Resumos Cintigrafia da Tiroideia - A Chave para o Diagnóstico Diana Borges Ferreira; Marisa Botelho Cruz; Vanessa Veloso Jerónimo; Teresa Martins Lúcio Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Beatriz Ângelo A Glândula tiroideia está situada na região cervical, anteriormente à traqueia, e é constituída por 2 lobos unidos por um istmo. É responsável pela produção de tiroxina (T4), triiodotironina (T3) e calcitonina. Na Medicinal Nuclear Convencional a Cintigrafia da Tiroideia permite uma avaliação morfofuncional desta glândula, sendo um procedimento chave para a diferenciação de várias patologias da mesma, em especial no contexto clínico de hipertiroidismo, permitindo diferenciar situações clínicas como tiroidite, bócio multinodular tóxico ou doença de Graves. Apresentam-se, assim, dois casos clínicos, o primeiro diz respeito a uma paciente do sexo feminino, de 39 anos, com hipertiroidismo subclínico ( valores de T4 de 12.6 e T3 de 4.9) e ecografia cervical com vários quistos colóides dispersos por todo o parênquima tiroideu, pelo que foi colocada a hipótese diagnóstica de Bócio Mulinodular Tóxico. Realizou-se uma Cintigrafia da Tiroideia,com administração endovenosa de 185 MBq de Pertecnetato de Sódio e aquisição 20 minutos depois de imagem estática em incidência anterior da região cervico-mediastinica, com a paciente em decúbito dorsal. Observou-se um bócio com hiperfunção difusa e heterogeneidade muito discreta, sem o padrão característico de bócio multinodular tóxico. No segundo caso apresenta-se uma paciente do sexo feminino, 37 anos, em eutiroidismo, com TSH frenado, e com ecografia cervical com volumosa lesão do terço médio do lobo direito, cuja punção aspirativa foi inconclusiva. Com a hipótese diagnóstica de nódulo quente do lobo direito da tiroideia, realizou-se Cintigrafia da Tiroideia. Foram adquiridas duas imagens em incidência anterior da região cervico-mediastinica, uma destas com Marcação da Fúrcula Esternal, ambas com a paciente em decúbito dorsal. Observou-se glândula tiroideia com evidente assimetria, por aumento do lobo direito. Na porção externa do terço médio do lobo direito verificou-se hipocaptação, compatível com nódulo frio, correspondente ao nódulo conhecido. A restante captação estava difusamente aumentada, sendo o padrão sugestivo de hiperfunção global ( Doença de Graves?), com nódulo frio coexistente no lobo direito. Deste modo é visivel a importância deste procedimento de Medicina Nuclear como elemento chave no diagnóstico diferencial das patologias da tiroideia, através da sua capacidade de caracterização funcional, permitindo esclarecer a situação clínica e, muitas vezes, contrariar o diagnóstico inicial mais óbvio. CASOS CLÍNICOS CC1 Heterogeneidade Biológica, Presente numa Massa Metastática Secundária a Carcinoma Folicular da Tiróide, Documentada por Técnicas de Medicina Nuclear. A Propósito de um Caso Clínico. Luís Pereira Pires; G. Costa; J. Isidoro, P. Gil; A. Albuquerque; J. Pedroso de Lima Serviço de Medicina Nuclear do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Introdução: Ao identificar, numa imagem, as vias metabólicas predominantes numa determinada lesão tumoral, a Medicina Nuclear possibilita a avaliação in vivo de características biológicas dos tumores. No caso do carcinoma diferenciado da tiróide (CDT), a heterogeneidade metabólica das metástases pode comprometer a resposta à terapêutica com 131I e condicionar a habitual sobrevida longa, de que a grande maioria destes doentes beneficia. Apesar das metástases ósseas reduzirem significativamente a sobrevida dos doentes com CDT, verifica-se uma grande variação inter-individual deste parâmetro, fruto das especificidades de cada metástase. Com este caso clínico, pretende-se realçar o papel único da Medicina Nuclear na avaliação prognóstica e o seu impacto na decisão terapêutica, a propósito de uma doente com uma volumosa metástase óssea, secundária a carcinoma folicular. Descrição do caso clínico: Doente de 55 anos, sexo feminino, com quadro de dor lombosagrada intensa. A CT (10/10/2012) revelou lesão osteolítica sagrada esquerda de 7.5cm. A biopsia foi compatível com metástase de adenocarcinoma moderadamente diferenciado, cujo imunofenótipo favorecia origem primitiva na tiróide. Dada a moderada diferenciação da metástase, realizou 18F-FDG-PET/CT (05/11/2012) que revelou aumento do metabolismo glicolítico na massa sagrada e foco de hiperfixação no lobo direito da tiróide. A PAAF (22/01/2013) de nódulo de 16mm do lobo direito da tiróide, sugeriu tumor folicular. Foi submetida a tiroidectomia total a 12/02/2013. A anatomia-patológica mostrou carcinoma folicular minimamente invasivo com 17mm (T1bNxM1). Terapêutica com 3515MBq de 131I, sob estimulação endógena da TSH, a 11/06/2013 (TSH 47uUI/mL, Tg 6582ng/mL e anticorpos anti-Tg <20). A cintigrafia pós-terapêutica mostrou duas áreas de fixação de 131 I a nível pélvico. O 131I-SPECT/CT, com posterior fusão de imagem com a 18F-FDGPET/CT realizada em Novembro/2012, permitiu identificar a volumosa metástase óssea (75mm) centrada na asa esquerda do sacro, funcionalmente heterogénea, que apresentava captação de I131 apenas nos pólos superior e inferior (áreas mais bem diferenciadas). Na restante massa, que exibia intenso aumento do metabolismo glucolitico, verificava-se captação muito diminuída do 131I, sugerindo perda de diferenciação tumoral a este nível. A lesão foi considerada inoperável e a doente foi referenciada para radioterapia externa. Actualmente, verifica-se franca progressão da doença, com agravamento clínico, aumento da tiroglobulina (13999ng/mL) e das dimensões da lesão. Conclusão: Este caso clínico sublinha a capacidade de avaliação prognostica, em tempo real e de forma não invasiva, da Medicina Nuclear em relação ao CDT, através da utilização de técnicas combinadas. O mapeamento metabólico desta massa metastática, expresso numa única imagem que resulta da combinação de três técnicas diferentes (tri-fusão da CT com 131I-SPECT e 18F-FDG-PET), evidência a heterogeneidade metabólica intra-lesionar e contribuiu para que, mais precocemente, se definisse a melhor estratégia terapêutica. CASOS CLÍNICOS CC2 Contributo da 18F-FDG-PET na Avaliação de Carcinoma Anaplásico e Carcinoma Pouco Diferenciado da Tiroideia com Áreas Bem Diferenciadas: 2 Casos Clínicos Sofia Vaz, Ângelo Silva; Teresa C. Ferreira; Rita Sousa; Pedro Ratão; Ana Daniel; Lucília Salgado Serviço de Medicina Nuclear do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE Introdução: O carcinoma anaplásico e o carcinoma pouco diferenciado são raros, têm comportamento agressivo e prognóstico reservado. A raridade destes carcinomas dificulta a existência de procedimentos diagnósticos, terapêuticos e de seguimento uniformes. A PET pode ser útil no estadiamento, na avaliação de resposta terapêutica, bem como, na compreensão dos casos clínicos com elevação de tiroglobulina (Tg). Vários estudos têm demonstrado que os doentes com lesões fixantes na 18F-FDG-PET apresentam doença com comportamento mais agressivo. Descrição de dois casos clínicos: Doente A: sexo feminino, 38 anos, com carcinoma anaplásico da tiroideia com áreas de carcinoma papilar, variante de células claras, 7 cm de maior eixo, atingimento da margem cirúrgica e com metastização ganglionar (pT4N1bMxR1). Após a cirurgia realizou radioterapia e quimioterapia, com resposta imagiológica parcial. Observou-se elevação progressiva dos valores de Tg (passou de 0,5 para 8,9ng/ml em 11 meses), pelo que realizou PET. Este exame identificou metástases (M1) pulmonares bilaterais - SUV=8,36 e 4,19. Iniciou Sunitinib, com resposta parcial bioquímica e imagiológica. Por manter Tg elevada (Tg=7,9ng/ml, TSH=0,2 µUi/mL e AATg negativos), realizou terapêutica com 131I. O valor da Tg estimulada foi 9,4ng/mL. Na cintigrafia corporal após terapêutica esboçava-se fixação no resíduo tiroideu e no pulmão direito. Na última avaliação (cerca de 3 meses após 131 I), a doente apresentava progressão da doença, verificando-se aumento das adenopatias e das M1 pleuro-parenquimatosas na TC. Doente B: sexo masculino, 58 anos, com carcinoma pouco diferenciado da tiróide com áreas de carcinoma folicular, atingimento da cápsula da tiróide, angioinvasão e M1 ósseas na grelha costal e coluna vertebral detectadas por TC e cintigrafia óssea (pT3NxpM1). No estadiamento realizou PET que identificou M1 ósseas na grelha costal - SUV=2,0 e, adicionalmente, no ilíaco - SUV=4,43. Como apresentava valores elevados de Tg (Tg=25,4 ng/ml, TSH=2,16 e AATg negativos) fez terapêutica com 131I. O valor de Tg estimulada foi 826ng/ml. A cintigrafia corporal revelou captação no resíduo tiroideu e apenas nalgumas das lesões ósseas identificadas por PET. Posteriormente, efectou radioterapia a algumas M1 ósseas. Na última avaliação (cerca de 4 meses após 131I), documentou-se doença em progressão, com recidiva tumoral local na ecografia. Discussão: A 18F-FDG-PET deve ser realizada na abordagem inicial do doente, pois fornece informação importante para o estadiamento e, consequentemente, para a decisão terapêutica. Este exame mostrou-se útil no correcto estadiamento de ambos os doentes apresentados, identificando lesões novas e evidenciando a agressividade da doença. Apesar das terapêuticas instituídas, ambos os doentes apresentam progressão de doença, o que evidencia a agressividade dos casos com hipercaptação de 18F-FDG. CASOS CLÍNICOS CC3 Incidentaloma da Tiróide na 18F-FDG PET/CT – a Propósito de um Caso Clínico L. C. Sobral Violante1, J. Couto2, R. Martins2, I. Lucena Sampaio1, J. P. Teixeira1, L. Costa1, F.Lopes1, O. Soares1, H. Duarte1 1 Serviço de Medicina Nuclear do IPO Porto FG, E.P.E. 2 Serviço de Endocrinologia do IPO Porto FG, E.P.E. Introdução: Nas últimas décadas verificou-se um substancial aumento da aplicação da 18 F-FDG PET/CT no estadiamento e seguimento de patologias oncológicas. O seu uso relaciona-se, frequentemente, com a detecção incidental de lesões previamente desconhecidas, nomeadamente na glândula tiróide. O caso clínico demonstra a importância da valorização de um achado incidental em PET como ponto de partida para a investigação de patologia maligna da tiróide. Caso clínico: Doente do sexo feminino de 70 anos de idade, seguida na nossa Instituição desde 1994 por carcinoma do colo uterino estadio IIIB tratado com radioterapia. Durante o período de seguimento da doença e por suspeita de recidiva pélvica realizou uma 18 F-FDG PET/CT que detectou uma captação focal do radiofármaco no lobo direito da tiróide, de etiologia indeterminada. O estudo analítico revelou um hipertiroidismo clínico apresentando: TSH <0,005 uUI/mL (Nr 0,27-4,20); T4 livre 2,28 ng/dl (Nr 0,93-1,7); T3 livre 9,77 pg/mL (Nr 2,00-4,40) com anticorpos anti-tiroglobulina negativos. A cintigrafia da tiroideia com 99mTc evidenciou dois nódulos hipercaptantes no lobo esquerdo da tiróide e outro hipocaptante na vertente lateral do lobo direito e frenação funcional parcial da hemitiróide direita. Foi medicada com antitiroideus (tiamazol 20mg/ dia) e propanolol 30mg/dia. Neste contexto, realizou ecografia da tiróide que identificou no lobo esquerdo da glândula três nódulos de ecoestrutura mista, o maior com 46,3 mm e no lobo direito dois nódulos sólidos, o maior com 11 mm. A citologia aspirativa de nódulo do lobo direito mostrou um carcinoma papilar. A doente foi submetida a tiroidectomia total e a análise histológica da peça cirúrgica revelou tratar-se de um carcinoma papilar estadio T3N0M0. Realizou terapêutica ablativa com 131Iodo com uma actividade de 3700 MBq (100 mCi) e na cintigrafia de 8º dia observavam-se focos de fixação de 131Iodo a nível cervical, em relação com tecido tiroideu residual e ausência de outros focos sugestivos de metástases funcionantes. Analiticamente apresentava TSH = 92,67 uUI/mL; Tg = 2,96 ng/mL; Anti-Tg <10,00 U/mL. Após 6 meses da terapêutica, a cintigrafia reitera a ausência de focos de fixação do 131Iodo com tiroglobulina estimulada indoseável (<0,20 ng/dl) e anticorpos anti-tiroglobulina negativos. A paciente encontra-se medicada com levotiroxina (0,112 mg) e sem evidência de recidiva de patologia tiroideia neoplásica. Conclusão: Este caso clínico demonstra a importância da valorização dos achados incidentais da tiróide na 18F-FDG PET/CT e ilustra o contributo de diversas técnicas em Medicina Nuclear com o intuito de auxiliar a detecção precoce e diagnóstico diferencial no âmbito da Endocrinologia. CASOS CLÍNICOS CC4 Hiperparatiroidismo Ectópico - Um Caso Clínico Ricardo Teixeira1; Maria Teresa Pereira2; André Couto de Carvalho2; Susana Garrido2; Ana Rita Caldas2; António Canha3; Vítor Valente3; Moreira da Costa3; Fátima Borges2 1 Serviço de Medicina Nuclear do Hospital de Santo António 2 Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Hospital de Santo António 3 Serviço de Cirurgia 2 do Hospital de Santo António Introdução: O hiperparatiroidismo primário (HPP) é causa frequente de hipercalcémia e a remoção cirúrgica do tecido paratiroideu patológico é curativa na maioria das vezes. A cirurgia radioguiada após cintigrafia de pesquisa de tecido paratiroideu é um importante auxílio. Contudo, por vezes, a localização do tecido paratiroideu anómalo não é simples. Caso clínico: Homem de 56 anos com síndrome depressivo recorrente, referenciado à consulta de Endocrinologia por hipercalcemia PTH-dependente detectada em estudo analítico de rotina cerca de um ano e meio antes. Submetido, previamente, a hemitiroidectomia esquerda por citologia de nódulo tiroideu suspeita (tumor folicular) e exploração das paratiróides (PT) com resultante paratiroidectomia superior esquerda. A histologia da PT era “normal”. Pós-operatório com persistência analítica da doença e função tiroideia normal. Realizou uma primeira cintigrafia com Tc-99m-Sestamibi com imagem sugestiva de adenoma da PT inferior direita, pelo que foi submetido a re-exploração cervical bilateral com totalização de tiroidectomia sem redução do valor de PTH intra-operatório. Manteve doseamentos de PTH e CTCA elevados. Repetiu cintigrafia das PT, que sugeriu a existência de PT remanescente na loca da hemitiroide esquerda (“discreto foco de captação do radiofármaco na região cervical anterior, à esquerda da linha média, acima da articulação esterno-clavicular esquerda, que se mantém no decorrer do estudo e que poderá corresponder a tecido paratiroideu anómalo”). Esta suspeita foi confirmada com a realização de RMN, pelo que o doente foi submetido a nova exploração cervical. Durante este procedimento foi identificada PT no sulco traqueo-esofágico, posterior à artéria carótida comum, tendo efetuado a respetiva paratiroidectomia com implantação de fragmento no músculo esternocleidomastoideu homolateral. A histologia confirmou tratar-se de hiperplasia nodular da paratiróide. Atualmente apresenta doseamentos de CTCA e PTH normalizados, sem suplementação com cálcio/vitamina D. Discussão: Durante as cintigrafias para pesquisa de tecido paratiroideu funcionante, devemos estar atentos a possíveis localizações ectópicas. Em situações de alterações morfológicas da tiróide (hemitiroidectomias prévias, presença de formações nodulares tiroideias) essa atenção é ainda mais essencial, pois a captação ectópica, por ser pouco intensa, pode passar despercebida. É essencial a colaboração com os serviços de Endocrionologia. Doentes com hipercalcémia persistente após uma abordagem cirúrgica inicial insatisfatória devem ser criteriosamente re-avaliados antes de ser considerada uma re-exploração cirúrgica, até porque a possibilidade de hipoparatiroidismo iatrogénico torna-se, nestes casos, um grande desafio terapêutico. CASOS CLÍNICOS CC5 Cintigrafia das Paratiróides ou Cintigrafia Óssea? Diana Borges Ferreira; Marisa Botelho Cruz; Vanessa Veloso Jerónimo; Teresa Martins Lúcio Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Beatriz Ângelo A Paratormona (PTH), hormona secretada pelas glândulas paratiróides, está relacionada com o mecanismo de homeostase do cálcio, fósforo e Vitamina D. O aumento dos níveis desta hormona (hiperparatiroidismo) poderá, assim, ter repercussões no metabolismo ósseo. A Cintigrafia das Paratiróides é um procedimento de Medicina Nuclear de grande utilidade na caracterização e localização pré-operatória de tecido paratiroideu hiperfuncionante, em doentes com hiperparatiroidismo primário. Pretende-se com este poster ilustrar a capacidade de caracterização funcional multiorgânica da Medicina Nuclear, utilizando apenas um radiofármaco, o 99mTc-Sestamibi, no âmbito do estudo de um paciente com hiperparatiroidismo. Apresenta-se o caso clínico de um paciente do sexo masculino, de 38 anos, com hiperparatiroidismo de há longa data (PTH 1953.0 pg/ml ,normal 11.0 - 67.0 pg/ml) e queixas de dores osteo-musculares difusas. A Ecografia da tiróide e a Tomografia Computorizada revelaram lesão heterogénea, com 66x31 mm, na região superior e externa do lobo esquerdo tiroideu, de origem duvidosa (tiróide versus paratiróide). A biópsia aspirativa não foi conclusiva. Realizou-se uma Cintigrafia das Paratiróides em duas fases onde foi administrada endovenosamente uma dose de 727MBq de 99mTc-Sestamibi e realizadas imagens estáticas, em projeção anterior da região cervical e cervico-mediastinica aos 10 e 120 minutos, seguidas de uma Tomografia Computorizada com Emissão de Fotão Único centrada na região cervical. No dia seguinte realizou-se uma Cintigrafia da Tiróide administrando-se endovenosamente 190MBq de 99mTcO4- e 20 min depois realizou-se uma imagem em projeção anterior da Glândula Tiroideia. Posteriormente as imagens foram analisadas qualitativamente. Observou-se hipercaptação persistente do 99mTc-Sestamibi na lesão cervical esquerda, que não captava 99mTcO4, pelo que foi sugestiva de corresponder a tecido paratiroideu hiperfuncionante. Observou-se ainda captação difusa e generalizada nos segmentos ósseos visualizados (maxilares inferiores, coluna cervical, clavículas, esterno, grelha costal, omoplatas). Neste contexto, esta captação é atribuível a quadro de alteração do metabolismo ósseo secundário devido ao aumento muito acentuado de hormona paratiroideia sérica. O paciente foi submetido a tiroidectomia total com paratiroidectomia esquerda, tendo a avaliação histológica da peça operatória revelado carcinoma da paratiroideia (pT3), entidade rara que, habitualmente, cursa com valores mais altos de PTH do que a patologia benigna das paratiróides. A Cintigrafia das Paratiróides foi importante na caracterização funcional da massa cervical e permitiu adicionalmente documentar uma alteração grave do metabolismo ósseo. CASOS CLÍNICOS CC6 Dosimetria da Medula Óssea em Doentes Sujeitos a Terapêutica Complementar com 131I após Tiroidectomia Total por Carcinoma da Tiróide de Origem Folicular: Utilização de Método com Colheita Única de Sangue J. Neto1; C. Barros1,2, S. Oliveira1, E. Rovira1, C. Baeta1, S. Almeida1, V. Folgado1, S. Querido1, M. J. Silva1 1 Medicina Nuclear, 2 Física Médica; IPOCFG, EPE, Coimbra Objectivos: A terapêutica complementar com 131I em doentes sujeitos a tiroidectomia total por carcinoma da tiróide de origem folicular (CDTOF) é um tratamento que tem sido utilizado num elevado número de doentes com eficácia comprovada na eliminação ou controlo de doença residual ou secundária e na prevenção de recidiva. O tratamento deve ser ajustado ao grau de risco do doente e quase sempre se utilizam actividades fixas de 131I. A dosimetria da medula óssea é mais frequentemente realizada quando se pretendem administrar actividades elevadas, habitualmente superiores a 7,4-11,1 GBq (200-300mCi), evitando ultrapassar uma dose de radiação para a medula óssea superior a 2 Gy. É uma metodologia complexa, morosa e que implica tempo, recursos e rigor, e conduz a um resultado que é uma estimativa. Utilizando os estudos de dosimetria da medula óssea em doentes tratados com 131I procurámos encontrar um método mais simples para utilização na rotina. Material e Métodos: Efectuou-se dosimetria da medula óssea de acordo com os princípios MIRD utilizando o software OLINDA em 85 doentes, 66 do sexo feminino e 19 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 24 e os 86 anos (idade média 54.4 ± 15.9 anos), submetidos a terapêutica com 131I após tiroidectomia total por CDTOF para ablação de tiróide residual em (97.6 % dos doentes), ou para tratamento de doença metastática (2.4% dos doentes). A actividade média administrada de 131I foi de 3,5 GBq (94,6 mCi), com actividades compreendidas entre 1,8-7,3 GBq (49,4-196,4 mCi Efetuaram-se colheitas múltiplas de sangue e medições do débito de dose a 1 e a 2 metros de distância do doente, em projeções anterior e posterior, às 2, 6, 24, 48 e 168 horas e varrimento de corpo inteiro em câmara gama às 48 e 168 horas após a administração do radiofármaco. Resultados: Para as actividades administradas, obteve-se uma dose média para a medula óssea de 0,45 Gy (0,15-1,08Gy). Verificou-se a existência de uma elevada correlação entre a actividade retida no sangue dos doentes às 24 horas e a dose de radiação média para medula.(R2 = 0,88; r = 0,94). Conclusão: Neste grupo de doentes, na maioria sujeitos a terapêutica ablativa com 131I, com uma actividade média inferior a 3,7GBq (100mCi) encontrou-se uma elevada correlação a entre a actividade retida no sangue dos doentes às 24 horas e a dose de radiação média para a medula óssea. COMUNICAÇÃO ORAL CO1 Cintigrafias com 99mTc e 131I após Tiroidectomia Total por Carcinoma Diferenciado da Tiróide de Origem Folicular J. Neto1; S. Oliveira1; E. Rovira1; C. Barros1,2; S. Almeida1; V. Folgado1; F. Rodrigues3; T. Martins2; T. Azevedo3; J. Santos3; C. Cruz4; A. Neves4; P. Gilde4 1 Medicina Nuclear, 2 Física Médica, 3 Endocrinologia, 4 Cirurgia; IPOCFG, EPE, Coimbra Objectivos: A realização de cintigrafia com 131I, após tiroidectomia total por carcinoma diferenciado da tiróide de origem folicular (CDTOF), tem como principais objectivos a detecção e quantificação do radiofármaco em tecido tiroideu residual procurando identificar doentes que necessitam de ser reoperados. Em estudo prévio efectuado em 58 doentes, confirmámos a existência de uma elevada correlação entre a intensidade de captação de 131I obtida às 5 e 24 horas em tiróide residual (R2 = 0,933; r = 0,97). Pretende-se comparar a imagem cintigráfica e a captação cervical de 99mTc e de 131I às 5 horas em doentes sujeitos a tiroidectomia total por CDTOF com indicação para terapêutica ablativa com 131I procurando avaliar a utilidade da utilização de 99mTc com esta finalidade. Material e Métodos: Análise retrospectiva de cintigrafias realizadas durante os anos de 2010 a 2013 em 86 doentes: 69 mulheres e 17 homens com idades entre os 21 e os 84 anos e idade média de 52,8 ± 15,2 anos). Após suspensão de opoterapia determinámos a fixação cervical de 99mTc 20 minutos após administração i.v de 148 MBq (4 mCi) do radiofármaco e em seguida obtivemos imagens cintigráficas e calculámos a fixação cervical de 131I às 5 horas após administração oral de 7,4 MBq (200 µCi) do radiofármaco. Utilizámos câmara gama Siemens E-Cam DCR Dual Head equipada com colimadores de baixa energia e alta resolução para o 99mTc e de alta energia para o 131I. Adquirimos imagens das actividades a administrar e da região cervical do doente em projecção anterior a 30cm do colimador Resultados e Discussão: Em 22 doentes não houve captação de 131I e 99mTc. A captação cervical de 131I variou entre 0 e 20% às 5 horas, com valor médio de 1,8 ± 3,5%. Em 36 doentes não houve captação de 99mTc. A captação cervical de 99mTc variou entre 0 e 10,8 %, com valor médio de 0,52 ± 1,4% verificando-se uma boa correlação entre a captação dos dois radiofármacos (R2 = 0,792, r = 0,89). Nenhum dos doentes com captação cervical de 99mTc inferior a 0,71% apresentou captação de 131I superior a 3,4%. Conclusão: Encontrou-se uma boa correlação entre a captação cervical de 99mTc e 131I às 5 horas em doentes sujeitos a tiroidectomia total por CDTOF. A cintigrafia cervical com 99mTc revelou-se útil na identificação de doentes com indicação para cirurgia por tecido tiroideu residual volumoso e pode substituir o 131I em grande parte das situações clínicas. COMUNICAÇÃO ORAL CO2 Importância do 131Iodo em Doentes com Carcinoma Diferenciado da Tiroideia Metastizado: Estadiamento e Resposta à Terapêutica Sofia Vaz; Rita Sousa; Ângelo Silva; Pedro Ratão; Teresa C. Ferreira; Ana Daniel; Lucília Salgado Serviço de Medicina Nuclear do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE Objectivos: Verificar a incidência de metástases pulmonares e/ou ósseas (M1) nos doentes com carcinoma diferenciado da tiroideia (CDT), quais os factores de risco associados às M1, valor da cintigrafia corporal (CC) no estadiamento e utilidade da terapêutica com 131 Iodo (131I). Material e métodos: Análise retrospectiva dos 1255 doentes (dts) com CDT que realizaram terapêutica com 131I entre 2006 e 2009. Identificaram-se 15 dts com captação anómala de radiofármaco em topografia pulmonar e/ou óssea na CC, dos quais 10 do sexo feminino. A idade média do grupo estudado foi 58 anos (25-78). O tempo médio de seguimento foi 4 anos (1,6 – 7,3). Resultados: A incidência de M1 foi 1,2%. Histologicamente, 9 dts tinham carcinoma papilar, 3 carcinoma folicular e 3 carcinoma pouco diferenciado. A maioria possuía subtipos histológicos agressivos. Em 14 dts (93,3%) existia pelo menos um factor de agressividade adicional: angioinvasão (10/15, 66,7%), extensão extra-tiroideia (8/15, 53,3%), multifocalidade (7/15, 46,7%), metastização ganglionar (6/15, 40%) ou margem cirúrgica positiva (3/15, 20%). O tamanho médio do tumor foi 3,8cm (1,9-9). Sete dts tinham M1 conhecidas na altura do diagnóstico (46,7%). Analiticamente, os valores médios foram os seguintes: tiroglobulina (Tg) estimulada - 15415,7ng/mL (44,9-125000); TSH estimulada - 57,7µUi/mL (4,23-100). Os anti-corpos anti-tiroglobulina (AATg) foram negativos em todos os doentes. Nos doentes sem M1 conhecidas (n=8) a CC foi o primeiro exame a detectar as lesões: 4 dts tinham lesões ósseas, 3 tinham pulmonares e 1 tinha ósseas e pulmonares. Estas lesões foram confirmadas noutros exames de imagem. Observou-se captação de 131I nas lesões metastáticas em todos os dts com M1 conhecidas antes da terapêutica. A terapêutica foi repetida uma a sete vezes (mediana=3). A actividade média administrada foi 22729MBq (614,3mCi), variando entre 5920 - 45066MBq. Relativamente à resposta cintigráfica verificou-se: 33,3% de remissão completa (5/15), 26,7% de remissão parcial (4/15), 20% de estabilidade (3/15) e 20% de progressão de doença (3/15). Em 55,6% (5/9) a captação nas lesões desapareceu ou diminuiu após a terceira terapêutica. A mortalidade foi 40% (6/15). Analiticamente, verificou-se que, sob terapêutica supressiva, 2 dts possuiam Tg indoseável e os restantes apresentavam Tg doseável (2,9-300000ng/mL). Conclusão: No nosso estudo a incidência de M1 pulmonares/ósseas foi muito baixa (1,2%). Alguns factores de agressividade histológica, nomeadamente angioinvasão e extensão extra-tiroideia, parecem estar associados à existência de M1. A cintigrafia corporal após terapêutica com 131I mostrou-se útil no correcto estadiamento da doença em todos os dts sem M1 conhecidas previamente. Foi, também, importante na avaliação do tratamento, permitindo documentar resposta favorável em 80% dos dts. COMUNICAÇÃO ORAL CO3 Prevalência e Risco de Malignidade dos Incidentalomas da Tiróide Identificados por Tomografia de Emissão de Positrões com 18 F-fluorodesoxiglucose Henrique Vara Luiz1; Tiago Nunes da Silva1; Isabel Manita1; Susana Carmona2; Ana Isabel Santos2; Jorge Portugal1 1 Serviço de Endocrinologia e Diabetes do Hospital Garcia de Orta, E.P.E. 2 Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Garcia de Orta, E.P.E. Introdução: A crescente utilização da tomografia de emissão de positrões com 18F-fluorodesoxiglucose (18F-FDG PET) tem contribuído para a identificação de incidentalomas da tiróide. Os casos de captação focal na glândula tiroideia apresentam-se como malignos em 25-50%, destacando-se o carcinoma papilar como o tipo histológico mais frequente. Embora não consensual, alguns estudos defendem uma associação entre o valor padronizado de captação máximo (SUVmax) e o risco de malignidade. Objetivos: Calcular a prevalência de lesões focais da tiróide identificadas por 18F-FDG PET e avaliar a percentagem de resultados malignos. Estudar relação entre o SUVmax e o risco de malignidade. Material e métodos: Estudo retrospectivo com consulta dos relatórios das 18F-FDG PET de corpo inteiro, requisitadas pela instituição dos autores, entre Junho de 2008 e Dezembro de 2013. Foram excluídos doentes com patologia tiroideia conhecida. Análise dos processos clínicos dos casos diagnosticados como incidentaloma da tiróide. O estudo estatístico foi efectuado em SPSS 20. Resultados: No referido período foram realizadas 1810 18F-FDG PET, correspondendo a 1384 doentes. Excluiram-se 20 indivíduos por apresentarem doença tiroideia prévia, incluindo-se no estudo 1364 doentes. Identificaram-se 56 casos de captação na glândula tiroideia, sendo difusa em 13 e focal em 43. A prevalência de lesões focais foi de 3.2%. Realizou-se citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) a 16 dos 43 doentes (37.2%), obtendo-se os seguintes resultados: não-diagnóstica em 5 (31.2%), benigna em 8 (50%), suspeita de carcinoma papilar em 1 (6.3%) e carcinoma papilar em 2 (12.5%). Os casos de carcinoma papilar e suspeito foram submetidos a tiroidectomia total com confirmação histológica de malignidade e classificados como baixo risco (1), risco intermédio (1) e alto risco (1) de recorrência. A mediana do SUVmax foi 5 nos casos benignos e 7.95 nos malignos (p = 0.38). Discussão: A prevalência de lesões focais da tiróide identificada neste estudo embora baixa não deve ser considerada desprezível. Obteve-se resultado maligno numa percentagem considerável de doentes (18.8%), provavelmente até subestimada pelo elevado número de citologias não-diagnósticas. Estes dados permitem-nos afirmar que os incidentalomas da tiróide diagnosticados por 18F-FDG PET apresentam elevado risco de malignidade, devendo ser submetidos a estudo citológico. Apenas 37.2% dos doentes realizaram CAAF, o que é explicado em alguns casos pelo mau prognóstico clínico em que se assume uma atitude mais conservadora mas em outros pela não valorização da captação tiroideia pelos profissionais de saúde. Não se obteve associação entre o SUVmax e o risco de malignidade, pelo que este parâmetro não deve ser considerado discriminatório entre lesões benignas e malignas. COMUNICAÇÃO ORAL CO4 Identificação de Paratiroideias Hiperfuncionantes em Doentes com Hiperparatiroidismo Primário por Cintigrafia de Dupla fase com 99mTc-sestamibi - Análise Retrospectiva Sousa R., Vaz S.; Ferreira T.C.; Silva A., Ratão P.; Daniel A.; Salgado L. Serviço de Medicina Nuclear do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE Objetivos: Avaliar o contributo da cintigrafia de dupla fase com 99mTc-sestamibi na localização de paratiroideias hiperfuncionantes em doentes com hiperparatiroidismo primário e estudar factores que possam influenciar a sua sensibilidade. Material e métodos: Estudaram-se retrospectivamente os 110 doentes que realizaram cintigrafia das paratiroideias no Serviço entre 2011 e 2013. Seleccionaram-se 28 doentes com hiperparatiroidismo primário que foram submetidos a paratiroidectomia no nosso Hospital, 19 do sexo feminino, 9 do sexo masculino, com idade média de 54,6 anos. Todos os doentes realizaram cintigrafia das paratiroideias, ecografia cervical e avaliação laboratorial pré-operatórias. Nove doentes realizaram, adicionalmente, RM ou TC. O exame cintigráfico consistiu na aquisição de imagens planares da região cervical e da região cervico-mediastínica, 15 minutos e 2 horas após administração e.v. de 740 MBq de 99mTc-sestamibi. Resultados: O exame anatomo-patológico da peça operatória revelou: 24 casos de adenomas únicos das paratiroideias, 1 caso de duplo adenoma, 2 casos de hiperplasia multiglandular e 1 caso sem alterações no tecido paratiroideu. Nos 27 doentes com confirmação histológica de doença das paratiroideias, a cintigrafia identificou correctamente a glândula hiperfuncionante em 21 doentes (75% de verdadeiros positivos), tendo sido negativa em 6 doentes (falsos negativos). A ecografia cervical identificou correctamente a glândula paratiroideia anormal em 17 casos (60,7%), tendo sido negativa em 10. Em 24 doentes, houve localização do tecido paratiroideu hiperfuncionante em pelo menos um destes exames. Em 3 doentes, tanto a cintigrafia com a ecografia foram negativas, tendo a RM permitido a identificação de adenomas em 2 destes doentes. Em 1 doente, a cintigrafia e a ecografia foram ambas positivas para paratiroideia hiperfuncionante, contudo, não houve confirmação histológica. Nos casos de verdadeiros positivos em cintigrafia, o resultado histológico foi de adenoma único em 20 doentes e adenoma duplo em 1 doente; os adenomas tinham tamanho médio de 1,8 cm; 14 doentes tinham patologia tiroideia concomitante; a média do cálcio sérico foi de 11,2 mg/dL; a média do fósforo sérico foi de 2,8 mg/dL; a média da PTH sérica foi de 306,1 pg/dL. Nos casos de falsos negativos em cintigrafia, o resultado histológico foi de adenoma único em 4 doentes e de hiperplasia multiglandular em 2 doentes; os adenomas tinham tamanho médio de 1,9 cm; 4 doentes tinham patologia tiroideia concomitante; a média do cálcio sérico foi de 11,4 mg/dL; a média do fósforo sérico foi de 2,4mg/dL; a média da PTH sérica foi de 200,7 pg/dL. Conclusão: Os resultados sugerem que a cintigrafia de dupla fase com 99mTc-sestamibi é mais eficaz na identificação de adenomas paratiroideus do que a ecografia. A combinação dos dois exames é mais sensível do que cada uma das técnicas isoladamente. A RM pode ser útil quando a cintigrafia e a ecografia são negativas. O tamanho dos adenomas, a presença de patologia tiroideia e os níveis séricos de cálcio, fósforo e PTH não tiveram influência significativa na identificação cintigráfica de glândulas paratiroideias anómalas nesta amostra. COMUNICAÇÃO ORAL CO5 PET/CT com 18F-FDG: Caracterização do Padrão Metabólico Normal Adrenal Rita Domingos; Amadeu Martins; Isabel Rodrigues; Joana Pereira; Susana Carmona; Luís Oliveira Clínica Quadrantes – Joaquim Chaves Saúde, Lisboa Palavras-chave: Supra-Renais; Fígado; PET/CT; 18F-FDG; SUV Vários estudos têm sido realizados de modo a diferenciar lesões benignas de malignas das glândulas supra-renais (SR) através do PET/CT usando o 18F-FDG. Na maioria dos casos, as lesões malignas das SR apresentam uma captação do radiofármaco igual ou superior à captação hepática. No entanto, adenomas benignos das SR também têm demonstrado elevada captação do 18F-FDG comparativamente ao fígado. Adicionalmente está documentada a baixa captação do 18F-FDG nas glândulas SR normais, sendo por este motivo de difícil caraterização por PET. Neste contexto, torna-se importante caracterizar o perfil metabólico normal adrenal. Objetivo: O objetivo deste estudo é caracterizar, através do Standard Uptake Value (SUV), o padrão metabólico de normalidade das glândulas SR em PET/CT com 18F-FDG. Pretende-se ainda correlacionar o perfil metabólico normal adrenal e hepático. Amostra e Métodos: O estudo retrospectivo abrangeu 33 pacientes [19M/14F] com idade média de 61,4±10,4 anos, com valores de glicémia inferiores a 120mg/mL e sem patologia adrenal ou hepática (30 pacientes) (excluídas pela história clínica e exames complementares de imagem recentes), que efetuaram PET/CT entre Agosto e Dezembro de 2013. O procedimento técnico consistiu na administração e.v. de 18F-FDG [Apadrão (70kg) = 370MBq], seguindo-se um período de repouso e hidratação. Adquiriram-se dois estudos tomográficos PET/CT [Biograph 6 TrueView PET/CT, Siemens]: o primeiro de corpo inteiro (CI) desde o plano orbito-meatal até meio das coxas (tinj-aquisição=95,9±12,6min) e o segundo constituído por uma imagem parcelar da região abdominal superior (tinj-aquisição=179,2±24,7min). O estudo TC foi adquirido com protocolo de baixa dose para correção de atenuação e localização anatómica. O processamento incluiu a análise visual dos cortes tomográficos e o cálculo do SUVmáx nas regiões adrenais e hepática no estudo de CI (SUVmáx_CI) e na respetiva imagem abdominal tardia (SUVmáx_T). Posteriormente, foram determinadas as médias de SUVmáx para a SR direita, SR esquerda e fígado. Para a análise estatística foi usado o teste t-Student. Resultados: A média de SUVmax_CI da SR direita (2,52±0,58) difere significativamente da SR esquerda (2,38±0,64) (p<0,001) e o valor médio de ambas as supra-renais difere significativamente do SUVmáx_CI hepático (3,45±0,68) (p<0,001). Comparando as imagens iniciais e tardias, verifica-se um discreto aumento do SUV das imagens iniciais para as tardias, o qual é de 10,11% para o SUV da SR direita (SUVmáx_T=2,79±0,83) (p<0,01) e de 7,98% para a SR esquerda (SUVmáx_T=2,57±0,64) (p=0,059), sendo apenas a diferença encontrada na SR direita estatisticamente significativa. Conclusão: Neste estudo documentou-se um aumento discreto de SUVmax das SR das imagens iniciais para as imagens tardias, aspeto a considerar quando se estuda o perfil metabólico de lesões supra-renais, com vista a diferenciar um comportamento metabólico benigno de maligno. Os valores determinados de SUV das SR são consideravelmente superiores aos descritos na literatura, podendo ser justificados pela melhor resolução espacial dos novos equipamentos e dos recentes métodos de reconstrução de imagem, tornando evidente que a interpretação dos SUV deve ser feita com cautela, nomeadamente quando se pretende diferenciar patologia benigna vs maligna das SR. COMUNICAÇÃO ORAL CO6 A Medicina Nuclear no Diagnóstico dos Tumores Gastroenteropancreáticos Andreia Rodrigues; Patrícia Silva Instituto Politécnico de Lisboa, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa Objetivo: Demonstrar o contributo, essencial, que a Medicina Nuclear (MN) tem no diagnóstico dos Tumores Gastroenteropancreáticos (TGEP). Pretende-se abordar, maioritariamente, a vertente diagnóstica demonstrando a importância da sua precocidade na taxa de sobrevivência do paciente. Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo de síntese de evidência, com uma revisão sistemática, consistindo na pesquisa bibliográfica através da procura das seguintes palavras-chave: “TGEP”, “Octreoscan”, “Tektrotyd”, “MIBG”, “18F-FDG” e “68Ga-DOTANOC”, em bases de dados electrónicas de referência: MEDLINE, BIOMED, PUBMED e B-on. Resultados: Constatou-se que os TGEP apresentam uma incidência anual de 3-4,5/100,000 habitantes, e que a metastização é, no geral, a primeira manifestação de doença. Assim, torna-se necessário a existência de um diagnóstico precoce que, no geral, não é conseguido com os métodos de imagem convencionais (Tomografia Computorizada e Imagem por Ressonância Magnética). O facto de estes tumores expressarem receptores de somatostatina e/ou neuroamina, permite a realização de imagens funcionais em MN. Salientam-se, a Cintigrafia com Receptores de Somatostatina (111In-Pentatreótido e 99m Tc-Tektrotyd), a Cintigrafia Corporal com 123/131I-MIBG e, mais recentemente, o PET com 68Ga-DOTATOC e 68Ga-DOTANOC que se encontram, ainda, em investigação clínica. Conclusão: O OctreoscanTM (111In-Pentatreótido), é considerado o método com mais eficiência, como ferramenta de diagnóstico, para a localização de tumores primários e suas metástases. A realização da Tomografia Computorizada por emissão de fótão único (SPECT, do acrónimo inglês “Single Photon Emission Computed Tomography”) é muito importante, nestes tumores, pois permite a detecção de um maior número de lesões. POSTER P1 Exposição a Radiação Ionizante de Pacientes no Contexto de Diagnóstico Médico em Medicina Nuclear Convencional Inês Figueira1; M.ª Cândida Fonseca1; André Dias1; Pedro Almeida1,2; Sophia Pintão1 1 Serviço de Medicina Nuclear, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE 2 Instituto de Biofísica e Engenharia Biomédica, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa Objetivos: Avaliar os valores da exposição radiológica resultante da realização de exames de diagnóstico em Medicina Nuclear Convencional, durante o ano de 2013. Material e Métodos: Diariamente, no ano de 2013, foram registadas as actividades administradas em cada estudo e calculadas as respetivas doses efetivas, perfazendo um total de 2316 exposições. Foram calculadas as médias das atividades administradas (MBq) e das respetivas doses efetivas (mSv), com e sem TC, segundo o tipo de exame realizado e de acordo com os resumos das caraterísticas dos produtos utilizados. A realização de TC foi por vezes necessária, associada aos estudos de SPECT, para correção de atenuação e/ou para combinação da imagem anatómica à funcional, pelo que as doses efetivas incluem também a exposição a raios-X inerentes à TC. O equipamento utilizado foi uma câmara gama Infinia II-Hawkeye 4, com TC de 4 cortes, da GE. Resultados: As Cintigrafias de Perfusão do Miocárdio (CPM) à semelhança das Cintigrafias Ósseas foram os exames mais realizados, representando 65,3% das cintigrafias efetuadas, seguindo-se o Renograma com 99mTc-MAG3, 14%. Os exames do sistema gastrointestinal, com exceção da Cintigrafia das Glândulas Salivares, foram os menos requisitados, tendo sido realizados apenas 2 Estudos de Esvaziamento Gástrico, 1 Pesquisa de Hemorragia Digestiva e 1 Pesquisa de Mucosa Gástrica Ectópica. A atividade administrada mais baixa foi utilizada na Dacriocintigrafia (7,4MBq) e a mais elevada no segundo estudo da CPM com 99mTc-Sestamibi e 99mTc-Tetrofosmina (1065,7±117,9MBq e 1028,6±184,5MBq, respetivamente), quando realizado o protocolo de 1 dia. No que consta das doses efetivas, o valor mais alto, 63,5±4,8mSv, foi referente à Cintigrafia com 131I-Norcolesterol, seguido pelos 50,3±11,1mSv relativos à Cintigrafia Corporal com Citrato de Gálio-67, por serem exames que envolvem a administração de isótopos de maior energia. A dose efetiva média de 0,1mSv correspondente à Dacriocintigrafia e ao estudo de Ventilação Pulmonar com 99mTc-DTPA apresentou-se como o valor mais baixo dos exames, cujo isótopo utilizado é o 99mTc. As atividades administradas na Cintigrafia de Perfusão Pulmonar com 99mTc-MAA, Estudo de Esvaziamento Gástrico e Cintigrafia Corporal com Citrato de Gálio-67, ficaram acima dos valores de referência. Discussão/Conclusão: Os resultados de cada exposição médica devem ser devidamente registados, de modo a permitir a respetiva avaliação clínica e cálculo de dose, como previsto no n.º 6 do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 180/2002, de 8 de Agosto. Este trabalho permitiu verificar que as actividades administradas e, consequentemente, as exposições radiológicas apresentadas encontram-se na grande maioria dentro dos intervalos previstos para os exames de diagnóstico em Medicina Nuclear. Estes resultados estão em conformidade com os níveis de referência para exames de radiodiagnóstico, tendo em consideração as diretivas europeias (guidelines da Associação Europeia de Medicina Nuclear), guidelines da Sociedade de Medicina Nuclear e literatura disponível. Identificou-se um pequeno número de exames nos quais a actividade administrada não está em conformidade com o recomendado, no futuro a tomar em consideração nos protocolos do Serviço. POSTER P2 Radiobiologia e Segurança Contra Radiações na Terapia com 90Y-microesferas em Tumores Hepáticos Adriana Costa; Joana do Mar Machado; Joana Safira; Vanessa Silva 4.º ano da Licenciatura em Medicina Nuclear, ESTeSL/IPL Objetivos: Uma vez que a radioembolização constitui uma abordagem terapêutica inovadora cujo procedimento envolve uma intervenção multidisciplinar e com importante intervenção como técnica paliativa no tratamento do carcinoma hepatocelular, deve-se realçar a sua importante aplicação na prática clínica. Pretende-se com a junção de vários estudos reconhecer esta importância e utilidade. Material e métodos: A pesquisa bibliográfica foi realizada através do portal PubMed, livros e guidelines de European Association of Nuclear Medicine (EANM), sendo utilizadas expressões de pesquisa, em língua inglesa, como Hepatic tumors, Radioimunotherapy, Radioembolization, Microspheres e Bremsstrahlung. Foram seleccionados vários estudos e artigos descritivos da terapia e procedeu-se a uma revisão do tema. Resultados: Sendo realizada uma pesquisa bibliográfica e revisão do tema, não detemos resultados. Conclusão: O retardo e diminuição do progresso da doença podem ser conseguidos através da terapia de radioembolização com 90Y-microesferas, principalmente no que diz respeito ao tratamento paliativo dos utentes, proporcionando um tratamento paliativo com uma elevada resposta positiva, um aumento da sobrevida e melhoria nas condições de vida. Os efeitos secundários desta técnica têm sido alvo de investigação, sendo a principal consequência a deposição de microesferas em locais não desejados. A ocorrência de dores abdominais, febre, alteração leve a moderada nas provas de função hepática, náuseas, vómitos e diarreia são possíveis efeitos secundários, sendo que a maioria não requer tratamento. As investigações decorrentes ao longo do tempo mostram que esta é uma terapia eficaz no tratamento de tumores no fígado, sendo também uma terapia complexa que envolve a cooperação de uma equipa multidisciplinar. POSTER P3 Terapêutica com Radioiodo - Revisão dos Resultados Obtidos num Ano Teixeira, Ricardo; Brito, Rui ; Castro, Rosa ; Amorim, Inês Centro Hospitalar do Porto - Serviço de Medicina Nuclear Objetivos: Neste estudo, analisámos os resultados das terapêuticas com iodo radioactivo efectuadas no nosso serviço durante o ano de 2012, para o tratamento de hipertiroidismo, sob as formas de bócio multinodular tóxico, bócio tóxico difuso e nódulos autónomos. Material e métodos: Estudo retrospectivo do resultado das terapêuticas com iodo radioactivo efectuadas a 52 doentes (47 mulheres, 5 homens; idade: 58,25 ± 15,33 anos) com o diagnóstico de hiperiroidismo no nosso serviço, em 2012. 28 doentes tinham o diagnóstico de bócio tóxico difuso. Os restantes, apresentavam nódulos autónomos (16) e bócio multinodular tóxico (8). A dose administrada variou entre 370 e 740 MBq, de acordo com situação clínica. Resultados: O tratamento de hipertiroidismo teve uma taxa global de sucesso de 85%, com 44 dos 52 doentes a atingirem eutiroidismo ou hipotiroidismo. A frequência de TSH normalizada após o tratamento foi de 35% (18/52), enquanto que a taxa de hipotiroidismo pós-tratamento atigniu os 50% (26/52). 15% dos doentes (8/52) continuaram em hipertiroidismo após a terapêutica e este número foi mais significativo no grupo de pacientes com bócio tóxico difuso (18%), o que era de algum modo expectável, tendo em conta os dados de estudos semelhantes. A taxa de hipertiroidismo residual nos doentes com bócio multinodular tóxico e com nódulos autónomos foi de 12%. Não houve uma diferença significativa na taxa de resposta à terapêutica em doentes que receberam diferentes doses de iodo radioactivo. Conclusões: O tratamento com iodo radioactivo é uma modalidade terapêutica eficaz para o tratamento definitivo do hipertiroidismo. Tivemos uma taxa de sucesso de 85%, nos doentes avaliados, o que é aceitável de acordo com os dados de referência obtidos em estudos maiores (80-100%). A taxa de resposta apresentou relação com a etiologia (mais baixa nos doentes com bócio tóxico difuso) mas não apresentou relação significativa com a dosagem de Iodo-131 utilizada. Pudemos ainda observar que a taxa de hipotiroidismo pós-terapêutico nos nossos doentes foi considerável, o que nos permitirá, de futuro, repensar e reajustas as doses utilizadas em casos específicos. POSTER P5 Cálculo do Volume da Tiróide por Cintigrafia da Tiroideia - Imagens Planares e SPECT Ana Rita Manuel1, Mónica Vieira Martins1, G. Cardoso2, Susana Carmona2, A. I. Santos2 1 Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Instituto Politécnico de Portalegre 2 Hospital Garcia de Orta E.P.E., Almada Objetivos: A determinação individualizada da dose terapêutica de Iodo-131 no hipertiroidismo necessita da estimativa da massa da tiróide, que pode ser realizada em imagens de Medicina Nuclear (MN). O objetivo deste trabalho é a obtenção automática do volume da tiróide através da segmentação de imagens de cintigrafia da tiroideia (modo planar e SPECT). Material e Métodos: Utilizam-se dois métodos de segmentação por thresholding: segmentação por threshold fixo (30%-50% com intervalos de 5 valores) e segmentação por threshold baseado no histograma das imagens. Nas imagens planares o volume da tiróide é calculado através da contagem dos pixéis dentro de cada contorno com base em três suposições geométricas diferentes sobre a configuração da tiróide: • Método Standard Assume empiricamente que o lobo é igual a 0,75 vezes a largura do lobo na imagem em projeção anterior. O volume é calculado por: V = área × 0.75 × largura do lobo na imagem em projeção anterior • Método Standard Modificado O volume da tiróide é dado por: V = área × largura do lobo na imagem em projeção lateral • Método de Lund’s Baseia-se na fórmula que calcula o volume de um elipsoide: V = /6 × altura do lobo na imagem em projeção anterior × largura do lobo na imagem em projeção anterior × largura do lobo na imagem em projeção lateral Nas imagens SPECT o volume é calculado somando todas as áreas determinadas em todos os cortes que contêm a tiróide e multiplicando pelo tamanho do voxel. Testaram-se os algoritmos em imagens planares e SPECT de um fântoma constituído por duas seringas de 20ml preenchidas com 11,1MBq de Tc-99m para simular os lobos da tiróide e um saco coletor preenchido com 1300ml de água, para simulação dos tecidos moles do pescoço. Foram também utilizadas esferas no interior das seringas, as quais permitiam simular nódulos, conseguindo-se desta forma criar 4 tipos de fantomas. As imagens planares foram realizadas em projeções anterior e laterais. A aquisição SPECT foi realizada com um detector órbita circular com 180°; reconstrução iterativa. As imagens foram obtidas a distâncias de 15 e 20cm, sem zoom ou com zoom x2. Foi efetuada a comparação entre os volumes reais e os obtidos através da segmentação de imagem, para determinar qual o melhor método e parâmetros óptimos para cálculo eficiente do volume da tiróide. Resultados: Nas imagens planares os melhores resultados no cálculo dos volumes dos fantomas foram obtidos com o threshold baseado no histograma das imagens. Para um dos fântomas obteve-se uma percentagem de erro de 3% no lobo esq. e de 0,4% no lobo drt, com base no método standard modificado. Em SPECT através do plano transversal obtiveram-se resultados com uma percentagem de erro de 29% no lobo esq. e de 5% no lobo drt. Embora o método em SPECT apresente uma percentagem de erro considerável num dos lobos, este é o método mais linear, não havendo variações nos resultados quando o fantoma apresenta esferas dentro das seringas. Conclusões: Para o cálculo do volume da tiroideia em imagens de MN convencional, o melhor método de cálculo é a segmentação com base no histograma das imagens em SPECT. POSTER P6 Determinação da Tiroglobulina de Alta Sensibilidade - Qual é a Vantagem? Schäfer S.; Marques C.; Carvalho I.; Meireles M. Serviço de Patologia Clínica; Hospital Garcia de Orta, EPE, Almada Introdução: Nas últimas três décadas a incidência das neoplasias da tiróide tem aumentado significativamente a nível mundial. Distinguem-se os carcinomas diferenciados (carcinoma papilar e carcinoma folicular), anaplásicos e medulares, sendo os carcinomas diferenciados os mais frequentes. A tiroglobulina é uma glicoproteína sintetizada exclusivamente pelas células foliculares da glândula tiroideia e corresponde à forma percursora das hormonas tiroideias. Devido à especifidade celular da tiroglobulina para a tiróide, a sua determinação no soro fornece informações importantes sobre a presença ou ausência de doença residual, recidiva ou doença metastática em doentes com carcinoma diferenciado da tiróide. Objetivo: Nos últimos anos foram introduzidos novos testes para a determinação da tiroglobulina de alta sensibilidade. Expõem-se as características dos testes de alta sensibilidade com análise das principais vantagens. Método de determinação da tiroglobulina de alta sensibilidade: Refere-se o método de determinação e as suas características em comparação com o método anterior e as interferências com os anticorpos anti-tiroglobulina. Utilidade clínica: Doentes com carcinoma diferenciado da tiróide deverão apresentar valores indetectáveis de tiroglobulina após tratamento cirúrgico e ablação da tiróide remanescente por rádio-iodo, já que a tiroglobulina é sintetizada exclusivamente na glândula tiroideia. Estudos indicam um valor preditivo negativo elevado para os testes de determinação de tiroglobulina de alta sensibilidade. Valores detetáveis de tiroglobulina são indicadores de tecido residual ou de recidiva. A aplicação de testes de alta sensibilidade com deteção de valores mais baixos de tiroglobulina poderá ajudar num diagnóstico mais precoce de uma recidiva do carcinoma. Testes como a estimulação da secreção da tiroglobulina com TSH humana recombinante para aumentar a sensibilidade da deteção de tiroglobulina, tornam-se dispendiosos havendo estudos que indicam que uma estimulação com TSH recombinante não é necessária quando é utilizado um teste de alta sensibilidade. Recentemente foram publicadas orientações da “European Thyroid Association” para o seguimento pós-operativo de doentes com carcinoma da tiróide. (“European Thyroid Association Guidelines for Cervical Ultrasound Scan and Ultrasound-Guided Techniques in the Postoperative Management of Patients with Thyroid Cancer”). Para além da ecografia, a deteção da tiroglobulina representa um componente importante no seguimento da doença, tendo sido incluídos nestas orientações também os recentes testes de alta sensibilidade. Conclusão: A determinação da tiroglobulina de alta sensibilidade é um teste automatizado, sensível, rápido, fiável e preciso e é de principal importância no seguimento de doentes com carcinoma diferenciado da tiróide. Estudos indicam que este teste tem um valor preditivo negativo elevado e que poderá evitar a necessidade de estimulação com TSH humana recombinante. Estudos futuros vão demonstrar se a deteção de níveis mais baixos poderá contribuir para um diagnóstico mais precoce de recidiva de carcinoma. POSTER P7 POSTER P8 Comparação da Terapêutica com Iodo Radioactivo entre a Doença de Graves e Doença Nodular da Tiroide Nunes da Silva T.1; Vara Luiz H.1; Dias Pereira B.1; Matos A.C.1; Manita I.1; Carmona S.2, Santos A.I.2, Portugal J.1 1 Serviço de Endocrinologia e Diabetes do Hospital Garcia de Orta, E.P.E. 2 Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Garcia de Orta, E.P.E Introdução: O iodo radioativo (131I) é a terapêutica de eleição na Doença de Graves (DG), adenoma tóxico (AT) e bócio multinodular tóxico (BMNT). Esta tem como objectivo alcançar o hipotiroidismo. Objetivos: Comparação das características pré e pós 131I dos doentes com Doença de Graves (DG) e doença nodular da tiroide (DNT), nomeadamente adenoma tóxico (AT) e bócio multinodular tóxico (BMNT). Material e métodos: Dados recolhidos retrospectivamente dos processos clínicos dos doentes com DG, BMNT e AT entre Setembro de 2010 e Setembro de 2012. Foram excluídos doentes com seguimento inferior a 1 ano após 131Iodo. Definiu-se como cura o atingimento do eutiroidismo ou hipotiroidismo. O estudo estatístico foi efectuado com SPSS 21. Resultados: Foram identificados 132 indivíduos, 61 com DG, e 71 com DNT (41 BMNT e 30 com AT). As características basais de ambos os grupos estão presentes na tabela 1. Tabela 1 Número* Sexo feminino(%) Idade média diagnóstico* Idade média da terapêutica* Doentes medicados com ATS (%)* TSH pré 131I (mU/L) T4L pré 131I* (ng/dl) T3L pré 131I* (pg/ml) TRABS (<1,5 U/L)) Dose média de 131I mCI Cura a 2 anos após 131I (%)* DG 61 88,5 43.3±15.4 48±15.3 93,4 0,01 3.3 ng/dL 9,94 10.2±9.1 10±3 79% BMNT 41 90 63±11 67±11 68 0,01 1,98 5,15 AT 30 93 61±16 63±17 73 0,01 2,14 6,3 11,5±3 92 12,4±3 87 * valores com significado estatístico (p<0,05) O subgrupo com DG apresentou, face ao grupo com BMNT e AT, uma menor idade média de diagnostico (43 vs 63 vs 61 anos) , uma menor idade média de terapêutica (48 vs 67vs 63anos), um maior proporção de doentes medicados com ATS pré 131I (93,4 vs 68 vs 73%), um maior valor de T4L (3,3 vs 1,98 vs 2,14 ng/dL) e T3L (9,94 vs 5,15 vs 6,3 pg/mL) pré 131 I e uma menor taxa de cura aos 2 anos (73,5 vs 92 vs 87%). Conclusão: Nos doentes com DG, BMNT e AT estudados, observou-se um predomínio do sexo feminino. O subgrupo com DG apresentou uma idade média de diagnóstico e de terapêutica com 131I inferior ao grupo com DNT. A função tiroidea pré 131I foi igualmente superior nos doentes com DG, apesar da maior proporção de doentes medicados com ATS. Observou-se uma tendência não significativa de menor dose média de 131I no grupo com DG face ao grupo com DNT. Por último há a salientar a maior eficácia de cura do iodo radioativo na DNT face a DG. as Jornadas Serviço de Medicina Nuclear Hospital Garcia de Orta, EPE Comissão Organizadora Comissão Científica Ana Rita Duarte Catarina Matos Gabriela Cardoso Isabel Manita Joaquim Araújo Sequeira Joaquim G. Santos Maria João Chapeira Susana Carmona Ana Isabel Santos Ana Paula Santos Carla Capelo Catarina Barros Gracinda Costa Hugo Duarte Isabel Carvalho Isabel Nascimento Jorge Portugal Teresa Cruz Ferreira Valeriano Leite Convidados Ana Catarino Hospital da Luz - Lisboa Ana Isabel Santos Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Ana Prata Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Ana Sofia Oliveira Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, EPE - Coimbra Ana Paula Santos Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE - Porto Ana Rita Duarte Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada André Dias Hospital de Santa Cruz - CHLO, EPE - Lisboa António Matos Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Carla Capelo Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE - Porto Catarina Barros Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, EPE - Coimbra Catarina Matos Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Diogo Albergaria Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Elisabete Rodrigues Hospital de São João - CHSJ, EPE - Porto Frederico Sanches Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Gabriela Cardoso Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Gracinda Costa Hospitais da Universidade de Coimbra - CHUC, EPE - Coimbra Helena Lopes da Silva Hospital de Santa Maria - CHLN, EPE - Lisboa Hugo Duarte Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE - Porto Inês Lucena Sampaio Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE - Porto Isabel Carvalho Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Isabel Manita Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Isabel Nascimento Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Isabel Paiva Hospitais da Universidade de Coimbra - CHUC, EPE - Coimbra João Corte Real Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada João Miranda dos Santos Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE - Porto João Raposo Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal - Lisboa Joaquim Araújo Sequeira Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Joaquim G. Santos Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Jorge Portugal Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada José Mário Coutinho Hospital de Curry Cabral - CHLC, EPE - Lisboa Maria Carlos Cordeiro Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Maria João Chapeira Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Patrícia Oliveira Hospital de São João - CHSJ, EPE - Porto Paula Colarinha Hospital CUF Descobertas - Lisboa Rita Roque Hospital Beatriz Ângelo - Loures Rosário Eusébio Hospital de São Bernardo - CHS, EPE - Setúbal Susana Carmona Hospital Garcia de Orta, EPE - Almada Teresa Cruz Ferreira Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE - Lisboa Teresa Faria Hospital de São João - CHSJ, EPE - Porto Valeriano Leite Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE - Lisboa Secretariado TAILOR MADE EVENTS Tel.: 210 997 224 [email protected] Patrocínios: Organização Apoio científico