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 88 Embora as evidências estatísticas e empíricas apontem para uma relação positiva entre transtornos mentais graves e comportamento violento, isto certamente representa uma pequena proporção da violência ocorrida na comunidade. Em países com altos índices de violência, como no Brasil, onde a violência e criminalidade têm intensa associação com a precariedade de condições sócioeconômicas, o percentual de homicídios associados transtornos mentais talvez seja ainda menor. O objetivo de pesquisas sobre a associação entre violência e transtornos mentais não é estigmatizar, e sim compreender melhor os fatores que contribuem para esta associação, bem como propor políticas de saúde mental e intervenções terapêuticas para pacientes com transtornos mentais e comportamento violento. Apesar da amostra estudada não poder ser considerada representativa de todas as mulheres com transtornos psicóticos que cometeram homicídio, acreditamos que o mesmo poderá contribuir para o entendimento e ilustração da relação entre homicídio e transtornos mentais, nas mulheres. Certamente o estudo de fatores motivadores do comportamento homicida pode fornecer conhecimentos para o estabelecimento de intervenções terapêuticas em mulheres com transtornos mentais que apresentem risco para este ou outros comportamentos violentos. Referências - AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental th Disorders 4 Edition (Text-Revision). American Psychiatric Publishing, Washington, D.C., 2000. - HODGINS S., MEDNICK S. A., BRENANN P.A., SCHULSINGER F., ENGBERG M. Mental disorder and crime. Evidence from a Danish birth cohort. Arch Gen Psychiatry.V. 53, n.6, p. 489-96, 1996. - STEINERT T. Prediction of inpatient violence. Acta Psychiatr Scand. 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Os dados obtidos foram baseados em fichas-controle de exames realizados no laboratório do Hospital Veterinário e por fichas cadastrais dos animais atendidos. A análise de suspeita clínica e de casos clínicos positivos foi realizada no período de abril de 2008 a abril de 2009. Palavras-chave: Erliquiose, Erhlichia canis, Rhipicephalus sanguineus. Área do conhecimento: Protozoologia mialgias e sintomas gastrointestinais e o Introdução tratamento com antibiótico a base de tetraciclina confere resultados satisfatórios (BARR apud STORTI, 2003). A Erliquiose Canina é uma doença Os caninos soropositivos para transmitida por carrapato, causada pelo Ehrlichia Canis foram identificados em parasita intracelular obrigatório Ehrlichia muitas regiões do mundo e na maior parte spp. As espécies que naturalmente infectam os cães são E. canis, E. equi, E. dos Estados Unidos, mas a maioria dos risticii, E.platys e E. ewingii (ANDEREG E casos ocorre em áreas com altas concentrações de Rhipicephalus PASSOS, 1999). E. Canis é a espécie sanguineus, como é o caso do Brasil, fato mais comum e causa a doença clínica que justifica a realização de mais grave, sendo mantida no ambiente através da transmissão pelos carrapatos levantamentos da ocorrência da infecção da espécie Rhipicephallus sanguineus em nosso país. aos cães (NELSON et al., 2006). Os O presente trabalho teve o objetivo principal de verificar a ocorrência de achados patológicos em cães incluem edema e enfisema pulmonares, ascite, casos de Erliquiose Canina na população canina atendida no Hospital Veterinário de glomerulonefrite, hepatoesplenomegalia e linfadenopatia. Podem ser encontradas Corrêas, Petrópolis, RJ, além de avaliar hemorragias no sistema urogenital, possíveis predisposições quanto ao sexo, intestinos e narinas. Há também presença idade e raça dos animais acometidos. de petéquias na gengiva, conjuntiva ocular, bucal e nasal (CORRÊA E Material e métodos CORRÊA apud STORTI, 1992). A doença é uma zoonose e pode Foram obtidas fichas-controle dos ser transmitida ao homem da mesma exames hematológicos de animais forma que é transmitida ao cão, tendo, clinicamente suspeitos, realizados no portanto, uma importância relevante em laboratório do Hospital Veterinário de saúde pública. Os sinais clínicos em Corrêas. humanos incluem febre, dor de cabeça, Foram realizados exames 90 laboratoriais em 186 cães com suspeita de Erliquiose Canina, os quais apresentavam as principais manifestações clínicas da doença, como mucosas pálidas, linfoadenopatia generalizada, hipertemia, caquexia, ixodidiose recorrente, petéquias, esplenomegalia e hepatomegalia, não havendo distinção de sexo, idade ou raça. As amostras de sangue colhidas eram encaminhadas para realização de hemograma (eritrograma e leucograma), e um esfregaço de sangue realizado para a pesquisa de Ehrlicha canis. Resultados Dos 186 esfregaços de sangue realizados, 168 (90,30%) foram negativos e 18 (9,67 %) positivos para a presença de E. Canis. Do total de animais positivos, 12 (67%) eram machos e 6 (33%) eram fêmeas. Em relação à raça dos animais, observou-se positividade para a presença do hemoparasito em 7 (38,88%) animais sem raça definida (SRD), 3 (16,66%) da raça Retriever Labrador, 3 (16,66%) da raça Pastor alemão e 5 (27,77%) animais pertencentes a outras raças. O índice de positividade foi mais elevado nos animais até 5 anos de idade (44%). Nas demais faixas etárias, verificou-se que 5 (28%) tinham entre 5 e 10 anos, e 5 (28%) de 10 a 15 anos de idade. Os animais positivos para o hemoparasita submetidos ao tratamento antiricketisial, de acordo com a dose terapêutica estipulada pelo médico veterinário. Desses, 13 (72,22 %) responderam bem ao tratamento com doxiciclina e dipropionato de imidocard (Imizol) e 5 (27,78%) vieram a óbito, dos quais 1 deles tinha menos de 1 ano, e os outros 4 mais de 10 anos. Discussão Segundo Fernandes e colaboradores (1998), a forma crônica da doença parece ser mais severa nos pastores alemães e dobermans, o que corresponde aos dados obtidos que demonstram a raça Pastor Alemão como a segunda mais acometida por Ehrlichia canis. A raça não parece ser um fator predisponente para a ocorrência de hemoparasitas, porém alguns autores sugerem que os animais criados à solta podem estar mais expostos aos vetores transmissores da enfermidade. No presente trabalho, temos um percentual de 38,88% de animais SRD que adquiriram o parasito, índice que supera as demais raças, e corrobora com a literatura. A prevalência de casos de erliquiose nos meses de novembro de 2008 condiz com Nelson e colaboradores (2006), que descrevem que a fase aguda da doença é mais frequentemente reconhecida na primavera e no verão, quando o carrapato vetor é mais ativo, correspondendo, portanto, à pesquisa realizada. Os animais mais jovens foram os mais acometidos, provavelmente por ainda não contarem com seu sistema imunológico completamente desenvolvido. Os adultos parasitados correspondem aos que vivem em ambientes mais propícios à presença do vetor e que não são tratados profilaticamente para o controle dos ectoparasitos. Agradecimentos: FUNADESP Referências ANDEREG, P. I.; PASSOS, L. M. F. Erliquiose canina: revisão. Clínica Veterinária. v. 4, n. 18, p. 31-38, 1999. BARR, S. C. Erlichiosis. The 5 minute veterinary consult. p. 538-539, 1997 FERNANDES, P. V. B. JERICÓ, M. M.; LOPES, P. A.; MOREIRA, M. A. B.; 91 SULTANUM, C. A. R; ZORZI, V. B.; MACHDO, F. L. A.; CANTAGALLO, K. L. Alterações hematológicas e bioquímicas em cães soropositivos para Ehrlichia Canis no período de 2002 a 2008. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais. p. 139-142, 2008. CORRÊA, W. M.; CORRÊA, C. N. M. Outras rickettsioses. Enfermidades infecciosas dos mamíferos domésticos. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1992, cap.48, p.477-483. NELSON. R.W.; COUTO. C. G. Medicina Interna de pequenos animais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p. 991-999. 92 LEVANTAMENTO DOS DIAGNÓSTICOS HISTOPATOLÓGICOS EM BIÓPSIAS DE PELE EM UM LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA NO ANO DE 2008 1 2 3 Henrique Magalhães de Souza Lima , Gabriela Cauper de Carvalho Pereira , Ellene Papazis Alquati , 4 5 6 7 Natália de Paiva Abrahão , Lília Tomaz Godoi , Ludmilla Silva Oliveira , Renato de Oliveira Flores , 8 9 10 Fernanda Miranda Rezende , Anelise de Souza Silva , Carlos Henrique de Souza Lima 1 – Autor, Universidade Severino Sombra, [email protected] 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 – Co-autor, Universidade Severino Sombra 10 – Orientador, Universidade Severino Sombra Resumo: Este trabalho relaciona todos os diagnósticos encontrados nas biópsias de pele recebidas para exame histopatológico em um laboratório de anatomia-patológica e citopatologia durante o ano de 2008. Pode-se observar a freqüência de diferentes alterações da pele e anexos cutâneos. Fica clara a grande diversidade de alterações dermatológicas presentes na prática clínica, bem como a importância do histopatológico como exame complementar de grande valor na investigação e confirmação diagnóstica quando bem indicado. Palavras-chave: Biópsia, Dermatologia, Histopatologia, Pele Área do Conhecimento: Medicina: Dermatologia; Anatomia Patológica Introdução Resultados Por muitas vezes se faz necessário na prática dermatológica a solicitação de exames complementares, para se chegar a um diagnóstico preciso. Dentre estes exames, o histopatológico é freqüentemente utilizado para confirmação de hipóteses diagnósticas. O exame consiste na análise microscópica de cortes histológicos de tecido obtido por biópsia, após as devidas preparações histológicas e técnicas de coloração. É importante reconhecer a sensibilidade e a especificidade deste método diagnóstico, que se alteram de acordo com a doença em questão. Este trabalho objetiva observar os diagnósticos mais usuais em biópsias de pele na prática de um serviço de anatomia-patológica, para fins estatísticos e epidemiológicos. Dos 282 exames histopatológicos analisados, foram encontrados os seguintes resultados, aqui agrupados: Neoplasias epiteliais (34,0%); Cistos e neoplasias mesenquimais (9,6%); Neoplasias melanocíticas (9,2%); Doenças virais (8,2%); Dermatites (7,8%); Afecções vasculares (5,0%); Doenças eritematoescamosas (2,5%); Dermatoses basicamente papulosas (2,1%); Dermatoses pré-cancerosas (1,8%); Fotodermatoses (1,4%); Discromias (0,7%); Dermatoses atróficas e escleróticas (0,7%); Afecções granulomatosas de etiologia nãoinfecciosa (0,7%); Micobacterioses (0,7%); Micoses superficiais (0,7%); Metástases carcinomatosas (0,7%); Doenças basicamente eritematosas (0,3%); Doenças vésico-bolhosas (0,3%); Dermatoses Neutrofílicas (0,3%); Prurigos (0,3%); Doenças metabólicas (0,3%); Afecções dos pêlos (0,3%); Hipodermites (0,3%); Outros (2,1%). No grupo das Neoplasias Epiteliais há 42 diagnósticos de Carcinoma Basocelular, 31 de Ceratose Seborréica, 9 de Ceratoacantoma, 7 de Hiperplasia Sebácea, 5 de Carcinoma Espinocelular, 2 de Carcinoma Indiferenciado. Nos Cistos e Neoplasias Mesenquimais há 10 Cistos Epidérmicos, 10 Dermatofibromas, 4 Fibromas Moles, 1 Cisto Triquilemal, 1 Lipoma e 1 Quelóide. Nas Neoplasias Melanocíticas temos 25 Nevos e 1 Melanoma. Nas Doenças Virais há 13 Verrugas, 8 Papilomas e 2 Condilomas Acuminados. No grupo das Dermatites encontram-se 22 casos. Material e Métodos Para selecionar a amostra de biópsias pertinentes ao estudo, foram isoladas do montante de exames histopatológicos realizados, durante o ano de 2008, por um laboratório privado de anatomia-patológica e citopatologia de Volta Redonda - RJ, todas as biópsias de pele, as quais somaram um total de 282 exames. Para o desenvolvimento do trabalho apenas houve acesso aos laudos histopatológicos, ficando preservada a identidade dos pacientes. As entidades cuja etiologia é multifatorial foram enquadradas dentro do grupo de maior relevância. 93 Nas Afecções Vasculares há 8 Hemangiomas, 3 Angioqueratomas, 2 Vasculites e 1 Perivasculite. Nas Doenças eritematoescamosas há 3 Psoríases, 2 Pitiríases Róseas, 1 Parapsoríase e 1 Eritrodermia Esfoliativa. Nas Dermatoses basicamente papulosas há 4 Líquens simples crônicos e 2 Líquens planos. Nas Dermatoses pré-cancerosas há 4 Ceratoses Actínicas e 1 Corno Cutâneo. Nas Fotodermatoses há 4 casos de Elastose Solar. Nas Discromias há 2 casos de Vitiligo. Nas Dermatoses atróficas e escleróticas há 2 Líquens Esclero-Atróficos. Nas Afecções granulomatosas de etiologia não-infecciosa listam-se 2 Granulomas Anulares. Entre as Micobacterioses está 1 Hanseníase Indeterminada e 1 Hanseníase Virchowiana. Nas Micoses Superficiais há 1 Pitiríase e 1 Tinea corporis. Como Doença basicamente eritematosa temos 1 Eritema Fixo. Nas Doenças vésico-bolhosas há 1 Penfigóide Bolhoso. Nas Dermatoses neutrofílicas há 1 Pustulose Subcórnea. No grupo dos Prurigos foi identificado 1 Prurigo Melanótico. Nas Doenças metabólicas há 1 Amiloidose. Como Afecção dos pêlos há 1 Alopecia Areata. Nas Hipodermites há 1 Eritema Indurado de Bazin. Como “outros” estão incluídos 2 casos de Cicatriz, 2 casos de Disidrose, 1 caso de Fibroma e 1 caso de Hiperceratose. Foram identificadas 52 neoplasias malignas, o que corresponde a 18,4% do total. Dentre estas neoplasias malignas, 94,0% correspondem a câncer de pele não-melanoma e 3,8% a metástase carcinomatosa de outros órgãos. Constataram-se 9,6% de exames inconclusivos, por motivos diversos, totalizando 27 exames. Nota-se que no campo da Dermatologia há um grande leque de diagnósticos possíveis, o que requer tanto do clínico quanto do patologista elevado nível de conhecimento sobre o tema. A falta de informações clínicas, por exemplo, é um fator limitante, responsável por significativa parcela dos laudos inconclusivos. Outras vezes porém, não consegue-se firmar o diagnóstico histopatológico por falta de características específicas da patologia em questão, embora a suspeita possa ser iminente, o que talvez justifique a repetição da biópsia, caso clinicamente seja necessário. A experiência do patologista o permite sugerir e/ou afastar diagnósticos mais específicos, bem como limitar o espectro de entidades hipoteticamente diagnosticáveis. A semiologia dermatológica e o histopatológico complementamse. O ideal é que o médico dermatologista e o patologista atuem de forma coesa, afim de melhor conduzir os pacientes a um tratamento adequado. Referências - AZULAY, R.D.; AZULAY D.R.; AZULAYABULAFIA, L. Dermatologia. 5.ed. Guanabara Koogan, 2008. - SAMPAIO, S.A.P.; RIVITTI, E.A. Dermatologia. 3.ed. Artes Médicas, 2007. - ELDER, D.; ELENITSAS, R.; JOHNSON JR, B.; IOSSREDA, M.; MILLER, J.J.; MILLER III, O.F. Histopatologia da Pele de Lever: Manual e Atlas. Editora Manole, 2001. Discussão A etiologia das entidades supracitadas é a mais variada, e apesar de não ser objetivo deste trabalho entrar em seus pormenores, cabe aqui um destaque à alta taxa de neoplasias epiteliais observadas, as quais podem estar em grande parte relacionadas à exposição solar, reforçando então a importância do hábito de fotoproteção. 94 Autoridade Médica x Rua do Povo: entre a crise humana e social. Ádamo Katsuhiro de Andrade Yoshiki¹, Francisco Buraneli², Gustavo Marttins de Almeida³, Marcelo 4 5 6 Cristiano Corrêa Cardoso , Pedro Victor P. Kegel Heitor Mansor Coleti , Henrique Junqueira 7 8 9 10 Garcia G. Marques , Patrícia Sayuri Ueno , Loruama Nogueira , Elisa Maria Amorim da Costa 1 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 2 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 3 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 4 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 5 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 6 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 7 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 8 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 9 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 10 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] Resumo: A gripe A trouxe a tona não apenas uma enorme reflexão quanto ao atual nível da saúde pública no Brasil, como também sobre a organização de espaços físicos, o relacionamento entre pessoas e hábitos de higiene. As primeiras medidas a serem tomadas envolveram a suspensão de atividades de restaurantes e escolas, ou seja, lugares com grande circulação e aglomeração de pessoas com o objetivo de evitar a disseminação da doença. Com isso, as pessoas passaram a reunirem-se na rua. Lugar comum a todos os cidadãos. A pergunta q ficou sem sua respectiva resposta foi: a quem pertence à rua, as autoridades que podem impedir com que as pessoas circulem ou ao povo que a utiliza? Palavras: Crise humana, social Área de conhecimento: Ciências da Saúde Introdução: Em 1933, Le Corbusier, afirmou: "Precisamos matar a rua”, esta colocação de um dos grandes expoentes da arquitetura moderna gerou reflexões acerca da rua enquanto local da sociabilidade humana. Para o olhar antropológico a rua é recortada em seus variados pontos de vista por olhares distintos fundamentados na multiplicidade de seus usuários, sua cultura, seu tempo-espaço e suas distintas formas de ocupação. Às vezes é vitrine, às vezes é palco e, em sua condição funcional, deixa de ser apenas espaço físico de fluxo e se permuta em outras essências: vira trajeto de devoto em dia de procissão, local de protesto em dia de passeata, local de trabalho, ponto de encontro, moradia, cenário onde processa a vida coletiva, enfim. Materiais e métodos: Como método, foi utilizado da observação e avaliação da questão de forma crítica e objetiva devido à importância do tema proposto. Resultado: A questão da rua enquanto espaço de sociabilidade voltou a ganhar destaque na atualidade nacional com a Epidemia da” Gripe Suína”(GripeA), quando escolas, shoppings, pontos comerciais em sua variedade, foram fechados. O argumento da aglomeração humana enquanto mecanismo primordial de propagação do vírus tornou-se, segundo as autoridades, irrevogável na justificação de limitar a presença do cidadão 95 nas ruas. Até que ponto limitar o fluxo em espaços públicos é medida eficaz contra o combate das epidemias?Até que ponto as autoridades tem direito de influir na liberdade do cidadão de ocupar as ruas, espaço indispensável da sociabilidade humana? Limitar o fluxo pode se tornar, de fato, medida incoerente, pois quando desprovida de esclarecimento a população deixa de freqüentar os locais previamente estabelecidos, porém continua a utilizar-se da rua enquanto espaço social, ou seja, deixa de freqüentar escolas e igrejas, porém com tempo livre passa-se a freqüentar bares, praças e demais locais de convívio público. Por outro lado, as autoridades no atributo de seus deveres possuem, de fato, o direito constitucional de limitar o fluxo de Indivíduos com o intuito de resguardar a integridade do coletivo. Cabe ressaltar, no entanto que esta medida mostrou-se incoerente com a prática cotidiana no caso da Gripe, logo novamente torna-se importante discutir até que ponto de fato “a rua é do povo”. Então, do ponto de vista pragmático, como de fato as autoridades deveriam agir no caso da Pandemia da Gripe A, que no Brasil atingiu dimensões de caráter de problemática social? Parece inerente ao espírito humano buscar justificar o fim pelos meios, sobretudo nos casos que envolvem o risco da vida humana, contudo medidas heróicas parecem ter surtido pouco ou nenhum efeito na contenção da doença. É irrevogável o preceito de que com a epidemia muitas das diretrizes protocoladas pelo ministério da Saúde foram absorvidas pela população e permitiram uma permuta qualitativa dos hábitos de higiene e convívio coletivo. Entre estas medidas para a contenção de surtos em comunidades fechadas preconizou-se a difusão de orientações sobre as medidas de prevenção não farmacológica da doença, se a ótica de análise for imparcial (tarefa árdua!), nota-se que as medidas que foram adotadas no o dia a dia com a gripe foi, sobretudo a higiene básica nos afazeres cotidianos, ou seja, no momento em que a autoridade de saúde, personificada na figura do médico, exigiu que medidas profiláticas fossem efetivadas, na prática ela promoveu um grande processo de Educação em Saúde como poucas vezes foi visto na história do país. Em outras palavras “passou-se a lavar as mãos”, a ter higiene nos atos diários, sendo que para isso não se precisou colocar o exército nas ruas, como ocorreu na Reforma Sanitária. O bom senso foi despertado e hoje é latente no que tange a higiene pessoal. O aspecto negativo da autoridade sanitária também é facilmente referenciado,quando o Ministério preconizou a garantia do sigilo da identidade nos casos confirmados e fez com que se evitasse conduta discriminatória do mesmo, logo veículos de comunicação em sua diversidade deveriam resguardar o interesse coletivo enquanto ferramenta informativa, fator utópico no contexto atual, em que cada novo caso descoberto expunha o doente enquanto personagem de uma triste história da deficiência do Sistema de Saúde na resolução do problema. De fato, foi inócuo o esforço das autoridades medicas em manter sigiloso o crescimento da pandemia, neste sentido seria mais viável um diálogo mais coerente e conciso com a população. Ficou claro que nosso Povo é tão marginalizado de informação quanto de conhecimento acerca de sua saúde e da importância de sua manutenção. Discussão: Este amplo contexto da pandemia da gripe A, cheio de incoerências e incertezas, levou a uma divagação mais profunda e relevante e que certamente já deveria ter feito parte da realidade sociológica nacional desde tempos remotos: Qual é de fato a autonomia que possui o Médico enquanto autoridade sanitária para a resolução de uma questão de saúde social?O Médico em seu direito constitucional de autoridade está preparado de fato para tomar as decisões necessárias? Em outras palavras, o profissional de saúde é um gestor de saúde no seu labutar cotidiano, mesmo em dimensões menores? Embora a importância da discussão seja evidente neste contexto, respostas objetivas que norteiem para um horizonte de resolução parecem estar muito distantes da realidade. Por quê?Porque sempre pensamos desta forma, parece ser intrínseca a nossa cultura, que qualquer discussão político-social jamais chegará a uma resolução real. É fato que a autoridade médica é a autoridade mais apta a compreender e julgar 96 os mecanismos necessários de qualquer intervenção da saúde pública, porém o academicismo mostra-se pouco prático e eficiente quando o aspecto médico esta desvinculado do mecanismo de gestão da saúde pública. Falando um português mais claro e imediatista, o médico deixa a faculdade com um grande conhecimento técnico, porém a aplicabilidade deste conhecimento no campo social é falha e incoerente. As deficiências no controle de qualquer problema de saúde pública são reflexo da incapacidade de coesão do aspecto científico e social; esta epidemia da Gripe A apenas salientou este ponto em a trama de retalhos foram mal costurados em muitos anos de saúde pública nacional. Constatar que uma Pandemia tornou o povo mais higiênico e informado a respeito de doenças infecciosas demonstra que ele não carece apenas de informação, mas carece, sobretudo de gestores capacitados em realizar o básico no tangente a saúde publica do país. Discutir a autonomia do médico enquanto autoridade Sanitária e reavaliar a constitucionalidade de suas ações são tarefa árdua, porém de extrema coerência e necessidade. Por outro lado, amparar o médico nesta frágil condição em que se encontra é medida mais efetiva e transcendente, mais do que isso é buscar incondicionalmente um processo de reforma social baseado na saúde enquanto direito básico da causa humana. Tornar concreta uma discussão que antes era tão abstrata e intuitiva é de fato o primeiro passo para que um dia se possa , ao menos , almejar um horizonte de resolução da questão da saúde pública,tendo a autoridade médica como principal personagem deste longo trajeto. A gripe A, sobretudo em seu aspecto de mecanismo de quarentena trouxe esta discussão, permitiu que o povo se colocasse diante da Autoridade Sanitária e pedisse: “Deixe-nos ver através de seus olhos, permita que este instante seja um instante de abandono de sua individualidade, permita que suas decisões sejam reflexos de nossos mais sinceros anseios”. O que se deve buscar, em síntese, é o abandono gradativo deste isolamento em que se encontra a autoridade médica, trazer à luz da discussão social problemas simples e de elevada complexidade na saúde, lutar incansavelmente para que o Médico não seja o centro das polêmicas, mas seja o elemento capaz de nortear as diretrizes resolutivas de qualquer problemática da saúde social. Se o lutar por esta necessidade inerente ao espírito humano não alcançar sequer o inicio desta longa caminhada, se nem ao mesmo for reconhecido o caminho, ocorrerá uma crise social de difícil reversão, porém, se não se der o primeiro passo, a crise humana será irreversível. Urge lutar, antes que seja tarde, antes que seja ontem. Referências: - COSTA, Elisa Maria Amorim; CARBONE, Maria Herminda. Saúde da família : uma abordagem interdisciplinar. Rio de Janeiro: Rubio, 2004 - Os Urbanistas: Antropologia Urbana revista digital de 97 SAÚDE DO HOMEM: UM DESAFIO NECESSÁRIO Amanda Thaís Thomé de Morais¹, Ana Amélia David Geraldes², Mariah de Paula Leite³, Juliana Portella 4 5 6 7 Veiga Drumond , Fernanda Correa Chaves , Magdalene Salomão da Fonseca , Cláudia Correard de Lima , 8 Elisa Maria Amorim da Costa 1 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 3 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 4 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 5 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 6 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 7 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 8 Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected] 2 Resumo- O foco específico na relação homens e saúde vem ocorrendo, nos últimos anos, tanto nos meios acadêmicos quanto no âmbito dos serviços de saúde. Incluir a participação do homem nas ações de saúde é, no mínimo, um desafio por diferentes razões. O presente estudo problematiza aspectos da sexualidade masculina que, se não devidamente abordados, poderão comprometer a saúde do mesmo; assim como uma real necessidade de uma melhoria nos programas de saúde que tem o homem como foco principal. Visto a maior presença feminina observada na demanda aos serviços de saúde, muito provavelmente, está associada a fatores culturais ou sociais. As estratégias de prevenção e promoção da saúde tem de levar em conta a mudança comportamental, em toda a população, tendo em mente as diferenças de gênero em relação aos seus hábitos e doenças prevalentes. Palavras-chave: Saúde do Homem, masculinidade, sexo e gênero. Área do Conhecimento: Ciências da Saúde Introdução Tradicionalmente a construção do que é ser homem, contraposta ao que é ser mulher, tem sido hegemonicamente associada a um conjunto de idéias e práticas que caracterizam essa identidade à virilidade, à força e ao poder da própria constituição biológica sexual. As diferenças entre os sexos no adoecimento e na morte sempre foram consideradas naturais, e as explicações estavam ligadas a biologia e ao gênero. A maioria dos indicadores de saúde mostra, com clareza, a existência desse diferencial, sendo maior a mortalidade masculina em praticamente todas as idades e para quase a totalidade das causas. O foco específico na relação homens e saúde vem ocorrendo, nos últimos anos, tanto nos meios acadêmicos quanto no âmbito dos serviços de saúde. Incluir a participação do homem nas ações de saúde é, no mínimo, um desafio, por diferentes razões. Uma delas refere-se ao fato de, em geral, o cuidar de si, a valorização do corpo no sentido da saúde e também, o cuidar de terceiros, não serem questões colocadas na socialização dos homens. Por outro lado, alguns homens quando promovem o cuidado de seu corpo, apresentam um extremo fisiculturismo, e o cuidar de si transforma-se em risco de adoecimento. Durante muito tempo, os homens foram estudados com base numa perspectiva essencialista, como se a biologia predeterminasse seu comportamento, como se fossem todos iguais. Tal perspectiva foi paulatinamente superada, à medida que os estudiosos passaram a considerar importante distinguir e inter-relacionar constantemente a masculinidade, como um princípio simbólico. Quando usamos a expressão “saúde do homem”, podemos nos chocar com uma política que preconiza a superação do modelo de mulher e saúde para o de gênero e saúde. Na atualidade, a medicina preventiva é essencial para a qualidade e longevidade, contudo o sexo masculino permanece defasado. No âmbito dos programas de saúde, o programa de saúde da mulher possui um acesso simplificado, assim como um maior enfoque, fato este observado na mídia de um modo geral. O sexo masculino, independente da idade, raça e hábitos de vida, constitui um fator de risco para a doença cardiovascular, entretanto, não existem campanhas voltadas ao atendimento deste preferencialmente. Os exemplos supracitados são alguns motivos para se criar novos projetos, visando uma melhoria da saúde do homem em diversos aspectos. Nesse sentido, uma proposta de saúde com o enfoque de gênero é pertinente, visando uma maior atenção a saúde do homem. A partir dessa perspectiva, o presente estudo objetiva problematizar aspectos da sexualidade masculina que, se não devidamente abordados, poderão comprometer a saúde do mesmo; assim como a necessidade de uma melhoria nos programas de saúde que tem o homem como foco principal. 98 Material e Métodos Como método, optou-se pelo desenho de ensaio, compreendido como um exercício exploratório e crítico em torno do tema de reflexão, o qual mostra-se necessário nos dias atuais. Resultados A maior presença feminina observada na demanda aos serviços de saúde, muito provavelmente, está associada a fatores culturais ou sociais. Em virtude de uma sociedade ainda predominantemente machista, observamos num contexto atual, que os homens possuem maior propensão as doenças sexualmente transmissíveis, mantendo uma alta incidência no sexo masculino. Assim como nos casos de homens com ejaculação precoce, o qual estes não admitem seu problema, e o tem como motivo de ignomínia. O fato de caber à mulher, em geral, acompanhar crianças, adolescentes e idosos a esses serviços de saúde, além de, em determinado período de sua vida, freqüentar o pré-natal, faz com que ela se torne, provavelmente, mais predisposta à utilização desses serviços, o que faz com que a mulher freqüente muito mais e utilize os serviços que a ela são oferecidos. Estes fatores, associados a influência exercida pela mídia, levam a uma maior abrangência da informação sobre cuidados necessários a sua respectiva faixa etária. Juntamente abordando a crise da masculinidade e sexualidade do homem em geral. Os estudos sobre homens e masculinidades têm trazido contribuições importantes ao problematizar aspectos cruciais para reflexão sobre a dominação masculina e as relações de gênero. Aspectos relacionados à percepção ou não da crise da masculinidade, em específico, e aos sentidos atribuídos à sexualidade masculina, em geral, produzem reflexos no campo da saúde, revelando dificuldades, principalmente, no que se refere à promoção de medidas preventivas. Poderíamos citar vários exemplos para problematizar a dificuldade de promovermos medidas preventivas que demandem a discussão da representação da sexualidade masculina. Entre eles, podemos focalizar a nossa atenção para a prevenção do câncer de próstata. O toque retal é, relativamente, uma medida preventiva de baixo custo e essencial nos dias atuais. No entanto, é um procedimento que mexe com o imaginário masculino, a ponto de afastar inúmeros homens da prevenção do câncer de próstata. Fazer o toque retal é uma prática que pode suscitar no homem o medo de ser tocado na sua parte "inferior". Esse medo pode se desdobrar em inúmeros outros, onde a mentalidade masculina se redobra e imagina o que os outros vão pensar, ou ele próprio quando fizer o exame de toque. Para o profissional de medicina, investido numa racionalidade que a clínica demanda, não cabe a possibilidade de que o toque tenha essas interpretações. Mas não podemos desconsiderar que tal profissional também sofra influências de aspectos que circulam no imaginário social ligados a questões da sexualidade masculina. Discussão Nesse sentido, mesmo tendo consciência dos possíveis problemas, nem sempre, os profissionais de saúde que se voltam para a prevenção do câncer de próstata estão devidamente preparados para lidar com os aspectos simbólicos envolvidos nessa prevenção. Podemos dizer isso não só para aqueles que realizam o toque retal, mas também para aqueles que planejam as campanhas de prevenção. Assim, no campo da saúde pública, é de fundamental importância que sejam promovidas discussões voltadas para a sexualidade masculina, não só a prevenção do câncer de próstata, mas diversas outras ações tangenciadas por tais sentidos atribuídos possam ser melhor abordadas. O aspecto comportamental influi significantemente na saúde humana, sendo que a expressão estilo de vida vem sendo cada vez mais utilizada, e o estilo do homem, sob várias ópticas, se diferencia daquele da mulher. A estratégia de prevenção e promoção da saúde tem de levar em conta a mudança comportamental, em toda a população, tendo em mente as diferenças de gênero em relação ao hábito de fumar, alcoolismo, tipo de dieta, ao ambiente de trabalho, à atividade física, ao peso corporal, entre outros. Fica bastante claro que a presença de muitas doenças que afetam a população, muitas vezes mais acentuadamente a masculina, tem mecanismos bastante conhecidos e aceitos cientificamente; o difícil, muitas vezes, é incorporar a atenção à saúde do homem à prática diária dos serviços de saúde. Referências - AQUINO, Estela Maria Leão de. Saúde do homem: uma nova etapa da medicalização da sexualidade?. Ciênc. saúde coletiva 2005, vol.10, n.1, pp. 19-22 . - GOMES, Romeu. Sexualidade masculina e saúde do homem: proposta para uma discussão. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2003, vol.8, n.3, pp. 825-829 . 99 SCHRAIBER, Lília Blima; GOMES, Romeu and COUTO, Márcia Thereza. Homens e saúde na pauta da Saúde Coletiva. Ciênc. saúde coletiva 2005, vol.10, n.1 pp. 7-17 . - BRAZ, Marlene. A construção da subjetividade masculina e seu impacto sobre a saúde do homem: reflexão bioética sobre justiça distributiva. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, Mar. 2005 . - GOMES, R 2003. 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Kegel11, Francisco Buraneli12,Gustavo Marttins de Almeida13, , Patrícia Sayuri Ueno14, Loruama Nogueira15, Ádamo Katsuhiro de Andrade Yoshiki16, Elisa Maria Amorim da Costa17 1 USS / Ciências de Saúde, [email protected] USS / Ciências de Saúde, [email protected] 3 USS/ Ciências de Saúde, [email protected] 4 USS / Ciências de Saúde, [email protected] 5 USS/ Ciências de Saúde, [email protected] 6 USS/ Ciências de Saúde, [email protected] 2 USS / Ciências de Saúde, [email protected] 8USS/ Ciências de Saúde, [email protected] 9USS / Ciências de Saúde, [email protected] 10USS/ Ciências de Saúde, [email protected] 11USS/ Ciências de Saúde, [email protected] 12USS/ Ciências de Saúde, [email protected] 13USS / Ciências de Saúde, [email protected] 14USS / Ciências da Saúde, [email protected] 15USS/ Ciências de Saúde,[email protected] 16USS/Ciências da Saúde, [email protected] 17USS / Ciências da Saúde, [email protected] Palavras-chave: Saúde do Idoso, cuidador, saúde da família. Área do Conhecimento: Ciências da Saúde tarefas básicas como tomar banho, vestir-se, alimentar-se e, até mesmo, levantar-se ou deitarse(4). Quando essa ajuda inclui tarefas que exigem conhecimentos específicos, esforço físico e desgaste emocional, quem as executa recebe a denominação de cuidador(4). O cuidador é considerado formal quando esta é a sua profissão e informal quando se trata de um familiar ou amigo que assume a função. No Brasil, 80% dos cuidadores são informais (geralmente esposas ou filhas, donas de casa ou desempregadas, solteiras ou separadas) e assumem o trabalho sozinhos, por não poderem arcar com os custos da contratação de profissionais e porque a rede de apoio oferecida pelo Estado é quase inexistente. Cuidam por amor e afinidade, mas, às vezes, por falta de opção já que não existe ninguém para dividir a tarefa. Em uma sociedade cada dia mais individualista e longeva, é de se esperar que mais pessoas venham a viver até o ponto de necessitarem de algum tipo de ajuda em suas tarefas diárias e que menos pessoas estejam disponíveis para ajudar. A opção por internações em asilos ou similares vem sendo questionada por seu custo, dificuldades de manutenção e/ou obtenção de cuidado personalizado e humanizado. Nos países ricos, os adultos já passam mais tempo cuidando dos pais que dos filhos. No Brasil, segundo o IPEA 40% do tempo vivido pelos idosos se dá sem saúde(3) . O trabalho do familiar-cuidador é invisível nas estatísticas brasileiras, porém calcula-se que cerca de l milhão de pessoas estejam ajudando um parente dentro de casa. O processo que transforma um filho adulto ou um cônjuge em cuidador é doloroso, a começar por razões práticas: os sentimentos se 2 Introdução Os idosos, particularmente os mais longevos, são hoje a parte que mais cresce na população brasileira. Entre l991 e 2000, o número de habitantes acima dos 60 anos cresceu de 2 a 4 vezes mais que o restante da população brasileira(2,5). Atualmente, os idosos representam cerca de 10% da população geral brasileira, e são, em geral, na sua maioria, mulheres viúvas e com baixas escolaridade e renda(76. No plano social, o fato da medicina e das mudanças na qualidade de vida estarem levando mais pessoas a conviverem por vários anos com as conseqüências da decadência física própria, ou de algum familiar já foi chamado de “o malogro de nosso êxito¨ (5). Em 2000, 24% das famílias brasileiras já possuíam pelo menos um idoso em sua casa(6,3). O aumento da longevidade tem feito surgir várias investigações, principalmente nos Estados Unidos, sobre o relacionamento entre idosos e seus filhos, pessoas maduras e às vezes já entrando na velhice, assim como relações entre uma terceira e quarta idade, como são chamados os muito velhos. Com esta temática, pode-se citar os trabalhos de Johnson, Bursk (1982) ; Long, Martini (2000) ; Feedmanet. Al. (1991); Fingerman (2000) e Lye (1996), entre outros. Segundo o IBGE, cerca de 40% das pessoas com 65 ou mais anos de idade precisam de algum tipo de ajuda para realizar pelo menos uma tarefa como fazer compras, cuidar das finanças ou preparar as refeições. Dentro desse grupo, cerca de l0% requer ajuda para realizar 101 tornam contraditórios, a troca de papéis na relação do filho-cuidador com seus pais é perturbadora e muitos tem dificuldade em aceitála(3,4). O grupo de pesquisa em Epidemiologia do Cuidador da PUC-SP descreve as principais dificuldades encontradas por cuidadores: isolamento, incapacidade de cuidar da própria saúde, abandono dos afazeres anteriores e risco de adoecimento, entre outros (Karsch,2003). Material e método: Este trabalho pretende conhecer a realidade dos cuidadores de idosos de Vassouras e buscar uma forma de integrá-los ao Saúde da Família , para que este sirva de suporte à sua tarefa. Este trabalho, tem o objetivo de acompanhar qualitativamente uma coorte de cuidadores de idosos do Município de VassourasRJ, identificar suas dificuldades materiais e emocionais e aproxima-los das Unidades de Saúde da Família. No total, 20 cuidadores estão sendo acompanhados com visitas quinzenais, há 18 meses e o total de tempo previsto é de 24 meses. . Resultados e discussão: Concordando com dados da literatura, a maioria dos cuidadores pertence ao sexo feminino ( 90% ) e é esposa (35%) ou filha (35%) do(a) cuidado(a). Neste estudo, a maioria dos cuidadores abdicou de seu trabalho habitual apenas para se dedicar à nova função (90%) e , reforçando a importância do seu acompanhamento pelos Serviços de Saúde de forma diferenciada, 70% deles se encontram com elevado grau de stress e são portadores de doenças crônico-degenerativas tão ou mais incapacitantes a longo prazo que a dos próprios cuidados. Neste estudo, apenas 10 % dos cuidadores não consideram o acompanhamento das Unidades de Saúde da Família como satisfatório, embora o sentimento de solidão seja constante e próprio da função que exercem. Ao longo do tempo de acompanhamento houve a perda de dois casos, um por óbito e outro por asilamento. Cuidar de pessoas queridas sabendo que não existe perspectiva de melhora e que o fim é inexorável causa permanente angústia e sentimento de culpa constante, seja por qualquer instabilidade de humor apresentada, seja por se sentir responsável por qualquer agravamento do quadro do cuidado. Conviver com a finitude e fragilidade do outro leva o indivíduo a questionar o próprio sentido da existência e abdicar da própria vida em função do outro o afasta da individualista realidade dos indivíduos da sociedade moderna. Conclusão: Tem se mostrado frustrante o fato de não se conseguir institucionalizar programas que , de fato, amenizem as dificuldades do cuidador e possibilitem que ele possa ter uma vida próxima à normalidade. Em que pese a existência de Centros de Convivência, as atividades de lazer programadas para esta faixa etária e os cursos organizados para cuidadores, nada diminui a solidão de cuidar. À medida que se verifica aumento das incapacidades e agravamento no adoecer, mais cuidado e cuidador se isolam do convívio com a sociedade e com os próprios serviços de saúde. Junto com as dificuldades de sistematizar a assistência aos idosos dependentes e seus cuidadores, um fato tem chamado a atenção : qual a perspectiva de vida do cuidador, quando o cuidado cessar? Certamente terá deixado de viver inúmeros anos de tranqüilidade e alegria e adquirido doenças crônicas inerentes ao envelhecimento próprio e, se não for mito apoiado, seu destino será passar de cuidador a cuidado e irá interromper a vida de outro parente. Será esse o destino do ser humano? Referências l - Alves, M G de M. Versão resumida da “jobstress scale”:adaptação para o português. Ver de Saúde 2004; 38(2): 164 -71. 2 - Erbolato, R M P L. Relações sociais na velhice In Freitas E V, Py L, Néri A L, Cançado F A X, Gorzoni M L, Rocha S M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 957-645 3 - Johnson E S, Bursk B J. O relacionamento entre os idosos e os filhos adultos. In: Wagner - Cadernos do Curso de Gerontologia Social. São Paulo: Instituto Sedes Sapientiae; l982. 4 - Karsch U M S. Idosos dependentes: família e cuidadores. Cad. Saúde Pública 2003; jun 19(3): 861-866. 5 - Neri A L. Palavras-chave em Gerontologia. Campinas: Alínea, 2001. 6 - Sluzki, C E. A rede social na prática sistêmica: Alternativas Terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. 102 ESTUDO COMPARATIVO DO IMC, ATIVIDADE FÍSICA E DIETA DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICIPIO DE VASSOURAS-RJ (UMA ANÁLISE POR GÊNERO) Gislaine Calabar Severino ¹, Julia Graciela Gama Valentim Ramos ², Paola Cristina Ormindo de Castro ³, 4 5 6 Wallace Soares da Silva , Willian Raibolt Cabral , Elisa Maria Amorim da Costa , Marcos Antonio 7 8 Mendonça , Viviane Lopes Vaccaro 1 USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected] USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected] 3 USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected] 4 USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected] 5 USS-Projetos Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected] 6 USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected] 7 USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected] 8 USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected] 2 Palavras-chave: estilo de vida, IMC, sexo e gênero. Área do Conhecimento: Ciências da Saúde Introdução A obesidade é considerada um dos mais importantes problemas de saúde pública dos dias atuais (1), segundo a Organização Mundial de Saúde. Esta verdadeira pandemia já foi estudada em países em desenvolvimento, onde o problema se torna mais grave devido à baixa qualidade da atenção à saúde, principalmente em termos de prevenção (2,3,4). Principalmente quando iniciada na infância e na adolescência, a obesidade está associada a um futuro com alto risco de hipertensão arterial, cardiopatias, osteoartrite, diabetes tipo 2 e alguns tipos de neoplasias (1,5). A obesidade na infância e adolescência se associa também a uma baixa auto-estima e, até mesmo, a discriminação social.(6) Atualmente o Indice de Massa Corporal é o índice mais utilizado para identificar a obesidade, por sua simplicidade de cálculo e baixo custo. As mudanças nos hábitos alimentares da população brasileira e a diminuição da atividade física da maioria dos jovens de hoje em dia têm favorecido a ascenção do Índice de Massa Corporal, com suas consequências físicas e emocionais. O tratamento da obesidade requer uma equipe multidisciplinar e a motivação do próprio individuo, o que torna muito mais fácil a sua prevenção, através do desenvolvimento de hábitos saudáveis de vida do que a sua cura. Definição de termos: Os termos-chave definidos: do estudo foram assim Adolescência- período da vida que vai dos 10 aos 19 anos, 11 meses e 29 dias, segundo critérios da Organização Mundial de Saúde. Obesidade- quantidade de gordura relativa à massa corporal se iguala ou excede a 30% em mulheres e a 25 % em homens. IMC- peso( em kg ) dividido pelo quadrado da altura ( em metros), desenvolvido no século passado por Lambert Adolphe Jacques Quetelet, matemático belga (7). Sobrepeso I- IMC entre 25 e 29,9 Sobrepeso II- IMC entre 30 e 39,9 Sobrepeso III- IMC 40 ou mais. Material e Métodos Estudo transversal onde foram verificadas as variáveis peso, estatura, sexo e idade e estabelecido o IMC para verificação da presença ou não de sobrepeso e obesidade. O peso e a estatura foram verificados com auxílio de balança antropométrica convencional, e os cálculos e tabelas feitos com auxílio de programas computacionais adequados. Os hábitos alimentares, a atividade física, a data de nascimento e o sexo foram retirados de questionário de auto-preenchimento. Os critérios de inclusão compreenderam : ser aluno dos colégios incluidos no estudo, estarem na faixa etária da adolescência e terem , eles ou seus pais, assinado o termo de consentimento livre e escolhido. A escolha dos colégios deveu-se ao fato de serem os locais de estudo dos jovens bolsistas de Iniciação Científica, o que facilita a atuação dos “jovens talentos”. O tratamento estatístico foi efetuado através de planilhas Excell. 103 Para os esclarecimentos necessários quanto ao uso da escala de correção, cada avaliador recebeu uma folha de instruções. Resultados Apesar das inúmeras tentativas feitas para incentivar a participação do alunado, apenas 20% dos alunos do Ensino Médio das duas escolas-alvo efetivamente preencheram o requisito inicial para ingresso no estudo que era o preenchimento do termo de consentimento pelos pais ou responsáveis. A amostra ficou, então, representada por 70 alunos , sendo que 60% deles pertencentes ao sexo masculino e com idade entre 16 e 18 anos. A quase totalidade dos participantes (80%), pertencem a famílias com renda até 3 salários mínimos, possuem pais com escolaridade compatível com nível fundamental completo e se declaram informados sobre temas relacionados à saúde. A preocupação dos pais com a saúde dos filhos se fez presente em todos os casos e o nível de preocupação com a vida educacional e social dos filhos foi inversamente proporcional à idade dos mesmos. O número de refeições diárias variou entre 2 e 4, sendo que 80% declararam realizar um café da manhã, almoço e jantar. Os alimentos de maior ingesta citados foram arroz, feijão, saladas e carne. Ainda não foram calculados todos os Indices de Massa Corporal, porém 100% dos pesquisados do sexo feminino e 90% dos do sexo masculino se dclararam satisfeitos com a imagem corporal, independentes de se auto-classificarem como portadores de peso ideal, sobrepeso ou baixo peso. A atividade física é igualmente distribuida em ambos os sexos, talves devido à prática desportiva na escola, porém as mulheres se exercitam mais vezes na semana (3 vezes), com relação ao declarado por 80% dos homens(1 vez). Todos conhecem os fatores de risco a que estão expostos. Discussão Notou-se nítido desinteresse dos jovens em discutir questões ligadas à alimentação, atividade física e saúde.Apesar da Organização Mundial de Saúde apontar para a existência cada vez mais precoce do sobrepeso e da obesidade e suas consequências para a saúde, estilo de vida não é uma questão que preocupe os jovens pesquisados. As razões parecem estar relacionadas à centralização do interesse em temas ligados à sexualidade, ao baixo nível sócioeconômico da maioria das famílias e ao alto grau de satisfação ou indiferença com a imagem corporal que os entrevistados demonstraram. Até que ponto este desinteresse está colocando em risco a saúde dos participantes, poderá ser melhor calculado após a tabulação final da pesquisa. Conclusões: Tendo em vista que um estilo de vida saudável é o fator mais ao alcance dos individuos no tocante à própria saúde e considerando o desinteresse demonstrado pelos jovens estudados com esta questão, faz-se necessário que se promovam programas de Saúde Escolar mais efetivos, além de se abordar temas correlatos nas atividades didáticas e de se procurar uma forma de diálogo que realmente sensibilize essa população. Referências 1-VEIGA, G. V.; DIAS, P. C. & ANJOS, L. A., 2001. A comparison of distribution curves of body mass index from Brazil and United States for assessing overweight and obesity in Brazilian adolescents. Revista Panamericana de Salud Pública, 10:7985. 2-ANJOS, L. A., 2000. Tendência secular do índice de massa corporal de adolescentes do Nordeste e Sudeste entre 1974 e 1997. In: Simpósio Obesidade e Anemia Carencial na Adolescência, Anais, pp. 89-95, Salvador: Instituto Danone. 3-BARROS, M. E., 1999. Composição Corporal de Adolescentes de Bom Nível Socioeconômico: Determinação pelo Método de Duplo Feixe de Energia (DEXA). Dissertação de Mestrado, São Paulo: Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo 4-FONSECA, V. M.; SICHIERI, R. & VEIGA, G. 104 V., 1998. Fatores associados à obesidade em adolescentes. Revista de Saúde Pública, 32:541-549. 5-SICHIERI, R. & ALLAM, V. L. C., 1996. Avaliação do estado nutricional de adolescentes brasileiros através do Índice de Massa Corporal. Jornal de Pediatria, 72:80-84. 6-MONTEIRO, C. A. & CONDE, W. L., 1999. A tendência secular da obesidade segundo estratos sociais: Nordeste e Sudeste do Brasil, 19751989-1997. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabolismo, 43:186194. 7-PEREIRA, R. A., 1998. Avaliação antropométrica de estado nutricional. In: Epidemiologia da Obesidade (R. Sichieri, org.), pp. 43-63, Rio de Janeiro: EdUERJ. . . 105 AVALIAÇÃO DA PROLIFERAÇÃO DE MICROORGANISMOS ORAIS EM TRÊS TIPOS DE MATERIAIS REEMBASADORES DE PRÓTESE TOTAL SUBMETIDOS À CICLAGEM DE PH -ESTUDO PILOTOGalvão, YFS1; Bello, RF2; Riberto, FC3; Goyatá, FR4. 1 2 3 4 Universidade Severino Sombra/ Centro de Saúde, yvna_galvã[email protected] Universidade Severino Sombra/Centro de Saúde, [email protected] Universidade Severino Sombra/Centro deSaúde, [email protected] Universidade Severino Sombra/Centro de Saúde, [email protected] . Resumo: Os materiais reembasadores promovem estabilidade e retenção às próteses totais. O objetivo deste trabalho será avaliar a influência da ciclagem de ph na proliferação de microorganismos orais em três materiais reembasadores de prótese total (Soft Comfort, Soft Comfort Denso e Dura Soft). Serão confeccionados 10 corpos de prova para cada material sendo que em 05 corpos de prova e aplicado o glaze após polimerização completa do material e em 05 corpos de prova não será aplicado o glaze. Inicialmente 05 corpos de prova de cada grupo serão submetidos à contaminação por bactérias do tipo streptococcus e lactobacilos e posterior contagem microbiana. Num segundo momento promoveremos o envelhecimento dos corpos de prova com a ciclagem de Ph (Solução de Shinkai), nova contaminação e contagem bacteriana. Serão analisados os padrões de contaminação, determinando-se valores de unidades formadoras de colônia por milímetro. Palavras-chaves: ciclagem de Ph, microorganismos orais, material reembasador Área do Conhecimento: 40209008 materiais odontológicos. Introdução Os materiais reembasadores surgiram na odontologia, mais especificamente na área da prótese dentária, em função da necessidade de um material que proporcionasse conforto e estabilidade às próteses reduzindo os esforços mastigatórios transmitidos para a base acrílica da prótese e a fibromucosa de sustentação (Ring, 1998). Estes materiais passaram a ser muito utilizados clinicamente com objetivo de minimizar as forças deletérias sobre os rebordos e a mucosa de revestimento em pacientes com próteses totais duplas (Amim et al., 1981; Turano & Turano, 2002). O objetivo deste trabalho é observar e avaliar se a aplicação do glaze após a polimerização final dos materiais reembasadores promoveu um aumento na rugosidade superficial e como conseqüência um aumento no acúmulo de microorganismos orais sobre os materiais estudados. Realizaremos uma ciclagem de pH para promover um envelhecimento nos materiais reembasadores testados e verificiar a influência na rugosidade superficial dos materiais. Materiais e Métodos Serão utilizados três materiais reembasadores distribuídos em seis grupos teste com n: 10: GI: Soft Confort, GII: Soft Confort Denso, GIII: Dura Soft Confort, GIV: Soft Confort após Ciclagem pH, GV: Soft Confort Denso após Ciclagem de pH e GVI: Dura Soft Confort após Ciclagem de pH. Os corpos de prova serão confeccionados com auxílio de uma matriz metálica cilíndrica em aço inoxidável com diâmetro de 1,5 mm e 1,2mm de espessura. O material reembasador será manipulado e inserido na matriz e em cada lado dela um papel celofane transparente e uma placa de vidro para planificar a superfície dos corpos de prova. Aguardaremos o tempo de polimerização de cada material de acordo com as recomendações do fabricante. VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 106 Para os materiais Soft Confort e Soft Confort Denso será realizado um banho em água 100º C durante 10 minutos de acordo com as instruções do fabricante. Para o material Dura Soft Confort um banho em água 10º C por 10 minutos. Em seguida, realizaremos o acabamento dos corpos de prova com tesoura ou lâmina de bisturi e aplicação do glaze, sendo duas camadas para o Soft Confort e três camadas para o Soft Confort Denso aguardando-se o tempo de polimerização de 2 minutos. Os corpos de prova serão inseridos em placas de petri e submetidos à contaminação bacteriana e posterior contagem dos microorganismos. Para ciclagem de pH serão preparadas duas soluções, uma desmineralizante e outra remineralizante. Os corpos de prova serão submetidos a 8 ciclos de desmineralização e remineralização a temperatura 37°C. Cada ciclo será de 4 horas de imersão em solução de desmineralizate seguido de 20 horas em solução de remineralizante e posterior contaminação e contagem bacteriana. Discussão A porosidade das resinas acrílicas tem sido definida como um fenômeno complexo, de origem multifatorial, que depende, em parte, do próprio material, da técnica de inclusão e do método de polimerização. Esta porosidade localizada no interior das bases de próteses, além de reduzir suas propriedades físicas, deixa-as vulneráveis à distorção e empenamento. Já a porosidade superficial, favorece a aderência de microorganismos, dificultando sua remoção por meios mecânicos de limpeza, favorecendo a deposição de cálculos e aderências de substâncias. Resultados As tabelas abaixo representam as médias obtidas, no estudo piloto, para cada material a partir da contagem das placas utilizadas. Os resultados foram expressos em unidades formadoras de colônia ( UFC/ml). Antes da Ciclagem de pH Material Reembasador Dura Soft Soft Confort Soft Confort Denso Com Glaze 135 509 Sem Glaze 310 646 370 466 Após Ciclagem de pH Material Sem Reembasador Com Glaze Glaze Dura Soft 66 2076 Soft Confort 388 1115 Soft Confort Denso 683 1129 1. AMIN, W. M.; FLETCHER, A. M.; RITCHIE, G. M. The nature of the interface between polymethyl methacrylate denture base materials and soft lining materials. J Dent, v. 9, n. 4, p. 336-46, Dec. 1981. 2. BELL, J. R.; CAUL, H. J. “LINERS” for dentures. J Am Dent Assoc, v. 33, n. 2, p. 305-18, Mar. 1946. 3. BERGENDAL, T. Status and treatment of denture stomatitis patients: a 1-year followup study. Scand J Dent Res, v.90, n.3, p.227-238, June 1982. 4. BUDTZ-JORGENSEN, E. Material and methods for cleaning dentures. J Prosthet Dent, v.42, n.6, p.619-23, 1979. 5. OLIVEIRA, R.; BRUM, S.C.; OLIVEIRA, R.S.; GOYATÁ,F.R. Aspectos Clínicos Relacionados à Estomatite Protética. Int J Dent, v.6, n. 2, p. 42- 51, 2007. 6. WRIGHT, P. S. 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Referências VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 107 AVALIAÇÃO DOS APARELHOS FOTOPOLIMERIZADORES DOS CONSULTÓRIOS PARTICULARES DA CIDADE DE VASSOURAS/RJ: ESTUDO PILOTO Rachel Ferreira Bello1, Thalyta dos Reis Furlani Zouain-Ferreira2,Rodrigo Simões de Oliveira3, Frederico dos Reis Goyatá4 1 Universidade Severino Sombra/Acadêmica do Curso de Odontologia - Centro de ciências da Saúde,[email protected] 2 Universidade Severino Sombra/Professora do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde,[email protected] 3 Universidade Severino Sombra/Professor do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 4 Universidade Severino Sombra/Professor do Curso de Odontologia - Centro de ciências da Saúde, [email protected] Resumo- O sucesso clínico das resinas compostas depende da eleição correta do aparelho fotopolimerizador, sua intensidade de luz, condutas de manutenção e aferição da potência. Este trabalho tem o objetivo de avaliar a intensidade de luz emitida pelos aparelhos fotopolimerizadores (Led e Lâmpada Halógena) dos consultórios particulares na cidade de Vassouras/RJ e os cuidados de manutenção. Acadêmicos do Curso de Odontologia da Universidade Severino Sombra, previamente calibrados, visitaram os consultórios com um questionário, que pontuava informações técnicas e cuidados gerais de manutenção dos aparelhos; e um radiômetro para aferir a intensidade de luz de lâmpada Halógena e Led, da marca ECEL, modelo RD-7. Foi observado que 77,7% dos aparelhos de Luz Halógena e 80% dos aparelhos Led, 2 2 obtiveram valores entre 160mw/cm e 400mw/cm , sendo considerados insuficientes. Concluiu-se que muitos cirurgiões-dentistas apesar de terem ciência da importância quanto à correta intensidade de luz dos aparelhos fotopolimerizadores, desconhecem sobre a intensidade da luz emitida pelos seus aparelhos. O uso do radiômetro ainda não está inserido na realidade clínica de muitos profissionais. Palavras-chave: Aparelhos Fotopolimerizadores, Resina Composta, Cirurgiões- dentistas. Área do Conhecimento: Odontologia Introdução As resinas compostas para a confecção de restaurações estéticas tanto em dentes anteriores como em dentes posteriores são os materias mais utilizados pela odontologia nos dias atuais hoje. O sucesso destas restaurações fundamenta-se principalmente na seleção do material, a técnica de inserção e os cuidados com a fotopolimerização, como protocolo de uso e manutenção do aparelho fotopolimerizador (PEREIRA et al., 2003). Uma resina composta com polimerização insuficiente influenciará no resultado final da restauração, podendo ocasionar microinfiltração marginal, sensibilidade pós-operatória, fraturas, problemas estéticos como manutenção das restaurações e danos ao tecido pulpar (BRISO et al., 2006). O radiômetro é um importante instrumento auxiliar para avaliar a intensidade de emissão de luz dos aparelhos fotopolimerizadores. Entretanto um pequeno número de cirurgiões-dentistas possui o radiômetro em sua clínica e muitos ainda desconhecem sobre a importância da medição da potência do aparelho (NETO et al., 2007) Considerando-se que eleger corretamente um aparelho fotopolimerizador e determinar condutas periódicas de manutenção e aferição da potência é de importante conhecimento na prática clínica para a fotoativação de compósitos e cimentos resinosos, este artigo tem o propósito de identificar o tipo de aparelho fotopolimerizador mais utilizado pelos cirurgiões-dentistas nos consultórios particulares no município de Vassouras/RJ e ainda avaliar a intensidade de luz emitida por eles e cuidados dos profissionais com sua manutenção. Material e Métodos Foram selecionadas aleatoriamente clínicas odontológicas e consultórios particulares na cidade de Vassouras/RJ com auxílio de uma pesquisa na base de dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), por meio de acesso ao site www.datasus.gov.br Após aprovação pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Severino Sombra Vassouras-RJ (nº028/2009-01). Acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade Severino Sombra – Vassouras-RJ, previamente calibrados, VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 108 realizaram as visitas aos profissionais e com auxílio de um questionário que pontuava o tipo de aparelho e marca comercial bem como avaliação dos cuidados gerais de manutenção, mensuração da intensidade de luz, procedimento de assepsia e freqüência de realização. A intensidade da luz dos aparelhos foi mensurada com um radiômetro digital apropriado para aferir a intensidade de luz Halógena e LED, da marca ECEL, modelo RD-7(Ecel, Ribeirão Preto, Brasil). Antes de proceder à mensuração, o aparelho fotopolimerizador foi testado acionando-o três vezes. Em seguida o aparelho foi acionado durante 1(um) minuto com a ponta luminosa posicionada sobra a superfície fotossensível do radiômetro. Este procedimento foi executado 4 (quatro) vezes e o valor considerado foi a média aritmética das quatro leituras. Foi observado que 77,7% dos aparelhos de Luz Halógena e 80% dos aparelhos Led, 2 2 obtiveram valores entre 160mw/cm e 400mw/cm , sendo considerados insuficientes para uma polimerização adequada por incrementos com 2 (dois) mm de resina composta pelo tempo de 40 segundos. Tabela 1: Aparelhos Fotopolimerizadores mensurados. Discussão Figura1: Aparelho radiômetro utilizado. Resultados Em um universo de aproximadamente 26 consultórios particulares localizados na cidade de Vassouras/RJ, foram avaliados 14(catorze) fotopolimerizadores, sendo 9 (nove) de Luz halógena e 4 (quatro) Luz LED. Todos os aparelhos de luz halógena já haviam passado por manutenção técnica e troca de luz por pelo menos uma vez, de acordo com o relato dos cirurgiões-dentistas entrevistados. A maior e a menor média de intensidade encontrada nos aparelhos de luz halógena foram respectivamente, 457,3 mw/cm² e 180 mw/cm². 2, Apresentado uma média de 277,8 mw/cm sendo considerada insuficiente. Para os aparelhos fotopolimerizadores de 2 luz LED foram encontrados 255,75 mw/cm e 2 477,5 mw/cm como a menor e maior média de intensidade encontrada. Apresentando média de 2 intensidade de 355,8 mw/cm (tabela 1) . Os aparelhos de luz halógena apresentam componentes que interferem no processo de polimerização dos compósitos com o decorrer do tempo devido à diminuição da intensidade de luz emitida (HASLER et al., 2006 e SILVA ET AL., 2007). Em decorrência dos diversos problemas apresentados pelos aparelhos de luz halógena, uma nova tecnologia foi proposta, a partir de 1995, para a polimerização dos compósitos, os aparelhos LEDs (light-emitting diodes). Esses aparelhos oferecem vantagens sobre os aparelhos de lâmpada halógena, como expectativa de vida útil da lâmpada superior, emissão de luz no espectro de absorção da canforoquinona, ausência de filtros e tamanho compacto do aparelho(VIEIRA; ERHANDT e SHROEDER, 2000 e SILVA et al.,2008). O controle da qualidade da intensidade de luz dos aparelhos fotopolimerizadores deve ser cuidadoso e, com a utilização dos radiômetros possibilitou maior previsão e eficiência na aferição dos aparelhos. No mercado são encontrados aparelhos com um radiômetro embutido na sua base, o que possibilita ao profissional uma averiguação constante. VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 109 Desta forma é de extrema importância a constante mensuração da intensidade dos aparelhos fotopolimerizadores, a fim de obter um resultado clínico satisfatório nas restaurações com resina composta. Referências - BRISO, A. L. F.; FEDEL, T. M. ;PEREIRA, S. M. ; MAURO, S. J.; SUNDEFELD, R. H.;SUNDEFELD, M. L. M. M. Influence of light curing source on microhardness of composite resins of different shades. J. Appl. Oral Sci. v.14, n.1, Bauru Jan. /Feb. 2006. - HASLER, C.; ZIMMERLI, B.; LUSSI, A. Curing Capability of Halogen and LED light Curing Units in Deep Class II Cavities. Oper Dent.v.3, n.31, p.354-63, May-Jun, 2006. - PEREIRA, S. K. ; PASCOTTO, R. C.; CARNEIRO, F. P. Avaliação dos aparelhos fotoativadores utilizados em clínicas odontológicas. J Bras. Dent. 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Intensidade de luz de aparelhos fotopolimerizadores e utilizados em consultórios particulares. J. Bras. Clin. Odontol. v.22, n.4, p.42-6, 2000. VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 110 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA FLEXURAL DE RESINAS COMPOSTA REFORÇADAS POR FIBRA Gabriella Francisco Manta1, Thalyta dos Reis Furlani Zouain Ferreira2, Rodrigo Simões de Oliveira3, Nadine Vibian Taira4, Taciana Barcellos Carvalheira5 e Frederico dos Reis Goyatá6 1 Universidade Severino Sombra/Odontologia, [email protected] 2 UniversidadeSeverinoSombra/Odontologia, [email protected] 3 Universidade Severino Sombra/Odontologia, [email protected] 4 Universidade Severino Sombra/Odontologia, [email protected] 5 Universidade Severino Sombra/Odontologia, [email protected] 6 Universidade Severino Sombra/Odontologia, [email protected] Resumo- Este trabalho avaliou a resistência flexural de duas resinas compostas microhíbridas associadas a dois sistemas de fibras de vidro para reforço estrutural, utilizando-se o teste de três pontos. Os corpos de prova foram distribuídos em seis grupos teste (n=10): GI: resina Grandio; GII: resina Opallis; GII: resina Grandio e fibra Superfiber; GIV: resina Grandio e fibra Interlig; GV: resina Opallis e fibra Superfiber; GVI: resina Opallis e fibra Interlig. O teste de resistência flexural foi realizado em uma máquina de ensaios universais (EMIC DL-2000). Os resultados obtidos foram tabulados e submetidos à análise estatística. Os grupos III, V e VI apresentaram as maiores médias de resistência flexural, sendo o grupo III o de maior valor. Concluiu-se que a associação da resina Grandio com a fibra Superfiber foi mais efetiva do ponto de vista biomecânico. Palavras-chave: Resina composta. Material Dentário. Dentística Operatória Área de Conhecimento: Dentística Introdução A utilização das fibras de reforço (fibras de vidro ou de polietileno) associadas às resinas compostas tem proporcionado um aumento significativo na resistência flexural dos compósitos, conferindo um resultado clínico mecânico bem superior quando as resinas são utilizadas sem nenhum reforço estrutural (VALLITU, 2000). Existe uma grande dificuldade dos cirurgiões-dentistas em realizar um planejamento correto e selecionar uma fibra de reforço adequada para associar às resinas compostas de acordo com a indicação clínica específica para sua aplicação (ROSENTRITT, 2007). Este trabalho tem como objetivo avaliar a resistência flexural de duas resinas compostas microhíbridas associadas a duas fibras de vidro para reforço estrutural. Materiais e Métodos Os materiais utilizados foram às resinas compostas microhíbridas Grandio (VOCO) e Opallis (FGM) e as fibras de vidro para reforço estrutural Superfiber (Superdont) e Interlig (Ângelus). Os grupos teste foram distribuídos de acordo com a associação resina composta e fibra 111 de vidro, totalizando seis grupos com n=10: GI: resina Grandio; GII: resina Opallis; GII: resina Grandio e fibra Superfiber; GIV: resina Grandio e fibra Interlig; GV: resina Opallis e fibra Superfiber; GVI: resina Opallis e fibra Interlig. Foram confeccionadas 10 amostras para cada grupo utilizando-se uma matriz metálica bipartida com dimensões de 25 X 2 X 2 mm (ISO 4049). Padronizou-se a cor A2 para as resinas compostas utilizadas. A resina foi inserida na matriz metálica em incremento único com espátula metálica (Suprafill nº1- SS White, Brasil). Uma placa de vidro de 1 mm espessura foi posicionada sobre o incremento de resina composta para planificar a superfície do corpo de prova. Para a fotoativação das resinas, utilizou-se um aparelho de lâmpada halógena Optlight II (Gnatus, Brasil) com 400 mW/cm2 de potência de luz. Foi utilizado um tempo de 20 segundos para fotoativação das resinas. Após a confecção do corpo de prova, realizou-se uma fotoativação adicional por 40 segundos. Para o acabamento foram utilizados discos de lixa granulação média (Diamond Flex – FGM, Brasil). As fibras de vidro foram recortadas com uma tesoura em comprimento de 23mm. Para a confecção dos corpos de prova (GIII; GIV; GV e GVI) inseriu-se uma camada de resina composta na matriz metálica, posicionou-se a fibra de vidro e inseriu-se mais uma camada de resina composta e posterior fotoativação por 20 segundos. Os corpos de prova foram armazenados em recipientes plásticos com água destilada, sem interferência de luz, a uma temperatura de 26ºC, por um período de 48 horas. A resistência flexural foi determinada com o teste de três pontos em uma máquina de ensaio Universal (EMIC DL-2000) com uma carga de 100N. Os corpos de prova foram posicionados sobre um suporte com 21 mm de distância entre dois garfos. Um dispositivo em forma de cinzel adaptado à parte superior da máquina realizou uma força de compressão sobre a amostra até a sua fratura. A velocidade de carregamento aplicada é de 0,5 mm/min. Os resultados obtidos foram tabulados e submetidos à análise estatística. Resultados Aplicou-se os testes estatísticos de ANOVA e Kruskal Wallis com nível de significância de 0,5%. De acordo com os valores de média encontrados, para a resina composta Grandio apenas a fibra de reforço Superfiber foi eficiente para elevar sua resistência flexural, de 59,00 MPa para 98,68 MPa. Para a resina composta Opallis ambas as fibras de reforço utilizadas elevaram os valores de resistência flexural deste compósito testado, de 23,57 MPa para 43,22 e 51,92 MPa respectivamente Superfiber e Interlig. (Tabela 1): Valores de Média e Desvio Padrão: Grupos Média Desvio Padrão GI 59,00 14,02 GII 23,57 9,79 GIII 98,68 44,02 GIV 34,05 14,13 GV 43,22 18,59 GVI 51,92 24,27 112 Discussão Neste estudo utilizaram-se duas fibras de vidro com indicação clínica para reforço estrutural Superfiber (Superdont) e Interlig (Ângelus) e que demonstraram serem eficientes para prover maior resistência flexural aos compósitos resinosos, embora para a resina composta Grandio a fibra de vidro Interlig mostrou-se ineficaz para aumentar sua resistência flexural, confirmando alguns relatos na literatura que reforçam o propósito clínico da utilização das fibras de vidro para reforço (RODRIGUES, 2007). Alguns fatores interferem na resistência flexural do compósito quando associado às fibras de vidro para reforço estrutural: orientação das fibras, quantidade de fibras, impregnação da fibra com matriz resinosa, adesão da fibra à resina (UCTASLI, 2008 e ROSENTRITT, 2007). As fibras de vidro utilizadas com os compósitos atuam como uma infra-estrutura interna aumentando significantemente a sua resistência à fratura e à flexão o que se observou neste estudo, com os grupos grupo III- Grandio/ Superfiber e VI- Opallis/ Interlig, o que diferiu dos grupos sem associação com as fibras de vidro grupo I- Grandio/ Voco e grupo IIOpallis/FGM (RODRIGUES, 2007 e AL DARWISH, 2007). Fibras pré-impregnadas, como a utilizada neste estudo, representada pela fibra de vidro Interlig não apresentaram vantagem sobre aos resultados de resistência flexural quando comparados às fibras não pré-impregnadas (DELLA BONA, 2008). É extremamente importante o cirurgião-dentista realizar uma seleção correta do compósito restaurador a ser utilizado bem como as fibras de vidro para reforço estrutural, poderá conferir um melhor prognóstico e longevidade no tratamento. Referências - AL DARWISH, M.; HURLEY, R.; DRUMMOND, J. L. Flexural strength evaluation of a laboratory-processed fiber-reinforced composite resin. J. Prosthet. Dent. 2007;97(5):266-70. - DELLA BONA, A.; BENETI, P.; BORBA, M.; CECCHETTI, D. Flexural and diametral tensile strength of composite resins. . Braz. Oral Res. 2008;22(1):84-9 - RODRIGUES, J.R.S.A.; ZANCHI, C.H.; CARVALHO R.V.; DEMARCO, F.F. Flexural strength and modulus of elasticity of different types of resin-based composites. Braz. Oral Res. 2007;21(1): 16-21. - ROSENTRITT, M. ET AL. Experimental design of FDP made of all-ceramics and fiber reinforced composite. Dent. Mater. 2007;16(2):159-65. - UCTASLI, M.B.; ARISU, H.D.; LASILA, L.; VALLITTU, P.K. Effect of preheating on the mechanical properties of resin composites. Eur.J.Dent. 2008;2:263-68. - VALLITU, P.K.; SEVELIUS, C. Resin-bonded,glass fiber reinforced composite fixed partial dentures:a clinical study. J.Prosthet.Dent. 2000; 84:413-18. 113 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE MICROORGANISMOS EM MATERIAIS REEMBASADORES DE PRÓTESE TOTAL Paula Aparecida Monfardini Gonçalves¹, Rachel Ferreira Belo², Natália Guedes Ferreira³, Thales Guedes Ferreira4, Frederico dos Reis Goyatá5, Leonardo Gonçalves Cunha6, Thalyta dos Reis Furlani Zouain Ferreira7, Shana de Mattos de Oliveira Coelho8 ¹Severino Sombra/Acadêmica do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde, [email protected] ²Universidade Severino Sombra/Acadêmica do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde, [email protected] ³Severino Sombra/Acadêmica do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde 4 Severino Sombra/Acadêmico do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde 5 Universidade Severino Sombra/Professor do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 6 Universidade de Taubaté/Professor do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde 7 Universidade Severino Sombra/Professora do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 8 Universidade Severino Sombra/Professor do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde Resumo: Este trabalho tem como objetivo avaliar a presença de microrganismos orais na superfície de materiais reembasadores com e sem a aplicação do glaze. Os corpos de prova foram distribuídos em quatro grupos: G1-Soft Confort sem glaze, G2-Soft Confort com glaze, G3-Soft Confort Denso sem glaze, G4-Soft Confort Denso com glaze. Colônias de Streptococcus spp e Lactobacillus spp foram cultivadas formando uma suspensão bacteriana de aproximadamente 106 Unidades Formadoras de Colônias (UFC/ml) onde os corpos de prova foram imersos e posteriormente foram diluídos em solução salina. As placas de petri com ágar foram incubadas a 37ºC por 24 horas contendo 100ml desta solução para posterior contagem de bactérias. As médias encontradas foram: GI=3,5 UFC/mL, GII=2,3 UFC/mL, GIII=6,1 UFC/mL, GIV=2,8 UFC/mL. Concluiu-se que os materiais reembasadores com glaze obtiveram menor acúmulo de microrganismos orais. Palavras-chaves: Prótese Total, Materiais Reembasadores, Microrganismos Orais. Área do Conhecimento: Prótese Introdução O tratamento reabilitador com as próteses totais removíveis requer um planejamento adequado e uma seqüência clínica e laboratorial criteriosa para restabelecer uma função mastigatória e estética adequadas aos pacientes e conseqüentemente minimizar a velocidade de reabsorção óssea alveolar decorrente do edentulismo total. Os materiais reembasadores proporcionam estabilidade e retenção às próteses temporariamente até a confecção de uma nova reabilitação. Estes materiais são considerados materiais provisórios, pois sofrem alteração superficial levando ao aumento contínuo de sua rugosidade que facilita a retenção de placa bacteriana. Este aspecto influencia negativamente tanto para a superfície dos dentes como para os tecidos moles, determinando um potencial irritante químico e biológico, que favorece o acúmulo de microorganismos. Desta forma, este trabalho tem como objetivo realizar uma análise quantitativa de microrganismos orais na superfície de dois materiais reembasadores macios 114 para próteses totais com e sem a aplicação do glaze. Materiais e Métodos Foram selecionados dois tipos de material reembasador macio para próteses totais: Soft Confort e Soft Confort Denso (Dencril, Brasil) manipulados de acordo com as instruções do fabricante. Para obtenção dos corpos de prova foi utilizada uma matriz metálica em aço inoxidável com dimensões de 1,5mm X 1,2mm. Após a polimerização química do material, os corpos de prova foram imersos em água destilada a 60º C por 10 minutos. Em seguida aplicaram-se duas camadas de glaze para o Soft Confort e três camadas para o Soft Confort Denso conforme instruções do fabricante. Os corpos de prova foram distribuídos em quatro grupos teste com n: 5: GI: Soft Confort sem Glaze; GII: Soft Confort com Glaze; GIII: Soft Confort Denso sem Glaze; GIV: Soft Confort Denso com Glaze. Todos os corpos de prova foram esterilizados em luz ultravioleta por 20 minutos. Colônias de Streptococcus spp e Lactobacillus spp orais foram cultivadas em ágar Infusão de Cérebro e Coração (BHI) durante 24 horas a 37ºC (em aero e anaerobiose) e posteriormente repicadas em caldo BHI e incubadas por 18hs, formando uma suspensão bacteriana de aproximadamente 106 UFC/mL (unidade formadora de colônia por mililitro), segundo a escala de Mc Farland. Cada corpo de prova foi imerso na suspensão bacteriana por 10 segundos e mantidos suspensos por 30 segundos para que pudesse ocorrer a retirada do excesso de bactérias. Após esta etapa, os corpos foram submersos em 9 ml de solução salina, e cada tubo contendo esta solução foi agitado para que as bactérias agregadas ao corpo de provem pudessem se liberar. Foram realizadas duas diluições (10-1 e 10-2) e um volume de 100 ml foi inoculado na superfície do ágar BHI através da técnica de spread plate com auxílio da alça de Drigalski. As placas foram incubadas a 37ºC por 24 horas, em condições de aerobiose e anaerobiose, para posterior contagem bacteriana. Os resultados obtidos foram descritos pela média de UFC/mL de cada grupo. Resultados Após o tempo de incubação realizouse a contagem das colônias nas placas que foram semeadas com a diluição 10-2. As médias de unidades formadoras de colônias (UFC/ml) encontram-se descritas abaixo: GI = 3,5 UFC/ml GII = 2,3 UFC/ml GIII = 6,1 UFC/ml GIV = 2,8 UFC/ml Discussão Em prótese total, os materiais reembasadores possuem o objetivo de reduzir as forças mastigatórias transmitidas à base da prótese e os tecidos de suporte adjacentes. Possuem uma função clínica temporária de conferir estabilidade e retenção até a confecção definitiva de novas próteses (EDUARDO, 1997). Já Wright et al. 1998 os materiais reembasadores observa-se um aumento da rugosidade superficial em função do tempo de uso clínico do material, pois, as alterações constantes da temperatura bucal bem como a ação de alimentos e bebidas ácidas favorecem a perda do agente plasticizante presente no material e que tem a função de proteger sua superfície. De acordo com Waltimo, Vallitu e Haapasalo em 2001, as próteses devem apresentar superfícies lisas e bem polidas com o objetivo de reduzir e minimizar a presença dos microorganismos orais e 115 consequentemente a ocorrência de doenças na cavidade bucal, além de facilitar o processo de higiene e limpeza das próteses pelos pacientes concordando com Dhir et al. 2007, que afirmam que a rugosidade superficial aumenta a área disponível para adesão de microorganismos orais promovendo maior formação e maturação destes sob a base das próteses e com Cunha et al. 2009, que relatam que em superfícies irregulares, as bactérias fixadas, podem sobreviver mais tempo porque estarão protegidas das forças naturais de remoção e das medidas de higiene bucal. Pinto et al. 2002 e Miranda et al. 2006, afirmam que para a utilização dos materiais reembasadores é ideal que se realize uma impermeabilização superficial do material com a utilização do glaze após a aplicação e reembasamento na boca para promover uma superfície mais lisa e regular minimizando o acúmulo de microorganismos orais e, como consequência, impedindo a instalação de infecções orais concordando com os resultados presentes neste estudo, o qual a aplicação do glaze diminuiu a quantidade de microrganismos presentes na superfície da prótese. Int J Prosthodont.V.16, n.6, p.465-472, 2007. - Eduardo, J.V.P. Materiais Macios Usados em Base de Prótese Total para Reembasamento Direto e Indireto. Revista da APCD. V.51, n.6, p. 531-533, 1997. - Miranda, A.M.F., Okuyama, A.O., Eduardo, J.V.P., Machado, M.S.S., Araújo, M.B. Modificação de Técnica de Inclusão de Material Resiliente em Próteses Totais e Parciais Removíveis. PCL. V.8, n.39, p.81-88, 2006. - Pinto, J.R.R., Mathias, A.C., Eduardo, J.V.P., Sinhoreti, M.A.C., Mesquita, M.F. Estudo dos Materiais Resilientes em Prótese Total. Revista da APCD. V.56, n.2, p.131-134, 2002. - Waltimo, T., Vallitu, P., Haapasalo, M. Adherence of candida species to newly polymerized and water-stored denture base polymers. Int J Prosthodont. V.14, n.5, p.457-460, 2001. - Wright, D.S., Young, K.A., Riggs, P.A., Parker, S., Kalachandra, S. Evaluation the effect of soft lining materials on the growth of yeast. J Prosthet Dent. V.79, p.404-409, 1998. Conclusão Concluiu-se que os materiais reembasadores que receberam a aplicação de glaze apresentaram um menor acúmulo de microrganismos orais. Referências - Cunha, T.R., Regis, R.R., Bonatti, M.R., Souza, R.F. Influence of incorporation of fluoroalkyl methacrylates on roughness and flexural strength of a denture base acrylic resin. J Appl Oral Sci. V.17, n.2, p.103-107, 2009. - Dhir, G., Berzins, D.W., Dhuru, V.B., Periathamby, A.R., Dentino, A. Physical properties of denture base resins potentially resistant to candida adhesion. 116 RESISTÊNCIA À FRATURA DE RAÍZES FRAGILIZADAS E RECONSTRUÍDAS COM DIFERENTES TÉCNICAS ADESIVAS Santos, VRSS1, Manta, GF2, Taira, NV, Goyatá, FRn 1 Universidade Severino Sombra/ CCS- Odontologia, [email protected] Universidade Severino Sombra/ CCS- Odontologia, [email protected] Universidade Severino Sombra/ CCS- Odontologia, [email protected] n Universidade Severino Sombra/ CCS- Odontologia, [email protected] 2 Resumo- Este trabalho terá o propósito de avaliar a resistência à fratura pelo teste de compressão em 45 graus, de diferentes técnicas para preenchimento radicular em raízes de incisivos bovinos fragilizadas e sugerir a melhor técnica de restauração para raízes tratadas endodonticamente e fragilizadas. Serão preparadas 40 raízes, subdivididas em 04 grupos (n:10) : GI - núcleo metálico fundido em Ni-Cr; GII pino de fibra de vidro White Post DC 2 (FGM); GIII – pino de fibra de vidro White Post DC 2 (FGM) e pinos de fibra de vidro acessórios White Post DCE 0,5 (FGM); GIV – pino anatômico modelado com resina composta microhíbrida Opallis (FGM) e pino de fibra de vidro White Post DC 2 (FGM) As raízes serão tratadas endodonticamente e obturadas com cimento de inonômero de vidro e posteriormente preparadas com brocas de peeso número 4, simulando uma situação clínica de fragilidade de remanescente dentinário radicular e serão mantidos 2mm de remanescente coronário cervical e padronizadas com 16mm de comprimento. Após confecção das amostras, estas serão armazenadas por 7 dias em água destilada à temperatura de 37 graus Celsius e realizado o teste de compressão (ISO 4049) na máquina de ensaios universal Versat 2000, com carga de 50N e velocidade de 1mm/min. Palavras-chave: Resistência. Raízes Fragilizadas. Técnicas Adesivas. Área do Conhecimento: Materiais Dentários Introdução As restaurações indiretas totais ou parciais em dentes tratados endodonticamente normalmente necessitam de um núcleo intra-radicular funcionando como um retentor para a futura prótese. Diversos estudos (Brandal et al, 1987) (Martinez-Insua et al, 1998) (Heydecke et al, 2001) convergem para a utilização de núcleos diretos ou indiretos fibro-resinosos como uma opção clínica para dentes tratados endodonticamente com grande destruição coronária. Torna-se importante observar que a quantidade de remanescente coronário cervical é fundamental para adesão do material de preenchimento e como dissipação das tensões advindas da mastigação (Al-Ali et al, 2003). Os pinos de fibra de vidro associados às resinas compostas têm sido uma opção clínica bastante utilizada pelos cirurgiões-dentistas, pois, constituem-se como um procedimento relativamente simples e de baixo custo, proporcionando um resultado clínico mais rápido e eficiente, com benefícios biomecânicos importantes ao remanescente dental (Braga et al, 2006) (Moura et al, 2006). Material e Métodos Serão preparadas 40 raízes de incisivos bovinos inferiores, subdivididas aleatoriamente em 04 grupos. As raízes serão preparadas com brocas de Peeso número 4 do kit de pinos de fibra de vidro White Post (FGM), simulando uma situação clínica de fragilidade de remanescente dentinário radicular e serão mantidos 2mm de remanescente coronário cervical. As raízes serão padronizadas com 16mm de comprimento, sendo cortadas com disco diamantado dupla face em baixa rotação com refrigeração. Grupo 1 - Núcleo Metálico Fundido em Ni-Cr; Grupo 2 - Pino de Fibra de vidro White Post DC 2 (FGM); Grupo 3 – Pino de Fibra de vidro White Post DC 2 (FGM) e pinos de fibra de vidro acessórios White Post DCE 0,5 (FGM); Grupo 4 – Pino Anatômico modelado com resina composta microhíbrida Opallis (FGM) e Pino de Fibra de vidro White Post DC 2 (FGM) (Figura 1). As raízes serão incluídas em resina acrílica autopolimerizável incolor com auxílio de uma matriz cilíndrica e um delineador para padronizar a posição das raízes. Os condutos serão preparados VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 117 com broca peeso número 4 para simular um alargamento do canal radicular. Após o preparo do conduto radicular com broca de Peeso, será realizado um condicionamento do conduto radicular e remanescente coronário com ácido fosfórico por 30 segundos, seguido de lavagem e secagem com cones de papel absorvente e aplicação de um sistema adesivo de dois passos (Optibond FL- Kerr). Para o grupo 1, será realizada uma cimentação convencional com cimento de fosfato de zinco (Elite- GC America) após jateamento do componente radicular do núcleo com óxido de alumínio 50 micrometros (Microjato -Bio Art). A cimentação dos pinos e núcleos (G2, G3 e G4) será feita com cimento resinoso dual (All Cem – FGM) seguindo as instruções do fabricante. Após confecção das amostras, as amostras serão armazenadas por 7 dias em água destilada a temperatura de 37 graus Celsius e realizado o teste de compressão (ISO 4049) na máquina de ensaios universal Versat 2000, com carga de 50N e velocidade de 1mm/min. Os dados serão tabulados, avaliados quanto à homogeneidade de variância e analisados ao nível de 5% de significância. Odont. Bras., v. 20, Suplemento (Anais da 23ª Reunião Anual da SBPQO) 2006. - BRANDAL, J.L.; NICHOLLS, J.I.; HARRINGTON, G.W. A Comparison of three restorative techniques for endodontically treated anterior teeth. J. Prosthet. Dent. v.8 p.161-165. - GOYATÁ, F.R. et al. Avaliação da resistência flexural de uma resina composta microhíbrida reforçada por pinos de fibra de vidro. Int J Dent. 2008; 7(1):2-7. - O’ KEEFE, K.L.; POWERS, J.M. Adhesion of Resin Composite Core Materials to Dentin. Int. J. Prosthod. v.14, n.5, p.451-456, 2001. - RAMALHO, ACD et al. Estudo comparativo da resistência radicular à fratura em função do comprimento e da composição do pino. RFO, v. 13, n. 3, p. 42-46, 2008. - SALGUEIRO, et al. Resistência à tração de pinos de fibra paralelos e cônicos cimentados com diferentes proporções de catalisador de um cimento de dupla ativação. Revista de Odontologia da UNESP. 2008; 37(3): 243-248. Figura 1- Kit de Pinos de Fibra de Vidro (WhitePost DC) Referências - ALBUQUERQUE, R. C. Estudo da Resistência à Fratura de Dentes Reconstruídos com Núcleos de Preenchimento. Efeito de Materiais e Pinos (Dissertação). Araraquara: Universidade Estadual Paulista, 2005. - AL-ALI K.; YOUSEF T.; ABDULJABBAR T.; OMAR R. Influence of Timing of Coronal Preparation on Retention of Cemented Cast Posts and Core. Int. J. Prosthod. v.16, n.3, p.290-293, 2003. - BRAGA, A.S.P.; ROCHA, P.V.B.; MENDES, V. Estudo da Resistência à Fratura de Caninos Superiores Tratados Endodonticamente Restaurados por dois Sistemas de Núcleos. Pesq. VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 118 VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 119 PERCEPÇÃO DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS SOBRE PARTICIPAÇAO POPULAR NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Bernardo de França Paula1, Margarida Maria Donato dos Santos2 1 Universidade Severino Sombra / Curso de graduação em Enfermagem [email protected] 2 Universidade Severino Sombra / docência do curso de enfermagem RESUMO – O presente estudo consiste em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que aborda a percepção dos líderes comunitários sobre a participação popular no Sistema Único de Saúde (SUS). A presente pesquisa tem por objetivo conhecer a percepção dos líderes comunitários sobre as ações de participação popular em saúde. Trata-se de uma pesquisa do tipo qualitativa direcionada aos presidentes de associação de moradores do município de Vassouras. Os resultados apontam que os líderes apresentam uma visão reducionista de assistência à saúde em nível local, o que provalmente reflete a opinião da sociedade como um todo. Palavras-chave: Líderes comunitários, participação popular, Sistema Único de Saúde. Área do Conhecimento: Saúde Pública Introdução O presente estudo consiste em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que aborda a percepção dos líderes comunitários sobre a participação popular no Sistema Único de Saúde (SUS). A participação da população é um dos eixos principais na estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS), representando um componente central e prioritário na formulação do setor de saúde. “O sucesso na implementação de qualquer nova política depende de diversos elementos, entre eles, os interesses e opiniões dos atores principais envolvidos e que nem sempre são considerados” (VAZQUEZ, 2003). A participação do usuário nos serviços de saúde é garantida pela Lei nº 8.142, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da Saúde (Lei nº 8.142,1990). Baseado no conteúdo exposto algumas questões se fazem necessárias para nortear este estudo: o usuário compreende qual o seu papel em relação aos profissionais que os assistem? Quais ações desempenham no desenvolvimento das ações do SUS? E quais as concepções pertinentes a sua participação popular e cidadania? Mediante esse contexto a presente pesquisa tem como objeto de estudo a visão dos líderes comunitários sobre a participação popular em saúde e por objetivos conhecer a percepção dos líderes comunitários sobre as ações de participação popular em saúde e analisar os conceitos e atitudes dos diferentes atores sociais em relação à participação da população na gestão dos serviços de saúde em nível local. Materiais e Métodos Trata-se de uma pesquisa do tipo qualitativa direcionada aos líderes comunitários (associações de moradores) do município de Vassouras. Segundo MINAYO (2001) a pesquisa qualitativa “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço 120 mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos”, o que justifica a adoção deste método. Foi feita uma entrevista semi-estruturada com aspectos relacionados à temática. O diálogo foi gravado em mp3 e transcrito para análise. Será oferecido um termo de consentimento afim de que os participantes estejam cientes dos objetivos do estudo. A pesquisa foi encaminha ao comitê de ética, de acordo com a resolução 196/96 sem ônus nem prejuízo à saúde do entrevistado. Sendo garantido seu anonimato. A análise foi feita sob a ótica das políticas públicas de saúde e sob o método de análise de conteúdo (BARDIN, 2000). Resultados O estudo foi feito com presidentes de associações dentro do município de Vassouras, com um total de 6 líderes. 33,33% (02) dos entrevistados eram do sexo feminino e 66,67% (04) do sexo masculino. Em relação à idade dos sujeitos, 50% (03) pertenciam a faixa etária de 40-50 anos, 16,66% (01) a faixa etária de 51-60 anos e 33,34% (02) a faixa etária de 6170 anos. Os líderes procuravam as Unidades Básicas de Saúde para resolver situações alheias, porém todas relacionadas à consultas, exames e medicamentos. Num geral, a maioria dos entrevistados (66,67%) dos entrevistados não conhecia mecanismos institucionais de participação como o conselho municipal de saúde. Foi perceptível que os participantes faziam várias criticas ao SUS quando questionado em relação ao seus direito e deveres. Discussão O fato de os lideres recorrem ao serviço de saúde à nível local com o intuito de resolver pendências relacionadas à consultas, exames e medicamentos pode ser explicado pela desconhecimento das políticas publicas de saúde. Portanto é fundamental que o profissional de saúde crie mecanismo de participação popular que envolvam cogestão, abordando outros aspectos além dos acima citados (CAMPOS & WENDHAUSEN, 2007) Um outro fator agravante que deve ser levado em consideração ao discutir participação comunitária é o fato de a cidade ser interiorana, podendo ocorrer a presença de características como paternalismo e clientelismo (BISPO JUNIOR & SAMPAIO, 2008) Referencias − BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2000. 225 p. − BISPO JUNIOR, José Patrício; SAMPAIO, José Jackson Coelho. Participação social em saúde em áreas rurais do Nordeste do Brasil. Rev Panamericana de Saúde Pública, Washington, v. 23, n. 6, Junho 2008 − BRASIL, 1990b. Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde - SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, no 249, de 31 dez., pp. 25694-25695. − CAMPOS, Luciane; WENDHAUSEN, Agueda. Participaçãoem saúde: concepções e práticas de trabalhadores de uma equipe da estratégia de Saúde da Família. Texto contexto enfermagem, Florianópolis, v. 16, n. 2, Junho 2007. − MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 18. ed. Petrópolis: 121 Vozes, 2001. pág. 21-22. − VAZQUEZ, Maria Luisa et al. Participação social nos serviços de saúde: concepções dos usuários e líderes comunitários em dois municípios do Nordeste do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, Abril. 2003. 122 VIII ENIC – USS 2009 AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇAO DA ROTULAGEM DE CREME DE LEITE UHT COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE TRÊS RIOS - RJ, BRASIL Tainá Silvestre ¹, Sheila Ventura ², Pedro H. N. Resende2, Marcone R. S. Mendes2, Lucas C. Feres2, Marjorie Toledo Duarte ³ ¹ Universidade Severino Sombra/ Curso de Ciências Biológicas, [email protected] ² Universidade Severino Sombra/ Curso de Medicina Veterinária ³ Universidade Severino Sombra/ Curso de Medicina Veterinária Resumo- A demanda de creme de leite UHT tem aumentado significativamente. Diversas empresas diversificaram e aumentaram sua produção, visto que o consumidor, cada vez mais exigente, almeja cremes com ampla faixa de teor de gordura. O objetivo do presente estudo foi verificar a adequação da rotulagem de 10 amostras de creme de leite comercializados em estabelecimentos varejistas da cidade de Três RiosRJ frente à legislação vigente. Em relação à lista de ingredientes, conteúdo líquido, identificação de origem, nome ou razão social, CNPJ, endereço e categoria do estabelecimento fabricante, carimbo oficial da inspeção federal, prazo de validade, instruções de conservação, marca comercial e composição do produto, verificou-se conformidade para todas as amostras. A apresentação incorreta ou a ausência do lote foi observada em 6 amostras. Quanto à data de fabricação, apenas 1 amostra não apresentava a mesma. Associam-se também não conformidades em 2 amostras, os itens referentes às informações sobre denominação de venda e medida caseira. Palavras-chave: creme de leite, rotulagem, legislação. Área do Conhecimento: tecnologia de produtos de origem animal. Introdução A qualidade dos produtos alimentícios e sua influência sobre a nutrição e saúde humana vêm merecendo lugar de destaque no meio científico (SILVA e NASCIMENTO, 2007). Dentre estes, destaca-se o creme de leite, uma emulsão de gordura em leite. Produto de composição muito similar a do leite integral, exceto pela alta quantidade de gordura de leite que é adicionada para caracterizar o tipo de creme a ser produzido. Com a demanda de creme de leite UHT crescente, diversas empresas diversificaram e aumentaram sua produção para agradar ao consumidor que almeja cremes com maior variedade de faixas de teor de gordura. O creme com baixo teor de gordura (12-18%) pode ser adicionado ao café e o com alto teor de gordura (35-48%) pode ser utilizado no preparo de doces e sobremesas (MOURA, 2001). A ampla variedade do produto disponível no mercado atual requer uma rotulagem eficaz e precisa, que ofereça ao consumidor subsídios para a correta escolha do alimento e identificação da presença de possíveis riscos à saúde, dependendo de sua condição fisiológica ou patológica. O objetivo do presente estudo foi verificar a adequação da rotulagem de creme de leite UHT comercializados em estabelecimentos varejistas da cidade de Três Rios-RJ segundo à legislação vigente. Material e Métodos As amostras foram selecionadas ao acaso, sendo adquiridas no comércio varejista da cidade de Três Rios-RJ, no período de setembro de 2009. Analisaram-se 10 rótulos de amostras de creme de leite UHT de procedência nacional e de diferentes fabricantes e marcas. As amostras foram identificadas com pequenas etiquetas brancas numeradas de modo a não serem confundidas. As etiquetas foram fixadas em locais sem descrições do produto ou outros detalhes importantes da embalagem. Após a identificação das amostras, verificou-se a concordância da rotulagem destas com os parâmetros estabelecidos pela Instrução Normativa nº. 22, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (BRASIL, 2005), Resolução da Diretoria Colegiada nº. 359 e 360, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA (BRASIL, 2003) e a Portaria nº. 146, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (BRASIL, 1996). Resultados VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 Em relação à lista de ingredientes, conteúdo líquido, identificação de origem, nome ou razão social, CNPJ, endereço e categoria do estabelecimento fabricante, carimbo oficial da inspeção federal, prazo de validade, instruções de conservação, marca comercial e composição do produto, verificou-se conformidade para todas as amostras. A apresentação incorreta ou ausência do lote foi observada em 6 amostras. Quanto à data de fabricação, apenas 1 amostra não apresentava a mesma. Associam-se também em não conformidades em 2 amostras, os itens referentes às informações sobre denominação de venda e medida caseira. Discussão Um dos grandes anseios do consumidor, ao adquirir produtos, por qualquer razão que seja, é estes serem confiáveis; para isto, é preciso que as informações apresentadas pelos fabricantes sejam fidedignas. Se, ao contrário, estas informações forem falsas, ambíguas, confusas ou vagas, o consumidor será lesado moral e financeiramente, além de sofrer riscos à sua saúde (GIESEL, 2009). Silva e Nascimento (2007), avaliando rótulos de iogurtes, verificaram que em 5% das amostras não havia a data de fabricação ou prazo de validade. Cabe ressaltar, que ambas as informações podem ser relevantes para o consumidor. Castro (2008), analisando rótulos de doce de leite, constatou que das 14 marcas observadas, 9 apresentavam o selo da Inspeção Federal (SIF). Registram-se nesse serviço os estabelecimentos que comercializam produtos entre estados ou para exportação. Silva e Nascimento (2007), verificaram também que, no caso específico dos iogurtes, a apresentação incorreta do lote foi observada em 70% das amostras. De acordo com a Instrução Normativa nº. 22, esta informação deverá ser descrita com um código - chave precedido pela letra “L”. A identificação do lote é importante para facilitar a rastreabilidade do produto, caso ocorram quaisquer problema que tornem necessário o recolhimento dos mesmos. Referências - BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº. 22, de 24 de novembro de 2005. Aprova o regulamento técnico para rotulagem de produto de origem animal embalado. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 nov.2005, Seção 1, p. 15. - BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº. 359, de 23 de dezembro de 2003. Aprova regulamento técnico sobre porções de alimentos embalados para fins de rotulagem nutricional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 dez. 2003b. Disponível em: <http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id= 9058&word=>. Acesso em: 20 set. 2009. - BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº. 360, de 23 de dezembro de 2003. Aprova regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, tornando obrigatória a rotulagem nutricional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 dez. 2003c. Disponível em: <http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id= 9059&word=>. Acesso em: 20 set. 2009. - BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 146, de 7 de março de 1996. Regulamento técnico de qualidade e identidade de creme de leite. Disponível em: http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/servlet/VisualizarAnexo?id=4327. Acesso em: 20 set. 2009 - CÂMARA, M.C.C.; MARINHO, C.L.C.; GUILAM, M. C.; BRAGA, A.M.C.B. A produção acadêmica sobre a rotulagem de alimentos no Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington, v. 23, n. 1, p. 52-58, jan. 2008. - CASTRO, P. L.; BRANDÃO,C.O.; LEAL, D.I. B.; MORAES, T.P.N.; COSTA, P.A.; MACEDO, N.A. Avaliação da conformidade dos rótulos de doce de leite comercializados no município de Teresina- PI, 2008. Universidade Federal do Piauí, 2008. Disponível em http://www.sovergs.com.br/combravet2008/anais/ cd/resumos/ro740-1.pdf. Acesso em: 21 set. 2009. - GIESEL, T.; Análise de rotulagem de leite integral UHT comercializado no Distrito Federal. Brasília, 2009. 37 f. Trabalho de conclusão de curso (Curso de Pós - graduação em Vigilância Sanitária e Controle de Qualidade dos Alimentos) – Universidade Castelo Branco/ Quallitas, Brasília, 2009. - SILVA, E.B.; NASCIMENTO, K.O. Avaliação da adequação da rotulagem de iogurtes. CERES, v. 2, n. 1, p. 9-14, 2007. AVALIAÇÃO DO FRESCOR DE CORVINA (Micropogonias furniere) E PEIXEESPADA (Trichiurus lepturus) E SUAS CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO Sheila de F. Ventura1, Lucas C. Feres2, Tainá Silvestre3, Marcone R. S. Mendes2, Pedro Henrique N. Resende2, Marjorie T. Duarte4 1 Universidade Severino Sombra/Medicina Veterinária, [email protected] 2 Universidade Severino Sombra/Medicina Veterinária 3 Universidade Severino Sombra/Ciências Biológicas 4 Universidade Severino Sombra/Medicina Veterinária Resumo - As condições sanitárias na comercialização de pescados nem sempre estão inseridas dentro dos padrões adequados de higiene para garantir a segurança alimentar do consumidor e qualidade do produto. Um estudo sobre o frescor de Corvina (Micropogonias furniere) e peixe Espada (Trichiurus lepturus) assim como suas condições de armazenamento para venda, foi realizado no mês de setembro de 2009 em estabelecimentos varejistas no município de Barra do Piraí – RJ, Brasil. Pôde observar que um dos estabelecimentos estava em desacordo com a legislação vigente quanto às condições higiênico-sanitárias e o aspecto sensorial dos pescados em questão. Palavras chave: condições higiênico-sanitárias, análise sensorial, pescado Área do conhecimento: Inspeção Sanitária de Produtos de Origem Animal Introdução Entre os alimentos de origem animal, o pescado caracteriza-se pelo elevado potencial de deterioração se exposto a condições inadequadas de armazenamento (Leitão et al. 1997). Portanto, é recomendável conservá-lo em condições adequadas de higiene e em temperatura próxima a 0ºC, a fim de manter a qualidade microbiológica e sensorial por maior período de tempo (Agnese et al. 2001). A comercialização inadequada de produtos de origem animal aumenta os riscos de consumo para o homem. Quando o alimento em questão é o pescado, devido a sua natureza extremamente perecível, são exigidos cuidados especiais em relação a sua manipulação, que deve iniciar no processo de captura, até a estocagem e comercialização (GALVÃO, 2006). Diante deste relato, este trabalho teve como objetivo avaliar o grau de frescor de Corvina (Micropogonias furniere) e peixe Espada (Trichiurus lepturus), assim como suas condições de venda em estabelecimentos varejistas que comercilaizam pescado no município de Barra do Piraí – RJ, Brasil. Material e Métodos A pesquisa fundamentou-se em análise investigativa, através de observação e avaliação dos pescados nos estabelecimentos identificados como A e B. Utilizou-se como ferramenta de apoio um “check-list” baseado no item 4 da portaria nº185, de 13 de maio de 1997 do MAPA e na RDC nº216 de 15 de setembro de 2004 da ANVISA. A fonte de dados foi coletada através de uma visita técnica aos estabelecimentos supracitados. Como fonte de dados primários avaliou-se as condições higiênico-sanitárias do ambiente e manipulador, produtos utilizados no setor e se os estabelecimentos adotavam boas práticas de fabricação. Como dados secundários analisaramse as condições sensoriais do frescor de Corvina e Peixe-espada através dos seguintes itens: aparência da pele, olhos, guelras, abdome, união das escamas e consistência da carne. Resultados Quanto às condições higiênico-sanitárias: estabelecimento A: 1-setor: era bem organizado, limpo, sem presença de animais ou moscas, possuía controle de pragas e vetores eficiente e os materiais utilizados no setor eram permitidos pela legislação. 2-manipuladores: estes tinham asseio pessoal e utilizavam todos os equipamentos de proteção individual como luvas, gorro, máscara, avental e roupas adequadas e limpas. Não foi observado nenhum tipo de adorno nos manipuladores. 3-higiene do alimento: a refrigeração era realizada através de gelo picado coberto por todo produto acondicionado em caixas plásticas em ótimo estado de conservação, obedecendo à legislação vigente; estabelecimento B: 1-setor: desorganizado devido à comercialização de doces e outros produtos VIII ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA - 2009 125 cárneos, não havia lixeira no setor, a água utilizada para lavagem do pescado, das mãos e utensílios era a mesma e se encontrava acondicionada em um tambor de cem litros. Observou-se também presença de materiais e produtos não permitidos pela legislação como panos de pia, sabão em pó e detergente, o estabelecimento não adotava um controle de pragas e vetores, era abundante a presença de dípteros. 2-manipuladores: os dois funcionários do setor não utilizavam nenhum equipamento de proteção individual, faltava-lhes asseio pessoal e possuíam adornos, não respeitando à legislação. 3-higiene do alimento: o pescado não era refrigerado, pois se encontrava armazenado em um freezer horizontal, desligado, sem gelo e aberto ficando exposto à atividade de moscas. Em relação aos aspectos sensoriais de Peixeespada (Trichiurus lepturus): estabelecimento A: aparência da pele com pigmento vivo sem descoloração; escamas unidas entre si e bem aderidas à pele, translúcida e com brilho metálico; os olhos abaulados, com pupila negra e viva e córnea transparente; guelras de coloração viva sem presença de muco; abdome tenso sem diferença externa com a linha ventral e carne firme e elástica com superfície macia. O pescado estava fresco e seguro para alimentação. Estabelecimento B: a pele se apresentava com hematomas e rupturas; olhos convexos de pupila negra e baça e córnea ligeiramente opalescente; as guelras acinzentadas em descoloração; abdome flácido; carne mole com superfície rugosa. Neste estabelecimento (B) o pescado estava deteriorado e impróprio para o consumo. Quanto aos aspectos sensoriais da Corvina (Micropogonias furniere): estabelecimento A: aparência da pele com pigmento vivo, mas sem brilho; olhos convexos, com pupila negra e baça e córnea ligeiramente opalescente; escamas ligeiramente unidas entre si e menos brilho metálico; guelras de coloração menos viva com muco transparente; abdome ligeiramente flácido e carne menos elástica. Observou-se que o pescado em questão estava em estágio de início deterioração. Estabelecimento B: aparência da pele com manchas e rupturas; escamas sem brilho e soltas; olhos côncavos no centro, pupila cinzenta e córnea leitosa; guelras amareladas; abdome flácido; e carne flácida e rugosa. Nota-se que não é seguro a compra deste pescado no estabelecimento (B). Discussão RODRIGUES et. ao avaliar corvinas em dois supermecados observou que das 24 amostras seis estavam com os olhos inadequados (25%), cinco com abdome flácido (20,83%), seis desprendendo escamas com facilidade (25%). Quatro apresentavam todas as alterações concomitantes (16,7%). Os demais apresentavam - se em condições organolépticas adequadas. comercialização de pescados se deve às condições de armazenamento do produto. Pela portaria nº185 de 13/05/1997 do MAPA os materiais que são utilizados para acondicionar os pescados devem ser armazenados em adequadas condições higiênico-sanitárias e não deverão transmitir ao produto substâncias que alterem suas características próprias. Leitão et al. (1983), relataram a importância do armazenamento em temperaturas de refrigeração no processo de formação de histamina, uma vez que estas em condições inadequadas e contendo substrato e temperatura tem sua formação relativamente alta, no qual concordamos, se fazendo necessário avaliar os métodos de obtenção do pescado, a fim de comprovar os problemas ligados à captura e principalmente, ao armazenamento. A conservação do pescado fresco era realizada com gelo em escamas e em abundância, sendo a procedência do gelo conhecida e este era adquirido de fábricas de gelo devidamente registrados no Serviço de Vigilância Sanitária Municipal ou de Indústrias de Beneficiamento de Pescado sob de Inspeção Federal. (FARIAS, 2006). A RDC nº216 de 15/09/2007 preconiza que os manipuladores possuam asseio pessoal, apresentando-se com uniformes compatíveis à atividade, conservados e limpos. Referências - AGNESE, A.P., OLIVEIRA, V.M., SILVA, P.P.O. e OLIVEIRA, G.A. 2001. Contagem de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas e enumeração de coliformes totais e fecais em peixes frescos comercializados no município de Seropédica – RJ. Revista Higiene Alimentar 15: 67-70. - BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Portaria Nº 185 de 13/05/97. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Peixe Fresco (Inteiro e Eviscerado). Brasília – DF, 1997. - BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 216, de 15 de setembro de 2004. Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Disponível em: www.anvisa.gov.br - FARIAS, M. C. Avaliação das condições higiênico-sanitárias do pescado beneficiado em indústrias paraenses e aspectos relativos à exposição para consumo em Belém – Pará. 2006. 67 f. Dissertação ( Mestrado em Ciência animal) - Universidade Federal do Pará. Belém - Pará, 2009. - GALVÂO, J. A. Boas Práticas de Fabricação: da despesca ao beneficiamento do pescado.Disponívelem<ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca /IIsimcope/oficina_juliana_galvao.pdf> Acesso em: setembro de 2009. LEITÃO, M.F.F., RIOS, D.P.F.A., GUIMARÃES, J.G.L., BALDINI, V.L.S. & MAINARDES PINTO, C.S.R. 1997. Alterações químicas e microbiológicas em Pacu (Piaractus mesopotamicus) armazenado sob refrigeração a 5ºC. Ciência e Tecnologia de Alimentos 17: 160-166. - RODRIGUES, et. al. Avaliação das condições sensoriais do pescado comercializado em supermercados da Cidade do Rio de Janeiro. Anais do II Congresso Latino-americano de Higienistas de Alimentos - VIII Congresso Brasileiro de Higienistas de Alimentos e do I Encontro Nacional de Centros de Controle de Zoonozes, Búzios, 2005. VIII ENIC – USS 2009 INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DO BEZERRO NO MOMENTO DA ORDENHA SOBRE O DESEMPENHO PRODUTIVO DE VACAS MESTIÇAS HOLÂNDES- ZEBU Tainá Silvestre ¹, Sheyla Ventura ², Marjorie Toledo Duarte ³, Marcos Macedo Junqueira 4 ¹ Universidade Severino Sombra/ Curso de Ciências Biológicas, [email protected] ² Universidade Severino Sombra/ Curso de Medicina Veterinária ³ Universidade Severino Sombra/ Curso de Medicina Veterinária 4 Embrapa Gado de Leite Resumo- A produção de leite, como qualquer atividade produtiva, deve gerar lucro ao produtor, de modo a mantê-lo na atividade. O lucro da atividade é função da produtividade, dos custos de produção e do preço do leite pago ao produtor, principalmente. O objetivo do presente estudo foi avaliar a presença do bezerro no momento da ordenha sobre a produção de leite de vacas mestiças Holandês- Zebu. Foram utilizadas 30 vacas multíparas, distribuídas em dois tratamentos: T1) vacas ordenhadas com a presença constante do bezerro e T2) vacas ordenhadas sem a presença do bezerro. No sistema de aleitamento natural (15 vacas), o bezerro permanecia ao lado da vaca antes a após a ordenha. No aleitamento artificial (15 vacas), os bezerros eram apartados ao nascimento, sendo aleitados a balde. A produção de leite total no T1 foi de 247,9 kg/leite, representando uma média de 16,52 kg/vaca/dia. Já no T2, a produção de leite total foi de 149,9 kg/leite, correspondendo a uma média de 9,99 kg/vaca/dia. Palavras-chave: produção de leite, ordenha com e sem bezerro. Área do Conhecimento: produção animal. Introdução Grandes desafios são postos para a humanidade neste século XXI, entre eles o de produzir alimentos para uma população em constante crescimento, sem degradar os recursos naturais e o meio ambiente. A produção de leite, como qualquer atividade produtiva, deve gerar lucro ao produtor, de modo a mantê-lo na atividade. (CORDEBELLA, 2003). Em sistemas de produção de leite utilizando raças especializadas, como a Holandesa, cuja as vacas produzem leite normalmente na ausência da cria, predomina o aleitamento artificial do bezerro, sendo estes separados das mães após o nascimento e aleitados a balde ou mamadeira. Já em rebanhos mestiços Holandês- Zebu, predominantes no Brasil, a presença do bezerro no momento da ordenha (apojo), é a prática mais usual. (CAMPOS et al. 1993a; MADALENA et al. 1997). De acordo com Bar - Peled et al. (1995), a permanência do bezerro durante a ordenha estimula a produção de ocitocina endógena, resultando em uma maior produção láctea, e o contato do bezerro após o término da ordenha contribui para a retirada do leite residual da glândula mamária (ARAÚJO, et al. 2009; BRANDÃO et al. 2008). O objetivo do presente estudo foi avaliar a presença do bezerro no momento da ordenha sobre a produção de leite de vacas mestiças Holandês-Zebu. Material e Métodos O experimento foi realizado no Campo Experimental do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite (CNPGL), Barão de Juparanã- RJ, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, no período de agosto de 2008. Foram utilizadas 30 vacas mestiças Holandês- Zebu, multíparas, distribuídas em dois tratamentos: aleitamento natural (T1) e aleitamento artificial (T2). As vacas do T1 foram ordenhadas com a presença constante do bezerro, ou seja, ele foi levado à vaca para promover a descida do leite, iniciando-se a ordenha com o bezerro permanecendo amarrado ao seu lado até o final. Já as vacas do T2, eram ordenhadas sem a presença dos bezerros, que recebiam leite em baldes. Após cada ordenha, as vacas eram levadas para os pastos, enquanto os bezerros eram reconduzidos às suas instalações. Para tal avaliação, foi realizado o controle leiteiro mensal dos animais. Resultados VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 Os dados de produção de leite no mês de agosto são apresentados na tabela 1. A produção de leite total e a produção média diária foram influenciados pela presença do bezerro na sala de ordenha. Tabela 1- Produção total de leite (kg) e produção média diária de leite (kg) de vacas mestiças Holandês-Zebu submetidas a diferentes manejos durante a ordenha Grupos experimentais Produção total de leite (kg) Produção média diária de leite (kg) T1- presença do bezerro 247,9 16,52 T2- ausência do bezerro 149,9 9,99 Discussão A produção de leite depende de diversos fatores, como potencial genético da vaca, que deve estar associada a uma dieta de boa qualidade e adequada disponibilidade (BRANDÃO et al. 2008). Vários autores (EVERITT et al., 1968; UGARTE e PRESTON, 1973; PEREZ et al., 1983; ARAÚJO et al. 2009) verificaram maior produção de leite para vacas que amamentavam, em relação àquelas sem bezerro ao pé (CAMPOS et al. 1993a). Por outro lado, González et al. (1986) não encontraram diferenças significativas na produção de leite(CAMPOS et al. 1993a). Agradecimento: Embrapa Gado de Leite Referências - ARAÚJO, W.A.G.; CARVALHO, C.G.V.; MARCONDES, M.I.; SACRAMENTO, A.J.R.; LANA, R.P. Ocitocina exógena na produção, qualidade e composição do leite em vacas meio sangue (holandês x gir) com e sem a presença do bezerro. In. Anais 46º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Maringá, PR, 2009. - BRANDÃO, F.Z.; RUAS, J.R.M.; FILHO, J.M.S.; BORGES, L.E.; FERREIRA, J.J.; CARVALHO, B. C.; NETO, A.M.; AMARAL, R. Influência da presença do bezerro no momento da ordenha sobre o desempenho produtivo e incidência de mastite subclínica de vacas mestiças Holandês- Zebu e desempenho ponderal dos bezerros. Revista Ceres, v. 55, n.6, p. 525-531, 2008 - CAMPOS, O.F.; LIZIEIRE, R.S.; DEREZ, F. Sistemas de aleitamento natural controlado ou artificial. I. Efeitos na performance de vacas mestiças holandês- zebu. Rev. Bras. Zootec., v. 22, n.3, p. 413-423, 1993. - CORDEBELLA, A. Contagem de células somáticas e produção de leite em vacas Holandês confinadas. 2003. 99f. Tese (Doutorado) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2003. - MADALENA. F.E.; ABREU, F.E.; SAMPAIO, I.B.M. Práticas de cruzamentos em fazendas leiteiras afiliadas à Cooperativa Central de Produtores Rurais de Minas Gerais. Rev. Bras. Zootec., v.26, n.5, p. 924-934, 1997. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS NOS PACIENTES ADMITIDOS COM DOR TORÁCICA Autor: Rafael Ricardo da Silva Miranda Zapata Co-autor: Octávio Drummond Guina Orientador: Marlon M. Vilagra Universidade Severino Sombra/Liga de Cardiologia e UDT, [email protected] Resumo Vários estudos demonstram que a sensibilidade do eletrocardiograma(ECG) para o diagnóstico de IAM, na admissão da emergência, é de 45-60% quando utilizamos o supradesnivelamento do segmento ST como critério de diagnóstico. Este fato comprova que muitos exames de ECG não apresentam alterações significantes nos pacientes infartados. Por isso, a grande importância de realizar ECGs seriados, afim de aumentar a sensibilidade do exame. Este estudo, realizado na Unidade de Dor Torácica(UDT) do Hospital Universitário Sul-Fluminense teve como objetivo analisar os ECG realizados em pacientes que apresentavam dor anginosa ou provavelmente anginosa na admissão. O estudo provou que do total de 202 pacientes, 76(32,2%) apresentavam o ECG normal. Este dado reafirma a importância do ECG seriado, já que muitos pacientes com o ECG normal poderiam estar apresentando Infarto Agudo do Miocárdio e não serem diagnosticados. Palavras-chave: Cardiologia, Eletrocardiograma, IAM. Área do Conhecimento: Medicina 40100006 Cardiologia 40101100 Introdução Material e Métodos Vários estudos demonstram que a sensibilidade do eletrocardiograma(ECG) para o diagnóstico de IAM, na admissão da emergência, é de 45-60% quando utilizamos o supradesnivelamento como critério de diagnóstico, indicando que perto da metade dos pacientes com infarto não são diagnosticados com um único eletrocardiograma na admissão. A sensibilidade aumentará para cerca de 70% se utilizarmos alterações do ECG do tipo infradesnivelamento de ST e alterações isquêmicas de onda T. Aumentará ainda para 95% se utilizarmos ECGs seriados, com intervalos de 3-4 horas, nas primeiras 12 horas de internação na unidade de emergência. Foram analisadas 202 anamneses de pacientes com dor torácica que deram entrada ao serviço de emergência do Hospital Universitário, a partir destas foram classificados em dor tipo A (tipicamente anginosa) e tipo B (provavelmente anginosa) e analisados os traçados eletrocardiográficos destes.Todos os pacientes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido para a participação do trabalho científico. Resultados Dos 202 pacientes, 75(37,1%) foram classificados como dor tipo A e 127(62,9%) como dor tipo B. Do total de ECGs realizados, 76(32,2%) 1 apresentaram traçado normal, 78(34,1%) tiveram supradesnivelamento do segmento ST, 29(12,7%) apresentaram infradesnivelamento do segmento ST, 20(8,7%) apresentaram inversão de onda T, 20(8,7%) obtiveram bloqueio de ramo esquerdo e outros 6(2,6%) apresentaram onda T inespecífica. Discussão Analisando os resultados, uma taxa significativa dos ECG obtiveram resultados normais, fato este que demonstra a importância da realização de ECGs seriados afim de aumentar a sensibilidade e especificidade do diagnótico de IAM, já que o ECG normal de admissão não exclui tal diagnóstico. Além disso, as diferentes alterações no ECG, juntamente com a clínica e enzimas cardíacas influenciam na terapêutica adotada. Período de 1999 a 2003, Ischemic Heart Disease Lethalities in the State of Rio de Janeiro between 1999 and 2003. Número 2 – Volume 86 – Ano 2006. -National Heart Attack Alert Program Coordinating Committee 60 Minutes to Treatment Working Group. Emergency department: rapid identification and treatment of patients with acute myocardial infarction. Ann Emerg Med 1994; 23:311-29. Referências -III Diretriz sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio; Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 83, Suplemento IV, Setembro 2004. -Anderson HV, Willerson JT. Thrombolysis in acute myocardial infarction. N Engl J Med 1993; 329: 703-9. -Bassan, R.; Unidades de Dor Torácica. Uma forma moderna de manejo de pacientes com dor torácica na sala de Emergência. Número 2 - Volume 79 - Ano 2002. -Boersma E, Maas AC, Deckers JW, Simoons ML. Early thrombolytic treatment inacute myocardial infarction: reappraisal of the golden hour. Lancet 1996 Sep 21;348(9030):771-5. -Letalidade por doenças Isquêmicas do Coração no Estado do Rio de Janeiro no 131 AVALIAÇÃO EPIDEMIOLOGICA DOS CASOS DE TUBERCULOSE PULMONAR NO MUNICÍPIO DE VASSOURAS-RJ Janine Capobiango Martins1, Priscilla Rodrigues Moreira2, Aline Damazio do Vale3, Priscila C. Barbosa Ferreira4, Wevelin S. de Matos5, Diego Santa Rosa Santos6, Marina S. Song7, Fernanda Coelho8, Mariana Frizzera9, Paula Pitta de Resende Côrtes10. 1 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 2 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 3 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 4 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 5 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 6 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 7 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 8 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 9 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 10 Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] Palavras-chave: Tuberculose pulmonar, alcoolismo, epidemiologia e prevenção. Área de conhecimento: Saúde Pública. RESUMO A Tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Micobacterium tuberculosis, que tem na localização pulmonar sua forma mais freqüente. Nos últimos anos, vem representando um grave problema de saúde pública. O objetivo deste trabalho é avaliar os índices epidemiológicos referentes aos casos de tuberculose pulmonar no município de Vassouras (RJ) para a formatação de uma conduta preventiva de maior impacto. Foi realizado estudo descritivo e progressivo dos anos de 2003 a 2008, com dados fornecidos pelo Sistema de Informação de Agravo de Notificação deste município, analisando sexo, idade, raça e agravos associados à tuberculose pulmonar. A incidência de tuberculose pulmonar foi maior no sexo masculino, na raça branca e na faixa etária de 31 a 40 anos. Apesar do HIV ser o maior fator de risco, neste estudo o maior fator relacionado à doença foi o alcoolismo. Desta forma, neste município as campanhas de prevenção à tuberculose deverão estar associadas com o combate ao alcoolismo. INTRODUÇÃO A Tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Micobacterium tuberculosis, que tem na localização pulmonar sua forma mais freqüente. Esteve sob controle até meados da década de 1980, quando então ressurgiu com grande número de casos. Segundo a OMS, anualmente são registrados 8 milhões de casos e 2 milhões de óbitos no mundo, sendo a grande maioria em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Nos últimos anos, vem representando um grave problema de saúde pública, principalmente com o surgimento da 132 AIDS. No Brasil, é evidente o recrudescimento da enfermidade, por vários fatores, incluindo o déficit nos programas de controle da tuberculose. O objetivo deste trabalho é avaliar os índices epidemiológicos referentes aos casos de tuberculose pulmonar no município de Vassouras (RJ) para a formatação de uma conduta preventiva de maior impacto. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado estudo descritivo e progressivo dos anos de 2003 a 2008, com dados fornecidos pelo Sistema de Informação de Agravo de Notificação (SINAN) do município de Vassouras, região sul-fluminense do estado do Rio de Janeiro. Foram contabilizados e analisados: sexo, idade, raça e agravos associados à tuberculose pulmonar. RESULTADOS Número de casos e percentual por sexo: masculino(101; 70,2%), feminino (43; 29,8%),por raça: branca (69; 47,9%), negra (51; 35,4 %) e parda (24; 16,7%), por faixa etária: de 0 a 10 anos (6; 4,2%); de 11 a 20 anos (5; 3,5%); 21 a 30 anos (17; 11,8%); de 31 a 40 anos( 34 ; 23,6%); de 41 a 50 anos(31; 21,5%); de 51 a 60 anos (32 ; 22,2%); de 61 a 70 anos (9 ; 6,3%) e; de 71 a 80 anos (10; 6,9%), em relação aos agravos associados: AIDS (20), alcoolismo (44); diabetes mellitus (11); doença mental (6); casos ignorados (54) e outros (16). DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Ficou demonstrado o predomínio da incidência de tuberculose pulmonar no sexo masculino, de acordo com outros estudos realizados em outras regiões do Brasil e em outros países. Esta prevalência pode ser explicada por fatores genéticos, pelo predomínio de homens envolvidos com os casos de AIDS e com o alcoolismo. A faixa etária mais acometida foi a de 31 a 40 anos, que também condiz com a literatura. A faixa etária pode estar relacionada aos hábitos de vida de adultos jovens, onde a promiscuidade e permissividade são maiores com conseqüente maior exposição ao M. tuberculosis e ao vírus HIV. Este dado condiz com o de países em desenvolvimento como o nosso, onde a população prevalente dos doentes é a de pessoas economicamente ativas. A raça branca foi predominante, fato discordante com a maioria dos estudos, que demonstram a prevalência duas vezes maior de tuberculose pulmonar em negros. Vale ressaltar que mais de 30% dos casos de tuberculose estão na África, continente com predomínio da raça negra, o que pode ser um fator importante na definição do número total de casos de tuberculose em indivíduos da raça negra no mundo. Apesar do HIV ser o maior fator de risco relacionado ao desenvolvimento da tuberculose, no nosso estudo o maior fator relacionado à doença foi o alcoolismo. Temos que levar em consideração que o estudo realizado se refere a uma cidade com poucos habitantes onde a incidência de HIV é baixa e a falta de entretenimento predispõe ao hábito de ingestão de bebidas alcoólicas. A caquexia decorrente ao etilismo favorece a um quadro de baixa imunidade, sendo então o álcool um importante fator de risco para infecção pelo M. tuberculosis principalmente em sua forma pulmonar. Conclui-se que os resultados encontrados no município de Vassouras estão de acordo com os dados encontrados no Brasil e no mundo, exceto a predominância em indivíduos da raça branca. Além disso, apesar do HIV ser o maior fator de risco relacionado ao desenvolvimento da tuberculose, os resultados demonstraram o alcoolismo como principal fator relacionado à doença. Desta forma, no município de Vassouras, as campanhas de prevenção 133 à tuberculose pulmonar deverão estar associadas a campanhas de combate ao alcoolismo. REFERÊNCIAS 1. Ruffino-Netto A. Tuberculose: a calamidade negligenciada. Rev Soc Bras Med Trop. 2002; 35(1):51-8. 2. . World Health Organization. Global tuberculosis control: Surveillance, planning, financing. Geneva: World Health Organization; 2007 3. . Kritski AL, Conde MB, Souza GR. Tuberculose: Do Ambulatório à Enfermaria. 3rd ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2005 4. . Departamento de Informática do SUS - DATASUS [homepage on the Internet]. Brasília: Ministério da Saúde. [cited 2007 Dec 17]. Indicadores e dados básicos 2006. Taxa de incidência de tuberculose. Available from: 5. Data Sus : http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabc gi.exe?idb2006/d0202.def 6. Ministério da saúde :http://portal.saude.gov.br 7. Portal da saúde: http://portal.saude.gov.br/portal/arquiv os/pdf/manual_tuberculose.pdf 8. Pneumo atual: http://www.pneumoatual.com.br/ 9. http://www.scielo.br/scielo.php?script= sci_arttext&pid=S180637132007000300013&tlng=pt 10. http://www.scielo.br/scielo.php?script= sci_arttext&pid=S180637132004000200011&lng=en&nrm=is o&tlng=pt 11. http://search.bvsalud.org/regional/resou rces/mdl-15102763 12. Álvarez-Gordillo GC, Dorante- 13. 14. Jiménez JEE, Halperin-Frisch D. Problemas para el control de la tuberculosis pulmonar en el estado de Chiapas, México. Rev Inst Nac Enf Resp Méx.1998;11(4):280-7. Castilla J, Gutierrez A, Guerra L, Paz JP, Nogues I, Ruiz C, et al. Pulmonary and extrapulmonary tuberculosis at AIDS diagnosis in Spain: epidemiological differences and implications for control. AIDS 1997;11:1583-88. Stead WW, Senner JW, Reddick WT, Lofgren JP. Racial differences in suceptibility to infection by Mycobacterium tuberculosis. N Engl J Med 1990;332:422-7. 134 ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE DENGUE NA CIDADE DE VASSOURAS NO ANO DE 2008 Wevelin Santos de Matos1, Priscilla Rodrigues Moreira2, Aline Damazio do Vale3, Priscila C. Barbosa Ferreira4, Janine Capobiango Martins5, Diego Santa Rosa Santos6, Marina S. Song7, Fernanda Coelho8, Mariana Frizzera9, Paula Pitta de Resende Côrtes10. 1 USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 3 USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 4 USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 5 USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 6 USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 7 USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 8 USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 9 USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 10 USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected] 2 Palavras-chave: Dengue clássica, dengue hemorrágica, epidemiologia. Área de conhecimento: Saúde Pública. RESUMO A dengue vem sendo considerada um grave problema de saúde pública internacional, ocorrendo em áreas tropicais e subtropicais, pela adaptação do mosquito transmissor Aedes aegypti. Consiste em doença febril aguda causada por quatro subtipos do vírus. Comum em núcleos urbanos, devido a maior quantidade de criadouros naturais ou resultantes da ação humana. O controle da dengue é uma tarefa difícil para os serviços de saúde em razão da ampla capacidade de dispersão do vetor, da mobilidade das populações, do contingente populacional nas cidades e da complexidade dos problemas sociais e políticos que afetam a qualidade de vida e o ambiente. O objetivo do estudo foi descrever e quantificar a ocorrência de casos de dengue autóctone segundo: sexo, idade e local provável de infecção, visando ao aprimoramento da vigilância e controle da doença no município. Com os resultados podemos concluir que o mapeamento permite melhores estratégias para os trabalhos de controle do vetor, diminuindo a incidência de casos. INTRODUÇÃO Doença viral, arbovirose, transmitida por mosquito hematófago, Aedes aegypti, cuja incidência aumentou 30 vezes nos últimos 50 anos. Atualmente a dengue vem sendo considerada como um grave problema de saúde pública internacional, ocorrendo em áreas tropicais e subtropicais. Consiste em doença febril aguda causada por quatro subtipos antigenicamente distintos do vírus da dengue. Tem sido observado um padrão sazonal de incidência coincidente com o verão, devido à maior ocorrência de chuvas e aumento da temperatura nessa estação. É mais comum nos núcleos urbanos, onde é maior a quantidade de criadouros naturais ou resultantes da ação humana. No Brasil o nível endêmico de dengue já alterou os indicadores de morbidade, e a magnitude destas incidências nos últimos anos superou a de todas as outras doenças de notificação compulsória. O controle da dengue é uma das tarefas mais difíceis para os serviços de saúde em razão da ampla capacidade de 135 dispersão do vetor, da mobilidade das populações, do contingente populacional nas cidades e da complexidade dos problemas sociais e políticos que afetam a qualidade de vida e o ambiente. A avaliação de exposições diferenciadas aos fatores envolvidos na transmissão permite identificar áreas geográficas com maior risco de infecção, sendo imprescindível para a elaboração de programas preventivos e de controle de dengue. Neste sentido, o mapeamento de doenças vem sendo instrumento básico no campo da saúde pública. O presente estudo teve por objetivo descrever e quantificar a ocorrência de casos de dengue autóctone segundo sexo, faixa etária e local provável de infecção, visando ao aprimoramento da vigilância e controle da doença no município. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado estudo analisando dados fornecidos pelo Sistema de Informação de Agravo de Notificação (SINAN), referente aos casos de Dengue notificados no ano de 2008. É importante ressaltar que os nomes e endereços dos pacientes não foram acessados durante o estudo. Os dados analisados foram: sexo, idade, critério de confirmação da doença (laboratorial ou clínico-epidemiológico), mês de notificação, procedência do caso (autóctone ou não-autóctone), bairro, Unidade de Saúde da Família ou Hospital notificante, classificação da Dengue (clássica ou hemorrágica) e a necessidade de internação. RESULTADOS Foram notificados 54 casos da doença no município em 2008, segundo o SINAN, porém ao analisarmos os dados, encontramos 65 casos confirmados. O sexo masculino predominou sobre o feminino por um caso de diferença. O mês com maior número de notificações foi o mês de Abril com 34 casos notificados. Pacientes de 11 a 20 anos predominam com a doença no município. O bairro mais acometido foi o da Residência, com 23 notificações, confirmando outros estudos que afirmam que o saneamento básico aumenta decisivamente o risco da doença. Os casos não autóctones notificados (3 casos) foram descartados para análise dos bairros mais acometidos pela doença. Dentre as Unidades de Saúde da Família, a responsável por maior número de notificações foi a USF Dr. Eloi Pereira Serra, localizada no bairro da Residência. Averiguamos apenas um caso de Dengue Hemorrágica, porém 10 casos com complicações e necessidade de internação para acompanhamento. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO O primeiro resultado que se destaca é em relação ao período do ano que se concentra os casos notificados, entre os meses de março e maio, dado este também expresso na literatura como afirma Donalísio e Glasser (2002) “uma forte associação foi estabelecida entre a incidência do dengue e as estações chuvosas, altas temperaturas, altitudes e ventos. Desde 1954-58, epidemias no Sudeste Asiático, assim como no México, Brasil, Caribe, na década de 80 e 90, foram registradas em estações chuvosas”. Neste mesmo trabalho, Donalísio e Glasser confirmam que, embora o dengue seja uma doença urbana registrada principalmente em áreas superpovoadas, com freqüência são notificados surtos em regiões rurais, com menor concentração populacional, como visto nos distritos de Ferreiros e Massambará. De acordo com o estudo de Ribeiro et al (2006), a maioria dos casos de dengue foi registrada na área central do município em São Sebastião/SP, firmando o encontrado em Vassouras. Quando se analisa sexo, percebe-se que não há diferença entre homens e mulheres em relação ao contágio e em 136 relação a idade. A faixa mais acometida para ambos os sexos está entre 11 e 20 anos e 41 e 50 anos, o que discorda do observado por Ribeiro et al que diz ser o sexo feminino o mais acometido e ser as faixas etárias entre 20 e 29 anos e 30 e 39 anos agruparem o maior número de casos. Conforme a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, a proporção de pacientes do município de Jequié de acordo com a forma clínica da doença tem sido maior para a Febre Hemorrágica do Dengue, inclusive com sorologia positiva, 38%, seguido da forma Clássica 36% e posteriormente a Clássica com complicações, 26%, indo contra os dados encontrados na cidade de Vassouras/RJ em que a maioria dos casos encontrados do Dengue foi na sua forma clássica e apenas um caso de dengue hemorrágica. Os procedimentos adotados pelo estudo, não complexos e baseados em notificações, podem ser utilizados rotineiramente pelos serviços responsáveis pela vigilância e controle da dengue para identificação de áreas de risco. O mapeamento feito, principalmente em relação aos bairros mais acometidos nos permite um melhor direcionamento para os trabalho de controle do vetor, o que por sua vez, gera a necessidade de mais pesquisas com o intuito de descobrirem-se minúcias que levam essas áreas a números discrepantes às outras da mesma cidade. BIBLIOGRAFIA − Galli B, Chiaravalloti-Neto F. Modelo de risco tempo-espacial para identificação de áreas de risco para ocorrência de dengue. Rev. Saúde Pública 2008; 42 (4): 656-663. − Lupi O, Carneiro CG, Coelho ICB. Manifestações mucocutâneas da dengue. An Bras Dermatol. 2007; 82 (4): 291-305. − Brasil. Ministério da Saúde. − − − − − Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde – 6ª ed. 2005: 225. Teixeira MG, Costa MC, Barreto ML, Mota E. Dengue and dengue hemorrhagic fever epidemics, surveillance, and control experiences?. Cad. Saúde Pública 2005; 21 (5): 1307-15. Estado do Rio Grande do Sul. Secretaria de Estado de Saúde do RS. Programa Nacional de Controle de Dengue – PNCD. Secretaria de Vigilância em Saúde/RS 2007. Secretaria do Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro. Fonte: SESDECRJ/SVS/SVEA/CVE/DTI/SDTVZ Almeida AS et al. Análise espacial da dengue e o contexto socioeconômico no município do Rio de Janeiro, RJ. Rev Saúde Pública 2009; 43 (4): 666-73 Donalísio MR, Glasser CM. Vigilância entomológica e controle de vetores do dengue. Rev. Brasileira de. Epidemiologia. 2002; 5 (3) − Ribeiro AF; Marques GRAM; Voltolini JC; Condino MLF. Associação entre incidência de dengue e variáveis climáticas. Rev. Saúde Pública. 2006; 40 (4) − Secretaria de Saúde do Estado da Bahia. Núcleo Hospitalar de Epidemiologia – NHE. Hospital Geral Prado Valadares. 2009 137 Um Estudo das Morbidades Atendidas no Pronto-Socorro do Hospital Universitário Sul Fluminense (HUSF) no ano de 2008 Acadêmico: Fábio Farias Ferreira – [email protected] Prof. Sebastião Jorge da Cunha Gonçalves - [email protected] Resumo – Este artigo tem como objetivo abordar as morbidades atendidas no pronto-socorro do HUSF, caracterizando os atendimentos por acidentes e violência. Os dados foram obtidos, revisando os boletins de atendimento médico (BAM). As conseqüências dos acidentes e violências para o sistema de saúde e para a sociedade apontam a necessidade de aprimoramento dos sistemas de informações de morbimortalidade por causas externas, visando subsidiar políticas públicas de prevenção e melhoria no atendimento às vítimas. Palavras-Chave – Acidente; Violência; Morbidade; Causas externas, Emergência. assistenciais em várias especialidades médicas e desempenha a função de capacitação e qualificação para alunos de graduação e de pósgraduação, além de ser centro de programação e manutenção de ações voltadas à saúde das comunidades locais e regionais e desenvolver programas específicos de assistência, devidamente integrada à rede regional de saúde. Foram analisados os BAMs, de janeiro a até dezembro de 2008. Materiais e Métodos Realizado um estudo do tipo exploratóriodescritivo com abordagem quantitativa. Analisadas e coletadas todas as ocorrências do ano de 2008, sendo separadas por mês e morbidades, divididas entre janeiro a dezembro de 2008. Para este estudo foram coletados os seguintes dados: acidente automobilístico, acidente motociclistico, atropelamento, perfuração por arma branca (P A B), perfuração por arma de fogo (P A F), tentativa de suicídio, agressão física, estupro, afogamento, corte (auto-lesão), queda de bicicleta, queimadura, queda de cavalo e queda da própria altura. Análise e discussão dos resultados Conforme mostra o gráfico abaixo, no mês de janeiro o atendimento as ocorrências de agressão física foram 30 casos no total. a .F ís ic AG F A ui cí di o Te nt .S P pe la m en to At ro .M ot oc . Ac Au to m . 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Ac . Introdução No Brasil, as mortes por acidentes e violências, que recebem da Organização Mundial da Saúde (OMS) o nome genérico de “causas externas”, ocupam o segundo lugar no perfil da mortalidade geral e é a primeira causa de óbitos na faixa etária de 5 a 49 anos. Entre 1991 e 2000, cerca de 1.118.651 pessoas morreram por esses motivos em nosso país. Desse total, 369.068 foram a óbito por homicídios; 62.480, por suicídio e 309.212, por acidentes e violências no trânsito e nos transportes (Brasil, 2005), essas causas externas passaram a ser reconhecidas como um importante problema de saúde pública. As principais causas de mortalidade na população, na faixa entre 15 e 49 anos, são decorrentes de acidentes, envenenamentos e violências. Essas causas, mesmo consideradas em conjunto, superam as doenças cardiovasculares e neoplasias, levando perdas econômicas, previdenciárias e grandes dispêndios em tratamentos de complicações na saúde dos pacientes (Brasil, 2001). Com a modificação do perfil epidemiológico da morbi-mortalidade e crescimento das causas externas, o atendimento de urgência ganha maior relevância. Conforme observam Camargo et al. (1995), “Uma das mais importantes alterações que vêm ocorrendo no perfil brasileiro de causas de morte é o crescimento relativo e absoluto da mortalidade por acidentes e violências”. Whitaker e colaboradores (1998) afirmam que os custos sociais decorrentes do trauma aliados à elevação dos índices de mortalidade por acidentes e violência têm apontado a necessidade de ações de prevenção e assistência em todos os níveis de atendimento para minimizar essa problemática. O cenário da pesquisa foi o pronto-socorro (PS) do hospital universitário Sul Fluminense em Vassouras, certificado como de ensino, e referência terciária para os atendimentos de alta complexidade para municípios na sua área de abrangência. Essa instituição presta serviços Figura 1 – Estatística de janeiro. 138 Em fevereiro houve um crescimento no atendimento das ocorrências de agressão física em 30 casos. 35 Em junho os acidentes motociclísticos ultrapassaram as ocorrências de agressão física, ficando em torno de 19 casos. Em março houve um crescimento significativo nas ocorrências de agressão física batendo o recorde do ano de 2008, ficando 34 casos. 40 35 30 25 de AG .F ís ic a bi ci cle ta íd io B Su ic AG. Física qu ed a Tent. Suicídio Ac .M Ac. Motoc. Ac .A Ac. Autom. Figura 2 – Estatística de fevereiro. ut om . 0 A 5 P 10 Te nt . 15 m en to 20 At ro pe la 25 ot oc . 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 30 Figura 6 – Estatística de junho. Em julho os acidentes motociclístico tiveram um aumento de 22 casos e as agressões físicas em 19 casos, sendo um possível reflexo das festividades juninas e jovens em férias. 25 20 20 15 15 10 10 5 0 Ac. Motoc. Atropelamento 5 AG. Física C av al o Q ue da icl et a Q ue d a Bi c ís ic a PA F B A A AG .F Ac .M P . m ut o c. A A Já em abril o acidente automobilístico aumentou em torno de 24% ficando em segundo lugar a agressão física em 20% dos casos ot oc . pe la m en to 0 Figura 3 – Estatística de março. tro Ac. Autom. Figura 7 – Estatística de julho. Em agosto os acidentes motociclísticos tiveram um grande aumento de 34 casos, possível reflexo dos jovens em férias. 30 25 20 15 10 40 5 35 30 0 a AG .F P A ís ic B to am en At ro pe l Ac .A ut om . Ac .M ot oc . 25 20 15 10 5 Figura 4 – Estatística de abril. Ac .A Em maio os acidentes automobilísticos e as agressões físicas ficaram na mesma proporção em torno de 20 casos. u Ac tom .M . At o ro pe toc . la m en to P A B Te P A nt .S F ui AG cidi .F o ís A Co fo g ica rte am ( a en to u Q ue tole da sã o Bi ci ) c Q ue leta Q ima Q d ue ue da da ura C Pr óp av a lo r ia Al tu ra 0 Figura 8 – Estatística de agosto. 25 Em setembro reinaram os acidentes de transito ficando os acidentes automobilísticos em 26 casos e os acidentes motociclísticos em 25 casos. 20 15 10 5 G .F ís ic a A Su ic id io Te nt t. B A P m en to At ro pe la c. M A A c. A ut om . ot oc . 0 Figura 5 – Estatística de maio. 139 30 25 20 15 10 5 A Ac .A c. M ut om . At ot ro pe oc . la m en to P A B P A F Es tu AG pr o .F ís A ic f Co o ga a m rte en (a to ut Q ue ole sã da o) Bi ci Q cle Q ue ue ta da da Ca Pr va óp lo r ia Al tu ra 0 Figura 9 – Estatística de setembro. Em outubro os acidentes motociclísticos ficaram em 19 casos e a agressão física em 18 casos. Referências BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria Executiva. Urgência e Emergência: sistemas estaduais de Referência hospitalar para atendimento de urgência e emergência. Brasília, DF, 2001. 28p. Al tu ra Pr óp r ia Bi ci cle ta ís ic a Q ue da Q ue da A Te nt . AG .F F A P Su ic íd io m en to tro pe la ot oc . ut om c. A Ac .M . 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 A Anualmente foram 176 casos de acidentes automobilísticos e os acidentes motociclísticos em 200 casos anuais. Houveram 103 atendimentos as vítimas de agressão física num período de 12 meses. As vítimas de atropelamento ficaram em 64 casos anuais. Enquanto a violência por arma branca foram 11 casos e os ferimentos por arma de fogo em 12 casos anuais. As tentativas de suicídio demonstram 15 casos anuais. Observa-se que entre os meses de setembro a dezembro houveram 5 casos de estupro. O afogamento foi somente 1 caso anual. Outras ocorrência ficaram em torno de 72 casos anuais. Figura 10 – Estatística de outubro. Em novembro as agressões físicas ficaram em 24 casos e os acidentes motociclísticos em 23 casos. 30 25 20 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Impacto da violência na saúde dos brasileiros. Brasília, DF, 2005. CAMARGO, A. B. M. et ai. Evolução da mortalidade por acidentes e violências em áreas metropolitanas. In: MONTEIRO, C. A. (org) Velhos e novos males da saúde no Brasil: a evolução do país e suas doenças. São Paulo, Hucitec/Nupens/USP, 1995. p. 256-67. FERREIRA AVS, GARCIA E. Suporte básico de vida. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo. 2001;11(2):214-25.7. 15 10 5 F B A P A P Es tu Te pr o nt .S ui cí di o AG .F Q í s ue ic a da Q ue Bi da ci cle Pr ta óp r ia A ltu ra A c. A ut om . A c. M ot At o c. ro pe la m en to 0 Figura 11 – Estatística de novembro. WHITAKER, I. Y.; GUTIÉRREZ, M. G. R.; KOIZUMI, M.S. Gravidade do trauma avaliada na fase pré-hospitalar. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 44, p. 111-119, abr./jun. 1998. As agressões físicas em dezembro ficaram em torno de 20 casos, possivelmente devido as festividades de fim de ano e consumo de bebidas. 25 20 15 10 5 m ad ur a Q ue i Q ue da Bi c icl et a ís ic a ui cí di o AG .F Te nt .S st up ro E B A P m en to At ro pe la ot oc . c. M A A c. A ut om . 0 Figura 12 – Estatística de dezembro. 140 TÍTULO: A SEXUALIDADE NA SENILIDADE: DIANTE À AIDS. 1-Ceruli, Cleyder Delgado 2-Gonçalves, Sebastião J.C. 1- Acadêmico de Enfermagem da Universidade Severino Sombra. 2- Enfermeiro, Mestre em Psicologia, Professor Titular da Universidade Severino Sombra, Coordenador de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Vassouras-RJ. RESUMO: O desconhecimento do significado do envelhecer vem a ressaltar a concepção da velhice perante as perdas como a inatividade sexual, dado esse desconhecimento há o estereotipo do fim da vida sexual na senilidade, fato esse errôneo devido aos avanços da medicina moderna.Dados estatísticos do SINAN, utilizado o método quantitativo sobre os índices e comparativos dos anos referentes a Aids na terceira idade. Palavras-chave: Sexualidade- Senilidade- AIDS. Área do Conhecimento: Epidemiologia, Saúde Pública. Introdução: A velhice ser um fenômeno biológico, a forma como cada pessoa envelhece está determinada por questões subjetivas, condicionadas às questões da hereditariedade, do social e do cultural, incluindo-se aí a sua história de vida (Santos, 2003). Por isso, há diversas formas e modos de se encarar a velhice, há pessoas que a aceitam e se adaptam no dia-a-dia e há certos grupos que continuam sua vida normalmente, mas aceitando que seu corpo não responde como respondia na juventude. Deste modo, não há uma velhice e sim velhices que diferem no modo em que se encara a chegada dos anos e o modo como eles chegaram, trazendo experiência e sabedoria. No Brasil existem pesquisas que mostram como os próprios idosos simplificam o envelhecimento humano, a partir das perdas, representando o processo com predisposições desfavoráveis, estereótipos negativos e preconceitos. Em estudo desenvolvido por Santos (1990) acerca da influência da aposentadoria sobre a identidade do sujeito, foi observado que nas sociedades modernas a ênfase continua sendo dada à juventude e à capacidade de produção, ou seja, "ser velho representa um afastamento do mundo social"(Santos 1990). Em contrapartida, Debert (1999) aponta para a abertura de espaços para que diversas experiências de envelhecimento bem sucedidas possam ser vividas coletivamente, como, por exemplo, os grupos de convivência de idosos, os grupos de terceira idade, os bailes de terceira idade entre tantos outros. Neste sentido, de acordo com Néri (1993), é o desconhecimento do que significa ser velho que induz as práticas com foco ideológico, que contribuem para a manutenção e propagação de mitos, estereótipos negativos e preconceitos acerca da velhice. A concepção da velhice enquanto perdas e limitações ou a incapacidade de procriação, a morte do cônjuge, a inatividade sexual e abdicação compromete o entendimento de outras possibilidades de trajetórias, pautadas no reconhecimento do envelhecimento como experiência diversificada e sujeita à influência de diferentes contextos sociais, levando a velhice a um processo de fragilização e vulnerabilidade frente às vicissitudes de algumas doenças. Devido a esse desconhecimento temos o estereotipo de que idosos não praticam mais sexo, estereotipo esse que devido aos avanços da medicina e farmacológicos estão errôneos, uma vez que quaisquer idosos, que possua situação financeira boa para se dispor a fazer uma operação para colocar prótese peniana ou caso não tenha uma situação tão boa assim, mas que possa dispor de dinheiro para fazer uso de viagra, levitra e outros vaso dilatadores que tem função de ajudar na obtenção de uma ereção podem manter uma vida sexual ativa e continua. E somados a esses novos métodos vem a Aids, que é o 141 principal tema em discursam nesse trabalho. No Brasil, dos 371.827 casos notificados de 1980 até junho de 2005, o número de pessoas entre 50 e 59 anos representou 6,2% da totalidade dos casos e em indivíduos com 60 anos ou mais: 2,1% do total entre os sexos. Especialmente nos últimos anos, observa-se que a porcentagem dos pacientes com 50 anos ou mais no diagnóstico de Aids aumentou progressivamente de 7% em 1996 para 13% em 2004. O crescimento do número de infecções por HIV/Aids em pessoas com 60 anos ou mais resulta na mais nova característica da epidemia. A Aids vem se confirmando como uma ameaça à saúde pública e a tendência sugere que, em pouco tempo, o número de idosos contaminados pelo HIV será ampliado significativamente, principalmente devido à vulnerabilidade física e psicológica, pouco acesso a serviços de saúde, além da invisibilidade com que é tratada sua exposição ao risco, seja por via sexual ou uso de drogas ilícitas (IBGE/NPDA, 2005; Lieberman, 2000). A deficiência de informações destinadas aos idosos faz com que esta população esteja geralmente menos informada sobre o HIV e menos consciente de como se proteger (Feitoza, Souza e Araújo, 2004). Estes fatores, associados à similaridade dos sintomas da Aids com a sintomatologia inerente à velhice, levam a que os profissionais de saúde não solicitem o teste HIV nos exames de rotina, ocasionando diagnóstico tardio, atrasando o tratamento com antiretrovirais e diminuindo a sobrevida dessas pessoas (Vieira, 2004). Diante da perspectiva do aumento do número de idosos infectados faz-se necessário se conhecer características regionais dessa população já comprometida. O objeto de estudo é a incidência da Aids entre os idosos e uma comparação estatística dos valores anteriores para os atuais, a fim de fazer uma reflexão sobre o caso e discutir sobre seu aumento ou diminuição. Objetivos: O trabalho buscou discutir os dados estatísticos do DATASUS, sobre Aids e terceira idade. Identificar os valores estatísticos sobre idoso que convivem com a Aids. Metodologia: Em março de 2008 iniciei as atividades de reconhecimento do tema. Primeiramente realizei o levantamento dos dados no site, trabalho utilizado o método quantitativo no levantamento dos índices e posteriormente será comparado dos anos anteriores dos casos de Aids na terceira idade. Foram considerados os casos registrados no Estado do Rio de Janeiro, através do site do DATASUS, num período de 2003 a 2006, os valores referentes a esse período foram de 756 pessoas num total de homens e mulheres, com 60 anos ou mais de idade, atendidos e notificados pelo SUS. As variáveis abordadas nesse estudo foram as seguintes: sexo, idade e Etnia. Dentro dessas variáveis estão inclusas os pacientes que se tratam com o coquetel antiretrovirais e os que não fazem o tratamento. O cenário utilizado para coleta dos dados foi através de pesquisas nos site do Sistema Único de Saúde no dia 14/04/2008 às 21:44, onde foram colhidos os dados referentes a doentes dos anos de 2003 a 2006, o total de homens e mulheres portadoras de HIV. “A questão do quantitativo traz a reboque o tema da objetividade. Isto é, os dados relativos à realidade social seriam objetivos se produzidos por instrumentos padronizados, visando a eliminar fontes de propensões de todos os tipos e a apresentar uma linguagem observacional neutra. A linguagem das variáveis forneceria a possibilidade de expressar generalizações com precisão e objetividade” ( Minayo, 1998). “A questão da objetividade é então colocada em outro nível. Dada à especificidade das ciências sociais, a objetividade não é realizável. Mais é possível a objetivação que inclui o rigor no uso de instrumental teórico e técnico adequado, num processo interminável e necessário de atingir a realidade ” ( Minayo, 1998). A coleta dos dados foi no período de abril a setembro de 2008, desses dados foram a Internet, Biblioteca da Universidade Severino Sombra, Sistema de Informação da Atenção Básica, Secretaria Municipal de Saúde de Vassouras (Sistema de Informação de Agravos Notificáveis – SINAN) e DATASUS. A análise e discussão dos dados foi feita através de gráficos mostrando os valores referentes ao número de pacientes seu sexo, idade e etnia. A discussão será encima do aumento dos índices e da comparação dos valores anteriores para os atuais e dos conteúdos inerentes ao tema. Este estudo ocorreu após a leitura de um artigo referente ao tema, “A Aids na Terceira Idade na Perspectiva dos Idosos, Cuidadores e Profissionais de Saúde” dos autores Saldanha e Araújo(2006). Por ser um tema 142 de importância para a pesquisa à Sexualidade e o ato de cuidar de pessoas na terceira idade. Análise e Discussão dos Dados Utilizei para a análise dos dados gráficos e tabulações utilizados na discussão do aumento da epidemia e qual é o seu novo rumo, descrevo os valores encontrados no DATASUS no período de 2003 a 2006. 120 100 80 60 Homens 40 Mulheres 20 0 2003 2004 2005 2006 Gráfico Referente aos casos de Aids entre os sexos. 60 50 40 30 20 10 0 Homem Mulher Ignorada Referências Bibliográficas: Negra Gráfico das Etnias de 2003 60 Homem 40 Mulher 20 0 Ignorada Branca Negra Parda Gráfico das Etnias de 2004 50 40 Homem 30 Mulher 20 10 0 Ignorada Branca Negra Parda Amarela Gráfico das Etnias de 2005 50 40 Homem 30 Mulher 20 10 0 Ignorada Branca Negra A Aids vem rompendo as barreiras que há anos existiam em sua volta relacionadas ao preconceito contra homossexuais, e hoje mais do que nunca o grupo mais suscetível à doença é o grupo dos heterossexuais, tanto é que a doença já esta atingindo uma faixa etária considerada inativa na vida sexual, a senilidade hoje está mais vulnerável ao vírus, do que quando eram mais jovens, devido à promiscuidade e aos medicamentos que possibilitam uma melhor qualidade de vida, tanto na questão saúde quanto na questão de satisfação dos desejos e prazeres que a muito eram ditos como finalizados com a chegada do tempo. Concluindo, com a pesquisa os alarmantes índices de idosos portadores de HIV, há o incentivo de realizar pesquisa comportamental relacionado à vulnerabilidade dos idosos em relação à infecção pelo HIV. A fim de possibilitar uma visão do comportamento sexual dos idosos diante do risco com vista na prevenção e promoção da saúde e assim reduzir e impedir a continuidade dessa epidemia que esta causando grande morbimortalidade por Aids na terceira idade. Parda Gráfico das Etnias de 2006 DEBERT, G.G. (1999). A reinvenção da velhice. São Paulo: FAPESP. Feitoza, A.R.; Souza, A. R. & Araújo, M.F.M. (2004). A magnitude da infecção pelo HIVAids em maiores de 50 anos no município de Fortaleza-CE. J Brasil. Doenças Sex. Transm.,16 (4):32-37. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2002). Relatório do Perfil dos Idosos responsáveis por domicílios no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE. LIEBERMAN, R. (2000). HIV in older Americans: an epidemiologic Perspective. Journal of Midwifery & Women’s Health, 45, (2). NÉRI, A. L. (1993). A qualidade de vida e Idade madura. Campinas:Papirus. O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em Saúde, Maria Cecília de Souza MINAYO; 5ª Edição São Paulo: Hucitec Abrasco, 1998. SANTOS, M. F. (1990). Identidade e aposentadoria. São Paulo: EPU SANTOS, S.S. (2003). Sexualidade e Amor na Velhice. Porto Alegre: Sulina. Considerações Finais: 143 Título: Estudando A Incidência Do Papiloma Vírus Humano (Hpv) Na Unidade Da Família Pedro Casimiro Alves. TEIXEIRA, RODRIGO DA SILVA¹. CÉSAR, THIAGO PONTES DE OLIVEIRA². GONÇALVES, SEBASTIÃO JORGE DA CUNHA³. COSTA, SILÉIA COELHO4. Universidade Severino Sombra/Centro De Ciências Da Saúde. [email protected] Universidade Severino Sombra/Centro De Ciências Da Saúde. [email protected] Universidade Severino Sombra/Centro De Ciências Da Saúde. [email protected] Prefeitura Municipal De Vassouras/Secretaria Municipal De Saúde. [email protected] Resumo: O câncer do colo uterino é a neoplasia maligna mais freqüente do trato 1 genital feminino no Brasil . No mundo é a 2 quarta causa de morte por câncer . A incidência varia de 5 a 42 por 100.000 mulheres por ano. Este estudo visa á produção do papiloma vírus com relação ao câncer do colo uterino (HPV) os pressupostos de Ganong (1987). Estes dados epidemiológicos têm sido relacionados com a maior incidência de câncer do colo uterino há algum tempo. O projeto tem como base de pesquisa a comunidade do bairro do Grecco, em parceria com a equipe de saúde da família do bairro, inaugurado em 1998. Palavras chave: Enfermeiro, Papilomavírus humano, Prevenção Área do Conhecimento: Epidemiologia. Introdução: Este estudo visa á produção do papiloma vírus com relação ao câncer do colo uterino (HPV) os pressupostos de Ganong (1987). A amostra foi composta por 50 pacientes atendidas, na unidade Estratégia Saúde da Família do bairro do Grecco, no período de Março de 2009 a maio de 2009. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2006), o câncer do colo do útero é a terceira neoplasia mais comum entre as mulheres, sendo a quarta causa de morte por câncer, apesar de ser uma das poucas neoplasias preveníveis. É uma doença de longa evolução, podendo ser detectada em fases precoces. O pico de incidência do câncer do colo uterino ocorre em média 10 a 20 anos após a infecção pelo HPV. As estimativas da incidência de câncer no Brasil apontam a ocorrência de 19.260 casos novos de câncer do colo uterino para o ano de 2006. O câncer do colo uterino é a neoplasia maligna mais 1 freqüente do trato genital feminino no Brasil . No mundo é a quarta causa de morte por 2 câncer . A incidência varia de 5 a 42 por 100.000 mulheres por ano. As menores incidências são encontradas na América do Norte, Austrália, noroeste da Europa, Israel e Kuwait (em torno de 10 por 100.000 mulheres por ano) e as mais altas incidências são encontradas na África, América do Sul e sudoeste da Ásia, com incidência em torno de 1,2,3 40 por 100.000 mulheres . Existe uma variabilidade entre mulheres brancas e negras dentro de uma mesma população, sendo mais 3 freqüentes nas últimas . Estudos epidemiológicos sugerem a ligação entre coito e neoplasia escamosa. A idade precoce no primeiro coito, multiplicidade de parceiros sexuais, freqüência de coito e multiparidade 1,4,5 aumentariam o risco para esta neoplasia . Estudos recentes em outros países tem demonstrado que a multiparidade e o início precoce da atividade sexual continuam sendo fatores de risco para o câncer do colo 6,7,8 6 uterino . Biswas et al. demonstraram que, na Índia, o início precoce das relações sexuais aumenta a incidência de câncer do colo uterino. Outro estudo, também na Índia, demonstrou o aumento de incidência de câncer do colo uterino com a multiparidade, menarca 9 precoce e a má higiene genital . Estes dados epidemiológicos têm sido relacionados com a maior incidência de câncer do colo uterino há algum tempo. Entretanto, questiona-se se a idade precoce na primeira relação sexual, o número de gestações e a paridade ainda são fatores de risco para a neoplasia maligna do colo uterino em nosso país. Portanto, o objetivo deste trabalho foi 144 analisar é estudar a incidência do câncer do colo uterino das amostra coletadas. O projeto teve como base de pesquisa a comunidade do bairro do Grecco, em parceria com a equipe de saúde da família do bairro, inaugurado em 1998. A comunidade tem como característica baixo poder social e baixa escolaridade. A comunidade possui acesso ao serviço de saúde, a unidade possui uma equipe mínima. Material e Métodos: Segundo Gil (1996), pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. No presente trabalho, optou-se por uma parceria entre a equipe da unidade básica de saúde (Pedro Casemiro Alves) e acadêmicos de enfermagem do 5º período, aplicou-se um questionário informativo sobre o preventivo/HPV/Câncer de colo do útero, seguido de informações e coleta do material citopatológico. O estudo foi realizado na unidade básica de saúde, composta de equipe mínima, em um momento de rastreamento de todas as mulheres na faixa etária de 18 a 60 anos de idade. A pesquisa foi realizado no período de março a maio de 2009, atingindo as metas pactuadas pelo pacto da saúde promovendo e prevenindo a saúde (coleta de Preventivo), tendo sido apreciado por 50 mulheres. Os sujeitos da pesquisa mulheres de 18 a 60 anos de idade, que não tinham acesso a unidade, devido as suas ocupações como o trabalho, o que mantinha baixo as estatísticas do exame preventivo. Na campanha esperava-se uma faixa de 60 a 80 mulheres, compareceu a unidade 50, a campanha favoreceu o contato com os sujeitos da pesquisa, equipe da unidade e acadêmicos, já a técnica é adequada para a obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou pretendem fazer, tornando-se uma forma de interação social. Com os resultados dos exames, foi possível diagnosticar problemas precocemente e tratar problemas detectados nos sujeitos da pesquisa. Resultados: Na pesquisa, foram realizados 50 exames de citopatológicos e foi observado um percentual de mulheres de diversas idades. Sendo entre vinte e vinte e cinco anos um total de 12 (24%), vinte e seis a trinta anos 8 (16%), trinta e um a trinta e cinco 6 (12%), trinta e seis a quarenta 4 (8%), Quarenta e um a quarenta e cinco 5 (10%), quarenta e seis a cinqüenta 6 (12%), cinqüenta e um a cinqüenta e cinco 2 (4%), cinqüenta e seis a sessenta 1 (2%), sessenta e um a sessenta e cinco 2 (4%), sessenta e seis a setenta 1 (2%), setenta e um a setenta e cinco 1 (2%). Quanto ao grau de microbiologia, detectou-se uma faixa 14 (28%) de mulheres com lactobacilos sp, apresentando níveis normais 31 (62%), apresentando guardenerella 5 (10%) dos sujeitos. De acordo com os resultados dos citopatológicos, 12 (24%) apresentaram inflamação, 1 (2%) mulher apresentou lesão epitelial de alto grau, 2 (4%) inflamação e metaplasia escamosa imatura, 2 (4%) atrofia com inflamação e sendo que 33 (66%) se mantiveram em níveis normais. Discussão: De acordo com a pesquisa foi constatado um resultado satisfatório, porém também foi encontrado um grande número preocupante comparado com o número de mulheres pesquisadas. Com os resultados obtidos podese diagnosticar precocemente e tratar os sujeitos, contra as infecções apresentadas. Pode-se também ter um aspecto epidemiológico da comunidade, conhecer a mesma, servir como estimulo aos serviços de saúde local, para prevenção e a promoção da saúde da mulher. De acordo com os profissionais de saúde local, a campanha e pesquisa teve um resultado positivo, pois serviu de estimulo para outras pessoas procurarem a unidade de saúde da família. Referências: 1. Salum R. Etiopatogenia, diagnóstico e estadiamento do câncer do colo do útero. In: Abrão FS, editor. Tratado de Oncologia Genital a e Mamária. 1 ed. São Paulo: Roca; 1995. p. 269-82. 2. Pisani P, Parkin DM, Ferlay J. Estimates of the worldwide mortality from eighteen major cancers in 1985. Implications for prevention and projections of future burden. Int J Cancer 1993; 55: 891-903. 3. Parkin DM, Muir CS, Whelan SL, Gao YT, Ferlay J, Powell J. Cancer incidence in five continents. Lyon: France: International Agency for Research on Cancer (WHO)/ International Cancer Association of Cancer Registries, 1992. p. 6. 5. Kvale G, Heuch I, Nilssen S. Reproductive factors and risk of cervical cancer by cell type. A prospective study, Br J Cancer 1988; 58: 820-4. 6. Biswas LN, Manna B, Maiti PK, Sengupta S. Sexual risk factors for cervical cancer among rural Indian women: a case-control study. Int J Epidemiol 1997; 26: 491-5. 7. Cataneda-Iniguez MS, Toledo-Cisneros R, Aguilera-Delgadilho M. risk factors for cervicouterine cancer in women in Zacatecas. Salud Publica Mex 1998; 40: 330-8. 145 8. Gawande V, Wanab SN, Zodpey SP, Vasudeo ND. Parity as a risk factor for cervical cancer. Indian J Med Sci 1998; 52: 147-50. 146 ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DE ATENDIMENTOS E DO TEMPO DE ESTIRAMENTO NA FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA 1 2 2 2 Gondim, Fernanda Francisquini, Gomes, Mariana de Sá, Nunes, Lidiane A. Santana, Figueira, 2 2 n . Letícia Reis, Lacerda, Adriana, Brandão, Paulo Vitor Costa, Ramos, Seliane Silva 1 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, 2 [email protected] Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] 2 Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] n Docente da USS/Centro de Ciência da Saúde, [email protected] Resumo As técnicas de alongamento mais utilizadas no treinamento da flexibilidade são: Estática ou Passiva, Balística ou Dinâmica e Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. O alongamento estático consiste em realizar o alongamento de uma determinada musculatura até a sua extensão máxima de movimento, e ao chegar neste ponto, permanecer por um período que varia de 30 a 60 segundos. O alongamento dinâmico corresponde a habilidade de se utilizar a ADM, na performance de uma atividade física em velocidades rápidas. Utiliza-se de vários esforços musculares ativo assistidos, na tentativa de maior alcance de movimento. A facilitação neuromuscular proprioceptiva vem sendo utilizada para melhorar o desempenho e a performance física de atletas, sedentários saudáveis ou portadores de disfunções orgânicas, principalmente em recuperação neuromuscular. A resistência aplicada nas técnicas de FNP tem como função facilitar a habilidade do músculo em se contrair, aumentar o controle motor, ajudar o paciente a adquirir consciência dos movimentos e aumentar a força muscular. A quantidade de resistência aplicada durante os padrões deve estar de acordo com as condições do paciente e com os objetivos do padrão. Em humanos, flexibilidade inadequada é um fator contribuinte para as lesões musculares, especialmente quando se trata dos músculos isquiotibiais. Em alguns estudos, o efeito imediato do alongamento pode ser explicado pelas características viscoelásticas dos componentes musculares e pelas mudanças em curto prazo na extensibilidade muscular. Entretanto, outras pesquisas revelam que a efetividade das técnicas de alongamento se deve mais às mudanças na tolerância do indivíduo ao alongamento que às alterações na elasticidade dos músculos. Palavras-chave: Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, músculos isquiotibiais. Área do Conhecimento: Fisioterapia Introdução A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) é um método que se baseia nos princípios da estimulação máxima do aparelho neuromuscular, com o auxílio de padrões de movimentos diagonais e aplicação de estímulos sensoriais, como os auditivos, visuais, cutâneos e proprioceptivos. As técnicas utilizam contrações musculares concêntricas, excêntricas e estáticas, combinadas com resistência graduada e procedimentos facilitatórios adequados, todos ajustados para atingir as necessidades individuais (PEREIRA et al., 2003). As técnicas de FNP usualmente envolvem a pré-contração máxima do grupo muscular a ser alongado ou do grupo muscular antagonista, por um período de 5 a 30 segundos. As mais utilizadas são as de contraçãorelaxamento, onde os músculos a serem alongados são primeiramente maximamente contraídos e, então alongados como no alongamento estático (CARNEIRO et al., 2003). Esta técnica vem sendo utilizada para melhorar o desempenho e a performance física de atletas, sedentários saudáveis ou portadores 147 de disfunções orgânicas, principalmente em recuperação neuromuscular (MORENO et al, 2005). Os procedimentos básicos desta são: resistência; irradiação e reforço; contato manual; posição corporal e biomecânica; comando verbal; visão; tração e aproximação; estiramento; sincronização de movimentos e os padrões de facilitação (ADLER et al.,1999). Todavia, o conhecimento sobre freqüência em alongamento passivo não deve ser simplesmente aplicado às técnicas que utilizam FNP. Por isso, devido à importância do ganho de amplitude no ambiente esportivo e terapêutico, torna-se necessário o conhecimento sobre os efeitos da variação da freqüência do alongamento com inibição ativa (GAMA et al., 2007). O objetivo deste trabalho é correlacionar o tempo de estiramento na técnica Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva com amplitude de movimento da articulação coxofemoral. Materiais e Métodos O estudo contará com a participação de 8 voluntários adultos do gênero feminino saudáveis e sem disfunções de locomoção, com idade média de 33,6 ± 12,8 anos. Os voluntários serão divididos em 2 grupos (n=4 / grupo). Os grupos foram chamados de Número de Atendimentos e Tempo de Estiramento, onde os voluntários serão submetidos à técnica de FNP com dias de atendimentos e tempo de estiramento variando. O grupo Número de Atendimentos terá dias de atendimento variando + tempo de estiramento mantido e o grupo Tempo de Estiramento dias de atendimento mantido + tempo de estiramento variando. O grupo Número de Atendimentos será segmentado em dois subgrupos de 2 voluntários cada, grupo 1 (3 atendimentos / semana) e grupo 2 (2 atendimentos / semana), ambos submetidos a 30 segundos de estiramento para cada série de FNP. O grupo Tempo de Estiramento, também será subdividido em grupo 1 (15 segundos de estiramento para cada série de FNP) e grupo 2 (30 segundos de estiramento para cada série de FNP) ambos submetidos a 3 atendimentos / semana. O grupo Número de Atendimentos e Tempo de Estiramento serão submetidos a 5 e 6 atendimentos com um intervalo de 24 horas. Os voluntários serão instruídos sobre todos os procedimentos antes do atendimento, sendo posicionadas em uma maca em decúbito dorsal realizando flexão ativa da articulação coxofemoral com dorsiflexão até o seu limite, permanecendo por 10 segundos nesta posição. Em seguida o fisioterapeuta acoplará sua mão posteriormente ao tornozelo e a outra sobre a patela estabilizando a extensão de joelho. Através de comando verbal solicitará extensão de coxofemoral contra a sua mão acoplada no tornozelo por 10 segundos, logo após esta etapa será solicitado relaxamento da musculatura e fisioterapeuta passivamente realizará uma flexão de coxofemoral para estirar em tempos diferentes, de acordo com os grupos experimentais, os músculos isquiotibiais. Estas fases do FNP serão seriadas três vezes com intervalos de um minuto bilateralmente. Para analisar o comprimento dos segmentos do membro inferior será usada uma fita antropométrica para achar braço de força e braço de resistência, esta será dada por meio de caneleiras. A força (kg) será determinada através da equação f x bf = r x br e denominada como força F₁ (antes do FNP) e força F₂ (depois do FNP). O torque (T) será encontrado através da equação T = f + bf (HAMILL et al., 2008). Os dados serão expressos em média ± desvio padrão e para a análise de variância dos valores antes e após o atendimento com FNP será utilizado o teste t de Student com diferença significativa quando o valor de p<0,05. Resultados O grupo Número de Atendimentos com três dias de atendimento variando + tempo de estiramento mantido obteve melhor valor significativo do que em relação ao de dois atendimentos. Em relação ao grupo tempo de estiramento, o tempo de 15” não houve valor significativo, o que confirmam alguns dados da literatura. Discussão As técnicas de FNP confiam, principalmente, na estimulação dos proprioceptores para aumentar a demanda feita ao mecanismo neuromuscular, para obter e simplificar suas respostas. O tratamento através destas técnicas é muito compreensível e envolve a aplicação dos princípios de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva em todos os aspectos e em todas as fases de reabilitação (NOGUEIRA et al., 2009). Este método utiliza-se da influência recíproca entre o fuso muscular e o órgão tendinoso de Golgi, de um músculo entre si e com os do músculo antagonista obter maiores amplitudes de movimento. O método de FNP foi desenvolvido inicialmente pro Hermán Kabat, em 1952 com fins terapêuticos. A partir de 1967, Laurence Holtz desenvolveu um processo de flexionamento, baseado no método Kabat, para 148 aplicação em ginastas, nadadores e bailarinos (DELGADO et al., 2006). É uma excelente técnica para treino de força muscular, pois é baseada na aplicação de resistência para facilitar a contração muscular. É funcional para pacientes com lesões do neurônio motor superior acompanhadas de espasticidade, mas também pode ser utilizado para iniciar contração muscular em casos de lesão periférica e fraqueza muscular de qualquer etiologia (RODRIGUES et al., 2006). Estudos indicam que o ganho de flexibilidade pode ocorrer com diferentes intervalos entre as sessões, por exemplo, programas de alongamento diário, sete vezes por semana, cinco, três e até mesmo em programas com apenas duas sessões semanais. Imediatamente após uma sessão de alongamento ocorre aumento de flexibilidade, que parece ser perdido totalmente poucos minutos após o término de uma sessão. Por isso, o intervalo de tempo após o estímulo de alongamento parece ser um fator que age contra o ganho de flexibilidade. Por outro lado, foi observado que um ganho residual persiste 24 horas depois de uma manobra de alongamento; contudo, o ganho residual obtido em uma única sessão não é estatisticamente significativo (GAMA et al., 2009). -GAMA, Zenewton Influência da utilizando André da Silva freqüência de alongamento facilitação et al. neuromuscular proprioceptiva na flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Rev Bras Med Esporte. Vol. 13, n 1. Jan-Fev, 2007. -HAMILL, Joseph; KNUTZEN, Kathleen M. Bases biomecânicas do movimento humano. São Paulo. Editora Manole. 2008. -NOGUEIRA, Carlos José et al. Efeito agudo do alongamento submáximo e do método de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva sobre a força explosiva. HU Revista. Juiz de Fora, vol. 35, n. 1, p. 43-48, Jan-Mar. 2009. -DELGADO, Leonardo. Treinamento da flexibilidade. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo. Vol. 36, n.1, p.68-71. Out-Nov, 2006. -RODRIGUES, neuromuscular Tiago Caetano. proprioceptiva Facilitação na marcha atáxica em paciente com esclerose múltipla uma proposta fisioterapêutica. . Rev. bras. Referências -PEREIRA, Rafaela Araújo Lins et al. Estudos teórico-práticos da facilitação neuromuscular proprioceptiva como atividade de monitoria. Fisioterapia em Movimento. Curitiba. Vol.18, n.2, p. 53-61. Abr.-Jun. 2003. -CARNEIRO, Ricardo Luiz et al. Treinamento da fisioter. São Carlos. Vol.8, n.2. Jun-Jul. 2006. -GAMA, Zenewton André da Silva et al. Influência do intervalo de tempo entre as sessões de alongamento no ganho de flexibilidade dos isquiotibiais. Rev Bras Med Esporte. Vol. 15, n 2 . Mar-Abr, 2009. flexibilidade estática. Rev Bras Med Esporte. Vol. 8, n 1. Mar-Abr , 2003. -MORENO, Marlene Aparecida et al. O efeito das técnicas de facilitação neuromuscular proprioceptiva - método Kabat - nas pressões respiratórias máximas. Fisioterapia em Movimento, Curitiba. Vol.18, n.2, p. 53-61. AbrJun, 2005. -ADLER, Susan; BECKER, Dominiek; BUCK, Math. Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. 1° edição, São Paulo. Editora Manole. 1999. 149 A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA O RESGATE DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E NATURAL DE MARICÁ Bernadete Collares Barroso Bento¹, Hermes Ferreira da Silva Filho², Ana Maria Leal Almeida³ 1 USS/Maricá/Discente/Pedagogia, [email protected] USS/Maricá/Docente/Pedagogia, [email protected] ³USS/Maricá, [email protected] 2 Resumo- Trata-se de um projeto de pesquisa sobre a cidade de Maricá, realizada a partir de pressupostos históricos e antropológicos. Nesse sentido, volta-se para aspectos relacionados à Cultura, à Sociedade e à Economia, buscando integrar alunos e pesquisadores dos cursos de graduação da Universidade Severino Sombra/Maricá. A pesquisa proposta visa a coletar dados sobre Maricá, que possam servir de referência para estudos e pesquisas tanto no âmbito acadêmico, quanto nos sistemas de ensino fundamental e médio. O intuito deste trabalho é estabelecer uma relação entre a comunidade de Maricá com a Universidade Severino Sombra, organizando um acervo sobre os períodos e desenvolvimento do município, assim como um levantamento de todo o seu patrimônio cultural, material e imaterial. Tal empreendimento justifica-se em virtude dos restritos materiais empíricos disponíveis sobre a cidade. Palavras-chave: Maricá, História, Memória e Patrimônio. Área do Conhecimento: Ciências Humanas: Antropologia, Educação e História. Introdução O presente projeto tem como objetivo principal o resgate histórico e cultural da memória maricaense, permeando os significativos momentos políticos, econômicos e sociais da cidade desde a sua formação até os dias atuais, com a finalidade de articular as possibilidades de construção formal de conhecimento acadêmico com a memória e sabedoria popular. As origens de Maricá remontam ao período da colonização do Brasil e como diz Cezar Brum em Contando a História de Maricá, “no ano de 1627 os Beneditinos receberam uma faixa de terras que ficava junto à Barra da Lagoa. A partir de 1634 a propriedade começa a estender-se pelo atual Município de Maricá, formando um grande latifúndio, estendendo-se por mais de uma légua em Ponta Negra, no ano de 1635”. A importância de identificar o patrimônio de Maricá, perceber sua cultura e reconhecer sua identidade pode fazer toda a diferença para o futuro desta cidade que hoje se vê totalmente envolvida por especulação imobiliária e pela modernidade que é cada vez mais reivindicada por sua população. Com este trabalho, pretendemos compreender o processo histórico e cultural do povoamento de Maricá. Tal empreendimento justifica-se mediante as várias lacunas existentes com relação ao estudo da cidade, posto que as fontes existentes não primam pelo rigor acadêmico e, nem tampouco, foram produzidas com este intuito. Consideramos ainda a importância do projeto, na medida em que, pela integração das áreas de conhecimento, viabilizará um cruzamento entre as pesquisas historiográficas e antropológicas. Material e Métodos Os pressupostos metodológicos da nossa pesquisa integram as áreas de conhecimento histórico e antropológico. Nesse sentido, serão realizadas pesquisas documentais e históricas, etnografias (escrita das culturas), entrevistas, descrições densas (documentos de atuação), trabalhos de campo, oficinas entre outros. As oficinas vêm se constituindo como uma das principais metodologias de nossas ações. Nesse sentido, se apresentam como uma rica ferramenta para a circularidade de saberes entre a universidade e a educação básica, oportunizando outros saberes e conhecimentos que possam responder de forma efetiva aos desafios de uma educação patrimonial. Resultados Os resultados obtidos através dos encontros e oficinas que tem sido levados a efeito nas escolas da rede municipal, seja nas escolas públicas ou privadas, surpreendem o grupo seja pelos depoimentos ou mesmo pelas descobertas que vem sendo feitas, tais como: VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 153 Em cada encontro que se realiza temos como prática antes de mais nada, até mesmo a título de descontração, identificar os maricaenses natos. Surpreende-nos o fato de que ainda não houve um encontro, curso ou palestra onde os maricaenses fossem a maioria; Os professores, quando participam das oficinas, apropriam-se das idéias apresentadas e as incorporam em seus planejamentos; Geralmente saímos de alguns encontros com a indicação de pessoas da cidade sugeridas como fontes orais de informações sobre algum aspecto da história da cidade; Ao apresentarmos fotos de fazendas, monumentos, pontos de atração turística, etc., um número significativo de presentes revela total desconhecimento; A partir do momento em que os grupos entendem o objetivo do projeto passam a enviar mais informações para enriquecer nosso trabalho de pesquisa. Até mesmo porque o projeto está em desenvolvimento: ainda não estão mapeados metodologicamente os resultados finais. Tais resultados são fruto muito mais do processo, informações que vamos coletando e acumulando para reflexões e que, de certa forma, interferem e até redefinem o curso das nossas ações. Referências - BRUM, Cezar. Contando a História de Maricá. GBN Designer’s, 2004. - CUCHE, Renys. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: Edusc, 2002. - GARAEIS, Vitor Hugo.2000. Educação patrimonial,: práticas alternativas, memórias, identidades e representações. Revista de Letras e História. Nº11, janeiro/junho 2005. - GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC- Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, 1989. - TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar. São Paulo: Difel, 1983. Discussão Os conceitos de identidade e de patrimônio estão intimamente ligados, e com o advento da globalização eles precisam ser bem compreendidos para que possamos preservar o que vem sendo construído socialmente ao longo dos séculos, e que nos parece, corre risco de ser destruído. Podemos dizer que Maricá passa por uma crise de identidade, uma vez que seus novos moradores não conhecem sua história e nem sua cultura. Segundo Cuche (2002) “a identidade permite que o indivíduo se localize em um sistema social e seja localizado socialmente”. Uma proposta de se resgatar a história através dos bairros de nossa cidade remete à construção de cidadania através do sentimento de pertencimento ao local onde se vive, pois “aquele que nos dá o sentimento de pertencer e concretizar fornece raízes à nossa identidade” (Tuan, 1983). Interagindo com o presente é possível construir uma visão de futuro com o resgate da memória. “A preservação do patrimônio pressupõe um projeto de construção do presente e, por isso, revela-se essencial, na medida em que este patrimônio esteja vivo no presente...” (Garaeis, 2005). VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009 154 VIII ENIC - USS 2009 – TURISMO ACESSÍVEL: UMA FERRAMENTA DE INCLUSÃO Luciana Oliveira Henriques1, Marcio Roberto Palhares Nami2 1 Universidade Severino Sombra / , [email protected] 2 Universidade Severino Sombra/, [email protected] Resumo – Este artigo aborda a questão das pessoas que tem algum tipo de deficiência, e por causa de suas limitações e da falta de estrutura em pontos turísticos, hotéis, restaurantes, entre outros estabelecimentos ligados a área, acabam sendo excluídas da prática do turismo. Essas pessoas têm necessidades comuns a todo ser humano e através do turismo adaptado, elas podem desfrutar junto de suas famílias e amigos, de momentos de diversão e lazer, conhecendo novos lugares. A pessoa com deficiência é um cidadão com direitos e deveres e representa um potencial para o turismo. Este deve oferecer facilidades criando nos estabelecimentos a acessibilidade necessária a esta demanda. Para isso, é necessário um planejamento específico, onde o desenho universal é um dos elementos principais. Palavras-chave: Turismo, acessibilidade, inclusão Área do Conhecimento: Turismo, Administração, Administração de Setores Específicos Introdução Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, nas Normas Brasileiras - NBR, número 9050 (2004), acessível é o “espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida” Assim, acessibilidade é a “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos” (ABNT, 2004). Ao falar em acessibilidade no turismo, é necessário pensar na adequação de um ciclo de produtos e serviços, desde a oferta até o retorno do turista ao local de origem. Para receber bem esse turista, pontos de visitação turística, pousadas, hotéis, bancos, restaurantes, comércios, hospital, transporte, entre outros, deverão ser adaptados ou já serem construídos num desenho universal que é “aquele que visa atender à maior gama de variações possíveis das características antropométricas e sensoriais da população” (ABNT, 2004). “Por meio do desenho universal temos projetos e ambientes desenvolvidos de maneira que contemplem toda a diversidade humana” (SCHWARZ, HABER, p. 13, 2009). Segundo o Manual de Orientações Turismo e Acessibilidade do Ministério do Turismo (2006), o acesso de todos à experiência turística depende de condições ideais, sustentáveis e inclusivas de modo a permiti-lo. “É o caminho para uma sociedade que reconhece que somos todos diferentes, porém ao mesmo tempo, iguais em direito” (SCHWARZ, HABER, p. 13, 2009). Segundo o Plano Nacional de Turismo - PNT 2007/2010 - uma viagem de inclusão, “o turismo, hoje, já é o quinto principal produto na geração de divisas em moeda estrangeira para o Brasil, disputando a quarta posição com a exportação de automóveis”. Isso faz com que ele seja valorizado como atividade econômica capaz de gerar riquezas e promover a distribuição de renda. Essa inclusão proposta pode “ser alcançada por duas vias: a da produção, por meio da criação de novos postos de trabalho, ocupação e renda, e a do consumo, com a absorção de novos turistas no mercado interno.” (PNT 2007/2010) Material e Método O método utilizado foi pesquisas bibliográficas, documentais, além de questionários com atores ligados ao setor turístico e também a acessibilidade. Através de questionários abertos, foi analisado com a coordenadora de Acessibilidade da cidade da Prefeitura Municipal da Estância de Socorro/SP e com o secretário de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal da cidade de Vassouras/RJ, como a acessibilidade turística é abordada em cada cidade. Resultados “No Brasil, o turismo para pessoas com deficiência ainda está aquém do que podemos chamar de acessível para esse grupo da população” (SCHWARZ, HABER, 2009). De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, de 2000, aproximadamente, 24,6 milhões de pessoas, ou 14,5% da população total, apresentaram algum tipo de incapacidade ou deficiência. Por vários séculos, as pessoas com deficiência foram submetidas a exclusão social “Antigamente elas eram consideradas inválidas, sem utilidade para a sociedade e incapazes para trabalhar” SASSAKI (2005, p.30). 155 Segundo SASSAKI (p.70, 2005), foi por volta de 1950 que começaram a ser incluídas pessoas deficientes no mercado de trabalho competitivo. Ainda segundo SASSAKI (2005, p. 31), foi mais ou menos a partir do final da década de 60 que o movimento de integração social começou a inserir as pessoas com deficiência nos sistemas sociais gerais como a educação, o trabalho, a família e o lazer. Porém “teve maior impulso a partir da década de 80, com o surgimento da luta pelos direitos das pessoas com deficiência” (SASSAKI, p. 33, 2005). Hoje em dia, percebe-se que a acessibilidade passou a ter uma maior importância na sociedade. Com base nas pesquisas realizadas nas cidades de Vassouras/RJ e Socorro/SP, foi possível constatar que a primeira cidade percebe a importância do tema, porém ainda não começou a se adaptar e ainda não existem projetos públicos para essa adaptação. Já a cidade paulista, se tornou a primeira brasileira a ser adaptada para receber pessoas com algum tipo de deficiência. “A Estância Hidromineral de Socorro, em São Paulo, é destino referência no segmento. Desenvolvido em parceria com o Ministério do Turismo (MTur), o projeto Socorro Acessível está adequando acessos e atividades da cidade, bem como a rede hoteleira e os estabelecimentos comerciais” (Ministério do Turismo, 22/09/09). Discussão “Cabe, portanto, à sociedade eliminar todas as barreiras arquitetônicas, programáticas, metodológicas, instrumentais, comunicacionais e atitudinais para que as pessoas com necessidades especiais possam ter acesso aos serviços, lugares, informações e bens necessários ao seu desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional” (SASSAKI, p. 45, 2005) “A legislação brasileira que regulamenta os direitos das pessoas com deficiência é apontada como uma das mais avançadas do mundo” (SHWARZ, HABER, p.314, 2009) “A acessibilidade é hoje considerada um quesito a mais na qualidade que atende às necessidades de segurança e conforto das pessoas em geral” (Verônica Camisão em Turismo social: diálogos do turismo – uma viagem de inclusão, 2006). Já foi possível perceber que o tema acessibilidade é muito amplo e que há uma grande preocupação nos últimos anos em incluir pessoas com algum tipo de deficiência nas atividades comuns do dia a dia. A prática do turismo, como forma de lazer, para uns, ou como forma de reabilitação ou motivação para outros, são novos conceitos a serem analisados por gestores tanto públicos quanto privados. E todo esse processo de adaptação pode ser bem simples. A cidade de Vassouras/RJ no momento, não está adaptada nem para a população local poder transitar nas suas ruas. Barreiras arquitetônicas, buracos nas calçadas, além de degraus, fazem do dia a dia de pessoas com algum tipo de deficiência um transtorno. Também é preciso pensar em bares, restaurantes, hotéis, transporte público municipal e interurbano, para começar a se planejar um turismo acessível, já que a acessibilidade deve começar na origem do turista. Referências ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos: NBR 9050. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ALERJ - ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Acessibilidade para todos: Uma cartilha de orientação. Rio de Janeiro: Núcleo Pró Acesso, UFRJ/FAU/PROARQ, 2004. SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE DEFICIÊNCIA – SICORDE. Agenda social: direitos de cidadania pessoas com deficiência. Brasília: SICORDE, 2007. SCHWARZ, Andrea; HABER, Jaques. Guia Brasil para todos: Roteiro turístico e cultural para pessoas com deficiência. São Paulo: Áurea, 2009. IBGE : Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/ noticia_visualiza.php?id_noticia=438&id_pagina=1 > visitado em 09 de junho de 2009. SASSAKI, Romeu. Inclusão: Construindo uma Sociedade para Todos. 6.ed., Rio de Janeiro: WVA, 2005. SASSAKI, Romeu. Inclusão no Lazer e Turismo: Em Busca da Qualidade de Vida. São Paulo: Áurea, 2003. Jornal Hoje: Disponível em http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL112768216022,00TO+DE+FOLGA+TURISMO+E+AVENTURA+NA+ CIDADE+DE+SOCORRO.html visitado em 16 de maio de 2009. Ministério do Turismo: Disponível em <http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_ noticias/20090106.html> visitado em 28 de setembro de 2009. Ministério do Turismo: Disponível em <http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_ noticias/200708163.html> visitado em 28 de setembro de 2009. Ministério do Turismo: Disponível em <http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_ 156 noticias/200909225.html> visitado em 28 de setembro de 2009. ONG Aventura Especial: Disponível em <http://www.aventuraespecial.org.br/telas/aventura .htm> visitado em 28 de setembro de 2009. BRASIL. MINISTÉRIO DO TURISMO. Plano Nacional de Turismo: uma viagem de inclusão 2007/2010. Brasília: Ministério do Turismo, 2006. Prefeitura Municipal de Socorro/SP: Disponível em <http://www.estanciadesocorro.com.br/socorro_ac essivel/> visitado em dia 28 de setembro de 2009. MOLINA, Sérgio. Turismo: metodologia e planejamento. São Paulo: EDUSC, 2005. BRASIL. MINISTÉRIO DO TURISMO. 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Também estuda como o turismo de bases comunitários influencia na oferta da demanda turística e no crescimento do turismo nas regiões que se faz esse tipo de inserção. Palavras-chave: Turismo, São Jorge Área do Conhecimento: Turismo religioso, Patrimônio material e imaterial e turismo em bases comunitárias Introdução A Festa de São Jorge, realizada há 54 anos em Barão de Juparanã, distrito de Valença, movimenta cerca de 5.000 turistas/pessoas de diferentes lugares do Estado do Rio de Janeiro. As manifestações populares, sejam de cunho religioso ou não, possuem um caráter ideológico uma vez que comemorar é, conservar algo que ficou na memória coletiva (Paiva Moura, 2001). Para o turismo, como um sistema aberto (Beni, 1997), que se move pela oferta variada em determinados destinos, tais manifestações culturais podem formar parte de um produto, desde que sejam conectados de forma direta ou complementar aos serviços turísticos. O interesse de exploração turística de determinada manifestação cultural se deve a fatores como o potencial, a originalidade do evento e de uma divulgação consistente da mesma através da imagem que se queira projetar. No caso das festas religiosas a sua concepção está centrada nos devotos e nos grupos de atores sociais que permeiam o universo sacro e ao mesmo tempo profano de tais manifestações. Material e Método O método utilizado foi pesquisas bibliográficas, documentais, além de questionários com atores sociais ligados a manifestações culturais e religiosas Através de entrevistas com com o representante da igreja e a população envolvida nas festividades, foi analisado como a população está inserida na festa de São Jorge e como a atividade turística contribui para as melhorias do município. Resultados De acordo com Ballart (1997), “o patrimônio não é só o legado que é herdado, mas o legado que, através de uma seleção consciente, um grupo significativo da população deseja legar ao futuro.” Dessa forma pode-se identificar uma escolha cultural subjacente à vontade de legar o patrimônio cultural a gerações futuras. Daí a noção de que “o patrimônio surge quando um indivíduo ou um grupo de indivíduos identifica como seus um objeto ou um conjunto de objetos” (BALLART, 1997: 17). As festas populares expressão as formas identitárias de grupos locais, onde o motivo de encontro, de fé ou simplesmente de celebrar atrai e identifica a devotos e indivíduos de mesma identidade. Neste caso, o turismo pode causara estranhamento nos locais, uma vez que não seja negociada a participação e pior ainda se não forem negociados os papéis de cade grupo envolvido. Desta forma é importante entender que para o Turismo ser uma atividade bem sucedida, ela precisa estar estritamente ligada a comunidade, onde a população participa das tomadas de decisões, fazendo uma gestão compartilhada. Se não for assim o turismo agrega fatores negativos o que vem a prejudicar toda uma comunidade. Discussão Para que a Festa de São Jorge seja considerada como um produto turístico é preciso analisar. Quais as contribuições da festa para a atividade turística? O evento é capaz de atrair outros segmentos além dos devotos? A festa contribui para melhorar as condições de vida da população? Referências MURTA, Stela e GOODEY, Brian. A interpretação do patrimônio para o turismo sustentável: um guia. Belo Horizonte: Sebrae/MG, 1995. BALLART, Josep. El Patrimonio Histórico y Arqueológico: Valor y Uso. Barcelona, 1997. 158 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO; ETC. El Turismo Urbano y la Cultura: la experiencia europea. Madrid: OMT, 2005. MARCONI, Maria de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. FUNARI, Pedro Paulo e PINSKY, Jaime (Orgs.). Turismo e patrimônio cultural. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2003. SILVA JR, José Luiz M. da. Turismo e Patrimônio Cultural no Município de Vassouras-RJ: Um caso de amor e ódio. Vassouras, 2008 GOLDNER, C. R. et alli. Turismo, princípios, práticas e filosofias. 8ª. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. GANDARA, J.M.G.G.; CAMPOS, C. J.; CAMARGO, L. A. R.; BRUNELLI, L.H. Viabilizando a Relação entre Cultura e Turismo: diretrizes para o estabelecimento de políticas públicas entre os dois setores. Anais do VIII Encontro Nacional de Turismo com Base Local (cd-rom). Curitiba: 3 a 6 de novembro de 2004. 159