Março 2015 | Edição N°02
a nova
etiqueta
MENOS RIGOR, MAIS BEM-ESTAR:
O QUE ESTÁ MUDANDO NOS PADRÕES
DA ARTE DE RECEBER BEM
a cozinha do futuro
UMA REVOLUÇÃO DE TECNOLOGIA E
DESIGN NO CORAÇÃO DA CASA
pela alma de paris
UM PASSEIO PELOS RECANTOS QUE
TRADUZEM A VERDADEIRA ESSÊNCIA
DA CAPITAL FRANCESA
2
3
tdc Concept
Publicação Tramontina Design Collection
projeto gráfico
coordenação
redação
Elisa Tramontina, Gabriela Chies, Grasiela Pontin
criação e coordenação
Design Único
Design Único - Marina Metz
República - Agência de Conteúdo
FOTOGRAFIA PRODUTOS TRAMONTINA
Débora Zandonai
editorial
A Tramontina Design Collection é mais do que uma linha de
produtos. É também a expressão máxima dos valores que estão na
essência da marca Tramontina: a busca da qualidade, a obsessão
pela praticidade e o ideal de tornar a vida melhor. Em cada item,
a Tramontina Design Collection incorpora as mais novas tendências
do design, da moda e da decoração, com funcionalidades
que proporcionam experiências marcantes de uso e estilos que
realçam a personalidade e a beleza do nosso dia a dia.
Viajar por esse conceito é o grande objetivo desta segunda
edição da TDC Concept. Nas próximas páginas, apresentamos
não só as novidades da coleção 2015, mas também as tendências
e comportamentos que inspiram as nossas propostas de
inovação e estilo.
Vasculhamos os novos padrões da etiqueta e as dicas dos
especialistas para quem deseja receber e celebrar com um clima mais
moderno e acolhedor, tanto em ocasiões formais quanto informais.
Conversamos com personalidades como a chef Rita Lobo
e a designer Clementina Duarte. Desvendamos os significados e
as aplicações do Marsala, a cor que vai ditar as tendências deste
ano – e que já conta com criações exclusivas da Tramontina. Em
suma, viajamos, experimentamos, relembramos e antecipamos os
assuntos que melhor traduzem o espírito da Tramontina
Design Collection.
O resultado é um mosaico de percepções sobre o que significa
viver com estilo e prazer. Uma diversidade de olhares que passa
pelo clássico e pelo moderno, pelo luxo e pela simplicidade, pela
tradição e pela descontração. Uma revista que, tal como a
Tramontina Design Collection, traz propostas únicas de sofisticação
e bem-estar nos mais diferentes estilos. Você é o nosso convidado
para descobrir este universo de possibilidades a partir de agora.
Basta virar a página.
Boa leitura.
Clovis Tramontina
Presidente do Conselho
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a cozinha
do futuro
NOVAS IDEIAS E MUITA TECNOLOGIA EM
NOME DO CONFORTO E DA PRATICIDADE
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a nova etiqueta
NOVOS TEMPOS, NOVOS HÁBITOS: DESCUBRA O QUE ESTÁ MUDANDO
NA CARTILHA QUE REGE A ARTE DE RECEBER BEM
sumário
as receitas do noma 29
A HISTÓRIA E AS CURIOSIDADES DO RESTAURANTE DINAMARQUÊS
ESCOLHIDO PELA QUARTA VEZ O MELHOR DO MUNDO
entrevista 46
CLEMENTINA DUARTE, A DESIGNER QUE SE TORNOU MÃE DAS MODERNAS
JOIAS BRASILEIRAS
legado 52
A OBRA DE SERGIO RODRIGUES, O ARQUITETO QUE COLOCOU SOTAQUE
BRASILEIRO NO DESIGN INTERNACIONAL DE MÓVEIS
62
perfil
ESCRITORA, APRESENTADORA, EMPRESÁRIA E MÃE: OS PAPÉIS DE
RITA LOBO NA MISSÃO DE DESMISTIFICAR A GASTRONOMIA
54
colarinho chique
DICAS PARA DESVENDAR O SABOR E O AROMA DAS
MELHORES CERVEJAS ARTESANAIS – E ACERTAR NAS
HARMONIZAÇÕES
69 a suíte das estrelas
ENTRAMOS NO LUXUOSO HOTEL PRESIDENT WILSON,
O DESTINO DAS CELEBRIDADES EM GENEBRA
70 dois entre 50
UMA ESPIADINHA NO D.O.M. E NO MANÍ, OS BRASILEIROS QUE
DESPONTAM ENTRE OS 50 MELHORES RESTAURANTES DO MUNDO
73 las vegas é aqui
O CHARME E A DESCONTRAÇÃO DOS TRÊS MELHORES
CASSINOS DA AMÉRICA DO SUL
75 joias do paladar
A JORNADA QUE MANTÉM O CAVIAR ENTRE AS IGUARIAS
MAIS DESEJADAS DO MUNDO
76 modernidade e memória
OS PILARES DO WORLD TRADE CENTER ONE, O MAIS NOVO E
TOCANTE MONUMENTO DE NOVA YORK
30
cor com sabor
UMA DEGUSTAÇÃO DO MARSALA, A COR ESCOLHIDA PELA
PANTONE PARA DITAR AS TENDÊNCIAS DA MODA, DO DESIGN E
ATÉ DA GASTRONOMIA EM 2015
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pela alma de Paris
ATRAÇÕES OCULTAS, CANTINHOS DESCONHECIDOS E OS PASSEIOS QUE NÃO
APARECEM NOS GUIAS TURÍSTICOS DA CIDADE
vitrine
way
coifa de parede
Mais do que um equipamento, a coifa de
parede Way é um item de estilo. Moderna,
seu design privilegia linhas retas e futuristas,
tornando-a uma atração na cozinha.
Mondri
Cooktops Vitrocerâmicos
Tecnologia e design brilham juntos neste modelo
exclusivo da Tramontina Design Collection.
Nas cores branca e preta, trazem elegância
e modernidade aos mais diversos projetos,
tornando a cozinha ainda mais clean e prática.
a nova
etiqueta
Por Tatiana Reckziegel
Você está jantando na casa de amigos e conhecidos quando seu smartphone começa a
vibrar. Imediatamente, você sente o ímpeto de parar tudo e ver quem está ligando – ou,
ao menos, conferir a mensagem que acaba de pipocar na telinha. Mas alto lá: será que
pega bem atender durante o jantar? Ou o certo é ignorar o zumbido do aparelho até
que surja um hiato na conversa? Em um brevíssimo espaço de tempo, você vasculha as
normas de conduta guardadas em algum lugar da memória e não encontra nenhuma
pista do que fazer. Até porque, convenhamos, os celulares de hoje não passavam de um
futurismo distante na época em que as regras de etiqueta foram criadas e popularizadas.
Três pilares sustentam as regras
da etiqueta moderna: bom senso,
naturalidade e afetividade
Hoje, há quem pense que falar de etiqueta é coisa do passado.
Mas a verdade é que ela continua viva e é cada vez mais necessária
– ainda que já não mantenha o rigor e a frieza quase militar do
passado. E aí está o que podemos chamar de “nova etiqueta”: um
conjunto de regrinhas que garante a organização, a elegância e o
bem-estar dos convidados em qualquer evento e ocasião. Inclusive
naquele momento incerto em que o celular insiste em vibrar no
bolso do casaco.
As novas normas levam em conta aspectos típicos do mundo
moderno. Além disso, chamam a atenção por quebrar
formalidades exageradas e relegar ao passado o péssimo hábito
de tratar a mulher como coadjuvante. O que não mudou foram
as diretrizes que distinguem o certo do errado (ou o elegante do
grosseiro): bom senso, naturalidade e afetividade. Respeitar essas
novas diretrizes não é nada complicado. Não sai de moda e não
exige a decoreba de normas aparentemente esdrúxulas.
O bom senso está intimamente relacionado ao instinto. A pessoa
deve agir de acordo com aquilo que acredita ser a postura correta
– as chances de acertar são bem maiores. Quanto à naturalidade,
trata-se de um comportamento constante. “Ninguém quer estar
em um jantar onde todo mundo parece estar atuando, fazendo
um papel”, explica a jornalista Claudia Matarazzo, especialista em
etiqueta e comportamento.
Para ela, bom senso e a naturalidade minimizam as chances
de resvalar na etiqueta. Mas o que produz o verdadeiro
encantamento é a afetividade. Sem afeto, fica muito mais difícil
transparecer o bem-estar pleno – quando as pessoas ao redor
sequer percebem eventuais gafes.
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Exemplo disso são as novas opções de integração em
eventos residenciais. Tempos atrás, era inaceitável receber
convidados em uma cozinha ou mesmo em uma varanda.
Acompanhar as etapas de preparação da comida ou
ajudar a retirar a louça da mesa faziam as embaixadoras
da etiqueta sofrerem piripaques. Hoje, já não há tanta
ortodoxia. Abrir as cozinhas é permitido e até elegante
em ocasiões informais. E mesmo os eventos formais já
se pautam mais pelo clima de afetividade do que pelos
rituais à mesa.
Foto: Débora Zandonai
Fotos: Dani Botelho
tdc. COMPORTAMENTO
Apaixonada por receber, a paulistana Susie Padovano faz
questão de aproveitar todos os espaços de sua residência.
“Recebo na sala de estar, na sala de jantar, no terraço e
na bancada da minha cozinha, que é toda revestida de
papel de parede”, destaca. Exemplos como o dela fazem
com que as cozinhas já não sejam mais um espaço de
bastidores, sem atenção detalhada à decoração ou onde
circulam apenas empregados. “Quem capricha na cozinha
pode sempre receber neste ambiente. Vai ser mais
descontraído e pode até ser mais adequado”, avalia Fabio
Arruda, consultor de etiqueta e comportamento e autor
de diferentes livros sobre o assunto.
Uma das grandes transformações está na divisão dos
papéis masculinos e femininos. Cada vez mais, o
machismo sai de cena e dá lugar a um novo código nãoescrito em que homens e mulheres dividem livremente os
afazeres.
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susIE padovano (acima) e o consultor fAbio arruda: paixão
por receber bem, seja qual for a ocasião e o estilo
Outra norma que não faz mais sentido diz respeito aos fumantes.
Antigamente, acender um cigarro em qualquer lugar era hábito
comum – e os cinzeiros eram itens obrigatórios na cartilha da
elegância à mesa. Hoje, a cruzada contra o tabagismo mudou
totalmente essa realidade. Mesmo assim, não pega bem inibir ou
acuar um fumante. “Você tem de reservar um espaço para quem fuma.
Quando ele chegar, basta indicar o local perto da janela e dizer: ‘esse
é o cantinho que eu preparei para você; aqui pode fumar’”, aconselha
Claudia Matarazzo.
Quando se pisa mais fundo no chão da tecnologia, entretanto,
começam a surgir outras dúvidas. Onde deixar o celular? Ligado
ou desligado? É feio dar uma conferida discreta de tempos em
tempos? Como o anfitrião deve proceder quando os convidados não
desgrudam de seus smartphones?
E se alguém não respeitar essas orientações? Cabe ao anfitrião valer-se
de bom humor para alertar o convidado ou, então, esperar para que
o bom senso fale mais alto – o que nem sempre acontece. “Não vou
educar meus convidados. Todo mundo tem que trazer algum assunto
à mesa. Afinal, uma refeição é um momento para estarmos juntos,
trocarmos ideias”, comenta Marina de Sabrit, sócia de uma empresa de
relocation de estrangeiros em São Paulo e anfitriã de mão cheia.
Mas há exceções, é claro. Por exemplo: se a pessoa estiver esperando
uma ligação muito importante, se for um médico ou se os filhos
estiverem com a babá, o que prevalece é a compreensão – fica
combinado que o celular pode tocar, sim. A beleza e o valor da nova
etiqueta está justamente aí: sempre há saída para qualquer situação.
Basta respeitar o tripé do bom senso, naturalidade e afetividade.
A beleza e o valor da
nova etiqueta: sempre há
saída para qualquer situação
marina de sabrit: olhar atento a cada detalhe – da mesa ao clima do evento
Fotos: Dani Botelho
Não há regras estabelecidas. Mas, aos poucos, algumas convenções
subliminares já começam a valer. Primeiro: celular não deve ficar em
cima da mesa – por mais moderninho que seja, o aparelho não tem
nada a ver com a decoração do anfitrião. Checar recados de 15 em 15
minutos também está fora de cogitação. A atenção de quem está no
evento deve, sempre, estar concentrada no compartilhamento de algo
que está muito além do status no Facebook: a conversa olho no olho.
tdc. COMPORTAMENTO
Prazer em
receber
NA BASE DA NOVA ETIQUETA ESTÁ O IDEAL DE RECEBER BEM,
COM LIBERDADE PARA OUSAR NA DECORAÇÃO
Mais do que proporcionar momentos leves e descontraídos, a
nova etiqueta vem para valorizar o convívio entre as pessoas. O
que antes exigia pompa passa a ser despretensioso – mas não
perde a elegância e nem a sofisticação. Não há problema em
mudar o espaço, o serviço e os acessórios que vão à mesa. Da
mesma maneira, as panelas não são mais um mero recipiente para
cozinhar. “As pessoas têm a ideia de que panela não pode ir à mesa
só porque a gente tem no imaginário aquela panela da época da
avó, toda retorcida, com o cabo torto”, brinca Fabio Arruda. Com
um design moderno, panelas, travessas e caçarolas se convertem
em acessórios não apenas bonitos como extremamente funcionais
para servir. “Hoje, a gente tem panelas que são pequenas joias.
Seria um pecado não levá-las à mesa”, acrescenta.
Para receber bem, alguns itens são indispensáveis no acervo da
cozinha. Vale a pena, por exemplo, montar uma espécie de kit
básico com boas louças e panelas. Claudia Matarazzo recomenda
peças que se destaquem não só pela estética, mas também pela
durabilidade. A quantidade de pratos, taças e talheres deve
começar com uma dúzia – mas o ideal, diz ela, são 24 unidades
de cada item. “Se você convida 13 ou 14 pessoas, já fica na mão. O
primo vai no almoço, leva a família sem avisar e já passa da conta”,
explica. Também entram na contabilidade os talheres de serviço.
Risotos, massas e outros pratos quentes são adequados para
servir na própria panela. Já as saladas requerem uma baixela. Para
completar, é sempre bom providenciar pelo menos duas toalhas de
mesa e dois conjuntos de jogo americano.
Os eventos impecáveis fizeram de Marina uma referência entre
amigos e conhecidos. A tal ponto que ela mesma começou a
escrever manuais sobre a arte de receber bem – em um deles, por
exemplo, é possível encontrar orientações para os empregados
montarem a mesa com sofisticação e assertividade. O próximo
passo foi criar um blog para compartilhar conselhos de etiqueta,
comportamento e decoração, entre outros temas. Arquiteta de
formação e empresária por força do destino, ela não dispensa um
checklist para dar conta dos eventos que realiza. “É a parte mais
importante. Desde as flores até o manobrista, tudo tem de constar
lá”, defende. A metodologia é essencial para que Marina consiga
conciliar a rotina de trabalho com os grandes jantares que costuma
organizar em sua casa, na capital paulista.
A tradição também aproximou Susie Padovano do hábito de abrir
a casa a convidados. Hábito que foi transmitido de avó para mãe e
de mãe para ela. Casada com o investidor Guido Padovano, nascido
“
“
Marina de Sabrit conhece bem a importância de contar com os
talheres e utensílios certos. Para ela, receber em casa é mais do
que um hábito. É também uma tradição da família, iniciada com
suas avós, que tinham o costume de realizar grandes eventos.
Casada com o empresário francês Thierry de Sabrit, Marina
conta que acabou criando uma estrutura completa para receber
convidados. “Eu gosto de gente, de amigos e de usufruir do que
tenho. Por exemplo, tenho louça para receber até 100 pessoas com
tranquilidade, coisa rara hoje em dia”, afirma.
Hoje a gente tem panelas que são
pequenas joias, seria um
pecado não leva-las à mesa
– fAbio arruda
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A caçarola cocotte lyon dourada,
da tramontina design collection, e
as diferentes composições de mesa: o
importante é encantar
Foto: Dani Botelho
na Itália, Susie perpetuou o gosto pelo bem receber e carrega
consigo alguns ensinamentos. “O bom anfitrião deve sempre
fazer seus convidados se sentirem à vontade e especiais”, diz ela.
Mesmo com a longa experiência, Susie confessa que acumula
diversas gafes – que hoje se tornaram nada mais do que histórias
engraçadas. Ela conta que, certa vez, quando recém havia casado,
organizou um grande jantar em homenagem a um amigo.
Encomendou um peixe fresco especialmente para o evento,
que foi servido como prato principal. Ao fim da festa, meio
acanhado, o homenageado revelou que não gostava de peixe.
Outro fato inusitado aconteceu quando foi a um jantar com traje
formal e encontrou a dona da casa de calça de pijama e camiseta
– pois era um evento familiar. Mais do que risadas, Susan tira de
experiências como estas algumas lições importantes. “Sugiro que
as pessoas sempre perguntem se os convidados gostam do prato
que vai ser servido, informem quem estará presente e qual é o
traje mais adequado.”
Como se pode perceber, receber familiares, amigos ou
convidados em geral na própria casa requer mais do que
habilidade para organizar eventos. Enquanto as fronteiras
da etiqueta tradicional vão sendo desconstruídas, erguem-se
novas e mais sensatas regras. O segredo pode estar em seguir
dicas fundamentais e, até mesmo, em transgredir preceitos
ultrapassados. Na prática, o convívio mais agradável pode
acontecer na cozinha, à beira da piscina ou até fazendo os
convidados colocarem a mão na massa. O que importa é reunir
quem se quer por perto e fazer da experiência um momento
único. Pelo menos é isso que prega a nova etiqueta.
Regras
da etiqueta clássica
que sucumbiram
Como era... ...como ficou
1
Um único aparelho de jantar
completo deve ser usado para
receber
Vale misturar copos, louças e talheres de diferentes tipos, criando
uma combinação que dá um ar moderno para a mesa.
2
Na disposição dos lugares, os
anfitriões devem ocupar as pontas
da mesa
O importante é que a definição de quem senta em cada lugar
proporcione uma boa interação entre convidados e anfitriões. Todo
o resto pode ser revisto.
3
Nada deve ir à mesa com a
embalagem comercial
Em um evento informal em casa, vale a praticidade de não retirar o
refrigerante da garrafa original – pois é preciso repor a bebida com
muita frequência para que não perca o gás.
4
Peixes e frutos do mar só podem
ser servidos com os talheres
especiais
Entre amigos e familiares, quem não tiver o utensílio específico pode
usar talheres tradicionais sem maiores preocupações.
5
Pizza, só em eventos muito
informais
O prato que agrada aos mais diversos paladares também pode ganhar
um toque requintado. Um personal pizzaiolo preparando tudo na
hora, por exemplo, pode ficar superelegante.
6
O Chá de Panela deve acontecer na
casa da noiva, mas não pode ficar a
cargo dos pais
Os pais, em parceria com as amigas da noiva, também podem se
envolver na realização do chá. O local não é obrigatoriamente a casa
da noiva: o importante é que seja adequado ao evento.
7
O homem sempre paga a conta
A conta deve ser acertada de acordo com a situação do casal. Pode
haver um revezamento, pode ser meio-a-meio ou pode ser paga por
apenas uma das partes – se a outra concordar, é claro.
8
Quando um casal oferece um
jantar, só pode convidar outros
casais
Não há mais qualquer restrição sobre quem chamar quando se
recebe em casa. Solteiros são bem-vindos à lista de convidados
também.
9
O homem faz o pedido pela mulher
no restaurante
A mulher não ocupa mais o espaço de submissão dentro da etiqueta
moderna. Ela escolhe, pede seu próprio prato e ainda pode
harmonizar o vinho no lugar do acompanhante.
Lugar de jantar é na sala
de jantar
Os eventos sociais tomaram conta das casas. Vale receber no terraço,
na cozinha, na sala – enfim, onde for mais adequado à ocasião. O
importante é que o anfitrião não esqueça de avaliar se o espaço dá
conta do número de convidados.
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Hábitos
que a nova etiqueta está
deixando para trás
Vestir-se mais formal que os
convidados
Convidar sem passar os
detalhes do evento
Convite não é intimação. Você deve comunicar todos os
detalhes: o prato, o horário, quem serão os convidados e o
traje da ocasião. Assim, o convidado tem mais tranquilidade
para se preparar. Por exemplo, pode escolher o figurino
com mais segurança e até fazer um pequeno lanchinho
antes de ir para o evento – algo perfeitamente aceitável caso
ele não goste do prato que vai ser oferecido. Pode parecer
um trabalho a mais, mas a verdade é que compartilhar
informações ajuda a economizar a energia do anfitrião durante
o evento.
Pedir “desculpa alguma coisa”
Se desculpar sem ter feito nada de errado é um hábito em
desuso. Transparece uma humildade forçada e não faz sentido
algum. Desculpas devem ser pedidas quando forem, de fato,
necessárias. Todos que vão a uma reunião ou comemoração
estão engajados em um interesse comum e – presume-se
– agradável. Se você foi convidado, é porque sua presença
contribui para esse interesse. A menos que você tenha pelo
que se desculpar, deixe a mania de lado. Opte apenas por um
agradecimento sincero pelo convite.
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Elegância não é sinônimo de formalidade. Em casa, o ideal
é que o anfitrião esteja sempre um pouco mais à vontade
que seus convidados, para que ninguém se sinta fora de
esquadro. Mas atenção: quem é recebido nunca pode ser
constrangido ou menosprezado. A roupa tem o poder de
fazer as pessoas se sentirem parte do evento ou não. Por
isso, é importante que o dono da casa não destoe muito do
traje especificado no convite.
Tentar emplacar conversas
só sobre temas cultos
O bate-papo é parte fundamental para o conforto aos
convidados. É essencial que eles tenham liberdade para
conversar sobre temas que sejam de seu interesse genuíno,
sem julgamentos. A inteligência do anfitrião deve estar em
captar os assuntos que possam agradar aos convidados – e
não em parecer mais culto do que eles.
Preocupar-se demais
O mantra do anfitrião deve ser o de “manter a calma”. As
pessoas não podem sentir que estão dando trabalho. Ao
sinal de um contratempo, é preciso ter bom humor para
contornar a situação sem estressar quem está ao seu redor.
Se acaba o gelo ou queima a comida, a melhor saída é
brincar com o ocorrido e remediar da maneira que puder. E
não se culpe se tudo não for perfeito: o clima descontraído
pode compensar boa parte dos deslizes.
O que vale
para receber
com charme e
eficiência
Planejamento, planejamento e
mais planejamento
Preparar checklists e organizar tudo com antecedência é, talvez,
o passo mais importante para o sucesso de um evento – seja ele
formal ou informal, dentro ou fora de casa. Com planejamento,
é possível não só caprichar mais em cada detalhe, mas também
aproveitar melhor o evento em si, fugindo da figura do anfitrião
estressado. Aliás, o planejamento não precisa ser nada muito
complexo – apenas o suficiente para que você saiba como as
coisas acontecerão. Se o evento for de última hora, por exemplo,
a dica é ao menos testar a mesa para saber se a configuração
escolhida é a mais adequada.
avalie o espaço e o número de
convidados
Uma das piores situações que um convidado pode enfrentar é
se sentir em meio a um congestionamento humano. A regra é
simples: para jantar, todos precisam ter lugar à mesa. Já para
coquetéis, o ideal é que dois terços dos convidados tenham
condições de sentar. É interessante deixar espaços livres para que
as pessoas possam circular sem ficar esbarrando em nada.
Faça um plano de mesa
Boa parte das pessoas vai achar que é besteira fazer um plano de
mesa para um evento em casa. No entanto, esse pequeno esforço
faz uma grande diferença no fluxo das conversas e no clima
entre os convidados. O indicado é intercalar homens e mulheres
sem deixar ninguém desgarrado de seu grupo de afinidade. Se
possível, sente ao lado de quem estiver sozinho para não deixá-lo
desamparado.
Nada de experiências
Aposte naquilo que você sabe que funciona. Faça uma receita
que já preparou antes ou compre um prato que já experimentou.
Se quiser inovar, teste com antecedência. Seu convidado merece
sempre o melhor.
O convidado é rei
Todo o planejamento deve girar em torno de um grande
objetivo: proporcionar um momento agradável ao convidado. E
isso não tem nada a ver com luxo. A busca do encantamento está
em detalhes que façam a pessoa se sentir bem recebida – como
uma receita saborosa e um anfitrião atencioso.
19
08
01.
Explore sua criatividade na montagem da mesa. Com um
toque de ousadia, é possível criar combinações únicas usando
itens específicos para o prato de entrada e o principal. Neste
exemplo, o faqueiro Marselha serve a salada, contrastando com os
talheres jumbo Originale, ideais para churrasco e carnes em geral.
03
02.
Talheres com detalhes em ouro, como os da linha
Renascença, são os protagonistas de praxe das mesas tradicionais,
com linhas clássicas e refinadas. Mas é possível quebrar esse
padrão unindo o dourado a louças coloridas – uma combinação
jovial e elegante.
03.
O sousplat azul marinho realça a leveza da decoração
e valoriza as linhas delicadas dos talheres Wind. Explore os
contrastes com flores, garrafas de vidro e vasos pequenos em um
conjunto supermoderno e acolhedor.
05
07
04.
Os cristais da linha Oriente Crystal são a companhia
perfeita para uma mesa em estilo romântico e ocasiões mais
intimistas. Combinam com louças delicadas e flores em tons de
rosa e branco.
02 04
06
05.
Os talheres Arabesco e a argola para guardanapos da linha
Oriente Crystal mostram que mesas rústicas também podem ser
refinadas, explorando o contraste entre a madeira, os cristais e a finíssima
trama de arabescos tecida nos pratos e no aço inox.
06.
Não tem erro: preto e branco sempre casam bem e rendem
ótimas opções para mesas sofisticadas e glamourosas. Arranjos de flor
única, em tamanhos e formatos diferentes, completam a decoração ao
lado dos talheres Classic Prata.
01
07.
DICAS
Poucas coisas dizem tanto sobre a personalidade da
casa quanto a montagem das mesas. Tradicionais ou
modernas, sóbrias ou ousadas, elas estabelecem o
clima do evento e dão alma à decoração. A Tramontina
Design Collection traz diferentes opções para quem
deseja explorar ao máximo a beleza das mesas.
20
Toalhas de mesa pretas são a alternativa mais segura para quem
deseja descontrair sem perder a elegância. Abuse dos contrastes usando
louças e guardanapos coloridos, além de talheres modernos como os da
linha Marselha e as divertidas argolas 2 Be Cool.
08.
Elegante, a linha Antique consegue ser versátil sem abrir
mão da beleza e da personalidade. É possível usá-la em composições
clássicas e delicadas, mas também ousar em mesas como a da foto,
com toque étnico.
21
vitrine
bandejas
Bandejas são peças extremamente úteis,
pois servem tanto para ocasiões especiais
quanto para o dia a dia. Podem ser usadas da
maneira tradicional ou como utilitárias peças
de decoração.
bandejas
laqueadas
Com alça em alumínio polido, são oferecidas
nas cores marinho, turquesa, amarelo,
vermelho e branco com espelho, como na
página ao lado.
tdc. design
sua
cozinha
não será mais
a mesma
Com equipamentos altamente inovadores e
projetos cada vez mais ousados, as cozinhas
do futuro privilegiam o conforto, o convívio e,
especialmente, a praticidade
Por Robson Pandolfi
Que tal sair de casa de manhã cedo pilotando um carro voador?
Depois de um dia cansativo de trabalho, nada melhor que esticar as
pernas no sofá da sala e jogar conversa fora com os amigos – mais
confortável ainda se for por teleconferência. Em meio ao bate-papo,
vem aquela fome. Você vai até a cozinha, analisa o cardápio, aperta
uns botões e pronto! Basta esperar o timer de uma supermáquina
100% automatizada avisar que o jantar está a sua espera. Parece coisa
de filme futurista – e, de certa forma, é quase isso. Afinal, quem não
se lembra de Os Jetsons, desenho animado que, por décadas, divertiu crianças com interessantes previsões de como seria a vida em um
futuro não muito distante? O fato é que aquelas cenas apresentadas
por George Jetson e família lá nos anos 1960 estão cada vez mais
próximas de ser verdade – isso quando já não são.
24
A visão que algumas pessoas ainda têm, de que cozinhas são lugares
destinados apenas ao armazenamento e o preparo de alimentos,
parece ter ficado para trás. Os principais eventos mundiais a abordar
mobiliário e tecnologias relacionadas à gastronomia projetam
tendências que colocam a cozinha no coração das novas residências.
Alçada ao posto de área nobre e espaço de interação, as cozinhas
ganharam no século 21 uma atenção jamais dispensada ao que era
quase, por assim dizer, uma despensa. E não sem ótimos motivos:
é impossível mensurar a velocidade com que cresce o interesse
das pessoas pelas práticas culinárias. Atrelado a isso está também o
hábito de receber amigos em casa – em especial, na cozinha.
“Até alguns anos atrás, entendia-se que a cozinha era um ambiente
para preparar o alimento, enquanto o espaço de convívio eram as
salas de jantar ou estar. Havia uma formalidade muito maior na maneira de viver”,
explica Mateus Augusto Corradi, diretor de Marketing da Florense, referência internacional em móveis de alto padrão. “Nos últimos anos, as cozinhas se transformaram
num ambiente de convívio familiar e descontração.”
O movimento resultou no melhor aparelhamento e na natural modernização das
cozinhas, que ficaram muito mais sofisticadas, elegantes e práticas. Só não ficaram
intocáveis porque, ao contrário do que acontecia em Os Jetsons, as pessoas estão
cada vez mais dispostas a meter a mão na massa – em vez de simplesmente esperar
que a comida fique pronta. As bancadas ganharam eletrodomésticos embutidos;
os armários estão cheios de estilo, com pinturas especiais e desenhos artísticos
que mandaram para longe a frieza tradicional das cozinhas. A ênfase, agora, está
no espaço e na praticidade, criando um ambiente em que todos podem se relacionar
e trabalhar (no sentido gastronômico da palavra) com tranquilidade e facilidade.
Coifas silenciosas e com visual moderno passaram a fazer parte da decoração da casa
– a tecnologia da coifa de parede Silent Power, por exemplo, garante uma grande
redução de ruído, tornando seu uso uma experiência quase imperceptível. Somam-se
a toda essa transformação na cozinha moderna os módulos com funções separadas,
que podem ser unidos em sistemas de ilhas, conferindo maior flexibilidade à peça.
Uma verdadeira revolução no coração da casa.
As ilhas, aliás, são um destaque à parte. Que o diga a Eurocucina 2014, maior feira
de tendências para cozinhas do mundo. Realizado em Milão a cada dois anos, o
evento revelou, em sua última edição, que a configuração em ilha deve dar a tônica
funcional e estética das cozinhas do futuro – que, na prática, não deixam de ser as
“cozinhas do momento”. Outro diferencial está na gama de acessórios, muitas vezes
comparáveis às melhores cozinhas industriais. Balcões de correr tornam fornos,
cooktops e cubas quase imperceptíveis, e já ensaiam uma automatização que tornará
o dia a dia bem mais simples. A verdade é que as cozinhas do futuro serão ambientes
em constante movimento, graças às constantes inovações tecnológicas. “Em breve,
deverão se tornar indispensáveis os equipamentos que permitem esconder uma ilha
com um simples toque. A torneira se desloca e o tampo corre, transformando tudo
num grande balcão”, destaca Corradi. Ainda que pareça um paradoxo, uma cozinha
mais limpa e funcional será também uma cozinha mais equipada e rica em detalhes.
25
tdc. design
luzes feitas para encantar
Prever o que será ou não realidade para os próximos anos não
é tarefa das mais simples. Há duas décadas, era impensável que
um mecanismo de busca acabaria substituindo dicionários e
enciclopédias. O Google, no entanto, está aí para provar que o
mundo está mais dinâmico e imprevisível do que nunca. Nem por
isso, no entanto, quem convive com o assunto deve cruzar os braços
e esperar para ver o que vai acontecer.
As empresas que estão na vanguarda do desenvolvimento tecnológico
não param de pesquisar as possibilidades de revolucionar a cozinha.
Só assim, participando de feiras e eventos mundo afora, conversando
com designers, engenheiros e arquitetos, é possível facilitar a vida do
consumidor do futuro.
Para além dos especialistas, cabe ao consumidor – seja ele um chef
de cozinha ou um cozinheiro eventual – estabelecer os novos
parâmetros da inovação. “Sabendo interpretar as informações que
vêm do mercado, podemos oferecer produtos para facilitar a vida das
pessoas”, reconhece Corradi, da Florense. “Temos uma política de
enviar nossa equipe de desenvolvimento periodicamente à casa dos
consumidores. Assim, é possível observar o que funciona ou não nos
produtos que desenvolvemos.”
Assim como jardins, salas e quartos ganham contornos repletos de
estilo e charme à medida que são contemplados com projetos de
iluminação, as luzes estão ganhando terreno nas novas cozinhas.
Ambientes que dependiam exclusivamente da iluminação de uma
grande lâmpada fluorescente serão cada vez mais raros. Beneficiadas
pela tecnologia das lâmpadas LED, que podem ser acopladas nos
menores espaços, a luz estará em todo lugar: na parte inferior de
armários aéreos, dentro de gavetas e portas e no interior das cubas.
Exemplo disso é a linha Kitchen Style da Tramontina Design
Collection, que já traduz a vanguarda daquilo que, dentro de um
tempo, deverá se tornar corriqueiro: a iluminação interna ativada por
sensor de aproximação – já presente em produtos como as cubas de
sobrepor da linha Vulcano. “A iluminação embutida facilita muito na
hora de procurar objetos. Nosso desenvolvimento nos últimos anos
tem sido guiado por esses conceitos”, garante o diretor de Marketing
da Florense, que é parceira da Tramontina no desenvolvimento de
diversos tipos de acessórios.
Foi a partir dessas conversas que a Florense desenvolveu um produto
aparentemente capaz de encantar aqueles que apreciam diferentes
tipos de iluminação. Ainda que existam lâmpadas das mais variadas
cores, aquelas que acabam predominando são as de luz branca e
amarela. Nesse contexto, há pessoas que detestam luz branca e
outras que têm a mesma reação com as amarelas. Procurando sanar
eventuais conflitos domésticos, a Florense está prestes a lançar um
dispositivo que permite ao cliente escolher a cor da luz por meio de
um dimmer. Simples e funcional.
acima, projeto da florense com iluminação interna dos armários;
abaixo, As cubas de sobrepor Vulcano, da tramontina design collection, coM LUZ DE LED NO INTERIOR DA CUBA
26
inovação
a serviço da praticidade
Ao que tudo indica, o verbo “puxar” tem tudo para deixar de
ser conjugado nas cozinhas. Isso porque as pessoas deverão
se acostumar cada vez mais ao conceito touch – amplamente
disseminado em celulares, tablets e computadores. Nos novos
projetos, o acionamento de portas e gavetas por meio de um
simples toque é uma tendência que chegou para ficar. Enquanto
nas cozinhas tradicionais ainda é preciso ter as mãos livres para
buscar algo no armário, as novidades que chegam ao mercado
permitem a abertura com um pequeno empurrão.
Para desenvolver produtos com esse sistema, a Florense buscou
know-how especializado do outro lado do Atlântico, na Áustria.
É de lá que vem a tecnologia embutida nos braços de gavetas e
que permite o acionamento de dispositivos eletrônicos que as
projetam para fora dos armários. “Isso pode ser especialmente
útil no dia a dia”, salienta Corradi. O mesmo conceito também
serve para portas de armários e até mesmo de fornos. Um
exemplo é o Forno Inox Multi Touch, da Tramontina Design
Collection. Recentemente lançado, o equipamento traz design
minimalista e acabamento em aço inox que é à prova de
marcas de dedos. E ainda oferece uma facilidade extra: com um
simples toque, a porta abre. A tecnologia é especialmente útil,
por exemplo, na hora de se colocar uma bandeja quente para
assar. Entre os novos conceitos que começam a ditar as regras
da cozinha moderna estão, ainda, os amortecedores. “Ainda é
comum ouvir batidas de portas. Hoje, no entanto, 100% dos
produtos da Florense já contam com dobradiças que permitem
um fechamento suave, aumentando sua durabilidade.”
coifa de parede way BRANCA E
COOKTOP POR INDUÇÃO BRIDGE, da
tramontina design collection
O forno inox multi touch
(abaixo): operação
simples a partir de um
painel com interface
amigável (no detalhe)
Os novos padrões de digitalização das cozinhas também invadem
com força o mundo dos eletrodomésticos. Com tecnologia touch
TFT, o Forno Inox Multi Touch permite programar o cozimento
dos alimentos e até mesmo agendar um horário para que o
equipamento ligue e desligue – ao melhor estilo Jetsons. Outro
diferencial está no fato de que as receitas pré-programadas
foram testadas e aprovadas pela escola de Alta Gastronomia da
Serra Gaúcha (ICF). Juntamente com a equipe da Tramontina,
os alunos e professores definiram o tempo de preparo ideal
para cada prato. Mesmo quem é inexperiente no manejo das
panelas ganha segurança e praticidade para se arriscar nos mais
variados tipos de receitas. Corradi conta que o próximo passo é
difundir o uso das tecnologias que permitem controlar a cozinha
à distância, a partir da telinha do celular. Pode parecer futurismo
ou excentricidade. Mas o diretor de Marketing da Florense não
titubeia: “É um caminho sem volta.”
27
sobre cores,
formas e texturas
Não é de hoje que a clássica dobradinha do preto com o branco
se repete nas cozinhas do mundo inteiro. Houve um tempo, em
especial nos anos 1950 e 60, que cores como o azul claro,
o verde, o amarelo e o vermelho também tiveram seus dias
áureos – aliás, nas charmosas cozinhas vintage ou retrô de
hoje eles também aparecem em destaque. Mas ninguém ousa
contestar que chegou a vez do aço escovado, que se apresenta
em uma gama de materiais, texturas e cores cada vez mais
diversificados. Alguns laminados, por exemplo, imitam efeitos e
texturas que são combinadas com bancadas de cores variadas.
Mesclando originalidade, tendência e o aproveitamento de itens
conhecidos há milhares de anos, o vidro e o bronze também
vêm ganhando espaço. Em meio ao surgimento de novas tintas
e vernizes, superfícies sólidas e aveludadas servem como ponto
de partida para combinações que, de tão inovadoras, são capazes
de envolver até mesmo a nanotecnologia. Graças ao avanço da
ciência, é possível fazer com que itens pretos já não fiquem mais
sujos ou manchados com impressões digitais.
COIFA TOWER, EM AÇO INOX COM ACABAMENTO ESCOVADO
da Tramontina Design Collection.
Além dos perolizados, o brilho também está em alta. Por isso,
cores sólidas começam a ser deixadas para trás, dando lugar a
imitações de metais – como ouro, cobre, titânio e níquel. Afinal,
são acabamentos assim que valorizam os produtos, conforme
orientações internacionais. Na loja-conceito da Florense, em
São Paulo, todo o acabamento do ambiente leva a cor dourada.
“Isso não significa que os clientes devam ter uma cozinha
dourada, mas mostra que as opções disponíveis para os móveis
e eletrodomésticos vão superar em muito os padrões de hoje”,
CUBAS DE SOBREPOR VULCANO, fabricadas nas
cores bronze e branco da Tramontina Design Collection
AO LADO: COZINHA FLORENSE COM ACABAMENTO DOURADO E PÉROLA
explica Corradi. Para quem não abre mão da classe
que o branco historicamente atribui às cozinhas,
um alento: a cor não deverá morrer tão cedo. Tanto
que ela segue a campeã de vendas. Ainda assim, as
possibilidades de combinar cores sóbrias com tons
mais ousados vêm dando o que falar.
Apesar da crescente automatização de tarefas e
processos de fabricação, o toque humano jamais
será relegado ao segundo plano. Peças com
acabamento e pintura à mão sempre conferem
qualidade artesanal, agregando charme e delicadeza
aos ambientes. As cozinhas do futuro terão alta
tecnologia, sim, mas não sem o diferencial do já
conhecido hand made.
tdc. MISCELÂNEA
O QUE É QUE O
noma tem?
depois de perder o posto de
melhor restaurante do mundo
para o espanhol El Celler de
CAN Roca, o dinamarquês noma
recupera a ponta. entenda o
que leva críticos e comensais a
considerá-lo o “estado da arte”
da gastronomia mundial
Dono de quatro premiações de melhor do mundo,,
segundo a revista Restaurant, a casa capitaneada pelo chef René Redzepi ostenta
muitos diferenciais que justificam o título de melhor do mundo. Localizado
no térreo de um antigo armazém do século 18, em Copenhague, o restaurante é
conhecido por oferecer pratos que exploram ingredientes nórdicos, valorizando
iguarias locais, como queijos artesanais e ervas selvagens. Algumas receitas, inclusive,
levam até ingredientes exóticos – como formigas e gafanhotos.
O ambiente interno, com apenas
12 mesas, é tão elegante quanto discreto. Dos
janelões envidraçados é possível avistar o canal
de Nyhavn, margeado por uma série de prédios
coloridos. Não bastassem esses elementos, o
chef guarda para si o trunfo da surpresa: um
staff formado por 25 cozinheiros que, ao lado
dele, encarregam-se de servir os pratos que eles
mesmos elaboram, explicando aos clientes qual a
melhor maneira de apreciá-los. O próprio Redzepi
reconhece: é especialmente por essa diferenciação
que a fila de espera para um almoço no Noma não
baixa de três meses.
29
Para comer
com os olhos
A força e a simbologia do Marsala, a cor que promete
abrir o apetite e atiçar os sentidos em 2015
Por Andreas Müller
De uma pequena cidade da Sicília, no sul da Itália, onde as areias claras
e os casebres de terracota contrastam com o esplendor do Mar Mediterrâneo, vem a inspiração para a cor que promete ditar as tendências do
mundo da moda, da decoração e do design neste ano. É lá que fica Marsala, uma comuna siciliana que parece ter saído das crônicas de Marco
Polo em As Cidades Invisíveis, do escritor Ítalo Calvino.
Quem passeia pelas ruas da cidadezinha encontra grandes igrejas do
período espanhol entremeadas por casebres, mercadinhos de
tapeçaria flamenga e restaurantes cujos cardápios provocam o apetite.
O ambiente é rústico, mas acolhedor, e está no âmago da cor que o
Pantone Color Institute escolheu para expressar o espírito de 2015: a
Pantone 18-1438 – batizada, não por acaso, como Marsala.
Tal como o vinho,
a cor Marsala é
saborosa: abre o apetite
e incorpora a satisfação de
comer bem e com sofisticação
A Cor do Ano 2015 é fruto de uma série de estudos sobre os
padrões de comportamento e as tendências de consumo em diversas
partes do mundo. O objetivo é expressar o “espírito do tempo” em
uma única cor, oferecendo novas possibilidades de criação a áreas que
vão da alta costura ao design gráfico. Em suma, a cor da moda. No
caso do Marsala, a intenção do Pantone Color Institute foi evidenciar
valores cada vez mais presentes no dia a dia: a intensidade e a sedução;
a busca de uma sofisticação saudável, ligada às coisas da terra; e
a consagração da boa gastronomia como hábito mundano – mas com
um toque de nobreza. “É uma cor naturalmente robusta, derivada
do vermelho mais terroso, como o vinho”, resume Leatrice Eiseman,
diretora-executiva do Pantone Color Institute.
A referência ao vinho não é casual: os rótulos da cidade de Marsala são
conhecidos pela intensidade do aroma e pela opulência no paladar.
A experiência gustativa é semelhante à dos mais tradicionais vinhos
portugueses, especialmente os do Porto e da Madeira. “Tal como o
vinho, a cor Marsala é saborosa: abre o apetite e incorpora a satisfação
de comer bem, com sofisticação”, explica Leatrice.
A diretora do Pantone Color Institute garante que não há limites
de aplicação do Marsala. Na decoração, é possível usá-lo tanto em
paredes inteiras quanto em detalhes que chamam a atenção, mas
não roubam a cena. “É uma cor acolhedora, que cai perfeitamente na
cozinha e na sala de jantar. Funciona como um elemento que unifica
o ambiente”, assegura. Já os especialistas independentes recomendam
ponderação no uso – o ideal, dizem eles, é que o Marsala desponte
em acessórios, panelas e pequenos eletrodomésticos. “É uma cor
mais séria e fechada, que pode tornar o ambiente pesado se usada em
excesso”, alerta a designer Ana Maldonado, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Sul). “No mínimo, é preciso
dosá-la com cuidado e bom senso.”
Lançamento Tramontina
Design Collection:
Lyon Marsala
31
tdc. TENDÊNCIA
Para facilitar a vida de quem pretende aderir ao Marsala, o Pantone
Color Institute traz uma lista de sugestões de aplicação. A aposta
recai sobre mosaicos e estampas de patchwork, como os encontrados
em jogos americanos, louças e roupas de cama e de mesa. O
ensaio-conceito idealizado para promover a cor (cujas fotos podem
ser vistas ao longo desta reportagem) sugere diferentes padrões:
algumas imagens exploram a textura do veludo, enquanto outras
trazem detalhes conceituais que evidenciam a robustez do Marsala,
como romãs, xícaras, taças de vinho e até esmaltes. Leatrice garante
que esses detalhes tornam a cor mais versátil e universal, e que o
Marsala pode ser usado até em materiais promocionais, como peças
publicitárias, materiais de lojas e produções gráficas em geral. “É
uma cor que atrai o olho sem ofuscá-lo, envolvendo rapidamente o
consumidor e tornando o ambiente mais sedutor”, afirma.
Na maioria das vezes, as apostas de combinações recaem nos
subtons de Marsala, como púrpura, bordô, âmbar e até o cobre e
o marrom. Mas há muitas outras possibilidades de combinações.
Leatrice diz que costuma associar o Marsala a cores vibrantes, como
o azul esverdeado e o laranja. “São cores que estão claramente relacionadas ao Marsala, embora se mantenham distantes dele.”
Vivienne Westwood SS15
32
Sephora + Pantone Universe
Oriental Weavers
SIGNIFICADO E SABOR
O Marsala está longe de ser uma obrigação para quem deseja
seguir as tendências da moda e da decoração no ano de 2015.
A ideia do Pantone Color Institute é apenas oferecer orientação
coerente para designers, estilistas e outros profissionais que trabalham com criações visuais, mantendo-os em sintonia com uma
série de padrões de comportamento e cultura observados ao
redor do mundo. Não por acaso, o Marsala é bem diferente das
demais Cores do Ano. A começar por um aspecto fundamental:
é predominantemente escura. Em 2014, por exemplo, a Cor do
Ano foi a Orquídea Radiante, que ficava entre o rosa e a fúcsia,
destacando-se pela luminosidade e energia. Para 2013, a Pantone
escolheu o Verde Esmeralda – novamente, uma cor aberta e com
luz própria (veja mais detalhes abaixo). Por que, então, apostar
no Marsala para traduzir o espírito de 2015?
Com o tempo, porém, o marrom e os demais tons terrosos
passaram a incorporar novas simbologias – muitas delas ligadas
ao paladar. “O grande impulsionador dessa transformação foi a
cultura do café”, explica Leatrice Eiseman. Nos Estados Unidos e
na Europa, por exemplo, a rede de cafeterias Starbucks adotou
uma identidade visual rica em tons terrosos e em nomes
inspiradores. Os estúdios de cinema voltaram a apostar em
filmes com paletas mais amarronzadas – entre eles, o já clássico
“Chocolate”, lançado em 2000 com cores fortemente amparadas
no sépia. “Esses e outros acontecimentos levaram a uma mudança
da percepção dos tons associados ao marrom. Em vez de ser
associada à sujeira, a cor agora desperta boas sensações aromáticas
e uma aura de robustez e riqueza”, conta a representante do
Pantone Color Institute.
Com a palavra, Leatrice: “Até os anos 1990, as pessoas costumavam associar certos tons de marrom à terra e à sujeira”, afirma
a diretora-executiva do Pantone Color Institute. “A terra até podia
ser associada a coisas positivas, como a natureza e o jardim. Mas
a sujeira não: a associação era necessariamente ruim.”
O que o Marsala traduz é essa vontade de resgatar e descobrir
os cinco sentidos. A busca da boa gastronomia aliada a receber
bem, com sofisticação e um toque de sedução. O tempero ideal
para um ano que ainda parece difícil no campo econômico, mas
certamente reservará alguns momentos de sabor inconfundível.
as cores da história
Desde 2000 o Pantone Color Institute escolhe a “cor
do ano” – isto é, a cor capaz de expressar o zeitgeist*
mundial. As escolhas da última década formam, assim,
um retrato peculiar da história.
*Zeitgeist: palavra alemã que significa “espírito do tempo” ou “sinal dos tempos”. É o “clima” em que o mundo
se encontra em uma determinada época.
2000
Cerulean
2001
2002
Fuchsia Rose
True Red
2008
2003
2004
2005
2006
2007
Aqua Sky
Tigerlily
Blue Turquoise
Sand Dollar
Chilli Pepper
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Mimosa
Turquoise
Honeysuckle
Tangerine Tango
Emerald
Radiant Orchid
Blue Iris
33
vitrine
misturador monocomando
t-gama
Com detalhes em quartzo, combinam
perfeitamente com as cubas de sobrepor
Vulcano. Essa é uma forma inovadora de
trazer mais estilos para a cozinha, onde o
cuidado também pode estar nos detalhes.
vulcano
A representação da beleza da pedra natural,
aliada a um design sofisticado, conferem
às cubas de sobrepor Vulcano um estilo
elegante e diferenciado.
Paris
em quatro estações
Por José Francisco Botelho, escritor e tradutor, de Paris
Paris é uma cidade ofuscada por sua própria
fama. Todos os anos, milhões de turistas passam
pela capital francesa, mas há uma parte dela que
permanece algo enigmática e incógnita: visitá-la
não é conhecê-la
Os roteiros batidos e repetidos não revelam a face mais
charmosa da metrópole, cuja alma está nas lacunas do dia
a dia, em ruas pouco trilhadas e em passeios muitas vezes
silenciosos e desertos. Assistir a uma partida de futebol
em um bar-tabacaria, em alguma esquina distante dos mais
famosos pontos turísticos, revela mais sobre a capital francesa do que uma refeição cara (e não muito abundante)
na Champs Elysées. Apesar dos estereótipos, Paris é uma
cidade infinita. E o que se segue é apenas um aperitivo
para quem deseja conhecer seu espírito oculto.
tdc. destinos
Descobrir
Fotos Shutterstock.com
Montmartre
Montmartre é um dos bairros mais famosos de Paris
− mas, ao mesmo tempo, um dos mais desconhecidos. O paradoxo se explica
pelos mecanismos estranhos do turismo em massa, que tende a concentrar
multidões em certos cartões postais específicos, enquanto outras regiões são
palmilhadas apenas pelos viajantes alternativos. As principais artérias do bairro,
como a Place du Tertre, encontram-se geralmente apinhadas de pessoas de
várias partes do mundo, empunhando suas ansiosas e incansáveis máquinas
fotográficas; mas, fora dessa área de turbulência, a maior parte das ruas e vielas
de Montmartre, com seu desenho tortuoso e agradavelmente confuso, continuam mergulhadas na doce melancolia da Paris da belle époque. Perder-se nesse
labirinto é um dos passeios essenciais para quem deseja conhecer a face mais
autêntica e menos maquiada da capital francesa.
a resplandescente Basílica do Sacré Coeur: ponto alto do bairro
A maior parte das ruas e vielas
de Montmartre, com seu desenho
tortuoso e agradavelmente
confuso, continuam mergulhadas
na doce melancolia
da Paris da belle
époque
cidade das luzes: vista de Montmartre é uma das mais belas de paris
38
Para começar a decifrar Montmartre, o primeiro passo é
lembrar que o bairro é na verdade uma colina. O traçado
de suas ruas é uma espécie de espiral que vai contornando as encostas e subindo gradativamente até a resplandecente Basílica do Sacré Coeur. Até 1860, Montmartre
era uma aldeia de agricultores e artesãos, coberta por
moinhos de vento que serviam não apenas para moer
cereais, mas também para esmagar as uvas usadas na
produção de vinho. Após ser anexado a Paris, Montmartre passou a atrair uma legião de artistas, que transformaram o pitoresco vilarejo rural em um dos mais famosos
paraísos boêmios da Europa. Isso em fins do século 19 e início
do 20, a época áurea dos cabarets − que não eram bordéis, mas
super-botequins com espetáculos de dança, recitação de poesia
e várias outras atrações notívagas. O bairro mantém até hoje essa
aura camponesa, romântica e desajustada.
A uma quadra de distância, na famosa Rue Lepic, você terá um
vislumbre dos dois últimos moinhos de Montmartre. Ambos se
encontram em propriedades particulares, mas são visíveis a partir
da calçada e compõem uma das vistas mais bucólicas da cidade.
o espírito de montmartre: ruazinhas bucólicas...
Kiev.Victor / Shutterstock.com
Um modo infalível de entrar no espírito de Montmartre é subir
e descer as infinitas escadarias que ligam os diferentes patamares do bairro, cortando quarteirões de ponta a ponta: a soma
de todos os trajetos é de mais de 2.000 degraus. Não se deixe
assustar pelo número espantoso: ficar com as pernas doídas faz
parte da experiência. Um bom começo é a escadaria que parte
do número 82 da Rue Lamarck e conduz até a Rue Caulaincourt.
Após galgar os 123 degraus, refresque-se tomando um kyr (o
mais parisiense dos drinques) no pequeno Au Rêve, um encantador café que continua com a mesma decoração desde a década
de 1930. Com ajuda de um mapa, encontre a Avenida Junot, que
fica nas vizinhanças, e vá subindo até a Praça Marcel Aymé, onde
você encontrará a escultura pública mais estranha de Paris. É o
Passe-Muraille, ou “Atravessador de Muros”: como o nome sugere, trata-se de um peculiar cavalheiro de fatiota emergindo de
uma parede de pedra. A escultura de bronze é uma homenagem
ao livro homônimo de Marcel Aymé, um dos muitos escritores
que viveram nessa parte de Paris.
...Escadarias intermináveis...
...e esculturas surpreendentes
Ah, e se você andou assistindo o famigerado musical de Bazz
Luhrman e planeja visitar o Moulin Rouge, desista: o estabelecimento original foi destruído no início do século 20, e
a casa de shows que existe em seu lugar é uma verdadeira
armadilha para turistas desavisados: cara, lotada e brega. Se
quiser conhecer um autêntico e tradicional cabaret, a melhor
opção é visitar Au Lapin Agile (“o coelho ágil”), na Rue des
Saules. O local, outrora frequentado por Modigliani, Picasso
e Marcel Proust, até hoje oferece espetáculos intimistas e
excêntricos, como nos bons tempos de Montmartre. É fácil
reconhecê-lo: na fachada da casinha em estilo rural, há uma
hilária pintura representando um coelho que salta de dentro
de uma panela.
Para fechar o passeio com chave de ouro (ou de néon),
desça uma das escadarias que levam até o Boulevard de
Clichy e passeie sem medo entre os sex-shops loucamente
iluminados que bordejam o pé da colina. Lá, você encontrará
um dos mais peculiares museus de Paris: o escandaloso e
surpreendente Museu do Erotismo. Os sete andares desse
picante estabelecimento estão cheios de pinturas, esculturas,
bonecos, cartazes e revistas que causarão rubor até no mais
liberal dos visitantes. Fica aberto até as duas da madrugada
e é o desfecho ideal para a mais autêntica (e arrojada) noite
montmartreana.
Um dos últimos moinhos na Rue Lepic: resquícios da belle époque
39
tdc. destinos
Comer e beber
em Paris
Um viajante aplicado pode encontrar inúmeros
recantos com preço justo e personalidade típica.
O bairro Marais é pontuado de pequenos bistrôs, onde é comum ver
os frequentadores folheando um livro e vendo a vida parisiense fluir.
Na antiga e encantadora Rue Vieille du Temple, faça uma parada no
Petit Fer à Cheval. Ali, você também terá a chance de beber um dos
melhores grogues de Paris − uma bebida quente feita com rum, água
e açúcar, popular na França desde o século 18. No Petit Fer à Cheval,
contudo, a bebida vem sem açúcar, acompanhada por um jarro de
mel. Adoçar o próprio grogue com um fio de mel brilhante é uma das
experiências intrínsecas de Paris. Para quem tem espírito aventureiro,
vale buscar relances gastronômicos nas regiões mais distantes da
zona turística. É lá que a maioria dos verdadeiros parisienses come,
bebe e se diverte. Na Avenida de Saint-Ouen, ergue-se o folclórico
bar-restaurante Championet. Decorado à moda da década de 60, com
fotos de atrizes e boxeadores, ele servem excelentes bières pressions
− uma espécie de chope artesanal. Para acompanhar a bebida, peça
algum prato bem típico e substancioso, como a cuisse de canard,
ou coxa de pato assada. Ah, e não tenha pudores em mostrar que é
brasileiro. Como ocorre em geral nas zonas periféricas de Paris, os
garçons do Championet são fanáticos por futebol − e talvez até lhe
deem uma bebida de graça como cumprimento pela nacionalidade.
Dmitry Brizhatyuk/Shutterstock.com
o Canal Saint-Martin: parte da verdadeira alma parisiense
o canal saint-martin traz
pontes de ferro
pintadas de verde
e azul, com formatos que
lhe dão a vaga aparência de
brinquedos de montar
40
Jogando
pedrinhas
nos canais
Não é por acaso que os aficionados de Paris apreciam tanto
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, de Jean-Pierre Jeunet.
O filme é uma espécie de catálogo de recantos ocultos, típicos
e cheios de personalidade na capital francesa. Algumas das
cenas mais famosas do filme se passam nas margens ou sobre
as pontes do Canal Saint-Martin, que se estende entre o 10o
e o 11o arrondissements (distritos). O Saint-Martin faz parte
de uma rede de canais com 130 quilômetros de extensão,
construídos pelo imperador Napoleão Bonaparte, no início do
século 19, para distribuir a água do Sena por diversas regiões
da cidade. É possível passear de barco por essa vasta malha
aquática, mas a opção mais íntima e menos turística é fazer o
trajeto a pé. O canal Saint-Martin é pontuado por uma série
de pontes de ferro pintadas de verde e azul, com formatos
curiosos que lhes dão a vaga aparência de brinquedos de
montar; lá do alto, pode se assistir a abertura das eclusas,
que ocorre de meia em meia hora, e também praticar um
passatempo extremamente parisiense: atirar pedrinhas e
vê-las repicando na superfície das águas. Até pouco tempo, a
região era pouco frequentada por turistas; ao lado de alguns
restaurantes mais chiques, o caminhante ainda se depara com
velhos cafés empoeirados e estranhas lojas de quinquilharias,
com as paredes pintadas em cores berrantes.
Se não tiver medo de longas caminhadas, siga pela
margem do Saint-Martin em direção ao norte, até
alcançar a Bacia de la Villete, onde verá muitos
parisienses remando seus caiaques, mesmo em
dias frios. Mais além, fica o canal de l’Ourcq, em
cujas margens você encontrará a livraria mais
peculiar da cidade: ela se chama L’eau et les
rêves e fica dentro de um barco. Sim: um barco
ancorado e cheio de livros. A entrada é gratuita. Lá
você pode ter a inefável experiência de folhear um
dicionário de termos náuticos enquanto espia o
Quais de Valmy por uma escotilha.
perdidos e
Paris é conhecida por suas passages ou
galerias encobertas, que ligam diferentes ruas e
permitem passeios a seco mesmo nos dias de chuva (que
são muitos). As mais chiques se encontram em regiões
como os Champs Elysées e são repletas de grifes famosas,
mas as galerias mais surpreendentes e folclóricas estão
na área conhecida como Grandes Bulevares, nas proximidades da Praça de la République. A mais antiga passage
de Paris − e a primeira galeria comercial na Europa − é
a que liga o Boulevard de Montmartre à Rue Saint-Marc.
andersphoto / Shutterstock.com
ACHADOS
Kiev.Victor / Shutterstock.com
a Passage des Panoramas: destino ideal para está disposto a viajar no tempo
Construída em 1800, a Passage des Panoramas foi desenhada sob a inspiração
dos bazares do Oriente Médio, mas pode ser considerada como um ancestral de
todos os shopping-centers ocidentais. O teto de vidro e as luminárias de ferro
fundido (antes a gás, hoje elétricas) continuam com o mesmo aspecto que tinham
há mais de duzentos anos. A maior atração da galeria, contudo, são suas lojinhas
de bricabraque ou, como dizem os parisienses, tombées du camion (literalmente,
“coisas caídas do caminhão”). Objetos de todos os tipos e de diversas épocas se
misturam nas caóticas prateleiras desses estabelecimentos fundos e cavernosos:
cabeças de bonecas do século passado ou retrasado; selos raríssimos; edições de
jornais da época da Segunda Guerra; centenas e centenas de fotografias sem data
nem nome; carrinhos e bolas de gude que animaram passadas infâncias. Uma
mercadoria especialmente apreciada: velhos chaveiros. Há caixas e caixas repletas
deles. Por um ou dois euros, pode-se comprar chaveiros da década de 60 com a
efígie do General De Gaulle ou com a estampa de algum venerado time francês.
Após navegar nesse mar de quinquilharias, vá tomar um vinho ou beber um café
no Victoria Station − um restaurante em forma de vagão de trem, na entrada da
galeria junto ao Bulevar de Montmartre.
A Passage Jouffroy: PARIS ESTÁ RECHEADA DE GALERIAS COMO ELA
41
tdc. destinos
Até o início do século 19, Paris era essencialmente medieval: ruas estreitas e sombrias, casas com
torreões pontudos, igrejas crivadas de gárgulas e
campanários. Era a cidade tortuosa e escura que
desponta em livros como O Corcunda de Notre
Dame, de Victor Hugo. Grande parte da paisagem
medieval, contudo, foi destruída durante as reformas urbanísticas conduzidas pelo Barão Haussman, prefeito da cidade, na década de 1860. A
Paris de Haussman é aquela que todos conhecem
nos cartões postais: avenidas grandiosas pontuadas por chafarizes e monumentos imponentes.
Mas para quem deseja conhecer a face oculta da
capital francesa, uma excelente alternativa é ir catando os vestígios da cidade medieval, espalhados
por recantos pouco visitados, nos ângulos e nas
sombras da confusão turística.
A Catedral de Notre Dame, sem dúvida, é o mais
exuberante monumento medieval de Paris − o
problema é que fica lotada durante quase todo
o ano. Para uma experiência mais tranquila
Vestígios da
Idade Média
a Gárgula da Notre Dame: a catedral mais exuberante de paris está quase sempre lotada
e intensa, basta caminhar até a Rue de
l’Amiral Coligny, nos fundos do Louvre.
Ali se ergue a igreja de Saint-Germain
l’Auxerrois, construída em várias etapas a
partir do século 12. Embora esteja sempre
aberta, recebe poucos visitantes. As galerias profundas e os vitrais brilhantes criam
um jogo de sombras e cores, enquanto o
silêncio dominante reforça a impressão de
uma viagem no tempo.
Para seguir montando o quebra-cabeças da
Idade Média, visite os restos da Muralha
de Filipe Augusto (em francês, Enceinte
Phillippe Auguste). Em 1190, antes de
partir para a Terceira Cruzada, o rei francês
mandou construir um gigantesco muro de
pedras, com dez metros de altura e três de
espessura, cercando a capital. Pedaços da
muralha subsistem em vários pontos da
cidade, mas o trecho mais bem preservado
está na Rue des Jardins de Saint-Paul. Lá,
pode-se ver os restos de uma antiga torre
de guarda: encoste a mão na pedra fria do
alicerce e imagine que, oito séculos atrás,
a igreja de Saint-Germain l’Auxerrois: o século 12 preservado
42
arqueiros franceses andavam lá em cima,
fazendo a ronda da cidade. Em seguida,
perca-se alegremente pelos bairros do
Marais e do Quartier Latin: suas ruas
escaparam às reformas de Haussman e
ainda têm o aspecto enviesado de séculos
atrás. Quando a noite cai, essas ruelas se
transformam em túneis de luz e cores, com
bares e lojas abertos até altas horas. Em
alguma banca de rua, compre uma dose de
vin chaud (“vinho quente”, ancestral do
nosso quentão) e se misture ao fluxo de
boêmios de todas as idades que, até hoje,
fazem bater o coração medieval de Paris.
O coração de paris
É medieval
Se o Egito é uma dádiva do Nilo, como escreveu Heródoto, Paris é certamente uma dádiva do Sena. Poucas capitais têm uma ligação tão íntima
com seus respectivos rios. Andar à beira do Sena pode ser um clichê,
mas é também uma das experiências mais viscerais do espírito parisiense. Se puder, faça seu trajeto em um domingo ou feriado: nesses dias,
algumas das ruas que acompanham o rio são exclusivas para pedestres,
e é possível caminhar pelas margens desde a Torre Eiffel até a Gare de
Austerlitz. Não tenha pudores em fazer ziguezagues, cruzando e recruzando as dezenas de pontes que pontuam o rio: todas são belíssimas, e
cada uma oferece um panorama único da cidade. Preste atenção na Pont
de la Concorde, construída com as pedras da Bastilha, a grande fortaleza
destruída em 14 de julho de 1789, início da Revolução Francesa.
Ao cruzar a Pont Neuf ou a Pont de Notre Dame, sente-se num dos bancos de pedra que se alinham junto ao parapeito e perca alguns minutos
admirando as duas ilhas do Sena. Se tiver sorte, haverá uma trilha musical apropriada: as pontes de Paris são palco tradicional para músicos
de rua. Complete o passeio visitando as prateleiras dos “buquinistas”
− folclóricos vendedores de livros e curiosidades, cujas bancas de ferro
verde abrem-se todos os dias em ambas as margens do Sena. Esse, por
sinal, é o melhor lugar para comprar lembranças da cidade: os preços
são justos e as mercadorias, surpreendentes. No fundo, Paris é como os
vendedores que disputam espaço neste trecho do rio: sutil e generosa.
deixe o
sena
te levar
Andar à beira do
Sena pode ser um
clichê, mas é também uma
das experiências mais viscerais
do espírito parisiense
cdrin / Shutterstock.com
cdrin / Shutterstock.com
as faces do sena: da imponente Pont de la Concorde (acima) às bancas e passeios dominicais (abaixo)
43
44
vitrine
facas
Prochef
A linha ProChef Tramontina Design Collection é perfeita para chefs e
gourmets que querem encantar nas receitas. Feitas em aço inox de alta
qualidade e com fio de longa durabilidade, as facas proporcionam cortes
mais precisos e seguros, pois o cabo tem pega ergonômica.
tdc. entrevista
Clementina
duarte
A matriarca da joia brasileira
Na década de 1960, ela rompeu com o estilo europeu E criou a joia
moderna brasileira. Saiba por que a obra de Clementina Duarte já
encantou personalidades como Oscar Niemeyer e Pierre Cardin –
além de seduzir rainhas, princesas e primeiras-damas
Por Ricardo Lacerda
Foto: Lulu Pinheiro
46
“Você é mestra de uma arte que me parece mais mágica do que
simplesmente arte.” A descrição para o trabalho de Clementina Duarte é de ninguém menos que Gilberto Freyre, um dos
maiores intelectuais brasileiros do século 20. Nascida no Recife
(PE) em 1941, a arquiteta – que se tornou uma das mais respeitadas designers de joias do mundo – é o que se pode chamar
de pedra fundamental da joalheria moderna brasileira. Desde
suas primeiras criações, na efervescente Paris dos anos 1960,
Clementina já exibia características próprias, inovadoras, rompendo com a tradição da joalheria europeia, até hoje associada
às linhas clássicas e tradicionais.
A entrada de Clementina no mundo da moda aconteceu quase
por acaso. Depois de ter feito uma pós-graduação em Brasília –
que incluía Oscar Niemeyer no corpo docente – e com uma carreira já bem encaminhada na arquitetura, Clementina se mudou
para a França para aprofundar seus estudos. Em Paris, cursou
Arte Medieval na Sorbonne e Arte Aplicada no Institut d’Art et
Métiers. Ainda que fosse apaixonada por moda e design, ela
conta que não pensava em trilhar outro caminho. Mas mudou
de opinião quando um de seus professores, o célebre designer
francês Jean Prouvé, encantou-se com um colar que Clementina
usava. Obra de sua própria criatividade e bom gosto, o colar se
tornaria a primeira das centenas de joias que, até hoje, levam a
tão cobiçada assinatura de Clementina Duarte.
Clementina
consegue
sintetizar
o estilo barroco e o
modernismo brasileiro
O ano era 1966. A jovem recifense logo conseguiria expor sua
primeira coleção na galeria Steph Simon, em Paris. A curadoria
era de Charlotte Perriand, pioneira do mobiliário moderno
e um dos nomes a trabalhar com o mestre do modernismo,
Le Corbusier. Pronto: Clementina já elevava seu nome à alta
roda do design de joias europeu. Mais do que isso, tornava-se
sinônimo de uma joia genuinamente brasileira – algo até então
inédito. Acabou chamando a atenção de um dos mais badalados
estilistas do mundo, Pierre Cardin. Foi dela a coleção de joias
usada no desfile de primavera-verão de 1967 da grife.
De volta ao Brasil, Clementina venceu o prêmio de Melhor Desenho de Joias na 11a Bienal de São Paulo. Também passou a participar de exposições em diversos países, muitas delas a convite do
governo brasileiro. A relação com o Itamaraty ficou tão próxima
que suas joias passaram a adornar presidentes, primeiras-damas,
princesas e rainhas. Entre as personalidades agraciadas estão a
rainha Elizabeth II; a princesa Irene, da Holanda; as ex-primeiras-damas dos Estados Unidos Hillary Clinton e Rosalyn Carter; a
ex-primeira-dama da França Danielle Miterrand; e a primeira-dama da Rússia, Lyudmilla Putin.
47
o máximo da beleza
“
“
No Brasil,
somos muito
alegres, queremos
Ao propor uma reflexão sobre a multiplicidade cultural do Brasil,
a designer consegue sintetizar o estilo barroco e o modernismo
brasileiros. A menina que, ainda antes de ir para a escola, já
desenhava as toalhas de linho da igreja, construiu uma carreira
singular. Hoje, Clementina consegue valer-se das cores, dos traços
e dos movimentos, convertendo seu trabalho em algo que vai
muito além de meros produtos do luxo. O que ela faz, reconhecem os especialistas, é uma obra de arte. Neste bate-papo com a
reportagem de TDC Concept, ela conta um pouquinho mais da
história que lhe valeu a fama de “primeira-dama da joia brasileira”. Confira:
TDC Concept | Como surgiu o seu interesse pela arte da
joalheria?
Clementina | Primeiro, preciso falar de minha formação. Eu
desenho desde meus quatro anos de idade. Meu avô era arquiteto. Meu pai, cientista. Em minha casa, todos falavam de arte e de
cultura o tempo inteiro. Isso me estimulou a ter uma observação
aprimorada. Antes mesmo de começar a estudar, eu já era muito
atenta a tudo, especialmente às formas e à natureza. Nasci no Recife, onde a natureza é exuberante. Somemos a isso a arquitetura
barroca dos portugueses, com influência dos holandeses. Cresci
e fui estudar em Brasília, no tempo em que Oscar Niemeyer era
diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
de Brasília (UnB). Com ele, tínhamos um filósofo de arte, alguém
que pensava a arquitetura brasileira no sentido das formas, tanto
do lado antigo quanto moderno.
TDC Concept | Quando foi isso?
Clementina | Meados da década de 1960. Até que veio o regime
militar e a restrição às liberdades. Fui estudar arquitetura medieval em Paris e fiz um curso só para arquitetos ministrado por Jean
Prouvé. Para se ter uma ideia, ele é uma pessoa tão relevante que,
hoje, uma das salas do museu Georges Pompidou tem seu nome.
Nesse curso, ele nos ensinava a enxergar a arte como um todo,
envolvendo integralmente o conceito de design. Até então, eu fazia projetos de arquitetura no Brasil, mas na França me despertou
a ideia de que o nosso país tinha pintura, arquitetura, mobiliário,
música e escultura próprios, mas não tinha joia brasileira. Foi bem
nessa época, em 1966, que começou a aparecer a joia moderna
escandinava, que é muito cirúrgica, seca, mecânica e fria. En48
“
A minha
joia tem
um projeto
detalhado,
Fotos: Arquivo Pessoal
quanto isso, na Europa era possível encontrar joias copiadas da
antiga joalheria italiana e francesa. Foi aí que comecei a pensar
em uma joia brasileira. No Brasil somos muito alegres, queremos o máximo da beleza.
“
como a arquitetura
TDC Concept | Mas como começou a criar?
Clementina | Primeiro, comprei materiais no mercado de
pulgas, em Paris. Pensei em criar algo com as formas do Brasil,
fazendo uma joia bela e confortável. Foi exatamente assim que
criei uma joia para mim – sem pensar nisso como profissão,
pois eu amava a arquitetura. Fiz a primeira joia, um colar de
prata martelada, e fiquei usando. Ainda hoje tenho essa peça.
Quando o professor Prouvé me viu com a joia, ele fez um escândalo e disse que eu não podia desperdiçar meu talento fazendo
outra coisa. Fiquei espantada. Em silêncio, trabalhei por um
ano. Desenhava, projetava e executava, mas achava que não
deveria mostrar a ninguém o que havia criado. Até que bati na
porta da revista Elle, onde me indicaram a galeria Step Simons.
Foi lá que conheci Charlotte Perriand, que trabalhava com Le
Corbusier. Minha primeira exposição foi um sucesso de vendas
e aceitação.
TDC Concept | Bom, então a arquitetura estava definitivamente ficando para trás.
Clementina | Sim. Em seguida, fiz outra exposição em
Saint-Tropez. Lá, encontrei Jeanne Moreau [atriz francesa,
musa da nouvelle vague] em uma livraria, que se encantou
por uma de minhas joias. Dei a ela de presente. Pouco tempo
depois, começou minha ligação com Pierre Cardin. Levei a ele
a coleção que havia desenvolvido e ele costurou as joias nas
roupas. Foi a primeira exposição de Pierre Cardin com joia
moderna. Isso em 1967. Recentemente, em 2011, ele esteve
em São Paulo para uma exposição sobre sua carreira – Pierre
Cardin: Criando Formas, Revolucionando Costumes –, para
a qual fui convidada a apresentar as joias daquela época. Foi
muito emocionante.
clementina duarte em dois momentos: ao lado, com charlotte perriand,
em paris, 1987; Acima, com pierre cardin, durante uma exposição em 2012
49
“
Eu não paro
de pensar.
TDC Concept | Que traços marcam suas criações?
Clementina | A minha joia tem um projeto detalhado, como a
arquitetura. Ela leva a um objeto concebido para trazer conforto,
prazer, beleza e acabamento frente e verso. Ao mesmo tempo,
não deixa de fora a elegância, a sensualidade e, especialmente, a
atenção à continuidade das formas do corpo. É como se eu tivesse
transmitido essa linguagem moderna às joias brasileiras. Trata-se
de uma ciência da arte, que ultrapassou a intuição e procurou ser
adaptada ao objeto numa direção cientificamente estudada.
TDC Concept | Mas o que é, de fato, a joia brasileira?
Clementina | Hoje, não se consegue mais pensar em uma joia
brasileira, de tanto que se copiou. As pessoas se apropriam até dos
vocabulários que usamos. Quando eu fiz essa joia, meu sentimento
não foi de Brasil. Eu estava transmitindo Brasil, mas ninguém queria saber disso fora do país. Durante dez anos, morei nos Estados
Unidos, onde pedia para escrever ‘Clementina Duarte – Brasil’ nas
joias, mas não precisava. Em um artigo escrito por Joaquim Falcão
[escritor pernambucano], ele afirma: “Ao querer ser regional, ela
ficou internacional”. É isso mesmo. Atualmente, existe uma diferença que é identificada no meu trabalho: apesar desse mundo de
joias com pedras brasileiras, os antigos clientes querem aquilo que
tem um pouco de menos – uma definição de traço muito forte. Na
verdade, não é a busca da simplicidade, mas sim daquilo que eu
pretendo fazer a partir daquela pedra: o quanto de diamante vai? E
de metal? Ela tem que terminar no momento certo. Às vezes, tem
50
“
TDC Concept | Dali em diante sua carreira deslanchou, certo?
Clementina | Ainda da França, enviei minhas joias para a 11a
Bienal de São Paulo, em 1971. Lá, recebi o primeiro prêmio de
Melhor Desenho de Joias. O Itamaraty já me convidava para fazer
exposições no exterior, me apresentando como uma designer brasileira. Fiz exposições importantes, como as de Milão e Helsinque.
Na Finlândia foi muito marcante, pois lembro das pessoas dizendo:
“Que extraordinário sentido de forma”. Na época, o Brasil tinha em
Aloísio Magalhães um de seus ícones do design. Foi ele quem criou
as marcas do Banco do Brasil, da Petrobras e da TV Globo. Então o
governo me convidava, ao lado dele e de Francisco Brennand, para
representar o país no exterior. Participei de exposições via Itamaraty no mundo inteiro, ao lado de grandes salões e joalherias.
É como se existisse um
caleidoscópio passando
em mim. Em todo canto,
eu paro e desenho
exageros, mas até no exagero é necessário ter aquele sentido de harmonia.
Na verdade, posso dizer que o Brasil sempre foi internacional, sempre uma
preciosidade no mundo das joias. Ainda assim, o Brasil jamais teve personalidade. Hoje, as pedras são levadas do Brasil, lapidadas na Alemanha, na China,
e nesse processo se perde a origem.
TDC Concept | Como isso impacta na imagem das pedras do Brasil?
Clementina | As únicas pedras brasileiras de grande conceito e bastante
divulgadas são a esmeralda, a água marinha, o topázio imperial, a rubelita e a
turmalina Paraíba – hoje o grande achado internacional como pedra brasileira.
Essas são muito procuradas e identificadas no momento como brasileiras,
sendo encontradas em joalherias como Bvlgary e Tiffany’s.
TDC Concept | Como funciona seu processo criativo?
Clementina | A primeira ideia vem imediatamente. Depois, surge aquela busca de perfeição e proporção, do uso de cores das pedras, do pensar para que
ela seja eterna. Eu não paro de pensar. É como se existisse um caleidoscópio
passando em mim. Em todo canto, eu paro e desenho. No papel, no telefone,
estou sempre desenhando. É um processo muito intenso de criação e desse
processo eu vou escolhendo. Tenho um arquivo com mais de mil projetos que
não fiz. Desenho tanto em ouro, diamante e pedras preciosas quanto em prata
e pedras brasileiras. Existe um método: faço levantamento de medidas ideais,
do conforto, do efeito das joias. Um balanço entre cheios e vazios é uma constante no meu trabalho. A distribuição de volumes e de formas.
TDC Concept | Qual a importância de sua relação com o Itamaraty?
Clementina | Minhas joias já foram oferecidas à rainha Elizabeth II, da
Inglaterra; à rainha Silvia, da Suécia; e ao rei Juan Carlos, da Espanha. Nos
anos 1980, o embaixador do Vaticano comprou colar e brincos para presentear a princesa da Holanda, que gostou muito, me ligou e fez encomendas.
Uma vez, no Recife, o então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter,
viu a esposa de um governador usando e quis uma joia igual para sua esposa. Um momento muito marcante aconteceu em Abu Dhabi, em 1982. A filha
do sheik ia casar e foram convidadas casas de joalherias do mundo inteiro
para uma exposição onde se escolheria a joia do casamento. Representei o
Brasil em meio a 40 joalherias do mundo – inclusive a Bvlgary. Fiquei um
ano trabalhando na coleção, toda em ouro amarelo, esmeraldas, diamantes
e pérolas de Biwa, que hoje nem existem mais. Toda exposição era em verde
a amarelo. Nas minhas eternas fantasias, desde criança eu sempre pensei em
princesas e no que seriam suas joias. Fomos aprovados pela princesa, que
quis as joias inclusive para o casamento. Fui ao palácio para que ela vestisse
as joias e desfilasse.
TDC Concept | E o desafio de se manter sempre inovando?
Clementina | Minha mais recente exposição, em dezembro de 2014, foi na
embaixada da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington.
Foi uma nova coleção, toda colorida, com esmeraldas e pedras azuis. Quero
sempre inovar e, felizmente, sempre consigo. Minhas primeiras joias eram em
prata. Depois vieram as pedras, que ganharam exageros de preciosidade. Agora eu quis fazer com muita cor, algo que a pedra permite. Procuro trazer esse
lado exuberante brasileiro, na tentativa de que a joia pareça brasileira, embora
o Brasil nem precise pensar em uma identidade típica. Somos modernos e
internacionais, refinados. Falo isso com a experiência de ter morado dez anos
nos Estados Unidos e outros cinco em Paris. Continuo achando que somos
modernos. O Brasil tem uma joalheria muito desenvolvida, mas que ainda é
muito ligada à joia francesa e italiana. A joia ainda é muito ligada às formas tradicionais. Falta um pouco de personalidade própria do artista, ou que esteja
ligada ao movimento do design brasileiro.
51
tdc. miscelânea
memória
SERGIO RODRIGUES
Foto: Divulgação
Seu traço era especial. Mesclava harmonia e exclusividade,
equilibrando beleza, funcionalidade e conforto. Virtudes assim
fizeram de Sergio Rodrigues um ícone brasileiro no design
mundial. Há décadas, seu nome é referência em mobiliário
moderno e design industrial – especialmente quando o verbo
a ser conjugado é “sentar”. Nascido no Rio de Janeiro do final
dos anos 20, o arquiteto não resistiu a um câncer e faleceu em
setembro de 2014. Mesmo em meio ao tratamento contra a
doença, Rodrigues menteve-se ativo e com a criatividade em
alta. Concebida em 1957, até hoje sua peça mais conhecida
é a poltrona Mole, feita de jacarandá e couro – e que
52
pode ser conferida atualmente no MoMA, o Museu de Arte
Contemporânea de Nova York. Foi graças a ela que, em 1961,
o designer venceu o Concurso Internacional do Móvel de
Cantù, na Itália, dando início a uma exitosa carreira. Um dos
amigos mais próximos, o arquiteto Lúcio Costa, costumava
ressaltar que Rodrigues conseguia resgatar o espírito da
mobília tradicional e, ao mesmo tempo, os diversos aspectos
do Brasil indígena. Pura verdade. Com um legado que fala
por si próprio, depois de seis décadas de criações, Sergio
Rodrigues sai de cena consolidado como uma referência para
as novas gerações.
vitrine
antique
Design vintage, aço inox e cabos com
acabamento perolado. Esse é o talher Antique:
tendência, qualidade e tecnologia para
compor mesas delicadas e superelegantes.
53
Por Mauricio Roloff
Das mesas de boteco para as rodas da alta gastronomia, as cervejas se reinventam. Ingredientes
surpreendentes entram em cena com propostas únicas de sabor e aroma. Rótulos se distinguem pela
origem, pela braçada e até pelo nome do mestre cervejeiro – e alguns já adquirem status de raridade.
E assim, tal como no mundo dos vinhos, as cervejas especiais começam a revelar um potencial
inimaginável de sensações e harmonizações, provando que por trás daquele colarinho cremoso há muito
mais do que apenas malte, lúpulo e cevada.
54
O
que define uma cerveja especial não é o rótulo da garrafa, nem o processo de
fabricação. É algo muito mais sutil, que não pode ser industrializado e muito menos copiado:
o carinho do mestre cervejeiro com cada etapa da elaboração. Os melhores são aqueles que
acompanham todas as fases da tiragem, desde a seleção dos ingredientes até o borbulhar no
copo dos comensais. A escolha dos ingredientes e os métodos de preparo miram sempre
na qualidade, e não necessariamente na rentabilidade – ainda que algumas garrafas saiam a
preços embriagantes.
A perder de vista
O mestre cervejeiro pode escolher entre
uma infinidade de estilos para criar seu
rótulo – e pode se apropriar de diferentes
denominações de origem. É fácil encontrar
uma Indian Pale Ale fabricada no interior
gaúcho ou uma Irish Red Ale com sotaque
caipira, por exemplo. “O bebedor deve
seguir seu gosto, tentando descobrir onde
surgiu o tipo favorito de cerveja, estudar a
história, entender os ingredientes, o motivo
de uma ser avermelhada e outra escura”,
ensina o especialista Sady Homrich, mais
conhecido como o baterista da banda
gaúcha Nenhum de Nós.
Basicamente, as cervejas se separam em
duas famílias: as Ales, de fermentação a
temperaturas mais altas, e as Lager, de
baixa fermentação. Dentro de cada grupo
há diversos estilos, cores, graduações
alcoólicas, corpos e características
de procedência (as chamadas escolas
alemã, belga, inglesa etc.). Parece muita
informação, mas um aspecto facilita a vida
dos novatos.
“um estilo é muito diferente do outro. O
bebedor sente isso, ainda que não saiba
dar nome ao que está percebendo”, garante
o empresário Júlio César Kunz, que produz
tanto cervejas quanto vinhos. Ou seja: de
gole em gole, qualquer pessoa pode se
tornar um consumidor entendido. Basta
beber com atenção e, é claro, a tradicional
dose de moderação.
55
tdc. sabores
Faça
você
mesmo
Fotos Shutterstock.com
conhecida como home brew, a produção
artesanal nunca esteve tão em alta
Uma característica que distingue as cervejas especiais das demais bebidas (especialmente dos rótulos industriais) é a proximidade entre produtores e consumidores.
Os cervejeiros costumam ter o mesmo perfil de seu público. Em geral, são jovens
adultos, de uma geração interessada em tecnologia, habituada a viagens ao exterior
e com atitude empreendedora – sem medo de arriscar. No universo etílico, o
movimento das cervejas artesanais chega a ser classificado como uma espécie de
contracultura. O levante procura combater a padronização, hasteando a bandeira
da diversidade nas prateleiras. Não é à toa que muitas garrafas são inspiradas em
grupos ou canções de rock.
A confusão entre fabricantes e bebedores é reforçada por um
hobby que cresce a cada dia entre quem frequenta o métier: a elaboração artesanal e caseira, também conhecida por home brew.
Hoje, as matérias-primas para o preparo de cerveja são facilmente
encontráveis em lojas especializadas que, além de fornecer os
insumos, prestam consultoria a quem deseja se aventurar. “Não é
tão forte essa ligação com a origem, como tem o vinho. É possível
encomendar os ingredientes de qualquer lugar”, explica o músico
Sady Homrich.
O senso comum é de que, para fazer a bebida em casa, basta uma
panela de tamanho razoável. Mas os especialistas alertam que não
é tão fácil assim. Entre outros fatores, a necessidade de controlar
a temperatura com rigor torna a empreitada um desafio. Mas isso
não parece desestimular os aspirantes a cervejeiro. “Boa parte
dos exemplares caseiros contém defeitos. Ainda assim, a família
e os amigos apoiam. O que vale é a diversão. É um pessoal que
mete a cara e faz”, constata Kunz.
Fotos Shutterstock.com
56
Não há como negar: a informalidade típica do universo cervejeiro
tem dado origem a uma infinidade de novos sabores. Bom para o
consumidor, que chega a ficar perdido – mas feliz. Depois de
eleger a bola da vez, não basta apenas colocá-la na geladeira e
esperar algumas horas. Afinal de contas, uma degustação desleixada pode esconder a personalidade de um bom rótulo. O
apreciador deve ficar atento a uma série de parâmetros, entre
os quais o mais importante é a temperatura. Antes de tudo,
esqueça a ideia do “estupidamente gelada”. De acordo com a
sommelière de cervejas Rosária Penz Pacheco, o teor alcoólico
é determinante na definição da temperatura ideal. Produtos
mais carregados de álcool devem ser bebidos a até 13°C, enquanto os mais leves são apreciados mais frios. Outra dica: por
mais ligeira que seja a cerveja, ela nunca deve ser degustada
abaixo de 2°C – nessas condições, a bebida amortece as papilas gustativas e mascara eventuais defeitos. Outra preocupação
são os copos: modelos altos e estreitos atendem bem exemplares menos complexos; taças mais largas e volumosas servem
aos rótulos perfumados e encorpados. Por fim, fique de olho
na espuma, que ajuda a manter a temperatura e a preservar
aromas. Tirando casos especiais, ela pode ser obtida corretamente se metade do copo for preenchido em uma inclinação
de 45 graus e o restante servido em posição vertical.
A arte da harmonia
O processo de gourmetização não estaria completo sem a perfeita combinação com a gastronomia.
Amplamente exercitado pelos apreciadores de vinho, O conceito de harmonização vem sendo
rapidamente absorvido pelos fãs de cervejas especiais – ainda que de uma maneira mais descontraída
Comparado ao mundo dos vinhos, o princípio de harmonização aplicado às cervejas é o mesmo. Seja buscando características comuns entre bebida e comida, ou explorando os
contrastes, a ideia é alcançar o equilíbrio entre a garfada e
o gole. Ao mesmo tempo em que ressalta as qualidades de
cada um, a harmonização bem feita impede que algo se sobressaia. Apesar de existirem diversas técnicas que permitem
encontrar essa sinergia, o universo cervejeiro é menos regrado que o dos vinhos. No fim das contas, elas não passam de
sugestões, como ressalta Cesar Adames, professor e especialista no mercado de tabaco e bebidas.
Entre as dicas mais comuns há um equivalente à máxima de
“tintos para carnes e brancos para peixes”. Seria procurar
sempre servir as Lagers com pratos leves e as Ales, geralmente encorpadas, com receitas mais elaboradas. Na dúvida,
a sommelière Rosária Penz Pacheco lembra que as cervejas
de trigo alemãs servem como coringas, por serem bastante
refrescantes – mesmo que apresentem corpo de médio a
alto. Outra proposta são as harmonizações regionais, unindo
cervejas que seguem uma escola específica (belga, alemã,
inglesa, americana etc) com iguarias clássicas desses países.
Outra maneira de acertar no casamento é buscar ingredien-
tes comuns entre a garrafa e a panela. Há rótulos em que são
adicionados itens de sabor, como pimenta, coentro, casca
de laranja e abóbora. É grande a chance de eles combinarem
com pratos que levem esses temperos. Ou então transformar
a própria cerveja em matéria-prima da comida, com receitas
que a usem em seu preparo e servindo o mesmo tipo aos
convidados. Culinárias típicas conhecidas por serem muito
picantes, como a mexicana e a tailandesa, têm aptidão especial para a combinação com cerveja. De graduação alcoólica
menor em relação a outras bebidas, ela permite goles mais
generosos, que aliviam o ardor. A carbonatação (volume de
bolhas) e a temperatura de serviço geralmente baixa também
contribuem para a combinação.
Mas, por melhor que seja o desempenho da cerveja na
harmonização, os especialistas reforçam que é preciso respeitar sua vocação descontraída, de consumo em qualquer
hora e local. “A cultura da cerveja é assim, fácil. Não dá para
basear a degustação na harmonização”, acredita o cervejeiro
Júlio Kunz. “Não deixe de curtir os momentos que a cerveja
proporciona impondo regras. A ideia é que ao lado do copo
sempre haja bons acompanhamentos, e geralmente os amigos são os melhores”, sintetiza Sady Homrich.
57
Quer exercitar a harmonização
entre cervejas especiais e
receitas? confira dez uniões de
pratos de diferentes estilos
elaboradas pela sommelière
Rosária Penz Pacecho. arrisquese. tEm tudo para dar certo
PRATO
PRATO
Sugestão de estilo: Munich Helles
Sugestão de rótulo: Coruja Strix Extra
(Brasil)
O que observar: aqui, não há o que
complicar – apenas aproveitar
Sugestão de estilo: Weizenbier
Sugestão de rótulo: Alenda Bier (Brasil)
O que observar: a carbonatação auxilia a degustação de
queijos mais cremosos
Aperitivos como amendoins e castanhas
Queijos adocicados e/ou cremosos (provolone, gouda,
emmental, brie)
ou
também harMoniza com...
Jogo de taças para
sobremesa TR3S
As peças são para sobremesa, mas
quem disse que elas não podem
ser usadas de forma criativa,
como servir petiscos?
Sugestão de estilo: Tripel
Sugestão de rótulo: Karmeliet (Bélgica)
O que observar: o teor alcoólico mais elevado também
favorece a degustação de queijos cremosos
PRATO
Queijos salgados / curados (grana,
parmesão, de cabra, pecorino)
PRATO
Aves e peixes grelhados
Sugestão de estilo: Belgian Pale Ale
Sugestão de rótulo: Engelszell Benno (Áustria)
O que observar: uma Pale Ale menos amarga
com um leve tostado
Sugestão de estilo: Doppelbock
Sugestão de rótulo: Paulaner (Alemanha)
O que observar: o dulçor intenso da
cerveja equilibra o sal dos queijos
também haRMoniza com...
Frigideira Trix Ceramic
A cerâmica é o revestimento perfeito para grelhar,
com pouca gordura, pratos delicados como peixe,
frango e vegetais
também haRMoniza com...
Kit para cortar queijo
Originale
Para manter o sabor e a textura
ideais, o queijo exige cortes
corretos e muito cuidado no
seu manuseio
PRATO
PRATO
também haRMoniza com...
também harMoniza com...
Travessas Cerâmicas Lyon
Jogo para salada TR3S
Massas de molho cremoso
Sugestão de estilo: Wood Aged Bier
Sugestão de rótulo: Way Amburana Lager (Brasil)
O que observar: cerveja alcoólica que auxilia a
limpeza do palato em molhos brancos gordurosos
Perfeitas para gratinar, assar e servir, as peças não
absorvem aromas e sabores – e ainda podem ir à
máquina de lavar
Saladas
Sugestão de estilo: Saison
Sugestão de rótulo: Invicta Saisona Trois (Brasil)
O que observar: cerveja fresca de verão com condimentos
como semente de coentro
Em aço inox, com acabamento, brilho e design diferenciados, a saladeira da linha TR3S
empresta elegância à
harmonização
PRATO
Carnes de caça
Sugestão de estilo: Belgian Dark Strong Ale
Sugestão de rótulo: Baldhead (Brasil)
O que observar: dulçor e frutado são
perfeitos para este tipo de preparo
PRATO
Carnes de longo cozimento
Sugestão de estilo: Dunkel
Sugestão de rótulo: Hofbrau
Dunkel (Alemanha)
O que observar: cerveja que
remete a um caramelo tostado
e corpo médio
também harMoniza com...
Caçarola Lyon
A panela mais versátil que você já viu. Pode
ser utilizada para os mais diversos preparos
e pratos
também harMoniza com...
Panela de pressão Presto
Alta segurança, agilidade e
praticidade em um produto
único
PRATO
Filés e steaks
Sugestão de estilo: English Amber Ale
Sugestão de rótulo: Babel Lucky Jack (Brasil)
O que observar: o sabor de malte remete a
caramelo e harmoniza com a consistência de
filés e steaks
também harMoniza com...
Bistequeira Lyon e Facas ProChef
Uma bistequeira com revestimento antiaderente e
uma faca incrível: a perfeita companhia para carnes
e afins
PRATO
Sobremesas com chocolate
Sugestão de estilo: Foreign Extra Stout
Sugestão de rótulo: Irmãos Ferraro
Nera Reale Stout Cioccolato (Brasil)
O que observar: cerveja que remete
a café e chocolate, harmoniza por
semelhança com a receita
ou
Sugestão de estilo: Kriek - Fruit Lambic
Sugestão de rótulo: Kriek Boon (Bélgica)
O que observar: cerveja ácida com adição
de cerejas, combina por contraste com o
chocolate
também harMoniza com...
Colheres Mosaico
Um delicado jogo de colheres
com gravação a laser nos cabos,
ideias para apreciar todo tipo de
sobremesa
60
vitrine
trix
ceramic
Toda a tecnologia e qualidade da linha
Trix com as propriedades antiaderentes da
cerâmica. É a frigideira perfeita para pratos
delicados e saudáveis, como vegetais e peixe.
61
Fotos: Divulgação/Panelinha e Instagram @ritalobo
bendita
panelinha
aos 40 anos, rita lobo se projeta como a chef
que não cozinha para os outros, mas ensina
os outros a cozinhar – um papel que faz de
sua empresa um fenômeno nacional de vendas
Por Andreas Müller e Leonardo Pujol
Quando as câmeras entram em ação, a libriana Rita Lobo, 40
anos, torna-se o rosto da simplicidade. Move-se desenvolta
por entre panelas e talheres, manuseia com desassombro
os ingredientes à mesa e estabelece um bate-papo afetuoso
com o espectador – quase como se entrasse na casa dele para
preparar-lhe uma comidinha. Quando as câmeras descansam,
porém, Rita Lobo assume outros papéis. E não são poucos:
gerencia um site sobre receitas (e com sucesso), atua
como comentarista de rádio, é escritora e editora de livros,
empresária, esposa e (ufa!) mãe. Chega a ser difícil entender
como ela consegue transmitir tanta calma e simplicidade
mesmo mergulhada em um cotidiano tão complexo. “É
dureza a minha rotina”, reconhece ela.
Mas a verdade é que Rita não tem segredos. Sua receita para
conciliar tantos projetos e ambições diferentes passa por algo
elementar: ela sabe o que quer. “Não vou ter restaurantes. Não
vou vender alimentos e nem criar minha linha de comida. O
que eu quero é que as pessoas entrem mais na cozinha. Tudo
que eu faço tem a ver com ensiná-las a cozinhar”, decreta.
Com essa missão, Rita consegue organizar o dia a dia,
dedicando-se a cada tarefa como se fosse única. Mais do que
isso, consegue ter energia para se projetar como uma das
grandes personalidades da culinária brasileira.
62
Em seu site, o Panelinha, ela compartilha dicas e receitas que ficam ao
alcance dos leigos na cozinha. Tem para todos os gostos. Procurando um
pouquinho, dá para encontrar um prosaico tutorial para fritar batatas e
também a apresentação de uma destemida moqueca de peixe baiana. E
dá certo. A cada mês, o site registra mais de 2,1 milhões de pageviews. No
Facebook, a fanpage do Panelinha congrega quase 130 mil seguidores. No
Instagram, são cerca de 136 mil seguidores no perfil pessoal de Rita
(@ritalobo) e outros 76 mil no da Editora Panelinha (@editorapanelinha).
No YouTube, já acumula mais de 2 milhões de visualizações a partir de
conteúdos que ela mesma produz e estrela – como é o caso da websérie “Em
Uma Panela Só”, que integra o projeto Receitas que Brilham, da Tramontina.
Sem esquecer, é claro, das aparições na TV, à frente de programas como o
Cozinha Prática com Rita Lobo – que, em 2015, chega à quarta temporada
no Canal GNT.
De onde vem tanta inspiração e energia? Rita tem um palpite de que
tudo começou na infância, época em que ela tinha a mania de observar a
cozinheira da família, Zete, no manejo das panelas e pratos que iam à mesa.
“Minha mãe não sabia nem fritar ovo. Na casa dela, sempre teve cozinheira,
tudo tinha muita regra. Mas eu achava que cozinhar seria legal para a
minha vida, profissionalmente ou não”, conta a paulistana. Os encontros de
família também contribuíram. As festas de Natal costumavam reunir mais de
70 convidados e tinham muita, mas muita comida – e foi assim, aos poucos,
que Rita começou a descobrir o fascínio pela arte de prepará-la.
“
Não vou ter restaurantes, não
vou vender alimentos. o que eu
“
Cada projeto se desdobra em mais e mais iniciativas, empreendimentos
e ambições. O site Panelinha, por exemplo, rendeu um livro de sucesso.
Panelinha: Receitas Que Funcionam contabiliza mais de 100 mil exemplares
vendidos desde o lançamento, em 2010. “É meio que um receituário
daqueles pratos que toda casa precisa ter”, explica a autora. Ao todo, Rita já
contabiliza cinco livros próprios, todos inspirados na ideia de desvendar os
segredos de uma culinária sofisticada e sem frescuras. A procura é tão grande
que o Panelinha se tornou também um selo editorial, tocado em parceria
com a Companhia das Letras. Mais do que traduzir autores consagrados no
mundo da gastronomia – como Yotam Ottolenghi e Katie Quinn Davies –, o
objetivo também é garimpar novos chefs-escritores. “Às vezes, a pessoa tem
experiência na cozinha mas não sabe como entrar no mercado editorial. Eu
faço o trabalho de pensar o livro: para quem falar, como falar etc”, ilustra
Rita. Para este ano, a grande expectativa recai sobre a nova obra de Nina
Horta, colunista de gastronomia da Folha de S. Paulo. “Ela é, certamente, a
maior autora sobre comida do Brasil, mas não publicava nada há pelo menos
20 anos. Agora, nós conseguimos trazê-la de volta”, comemora a editora.
quero é que as
pessoas entrem mais
na cozinha
Mas o mergulho na culinária não foi imediato. Antes, Rita se aventurou
pelo mercado da moda e da mídia. Aos 15 anos, os olhos azul-piscina e o
sorriso resplandescente abriram-lhe as portas para atuar como modelo,
daquelas super-requisitadas. Viajou o mundo, conheceu diversos países,
desvendou a Europa e os Estados Unidos, morou no Japão. Na volta, tornouse apresentadora do programa MTV a Go Go, que percorria as principais
tendências da moda com uma linguagem leve e descontraída – quase um
estágio para a carreira que construiria anos mais tarde, entre a cozinha e as
câmeras. “Para mim, trabalhar como modelo ou VJ da MTV sempre foi algo
temporário, uma espécie de summer job. Eu queria achar uma profissão
de fato, algo que me fizesse sentir mais produtiva”, lembra. Aos 18 anos, as
passarelas e a MTV ficaram para trás. Em busca de sua verdadeira essência, Rita
partiu para Nova York, rumo à Peter Kump’s School
63
Rita
em vários papéis
Além de apresentar o Cozinha Prática, no GNT, Rita Lobo
divide o tempo entre diferentes papéis: é apresentadora de
rádio, escritora e editora de livros, empresária, esposa e mãe
de dois filhos – Gabriel, de 12 anos, e Dora, de 10, que se
unem às enteadas Gabriela, de 14 anos, e Daniela, de 12.
64
De volta ao Brasil, em 1995, Rita já havia se tornado uma
especialista no manejo das caçarolas. Em pouco tempo, surgiram
convites para trabalhar em restaurantes e escrever sobre o tema
– como na coluna semanal que manteve na Folha de S.Paulo
entre 1995 e 2000. Nos textos, ela indicava receitas, restaurantes,
passeios, livros e dietas. “Depois de muita observação e alguns
testes, parece que descobri o verdadeiro segredo para conciliar os
prazeres da mesa com os do espelho: quantidades. O segredo está
nas quantidades. Coma de tudo um pouco, mas só um pouco”,
aconselhava ela em uma das colunas do período da Folha.
O hábito de escrever despertou em Rita a habilidade de combinar
ideias e palavras em textos – com o perdão do trocadilho –
saborosos. As colunas davam boa repercussão e os leitores se
mostravam cada vez mais engajados. Foi esse interesse súbito que
inspirou Rita a criar, em 2000, o Panelinha. A ideia era simples:
revelar truques e macetes que qualquer pessoa fosse capaz de
aplicar – até mesmo aquela que nunca fritou um ovo. Para Rita,
cozinhar deveria ser como ler e escrever: uma habilidade universal.
O Panelinha começou oferecendo 200 receitas, todas com o modo de
“
Fiquei fascinada com o aprender.
Foi tão libertador e rico que eu
“
of Cooking Arts. Uma escola peculiar, diferente de instituições que
formam os mais requisitados chefs do mundo, como a Culinary
Institute of America ou a Le Cordon Bleu, da França. Aberta a
profissionais de qualquer área, a Peter Kump’s se notabiliza por
formar bons amantes da cozinha. Isto é: pessoas que simplesmente
apreciam a arte de preparar boas receitas, sem a pretensão de
emular os ases da gastronomia. Foi lá que a paixão pela cozinha
despontou. Mais tarde, Rita também se especializaria na Leith
School of Food and Wine, em Londres. “Fiquei fascinada com o
aprender. Foi tão libertador e rico que eu queria que os outros
aprendessem a cozinhar também”, explica.
queria que os outros
aprendessem a
cozinhar também
preparo destrinchado e fotografado. Alguém leu, repassou a
receita e, rapidamente, as histórias começaram a cair no gosto dos
leitores. Rita começou a receber uma enxurrada de e-mails com
questionamentos não de receitas, mas de procedimentos simples:
como deixar o arroz soltinho? Qual é a melhor carne para o rosbife?
Como fazer o feijão ficar cremoso? “Aí percebi que as pessoas não
sabiam mais cozinhar”, rememora.
Desde então, a receita de sucesso de Rita traz um ingrediente
especial: mais do que saber o que quer, ela faz questão de saber
o que o público quer. Um ideal que passa por pesquisas, testes e
muitas maneiras de entender a cabeça de quem busca informação
sobre culinária. “O Panelinha, em si, acabou se tornando uma
ferramenta de pesquisa. Tenho todos os dados sobre o meu
consumidor, além da minha experiência de estar há quase 20
anos me comunicando diretamente com ele, de uma forma muito
próxima”, explica. Um de seus hábitos é cozinhar sempre com
a caneta à mão, anotando as medidas, o modo de preparo e as
65
dúvidas que surgem no decorrer do processo. Foi assim que o
Panelinha se tornou sinônimo de “receitas que funcionam”. Todos os
passos são traduzidos em uma linguagem elegantemente fácil.
Difícil, mesmo, é dar o acabamento final aos programas que ela
apresenta na TV. Rita participa ativamente da produção e não
abre mão da perfeição em cada detalhe. A luz tem de estar sempre
impecável. A roupa precisa ser a mais adequada – nada muito formal
ou provocante. O som tem de ser puro. Para cortar uma cebola,
todas as luzes do set são posicionadas no ângulo adequado. Para
mostrar a mesma cebola sendo despejada na panela, as filmagens
param e todas as lâmpadas são rearranjadas para valorizar as cores
e texturas da comida e evitar sombras indesejadas. Em média, um
“
“
O Panelinha se tornou uma
ferramenta de pesquisa.
Tenho todos os
dados sobre o meu
consumidor
66
episódio de 30 minutos do Cozinha Prática leva 12 horas para ser
gravado. “Eu sou perfeccionista, sim, e aí entra a questão estética. Me
incomodo muito com coisas feias. Não gosto de toscolândia”, divertese Rita. O marido, Ilan Kow, reconhece o esforço – e exerce um papel
fundamental na condução de cada iniciativa. Casado com Rita há seis
anos, ele se tornou o mentor comercial dos negócios. “Fazer algo
diferente era um sonho antigo meu. Felizmente consegui”, diz ele.
Com Ilan, Rita Lobo encontrou um importante aliado para consolidar
as atividades do Panelinha. Com um site, uma editora e vários outros
produtos de mídia, a empresa precisava de maior integração e
posicionamento. Ao mesmo tempo, carecia de uma operação mais
ágil. Até então, a cozinha de testes era em um local e a redação
em outro. O acervo de panelas e talheres ficava na própria casa de
Rita, onde eram gravados os vídeos. Em 2015, Rita inaugurou uma
casa nova que incorpora tudo: os escritórios, a redação, o acervo, a
cozinha de testes e o estúdio. A ajuda de Ilan foi providencial. “Somos
perfis diferentes, mas complementares”, reconhece Rita.
A nova sede do Panelinha fica a três quadras da escola das crianças
– os filhos Gabriel e Dora, de 12 e 10 anos, respectivamente, além
das enteadas Gabriela e Daniela, de 14 e 12 anos. “Eles se dão tão
bem que brigam”, comenta, aos risos. A proximidade é conveniente.
A empresária não abre mão de reunir a família para almoçar junto
durante a semana. “É o jeito que tenho de acompanhar minha família.
Raramente consigo chegar cedo da noite em casa. O almoço é o meu
momento com os filhos”, explica.
Ao completar 20 anos de carreira, em 2015, Rita Lobo se projeta
como a chef que, em vez de cozinhar para os outros, prefere ensinar
os outros a cozinhar. E o futuro reserva novos projetos e novas
ambições pessoais. Uma delas é voltar às cavalgadas – um prazer
de infância que, hoje, espreme-se nas poucas brechas dos afazeres
diários. Outro é expandir o papel do Panelinha. Alguém se apaixona
e precisa preparar um jantar especial? Lá estará o Panelinha. Precisa
fazer um almoço rápido para os filhos? Panelinha neles. Não aguenta
mais comer a mesma coisa todos os dias? O Panelinha terá a solução.
Ou, no mínimo, dará caminhos preciosos para quem está descobrindo
o prazer de cozinhar, tal como Rita descobriu no alvorecer da
infância, antes de se tornar tudo que, hoje, ela é.
receita
AMBROSIA
RÁPIDA DE
LEITE EM PÓ
Ingredientes:
1 1/2 xícara (chá) de leite em pó
1 ovo
3 colheres (sopa) de água
1 pitada de sal
1/2 xícara (chá) de açúcar
1 xícara (chá) de água (para a calda)
1 canela em rama
3 cravos-da-índia
1/2 colher (sopa) de vinagre de vinho branco
Modo de Preparo:
Numa panela pequena, junte uma
xícara (chá) de água com o açúcar e
misture com o dedo indicador – isso
vai ajudar a não queimar a calda.
Quando o açúcar dissolver, junte a
canela, os cravos e leve a panela ao
fogo médio. Enquanto a calda aquece,
no liquidificador junte o ovo, as três
colheres (sopa) de água, o leite em
pó e a pitada de sal. Bata por um
minuto; desligue e raspe as laterais;
bata mais um pouco, apenas para
formar uma mistura lisa – ela fica bem
grossa. Assim que a calda ferver, retire
a panela do fogo e junte a mistura
do liquidificador e o vinagre. Volte
a panela para o fogo baixo e mexa
com uma espátula por cerca de cinco
minutos, desmanchando os grumos
maiores - no final, o doce fica com uma
aparência granulosa. Transfira para
uma compoteira (ou pote com tampa)
e deixe esfriar.
Sirva a seguir. Conserve na geladeira.
67
vitrine
tr3s
Peças de design contemporâneo e com traços
marcantes, perfeitas para serem utilizadas em todos
os momentos. Na foto, o centro de mesa TR3S.
68
tdc. miscelânea
Fotos: Divulgação/Royal Penthouse
SUÍTE
dos
sonhos
Michael Jackson, Rihanna, Tony Blair e Bill
Gates nutrem em comum o bom gosto para
hotéis. todos eles já se hospedaram no
Royal Penthouse Suite president wilson, o
mais luxuoso quarto de hotel do planeta,
localizado às margens do Lago de Genebra,
na Suíça
O custo do pernoite não sai por menos
de US$ 80 mil, o que confere à President
Wilson o título de suíte mais cara do
mundo, segundo o Guinness.
Por que
vale a pena?
Para começar, a suíte ocupa todo o oitavo
andar do edifício, o que equivale a um
espaço de 1,6 mil m². São 12 quartos
duplos, cada um com banheiro privativo,
e amplos espaços que abrigam mesa de
bilhar, salas com sofás de luxo, TV gigante,
academia e jacuzzi.
A decoração, escolhida
primorosamente, confere à
suíte um conceito único de sofisticação. Em
meio a obras de arte espalham-se tapetes
persas e até mesmo um piano de cauda. Mas
isso ainda não é tudo. O valor pago para
passar uma noite no Royal Penthouse Suite
inclui estacionamento, mordomo particular,
chefs de cozinha e uma equipe de segurança
completa – tudo com exclusividade para
garantir uma excelente estadia. A cereja
do bolo fica por conta da vista panorâmica
para o lago de Genebra e os alpes suiços,
integrando bom gosto, luxo e conforto. Para
que mais?
69
tdc. miscelânea
entre 50
Divulgação/Maní
DOIS BRASILEIROS
são paulo merece um jantar especial – ou
melhor, dois. a capital paulista abriga os
únicos restaurantes brasileiros a integrar
a badalada lista S. Pellegrino & Acqua panna
World’s 50 Best restaurants
Sétimo lugar no ranking de 2014 da revista
britânica Restaurant, o D.O.M. propõe
uma experiência gastronômica que resgata
os mais autênticos sabores da culinária
brasileira. O olhar contemporâneo do
restauranteur Alex Atala encontra o
reflexo perfeito em uma cozinha que
utiliza alimentos genuinamente nacionais.
Entre os exemplos mais clássicos estão o
já conhecido açaí e o tucupi, um sumo
amarelado extraído da raiz da mandioca
ralada e espremida – bastante tradicional
na região norte do Brasil. A reafirmação
constante de uma filosofia pautada
na brasilidade tem feito com que o
D.O.M. venha conquistando aprovações
de público e crítica especializada.
Tamanho sucesso é traduzido em
sucessivos prêmios e no reconhecimento
internacional tanto da casa quanto de seu
proprietário, já que Atala está habituado
a figurar em destaque nos principais
rankings de melhores chefs do mundo.
comandado por helena rizzo e seu marido, o espanhol daniel
redondo, o maní chama a atenção por um aspecto que o torna
único: a mistura entre experiências vividas e a experimentalidade
Depois de aparecer em 46º lugar na lista de 2013, o Maní
(foto acima) saltou dez posições no ranking e chegou ao
36º lugar em 2014. Dono de uma cozinha extremamente
criativa, com forte pegada autoral, o restaurante entrega aos
visitantes o preciosismo que marca a carreira do casal que
comanda as caçarolas: a gaúcha Helena Rizzo e seu marido, o
chef espanhol Daniel Redondo, que por mais de uma década
trabalhou no catalão El Celler de Can Roca, número 2 na lista
da Restaurant. Tirando proveito de iguarias regionais, o Maní
prima por surpreender a clientela, renovando suas receitas
constantemente – que vão desde os deliciosos bombons
salgados até a guacamole no biscoito de fubá. Assim como
Alex Atala e D.O.M se tornaram sinônimo de prestígio mundo
afora, a chef Helena Rizzo também tem elevado seu nome ao
panteão da gastronomia internacional. O Maní agradece.
70
em 2014, helena rizzo ganhou
o troféu Veuve Clicquot
de Melhor Chef Mulher
do Mundo
vitrine
argolas para guardanapo
2 be fun
Irreverência e jovialidade nesse conjunto
de argolas para guardanapo. São seis
peças, cada uma com uma figura diferente:
diamante, bigode, caveira, laço, chapéu e
pássaro.
vitrine
UTENSÍLIOS
lyon
O conjunto de acessórios feito
para casar com as panelas Lyon
traz utensílios em nylon com
silicone, que é mais resistente
e não danifica os revestimentos
antiaderentes. Destaque para o
lançamento do porta-utensílios
em cerâmica nas cores azul e
vermelha.
72
tdc. miscelânea
DESTINOS
QUE DÃO
SORTE
Ninguém discute que las vegas sempre reinará como a verdadeira meca
dos cassinos. mas quem aprecia os jogos também encontra boas opções em
CIDADES bem mais próximAs do brasil, com atrações que mesclam diversão,
conforto e sofisticação. conheça um pouquinho dos três cassinos mais
badalados da américa do sul
Hotel Casino
Guarani Splendor
Conrad Resort
& Casino
Casino
Buenos Aires
Mais que um hotel, é um verdadeiro
shopping encravado no coração de
Assunção. Abriga lojas e restaurantes e
oferece diversas atrações ao hóspede
O cassino conta com máquinas
modernas – ainda que em variedade
modesta – e um sistema de tickets
codificados que permite receber o
prêmio sem demoras.
Um dos maiores cassinos da América
Latina, oferece mais de 75 mesas
de jogo, além de salas exclusivas
para os amantes do pôquer. No
salão principal, são mais de 500
slots machines ao lado de uma área
de lazer com atividades para quem
estiver acompanhado da família.
Conforto e luxo pertinho do Brasil.
Funciona em um navio atracado ao
Puerto Madero – uma forma de lidar
com a peculiar legislação que proíbe
cassinos em terra firme. São três
andares lotados de mesas de jogos
e slots (cerca de 1,7 mil máquinas),
além de restaurante, bares e um
auditório especial para shows e
espetáculos. Imperdível.
(Assunção, Paraguai)
(Punta del Este, Uruguai)
(Buenos Aires, Argentina)
73
vitrine
cocotte
lyon
A panela que funciona como forno na sua
versão delicada e divertida. As Cocottes
Lyon são perfeitas para o preparo de pratos
em pequenas porções e também para
servirem de formas criativas e inusitadas.
74
tdc. miscelânea
A NOBREZA
que vem do mar
Nenhuma outra iguaria
representa tão bem o luxo à mesa
Todos sabem que o caviar é um dos alimentos mais caros do
mundo. Difícil, no entanto, é compreender por que estas
ovinhas de esturjão são tão valiosas. Fato é que o legado de
nobreza do caviar remonta há muito tempo. Prova disso é
que o esturjão já foi prerrogativa real na Inglaterra do século
14 – quando a lei obrigava sua entrega a senhores feudais
–, e até mesmo monopólio estatal na Rússia dos anos 1700.
Obtidas no Mar Cáspio e em seus afluentes, as ovas do
esturjão selvagem são industrializadas por empresas da
Rússia e do Irã. Depois de capturado, o peixe precisa
alcançar a maturidade antes de passar pela extração
das ovas. Em seguida, são feitos os procedimentos de
armazenamento para mantê-las frescas. A essa equação,
soma-se o fato de que o esturjão corre risco de extinção.
Daí se pode entender por que caviares como o Almas
– retirado de esturjões beluga com 100 anos de idade –
chegam a custar US$ 25 mil o quilo e vêm embalados em
latinhas de ouro.
75
tdc. miscelânea
A MODERNIDADE
encontra a memória
Região sul de Manhattan, Nova York, 14 anos
depois. No lugar das Torres Gêmeas, o que se impõe
atualmente é um único prédio: o One World Trade
Center. O imponente arranha-céu erguido sobre o
marco zero da tragédia de 2001 contabiliza nada
menos que 1.776 pés de altura – o equivalente a 541
metros. A medida tem explicação nobre, fazendo
referência ao ano de independência dos Estados
Unidos. Inaugurado em novembro de 2014, o One
WTC passou a ser a construção mais alta da América
e a quarta maior do mundo. Novo símbolo da Big
76
Apple, o edifício é considerado um dos mais – senão
o mais – seguro do planeta, com tecnologias capazes
de protegê-lo dos mais variados tipos de atentado. Em
seus primeiros 20 andares, por exemplo, existe uma
espécie de bunker, sem escritórios ou mesmo janelas,
sustentando a edificação com um concreto três vezes
mais forte que o normal. O novo WTC inclui ainda
cinco torres, 72 elevadores, centro de artes, museu e
memorial, centro de transporte público e mais de 550
mil m² para lojas e escritórios. Em sua abertura,
o empreendimento contava com 40% de ocupação.
vitrine
trix cobre
A linha Trix Cobre é puro diferencial. Unindo
a tradição e o charme do cobre, as panelas
possuem desempenho superior, com uma
excelente condução do calor em função do
corpo triplo.
77
tdc. miscelânea
Milão
Havana
Porque o clássico tem sempre lugar cativo. Capital
internacional da moda, a cidade italiana é conhecida
pela efervescência dos negócios, mas guarda aos turistas
uma infinidade de atrações. Um exemplo é a Expo 2015,
evento internacional que, entre maio e outubro deste
ano, debaterá o futuro da nutrição.
A abertura da cortina que separava economicamente Cuba
dos Estados Unidos coloca a pequena ilha caribenha no rol
dos melhores lugares a serem visitados em 2015. A sensação
de poder voltar décadas no tempo – em função do atraso
industrial cubano, com carros, prédios e casarões da época
pré-Fidel – é um atrativo e tanto para turistas.
1
2
Kamira / Shutterstock.com
o que visitar
em 2015
3
78
Filadélfia
Cidade mais populosa da Pensilvânia, a terceira colocada
garante aos Estados Unidos lugar privilegiado no ranking
do NYT. Nos últimos anos, uma série de projetos
transformaram o município em um centro de atividades
urbanas ao ar livre – possibilitando momentos únicos de
descontração e convívio.
O ranking de destinos para 2015 do jornal
The New York Times elencou 52 lugares dos
mais variados cantos do planeta. Escolhidos
anualmente pelos repórteres e colaboradores
da publicação, o ranking aparece em ordem
de importância apresentando desde cidades
tradicionais, como Manchester e Paris, a locais
até pouco tempo atrás evitados ou relegados
a segundo plano – como o Sri Lanka e Omã.
Em 2013, o Rio de Janeiro havia ficado em
primeiro lugar e a ilha de Fernando de
Noronha em 14º lugar. Confira acima e ao
lado os “top 3”.
vitrine
skye
Com acabamento externo furtacor e interno
em antiaderente Starflon Plus, a linha Skye
traz o brilho e os gradientes da aurora boreal
para sua cozinha.
79
www.tramontina.com/designcollection | www.facebook.com/tramontinatdc
80
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- Tramontina Design Collection