UFRGS - Instituto de Letras
Teoria e Prática de Leitura (2014/1)
Profª Solange Mittmann
OFICINA DE LEITURA SOBRE
GRAFITE
Dandara Cagliari
Danielle Rosa
Viviane Jung
CONSIDERAÇÕES GERAIS:
• Público-alvo: EJA Ensino Médio (alunos entre 16 e 50 anos)
da rede pública de Porto Alegre
• Turma: de 10 a 15 alunos (aproximadamente)
• Número de horas/aula: 2 aulas de 2 h mais uma de 3 h (por
conta da produção final)
• Recursos necessários:
computador, projetor, caixas de som,
GRAFITE
materiais impressos, tintas e/ou sprays
• Forma de avaliação: participação nas discussões; realização
das tarefas propostas; auto-avaliação
• Justificativa:
Em grande parte das cidades do mundo, em especial nos
grandes centros urbanos, é comum nos depararmos com
grafites em prédios, muros, casas etc, compostos por letras e/ou
desenhos e é inegável que há neles uma marca de transgressão e
crítica social. Dando voz àqueles que utilizam o spray para se
expressar, o grafite une arte, poesia e política.
Por entendermos que essa arte de rua grita aos olhos do
transeuntes diariamente e por estarem o jovem e o adulto
familiarizados com esse tipo de comunicação visual na região em
que moram, optamos por esta temática que além de atrativa, pode
gerar muita reflexão a respeito do local em que moramos, das
GRAFITE
manifestações artísticas,
formas de expressão e da própria
organização da sociedade.
Por isso o trabalho com Banksy se justifica, já que, mesmo
anônimo, ele é uma referência internacional quando se fala em
grafite, suas obras estão expostas não apenas nas ruas, mas também
em galerias e estão avaliadas em até 12 milhões de reais. No
entanto, Banksy adquiriu o status de “artista” que a maioria dos
grafiteiros não têm . Por que a diferença de tratamento?
• Objetivos
– Incentivar a leitura e a interpretação de textos;
– Chamar a atenção para a arte e a crítica social embutidas no
grafite;
– Refletir sobre aspectos da própria comunidade dos alunos.
• Resultados esperados
GRAFITE
– Ampliação de horizontes
no que diz respeito à arte grafite;
– Desenvolvimento de reflexão crítica;
– Desenvolvimento da capacidade argumentativa.
PRÉ-LEITURA
AULA 1
Iniciar a oficina apresentando aos alunos estas duas imagens:
GRAFITE
Fontes:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b0/Graffiti_of_heart,_Santana,_Porto_
Alegre_City,_Rio_Grande_do_Sul,_Brazil.JPG
http://amalgamacultural.files.wordpress.com/2013/07/globo.gif
PRÉ-LEITURA
Em seguida, discutir com a turma as seguintes questões:
• Nas paredes, muros e postes da região em que você mora há
imagens parecidas com as das fotografias pintadas? O que
você pensa sobre elas?
GRAFITE
• Os grafites embelezam ou deterioram as ruas? Por quê?
• Na segunda foto, o grafite faz uma crítica direta. Por que as
pessoas usam as paredes para denunciar algo?
BANKSY: O ANÔNIMO MAIS FAMOSO DO MUNDO
por Melissa Becker
O choro da senhora parou a rua. Sua casa fora pichada
com uma paródia da família real - e a prefeitura, insensível,
pintou por cima. "Era parte de nossas vidas. E agora, se foi",
afirmou à BBC Sofie Attrill, 50 anos e recém ex-proprietária
de um grafite de Banksy, o artista de rua mais badalado da
história. A prefeitura
lamentou o erro.
GRAFITE
O episódio, ocorrido no leste de Londres em setembro
de 2009, mostra como anda alta a cotação do grafiteiro. Se
resolvesse vender a obra, pintada em 2003, Ms. Attrill perderia
uma parede e ganharia muito dinheiro - não seria a primeira.
Já as desculpas oficiais mostram que Banksy recebeu um
privilégio inédito: quase-licença para pichar. Na verdade, se as
autoridades inglesas quisessem se entender com
ele, seria complicado: sua identidade é secreta.
Banksy tornou-se o anônimo mais famoso dos últimos
anos. Seu trabalho mudou o olhar sobre a arte de rua. Com
spray, faz críticas políticas, à sociedade e à guerra, mas sempre
com um humor sombrio e uma sacada. Também se
especializou em ações espetaculares, como na vez em que pôs
um boneco vestido de prisioneiro de Guantánamo dentro da
Disneylândia. Com prováveis 40 anos, ele segue
experimentando: éGRAFITE
o diretor de Exit Through the Gift Shop
("Saída pela loja de presentes"), documentário sobre um
francês que o persegue, indicado ao Oscar.
Hoje suas obras se espalham por Londres, Los
Angeles, Nova York, até no muro que separa Israel e Palestina.
Mas tudo começou em Bristol, no interior da Inglaterra, onde
Banksy já dava sinais de que iria longe.
Anonimato e fama
"Ele quer superioridade absoluta sobre qualquer coisa
com a qual lida. Quando estava em Bristol, ele não queria
dividir o topo com ninguém. Nem em Londres", diz o
grafiteiro Graham Dews, o Paris, que o encontrou pela
primeira vez em 1996. Nessa época, Banksy começou a fazer
estêncil, em que o desenho é formado por buracos numa
superfície. Novidade nas ruas britânicas, a técnica que o
GRAFITE
consagrou foi adotada
por segurança: pintando direto na
parede, ele demorava tanto que a polícia chegava.
Foi no bairro de Stokes Croft, onde é possível ver
alguns desses primeiros trabalhos, que a SUPER conversou
com Paris. "Conhecendo ele desde Bristol, acho engraçado o
mito sobre sua identidade", diz Paris. Uma busca na internet
resulta em diferentes nomes e rostos. E o boato de que há um
coletivo por trás do nome? "É uma pessoa só", garante Paris.
"Mas com um grupo de 10 a 20 colaboradores próximos.
Chegam a montar tapumes para ele pintar escondido.”
Com seu rosto protegido por seus fiéis escudeiros, o
artista foi muito além de pintar figuras irônicas e frases de
efeito em paredes de prédios. Deixou mensagens em jaulas de
zoológico - "Quero sair. Chato, chato, chato", escreveu na
jaula de um elefante. Acrescentou obras a museus - em 2005,
sua pintura penetra de homens da caverna caçando um
GRAFITE acabou indo para o acervo
carrinho de supermercado
permanente do Museu Britânico. Trocou CDs da Paris Hilton
por versões remixadas e com encartes adulterados - em um,
ela acompanhava mendigos. Produziu notas de 10 euros
substituindo a rainha Elizabeth pela princesa Diana, hoje
vendidas por 200 euros - no documentário, ele comenta: "Foi
como se houvesse falsificado dinheiro, posso ir pra cadeia por
isso".
Mas foi pelas ações explicitamente políticas, como
pintar painéis irônicos no lado palestino do muro que separa a
Cisjordânia de Israel e plantar o guantanamero na Disney, que
Banksy virou "o cara". Mais especificamente, o cara que
corria da polícia e agora vendia quadros pra Christina Aguilera
- ela pagou 25 mil euros pela imagem de uma rainha Vitória
lésbica.
Grana e crítica GRAFITE
Quando faz exposições, Banksy coloca obras para
vender. Quando faz um grafite na rua, não - o que não impede
as obras de serem vendidas. A partir de 2007, tornou-se cada
vez mais comum seus trabalhos saírem diretamente dos muros
e paredes para as casas de leilão. Indignado, ele chegou a
colocar em seu site a imagem de pessoas dando lances em
uma figura que dizia "não acredito que vocês idiotas vão
mesmo comprar esta merda".
Se a dona da abertura do texto não quis lucrar com o
trabalho alheio, já houve quem aproveitou. Em Bristol, os donos
de uma casa com um mural de Banksy em uma parede não
colocaram o imóvel à venda em uma imobiliária, mas em uma
galeria de arte, listada como "mural com uma casa anexa". Já
em Liverpool, uma casa caindo aos pedaços alcançou o preço
notável de R$ 300 mil, só porque em um dos lados do prédio há
um gigantesca cabeça de rato desenhada pelo grafiteiro famoso.
"Não é sobreGRAFITE
o hype, não é sobre o dinheiro", Banksy diz
em seu documentário. Mas, mesmo idealista, anônimo e contra
o sistema, Banksy está inserido no mundo da arte. "Ele é parte
de uma geração que olhou para fora do sistema convencional de
galerias, no jeito de exibir uma obra", observa Gill Saunders,
curadora do museu Victoria & Albert, em Londres, que tem 4
peças suas. Na imprensa, ficou popular a expressão "o efeito
Banksy", para descrever o interesse em outros artistas de rua
que vieram na carona do seu sucesso.
A escalada em popularidade não foi marcada apenas
pela conquista de fãs, mas também por críticas. Banksy pautou
o debate no Reino Unido sobre o grafite ser classificado como
arte ou mero vandalismo. "Não há nada de interessante sobre
Banksy. Quando vi suas pinturas por aí, pensei: é um pouco de
entretenimento em um lixo no muro. Agora se supõe que a
gente tenha que ver isso seriamente. Mas é óbvio que não é
nada", diz o crítico de arte Matthew Collings, no
documentário B Movie.
GRAFITE
Já a organização Keep Britain Tidy ("Mantenha a GrãBretanha arrumada") considerava Banksy um vândalo, mas
mudou sua posição ao constatar em uma pesquisa que a
maioria da população diferenciava tipos de grafite entre arte e
vandalismo. Há mais de 50 anos combatendo de carros
abandonados a chiclete jogado no chão, o grupo admite agora
que o artista virou um significativo ícone cultural. Mas deixa
claro - ele é uma exceção. (...)
Texto publicado na revista Super Interessante, 289,
março
de
2011.
Disponível
em:
<http://super.abril.com.br/cultura/banksy-anonimomais-famoso-mundo-623045.shtml>.
PARA SABER MAIS...
O texto é bastante acessível, sem muitas palavras “difíceis”, mas informações
GRAFITE
complementares podem ser
necessárias, já que no texto são citadas várias
intervenções de Banksy (2 e 3). Ou seja, embora elas não sejam foco da
oficina, não podem ser ignorados pois são citados no texto (intertextualidade).
1 Estêncil é o nome da técnica de impressão de imagem
(desenho, letra ou símbolo), com tinta ou spray, através de um
molde vazado conseguido por meio do corte em material
resistente [o professor pode mostrar exemplos].
2 Elisabeth II se tornou a Rainha da Inglaterra em 1952 e
governa desde então, ela é a mãe do Príncipe Charles e avó do
Príncipe William, provável sucessor ao trono. A Princesa Diana
foi sua nora, que era muito amada e respeitada pelos ingleses por
conta do seu carisma e ativismo social, por exemplo. Diana
divorciou-se de Charles em 1992 e morreu em um acidente de
carro 5 anos depois.
GRAFITE
Nota de 10 euros com Elisabeth II
Nota de 10 euros criada por Banksy (2004)
Conversa com a turma: Por que o rosto de alguém é impresso
nas moedas e notas de um país? O que a substituição da
imagem da atual rainha pela da ex-princesa Diana sugere?
3 Guantanamero é o homem que mora em Guantánamo (Cuba),
local em que os EUA mantém o Campo de Detenção da Baía de
Guantánamo. Observe a fotografia de detentos da prisão
estadunidense e o boneco inflável que Banksy colocou dentro de
uma atração da Disney:
GRAFITE
• Fotografia dos prisioneiros:
Fhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pris%C3%A3o_de_Guant%C3%A1namo#mediaviewe
r/Ficheiro:Camp_x-ray_detainees.jpg
• Fotografia da intervenção de Banksy:
http://diretoresdearte.com.br/2013/10/07/banksy-o-artista-desconhecido/
Conversa com a turma:
O que as pessoas vão fazer na Disneilândia?
Ao trazer a figura de GRAFITE
um prisioneiro para o parque, Banksy
chamou a atenção de todos, como nos informou o texto. Por que
a ação do artista causou choque?
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
1. A casa de Sophie foi grafitada e a prefeitura, supondo estar
remediando um ato de vandalismo, pintou a parede que continha
a imagem. Por que a senhora ficou triste com a ação das
autoridades, uma vez que o grafite foi feito sem seu
consentimento?
GRAFITE
2. Que motivos levam
Banksy a permanecer anônimo?
3. Por que o fato de as pessoas quererem vender as paredes
grafitadas de suas casas incomodou Banksy?
4. Embora o texto diga que a maior parte da população é
favorável ao trabalho Banksy, o crítico de arte Matthew
Collings condena a obra do grafiteiro. Por quê?
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
5. Segundo o texto, a organização Keep Britain Tidy
("Mantenha a Grã-Bretanha arrumada") combate o vandalismo e
considera Banksy uma exceção. O que justifica tal
posicionamento?
Como estamos falando de uma arte visual, é importante apresentar aos alunos
GRAFITE
várias fotografias de grafites
do Banksy e criar conversar entorno deles, uma
alternativa é utilizar exemplos citados no texto, como ilustramos a seguir.
O texto afirma que “foi pelas ações explicitamente políticas, como
pintar painéis irônicos no lado palestino do muro que separa a
Cisjordânia de Israel (...) que Banksy virou ‘o cara’.” Observe as
fotografias de dois desses painéis e converse com os colegas:
Sabendo que trata-se de
um muro que separa
duas regiões em conflito,
que tipos de debate os
grafites trazem à tona?
GRAFITE
Os grafites teriam o
mesmo
efeito
se
tivessem sido feitos em
outro local? Por quê?
Fotografias de grafites de Banksy. Disponíves em:
http://arte.linio.com.mx/novedades/banksy-atacando-al-sistema/
Reflexão linguística
7. Observe os trechos a seguir:
• “Hoje suas obras se espalham por Londres, Los Angeles, Nova
York, até no muro que separa Israel e Palestina.”
• “...Banksy virou ‘o cara’. Mais especificamente, o cara que
corria da polícia e agora vendia quadros pra Christina Aguilera ela pagou 25 mil euros pela imagem de uma rainha Vitória
lésbica.”
O que as palavras “hoje” e “agora” representam? Um dia
GRAFITE
específico no calendário?
Um momento no relógio? Nenhum
dos dois? Justifique.
8. (Pergunta apresentada somente após a discussão da
primeira) Como vimos, as marcas de tempo nem sempre podem
ser interpretadas literalmente. Que outras palavras você encontra
no texto com essas mesmas características?
8.1 De que forma elas auxiliam na estruturação do texto que
lemos?
Reflexão linguística
9. Observe os trechos a seguir:
• “Conhecendo ele desde Bristol, acho engraçado o mito sobre sua
identidade”, diz Paris.
• “É uma pessoa só”, garante Paris.
• “Quero sair. Chato, chato, chato”, escreveu na jaula de um
elefante.
Para que servem as aspas nos trechos acima?
GRAFITE
10. Agora observe esse outro trecho:
Banksy virou “o cara”
10.1 Aqui, as aspas têm uma função diferente. Qual é?
10.2 Se as aspas não estivessem presentes no texto destacando a
expressão “o cara” qual seria a diferença?
AULA 2
PRÉ-LEITURA
Observe as duas fotografias e converse com os colegas:
a) Você reconhece o local da primeira foto?
b) Os grafites que você conhece, em geral, estão em lugares de
GRAFITE
destaque da sua
cidade? Pense em motivos que podem
justificar isso.
c) O segundo grafite está no viaduto da primeira foto. É
possível relacioná-lo aos produzidos por Banksy, do outro
lado do planeta? Como?
PRÉ-LEITURA
GRAFITE
Fotografia do jornal Sul21
Grafite Contra- Copa. Disponível em:
http://maurenmotta.com.br/noticias/rolodex/
grafite-da-cara-nova-ao-tunel-da-conceicao/
PORTO ALEGRE RECEBE EVENTO
INTERNACIONAL DE GRAFITE
por Fernanda Morena (17/mar/2014 )
Se o renomado artista Banksy tivesse sido proibido de
espalhar seu grafite por todos os cantos do mundo, talvez a arte de
rua revelada em seu trabalho com estêncil e tomado de crítica
social não tivesse a dimensão que tem hoje. O mesmo não ocorreu
com Manuel Gerulius,GRAFITE
o Manu. A Alemanha do final da década de
1990 reprimiu fortemente suas intervenções artísticas na cidade de
Wiesbaden, sua terra natal; Manu foi preso e julgado por
“vandalismo”. “Se vocês não querem a minha arte, vou enfiar arte
de todo mundo goela abaixo”, ele reconta. Assim surgiu o
Meeting of Styles (M.O.S.), um evento que reúne, anualmente,
grafiteiros internacionais e viaja pelo globo fazendo intervenções
nas cidades onde é realizado – ato que Porto Alegre recebeu nesse
sábado (15) pela primeira vez.
A 17ª edição do Meeting of Styles – o encontro de estilos,
em tradução livre – foi trazido a Porto Alegre pelo Instituto
Trocando Ideias, uma organização não-governamental que, desde
1999, visa a disseminação da arte de rua na capital gaúcha.
“Trabalhamos com eventos de tecnologia social por meio da
cultura jovem de rua, e desde 2005 usamos o grafite em Porto
Alegre”, conta Fabiana Menini, uma das fundadoras do grupo.
Não é a primeira
vez que o Meeting of Styles vem ao
GRAFITE
Brasil, mas tudo indica que agora ele encontrou uma casa para
receber os grafiteiros anualmente. Em 2006 esteve no Rio de
Janeiro, porém problemas com a produção afastaram o projeto de
Manu do país. Foi ao encontrar o artista Lucas NCL na Alemanha
em junho do ano passado que Manu vislumbrou o retorno da rede
ao Brasil. “Fui recebido pelo Manu quando cheguei à Alemanha
para integrar o M.O.S., e uma amizade surgiu. Depois, fizemos
uma turnê pela Europa, e ele perguntou se eu queria fazer o
projeto em Porto Alegre. Eu pensei ‘por que não’?”, lembra
Lucas, que assumiu a curadoria do evento em Porto Alegre.
Foi pensando no tema para este ano, Causa e Efeito, que
Lucas selecionou 60 artistas do Brasil e do resto do mundo para
criar painéis de 5m x 4m dentro do túnel da Conceição, que liga a
rodoviária da cidade à rua Osvaldo Aranha. Os trabalhos ficarão
expostos o ano todo.
A criação dentro do tema é livre: “Os
GRAFITE
grafiteiros ficam inteiramente livres para fazerem o que
quiserem”, garante o curador. Ele, grafiteiro há 15 anos, ficou sem
um mural no viaduto Conceição. “Quando eu pinto, gosto de me
concentrar. E como eu ia ficar na organização, decidi não pintar
neste ano.” (...)
Para Manu, voltar ao Brasil é já uma vitória. “A arte aqui é
criativa, inovadora e, ao mesmo tempo, tem muita influência
local, a imagem da natureza é tão presente quanto a da realidade
social”, avalia. O artista percebe a influência da cultura
multirracial brasileira como uma realização do que o Meeting of
Styles representa: “É como a Europa, cheia de influências
diferentes, só que mais sujo, mais real. E Porto Alegre é uma
cidade relaxada, tranquila”.
Como um artista por vezes comissionado – trabalhos que
lhe garantem o sustento
–, Manu aproveitou a liberdade poética de
GRAFITE
ser um dos grafiteiros trazidos a Porto Alegre para trabalhar com
grafismo, sua especialização. “Fazer trabalhos publicitários é o
que me dá dinheiro, mas não liberdade”, afirma.
Sobre a intervenção na capital gaúcha, Manu conta que a
trajetória segue como nos demais encontros do M.O.S. pelo
mundo. “Não há regras, apenas uma vontade de mostrar que
grafite é arte, e não vandalismo”, declara o artista.
O M.O.S. segue em mais 25 apresentações neste ano até
novembro, passando por outros 20 países. Entre eles, China,
Grécia, Tailândia, Filipinas, Estados Unidos, Itália e Alemanha.
Texto publicado no jornal virtual
Sul21.
Disponível
em:
http://www.sul21.com.br/jornal/po
rto-alegre-recebe-eventoGRAFITE
internacional-de-grafite/
VOCABULÁRIO
Quais as palavras do texto que não foram entendidas? Converse
com seus colegas, se eles não puderem ajudar e tampouco o
contexto dê pistas suficientes, utilize um dicionário da biblioteca
ou dicionário online para encontrar o significado. Depois, observe
se o sentido se encaixa perfeitamente no texto ou não.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
1. Qual a diferença de tratamento que Banksy e Manu receberam
das autoridades de seus países?
1.1 Pense no texto da revista SuperInteressante e no acabamos de
ler, esse tratamento trouxe consequências diferentes para a arte
Banksy e Manu?
GRAFITE
2. De que forma Manu
conseguiu cumprir sua ameaça: “Se vocês
não querem a minha arte, vou enfiar arte de todo mundo goela
abaixo”?
3. Releia o trecho a seguir e responda:
“O artista percebe a influência da cultura multirracial brasileira
como uma realização do que o Meeting of Styles representa: ‘É
como a Europa, cheia de influências diferentes, só que mais sujo,
mais real. E Porto Alegre é uma cidade relaxada, tranquila’.”
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Segundo a fala de Manu, “sujo” é um aspecto positivo ou
negativo? Por quê?
4. A que se propõe o “Meeting of Styles”?
4.1 O evento consegue cumprir sua proposta?
5. A fotografia ao lado foi tirada na
GRAFITE
entrada do viaduto
Conceição
durante o evento. A frase diz algo a
respeito do tratamento que os
participantes receberam?
5.1 Na sua opinião, por que em
eventos
os
grafiteiros
são
considerados artistas e nas ruas
vândalos?
Fonte:
http://vejasp.abril.com.br/blogs/graffi
ti/2014/03/21/meeting-of-stylesporto-alegre-evento-artistas-grafite/
Reflexão linguística
6. No texto anterior, conversamos sobre marcas de tempo que
explicitam dois períodos distintos. Agora vamos observar
outras marcações de tempo no artigo do Jornal Sul 21.
Releia os dois primeiros parágrafos e responda:
6.1 Qual a sequência dos eventos na vida de Manu de 1990 até
2014?
GRAFITE
6.2 Traga alguns elementos do texto que permitiram que você
chegasse a essa conclusão. Eles têm uma função diferente
dos vistos no texto anterior?
7. Observe a seguinte frase do texto:
Manu foi preso e julgado por “vandalismo”.
Que diferença faria se as aspas não aparecessem?
PRODUÇÃO FINAL
AULA 3
A terceira aula consistirá em uma tarefa de produção na qual os alunos irão
realizar grafites em um muro ou parede da escola. Para tanto, seria
interessante uma prática interdisciplinar com o(a) professor(a) de artes. As
etapas dessa produção serão as seguintes:
1. Sensibilização através de um rap sobre grafite;
2. Preparação: o que eu quero registrar e mostrar para os outros disso?
3. Realização de um esboço em papel;
GRAFITE
4. Desenvolvimento no espaço
disponível na escola;
5. Elaboração de uma justificativa escrita sobre o seu próprio grafite a ser
compartilhada com os colegas e depois entregue ao professor.
1. Audição do rap “Tributo aos Grafiteiros” de Sebá e Pixote:
https://www.youtube.com/watch?v=oVxw8yJ5sck
a. Através do título da música já somos informados de que o rap é
a favor do grafite. Que outros elementos apresentados também
nos dirigem à essa conclusão?
b. Você concorda com eles? Por quê?
Um trecho da música diz o seguinte:
Elogie e critique
Dê um palpite, copieGRAFITE
Escreva bombardeando o sistema
Nos ventos escuros eu curo
O despertar de um amar
Filosofias não me iludem nem minha parte eu compro
E com escudo me escondo e pinto ele também
Você não gosta eu não ligo
Vou dizer pro menino, pro velho, dia, noite
A lata é o açoite na cara dos caras, resposta da gente
Intervenção na mente, o grafite é assim
Quando vi me encantei e para outros passei
Intervenção com atitude é visão de ser humano
Pega a lata, moleque, o fio tá aí
Mas é melhor ficar ligado, não se distrair
(...)
GRAFITE
c. A lata refere-se à lata
de spray utilizada para grafitar. Por que ela
é um açoite na cara dos caras?
d. A música apresenta várias finalidades que o grafite pode ter.
Qual delas você acha mais interessante? Por quê?
2. PREPARAÇÃO
Depois de tudo de lemos e discutimos sobre o grafite, iremos
produzi-lo. A primeira etapa é se perguntar:
• O que eu quero mostrar para a comunidade escolar através da
arte da grafitagem?
• Para isso eu vou utilizar só imagens ou palavras também?
GRAFITE
Desenvolvimento das etapas 3, 4 e 5 de produção (artística e
escrita) e finalização da oficina. Sugerimos, no final de todos
atividades, uma conversa em grupo que poderá servir como
avaliação da Oficina e auto-avaliação dos alunos.
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