Março 2015 | Edição N°02 a nova etiqueta MENOS RIGOR, MAIS BEM-ESTAR: O QUE ESTÁ MUDANDO NOS PADRÕES DA ARTE DE RECEBER BEM a cozinha do futuro UMA REVOLUÇÃO DE TECNOLOGIA E DESIGN NO CORAÇÃO DA CASA pela alma de paris UM PASSEIO PELOS RECANTOS QUE TRADUZEM A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA CAPITAL FRANCESA 2 3 tdc Concept Publicação Tramontina Design Collection projeto gráfico coordenação redação Elisa Tramontina, Gabriela Chies, Grasiela Pontin criação e coordenação Design Único Design Único - Marina Metz República - Agência de Conteúdo FOTOGRAFIA PRODUTOS TRAMONTINA Débora Zandonai editorial A Tramontina Design Collection é mais do que uma linha de produtos. É também a expressão máxima dos valores que estão na essência da marca Tramontina: a busca da qualidade, a obsessão pela praticidade e o ideal de tornar a vida melhor. Em cada item, a Tramontina Design Collection incorpora as mais novas tendências do design, da moda e da decoração, com funcionalidades que proporcionam experiências marcantes de uso e estilos que realçam a personalidade e a beleza do nosso dia a dia. Viajar por esse conceito é o grande objetivo desta segunda edição da TDC Concept. Nas próximas páginas, apresentamos não só as novidades da coleção 2015, mas também as tendências e comportamentos que inspiram as nossas propostas de inovação e estilo. Vasculhamos os novos padrões da etiqueta e as dicas dos especialistas para quem deseja receber e celebrar com um clima mais moderno e acolhedor, tanto em ocasiões formais quanto informais. Conversamos com personalidades como a chef Rita Lobo e a designer Clementina Duarte. Desvendamos os significados e as aplicações do Marsala, a cor que vai ditar as tendências deste ano – e que já conta com criações exclusivas da Tramontina. Em suma, viajamos, experimentamos, relembramos e antecipamos os assuntos que melhor traduzem o espírito da Tramontina Design Collection. O resultado é um mosaico de percepções sobre o que significa viver com estilo e prazer. Uma diversidade de olhares que passa pelo clássico e pelo moderno, pelo luxo e pela simplicidade, pela tradição e pela descontração. Uma revista que, tal como a Tramontina Design Collection, traz propostas únicas de sofisticação e bem-estar nos mais diferentes estilos. Você é o nosso convidado para descobrir este universo de possibilidades a partir de agora. Basta virar a página. Boa leitura. Clovis Tramontina Presidente do Conselho 24 a cozinha do futuro NOVAS IDEIAS E MUITA TECNOLOGIA EM NOME DO CONFORTO E DA PRATICIDADE 10 a nova etiqueta NOVOS TEMPOS, NOVOS HÁBITOS: DESCUBRA O QUE ESTÁ MUDANDO NA CARTILHA QUE REGE A ARTE DE RECEBER BEM sumário as receitas do noma 29 A HISTÓRIA E AS CURIOSIDADES DO RESTAURANTE DINAMARQUÊS ESCOLHIDO PELA QUARTA VEZ O MELHOR DO MUNDO entrevista 46 CLEMENTINA DUARTE, A DESIGNER QUE SE TORNOU MÃE DAS MODERNAS JOIAS BRASILEIRAS legado 52 A OBRA DE SERGIO RODRIGUES, O ARQUITETO QUE COLOCOU SOTAQUE BRASILEIRO NO DESIGN INTERNACIONAL DE MÓVEIS 62 perfil ESCRITORA, APRESENTADORA, EMPRESÁRIA E MÃE: OS PAPÉIS DE RITA LOBO NA MISSÃO DE DESMISTIFICAR A GASTRONOMIA 54 colarinho chique DICAS PARA DESVENDAR O SABOR E O AROMA DAS MELHORES CERVEJAS ARTESANAIS – E ACERTAR NAS HARMONIZAÇÕES 69 a suíte das estrelas ENTRAMOS NO LUXUOSO HOTEL PRESIDENT WILSON, O DESTINO DAS CELEBRIDADES EM GENEBRA 70 dois entre 50 UMA ESPIADINHA NO D.O.M. E NO MANÍ, OS BRASILEIROS QUE DESPONTAM ENTRE OS 50 MELHORES RESTAURANTES DO MUNDO 73 las vegas é aqui O CHARME E A DESCONTRAÇÃO DOS TRÊS MELHORES CASSINOS DA AMÉRICA DO SUL 75 joias do paladar A JORNADA QUE MANTÉM O CAVIAR ENTRE AS IGUARIAS MAIS DESEJADAS DO MUNDO 76 modernidade e memória OS PILARES DO WORLD TRADE CENTER ONE, O MAIS NOVO E TOCANTE MONUMENTO DE NOVA YORK 30 cor com sabor UMA DEGUSTAÇÃO DO MARSALA, A COR ESCOLHIDA PELA PANTONE PARA DITAR AS TENDÊNCIAS DA MODA, DO DESIGN E ATÉ DA GASTRONOMIA EM 2015 36 pela alma de Paris ATRAÇÕES OCULTAS, CANTINHOS DESCONHECIDOS E OS PASSEIOS QUE NÃO APARECEM NOS GUIAS TURÍSTICOS DA CIDADE vitrine way coifa de parede Mais do que um equipamento, a coifa de parede Way é um item de estilo. Moderna, seu design privilegia linhas retas e futuristas, tornando-a uma atração na cozinha. Mondri Cooktops Vitrocerâmicos Tecnologia e design brilham juntos neste modelo exclusivo da Tramontina Design Collection. Nas cores branca e preta, trazem elegância e modernidade aos mais diversos projetos, tornando a cozinha ainda mais clean e prática. a nova etiqueta Por Tatiana Reckziegel Você está jantando na casa de amigos e conhecidos quando seu smartphone começa a vibrar. Imediatamente, você sente o ímpeto de parar tudo e ver quem está ligando – ou, ao menos, conferir a mensagem que acaba de pipocar na telinha. Mas alto lá: será que pega bem atender durante o jantar? Ou o certo é ignorar o zumbido do aparelho até que surja um hiato na conversa? Em um brevíssimo espaço de tempo, você vasculha as normas de conduta guardadas em algum lugar da memória e não encontra nenhuma pista do que fazer. Até porque, convenhamos, os celulares de hoje não passavam de um futurismo distante na época em que as regras de etiqueta foram criadas e popularizadas. Três pilares sustentam as regras da etiqueta moderna: bom senso, naturalidade e afetividade Hoje, há quem pense que falar de etiqueta é coisa do passado. Mas a verdade é que ela continua viva e é cada vez mais necessária – ainda que já não mantenha o rigor e a frieza quase militar do passado. E aí está o que podemos chamar de “nova etiqueta”: um conjunto de regrinhas que garante a organização, a elegância e o bem-estar dos convidados em qualquer evento e ocasião. Inclusive naquele momento incerto em que o celular insiste em vibrar no bolso do casaco. As novas normas levam em conta aspectos típicos do mundo moderno. Além disso, chamam a atenção por quebrar formalidades exageradas e relegar ao passado o péssimo hábito de tratar a mulher como coadjuvante. O que não mudou foram as diretrizes que distinguem o certo do errado (ou o elegante do grosseiro): bom senso, naturalidade e afetividade. Respeitar essas novas diretrizes não é nada complicado. Não sai de moda e não exige a decoreba de normas aparentemente esdrúxulas. O bom senso está intimamente relacionado ao instinto. A pessoa deve agir de acordo com aquilo que acredita ser a postura correta – as chances de acertar são bem maiores. Quanto à naturalidade, trata-se de um comportamento constante. “Ninguém quer estar em um jantar onde todo mundo parece estar atuando, fazendo um papel”, explica a jornalista Claudia Matarazzo, especialista em etiqueta e comportamento. Para ela, bom senso e a naturalidade minimizam as chances de resvalar na etiqueta. Mas o que produz o verdadeiro encantamento é a afetividade. Sem afeto, fica muito mais difícil transparecer o bem-estar pleno – quando as pessoas ao redor sequer percebem eventuais gafes. 11 Exemplo disso são as novas opções de integração em eventos residenciais. Tempos atrás, era inaceitável receber convidados em uma cozinha ou mesmo em uma varanda. Acompanhar as etapas de preparação da comida ou ajudar a retirar a louça da mesa faziam as embaixadoras da etiqueta sofrerem piripaques. Hoje, já não há tanta ortodoxia. Abrir as cozinhas é permitido e até elegante em ocasiões informais. E mesmo os eventos formais já se pautam mais pelo clima de afetividade do que pelos rituais à mesa. Foto: Débora Zandonai Fotos: Dani Botelho tdc. COMPORTAMENTO Apaixonada por receber, a paulistana Susie Padovano faz questão de aproveitar todos os espaços de sua residência. “Recebo na sala de estar, na sala de jantar, no terraço e na bancada da minha cozinha, que é toda revestida de papel de parede”, destaca. Exemplos como o dela fazem com que as cozinhas já não sejam mais um espaço de bastidores, sem atenção detalhada à decoração ou onde circulam apenas empregados. “Quem capricha na cozinha pode sempre receber neste ambiente. Vai ser mais descontraído e pode até ser mais adequado”, avalia Fabio Arruda, consultor de etiqueta e comportamento e autor de diferentes livros sobre o assunto. Uma das grandes transformações está na divisão dos papéis masculinos e femininos. Cada vez mais, o machismo sai de cena e dá lugar a um novo código nãoescrito em que homens e mulheres dividem livremente os afazeres. 12 susIE padovano (acima) e o consultor fAbio arruda: paixão por receber bem, seja qual for a ocasião e o estilo Outra norma que não faz mais sentido diz respeito aos fumantes. Antigamente, acender um cigarro em qualquer lugar era hábito comum – e os cinzeiros eram itens obrigatórios na cartilha da elegância à mesa. Hoje, a cruzada contra o tabagismo mudou totalmente essa realidade. Mesmo assim, não pega bem inibir ou acuar um fumante. “Você tem de reservar um espaço para quem fuma. Quando ele chegar, basta indicar o local perto da janela e dizer: ‘esse é o cantinho que eu preparei para você; aqui pode fumar’”, aconselha Claudia Matarazzo. Quando se pisa mais fundo no chão da tecnologia, entretanto, começam a surgir outras dúvidas. Onde deixar o celular? Ligado ou desligado? É feio dar uma conferida discreta de tempos em tempos? Como o anfitrião deve proceder quando os convidados não desgrudam de seus smartphones? E se alguém não respeitar essas orientações? Cabe ao anfitrião valer-se de bom humor para alertar o convidado ou, então, esperar para que o bom senso fale mais alto – o que nem sempre acontece. “Não vou educar meus convidados. Todo mundo tem que trazer algum assunto à mesa. Afinal, uma refeição é um momento para estarmos juntos, trocarmos ideias”, comenta Marina de Sabrit, sócia de uma empresa de relocation de estrangeiros em São Paulo e anfitriã de mão cheia. Mas há exceções, é claro. Por exemplo: se a pessoa estiver esperando uma ligação muito importante, se for um médico ou se os filhos estiverem com a babá, o que prevalece é a compreensão – fica combinado que o celular pode tocar, sim. A beleza e o valor da nova etiqueta está justamente aí: sempre há saída para qualquer situação. Basta respeitar o tripé do bom senso, naturalidade e afetividade. A beleza e o valor da nova etiqueta: sempre há saída para qualquer situação marina de sabrit: olhar atento a cada detalhe – da mesa ao clima do evento Fotos: Dani Botelho Não há regras estabelecidas. Mas, aos poucos, algumas convenções subliminares já começam a valer. Primeiro: celular não deve ficar em cima da mesa – por mais moderninho que seja, o aparelho não tem nada a ver com a decoração do anfitrião. Checar recados de 15 em 15 minutos também está fora de cogitação. A atenção de quem está no evento deve, sempre, estar concentrada no compartilhamento de algo que está muito além do status no Facebook: a conversa olho no olho. tdc. COMPORTAMENTO Prazer em receber NA BASE DA NOVA ETIQUETA ESTÁ O IDEAL DE RECEBER BEM, COM LIBERDADE PARA OUSAR NA DECORAÇÃO Mais do que proporcionar momentos leves e descontraídos, a nova etiqueta vem para valorizar o convívio entre as pessoas. O que antes exigia pompa passa a ser despretensioso – mas não perde a elegância e nem a sofisticação. Não há problema em mudar o espaço, o serviço e os acessórios que vão à mesa. Da mesma maneira, as panelas não são mais um mero recipiente para cozinhar. “As pessoas têm a ideia de que panela não pode ir à mesa só porque a gente tem no imaginário aquela panela da época da avó, toda retorcida, com o cabo torto”, brinca Fabio Arruda. Com um design moderno, panelas, travessas e caçarolas se convertem em acessórios não apenas bonitos como extremamente funcionais para servir. “Hoje, a gente tem panelas que são pequenas joias. Seria um pecado não levá-las à mesa”, acrescenta. Para receber bem, alguns itens são indispensáveis no acervo da cozinha. Vale a pena, por exemplo, montar uma espécie de kit básico com boas louças e panelas. Claudia Matarazzo recomenda peças que se destaquem não só pela estética, mas também pela durabilidade. A quantidade de pratos, taças e talheres deve começar com uma dúzia – mas o ideal, diz ela, são 24 unidades de cada item. “Se você convida 13 ou 14 pessoas, já fica na mão. O primo vai no almoço, leva a família sem avisar e já passa da conta”, explica. Também entram na contabilidade os talheres de serviço. Risotos, massas e outros pratos quentes são adequados para servir na própria panela. Já as saladas requerem uma baixela. Para completar, é sempre bom providenciar pelo menos duas toalhas de mesa e dois conjuntos de jogo americano. Os eventos impecáveis fizeram de Marina uma referência entre amigos e conhecidos. A tal ponto que ela mesma começou a escrever manuais sobre a arte de receber bem – em um deles, por exemplo, é possível encontrar orientações para os empregados montarem a mesa com sofisticação e assertividade. O próximo passo foi criar um blog para compartilhar conselhos de etiqueta, comportamento e decoração, entre outros temas. Arquiteta de formação e empresária por força do destino, ela não dispensa um checklist para dar conta dos eventos que realiza. “É a parte mais importante. Desde as flores até o manobrista, tudo tem de constar lá”, defende. A metodologia é essencial para que Marina consiga conciliar a rotina de trabalho com os grandes jantares que costuma organizar em sua casa, na capital paulista. A tradição também aproximou Susie Padovano do hábito de abrir a casa a convidados. Hábito que foi transmitido de avó para mãe e de mãe para ela. Casada com o investidor Guido Padovano, nascido “ “ Marina de Sabrit conhece bem a importância de contar com os talheres e utensílios certos. Para ela, receber em casa é mais do que um hábito. É também uma tradição da família, iniciada com suas avós, que tinham o costume de realizar grandes eventos. Casada com o empresário francês Thierry de Sabrit, Marina conta que acabou criando uma estrutura completa para receber convidados. “Eu gosto de gente, de amigos e de usufruir do que tenho. Por exemplo, tenho louça para receber até 100 pessoas com tranquilidade, coisa rara hoje em dia”, afirma. Hoje a gente tem panelas que são pequenas joias, seria um pecado não leva-las à mesa – fAbio arruda 14 A caçarola cocotte lyon dourada, da tramontina design collection, e as diferentes composições de mesa: o importante é encantar Foto: Dani Botelho na Itália, Susie perpetuou o gosto pelo bem receber e carrega consigo alguns ensinamentos. “O bom anfitrião deve sempre fazer seus convidados se sentirem à vontade e especiais”, diz ela. Mesmo com a longa experiência, Susie confessa que acumula diversas gafes – que hoje se tornaram nada mais do que histórias engraçadas. Ela conta que, certa vez, quando recém havia casado, organizou um grande jantar em homenagem a um amigo. Encomendou um peixe fresco especialmente para o evento, que foi servido como prato principal. Ao fim da festa, meio acanhado, o homenageado revelou que não gostava de peixe. Outro fato inusitado aconteceu quando foi a um jantar com traje formal e encontrou a dona da casa de calça de pijama e camiseta – pois era um evento familiar. Mais do que risadas, Susan tira de experiências como estas algumas lições importantes. “Sugiro que as pessoas sempre perguntem se os convidados gostam do prato que vai ser servido, informem quem estará presente e qual é o traje mais adequado.” Como se pode perceber, receber familiares, amigos ou convidados em geral na própria casa requer mais do que habilidade para organizar eventos. Enquanto as fronteiras da etiqueta tradicional vão sendo desconstruídas, erguem-se novas e mais sensatas regras. O segredo pode estar em seguir dicas fundamentais e, até mesmo, em transgredir preceitos ultrapassados. Na prática, o convívio mais agradável pode acontecer na cozinha, à beira da piscina ou até fazendo os convidados colocarem a mão na massa. O que importa é reunir quem se quer por perto e fazer da experiência um momento único. Pelo menos é isso que prega a nova etiqueta. Regras da etiqueta clássica que sucumbiram Como era... ...como ficou 1 Um único aparelho de jantar completo deve ser usado para receber Vale misturar copos, louças e talheres de diferentes tipos, criando uma combinação que dá um ar moderno para a mesa. 2 Na disposição dos lugares, os anfitriões devem ocupar as pontas da mesa O importante é que a definição de quem senta em cada lugar proporcione uma boa interação entre convidados e anfitriões. Todo o resto pode ser revisto. 3 Nada deve ir à mesa com a embalagem comercial Em um evento informal em casa, vale a praticidade de não retirar o refrigerante da garrafa original – pois é preciso repor a bebida com muita frequência para que não perca o gás. 4 Peixes e frutos do mar só podem ser servidos com os talheres especiais Entre amigos e familiares, quem não tiver o utensílio específico pode usar talheres tradicionais sem maiores preocupações. 5 Pizza, só em eventos muito informais O prato que agrada aos mais diversos paladares também pode ganhar um toque requintado. Um personal pizzaiolo preparando tudo na hora, por exemplo, pode ficar superelegante. 6 O Chá de Panela deve acontecer na casa da noiva, mas não pode ficar a cargo dos pais Os pais, em parceria com as amigas da noiva, também podem se envolver na realização do chá. O local não é obrigatoriamente a casa da noiva: o importante é que seja adequado ao evento. 7 O homem sempre paga a conta A conta deve ser acertada de acordo com a situação do casal. Pode haver um revezamento, pode ser meio-a-meio ou pode ser paga por apenas uma das partes – se a outra concordar, é claro. 8 Quando um casal oferece um jantar, só pode convidar outros casais Não há mais qualquer restrição sobre quem chamar quando se recebe em casa. Solteiros são bem-vindos à lista de convidados também. 9 O homem faz o pedido pela mulher no restaurante A mulher não ocupa mais o espaço de submissão dentro da etiqueta moderna. Ela escolhe, pede seu próprio prato e ainda pode harmonizar o vinho no lugar do acompanhante. Lugar de jantar é na sala de jantar Os eventos sociais tomaram conta das casas. Vale receber no terraço, na cozinha, na sala – enfim, onde for mais adequado à ocasião. O importante é que o anfitrião não esqueça de avaliar se o espaço dá conta do número de convidados. 10 17 Hábitos que a nova etiqueta está deixando para trás Vestir-se mais formal que os convidados Convidar sem passar os detalhes do evento Convite não é intimação. Você deve comunicar todos os detalhes: o prato, o horário, quem serão os convidados e o traje da ocasião. Assim, o convidado tem mais tranquilidade para se preparar. Por exemplo, pode escolher o figurino com mais segurança e até fazer um pequeno lanchinho antes de ir para o evento – algo perfeitamente aceitável caso ele não goste do prato que vai ser oferecido. Pode parecer um trabalho a mais, mas a verdade é que compartilhar informações ajuda a economizar a energia do anfitrião durante o evento. Pedir “desculpa alguma coisa” Se desculpar sem ter feito nada de errado é um hábito em desuso. Transparece uma humildade forçada e não faz sentido algum. Desculpas devem ser pedidas quando forem, de fato, necessárias. Todos que vão a uma reunião ou comemoração estão engajados em um interesse comum e – presume-se – agradável. Se você foi convidado, é porque sua presença contribui para esse interesse. A menos que você tenha pelo que se desculpar, deixe a mania de lado. Opte apenas por um agradecimento sincero pelo convite. 18 Elegância não é sinônimo de formalidade. Em casa, o ideal é que o anfitrião esteja sempre um pouco mais à vontade que seus convidados, para que ninguém se sinta fora de esquadro. Mas atenção: quem é recebido nunca pode ser constrangido ou menosprezado. A roupa tem o poder de fazer as pessoas se sentirem parte do evento ou não. Por isso, é importante que o dono da casa não destoe muito do traje especificado no convite. Tentar emplacar conversas só sobre temas cultos O bate-papo é parte fundamental para o conforto aos convidados. É essencial que eles tenham liberdade para conversar sobre temas que sejam de seu interesse genuíno, sem julgamentos. A inteligência do anfitrião deve estar em captar os assuntos que possam agradar aos convidados – e não em parecer mais culto do que eles. Preocupar-se demais O mantra do anfitrião deve ser o de “manter a calma”. As pessoas não podem sentir que estão dando trabalho. Ao sinal de um contratempo, é preciso ter bom humor para contornar a situação sem estressar quem está ao seu redor. Se acaba o gelo ou queima a comida, a melhor saída é brincar com o ocorrido e remediar da maneira que puder. E não se culpe se tudo não for perfeito: o clima descontraído pode compensar boa parte dos deslizes. O que vale para receber com charme e eficiência Planejamento, planejamento e mais planejamento Preparar checklists e organizar tudo com antecedência é, talvez, o passo mais importante para o sucesso de um evento – seja ele formal ou informal, dentro ou fora de casa. Com planejamento, é possível não só caprichar mais em cada detalhe, mas também aproveitar melhor o evento em si, fugindo da figura do anfitrião estressado. Aliás, o planejamento não precisa ser nada muito complexo – apenas o suficiente para que você saiba como as coisas acontecerão. Se o evento for de última hora, por exemplo, a dica é ao menos testar a mesa para saber se a configuração escolhida é a mais adequada. avalie o espaço e o número de convidados Uma das piores situações que um convidado pode enfrentar é se sentir em meio a um congestionamento humano. A regra é simples: para jantar, todos precisam ter lugar à mesa. Já para coquetéis, o ideal é que dois terços dos convidados tenham condições de sentar. É interessante deixar espaços livres para que as pessoas possam circular sem ficar esbarrando em nada. Faça um plano de mesa Boa parte das pessoas vai achar que é besteira fazer um plano de mesa para um evento em casa. No entanto, esse pequeno esforço faz uma grande diferença no fluxo das conversas e no clima entre os convidados. O indicado é intercalar homens e mulheres sem deixar ninguém desgarrado de seu grupo de afinidade. Se possível, sente ao lado de quem estiver sozinho para não deixá-lo desamparado. Nada de experiências Aposte naquilo que você sabe que funciona. Faça uma receita que já preparou antes ou compre um prato que já experimentou. Se quiser inovar, teste com antecedência. Seu convidado merece sempre o melhor. O convidado é rei Todo o planejamento deve girar em torno de um grande objetivo: proporcionar um momento agradável ao convidado. E isso não tem nada a ver com luxo. A busca do encantamento está em detalhes que façam a pessoa se sentir bem recebida – como uma receita saborosa e um anfitrião atencioso. 19 08 01. Explore sua criatividade na montagem da mesa. Com um toque de ousadia, é possível criar combinações únicas usando itens específicos para o prato de entrada e o principal. Neste exemplo, o faqueiro Marselha serve a salada, contrastando com os talheres jumbo Originale, ideais para churrasco e carnes em geral. 03 02. Talheres com detalhes em ouro, como os da linha Renascença, são os protagonistas de praxe das mesas tradicionais, com linhas clássicas e refinadas. Mas é possível quebrar esse padrão unindo o dourado a louças coloridas – uma combinação jovial e elegante. 03. O sousplat azul marinho realça a leveza da decoração e valoriza as linhas delicadas dos talheres Wind. Explore os contrastes com flores, garrafas de vidro e vasos pequenos em um conjunto supermoderno e acolhedor. 05 07 04. Os cristais da linha Oriente Crystal são a companhia perfeita para uma mesa em estilo romântico e ocasiões mais intimistas. Combinam com louças delicadas e flores em tons de rosa e branco. 02 04 06 05. Os talheres Arabesco e a argola para guardanapos da linha Oriente Crystal mostram que mesas rústicas também podem ser refinadas, explorando o contraste entre a madeira, os cristais e a finíssima trama de arabescos tecida nos pratos e no aço inox. 06. Não tem erro: preto e branco sempre casam bem e rendem ótimas opções para mesas sofisticadas e glamourosas. Arranjos de flor única, em tamanhos e formatos diferentes, completam a decoração ao lado dos talheres Classic Prata. 01 07. DICAS Poucas coisas dizem tanto sobre a personalidade da casa quanto a montagem das mesas. Tradicionais ou modernas, sóbrias ou ousadas, elas estabelecem o clima do evento e dão alma à decoração. A Tramontina Design Collection traz diferentes opções para quem deseja explorar ao máximo a beleza das mesas. 20 Toalhas de mesa pretas são a alternativa mais segura para quem deseja descontrair sem perder a elegância. Abuse dos contrastes usando louças e guardanapos coloridos, além de talheres modernos como os da linha Marselha e as divertidas argolas 2 Be Cool. 08. Elegante, a linha Antique consegue ser versátil sem abrir mão da beleza e da personalidade. É possível usá-la em composições clássicas e delicadas, mas também ousar em mesas como a da foto, com toque étnico. 21 vitrine bandejas Bandejas são peças extremamente úteis, pois servem tanto para ocasiões especiais quanto para o dia a dia. Podem ser usadas da maneira tradicional ou como utilitárias peças de decoração. bandejas laqueadas Com alça em alumínio polido, são oferecidas nas cores marinho, turquesa, amarelo, vermelho e branco com espelho, como na página ao lado. tdc. design sua cozinha não será mais a mesma Com equipamentos altamente inovadores e projetos cada vez mais ousados, as cozinhas do futuro privilegiam o conforto, o convívio e, especialmente, a praticidade Por Robson Pandolfi Que tal sair de casa de manhã cedo pilotando um carro voador? Depois de um dia cansativo de trabalho, nada melhor que esticar as pernas no sofá da sala e jogar conversa fora com os amigos – mais confortável ainda se for por teleconferência. Em meio ao bate-papo, vem aquela fome. Você vai até a cozinha, analisa o cardápio, aperta uns botões e pronto! Basta esperar o timer de uma supermáquina 100% automatizada avisar que o jantar está a sua espera. Parece coisa de filme futurista – e, de certa forma, é quase isso. Afinal, quem não se lembra de Os Jetsons, desenho animado que, por décadas, divertiu crianças com interessantes previsões de como seria a vida em um futuro não muito distante? O fato é que aquelas cenas apresentadas por George Jetson e família lá nos anos 1960 estão cada vez mais próximas de ser verdade – isso quando já não são. 24 A visão que algumas pessoas ainda têm, de que cozinhas são lugares destinados apenas ao armazenamento e o preparo de alimentos, parece ter ficado para trás. Os principais eventos mundiais a abordar mobiliário e tecnologias relacionadas à gastronomia projetam tendências que colocam a cozinha no coração das novas residências. Alçada ao posto de área nobre e espaço de interação, as cozinhas ganharam no século 21 uma atenção jamais dispensada ao que era quase, por assim dizer, uma despensa. E não sem ótimos motivos: é impossível mensurar a velocidade com que cresce o interesse das pessoas pelas práticas culinárias. Atrelado a isso está também o hábito de receber amigos em casa – em especial, na cozinha. “Até alguns anos atrás, entendia-se que a cozinha era um ambiente para preparar o alimento, enquanto o espaço de convívio eram as salas de jantar ou estar. Havia uma formalidade muito maior na maneira de viver”, explica Mateus Augusto Corradi, diretor de Marketing da Florense, referência internacional em móveis de alto padrão. “Nos últimos anos, as cozinhas se transformaram num ambiente de convívio familiar e descontração.” O movimento resultou no melhor aparelhamento e na natural modernização das cozinhas, que ficaram muito mais sofisticadas, elegantes e práticas. Só não ficaram intocáveis porque, ao contrário do que acontecia em Os Jetsons, as pessoas estão cada vez mais dispostas a meter a mão na massa – em vez de simplesmente esperar que a comida fique pronta. As bancadas ganharam eletrodomésticos embutidos; os armários estão cheios de estilo, com pinturas especiais e desenhos artísticos que mandaram para longe a frieza tradicional das cozinhas. A ênfase, agora, está no espaço e na praticidade, criando um ambiente em que todos podem se relacionar e trabalhar (no sentido gastronômico da palavra) com tranquilidade e facilidade. Coifas silenciosas e com visual moderno passaram a fazer parte da decoração da casa – a tecnologia da coifa de parede Silent Power, por exemplo, garante uma grande redução de ruído, tornando seu uso uma experiência quase imperceptível. Somam-se a toda essa transformação na cozinha moderna os módulos com funções separadas, que podem ser unidos em sistemas de ilhas, conferindo maior flexibilidade à peça. Uma verdadeira revolução no coração da casa. As ilhas, aliás, são um destaque à parte. Que o diga a Eurocucina 2014, maior feira de tendências para cozinhas do mundo. Realizado em Milão a cada dois anos, o evento revelou, em sua última edição, que a configuração em ilha deve dar a tônica funcional e estética das cozinhas do futuro – que, na prática, não deixam de ser as “cozinhas do momento”. Outro diferencial está na gama de acessórios, muitas vezes comparáveis às melhores cozinhas industriais. Balcões de correr tornam fornos, cooktops e cubas quase imperceptíveis, e já ensaiam uma automatização que tornará o dia a dia bem mais simples. A verdade é que as cozinhas do futuro serão ambientes em constante movimento, graças às constantes inovações tecnológicas. “Em breve, deverão se tornar indispensáveis os equipamentos que permitem esconder uma ilha com um simples toque. A torneira se desloca e o tampo corre, transformando tudo num grande balcão”, destaca Corradi. Ainda que pareça um paradoxo, uma cozinha mais limpa e funcional será também uma cozinha mais equipada e rica em detalhes. 25 tdc. design luzes feitas para encantar Prever o que será ou não realidade para os próximos anos não é tarefa das mais simples. Há duas décadas, era impensável que um mecanismo de busca acabaria substituindo dicionários e enciclopédias. O Google, no entanto, está aí para provar que o mundo está mais dinâmico e imprevisível do que nunca. Nem por isso, no entanto, quem convive com o assunto deve cruzar os braços e esperar para ver o que vai acontecer. As empresas que estão na vanguarda do desenvolvimento tecnológico não param de pesquisar as possibilidades de revolucionar a cozinha. Só assim, participando de feiras e eventos mundo afora, conversando com designers, engenheiros e arquitetos, é possível facilitar a vida do consumidor do futuro. Para além dos especialistas, cabe ao consumidor – seja ele um chef de cozinha ou um cozinheiro eventual – estabelecer os novos parâmetros da inovação. “Sabendo interpretar as informações que vêm do mercado, podemos oferecer produtos para facilitar a vida das pessoas”, reconhece Corradi, da Florense. “Temos uma política de enviar nossa equipe de desenvolvimento periodicamente à casa dos consumidores. Assim, é possível observar o que funciona ou não nos produtos que desenvolvemos.” Assim como jardins, salas e quartos ganham contornos repletos de estilo e charme à medida que são contemplados com projetos de iluminação, as luzes estão ganhando terreno nas novas cozinhas. Ambientes que dependiam exclusivamente da iluminação de uma grande lâmpada fluorescente serão cada vez mais raros. Beneficiadas pela tecnologia das lâmpadas LED, que podem ser acopladas nos menores espaços, a luz estará em todo lugar: na parte inferior de armários aéreos, dentro de gavetas e portas e no interior das cubas. Exemplo disso é a linha Kitchen Style da Tramontina Design Collection, que já traduz a vanguarda daquilo que, dentro de um tempo, deverá se tornar corriqueiro: a iluminação interna ativada por sensor de aproximação – já presente em produtos como as cubas de sobrepor da linha Vulcano. “A iluminação embutida facilita muito na hora de procurar objetos. Nosso desenvolvimento nos últimos anos tem sido guiado por esses conceitos”, garante o diretor de Marketing da Florense, que é parceira da Tramontina no desenvolvimento de diversos tipos de acessórios. Foi a partir dessas conversas que a Florense desenvolveu um produto aparentemente capaz de encantar aqueles que apreciam diferentes tipos de iluminação. Ainda que existam lâmpadas das mais variadas cores, aquelas que acabam predominando são as de luz branca e amarela. Nesse contexto, há pessoas que detestam luz branca e outras que têm a mesma reação com as amarelas. Procurando sanar eventuais conflitos domésticos, a Florense está prestes a lançar um dispositivo que permite ao cliente escolher a cor da luz por meio de um dimmer. Simples e funcional. acima, projeto da florense com iluminação interna dos armários; abaixo, As cubas de sobrepor Vulcano, da tramontina design collection, coM LUZ DE LED NO INTERIOR DA CUBA 26 inovação a serviço da praticidade Ao que tudo indica, o verbo “puxar” tem tudo para deixar de ser conjugado nas cozinhas. Isso porque as pessoas deverão se acostumar cada vez mais ao conceito touch – amplamente disseminado em celulares, tablets e computadores. Nos novos projetos, o acionamento de portas e gavetas por meio de um simples toque é uma tendência que chegou para ficar. Enquanto nas cozinhas tradicionais ainda é preciso ter as mãos livres para buscar algo no armário, as novidades que chegam ao mercado permitem a abertura com um pequeno empurrão. Para desenvolver produtos com esse sistema, a Florense buscou know-how especializado do outro lado do Atlântico, na Áustria. É de lá que vem a tecnologia embutida nos braços de gavetas e que permite o acionamento de dispositivos eletrônicos que as projetam para fora dos armários. “Isso pode ser especialmente útil no dia a dia”, salienta Corradi. O mesmo conceito também serve para portas de armários e até mesmo de fornos. Um exemplo é o Forno Inox Multi Touch, da Tramontina Design Collection. Recentemente lançado, o equipamento traz design minimalista e acabamento em aço inox que é à prova de marcas de dedos. E ainda oferece uma facilidade extra: com um simples toque, a porta abre. A tecnologia é especialmente útil, por exemplo, na hora de se colocar uma bandeja quente para assar. Entre os novos conceitos que começam a ditar as regras da cozinha moderna estão, ainda, os amortecedores. “Ainda é comum ouvir batidas de portas. Hoje, no entanto, 100% dos produtos da Florense já contam com dobradiças que permitem um fechamento suave, aumentando sua durabilidade.” coifa de parede way BRANCA E COOKTOP POR INDUÇÃO BRIDGE, da tramontina design collection O forno inox multi touch (abaixo): operação simples a partir de um painel com interface amigável (no detalhe) Os novos padrões de digitalização das cozinhas também invadem com força o mundo dos eletrodomésticos. Com tecnologia touch TFT, o Forno Inox Multi Touch permite programar o cozimento dos alimentos e até mesmo agendar um horário para que o equipamento ligue e desligue – ao melhor estilo Jetsons. Outro diferencial está no fato de que as receitas pré-programadas foram testadas e aprovadas pela escola de Alta Gastronomia da Serra Gaúcha (ICF). Juntamente com a equipe da Tramontina, os alunos e professores definiram o tempo de preparo ideal para cada prato. Mesmo quem é inexperiente no manejo das panelas ganha segurança e praticidade para se arriscar nos mais variados tipos de receitas. Corradi conta que o próximo passo é difundir o uso das tecnologias que permitem controlar a cozinha à distância, a partir da telinha do celular. Pode parecer futurismo ou excentricidade. Mas o diretor de Marketing da Florense não titubeia: “É um caminho sem volta.” 27 sobre cores, formas e texturas Não é de hoje que a clássica dobradinha do preto com o branco se repete nas cozinhas do mundo inteiro. Houve um tempo, em especial nos anos 1950 e 60, que cores como o azul claro, o verde, o amarelo e o vermelho também tiveram seus dias áureos – aliás, nas charmosas cozinhas vintage ou retrô de hoje eles também aparecem em destaque. Mas ninguém ousa contestar que chegou a vez do aço escovado, que se apresenta em uma gama de materiais, texturas e cores cada vez mais diversificados. Alguns laminados, por exemplo, imitam efeitos e texturas que são combinadas com bancadas de cores variadas. Mesclando originalidade, tendência e o aproveitamento de itens conhecidos há milhares de anos, o vidro e o bronze também vêm ganhando espaço. Em meio ao surgimento de novas tintas e vernizes, superfícies sólidas e aveludadas servem como ponto de partida para combinações que, de tão inovadoras, são capazes de envolver até mesmo a nanotecnologia. Graças ao avanço da ciência, é possível fazer com que itens pretos já não fiquem mais sujos ou manchados com impressões digitais. COIFA TOWER, EM AÇO INOX COM ACABAMENTO ESCOVADO da Tramontina Design Collection. Além dos perolizados, o brilho também está em alta. Por isso, cores sólidas começam a ser deixadas para trás, dando lugar a imitações de metais – como ouro, cobre, titânio e níquel. Afinal, são acabamentos assim que valorizam os produtos, conforme orientações internacionais. Na loja-conceito da Florense, em São Paulo, todo o acabamento do ambiente leva a cor dourada. “Isso não significa que os clientes devam ter uma cozinha dourada, mas mostra que as opções disponíveis para os móveis e eletrodomésticos vão superar em muito os padrões de hoje”, CUBAS DE SOBREPOR VULCANO, fabricadas nas cores bronze e branco da Tramontina Design Collection AO LADO: COZINHA FLORENSE COM ACABAMENTO DOURADO E PÉROLA explica Corradi. Para quem não abre mão da classe que o branco historicamente atribui às cozinhas, um alento: a cor não deverá morrer tão cedo. Tanto que ela segue a campeã de vendas. Ainda assim, as possibilidades de combinar cores sóbrias com tons mais ousados vêm dando o que falar. Apesar da crescente automatização de tarefas e processos de fabricação, o toque humano jamais será relegado ao segundo plano. Peças com acabamento e pintura à mão sempre conferem qualidade artesanal, agregando charme e delicadeza aos ambientes. As cozinhas do futuro terão alta tecnologia, sim, mas não sem o diferencial do já conhecido hand made. tdc. MISCELÂNEA O QUE É QUE O noma tem? depois de perder o posto de melhor restaurante do mundo para o espanhol El Celler de CAN Roca, o dinamarquês noma recupera a ponta. entenda o que leva críticos e comensais a considerá-lo o “estado da arte” da gastronomia mundial Dono de quatro premiações de melhor do mundo,, segundo a revista Restaurant, a casa capitaneada pelo chef René Redzepi ostenta muitos diferenciais que justificam o título de melhor do mundo. Localizado no térreo de um antigo armazém do século 18, em Copenhague, o restaurante é conhecido por oferecer pratos que exploram ingredientes nórdicos, valorizando iguarias locais, como queijos artesanais e ervas selvagens. Algumas receitas, inclusive, levam até ingredientes exóticos – como formigas e gafanhotos. O ambiente interno, com apenas 12 mesas, é tão elegante quanto discreto. Dos janelões envidraçados é possível avistar o canal de Nyhavn, margeado por uma série de prédios coloridos. Não bastassem esses elementos, o chef guarda para si o trunfo da surpresa: um staff formado por 25 cozinheiros que, ao lado dele, encarregam-se de servir os pratos que eles mesmos elaboram, explicando aos clientes qual a melhor maneira de apreciá-los. O próprio Redzepi reconhece: é especialmente por essa diferenciação que a fila de espera para um almoço no Noma não baixa de três meses. 29 Para comer com os olhos A força e a simbologia do Marsala, a cor que promete abrir o apetite e atiçar os sentidos em 2015 Por Andreas Müller De uma pequena cidade da Sicília, no sul da Itália, onde as areias claras e os casebres de terracota contrastam com o esplendor do Mar Mediterrâneo, vem a inspiração para a cor que promete ditar as tendências do mundo da moda, da decoração e do design neste ano. É lá que fica Marsala, uma comuna siciliana que parece ter saído das crônicas de Marco Polo em As Cidades Invisíveis, do escritor Ítalo Calvino. Quem passeia pelas ruas da cidadezinha encontra grandes igrejas do período espanhol entremeadas por casebres, mercadinhos de tapeçaria flamenga e restaurantes cujos cardápios provocam o apetite. O ambiente é rústico, mas acolhedor, e está no âmago da cor que o Pantone Color Institute escolheu para expressar o espírito de 2015: a Pantone 18-1438 – batizada, não por acaso, como Marsala. Tal como o vinho, a cor Marsala é saborosa: abre o apetite e incorpora a satisfação de comer bem e com sofisticação A Cor do Ano 2015 é fruto de uma série de estudos sobre os padrões de comportamento e as tendências de consumo em diversas partes do mundo. O objetivo é expressar o “espírito do tempo” em uma única cor, oferecendo novas possibilidades de criação a áreas que vão da alta costura ao design gráfico. Em suma, a cor da moda. No caso do Marsala, a intenção do Pantone Color Institute foi evidenciar valores cada vez mais presentes no dia a dia: a intensidade e a sedução; a busca de uma sofisticação saudável, ligada às coisas da terra; e a consagração da boa gastronomia como hábito mundano – mas com um toque de nobreza. “É uma cor naturalmente robusta, derivada do vermelho mais terroso, como o vinho”, resume Leatrice Eiseman, diretora-executiva do Pantone Color Institute. A referência ao vinho não é casual: os rótulos da cidade de Marsala são conhecidos pela intensidade do aroma e pela opulência no paladar. A experiência gustativa é semelhante à dos mais tradicionais vinhos portugueses, especialmente os do Porto e da Madeira. “Tal como o vinho, a cor Marsala é saborosa: abre o apetite e incorpora a satisfação de comer bem, com sofisticação”, explica Leatrice. A diretora do Pantone Color Institute garante que não há limites de aplicação do Marsala. Na decoração, é possível usá-lo tanto em paredes inteiras quanto em detalhes que chamam a atenção, mas não roubam a cena. “É uma cor acolhedora, que cai perfeitamente na cozinha e na sala de jantar. Funciona como um elemento que unifica o ambiente”, assegura. Já os especialistas independentes recomendam ponderação no uso – o ideal, dizem eles, é que o Marsala desponte em acessórios, panelas e pequenos eletrodomésticos. “É uma cor mais séria e fechada, que pode tornar o ambiente pesado se usada em excesso”, alerta a designer Ana Maldonado, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Sul). “No mínimo, é preciso dosá-la com cuidado e bom senso.” Lançamento Tramontina Design Collection: Lyon Marsala 31 tdc. TENDÊNCIA Para facilitar a vida de quem pretende aderir ao Marsala, o Pantone Color Institute traz uma lista de sugestões de aplicação. A aposta recai sobre mosaicos e estampas de patchwork, como os encontrados em jogos americanos, louças e roupas de cama e de mesa. O ensaio-conceito idealizado para promover a cor (cujas fotos podem ser vistas ao longo desta reportagem) sugere diferentes padrões: algumas imagens exploram a textura do veludo, enquanto outras trazem detalhes conceituais que evidenciam a robustez do Marsala, como romãs, xícaras, taças de vinho e até esmaltes. Leatrice garante que esses detalhes tornam a cor mais versátil e universal, e que o Marsala pode ser usado até em materiais promocionais, como peças publicitárias, materiais de lojas e produções gráficas em geral. “É uma cor que atrai o olho sem ofuscá-lo, envolvendo rapidamente o consumidor e tornando o ambiente mais sedutor”, afirma. Na maioria das vezes, as apostas de combinações recaem nos subtons de Marsala, como púrpura, bordô, âmbar e até o cobre e o marrom. Mas há muitas outras possibilidades de combinações. Leatrice diz que costuma associar o Marsala a cores vibrantes, como o azul esverdeado e o laranja. “São cores que estão claramente relacionadas ao Marsala, embora se mantenham distantes dele.” Vivienne Westwood SS15 32 Sephora + Pantone Universe Oriental Weavers SIGNIFICADO E SABOR O Marsala está longe de ser uma obrigação para quem deseja seguir as tendências da moda e da decoração no ano de 2015. A ideia do Pantone Color Institute é apenas oferecer orientação coerente para designers, estilistas e outros profissionais que trabalham com criações visuais, mantendo-os em sintonia com uma série de padrões de comportamento e cultura observados ao redor do mundo. Não por acaso, o Marsala é bem diferente das demais Cores do Ano. A começar por um aspecto fundamental: é predominantemente escura. Em 2014, por exemplo, a Cor do Ano foi a Orquídea Radiante, que ficava entre o rosa e a fúcsia, destacando-se pela luminosidade e energia. Para 2013, a Pantone escolheu o Verde Esmeralda – novamente, uma cor aberta e com luz própria (veja mais detalhes abaixo). Por que, então, apostar no Marsala para traduzir o espírito de 2015? Com o tempo, porém, o marrom e os demais tons terrosos passaram a incorporar novas simbologias – muitas delas ligadas ao paladar. “O grande impulsionador dessa transformação foi a cultura do café”, explica Leatrice Eiseman. Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, a rede de cafeterias Starbucks adotou uma identidade visual rica em tons terrosos e em nomes inspiradores. Os estúdios de cinema voltaram a apostar em filmes com paletas mais amarronzadas – entre eles, o já clássico “Chocolate”, lançado em 2000 com cores fortemente amparadas no sépia. “Esses e outros acontecimentos levaram a uma mudança da percepção dos tons associados ao marrom. Em vez de ser associada à sujeira, a cor agora desperta boas sensações aromáticas e uma aura de robustez e riqueza”, conta a representante do Pantone Color Institute. Com a palavra, Leatrice: “Até os anos 1990, as pessoas costumavam associar certos tons de marrom à terra e à sujeira”, afirma a diretora-executiva do Pantone Color Institute. “A terra até podia ser associada a coisas positivas, como a natureza e o jardim. Mas a sujeira não: a associação era necessariamente ruim.” O que o Marsala traduz é essa vontade de resgatar e descobrir os cinco sentidos. A busca da boa gastronomia aliada a receber bem, com sofisticação e um toque de sedução. O tempero ideal para um ano que ainda parece difícil no campo econômico, mas certamente reservará alguns momentos de sabor inconfundível. as cores da história Desde 2000 o Pantone Color Institute escolhe a “cor do ano” – isto é, a cor capaz de expressar o zeitgeist* mundial. As escolhas da última década formam, assim, um retrato peculiar da história. *Zeitgeist: palavra alemã que significa “espírito do tempo” ou “sinal dos tempos”. É o “clima” em que o mundo se encontra em uma determinada época. 2000 Cerulean 2001 2002 Fuchsia Rose True Red 2008 2003 2004 2005 2006 2007 Aqua Sky Tigerlily Blue Turquoise Sand Dollar Chilli Pepper 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Mimosa Turquoise Honeysuckle Tangerine Tango Emerald Radiant Orchid Blue Iris 33 vitrine misturador monocomando t-gama Com detalhes em quartzo, combinam perfeitamente com as cubas de sobrepor Vulcano. Essa é uma forma inovadora de trazer mais estilos para a cozinha, onde o cuidado também pode estar nos detalhes. vulcano A representação da beleza da pedra natural, aliada a um design sofisticado, conferem às cubas de sobrepor Vulcano um estilo elegante e diferenciado. Paris em quatro estações Por José Francisco Botelho, escritor e tradutor, de Paris Paris é uma cidade ofuscada por sua própria fama. Todos os anos, milhões de turistas passam pela capital francesa, mas há uma parte dela que permanece algo enigmática e incógnita: visitá-la não é conhecê-la Os roteiros batidos e repetidos não revelam a face mais charmosa da metrópole, cuja alma está nas lacunas do dia a dia, em ruas pouco trilhadas e em passeios muitas vezes silenciosos e desertos. Assistir a uma partida de futebol em um bar-tabacaria, em alguma esquina distante dos mais famosos pontos turísticos, revela mais sobre a capital francesa do que uma refeição cara (e não muito abundante) na Champs Elysées. Apesar dos estereótipos, Paris é uma cidade infinita. E o que se segue é apenas um aperitivo para quem deseja conhecer seu espírito oculto. tdc. destinos Descobrir Fotos Shutterstock.com Montmartre Montmartre é um dos bairros mais famosos de Paris − mas, ao mesmo tempo, um dos mais desconhecidos. O paradoxo se explica pelos mecanismos estranhos do turismo em massa, que tende a concentrar multidões em certos cartões postais específicos, enquanto outras regiões são palmilhadas apenas pelos viajantes alternativos. As principais artérias do bairro, como a Place du Tertre, encontram-se geralmente apinhadas de pessoas de várias partes do mundo, empunhando suas ansiosas e incansáveis máquinas fotográficas; mas, fora dessa área de turbulência, a maior parte das ruas e vielas de Montmartre, com seu desenho tortuoso e agradavelmente confuso, continuam mergulhadas na doce melancolia da Paris da belle époque. Perder-se nesse labirinto é um dos passeios essenciais para quem deseja conhecer a face mais autêntica e menos maquiada da capital francesa. a resplandescente Basílica do Sacré Coeur: ponto alto do bairro A maior parte das ruas e vielas de Montmartre, com seu desenho tortuoso e agradavelmente confuso, continuam mergulhadas na doce melancolia da Paris da belle époque cidade das luzes: vista de Montmartre é uma das mais belas de paris 38 Para começar a decifrar Montmartre, o primeiro passo é lembrar que o bairro é na verdade uma colina. O traçado de suas ruas é uma espécie de espiral que vai contornando as encostas e subindo gradativamente até a resplandecente Basílica do Sacré Coeur. Até 1860, Montmartre era uma aldeia de agricultores e artesãos, coberta por moinhos de vento que serviam não apenas para moer cereais, mas também para esmagar as uvas usadas na produção de vinho. Após ser anexado a Paris, Montmartre passou a atrair uma legião de artistas, que transformaram o pitoresco vilarejo rural em um dos mais famosos paraísos boêmios da Europa. Isso em fins do século 19 e início do 20, a época áurea dos cabarets − que não eram bordéis, mas super-botequins com espetáculos de dança, recitação de poesia e várias outras atrações notívagas. O bairro mantém até hoje essa aura camponesa, romântica e desajustada. A uma quadra de distância, na famosa Rue Lepic, você terá um vislumbre dos dois últimos moinhos de Montmartre. Ambos se encontram em propriedades particulares, mas são visíveis a partir da calçada e compõem uma das vistas mais bucólicas da cidade. o espírito de montmartre: ruazinhas bucólicas... Kiev.Victor / Shutterstock.com Um modo infalível de entrar no espírito de Montmartre é subir e descer as infinitas escadarias que ligam os diferentes patamares do bairro, cortando quarteirões de ponta a ponta: a soma de todos os trajetos é de mais de 2.000 degraus. Não se deixe assustar pelo número espantoso: ficar com as pernas doídas faz parte da experiência. Um bom começo é a escadaria que parte do número 82 da Rue Lamarck e conduz até a Rue Caulaincourt. Após galgar os 123 degraus, refresque-se tomando um kyr (o mais parisiense dos drinques) no pequeno Au Rêve, um encantador café que continua com a mesma decoração desde a década de 1930. Com ajuda de um mapa, encontre a Avenida Junot, que fica nas vizinhanças, e vá subindo até a Praça Marcel Aymé, onde você encontrará a escultura pública mais estranha de Paris. É o Passe-Muraille, ou “Atravessador de Muros”: como o nome sugere, trata-se de um peculiar cavalheiro de fatiota emergindo de uma parede de pedra. A escultura de bronze é uma homenagem ao livro homônimo de Marcel Aymé, um dos muitos escritores que viveram nessa parte de Paris. ...Escadarias intermináveis... ...e esculturas surpreendentes Ah, e se você andou assistindo o famigerado musical de Bazz Luhrman e planeja visitar o Moulin Rouge, desista: o estabelecimento original foi destruído no início do século 20, e a casa de shows que existe em seu lugar é uma verdadeira armadilha para turistas desavisados: cara, lotada e brega. Se quiser conhecer um autêntico e tradicional cabaret, a melhor opção é visitar Au Lapin Agile (“o coelho ágil”), na Rue des Saules. O local, outrora frequentado por Modigliani, Picasso e Marcel Proust, até hoje oferece espetáculos intimistas e excêntricos, como nos bons tempos de Montmartre. É fácil reconhecê-lo: na fachada da casinha em estilo rural, há uma hilária pintura representando um coelho que salta de dentro de uma panela. Para fechar o passeio com chave de ouro (ou de néon), desça uma das escadarias que levam até o Boulevard de Clichy e passeie sem medo entre os sex-shops loucamente iluminados que bordejam o pé da colina. Lá, você encontrará um dos mais peculiares museus de Paris: o escandaloso e surpreendente Museu do Erotismo. Os sete andares desse picante estabelecimento estão cheios de pinturas, esculturas, bonecos, cartazes e revistas que causarão rubor até no mais liberal dos visitantes. Fica aberto até as duas da madrugada e é o desfecho ideal para a mais autêntica (e arrojada) noite montmartreana. Um dos últimos moinhos na Rue Lepic: resquícios da belle époque 39 tdc. destinos Comer e beber em Paris Um viajante aplicado pode encontrar inúmeros recantos com preço justo e personalidade típica. O bairro Marais é pontuado de pequenos bistrôs, onde é comum ver os frequentadores folheando um livro e vendo a vida parisiense fluir. Na antiga e encantadora Rue Vieille du Temple, faça uma parada no Petit Fer à Cheval. Ali, você também terá a chance de beber um dos melhores grogues de Paris − uma bebida quente feita com rum, água e açúcar, popular na França desde o século 18. No Petit Fer à Cheval, contudo, a bebida vem sem açúcar, acompanhada por um jarro de mel. Adoçar o próprio grogue com um fio de mel brilhante é uma das experiências intrínsecas de Paris. Para quem tem espírito aventureiro, vale buscar relances gastronômicos nas regiões mais distantes da zona turística. É lá que a maioria dos verdadeiros parisienses come, bebe e se diverte. Na Avenida de Saint-Ouen, ergue-se o folclórico bar-restaurante Championet. Decorado à moda da década de 60, com fotos de atrizes e boxeadores, ele servem excelentes bières pressions − uma espécie de chope artesanal. Para acompanhar a bebida, peça algum prato bem típico e substancioso, como a cuisse de canard, ou coxa de pato assada. Ah, e não tenha pudores em mostrar que é brasileiro. Como ocorre em geral nas zonas periféricas de Paris, os garçons do Championet são fanáticos por futebol − e talvez até lhe deem uma bebida de graça como cumprimento pela nacionalidade. Dmitry Brizhatyuk/Shutterstock.com o Canal Saint-Martin: parte da verdadeira alma parisiense o canal saint-martin traz pontes de ferro pintadas de verde e azul, com formatos que lhe dão a vaga aparência de brinquedos de montar 40 Jogando pedrinhas nos canais Não é por acaso que os aficionados de Paris apreciam tanto O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, de Jean-Pierre Jeunet. O filme é uma espécie de catálogo de recantos ocultos, típicos e cheios de personalidade na capital francesa. Algumas das cenas mais famosas do filme se passam nas margens ou sobre as pontes do Canal Saint-Martin, que se estende entre o 10o e o 11o arrondissements (distritos). O Saint-Martin faz parte de uma rede de canais com 130 quilômetros de extensão, construídos pelo imperador Napoleão Bonaparte, no início do século 19, para distribuir a água do Sena por diversas regiões da cidade. É possível passear de barco por essa vasta malha aquática, mas a opção mais íntima e menos turística é fazer o trajeto a pé. O canal Saint-Martin é pontuado por uma série de pontes de ferro pintadas de verde e azul, com formatos curiosos que lhes dão a vaga aparência de brinquedos de montar; lá do alto, pode se assistir a abertura das eclusas, que ocorre de meia em meia hora, e também praticar um passatempo extremamente parisiense: atirar pedrinhas e vê-las repicando na superfície das águas. Até pouco tempo, a região era pouco frequentada por turistas; ao lado de alguns restaurantes mais chiques, o caminhante ainda se depara com velhos cafés empoeirados e estranhas lojas de quinquilharias, com as paredes pintadas em cores berrantes. Se não tiver medo de longas caminhadas, siga pela margem do Saint-Martin em direção ao norte, até alcançar a Bacia de la Villete, onde verá muitos parisienses remando seus caiaques, mesmo em dias frios. Mais além, fica o canal de l’Ourcq, em cujas margens você encontrará a livraria mais peculiar da cidade: ela se chama L’eau et les rêves e fica dentro de um barco. Sim: um barco ancorado e cheio de livros. A entrada é gratuita. Lá você pode ter a inefável experiência de folhear um dicionário de termos náuticos enquanto espia o Quais de Valmy por uma escotilha. perdidos e Paris é conhecida por suas passages ou galerias encobertas, que ligam diferentes ruas e permitem passeios a seco mesmo nos dias de chuva (que são muitos). As mais chiques se encontram em regiões como os Champs Elysées e são repletas de grifes famosas, mas as galerias mais surpreendentes e folclóricas estão na área conhecida como Grandes Bulevares, nas proximidades da Praça de la République. A mais antiga passage de Paris − e a primeira galeria comercial na Europa − é a que liga o Boulevard de Montmartre à Rue Saint-Marc. andersphoto / Shutterstock.com ACHADOS Kiev.Victor / Shutterstock.com a Passage des Panoramas: destino ideal para está disposto a viajar no tempo Construída em 1800, a Passage des Panoramas foi desenhada sob a inspiração dos bazares do Oriente Médio, mas pode ser considerada como um ancestral de todos os shopping-centers ocidentais. O teto de vidro e as luminárias de ferro fundido (antes a gás, hoje elétricas) continuam com o mesmo aspecto que tinham há mais de duzentos anos. A maior atração da galeria, contudo, são suas lojinhas de bricabraque ou, como dizem os parisienses, tombées du camion (literalmente, “coisas caídas do caminhão”). Objetos de todos os tipos e de diversas épocas se misturam nas caóticas prateleiras desses estabelecimentos fundos e cavernosos: cabeças de bonecas do século passado ou retrasado; selos raríssimos; edições de jornais da época da Segunda Guerra; centenas e centenas de fotografias sem data nem nome; carrinhos e bolas de gude que animaram passadas infâncias. Uma mercadoria especialmente apreciada: velhos chaveiros. Há caixas e caixas repletas deles. Por um ou dois euros, pode-se comprar chaveiros da década de 60 com a efígie do General De Gaulle ou com a estampa de algum venerado time francês. Após navegar nesse mar de quinquilharias, vá tomar um vinho ou beber um café no Victoria Station − um restaurante em forma de vagão de trem, na entrada da galeria junto ao Bulevar de Montmartre. A Passage Jouffroy: PARIS ESTÁ RECHEADA DE GALERIAS COMO ELA 41 tdc. destinos Até o início do século 19, Paris era essencialmente medieval: ruas estreitas e sombrias, casas com torreões pontudos, igrejas crivadas de gárgulas e campanários. Era a cidade tortuosa e escura que desponta em livros como O Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo. Grande parte da paisagem medieval, contudo, foi destruída durante as reformas urbanísticas conduzidas pelo Barão Haussman, prefeito da cidade, na década de 1860. A Paris de Haussman é aquela que todos conhecem nos cartões postais: avenidas grandiosas pontuadas por chafarizes e monumentos imponentes. Mas para quem deseja conhecer a face oculta da capital francesa, uma excelente alternativa é ir catando os vestígios da cidade medieval, espalhados por recantos pouco visitados, nos ângulos e nas sombras da confusão turística. A Catedral de Notre Dame, sem dúvida, é o mais exuberante monumento medieval de Paris − o problema é que fica lotada durante quase todo o ano. Para uma experiência mais tranquila Vestígios da Idade Média a Gárgula da Notre Dame: a catedral mais exuberante de paris está quase sempre lotada e intensa, basta caminhar até a Rue de l’Amiral Coligny, nos fundos do Louvre. Ali se ergue a igreja de Saint-Germain l’Auxerrois, construída em várias etapas a partir do século 12. Embora esteja sempre aberta, recebe poucos visitantes. As galerias profundas e os vitrais brilhantes criam um jogo de sombras e cores, enquanto o silêncio dominante reforça a impressão de uma viagem no tempo. Para seguir montando o quebra-cabeças da Idade Média, visite os restos da Muralha de Filipe Augusto (em francês, Enceinte Phillippe Auguste). Em 1190, antes de partir para a Terceira Cruzada, o rei francês mandou construir um gigantesco muro de pedras, com dez metros de altura e três de espessura, cercando a capital. Pedaços da muralha subsistem em vários pontos da cidade, mas o trecho mais bem preservado está na Rue des Jardins de Saint-Paul. Lá, pode-se ver os restos de uma antiga torre de guarda: encoste a mão na pedra fria do alicerce e imagine que, oito séculos atrás, a igreja de Saint-Germain l’Auxerrois: o século 12 preservado 42 arqueiros franceses andavam lá em cima, fazendo a ronda da cidade. Em seguida, perca-se alegremente pelos bairros do Marais e do Quartier Latin: suas ruas escaparam às reformas de Haussman e ainda têm o aspecto enviesado de séculos atrás. Quando a noite cai, essas ruelas se transformam em túneis de luz e cores, com bares e lojas abertos até altas horas. Em alguma banca de rua, compre uma dose de vin chaud (“vinho quente”, ancestral do nosso quentão) e se misture ao fluxo de boêmios de todas as idades que, até hoje, fazem bater o coração medieval de Paris. O coração de paris É medieval Se o Egito é uma dádiva do Nilo, como escreveu Heródoto, Paris é certamente uma dádiva do Sena. Poucas capitais têm uma ligação tão íntima com seus respectivos rios. Andar à beira do Sena pode ser um clichê, mas é também uma das experiências mais viscerais do espírito parisiense. Se puder, faça seu trajeto em um domingo ou feriado: nesses dias, algumas das ruas que acompanham o rio são exclusivas para pedestres, e é possível caminhar pelas margens desde a Torre Eiffel até a Gare de Austerlitz. Não tenha pudores em fazer ziguezagues, cruzando e recruzando as dezenas de pontes que pontuam o rio: todas são belíssimas, e cada uma oferece um panorama único da cidade. Preste atenção na Pont de la Concorde, construída com as pedras da Bastilha, a grande fortaleza destruída em 14 de julho de 1789, início da Revolução Francesa. Ao cruzar a Pont Neuf ou a Pont de Notre Dame, sente-se num dos bancos de pedra que se alinham junto ao parapeito e perca alguns minutos admirando as duas ilhas do Sena. Se tiver sorte, haverá uma trilha musical apropriada: as pontes de Paris são palco tradicional para músicos de rua. Complete o passeio visitando as prateleiras dos “buquinistas” − folclóricos vendedores de livros e curiosidades, cujas bancas de ferro verde abrem-se todos os dias em ambas as margens do Sena. Esse, por sinal, é o melhor lugar para comprar lembranças da cidade: os preços são justos e as mercadorias, surpreendentes. No fundo, Paris é como os vendedores que disputam espaço neste trecho do rio: sutil e generosa. deixe o sena te levar Andar à beira do Sena pode ser um clichê, mas é também uma das experiências mais viscerais do espírito parisiense cdrin / Shutterstock.com cdrin / Shutterstock.com as faces do sena: da imponente Pont de la Concorde (acima) às bancas e passeios dominicais (abaixo) 43 44 vitrine facas Prochef A linha ProChef Tramontina Design Collection é perfeita para chefs e gourmets que querem encantar nas receitas. Feitas em aço inox de alta qualidade e com fio de longa durabilidade, as facas proporcionam cortes mais precisos e seguros, pois o cabo tem pega ergonômica. tdc. entrevista Clementina duarte A matriarca da joia brasileira Na década de 1960, ela rompeu com o estilo europeu E criou a joia moderna brasileira. Saiba por que a obra de Clementina Duarte já encantou personalidades como Oscar Niemeyer e Pierre Cardin – além de seduzir rainhas, princesas e primeiras-damas Por Ricardo Lacerda Foto: Lulu Pinheiro 46 “Você é mestra de uma arte que me parece mais mágica do que simplesmente arte.” A descrição para o trabalho de Clementina Duarte é de ninguém menos que Gilberto Freyre, um dos maiores intelectuais brasileiros do século 20. Nascida no Recife (PE) em 1941, a arquiteta – que se tornou uma das mais respeitadas designers de joias do mundo – é o que se pode chamar de pedra fundamental da joalheria moderna brasileira. Desde suas primeiras criações, na efervescente Paris dos anos 1960, Clementina já exibia características próprias, inovadoras, rompendo com a tradição da joalheria europeia, até hoje associada às linhas clássicas e tradicionais. A entrada de Clementina no mundo da moda aconteceu quase por acaso. Depois de ter feito uma pós-graduação em Brasília – que incluía Oscar Niemeyer no corpo docente – e com uma carreira já bem encaminhada na arquitetura, Clementina se mudou para a França para aprofundar seus estudos. Em Paris, cursou Arte Medieval na Sorbonne e Arte Aplicada no Institut d’Art et Métiers. Ainda que fosse apaixonada por moda e design, ela conta que não pensava em trilhar outro caminho. Mas mudou de opinião quando um de seus professores, o célebre designer francês Jean Prouvé, encantou-se com um colar que Clementina usava. Obra de sua própria criatividade e bom gosto, o colar se tornaria a primeira das centenas de joias que, até hoje, levam a tão cobiçada assinatura de Clementina Duarte. Clementina consegue sintetizar o estilo barroco e o modernismo brasileiro O ano era 1966. A jovem recifense logo conseguiria expor sua primeira coleção na galeria Steph Simon, em Paris. A curadoria era de Charlotte Perriand, pioneira do mobiliário moderno e um dos nomes a trabalhar com o mestre do modernismo, Le Corbusier. Pronto: Clementina já elevava seu nome à alta roda do design de joias europeu. Mais do que isso, tornava-se sinônimo de uma joia genuinamente brasileira – algo até então inédito. Acabou chamando a atenção de um dos mais badalados estilistas do mundo, Pierre Cardin. Foi dela a coleção de joias usada no desfile de primavera-verão de 1967 da grife. De volta ao Brasil, Clementina venceu o prêmio de Melhor Desenho de Joias na 11a Bienal de São Paulo. Também passou a participar de exposições em diversos países, muitas delas a convite do governo brasileiro. A relação com o Itamaraty ficou tão próxima que suas joias passaram a adornar presidentes, primeiras-damas, princesas e rainhas. Entre as personalidades agraciadas estão a rainha Elizabeth II; a princesa Irene, da Holanda; as ex-primeiras-damas dos Estados Unidos Hillary Clinton e Rosalyn Carter; a ex-primeira-dama da França Danielle Miterrand; e a primeira-dama da Rússia, Lyudmilla Putin. 47 o máximo da beleza “ “ No Brasil, somos muito alegres, queremos Ao propor uma reflexão sobre a multiplicidade cultural do Brasil, a designer consegue sintetizar o estilo barroco e o modernismo brasileiros. A menina que, ainda antes de ir para a escola, já desenhava as toalhas de linho da igreja, construiu uma carreira singular. Hoje, Clementina consegue valer-se das cores, dos traços e dos movimentos, convertendo seu trabalho em algo que vai muito além de meros produtos do luxo. O que ela faz, reconhecem os especialistas, é uma obra de arte. Neste bate-papo com a reportagem de TDC Concept, ela conta um pouquinho mais da história que lhe valeu a fama de “primeira-dama da joia brasileira”. Confira: TDC Concept | Como surgiu o seu interesse pela arte da joalheria? Clementina | Primeiro, preciso falar de minha formação. Eu desenho desde meus quatro anos de idade. Meu avô era arquiteto. Meu pai, cientista. Em minha casa, todos falavam de arte e de cultura o tempo inteiro. Isso me estimulou a ter uma observação aprimorada. Antes mesmo de começar a estudar, eu já era muito atenta a tudo, especialmente às formas e à natureza. Nasci no Recife, onde a natureza é exuberante. Somemos a isso a arquitetura barroca dos portugueses, com influência dos holandeses. Cresci e fui estudar em Brasília, no tempo em que Oscar Niemeyer era diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB). Com ele, tínhamos um filósofo de arte, alguém que pensava a arquitetura brasileira no sentido das formas, tanto do lado antigo quanto moderno. TDC Concept | Quando foi isso? Clementina | Meados da década de 1960. Até que veio o regime militar e a restrição às liberdades. Fui estudar arquitetura medieval em Paris e fiz um curso só para arquitetos ministrado por Jean Prouvé. Para se ter uma ideia, ele é uma pessoa tão relevante que, hoje, uma das salas do museu Georges Pompidou tem seu nome. Nesse curso, ele nos ensinava a enxergar a arte como um todo, envolvendo integralmente o conceito de design. Até então, eu fazia projetos de arquitetura no Brasil, mas na França me despertou a ideia de que o nosso país tinha pintura, arquitetura, mobiliário, música e escultura próprios, mas não tinha joia brasileira. Foi bem nessa época, em 1966, que começou a aparecer a joia moderna escandinava, que é muito cirúrgica, seca, mecânica e fria. En48 “ A minha joia tem um projeto detalhado, Fotos: Arquivo Pessoal quanto isso, na Europa era possível encontrar joias copiadas da antiga joalheria italiana e francesa. Foi aí que comecei a pensar em uma joia brasileira. No Brasil somos muito alegres, queremos o máximo da beleza. “ como a arquitetura TDC Concept | Mas como começou a criar? Clementina | Primeiro, comprei materiais no mercado de pulgas, em Paris. Pensei em criar algo com as formas do Brasil, fazendo uma joia bela e confortável. Foi exatamente assim que criei uma joia para mim – sem pensar nisso como profissão, pois eu amava a arquitetura. Fiz a primeira joia, um colar de prata martelada, e fiquei usando. Ainda hoje tenho essa peça. Quando o professor Prouvé me viu com a joia, ele fez um escândalo e disse que eu não podia desperdiçar meu talento fazendo outra coisa. Fiquei espantada. Em silêncio, trabalhei por um ano. Desenhava, projetava e executava, mas achava que não deveria mostrar a ninguém o que havia criado. Até que bati na porta da revista Elle, onde me indicaram a galeria Step Simons. Foi lá que conheci Charlotte Perriand, que trabalhava com Le Corbusier. Minha primeira exposição foi um sucesso de vendas e aceitação. TDC Concept | Bom, então a arquitetura estava definitivamente ficando para trás. Clementina | Sim. Em seguida, fiz outra exposição em Saint-Tropez. Lá, encontrei Jeanne Moreau [atriz francesa, musa da nouvelle vague] em uma livraria, que se encantou por uma de minhas joias. Dei a ela de presente. Pouco tempo depois, começou minha ligação com Pierre Cardin. Levei a ele a coleção que havia desenvolvido e ele costurou as joias nas roupas. Foi a primeira exposição de Pierre Cardin com joia moderna. Isso em 1967. Recentemente, em 2011, ele esteve em São Paulo para uma exposição sobre sua carreira – Pierre Cardin: Criando Formas, Revolucionando Costumes –, para a qual fui convidada a apresentar as joias daquela época. Foi muito emocionante. clementina duarte em dois momentos: ao lado, com charlotte perriand, em paris, 1987; Acima, com pierre cardin, durante uma exposição em 2012 49 “ Eu não paro de pensar. TDC Concept | Que traços marcam suas criações? Clementina | A minha joia tem um projeto detalhado, como a arquitetura. Ela leva a um objeto concebido para trazer conforto, prazer, beleza e acabamento frente e verso. Ao mesmo tempo, não deixa de fora a elegância, a sensualidade e, especialmente, a atenção à continuidade das formas do corpo. É como se eu tivesse transmitido essa linguagem moderna às joias brasileiras. Trata-se de uma ciência da arte, que ultrapassou a intuição e procurou ser adaptada ao objeto numa direção cientificamente estudada. TDC Concept | Mas o que é, de fato, a joia brasileira? Clementina | Hoje, não se consegue mais pensar em uma joia brasileira, de tanto que se copiou. As pessoas se apropriam até dos vocabulários que usamos. Quando eu fiz essa joia, meu sentimento não foi de Brasil. Eu estava transmitindo Brasil, mas ninguém queria saber disso fora do país. Durante dez anos, morei nos Estados Unidos, onde pedia para escrever ‘Clementina Duarte – Brasil’ nas joias, mas não precisava. Em um artigo escrito por Joaquim Falcão [escritor pernambucano], ele afirma: “Ao querer ser regional, ela ficou internacional”. É isso mesmo. Atualmente, existe uma diferença que é identificada no meu trabalho: apesar desse mundo de joias com pedras brasileiras, os antigos clientes querem aquilo que tem um pouco de menos – uma definição de traço muito forte. Na verdade, não é a busca da simplicidade, mas sim daquilo que eu pretendo fazer a partir daquela pedra: o quanto de diamante vai? E de metal? Ela tem que terminar no momento certo. Às vezes, tem 50 “ TDC Concept | Dali em diante sua carreira deslanchou, certo? Clementina | Ainda da França, enviei minhas joias para a 11a Bienal de São Paulo, em 1971. Lá, recebi o primeiro prêmio de Melhor Desenho de Joias. O Itamaraty já me convidava para fazer exposições no exterior, me apresentando como uma designer brasileira. Fiz exposições importantes, como as de Milão e Helsinque. Na Finlândia foi muito marcante, pois lembro das pessoas dizendo: “Que extraordinário sentido de forma”. Na época, o Brasil tinha em Aloísio Magalhães um de seus ícones do design. Foi ele quem criou as marcas do Banco do Brasil, da Petrobras e da TV Globo. Então o governo me convidava, ao lado dele e de Francisco Brennand, para representar o país no exterior. Participei de exposições via Itamaraty no mundo inteiro, ao lado de grandes salões e joalherias. É como se existisse um caleidoscópio passando em mim. Em todo canto, eu paro e desenho exageros, mas até no exagero é necessário ter aquele sentido de harmonia. Na verdade, posso dizer que o Brasil sempre foi internacional, sempre uma preciosidade no mundo das joias. Ainda assim, o Brasil jamais teve personalidade. Hoje, as pedras são levadas do Brasil, lapidadas na Alemanha, na China, e nesse processo se perde a origem. TDC Concept | Como isso impacta na imagem das pedras do Brasil? Clementina | As únicas pedras brasileiras de grande conceito e bastante divulgadas são a esmeralda, a água marinha, o topázio imperial, a rubelita e a turmalina Paraíba – hoje o grande achado internacional como pedra brasileira. Essas são muito procuradas e identificadas no momento como brasileiras, sendo encontradas em joalherias como Bvlgary e Tiffany’s. TDC Concept | Como funciona seu processo criativo? Clementina | A primeira ideia vem imediatamente. Depois, surge aquela busca de perfeição e proporção, do uso de cores das pedras, do pensar para que ela seja eterna. Eu não paro de pensar. É como se existisse um caleidoscópio passando em mim. Em todo canto, eu paro e desenho. No papel, no telefone, estou sempre desenhando. É um processo muito intenso de criação e desse processo eu vou escolhendo. Tenho um arquivo com mais de mil projetos que não fiz. Desenho tanto em ouro, diamante e pedras preciosas quanto em prata e pedras brasileiras. Existe um método: faço levantamento de medidas ideais, do conforto, do efeito das joias. Um balanço entre cheios e vazios é uma constante no meu trabalho. A distribuição de volumes e de formas. TDC Concept | Qual a importância de sua relação com o Itamaraty? Clementina | Minhas joias já foram oferecidas à rainha Elizabeth II, da Inglaterra; à rainha Silvia, da Suécia; e ao rei Juan Carlos, da Espanha. Nos anos 1980, o embaixador do Vaticano comprou colar e brincos para presentear a princesa da Holanda, que gostou muito, me ligou e fez encomendas. Uma vez, no Recife, o então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, viu a esposa de um governador usando e quis uma joia igual para sua esposa. Um momento muito marcante aconteceu em Abu Dhabi, em 1982. A filha do sheik ia casar e foram convidadas casas de joalherias do mundo inteiro para uma exposição onde se escolheria a joia do casamento. Representei o Brasil em meio a 40 joalherias do mundo – inclusive a Bvlgary. Fiquei um ano trabalhando na coleção, toda em ouro amarelo, esmeraldas, diamantes e pérolas de Biwa, que hoje nem existem mais. Toda exposição era em verde a amarelo. Nas minhas eternas fantasias, desde criança eu sempre pensei em princesas e no que seriam suas joias. Fomos aprovados pela princesa, que quis as joias inclusive para o casamento. Fui ao palácio para que ela vestisse as joias e desfilasse. TDC Concept | E o desafio de se manter sempre inovando? Clementina | Minha mais recente exposição, em dezembro de 2014, foi na embaixada da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington. Foi uma nova coleção, toda colorida, com esmeraldas e pedras azuis. Quero sempre inovar e, felizmente, sempre consigo. Minhas primeiras joias eram em prata. Depois vieram as pedras, que ganharam exageros de preciosidade. Agora eu quis fazer com muita cor, algo que a pedra permite. Procuro trazer esse lado exuberante brasileiro, na tentativa de que a joia pareça brasileira, embora o Brasil nem precise pensar em uma identidade típica. Somos modernos e internacionais, refinados. Falo isso com a experiência de ter morado dez anos nos Estados Unidos e outros cinco em Paris. Continuo achando que somos modernos. O Brasil tem uma joalheria muito desenvolvida, mas que ainda é muito ligada à joia francesa e italiana. A joia ainda é muito ligada às formas tradicionais. Falta um pouco de personalidade própria do artista, ou que esteja ligada ao movimento do design brasileiro. 51 tdc. miscelânea memória SERGIO RODRIGUES Foto: Divulgação Seu traço era especial. Mesclava harmonia e exclusividade, equilibrando beleza, funcionalidade e conforto. Virtudes assim fizeram de Sergio Rodrigues um ícone brasileiro no design mundial. Há décadas, seu nome é referência em mobiliário moderno e design industrial – especialmente quando o verbo a ser conjugado é “sentar”. Nascido no Rio de Janeiro do final dos anos 20, o arquiteto não resistiu a um câncer e faleceu em setembro de 2014. Mesmo em meio ao tratamento contra a doença, Rodrigues menteve-se ativo e com a criatividade em alta. Concebida em 1957, até hoje sua peça mais conhecida é a poltrona Mole, feita de jacarandá e couro – e que 52 pode ser conferida atualmente no MoMA, o Museu de Arte Contemporânea de Nova York. Foi graças a ela que, em 1961, o designer venceu o Concurso Internacional do Móvel de Cantù, na Itália, dando início a uma exitosa carreira. Um dos amigos mais próximos, o arquiteto Lúcio Costa, costumava ressaltar que Rodrigues conseguia resgatar o espírito da mobília tradicional e, ao mesmo tempo, os diversos aspectos do Brasil indígena. Pura verdade. Com um legado que fala por si próprio, depois de seis décadas de criações, Sergio Rodrigues sai de cena consolidado como uma referência para as novas gerações. vitrine antique Design vintage, aço inox e cabos com acabamento perolado. Esse é o talher Antique: tendência, qualidade e tecnologia para compor mesas delicadas e superelegantes. 53 Por Mauricio Roloff Das mesas de boteco para as rodas da alta gastronomia, as cervejas se reinventam. Ingredientes surpreendentes entram em cena com propostas únicas de sabor e aroma. Rótulos se distinguem pela origem, pela braçada e até pelo nome do mestre cervejeiro – e alguns já adquirem status de raridade. E assim, tal como no mundo dos vinhos, as cervejas especiais começam a revelar um potencial inimaginável de sensações e harmonizações, provando que por trás daquele colarinho cremoso há muito mais do que apenas malte, lúpulo e cevada. 54 O que define uma cerveja especial não é o rótulo da garrafa, nem o processo de fabricação. É algo muito mais sutil, que não pode ser industrializado e muito menos copiado: o carinho do mestre cervejeiro com cada etapa da elaboração. Os melhores são aqueles que acompanham todas as fases da tiragem, desde a seleção dos ingredientes até o borbulhar no copo dos comensais. A escolha dos ingredientes e os métodos de preparo miram sempre na qualidade, e não necessariamente na rentabilidade – ainda que algumas garrafas saiam a preços embriagantes. A perder de vista O mestre cervejeiro pode escolher entre uma infinidade de estilos para criar seu rótulo – e pode se apropriar de diferentes denominações de origem. É fácil encontrar uma Indian Pale Ale fabricada no interior gaúcho ou uma Irish Red Ale com sotaque caipira, por exemplo. “O bebedor deve seguir seu gosto, tentando descobrir onde surgiu o tipo favorito de cerveja, estudar a história, entender os ingredientes, o motivo de uma ser avermelhada e outra escura”, ensina o especialista Sady Homrich, mais conhecido como o baterista da banda gaúcha Nenhum de Nós. Basicamente, as cervejas se separam em duas famílias: as Ales, de fermentação a temperaturas mais altas, e as Lager, de baixa fermentação. Dentro de cada grupo há diversos estilos, cores, graduações alcoólicas, corpos e características de procedência (as chamadas escolas alemã, belga, inglesa etc.). Parece muita informação, mas um aspecto facilita a vida dos novatos. “um estilo é muito diferente do outro. O bebedor sente isso, ainda que não saiba dar nome ao que está percebendo”, garante o empresário Júlio César Kunz, que produz tanto cervejas quanto vinhos. Ou seja: de gole em gole, qualquer pessoa pode se tornar um consumidor entendido. Basta beber com atenção e, é claro, a tradicional dose de moderação. 55 tdc. sabores Faça você mesmo Fotos Shutterstock.com conhecida como home brew, a produção artesanal nunca esteve tão em alta Uma característica que distingue as cervejas especiais das demais bebidas (especialmente dos rótulos industriais) é a proximidade entre produtores e consumidores. Os cervejeiros costumam ter o mesmo perfil de seu público. Em geral, são jovens adultos, de uma geração interessada em tecnologia, habituada a viagens ao exterior e com atitude empreendedora – sem medo de arriscar. No universo etílico, o movimento das cervejas artesanais chega a ser classificado como uma espécie de contracultura. O levante procura combater a padronização, hasteando a bandeira da diversidade nas prateleiras. Não é à toa que muitas garrafas são inspiradas em grupos ou canções de rock. A confusão entre fabricantes e bebedores é reforçada por um hobby que cresce a cada dia entre quem frequenta o métier: a elaboração artesanal e caseira, também conhecida por home brew. Hoje, as matérias-primas para o preparo de cerveja são facilmente encontráveis em lojas especializadas que, além de fornecer os insumos, prestam consultoria a quem deseja se aventurar. “Não é tão forte essa ligação com a origem, como tem o vinho. É possível encomendar os ingredientes de qualquer lugar”, explica o músico Sady Homrich. O senso comum é de que, para fazer a bebida em casa, basta uma panela de tamanho razoável. Mas os especialistas alertam que não é tão fácil assim. Entre outros fatores, a necessidade de controlar a temperatura com rigor torna a empreitada um desafio. Mas isso não parece desestimular os aspirantes a cervejeiro. “Boa parte dos exemplares caseiros contém defeitos. Ainda assim, a família e os amigos apoiam. O que vale é a diversão. É um pessoal que mete a cara e faz”, constata Kunz. Fotos Shutterstock.com 56 Não há como negar: a informalidade típica do universo cervejeiro tem dado origem a uma infinidade de novos sabores. Bom para o consumidor, que chega a ficar perdido – mas feliz. Depois de eleger a bola da vez, não basta apenas colocá-la na geladeira e esperar algumas horas. Afinal de contas, uma degustação desleixada pode esconder a personalidade de um bom rótulo. O apreciador deve ficar atento a uma série de parâmetros, entre os quais o mais importante é a temperatura. Antes de tudo, esqueça a ideia do “estupidamente gelada”. De acordo com a sommelière de cervejas Rosária Penz Pacheco, o teor alcoólico é determinante na definição da temperatura ideal. Produtos mais carregados de álcool devem ser bebidos a até 13°C, enquanto os mais leves são apreciados mais frios. Outra dica: por mais ligeira que seja a cerveja, ela nunca deve ser degustada abaixo de 2°C – nessas condições, a bebida amortece as papilas gustativas e mascara eventuais defeitos. Outra preocupação são os copos: modelos altos e estreitos atendem bem exemplares menos complexos; taças mais largas e volumosas servem aos rótulos perfumados e encorpados. Por fim, fique de olho na espuma, que ajuda a manter a temperatura e a preservar aromas. Tirando casos especiais, ela pode ser obtida corretamente se metade do copo for preenchido em uma inclinação de 45 graus e o restante servido em posição vertical. A arte da harmonia O processo de gourmetização não estaria completo sem a perfeita combinação com a gastronomia. Amplamente exercitado pelos apreciadores de vinho, O conceito de harmonização vem sendo rapidamente absorvido pelos fãs de cervejas especiais – ainda que de uma maneira mais descontraída Comparado ao mundo dos vinhos, o princípio de harmonização aplicado às cervejas é o mesmo. Seja buscando características comuns entre bebida e comida, ou explorando os contrastes, a ideia é alcançar o equilíbrio entre a garfada e o gole. Ao mesmo tempo em que ressalta as qualidades de cada um, a harmonização bem feita impede que algo se sobressaia. Apesar de existirem diversas técnicas que permitem encontrar essa sinergia, o universo cervejeiro é menos regrado que o dos vinhos. No fim das contas, elas não passam de sugestões, como ressalta Cesar Adames, professor e especialista no mercado de tabaco e bebidas. Entre as dicas mais comuns há um equivalente à máxima de “tintos para carnes e brancos para peixes”. Seria procurar sempre servir as Lagers com pratos leves e as Ales, geralmente encorpadas, com receitas mais elaboradas. Na dúvida, a sommelière Rosária Penz Pacheco lembra que as cervejas de trigo alemãs servem como coringas, por serem bastante refrescantes – mesmo que apresentem corpo de médio a alto. Outra proposta são as harmonizações regionais, unindo cervejas que seguem uma escola específica (belga, alemã, inglesa, americana etc) com iguarias clássicas desses países. Outra maneira de acertar no casamento é buscar ingredien- tes comuns entre a garrafa e a panela. Há rótulos em que são adicionados itens de sabor, como pimenta, coentro, casca de laranja e abóbora. É grande a chance de eles combinarem com pratos que levem esses temperos. Ou então transformar a própria cerveja em matéria-prima da comida, com receitas que a usem em seu preparo e servindo o mesmo tipo aos convidados. Culinárias típicas conhecidas por serem muito picantes, como a mexicana e a tailandesa, têm aptidão especial para a combinação com cerveja. De graduação alcoólica menor em relação a outras bebidas, ela permite goles mais generosos, que aliviam o ardor. A carbonatação (volume de bolhas) e a temperatura de serviço geralmente baixa também contribuem para a combinação. Mas, por melhor que seja o desempenho da cerveja na harmonização, os especialistas reforçam que é preciso respeitar sua vocação descontraída, de consumo em qualquer hora e local. “A cultura da cerveja é assim, fácil. Não dá para basear a degustação na harmonização”, acredita o cervejeiro Júlio Kunz. “Não deixe de curtir os momentos que a cerveja proporciona impondo regras. A ideia é que ao lado do copo sempre haja bons acompanhamentos, e geralmente os amigos são os melhores”, sintetiza Sady Homrich. 57 Quer exercitar a harmonização entre cervejas especiais e receitas? confira dez uniões de pratos de diferentes estilos elaboradas pela sommelière Rosária Penz Pacecho. arrisquese. tEm tudo para dar certo PRATO PRATO Sugestão de estilo: Munich Helles Sugestão de rótulo: Coruja Strix Extra (Brasil) O que observar: aqui, não há o que complicar – apenas aproveitar Sugestão de estilo: Weizenbier Sugestão de rótulo: Alenda Bier (Brasil) O que observar: a carbonatação auxilia a degustação de queijos mais cremosos Aperitivos como amendoins e castanhas Queijos adocicados e/ou cremosos (provolone, gouda, emmental, brie) ou também harMoniza com... Jogo de taças para sobremesa TR3S As peças são para sobremesa, mas quem disse que elas não podem ser usadas de forma criativa, como servir petiscos? Sugestão de estilo: Tripel Sugestão de rótulo: Karmeliet (Bélgica) O que observar: o teor alcoólico mais elevado também favorece a degustação de queijos cremosos PRATO Queijos salgados / curados (grana, parmesão, de cabra, pecorino) PRATO Aves e peixes grelhados Sugestão de estilo: Belgian Pale Ale Sugestão de rótulo: Engelszell Benno (Áustria) O que observar: uma Pale Ale menos amarga com um leve tostado Sugestão de estilo: Doppelbock Sugestão de rótulo: Paulaner (Alemanha) O que observar: o dulçor intenso da cerveja equilibra o sal dos queijos também haRMoniza com... Frigideira Trix Ceramic A cerâmica é o revestimento perfeito para grelhar, com pouca gordura, pratos delicados como peixe, frango e vegetais também haRMoniza com... Kit para cortar queijo Originale Para manter o sabor e a textura ideais, o queijo exige cortes corretos e muito cuidado no seu manuseio PRATO PRATO também haRMoniza com... também harMoniza com... Travessas Cerâmicas Lyon Jogo para salada TR3S Massas de molho cremoso Sugestão de estilo: Wood Aged Bier Sugestão de rótulo: Way Amburana Lager (Brasil) O que observar: cerveja alcoólica que auxilia a limpeza do palato em molhos brancos gordurosos Perfeitas para gratinar, assar e servir, as peças não absorvem aromas e sabores – e ainda podem ir à máquina de lavar Saladas Sugestão de estilo: Saison Sugestão de rótulo: Invicta Saisona Trois (Brasil) O que observar: cerveja fresca de verão com condimentos como semente de coentro Em aço inox, com acabamento, brilho e design diferenciados, a saladeira da linha TR3S empresta elegância à harmonização PRATO Carnes de caça Sugestão de estilo: Belgian Dark Strong Ale Sugestão de rótulo: Baldhead (Brasil) O que observar: dulçor e frutado são perfeitos para este tipo de preparo PRATO Carnes de longo cozimento Sugestão de estilo: Dunkel Sugestão de rótulo: Hofbrau Dunkel (Alemanha) O que observar: cerveja que remete a um caramelo tostado e corpo médio também harMoniza com... Caçarola Lyon A panela mais versátil que você já viu. Pode ser utilizada para os mais diversos preparos e pratos também harMoniza com... Panela de pressão Presto Alta segurança, agilidade e praticidade em um produto único PRATO Filés e steaks Sugestão de estilo: English Amber Ale Sugestão de rótulo: Babel Lucky Jack (Brasil) O que observar: o sabor de malte remete a caramelo e harmoniza com a consistência de filés e steaks também harMoniza com... Bistequeira Lyon e Facas ProChef Uma bistequeira com revestimento antiaderente e uma faca incrível: a perfeita companhia para carnes e afins PRATO Sobremesas com chocolate Sugestão de estilo: Foreign Extra Stout Sugestão de rótulo: Irmãos Ferraro Nera Reale Stout Cioccolato (Brasil) O que observar: cerveja que remete a café e chocolate, harmoniza por semelhança com a receita ou Sugestão de estilo: Kriek - Fruit Lambic Sugestão de rótulo: Kriek Boon (Bélgica) O que observar: cerveja ácida com adição de cerejas, combina por contraste com o chocolate também harMoniza com... Colheres Mosaico Um delicado jogo de colheres com gravação a laser nos cabos, ideias para apreciar todo tipo de sobremesa 60 vitrine trix ceramic Toda a tecnologia e qualidade da linha Trix com as propriedades antiaderentes da cerâmica. É a frigideira perfeita para pratos delicados e saudáveis, como vegetais e peixe. 61 Fotos: Divulgação/Panelinha e Instagram @ritalobo bendita panelinha aos 40 anos, rita lobo se projeta como a chef que não cozinha para os outros, mas ensina os outros a cozinhar – um papel que faz de sua empresa um fenômeno nacional de vendas Por Andreas Müller e Leonardo Pujol Quando as câmeras entram em ação, a libriana Rita Lobo, 40 anos, torna-se o rosto da simplicidade. Move-se desenvolta por entre panelas e talheres, manuseia com desassombro os ingredientes à mesa e estabelece um bate-papo afetuoso com o espectador – quase como se entrasse na casa dele para preparar-lhe uma comidinha. Quando as câmeras descansam, porém, Rita Lobo assume outros papéis. E não são poucos: gerencia um site sobre receitas (e com sucesso), atua como comentarista de rádio, é escritora e editora de livros, empresária, esposa e (ufa!) mãe. Chega a ser difícil entender como ela consegue transmitir tanta calma e simplicidade mesmo mergulhada em um cotidiano tão complexo. “É dureza a minha rotina”, reconhece ela. Mas a verdade é que Rita não tem segredos. Sua receita para conciliar tantos projetos e ambições diferentes passa por algo elementar: ela sabe o que quer. “Não vou ter restaurantes. Não vou vender alimentos e nem criar minha linha de comida. O que eu quero é que as pessoas entrem mais na cozinha. Tudo que eu faço tem a ver com ensiná-las a cozinhar”, decreta. Com essa missão, Rita consegue organizar o dia a dia, dedicando-se a cada tarefa como se fosse única. Mais do que isso, consegue ter energia para se projetar como uma das grandes personalidades da culinária brasileira. 62 Em seu site, o Panelinha, ela compartilha dicas e receitas que ficam ao alcance dos leigos na cozinha. Tem para todos os gostos. Procurando um pouquinho, dá para encontrar um prosaico tutorial para fritar batatas e também a apresentação de uma destemida moqueca de peixe baiana. E dá certo. A cada mês, o site registra mais de 2,1 milhões de pageviews. No Facebook, a fanpage do Panelinha congrega quase 130 mil seguidores. No Instagram, são cerca de 136 mil seguidores no perfil pessoal de Rita (@ritalobo) e outros 76 mil no da Editora Panelinha (@editorapanelinha). No YouTube, já acumula mais de 2 milhões de visualizações a partir de conteúdos que ela mesma produz e estrela – como é o caso da websérie “Em Uma Panela Só”, que integra o projeto Receitas que Brilham, da Tramontina. Sem esquecer, é claro, das aparições na TV, à frente de programas como o Cozinha Prática com Rita Lobo – que, em 2015, chega à quarta temporada no Canal GNT. De onde vem tanta inspiração e energia? Rita tem um palpite de que tudo começou na infância, época em que ela tinha a mania de observar a cozinheira da família, Zete, no manejo das panelas e pratos que iam à mesa. “Minha mãe não sabia nem fritar ovo. Na casa dela, sempre teve cozinheira, tudo tinha muita regra. Mas eu achava que cozinhar seria legal para a minha vida, profissionalmente ou não”, conta a paulistana. Os encontros de família também contribuíram. As festas de Natal costumavam reunir mais de 70 convidados e tinham muita, mas muita comida – e foi assim, aos poucos, que Rita começou a descobrir o fascínio pela arte de prepará-la. “ Não vou ter restaurantes, não vou vender alimentos. o que eu “ Cada projeto se desdobra em mais e mais iniciativas, empreendimentos e ambições. O site Panelinha, por exemplo, rendeu um livro de sucesso. Panelinha: Receitas Que Funcionam contabiliza mais de 100 mil exemplares vendidos desde o lançamento, em 2010. “É meio que um receituário daqueles pratos que toda casa precisa ter”, explica a autora. Ao todo, Rita já contabiliza cinco livros próprios, todos inspirados na ideia de desvendar os segredos de uma culinária sofisticada e sem frescuras. A procura é tão grande que o Panelinha se tornou também um selo editorial, tocado em parceria com a Companhia das Letras. Mais do que traduzir autores consagrados no mundo da gastronomia – como Yotam Ottolenghi e Katie Quinn Davies –, o objetivo também é garimpar novos chefs-escritores. “Às vezes, a pessoa tem experiência na cozinha mas não sabe como entrar no mercado editorial. Eu faço o trabalho de pensar o livro: para quem falar, como falar etc”, ilustra Rita. Para este ano, a grande expectativa recai sobre a nova obra de Nina Horta, colunista de gastronomia da Folha de S. Paulo. “Ela é, certamente, a maior autora sobre comida do Brasil, mas não publicava nada há pelo menos 20 anos. Agora, nós conseguimos trazê-la de volta”, comemora a editora. quero é que as pessoas entrem mais na cozinha Mas o mergulho na culinária não foi imediato. Antes, Rita se aventurou pelo mercado da moda e da mídia. Aos 15 anos, os olhos azul-piscina e o sorriso resplandescente abriram-lhe as portas para atuar como modelo, daquelas super-requisitadas. Viajou o mundo, conheceu diversos países, desvendou a Europa e os Estados Unidos, morou no Japão. Na volta, tornouse apresentadora do programa MTV a Go Go, que percorria as principais tendências da moda com uma linguagem leve e descontraída – quase um estágio para a carreira que construiria anos mais tarde, entre a cozinha e as câmeras. “Para mim, trabalhar como modelo ou VJ da MTV sempre foi algo temporário, uma espécie de summer job. Eu queria achar uma profissão de fato, algo que me fizesse sentir mais produtiva”, lembra. Aos 18 anos, as passarelas e a MTV ficaram para trás. Em busca de sua verdadeira essência, Rita partiu para Nova York, rumo à Peter Kump’s School 63 Rita em vários papéis Além de apresentar o Cozinha Prática, no GNT, Rita Lobo divide o tempo entre diferentes papéis: é apresentadora de rádio, escritora e editora de livros, empresária, esposa e mãe de dois filhos – Gabriel, de 12 anos, e Dora, de 10, que se unem às enteadas Gabriela, de 14 anos, e Daniela, de 12. 64 De volta ao Brasil, em 1995, Rita já havia se tornado uma especialista no manejo das caçarolas. Em pouco tempo, surgiram convites para trabalhar em restaurantes e escrever sobre o tema – como na coluna semanal que manteve na Folha de S.Paulo entre 1995 e 2000. Nos textos, ela indicava receitas, restaurantes, passeios, livros e dietas. “Depois de muita observação e alguns testes, parece que descobri o verdadeiro segredo para conciliar os prazeres da mesa com os do espelho: quantidades. O segredo está nas quantidades. Coma de tudo um pouco, mas só um pouco”, aconselhava ela em uma das colunas do período da Folha. O hábito de escrever despertou em Rita a habilidade de combinar ideias e palavras em textos – com o perdão do trocadilho – saborosos. As colunas davam boa repercussão e os leitores se mostravam cada vez mais engajados. Foi esse interesse súbito que inspirou Rita a criar, em 2000, o Panelinha. A ideia era simples: revelar truques e macetes que qualquer pessoa fosse capaz de aplicar – até mesmo aquela que nunca fritou um ovo. Para Rita, cozinhar deveria ser como ler e escrever: uma habilidade universal. O Panelinha começou oferecendo 200 receitas, todas com o modo de “ Fiquei fascinada com o aprender. Foi tão libertador e rico que eu “ of Cooking Arts. Uma escola peculiar, diferente de instituições que formam os mais requisitados chefs do mundo, como a Culinary Institute of America ou a Le Cordon Bleu, da França. Aberta a profissionais de qualquer área, a Peter Kump’s se notabiliza por formar bons amantes da cozinha. Isto é: pessoas que simplesmente apreciam a arte de preparar boas receitas, sem a pretensão de emular os ases da gastronomia. Foi lá que a paixão pela cozinha despontou. Mais tarde, Rita também se especializaria na Leith School of Food and Wine, em Londres. “Fiquei fascinada com o aprender. Foi tão libertador e rico que eu queria que os outros aprendessem a cozinhar também”, explica. queria que os outros aprendessem a cozinhar também preparo destrinchado e fotografado. Alguém leu, repassou a receita e, rapidamente, as histórias começaram a cair no gosto dos leitores. Rita começou a receber uma enxurrada de e-mails com questionamentos não de receitas, mas de procedimentos simples: como deixar o arroz soltinho? Qual é a melhor carne para o rosbife? Como fazer o feijão ficar cremoso? “Aí percebi que as pessoas não sabiam mais cozinhar”, rememora. Desde então, a receita de sucesso de Rita traz um ingrediente especial: mais do que saber o que quer, ela faz questão de saber o que o público quer. Um ideal que passa por pesquisas, testes e muitas maneiras de entender a cabeça de quem busca informação sobre culinária. “O Panelinha, em si, acabou se tornando uma ferramenta de pesquisa. Tenho todos os dados sobre o meu consumidor, além da minha experiência de estar há quase 20 anos me comunicando diretamente com ele, de uma forma muito próxima”, explica. Um de seus hábitos é cozinhar sempre com a caneta à mão, anotando as medidas, o modo de preparo e as 65 dúvidas que surgem no decorrer do processo. Foi assim que o Panelinha se tornou sinônimo de “receitas que funcionam”. Todos os passos são traduzidos em uma linguagem elegantemente fácil. Difícil, mesmo, é dar o acabamento final aos programas que ela apresenta na TV. Rita participa ativamente da produção e não abre mão da perfeição em cada detalhe. A luz tem de estar sempre impecável. A roupa precisa ser a mais adequada – nada muito formal ou provocante. O som tem de ser puro. Para cortar uma cebola, todas as luzes do set são posicionadas no ângulo adequado. Para mostrar a mesma cebola sendo despejada na panela, as filmagens param e todas as lâmpadas são rearranjadas para valorizar as cores e texturas da comida e evitar sombras indesejadas. Em média, um “ “ O Panelinha se tornou uma ferramenta de pesquisa. Tenho todos os dados sobre o meu consumidor 66 episódio de 30 minutos do Cozinha Prática leva 12 horas para ser gravado. “Eu sou perfeccionista, sim, e aí entra a questão estética. Me incomodo muito com coisas feias. Não gosto de toscolândia”, divertese Rita. O marido, Ilan Kow, reconhece o esforço – e exerce um papel fundamental na condução de cada iniciativa. Casado com Rita há seis anos, ele se tornou o mentor comercial dos negócios. “Fazer algo diferente era um sonho antigo meu. Felizmente consegui”, diz ele. Com Ilan, Rita Lobo encontrou um importante aliado para consolidar as atividades do Panelinha. Com um site, uma editora e vários outros produtos de mídia, a empresa precisava de maior integração e posicionamento. Ao mesmo tempo, carecia de uma operação mais ágil. Até então, a cozinha de testes era em um local e a redação em outro. O acervo de panelas e talheres ficava na própria casa de Rita, onde eram gravados os vídeos. Em 2015, Rita inaugurou uma casa nova que incorpora tudo: os escritórios, a redação, o acervo, a cozinha de testes e o estúdio. A ajuda de Ilan foi providencial. “Somos perfis diferentes, mas complementares”, reconhece Rita. A nova sede do Panelinha fica a três quadras da escola das crianças – os filhos Gabriel e Dora, de 12 e 10 anos, respectivamente, além das enteadas Gabriela e Daniela, de 14 e 12 anos. “Eles se dão tão bem que brigam”, comenta, aos risos. A proximidade é conveniente. A empresária não abre mão de reunir a família para almoçar junto durante a semana. “É o jeito que tenho de acompanhar minha família. Raramente consigo chegar cedo da noite em casa. O almoço é o meu momento com os filhos”, explica. Ao completar 20 anos de carreira, em 2015, Rita Lobo se projeta como a chef que, em vez de cozinhar para os outros, prefere ensinar os outros a cozinhar. E o futuro reserva novos projetos e novas ambições pessoais. Uma delas é voltar às cavalgadas – um prazer de infância que, hoje, espreme-se nas poucas brechas dos afazeres diários. Outro é expandir o papel do Panelinha. Alguém se apaixona e precisa preparar um jantar especial? Lá estará o Panelinha. Precisa fazer um almoço rápido para os filhos? Panelinha neles. Não aguenta mais comer a mesma coisa todos os dias? O Panelinha terá a solução. Ou, no mínimo, dará caminhos preciosos para quem está descobrindo o prazer de cozinhar, tal como Rita descobriu no alvorecer da infância, antes de se tornar tudo que, hoje, ela é. receita AMBROSIA RÁPIDA DE LEITE EM PÓ Ingredientes: 1 1/2 xícara (chá) de leite em pó 1 ovo 3 colheres (sopa) de água 1 pitada de sal 1/2 xícara (chá) de açúcar 1 xícara (chá) de água (para a calda) 1 canela em rama 3 cravos-da-índia 1/2 colher (sopa) de vinagre de vinho branco Modo de Preparo: Numa panela pequena, junte uma xícara (chá) de água com o açúcar e misture com o dedo indicador – isso vai ajudar a não queimar a calda. Quando o açúcar dissolver, junte a canela, os cravos e leve a panela ao fogo médio. Enquanto a calda aquece, no liquidificador junte o ovo, as três colheres (sopa) de água, o leite em pó e a pitada de sal. Bata por um minuto; desligue e raspe as laterais; bata mais um pouco, apenas para formar uma mistura lisa – ela fica bem grossa. Assim que a calda ferver, retire a panela do fogo e junte a mistura do liquidificador e o vinagre. Volte a panela para o fogo baixo e mexa com uma espátula por cerca de cinco minutos, desmanchando os grumos maiores - no final, o doce fica com uma aparência granulosa. Transfira para uma compoteira (ou pote com tampa) e deixe esfriar. Sirva a seguir. Conserve na geladeira. 67 vitrine tr3s Peças de design contemporâneo e com traços marcantes, perfeitas para serem utilizadas em todos os momentos. Na foto, o centro de mesa TR3S. 68 tdc. miscelânea Fotos: Divulgação/Royal Penthouse SUÍTE dos sonhos Michael Jackson, Rihanna, Tony Blair e Bill Gates nutrem em comum o bom gosto para hotéis. todos eles já se hospedaram no Royal Penthouse Suite president wilson, o mais luxuoso quarto de hotel do planeta, localizado às margens do Lago de Genebra, na Suíça O custo do pernoite não sai por menos de US$ 80 mil, o que confere à President Wilson o título de suíte mais cara do mundo, segundo o Guinness. Por que vale a pena? Para começar, a suíte ocupa todo o oitavo andar do edifício, o que equivale a um espaço de 1,6 mil m². São 12 quartos duplos, cada um com banheiro privativo, e amplos espaços que abrigam mesa de bilhar, salas com sofás de luxo, TV gigante, academia e jacuzzi. A decoração, escolhida primorosamente, confere à suíte um conceito único de sofisticação. Em meio a obras de arte espalham-se tapetes persas e até mesmo um piano de cauda. Mas isso ainda não é tudo. O valor pago para passar uma noite no Royal Penthouse Suite inclui estacionamento, mordomo particular, chefs de cozinha e uma equipe de segurança completa – tudo com exclusividade para garantir uma excelente estadia. A cereja do bolo fica por conta da vista panorâmica para o lago de Genebra e os alpes suiços, integrando bom gosto, luxo e conforto. Para que mais? 69 tdc. miscelânea entre 50 Divulgação/Maní DOIS BRASILEIROS são paulo merece um jantar especial – ou melhor, dois. a capital paulista abriga os únicos restaurantes brasileiros a integrar a badalada lista S. Pellegrino & Acqua panna World’s 50 Best restaurants Sétimo lugar no ranking de 2014 da revista britânica Restaurant, o D.O.M. propõe uma experiência gastronômica que resgata os mais autênticos sabores da culinária brasileira. O olhar contemporâneo do restauranteur Alex Atala encontra o reflexo perfeito em uma cozinha que utiliza alimentos genuinamente nacionais. Entre os exemplos mais clássicos estão o já conhecido açaí e o tucupi, um sumo amarelado extraído da raiz da mandioca ralada e espremida – bastante tradicional na região norte do Brasil. A reafirmação constante de uma filosofia pautada na brasilidade tem feito com que o D.O.M. venha conquistando aprovações de público e crítica especializada. Tamanho sucesso é traduzido em sucessivos prêmios e no reconhecimento internacional tanto da casa quanto de seu proprietário, já que Atala está habituado a figurar em destaque nos principais rankings de melhores chefs do mundo. comandado por helena rizzo e seu marido, o espanhol daniel redondo, o maní chama a atenção por um aspecto que o torna único: a mistura entre experiências vividas e a experimentalidade Depois de aparecer em 46º lugar na lista de 2013, o Maní (foto acima) saltou dez posições no ranking e chegou ao 36º lugar em 2014. Dono de uma cozinha extremamente criativa, com forte pegada autoral, o restaurante entrega aos visitantes o preciosismo que marca a carreira do casal que comanda as caçarolas: a gaúcha Helena Rizzo e seu marido, o chef espanhol Daniel Redondo, que por mais de uma década trabalhou no catalão El Celler de Can Roca, número 2 na lista da Restaurant. Tirando proveito de iguarias regionais, o Maní prima por surpreender a clientela, renovando suas receitas constantemente – que vão desde os deliciosos bombons salgados até a guacamole no biscoito de fubá. Assim como Alex Atala e D.O.M se tornaram sinônimo de prestígio mundo afora, a chef Helena Rizzo também tem elevado seu nome ao panteão da gastronomia internacional. O Maní agradece. 70 em 2014, helena rizzo ganhou o troféu Veuve Clicquot de Melhor Chef Mulher do Mundo vitrine argolas para guardanapo 2 be fun Irreverência e jovialidade nesse conjunto de argolas para guardanapo. São seis peças, cada uma com uma figura diferente: diamante, bigode, caveira, laço, chapéu e pássaro. vitrine UTENSÍLIOS lyon O conjunto de acessórios feito para casar com as panelas Lyon traz utensílios em nylon com silicone, que é mais resistente e não danifica os revestimentos antiaderentes. Destaque para o lançamento do porta-utensílios em cerâmica nas cores azul e vermelha. 72 tdc. miscelânea DESTINOS QUE DÃO SORTE Ninguém discute que las vegas sempre reinará como a verdadeira meca dos cassinos. mas quem aprecia os jogos também encontra boas opções em CIDADES bem mais próximAs do brasil, com atrações que mesclam diversão, conforto e sofisticação. conheça um pouquinho dos três cassinos mais badalados da américa do sul Hotel Casino Guarani Splendor Conrad Resort & Casino Casino Buenos Aires Mais que um hotel, é um verdadeiro shopping encravado no coração de Assunção. Abriga lojas e restaurantes e oferece diversas atrações ao hóspede O cassino conta com máquinas modernas – ainda que em variedade modesta – e um sistema de tickets codificados que permite receber o prêmio sem demoras. Um dos maiores cassinos da América Latina, oferece mais de 75 mesas de jogo, além de salas exclusivas para os amantes do pôquer. No salão principal, são mais de 500 slots machines ao lado de uma área de lazer com atividades para quem estiver acompanhado da família. Conforto e luxo pertinho do Brasil. Funciona em um navio atracado ao Puerto Madero – uma forma de lidar com a peculiar legislação que proíbe cassinos em terra firme. São três andares lotados de mesas de jogos e slots (cerca de 1,7 mil máquinas), além de restaurante, bares e um auditório especial para shows e espetáculos. Imperdível. (Assunção, Paraguai) (Punta del Este, Uruguai) (Buenos Aires, Argentina) 73 vitrine cocotte lyon A panela que funciona como forno na sua versão delicada e divertida. As Cocottes Lyon são perfeitas para o preparo de pratos em pequenas porções e também para servirem de formas criativas e inusitadas. 74 tdc. miscelânea A NOBREZA que vem do mar Nenhuma outra iguaria representa tão bem o luxo à mesa Todos sabem que o caviar é um dos alimentos mais caros do mundo. Difícil, no entanto, é compreender por que estas ovinhas de esturjão são tão valiosas. Fato é que o legado de nobreza do caviar remonta há muito tempo. Prova disso é que o esturjão já foi prerrogativa real na Inglaterra do século 14 – quando a lei obrigava sua entrega a senhores feudais –, e até mesmo monopólio estatal na Rússia dos anos 1700. Obtidas no Mar Cáspio e em seus afluentes, as ovas do esturjão selvagem são industrializadas por empresas da Rússia e do Irã. Depois de capturado, o peixe precisa alcançar a maturidade antes de passar pela extração das ovas. Em seguida, são feitos os procedimentos de armazenamento para mantê-las frescas. A essa equação, soma-se o fato de que o esturjão corre risco de extinção. Daí se pode entender por que caviares como o Almas – retirado de esturjões beluga com 100 anos de idade – chegam a custar US$ 25 mil o quilo e vêm embalados em latinhas de ouro. 75 tdc. miscelânea A MODERNIDADE encontra a memória Região sul de Manhattan, Nova York, 14 anos depois. No lugar das Torres Gêmeas, o que se impõe atualmente é um único prédio: o One World Trade Center. O imponente arranha-céu erguido sobre o marco zero da tragédia de 2001 contabiliza nada menos que 1.776 pés de altura – o equivalente a 541 metros. A medida tem explicação nobre, fazendo referência ao ano de independência dos Estados Unidos. Inaugurado em novembro de 2014, o One WTC passou a ser a construção mais alta da América e a quarta maior do mundo. Novo símbolo da Big 76 Apple, o edifício é considerado um dos mais – senão o mais – seguro do planeta, com tecnologias capazes de protegê-lo dos mais variados tipos de atentado. Em seus primeiros 20 andares, por exemplo, existe uma espécie de bunker, sem escritórios ou mesmo janelas, sustentando a edificação com um concreto três vezes mais forte que o normal. O novo WTC inclui ainda cinco torres, 72 elevadores, centro de artes, museu e memorial, centro de transporte público e mais de 550 mil m² para lojas e escritórios. Em sua abertura, o empreendimento contava com 40% de ocupação. vitrine trix cobre A linha Trix Cobre é puro diferencial. Unindo a tradição e o charme do cobre, as panelas possuem desempenho superior, com uma excelente condução do calor em função do corpo triplo. 77 tdc. miscelânea Milão Havana Porque o clássico tem sempre lugar cativo. Capital internacional da moda, a cidade italiana é conhecida pela efervescência dos negócios, mas guarda aos turistas uma infinidade de atrações. Um exemplo é a Expo 2015, evento internacional que, entre maio e outubro deste ano, debaterá o futuro da nutrição. A abertura da cortina que separava economicamente Cuba dos Estados Unidos coloca a pequena ilha caribenha no rol dos melhores lugares a serem visitados em 2015. A sensação de poder voltar décadas no tempo – em função do atraso industrial cubano, com carros, prédios e casarões da época pré-Fidel – é um atrativo e tanto para turistas. 1 2 Kamira / Shutterstock.com o que visitar em 2015 3 78 Filadélfia Cidade mais populosa da Pensilvânia, a terceira colocada garante aos Estados Unidos lugar privilegiado no ranking do NYT. Nos últimos anos, uma série de projetos transformaram o município em um centro de atividades urbanas ao ar livre – possibilitando momentos únicos de descontração e convívio. O ranking de destinos para 2015 do jornal The New York Times elencou 52 lugares dos mais variados cantos do planeta. Escolhidos anualmente pelos repórteres e colaboradores da publicação, o ranking aparece em ordem de importância apresentando desde cidades tradicionais, como Manchester e Paris, a locais até pouco tempo atrás evitados ou relegados a segundo plano – como o Sri Lanka e Omã. Em 2013, o Rio de Janeiro havia ficado em primeiro lugar e a ilha de Fernando de Noronha em 14º lugar. Confira acima e ao lado os “top 3”. vitrine skye Com acabamento externo furtacor e interno em antiaderente Starflon Plus, a linha Skye traz o brilho e os gradientes da aurora boreal para sua cozinha. 79 www.tramontina.com/designcollection | www.facebook.com/tramontinatdc 80