Análise Histórica do Processo de Mudança na Territorialidade de um Município da
Região das Missões do Estado do Rio Grande do Sul
Autoria: José Roberto de Oliveira, Jorge Oneide Sausen
Resumo
O estudo tem por objetivo identificar/analisar historicamente as estratégias envolvidas nas
mudanças organizacionais pelas quais passou um território municipal na Região das Missões,
no estado do Rio Grande do Sul, com base no exame das ações empreendidas pelos dirigentes
do território. Procurou-se mapear os eventos que assinalaram a trajetória da organização
territorial ao longo dos últimos 385 anos de sua história. A análise procedida foi construída
com base na realidade percebida pelos entrevistados e, em conexão com as abordagens
teóricas sobre mudança estratégica organizacional, momento em que as técnicas foram
adaptadas para análise da mudança cultural através da configuração das categorias analíticas do
processo de mudança organizacional que levaram em consideração, em relação às mudanças, o
seu conteúdo (o quê mudou), o seu contexto (por que mudou) e o seu processo (como mudou). Os
períodos estratégicos históricos foram divididos em: Projeto Jesuítico Guarani (1626/1768),
Abandono e Dependência (1768/1966), Emancipação e a Herança Histórica e Cultural
Presente (1966/2011).
Introdução
Manifestando a importância da organização local e regional, Barquero (2001) diz que o
exame das experiências de desenvolvimento local revela precisamente que, com frequência, a
coordenação representa um dos pontos fracos da nova política regional, coordenação essa
responsável pelas mudanças estratégicas que se estudam na presente pesquisa. Tenório (2008)
escreve que a produção das ideias determina-se inescapavelmente pelo lugar histórico de sua
germinação, pelas circunstâncias temporais e pelas contingências locais da vida material nas
quais são geradas.
A expressão “Sistemas Sociais Organizados” levou a conjecturar sobre a possibilidade
de se observar o local e a região como sistemas organizados, portanto, base do encadeamento
da ideia de pensar na territorialidade como organização a ser estudada (TENÓRIO, 2008). De
diversas formas, as regiões vêm-se organizando e se posicionando como organizações em
busca de seus caminhos para o desenvolvimento socioeconômico. Em relação ao
desenvolvimento, Siendenberg (2006) escreve que se refere a um processo de mudanças
sociais e econômicas que ocorrem em uma determinada região e têm como referência
aspectos geográficos, administrativos, econômicos físico-naturais, culturais, políticos,
etnográficos, dentre outros.
Uma das explicações para o baixo nível de desenvolvimento da Região Missioneira e
do município foco da pesquisa é discutida por Barquero (2001) ao abordar a teoria do
desenvolvimento endógeno. Afirma que as economias locais e regionais desenvolvem-se e
crescem quando se difundem as inovações e o conhecimento entre as empresas e os
territórios, de tal modo que aumenta o número e a diferenciação dos produtos, diminuem os
custos de produção e se consolidam as economias de escala; quando é mais flexível a
organização dos sistemas produtivos e se formam redes e alianças para melhor competir, o
que contribui para as economias internas e externas de escala e para um melhor
posicionamento competitivo de cidades e territórios; quando as empresas se instalam em
cidades inovadoras e dinâmicas, que possibilitam a elas tirar proveito das economias e
indivisibilidades existentes no território; quando as redes de instituições são complexas e
densas, o que permite fazer aflorar a confiança entre os atores e reduzir os custos de
transação. Essas ideias refletem os acontecimentos de dois momentos na territorialidade
estudada: o primeiro no momento jesuítico-guarani e, o segundo, na época de ouro da soja,
durante a Revolução Verde.
Sobre o caráter regional, Bazarian (1991), descreve que não pode haver um caráter
nacional geral, isto é, traços somáticos e psicológicos válidos para todos os componentes de
uma determinada sociedade, sobretudo se essa sociedade tem grande extensão territorial,
abrangendo latitudes diferentes, com diferentes níveis de desenvolvimento econômico,
tecnológico e científico, como a nação brasileira, que tem ainda a peculiaridade de ter uma
população mestiça, em consequência da miscigenação de diferentes grupos étnicos (índios,
negros, amarelos e brancos de várias procedências). No caso em estudo, evidencia-se a
presença dos povos nativos de 500 a.C. até o período anterior à emancipação, atualmente
miscigenados, formando a grande maioria da população.
Quanto a região e a questão geográfica, a Geografia Crítica, corrente dos precursores
Élisée Réclus e Piotr Kropotkin, procurava contribuir para uma visão crítica da sociedade e de
uma práxis transformadora. Chamada de Geografia Nova, a região e o local passaram a ser
interpretados na fonte do materialismo histórico-dialético, entendendo as formas espaciais e
os seus processos históricos constituintes, seus embates, acordos e desacordos. O todo é a
parte e a parte é o todo. A região e o local teriam, com isso, em termos gerais, a sua
configuração determinada pelos processos e relações sociais de produção, perpetuados ao
longo da história, assumindo assim, essas partes características do movimento geral das
formas de produção e reprodução da sociedade, ou seja, da totalidade social reproduzida
espacialmente (RIBEIRO; GONÇALVES, 2001).
Em busca de estabelecer a conexão da região como organização, visualiza-se as
organizações como cultura, Morgan (1996) refere-se ao padrão refletido nos sistemas sociais
de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais quotidianos. As diferenças transculturais
são muito importantes e delineiam muitas variações nas visões do sentido da vida e nos estilos
e filosofias de organização e administração. À medida que se explora o que é racional dos
aspectos culturais, pode-se descobrir que parecem existir explicações históricas para a
maneira pela qual as coisas são feitas. Em As Organizações vistas como Sistemas Políticos,
analisa as organizações como sistemas de governo e procura desvendar a detalhada política de
vida organizacional. É possível compreender qualidades importantes da organização que são,
frequentemente, encobertas ou ignoradas. Escreve que Organizações, igualmente aos
governos, empregam alguns sistemas de “regras” como meio de criar e manter ordem entre
seus membros. As formas encontradas são: autocracia, com governo absoluto; burocracia,
governo pela lei; tecnocracia, com poder de especialistas; co-gestão, com entendimento para
interesses mútuos; democracia representativa, com eleições de membros para agir em nome
dos que representam; democracia direta, em que cada um tem direito igual, a autoorganização é a chave da organização. Durante o contínuo de tempo estudado, verificam-se
essas diversas formas, com preponderância dos métodos de cacicado.
A pesquisa “Análise Histórica do Processo de Mudança Estratégica na Territorialidade
de um Município da Região das Missões do Estado do Rio Grande do Sul” buscou
compreender os laços explicativos realizados nas mudanças estratégicas ocorridas durante os
385 anos da localidade objeto de pesquisa.
1. Objetivos do Estudo
O objetivo principal do presente estudo é identificar e analisar os processos de
mudança organizacional que transcorreram na territorialidade de um município situado na
Região das Missões do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 385 anos. O trabalho foi
construído por meio de um estudo de caso do tipo descritivo, realizado numa perspectiva
longitudinal, histórica e interpretativa (SALAMA, 1994), e empreendido a partir da percepção
dos atores locais e de estudos que permitem a observação dos processos que compunham as
coalizões político-administrativas dominantes (MILES; SNOW, 1978; MORGAN, 1996). Por
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intermédio das evidências que espelham as mudanças estratégicas transcorridas ao longo do
período de estudo delimitado. Os objetivos específicos são: expor, decompor e interpretar os
estados de mudança estratégica identificáveis na territorialidade estudada, em termos do seu
conteúdo (qual a mudança), do seu contexto (o porquê da mudança) e do seu processo (como
se deu a mudança), em harmonia com o modelo de análise de mudança organizacional
proposto por Pettigrew, Ferlie e Mckee (1992).
2. Método da Pesquisa
Sob o ponto de vista metodológico, esse estudo de caso é de natureza qualitativa, do
tipo singular.
A pesquisa qualitativa tem por rito um processo que não admite visões isoladas,
parceladas ou estanques. Ela se desenvolve num dinamismo interativo, retroalimentando-se,
reformulando-se constantemente, de maneira que, por exemplo, a coleta de dados em
determinados momentos passa a ser, também, análise de dados, e essa, em seguida, é veículo
para nova busca de informações. A pesquisa assume, então, características de um processo
simultâneo e não linear (TRIVIÑOS, 1987).
Entre os motivos de ter-se adotado o estudo de caso para a realização desse trabalho
está o fato de ser uma metodologia recomendada por Mintzberg (1997) para a construção de
modelos de análise de mudanças organizacionais. O modelo foi adaptado para um caso de
análise de mudança cultural (sua história e desenvolvimento cultural). Nesta adoção
metodológica, o tratamento do objeto de pesquisa é conferido por dados e observações de
fatos desenvolvidos de forma indutiva e pela investigação sistemática do comportamento de
uma determinada organização. No caso do presente trabalho, a organização referida é o
território de um município da Região Missioneira do Estado do Rio Grande do Sul.
Optou-se em não divulgar o nome do município por razões de preservação da
identidade das pessoas que foram entrevistadas e que contribuíram para a descrição dos fatos
mencionados.
As características que nortearam o desenvolvimento deste estudo estão enraizadas em
Merriam (1998) e comportam as suas dimensões particularista, descritiva e heurística. A
propriedade particularista relaciona-se ao estudo de uma situação específica, de um evento,
programa ou fenômeno, cuja importância se vincula ao que revela em si sobre um objeto
delimitado e pelas representações que a situação pode assumir. O caráter descritivo
correlaciona-se a um produto final constituído por um rico detalhamento do fenômeno
analisado. A sua característica heurística corresponde ao fato de que um estudo de caso
pretende iluminar o entendimento do leitor a respeito do fenômeno investigado e, dessa
forma, ao discorrer sobre as razões de um problema, o pano de fundo de uma situação, o que
aconteceu e o “porquê” do sucedido possuem a intenção de uma “descoberta”, de um
“achado”.
Assim, informado por essas diretivas, o presente trabalho configura-se como um estudo
interpretativo procedido por meio de uma análise longitudinal, explicitada pela sua
temporalidade e conformada pelo período histórico delimitado como universo investigado
(1626/2011).
Para a consecução da pesquisa e a consequente materialidade deste estudo, as técnicas
utilizadas para a coleta de dados foram entrevistas, pesquisa documental e pesquisa
bibliográfica.
As entrevistas do tipo não-estruturadas foram realizadas junto a sete pessoas, sujeitos
da pesquisa, que têm conhecimento histórico dos processos ocorridos no território, ou ocupam
espaços influentes na comunidade local. O primeiro entrevistado é estudioso sobre as questões
históricas do território e há cerca de quinze anos é funcionário municipal. O segundo é
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Técnico Agrícola da empresa de assistência técnica rural local. O terceiro é vice-prefeito por
dois mandatos e ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. O quarto é
empreendedor, proprietário de um complexo hoteleiro local e estudioso das questões
antropológicas de formação do povo local. A quinta entrevistada foi a responsável pela área
de bem-estar social da empresa de assistência técnica rural local. O sexto é o atual Prefeito
Municipal e o sétimo entrevistado é o atual Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Pelas entrevistas, buscou-se obter informações detalhadas sobre as vivências desses sujeitos
no exercício dos seus cargos e suas percepções frente a situações correlacionadas ao objeto de
investigação (MARTINS, 2006).
Com relação à pesquisa documental, buscaram-se informações complementares sobre
elementos que importassem processos de mudança e adaptação estratégica da territorialidade
do município em documentos.
A pesquisa bibliográfica foi realizada em livros e periódicos especializados,
principalmente quanto à história de formação indígena e Jesuítica-Guarani. Essa tarefa exigiu
a compreensão de fatos e acontecimentos da conjuntura sociopolítica mais ampla relacionada
aos períodos históricos sob análise, que, a sua vez, relacionavam-se com as mudanças e
decisões estratégicas implementadas na territorialidade estudada, mas que não estavam
suficientemente presentes na percepção interpretativa dos sujeitos entrevistados.
Por fim, embasado nesses procedimentos metodológicos, embora não estritamente
sequenciais, o estudo cumpriu as seguintes fases de trabalho:
1) realização simultânea das entrevistas, pesquisa documental e bibliográfica, de modo
que a coleta e a análise dos dados se constituíram em processo interativo profícuo para
identificar categorias conceituais e descobertas emergentes;
2) elaboração de uma lista de eventos considerados relevantes do ponto de vista
estratégico, com base nas informações e dados extraídos das entrevistas e da análise
documental;
3) definição dos períodos estratégicos históricos referendados pela percepção dos
entrevistados e na interpretação dos pesquisadores;
4) caracterização das condições do contexto sociopolítico local que tiveram
repercussões influentes nas ações e decisões da suas respectivas gestões, com base nas
percepções dos entrevistados e da pesquisa documental e bibliográfica;
5) análise teórica dos períodos estratégicos formatados.
3. Mudança Estratégica: Períodos Históricos e Eventos Marcantes
Para explicar o processo de mudança estratégica da gestão territorial investigada,
identificaram-se dezessete eventos críticos de maior relevância para a territorialidade no
período compreendido entre 1626 e 2011 (Quadro 1). Entende-se por evento crítico a
mudança ápice que tem influência decisiva no curso do processo de mudança estratégica de
uma organização (CUNHA, 1996).
Com base nesses eventos críticos, definiram-se, então, três períodos históricos
estratégicos que contemplaram as mudanças na organização estudada (Quadro 1). O período
estratégico é caracterizado por um conjunto de decisões que cria um padrão de
comportamento característico desse mesmo período (SAUSEN, 2003).
Os períodos estratégicos históricos e respectivos eventos críticos correlacionam-se
conforme a demonstração que se descreve abaixo.
Quadro 1 – Períodos Estratégicos e Eventos Críticos
Períodos Estratégicos
Eventos Críticos Relacionados
Históricos
Período 1
I
1626 Fundação da Redução Jesuítica
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Projeto Jesuítico Guarani
(1626 a 1768)
Período 2
Abandono e Dependência
(1768 a 1966)
Período 3
Emancipação e a Herança
Histórica e Cultural Presente
(1966 a 2011)
II
III
1636 Início do ataque dos Bandeirantes à Região
1638 Primeira expulsão dos Jesuítas e Povo
Guarani
IV
1687 Retorno da Redução Jesuítica
V
1754 Início da Guerra Guaranítica
VI
1756 Final da Guerra Guaranítica e segunda
expulsão
VII 1761 Retorno dos Jesuítas e Guaranis e início da
reconstrução da Redução
VIII 1768 Expulsão dos Jesuítas das terras da
América e final do projeto JesuíticoGuarani
IX
1768 Gestão militar espanhola do território
X
1801 Primeira ocupação portuguesa do território
XI
1828 Retomada do Território pela Argentina e
fundação da Província das Missões
Orientais do Uruguai
XII 1829 Tomada definitiva portuguesa do território
XIII 1880 Emancipação de São Luiz Gonzaga
XIV 1966 Emancipação do Município
XV 1975 Início da Revolução Verde e o ciclo da
soja
XVI 1983 Crise agrícola e o aparecimento de grave
crise social
XVII 2005 Diálogo e início de tempo de paz
XVIII 2011 Planejamento e esperança nos projetos
futuros
Fonte: Elaborado pelos autores.
Uma vez especificados os períodos e as suas respectivas composições quanto aos
eventos críticos, a segmentação de cada período estratégico focaliza a descrição dos eventos
que caracterizaram as mudanças estratégicas processadas em consonância com as influências
dos ambientes relacionais da organização territorial delimitados na seção anterior. Utilizandose de abordagens teóricas existentes na literatura e que permitem a substantivação das
mudanças estratégicas percebidas, traz-se, na sequência, o detalhamento e a análise dos
respectivos períodos.
Nesta parte do trabalho aparece, também, a configuração das categorias analíticas do
processo de mudança organizacional propostas por Pettigrew, Ferlie e Mckee (1992), que levam
em consideração, em relação às mudanças, o seu conteúdo (o quê mudou), o seu contexto (por
que mudou) e o seu processo (como mudou). Essas categorias constam tanto da descrição dos
eventos de cada período, quanto da análise dos mesmos. As estratégias dispostas são interpretadas
de forma mais pontual.
PERÍODO ESTRATÉGICO HISTÓRICO 1 – PROJETO JESUÍTICO GUARANI (1626 a
1768)
Este período teve início com a entrada dos Jesuítas no dia 3 de maio de 1626 e a
fundação da redução pesquisada e findou em 1768, com a expulsão dos Jesuítas das terras da
América Espanhola, marcando o final do ciclo Jesuítico-Guarani.
Evento I – Fundação da Redução Jesuítica de São Nicolau (1626)
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No dia 3 de maio de 1626, após várias tentativas de passar o rio Uruguai, os padres
Roque Gonzáles, de Santa Cruz, e Afonso Rodrigues fundam a Redução Jesuítico-Guarani
objeto dessa pesquisa, marcando o início da colonização do que muito tempo depois se
chamou Estado do Rio Grande do Sul. Neste momento, a territorialidade estudada pertence ao
domínio da Espanha, através do Tratado de Tordesilhas de 1494. Sobre a implantação da
redução, Palacios e Zoffoli (1991) observam que conseguida a comunidade agrícola,
favorecida pela boa seleção de terras com alta fertilidade e adiantando-se a seu entorno
colonial e à sua época, os jesuítas criaram uma sociedade que foi, durante um século e meio,
um modelo de desenvolvimento social, econômico, cultural e cristão. Nunca estará demais
repetir que essas transformações lograram com grupos indígenas um estado de
desenvolvimento neolítico. Acerca das reduções, Melià (1997) afirma que a “redução” era
outro tipo de estrutura colonial prevista para os índios, no qual congregavam de fato vários
cacicados. O novo espaço colonial urbanizado a modo dos povos espanhóis, porém sem
espanhóis morando neles, devia facilitar a instrução religiosa, a vida política e humana e a
agricultura. Os missioneiros eram de fato os representantes da administração colonial
espanhola, sendo os principais responsáveis da programação da vida cristã e política, as
reduções dos jesuítas lograram desenvolver certa autonomia, evitando a submissão aos
buscadores de escravos e até a entrada de espanhóis no território dos povos guaranis. A
primeira fase missioneira, no atual território do Estado do Rio Grande do Sul, foi composta
por 18 reduções.
Evento II – Início do ataque dos Bandeirantes à Região (1636)
Em 1636 chegou à região do Tape (hoje Rio Grande do Sul) a primeira bandeira
paulista com intenções de escravizar os índios reduzidos, tendo como principal comandante
Antonio Raposo Tavares. Outros ataques contaram com a participação de Manoel Preto e
Jerônimo Coelho (SOLERA, 2006). O mesmo autor diz que fontes como Montoya,
Charlevoix, Pastells, Bruxel e outros, apontam o número de trezentos mil índios, entre
reduzidos e não reduzidos, levados como escravos pelos Bandeirantes do conjunto dos 30
Povos que naquele momento se distribuíam onde hoje é o Estado do Paraná, do Mato Grosso
do Sul e do Rio Grande do Sul, sem esquecer um mesmo número de mortos nos ataques. Na
territorialidade estudada, com os diversos ataques e finalmente a morte do Padre Superior,
Diego de Alfaro, somada aos milhares de índios escravizados e aos saques sofridos, decidiram
os jesuítas abandonar a Região Missioneira. Deixaram para trás o gado que havia sido
introduzido em 1634 e que se multiplicou em grande escala. Esse gado formou a base da
economia para as reduções no seu retorno a partir de 1682 e também depois constituiu o gado
do tropeirismo, das charqueadas e estâncias do Rio Grande do Sul, ou seja, a base da
economia do Estado até a metade do século XX.
Evento III – Primeira expulsão dos Jesuítas e Povo Guarani (1638)
Migraram para o outro lado do rio Uruguai, a partir de 1638, 18.500 índios
cristianizados (LARGUIA, 2000). As devastações ocasionadas pelos bandeirantes foram de
muita importância para o abandono de áreas ocorrido naquela primeira fase. O mundo
colonial apoiava as insanidades, pois, de maneira alguma, aceitava a existência de
comunidades indígenas livres. Como os ataques poderiam retornar a qualquer momento, o
Padre Montoya foi a Madri, em 1639 e obteve, “saltando por cima” das autoridades coloniais
e para estupefação geral, autorização para armar um contingente guarani, fato proibido até
então. Em 1640, em março, quando não foi ainda possível obter fuzis senão para 300
guaranis, que só possuíam um único canhão, o exército das reduções teve de enfrentar os
mamelucos na Batalha de M’Bororé, nas margens do rio Uruguai. Foi a única vitória Guarani
frente aos Bandeirantes, que não mais apareceram.
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Sobre a vida no período pós-primeira expulsão, Flores (1997) comenta que, com a
transmigração dos missioneiros, o território das reduções jesuíticas confinou-se entre os rios
Paraguai e baixo Paraná. Buscavam o gado deixado nas vacarias, localizado do lado oriental
do rio Uruguai, bem como a erva-mate. Em 1680, os portugueses fundam a Colônia do
Sacramento, em pleno território Espanhol, em frente a Buenos Aires, do outro lado do Rio da
Prata, com finalidades militares de estender a fronteira do império luso até o Rio da Prata e de
criar um entreposto de contrabando. Com a aproximação portuguesa, os jesuítas, a partir de
1682, começam a retornar ao antigo território.
Evento IV – Retorno da Redução Jesuítica (1687)
Entre as migrações e as novas fundações formaram os Sete Povos das Missões. Não
retornaram as dezoito reduções do primeiro ciclo para onde hoje é a parte brasileira. A
redução transmigrou no ano de 1687 do outro lado do rio Uruguai. O Padre Anselmo de La
Mata foi quem construiu a nova igreja. Notabilizou-se por agrupar índios artistas, dos
melhores das missões, também eram considerados como exemplo de virtude, chegou a 8.000
índios. Esse período foi de esplendor dos 30 povos. Cresceram imensamente e realizaram uma
das maiores façanhas da humanidade (LUGON, 1977). O mesmo autor diz que os próprios
jesuítas na Europa chamaram de “realização do ideal do cristianismo”, já Charlevoix e
Muratori reconheceram como um modelo sem precedentes da história cristã, Voltaire exaltouos como “triunfo da humanidade” e Montesquieu como “primeiro estado industrial da
América”. Analisa que a disposição interior das reduções correspondia a um plano quase
uniforme, estabelecido para todas as reduções, que, nesta segunda fase, eram construídas em
pedras de arenito, cobertas por cal. Só se conhecia o ângulo reto. A igreja formava o centro da
cidade. O cotiguaçu era o símbolo da fraternidade com que a sociedade cuidava dos
necessitados, local que servia de asilo e orfanato. Quanto às manifestações artísticas, os 30
Povos tiveram uma grande produção, principalmente ligada à arquitetura, escultura, pintura,
música, dança e teatro; todas essas ciências à disposição do desenvolvimento da religião entre
os nativos. Quanto à saúde e saneamento, usavam-se as melhores técnicas europeias à
disposição naquela época. Os corregedores e todos os funcionários eram escolhidos pelo
próprio povo em eleições anuais. Os padres possuíam livros de agricultura trazidos da Europa,
e procuravam adaptar as soluções aos problemas da América. Em cada redução, no momento
das lavouras, seiscentos a oitocentos animais de lavração estavam em atividade. A pecuária
fez a base da economia das reduções. Era o principal elemento de consumo interno. O couro
era um elemento essencial de exportação. Diz que no princípio, produziam ferramentas
agrícolas, transportes, vestuário, habitação. Os teares estavam em todas as reduções; no
inverno, produzia-se com lã, e no verão, com algodão. A produção servia para a própria
redução. O excedente era vendido para Buenos Aires, Córdoba e Tucumã. Logo a exportação
se ampliou para a Europa. Existiam moinhos de vento e de água. Todas as artes de ofício
prosperavam. O comércio, na sua forma tradicional, entre o povo, era desconhecido nas
missões. A população obtinha os artigos sem dinheiro, nem qualquer espécie de moedas.
Quanto ao trabalho, os guaranis, durante o período reducional, tinham uma jornada diária de
seis horas, diferente e muito da praticada nos países europeus que chegavam a ter, no mesmo
período, dez horas ou mais. A educação foi um dos elementos fundamentais para o
desenvolvimento do projeto, pois retirar um povo do Neolítico e colocá-lo no Barroco em tão
curto espaço de tempo foi realmente uma das maiores façanhas da humanidade. Os meios de
comunicações eram por terra, rios e sinais por espelhos entre as reduções. Com um
desenvolvimento sociocultural e tecnológico tão grande, as ideias divulgadas na Europa sobre
as Reduções Jesuítico-Guaranis causavam grande pavor nas classes tradicionais europeias. O
autor afirma que em 1750, as missões jesuíticas dos guaranis atingiram o seu mais alto ponto
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de esplendor. Em meio às negociações referentes ao Tratado de Madri efetivado em 1750,
Alexandre de Gusmão, articulador do Tratado, astuciosamente aceita a troca da Colônia do
Sacramento, domínio português, pelos Sete Povos, possessão espanhola, o que levou
inevitavelmente à Guerra Guaranítica.
Evento V – Início da Guerra Guaranítica (1754)
Com a reação dos guaranis ao Tratado de Madri de 1750, que previa a transferência dos
Sete Povos Missioneiros para a outra banda do rio Uruguai, iniciaram-se as tratativas para
retirada, à força, da população guarani. As operações militares começaram em abril de 1754.
Em 1755, após algumas lutas inócuas, os dois exércitos, lusos e castelhanos, se uniram
formando a maior coalizão militar colonial até então montada. Sob o comando de Gomes
Freire estavam reunidos mais de 1.600 soldados e 200 vaqueanos, bons conhecedores do
terreno. Portavam armamento de grande porte, como canhões, granadas, fuzis, pistolas e
lanças. Acompanhava ainda o exército um comboio de 73 carretas, 200 escravos, 6.000
cavalos e mais de mil bois. Pelo lado castelhano, mais 1670 homens. Desses, apenas 470 eram
militares regulares, os demais eram milicianos recolhidos em fazendas argentinas, os
chamados blandengues, homens sanguinários cuja violência ficaria conhecida em Caiboaté,
palco da grande batalha final. Além destes, a operação trazia mais 200 carretas, 7 mil cavalos,
800 mulas e 6 mil vacas para abate (OLIVEIRA, 2009).
O mesmo autor analisa que no início de 1756, os Reis de Portugal e da Espanha deram
ordem para que as hostilidades prosseguissem. Agora de forma organizada e integrada, os
dois exércitos, no dia 16 de janeiro, entraram em campanha. Apesar de toda a contraposição
dos guaranis, que usavam o método de guerrilha contra os dois poderosos exércitos, tiveram
que recuar. No dia 07 de fevereiro de 1756, é morto Sepé Tiaraju, comandante das forças
missioneiras (hoje, herói da Pátria brasileira). Em 10 de fevereiro, ocorreu a Batalha de
Caiboaté, em que morreram 1.500 índios. As forças organizadas missioneiras, não tendo mais
forças de resistência, decompõem-se.
Evento VI – Final da Guerra Guaranítica e segunda expulsão (1756)
Depois de tomada a redução de São Miguel, as forças tomaram São Lourenço, São João
e Santo Ângelo (OLIVEIRA, 2009). À redução foco da pesquisa, as tropas só chegaram ao
final do ano de 1756, ainda encontrando uma força de retaguarda que matou o capitão e
alguns soldados dos exércitos invasores. Novamente o Povo Missioneiro é expulso para o
outro lado do rio Uruguai. Depois de tomada a região dos Sete Povos, 3.000 índios foram
levados pelo General Gomes Freire para formar as atuais cidades de Gravataí, antiga Aldeia
dos Anjos, Viamão e Cachoeira do Sul.
Evento VII – Retorno dos Jesuítas e Guaranis e início da reconstrução (1761)
Carlos III começou a governar a Espanha em 1759 e desde Madri mandou que o
Governador de Buenos Aires preparasse a devolução dos Sete Povos aos índios que haviam
saído violentamente e conseguiu a anulação do Tratado de 1750, dando razão aos jesuítas.
Assinou um novo Tratado, que se efetuou em 12 de fevereiro de 1761. Os índios e os jesuítas
estavam de volta e começaram a reconstrução daquilo que estava destruído. Reorganizar as
igrejas, as casas dos índios, as oficinas, replantar a quinta (horta dos padres), replantar as
hortas comunais e as particulares, restabelecer o gado nas estâncias, ensaiar os corais,
reiniciando tudo quase do nada (OLIVEIRA, 2009).
Evento VIII – Expulsão dos Jesuítas das terras da América e final do projeto JesuíticoGuarani (1768)
O documento assinado em 1767 pelo rei da Espanha efetiva, em 1768, a expulsão dos
jesuítas das suas terras. Esse documento termina com a mais original experiência, de maior
impacto, prestígio e polêmica história missionária e de socialização cristã da Espanha na
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América. No momento da expulsão, havia setenta e sete missioneiros jesuítas nos Trinta
Povos: 42 espanhóis, 13 alemães, 11 argentinos, 8 italianos, 2 húngaros e 1 francês. Com a
expulsão dos Jesuítas, termina o ciclo Jesuítico-Guarani (OLIVEIRA, 2009).
PERÍODO ESTRATÉGICO HISTÓRICO 2 – ABANDONO E DEPENDÊNCIA (1768 a 1966)
Esse período tem a sua eclosão no ano de 1768, com a expulsão dos Jesuítas e a
sucessiva administração militar espanhola, e vai até 1966, com a emancipação do município.
Evento IX – Gestão militar espanhola do território (1768)
Após a expulsão dos Jesuítas, uma nova organização administrativa tomou conta dos
30 Povos, com uma forma muito parecida à anterior, porém com mais pessoas, salários e
burocracia. Nomearam um Administrador Geral, Administradores Regionais e um
Administrador em cada povo. O Sistema Administrativo “ficou no papel” ao ir desaparecendo
a organização, produção e habitantes dos 30 Povos. Os documentos, com frequência,
mencionam referências sobre a baixa qualidade dos militares, administradores e religiosos, os
quais não falavam o idioma Guarani, desconheciam os meios para mover aquela complicada
máquina administrativa e técnica posta sob sua responsabilidade. Constantemente, tinham que
ser substituídos ante a prova de ambição desmedida, imoralidade e maltrato à população
indígena.
Evento X – Primeira ocupação portuguesa do Território (1801)
Em fevereiro de 1801, Carlos IV, da Espanha, cedendo às pressões de Napoleão
Bonaparte, havia declarado guerra a Portugal. Apesar de a guerra ser curta, suas
consequências para os Sete Povos Orientais foram péssimas. Os portugueses, no Brasil, não
desperdiçavam ocasião alguma de avançar território desde suas posições na costa atlântica,
invadindo os territórios de ocupação espanhola. Manoel dos Santos Pedroso e Borges do
Canto se levantaram, com 40 homens, para atacar o exército de ocupação espanhol, que
possuía mais de 2.000 homens. Verificou-se contarem eles com a anuência entusiasmada dos
poderes públicos, do exército e do povo. Em 1816, Andresito Guacurari, de descendência
indígena, filho adotivo do General Artigas, organizou um pequeno exército com os índios que
restavam na região na tentativa de retomar o território para os Guaranis, não alcançando o
intento. Larguia (2000, p. 101) transcreve uma carta de Andresito, que diz: “não há outro fim
que me mova a derramar a última gota de sangue por nosso solo nativo tirado com toda a
desonra, pois estes territórios são dos naturais missioneiros a quem corresponde o direito de
governar-se, sendo tão livres como as demais nações”. Em 1819, Guacurari fez o seu segundo
intento de tomar as missões orientais, passando pelo Passo de São Lucas, atacou primeiro a
territorialidade pesquisada com um exército de 1.200 homens, não teve dificuldades de
apoderar-se do povo. Depois é preso pelos portugueses e, finalmente, ocorre sua morte no Rio
de Janeiro. Até 1827 o território permanece com gestão portuguesa.
Evento XI – Retomada do Território pela Argentina e fundação da Província das Missões
Orientais do Uruguai (1828)
Ocorreu a retomada a partir da madrugada do dia 25 de fevereiro de 1828 (LARGUIA,
2000). Rivera, em companhia de seus fieis oficiais e dois bandos de índios CharruasMinuanos, ao mando dos caciques Juan Pedro e Polidoro, com cerca de 300 efetivos iniciam
as atividades. Em 17 de maio de 1828, Rivera já possuía controle absoluto dos Sete Povos
Orientais. Buenos Aires festejou com imensa alegria a reconquista das Missões Orientais.
Instalada a província, ocorre a eleição direta. Entre os deputados eleitos, havia guaranis, como
Vicente Yatuhi, pelo território pesquisado; Fernando Tiraporé, por São Borja, e notórios riograndenses, como Francisco Borges do Canto e Manoel Pedroso do Camargo, ambos irmãos
de sangue dos principais líderes da invasão portuguesa de 1801. Como Governador Interino,
designou-se o Coronel Vicente Martinez. A sede do governo estava em São Borja. O
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Congresso das Missões Orientais designou como Governador o General Rivera, com mandato
de três anos. No final do ano, o Brasil impõe um tratado com a Argentina, e é libertada a
Província Cisplatina, brasileira e, em troca, o território das Missões, argentino, voltou para o
Brasil. Rivera, quando partiu para o Uruguai, e depois se tornou o primeiro Presidente da
República, levou consigo boa parte dos guaranis, as vacas missioneiras e 70 carretas com o
que ainda havia de riqueza nos Sete Povos, fundando a Colônia de Bela União, próxima à
barra do rio Quaraí.
Evento XII – Tomada definitiva portuguesa do território (1829)
Após a retirada de Rivera, assume definitivamente o território missioneiro o mundo
luso-brasileiro, com a entrada de famílias de origem portuguesa que foram se mesclando com
os nativos que aqui restaram. Posteriormente, foram entrando novas etnias, dentro da política
de mestiçagem constituída no País. O imperador Pedro II tornou-se amigo de Gobinau,
francês, defensor de que o Brasil deveria trazer europeus para miscigenar, no sentido de
aumentar a sua força de trabalho. Essa amizade rendeu uma longa correspondência sobre
temas políticos, sociais, econômicos etc. (SOLERA, 2006).
Evento XIII – Emancipação de São Luiz Gonzaga (1880)
O território pesquisado, no período de ocupação espanhola, era um dos portões de
entrada dos Sete Povos. Com a Administração brasileira, especialmente a partir de Porto
Alegre, passou a fazer parte do final do Estado e do País, por isso é importante se referir à
emancipação mais próxima, que foi a de São Luiz Gonzaga, no ano de 1880, a qual ocorreu a
partir do município de Santo Ângelo, este de Cruz Alta e, finalmente, este de Rio Pardo. Com
um sistema de gestão mais próximo, ocorre o primeiro passo para sonhos maiores.
PERÍODO ESTRATÉGICO HISTÓRICO 3 – EMANCIPAÇÃO E A HERANÇA HISTÓRICA
E CULTURAL PRESENTE (1966 a 2011)
Este período estratégico se inicia com a emancipação do município, segue até o
momento presente e reflete o modo de ser da sociedade local, construído milenarmente.
Evento XIV – Emancipação do Município (1966)
A emancipação ocorreu em 08.05.1966, tardiamente levando-se em conta que foi a
primeira territorialidade do Rio Grande do Sul a receber a presença de não-índios
(03.05.1626). Já há muito tempo, havia a vontade interna de que a localidade pudesse ser
gerida por sua própria gente, o que ocorreu nesta data. A “Primeira Querência do Rio Grande”
foi sendo valorizada pelo povo local pela importância histórica e por ser exemplo da formação
da cultura gaúcha. A sociedade local tem presente que o gaúcho foi formado principalmente
pelo guarani, que foi o primeiro domador e trabalhador com o gado. O povo do período da
emancipação era muito parecido com o povo que milenarmente pertencia ao território, visto
que, como dizem os entrevistados, existia uma indolência presente nas vilas mais pobres. Nos
horários de expediente, encontravam-se com facilidade as pessoas tomando chimarrão,
proseando com o vizinho, não preocupadas com o amanhã, conforme se estuda sobre a índole
nativa. “O importante é viver o hoje, o amanhã a Deus pertence”. A grande maioria dos
moradores dos bairros e vilas não se dá por conta de que são descendentes daqueles índios do
período reducional. Não percebem que o seu bisavô era um daqueles que vivia de forma
indígena neste mesmo lugar. Na época da emancipação, boa parte das famílias sobrevivia do
comércio de produtos da Argentina através do Porto de Santo Izidro; ônibus levavam os
brasileiros e movimentavam centenas de pessoas, almoços, transporte, um comércio formiga
que aguçou a economia daquele período.
Evento XV – Início da Revolução Verde e o ciclo da soja (1975)
Com a entrada de grandes programas de financiamento e apoio ao desenvolvimento da
agricultura, o município teve seu período áureo entre 1975 a 1983, quando ocorreu a
10
“Revolução Verde” no país. Nesse período, “plantavam e enxergavam o lucro”. A mudança
cultural foi tão grande que famílias tiravam o próprio arvoredo e parreirais ao redor de suas
casas. Alguns entrevistados consideram que foi o pior momento da história da agricultura
familiar. Nesse período, entram mais fortemente famílias de origem italiana, alemã e polonesa
em busca de terras baratas no município.
Evento XVI – Crise Agrícola e o aparecimento de grave crise social (1983)
As novas tecnologias, desempregadoras na agricultura, e especialmente o declínio da
“Revolução Verde”, levaram a uma crise local sem precedentes. A instabilidade social local,
em que as famílias mais poderosas sofreram com as crises, fez com que um processo interno
que estava silencioso aparecesse fortemente. Uma série de assassinatos manchou a história
local: a crise acirrou as rivalidades entre as famílias líderes, e a partir daí inflamou-se dentro
da sociedade a violência, com grandes prejuízos. O município foi visto como pior município
em convivência do Estado, foi muito mal falado por todos; a comunidade tinha vergonha de
dizer que era do local. O maior índice de morte era por emboscada. A brutalidade deve-se ao
reduto de pessoas que mantêm o modelo em que os matadores de aluguel vêm de avô para pai
e para filho. A justiça esteve sempre muito distante: pode haver centenas de testemunhas de
um fato, porém, na hora de escrever, dizer à polícia o que viram, não o fazem, porque têm
medo e sabem que algo vai acontecer como resultado de sua ação. Novos moradores, quando
vêm para o local, são avisados de que devem ficar longe da política, pois há perigo nos
períodos eleitorais. Há uma espécie de “coronelismo” presente e que causa medo com relação
às eleições futuras. Com a crise da agricultura e restrição de crédito, os que não melhoraram o
sistema de produção venderam as terras e foram para a cidade. O encerramento da época de
ouro da soja fez com que muitas pessoas mais empreendedoras, a força de trabalho, fossem
embora a partir de 1985. Deslocaram-se para Porto Alegre, Caxias do Sul, Bento Gonçalves,
Farroupilha, Vale dos Sinos, Cachoeirinha, Encantado e Alvorada, principalmente. Outro
fator importante para o aumento da crise foram as chuvas intensas com cheias, e as estiagens
prolongadas. Em meio à crise, em 1989, Pirapó se emancipou. Com isso, houve uma grande
perda de população. O município já teve 10.000 habitantes e hoje possui pouco mais de 5000.
Nesse período (1987 e 1995), é construída a ligação asfáltica, mas logo se destruiu. Foi refeita
no ano 2005.
Evento XVII – Diálogo e início de tempo de Paz (2005)
A partir de 2005, as administrações municipais propuseram a diminuição dos atritos
políticos internos e não ocorrem mais assassinatos do tipo que ocorria. ‘O renascimento
concreto nasceu há 5 anos, exatamente no momento em que as relações se acalmaram no
município’. Os investimentos federais refletiram-se no desenvolvimento econômico e social:
5 milhões em casas, programas de revitalização das estradas vicinais de 800 mil reais;
equipamentos foram distribuídos para a população; o Programa Bolsa Família melhorou
muito a vida das pessoas mais necessitadas. Com sobras no orçamento municipal, pôde-se
investir em equipamentos, como as patrulhas agrícolas e outros benefícios sociais. Com
relação ao êxodo, a situação melhorou. Os programas federais estão fixando os moradores
locais, por exemplo, são 160 pescadores que recebem benefícios quando estão em época de
defeso da pesca, não pensam em ir embora. Houve melhorias em suas casas, instalação de luz,
e a maioria conseguiu comprar um veículo ou carreta agrícola. O empreendedorismo vem
melhorando. Na atividade da suinocultura, por exemplo, com a entrada de empreendedores de
outros locais, construíram-se quatro galpões grandes. Hoje são mais de 10000 porcos gerando
riquezas, empregos e impostos.
Evento XVIII – Planejamento e esperança nos projetos futuros (2011)
11
O empreendedorismo começou há pouco, com a vinda de pessoas de outros locais,
potencial vivo pelas excelentes condições das terras. Outro potencial é a volta dos filhos da
terra que se foram e que começam retornar empreendendo novos negócios. O turismo cultural
e da natureza é uma possibilidade de desenvolvimento. Com as barragens da hidroelétrica de
Garabi, previstas para 2012, deverão ser empregados entre 10 mil e 30 mil funcionários. A
primeira barragem é no município vizinho de Garruchos e a segunda no município foco da
pesquisa, o que deverá, na construção e na sequência dos trabalhos, refletir poderosamente na
economia municipal. Os programas do Governo Federal deverão continuar, melhorando a
qualidade de vida da população. Um exemplo, na visão do empreendedorismo na agricultura
familiar, está no programa de aquisição de alimentos; as escolas estão iniciando a compra de
merenda escolar de, no mínimo, 30% do município, o que economicamente é bom, mas,
muito mais, está-se criando um novo tipo de cultura de produção. O local tem muitas
possibilidades de uso de irrigação, pois é coberto por uma rede hídrica que, unida com as
possibilidades de comércio regional, pode promover o desenvolvimento local. Há projetos
para qualificação da mão-de-obra, pois, tanto as barragens quanto as novas possibilidades na
agricultura familiar necessitam de especialistas.
3.1. Análise Teórica do Estudo de Caso
A ocupação do território missioneiro pelo Povo Guarani – as movimentações ocorridas
na Nação Guarani desde o período de 8000 anos atrás, fizeram com que chegassem à região
por volta de 500 a.C. Através do comando de seus caciques e pajés, ocuparam a
territorialidade por embates com outras tribos que anteriormente estavam no território,
ocupando boa parte do atual território do estado, especialmente as Bacias do Uruguai, Ibicuí e
Jacui. Essas estratégias parecem muito com sistemas não lineares, onde a imprevisibilidade e
as estruturações complexas e estruturas dissipativas regem o sistema organizativo. O caos, a
complexidade e as possibilidades de milhares irem a qualquer lugar através das estruturas
dissipativas existentes poderiam ser explicados pela Teoria do Caos. No livro O pensamento
de Prigogine, Spire (1999) escreve sobre estruturas dissipativas e suas bifurcações. Em certas
condições críticas de constrangimento exterior, as ínfimas flutuações naturais e constantes de
um sistema não podem deixar de ser diminuídas, mas, pelo contrário, ampliadas e arrastarem
o sistema numa outra direção; o ramo da bifurcação escolhida pelo sistema é imprevisível,
longe do equilíbrio, com efeitos inéditos, e, por consequência, imprevisíveis. Há o
esquecimento das condições iniciais, uma irreversibilidade. Existem atratores estranhos,
complexos, em que o sistema é atraído para um conjunto de novos pontos. Nas bifurcações há
sempre comportamentos diferentes, pluralidade nas decisões. Dessa forma, nesse universo e
nesse delimitado Período Estratégico, identificou-se que, na organização do objeto de estudo,
houve a prevalência de estratégias tipicamente relacionadas à Escola de Aprendizado, cuja
formulação se dá como um processo emergente (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL,
2010). As capacidades propiciadas pelo aprendizado organizacional aumentam a capacidade
da organização de tirar proveito de condições externas em rápida mudança. As estratégias que
emergem do aprendizado são suficientemente abertas não só para reagir a situações
inesperadas, como também para tirar vantagens delas.
O Período Estratégico Histórico 1 – Projeto Jesuítico Guarani – foi iniciado pela
entrada dos Jesuítas no território em estudo e findou com a sua expulsão. Apesar dos
problemas iniciais averiguados na primeira fase missioneira, manteve-se sempre um sistema
organizativo muito profundo, com ânsia pelo equilíbrio (BAUER, 1999), seguindo as leis que
determinavam a localização e o modelo das reduções. O sistema de trabalho e de gestão se
dava a partir de dois jesuítas em cada localidade, responsáveis pelo planejamento local, que
coordenavam uma série de caciques que gerenciavam o conjunto da população; havia um
12
padre geral coordenando a província e um sistema organizado de produção e distribuição
através de representantes comerciais jesuítas nos portos de produção, em Buenos Aires e na
Europa, demonstrando um tipo de estratégia estudada por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel
(2010), chamado Escola de Planejamento, no qual a estratégia está posicionada como um
processo formal. As estratégias devem resultar de um processo controlado e consciente de
planejamento formal, decomposto em etapas distintas, cada uma delineada por checklists e
apoiada por técnicas. A responsabilidade por todo o processo está, em princípio, com o
executivo principal; na prática, a responsabilidade pela execução está com os planejadores. As
estratégias surgem prontas deste processo, devendo ser explicitadas para que possam ser
implementadas por meio da atenção detalhada a objetivos, orçamentos, programas e planos
operacionais de vários tipos.
No Período Estratégico Histórico 2 – Abandono e dependência – novamente o caos,
com mudanças sucessivas no ambiente local. O período tem seu início após a expulsão dos
Jesuítas e a sucessiva administração militar espanhola passa pelo primeiro momento de gestão
portuguesa, depois retornando rapidamente à administração espanhola, com a criação da
Província Argentina das Missões Orientais e, finalmente, a tomada definitiva do território
pelo Brasil até o momento inicial das lutas emancipatórias do município. Bauer (1999)
escreve sobre a organização caótica que opera na instabilidade. Questiona sobre quais são os
agentes geradores de todas as causas constitutivas de qualquer sistema social e responde que
são as pessoas, tanto dotadas de livre-arbítrio como sujeitas à coerção de outrem e cujo
comportamento é imprevisível. Os sistemas são simultaneamente estáveis e instáveis e têm
seu comportamento previsível no curto prazo e imprevisível no longo prazo, mas com tal
instabilidade mantida dentro de certos limites, delimitadamente instáveis. A emergência do
novo no ambiente é possibilidade organizacional, um atributo da organização que surge
espontaneamente. Tem-se neste caso a formulação de estratégia como um processo reativo:
Escola Ambiental (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010); ela tem suas origens na
teoria da contingência, na qual tudo depende, situações diferentes dão origem a
comportamentos diferentes. O ambiente pode variar de estável a dinâmico; de simples a
complexo; de integrado a diversificado e, finalmente, de favorável a hostil, como ficou
demonstrado neste período da pesquisa.
No Período Estratégico Histórico 3 – Emancipação e herança histórica e cultual
presente – inicia com a emancipação do município, passa pelo grande impulso da entrada da
soja, sofre com o declínio e seus efeitos e vai até o momento presente. Reflete o modo de ser
da sociedade local, construído milenarmente. Fischer (2002) demonstra que interesses,
recursos, valores convergentes, acordos e convenções, articulam Estado, mercado e a
sociedade mais ou menos organizada, tendo a cidade como ponto de confluência e
protagonismo no processo de desenvolvimento local e regional, conforme os procedimentos
pós-emancipação do município pesquisado. A autora lembra Clegg; Hardy e Nord, que
duvidam que possa existir uma teoria geral do poder. Os autores defendem a necessidade de
uma maior quantidade de estudos sobre disputas locais, cujo foco não se volte para conceitos
monolíticos, mas para questões estratégicas, como ficou evidenciado nas lutas internas de
poder. Há zonas de incerteza na relação do poder que possibilitam movimentos de
aproximação e recuo, confrontos e conciliações, como bem demonstraram as entrevistas com
relação ao medo de que no futuro continuem os acirramentos entre os líderes locais. Quanto à
formulação de estratégia neste período, esta é vista como um processo coletivo, onde há a
preponderância da Escola Cultural (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). A
formulação da estratégia é dada como um processo enraizado na força social da cultura. Do
ponto de vista da antropologia, a cultura está em tudo que cerca o ser humano. Ela trata do
13
que diferencia uma organização da outra. O autor associa cultura organizacional com
cognição coletiva, crenças que refletem nas tradições e nos hábitos.
4. Conclusões e Considerações Finais
O processo de mudança estratégica está presente em todas as organizações, sejam elas
do setor privado, do setor público ou mesmo territoriais. Em qualquer situação, as coalizões
de poder dirigente são determinantes na sua condução e na opção pelas mudanças formuladas
e implementadas.
O estudo permitiu a análise em um contínuo histórico de cerca de 385 anos,
apresentando o perfil de gestão da sociedade em um modelo de liderança por meio do
cacicado, que se mantém por força do sistema de prestígio, e que não foi rompido até o
presente, mesmo durante a presença dos padres da Companhia de Jesus na territorialidade
estudada e que durou de 1626 até 1768. No período reducional, o comando principal era dos
jesuítas, porém cada redução contava com muitos caciques que comandavam partes desse
todo. A escolha desses caciques era feita em eleições anuais, demonstrando o nível de avanço
daquela sociedade em relação a outros grupos tribais do período na mesma macrorregião e
que não estavam reduzidos. Depois da expulsão dos jesuítas, houve um período em que a
direção do território passou ao exército espanhol, porém o sistema de cacicado não mudou,
pois os índios que permaneceram continuavam com seus caciques, estes que se relacionavam
com o comando militar presente, especialmente nas decisões e estratégias maiores. A própria
tomada portuguesa de 1801 ocorreu com a anuência dos caciques guaranis que já estavam
cansados do modelo espanhol, que reinava desde 1768 e que oprimia os nativos.
O mesmo modelo de liderança, mudança e de decisão estratégica se vê na tomada do
território feita pela Argentina, em 1828, quando os caciques locais ficaram ao lado de Rivera,
que forma o governo novo e elege em eleições diretas uma série de caciques como deputados
da Província das Missões Orientais do Uruguai. Com a troca desse território, quando a
Argentina entrega a região para o Brasil, e este liberta a Província Cisplatina, com a criação
da República Oriental do Uruguai, novamente os caciques resolvem seguir com o novo líder
passando para o Uruguai, formando a Colônia de Bela União. Por dificuldades encontradas e
por decisão dos caciques, esta comunidade se desfaz, e algumas famílias retornam às Missões.
Com a tomada do território local pelos luso-brasileiros, as terras começam a ser doadas
ou vendidas, transformando o tecido regional em um conjunto de grandes propriedades. A
miscigenação começa a ocorrer intensamente, porém a base principal que fica no território do
município foco da pesquisa são os nativos que, de diversas formas, permanecem com os
mesmos modelos de cacicado, agora com “coronéis”, donos das propriedades, e com aqueles
grupos miscigenados nos fundos das propriedades, assim permanecendo o modelo
administrativo nas suas diversas formas aparente até o período da emancipação.
Apesar da evolução da sociedade como um todo, no ano de 1966, a pesquisa mostrou
que muito pouco havia mudado em termos sociais, com o povo na sua maioria agindo de
forma indolente, e as mudanças sendo estabelecidas pelos “novos caciques de então”.
O período de ouro da soja provoca a entrada de novas etnias que vieram fazer o lado
empreendedor local, com estratégias e mudanças relacionadas à produção e à comercialização
de grãos, com a consequente valorização das terras locais. A crise estabelecida com o declínio
da produção redundou em crise econômica e social. As famílias mais poderosas se
defrontaram, levando a uma série de assassinatos que marcou fortemente este período
estratégico.
Os desmandos seguiram-se até que aparecem novos líderes políticos dispostos a novas
mudanças e estratégias pró-união da sociedade. Apesar dos novos tempos, há ainda vivo um
temor de que os modelos anteriores possam retornar nos embates eleitorais futuros. Há
14
também muita esperança com relação aos projetos que estão previstos em curto prazo e que
deverão estabelecer um novo momento de mudança e estratégia na territorialidade estudada.
O povo liderado segue o modelo milenar cultural, antropológico e social de cacicado.
Não se deve esquecer que houve um projeto de desenvolvimento que deu grandes resultados,
baseado na educação, que retirou aqueles índios do período Neolítico, em 1626, e
rapidamente os colocou no que havia de melhor em ciência e tecnologia, o Barroco, modelo
de educação que pode ser fundamental para as mudanças e estratégias futuras para esta e
outras experiências.
A pesquisa também faz perceber as grandes diferenças entre os descendentes de povos
nativos do Rio Grande do Sul, que tiveram seu primeiro contato fora do Neolítico pela
primeira vez há 385 anos, e os descendentes de europeus, que tiveram as mesmas experiências
há mais de 10.000 anos.
O município mostra parte de um Rio Grande do Sul, Brasil e América Latina pósindígena, que deve ser tratado em termos de políticas públicas, pelas obviedades, de forma
diferente, a fim de conseguir o seu pleno desenvolvimento.
Muito embora os resultados da pesquisa apontam para o fato de que os modelos
culturais do passado estão presentes ainda hoje junto à territorialidade, no que tange aos
aspectos ligados à gestão das políticas públicas, ao modo de ser da comunidade e às relações
de poder no âmbito das instituições representativas e da sociedade em geral, não é possível
afirmar que nesta territorialidade não ocorreram avanços em termos de emancipação cidadã,
uma vez que o grande contínuo histórico analisado se constitui numa das limitações do
trabalho, na medida em que procurou considerar todos os fatos históricos que deram origem à
municipalidade atual.
Em termos de proposição final, recomendam-se outros estudos que possam explorar
melhor as características culturais de um povo que tem um perfil de América nativa, que
pensa e age de forma diferenciada em relação à outras localidades de perfil de América mais
europeia, que caracteriza outras regiões do Estado que são, inclusive, mais desenvolvidas.
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