Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul 3.2 UBÁ O sistema de abastecimento de água de Ubá é operado e mantido pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA, através de um sistema operacional local subordinado ao Distrito Operacional de Ubá, que por sua vez, é subordinado a Superintendência do Sudeste, também sediada na cidade de Ubá. Quanto ao sistema de esgotamento sanitário, este é operado e mantido pela Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Desenvolvimento. 3.2.1 Sistema Existente de Abastecimento de Água A cidade de Ubá tem sua demanda de água suprida através de dois sistemas de abastecimento, Peixoto Filho e Miragaya, que alimentam, respectivamente, as regiões 1 e 2 da cidade. Estes sistemas são interligados apenas pela rede de distribuição. A seguir faz-se a descrição das unidades operacionais dos referidos sistemas: Sistema Peixoto Filho Captação e Adução de Água Bruta ( trecho por gravidade ) A captação de água é feita no córrego Ubá Pequeno, através de uma barragem (Foto 1), construída em concreto armado, que tem como função a manutenção do nível d'água, garantindo assim a submergência da tubulação da tomada d'água, executada com tubos de FoFo, com 350 mm de diâmetro e 20 m de extensão, até a caixa de chegada da elevatória de água bruta. Cabe ressaltar que a barragem em questão apresenta um grande vazamento, próximo ao dispositivo de descarga. Elevatória de Água Bruta A elevatória de água bruta (Foto 2) compõe-se de quatro conjuntos de recalque idênticos, marca Worthington, modelo D 1011 6x4x13, para vazões de 180 m3/h e AMT = 12,82 m, sendo três acionados por motores elétricos de 15 cv e um por motor de 20 Hp de potência. Atualmente os quatro conjuntos operam em paralelo, recalcando uma vazão de 155 l/s, até a caixa de chegada da estação de tratamento. Adução de Água Bruta ( trecho por recalque ) Constitui-se por uma linha em ferro fundido, com 350 mm de diâmetro e 80 m de comprimento e tem por objetivo veicular a água desde a elevatória de água bruta até a unidade de tratamento. Estação de Tratamento A unidade de tratamento construída em concreto armado (Foto 3), foi inaugurada em 1979, é do tipo convencional e têm capacidade nominal para tratar 150 l/s. É composta por um medidor tipo calha "Parshall" (Foto 4), um floculador do tipo "Alabama" modificado com 34 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul nove câmaras, dois decantadores convencionais com formato, em planta, retangular (Foto 5) e quatro filtros rápidos de areia (Foto 6). Utiliza como produtos químicos: o sulfato de alumínio como coagulante, a cal hidratada para correção do pH, o cloro gasoso na desinfecção e o fluossilicato de sódio para combate e prevenção à cárie dentária. Este último estando preste de ser substituído pelo ácido fluossilícico. Após o tratamento, a água é encaminhada através de uma linha de FoFo, com 300 mm de diâmetro e aproximadamente 15 m de extensão a um tanque de contato, construído em concreto armado, do tipo apoiado e com capacidade de armazenamento de 50 m3. Esta unidade de armazenamento, contígua a estação elevatória de água tratada, funciona também como poço de sucção para os conjuntos de recalque desta última. Elevatória de Água Tratada Construída ao lado do poço de sucção (Foto 7), tem como função recalcar a água tratada até o principal centro de reservação do sistema. Contém três conjuntos elevatórios idênticos, dos quais dois operam em paralelo e terceiro fica para o rodízio e/ou reserva. São acionados, cada um, por um motor elétrico com 150 cv de potência e apresentam uma capacidade total de recalque de 150 l/s. Adução de Água Tratada Esta linha caracteriza-se por apresentar dois trechos distintos, ambos em ferro fundido e com 400 mm de diâmetro: O primeiro, que opera por recalque e tem 500 m de comprimento, parte da elevatória de água tratada e estende-se até um "stand pipe", construído em concreto armado e com 45 m3 de volume útil; O segundo trecho, com escoamento por gravidade, tem 4.000 m de extensão, parte do "stand pipe" e prolonga-se até um ponto, onde através de uma sangria de 300 mm, em FoFo, alimenta o reservatório R2 e deste ao R-2.1. Essas unidades apresentam, respectivamente, volumes de 900 e 1.400 m3 . Do trecho por recalque parte uma derivação que alimenta um reservatório, o R-1, com capacidade de armazenamento de 100 m3, que através de uma linha que retorna a ETA, é responsável pela lavagem dos filtros desta unidade de tratamento. Reservação e Boosters Este sistema tem como principal centro de reservação um conjunto de dois reservatórios R2 ( 900 m3 ) e R-2.1 ( 1.400 m3 ). Este último consiste em unidade dotada de duas células idênticas e o outro possui câmara única. Ambos são do tipo apoiado e construídos em concreto armado. Este sistema ainda conta com mais cinco reservatórios, R-3, R-6, R-7, R-8 e um contíguo ao booster S. João, totalizando uma capacidade de armazenamento de 3.657 m3. Conta ainda com quatro boosters que possibilitam o atendimento das partes altas desta região. 35 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul Sistema Miragaya Captação A captação é realizada em um manancial de superfície, denominado ribeirão Ubá, através de uma barragem de nível, construída em gabião (Foto 8) e que tem por objetivo assegurar a submergência mínima necessária aos conjuntos moto-bombas. Elevatória de Água Bruta O recalque de água bruta até as unidades de tratamento é executado através da utilização de dois conjuntos moto-bombas, do tipo submersível, com capacidades de recalque de 45 e 15 l/s e respectivas potências de 20 e 5 cv. Estes conjuntos operam em paralelo, sendo o primeiro responsável pela alimentação da ETA-1 e o outro responsável pela alimentação da ETA-2. As unidades de reserva destes conjuntos de recalque encontram-se em prateleira, ou seja não instalados, não sendo assim possível o rodízio ou alternância de funcionamento, mas sim a substituição quando um deles apresentar problemas. Adução de Água Bruta São duas as linhas que veiculam as vazões recalcadas para as unidades de tratamento, e cada uma apresenta dois trechos distintos: um em mangote flexível, com 6" de diâmetro e o outro em FoFo. Na linha responsável pela alimentação da ETA-1, o trecho em FoFo apresenta diâmetro de 200 mm e na linha que abastece a ETA-2, o trecho em FoFo tem diâmetro de 150 mm, no entanto em ambas as linhas o trecho rígido tem extensão de aproximadamente 30 m. Estações de Tratamento ETA-1: É a unidade mais nova, pré-fabricada, do tipo convencional, construída em chapas metálicas e com capacidade nominal de tratamento de 50 l/s. Esta unidade é constituída por um floculador do tipo "Alabama" modificado (Foto 9), um decantador de alta taxa de aplicação (Foto 10) e quatro filtros rápidos, autolaváveis e com formato cilíndrico (Foto 11). ETA-2: É a estação mais antiga, pré-fabricada, do tipo mista, construída em chapas metálicas e com capacidade nominal de tratamento de 30 l/s. Esta unidade é composta por quatro unidades floco-decantadoras (Fotos 12 e 13) e quatro filtros de areia que operam sob pressão (Foto 14). As duas unidades utilizam como produtos químicos o Polifloc-S como coagulante, a cal hidratada para correção de pH, o cloro gasoso para desinfecção e o fluossilicato de sódio para a prevenção de cáries dentárias. O reservatório de contato, construído em concreto armado e situado contíguo ao laboratório/casa de química, funciona também como poço de sucção das elevatórias de água tratada. 36 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul Tanque de Contato Após o tratamento a água de ambas as ETAs é encaminhada ao tanque de contato, construído em concreto armado, do tipo apoiado e com capacidade de armazenamento de 50 m3. Esta unidade também tem a função de poço de sucção, tanto para a elevatória de água tratada, quanto para os conjuntos de recalque responsáveis pela lavagem dos filtros da ETA-2. Ao lado desta unidade, encontra-se em fase final de conclusão outro reservatório, construído em concreto armado, do tipo apoiado, porém com o dobro da capacidade de armazenamento do existente. Elevatória de Água Tratada Em um mesmo ambiente físico (Foto 15), estão instaladas duas unidades de recalque, que operam em rodízio e tem, cada uma, um motor elétrico de 20 cv de potência e são responsáveis pela lavagem dos filtros da ETA-2 e os outros dois conjuntos com a função de bombear a água tratada para o resto do sistema. Estes últimos operam alternadamente, têm capacidade de recalque de 60 l/s e estão associados a motores elétricos de 100 cv de potência. Através do recalque alimentam diretamente e em marcha a rede de distribuição da região 2. Reservação e Boosters Este sistema dispõe de três reservatórios, R-5, R-9 e R-4, localizados, respectivamente, nos bairros da COHAB, CIBRACI e Setor IV Primavera, totalizando uma capacidade de armazenamento de 235 m3. Conta ainda com um booster que possibilita o atendimento do Setor IV Primavera. Rede de Distribuição A malha de distribuição da cidade de Ubá, com 146.367 m de extensão é constituída basicamente por tubos de PVC/PBA e FoFo e com diâmetros que variam de 50 a 400 mm, proporcionando o atendimento a 98% da população urbana. Ligações Domiciliares O sistema distribuidor possui 18.513 ligações domiciliares, todas hidrometradas, e a partir destas atende a 22.585 economias. Os volumes medidos no sistema são: • Volume aduzido: 524.696 m3/mês; • Volume distribuído ( macro medido ): 505.624 m3/mês; • Volume medido ( micro medido): 356.092 m3/mês; • Volume faturado: 393.690 m3/mês. Analisando-se estes valores pode-se estimar as perdas médias do sistema, que são: 37 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul 3.2.2 • Perdas no tratamento: 3,7%; • Perdas físicas: 29,6%; • Perdas no faturamento: 22,1%; Sistema Existente de Esgotamento Sanitário A cidade de Ubá conta com um sistema de coleta do tipo separador absoluto atendendo a cerca de 98% da população urbana, embora existam ligações clandestinas de águas pluviais à rede de esgotos e vice-versa. Dos 25.291 imóveis cadastrados na Prefeitura, 18.500 contam com ligações prediais que apresentam um crescimento vegetativo do ordem de duas ligações por dia. O sistema por não conta com interceptores, coletores troncos, estações elevatórias e estação de tratamento, lança os efluentes coletados, na forma “in natura”, diretamente nos cursos d’água da região, principalmente no ribeirão Ubá. A Prefeitura analisa a possibilidade de firmar um convênio com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA, para que esta amplie, explore, opere e mantenha o sistema. 38 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul FOTO 1: Sistema Peixoto Filho - Captação - Barragem de regularização, onde pode-se observar além do baixo nível do manancial, o dispositivo de descarga, a direita. FOTO 2: Sistema Peixoto Filho - Estação elevatória de água bruta. 39 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul FOTO 3: ETA Peixoto Filho - Vista externa da casa de química/laboratório. FOTO 4: ETA Peixoto Filho - Caixa de chegada e medidor do tipo calha "Parshall" onde pode-se observar as dosagens de sulfato de alumínio e cal. 40 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul FOTO 5: ETA Peixoto Filho - Decantadores convencionais com detalhe para as calhas de coleta. FOTO 6: ETA Peixoto Filho - Vista superior das unidades de tratamento, observando-se, em primeiro plano os filtros, a direita as câmaras do floculador e a esquerda os decantadores. 41 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul FOTO 7: Sistema Peixoto Filho - Elevatória de água tratada. FOTO 8: Sistema Miragaya - Captação - Detalhe para a barragem em gabião. Vista a partir da cobertura do tanque de contato, unidade esta em fase final de conclusão. 42 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul FOTO 9: Sistema Miragaya - ETA 1 - Unidade floculadora e suas câmaras, observase a esquerda a caixa de chegada de água bruta. FOTO 10: Sistema Miragaya - ETA 1 - Decantador de alta taxa de aplicação, observando-se as colmeias e os tubos coletores. 43 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul FOTO 11: Sistema Miragaya - ETA 1 - Três filtros multicelulares, o último tendo auxílio da lavagem manual do leito filtratante. FOTO 12: Sistema Miragaya - ETA 2 - Unidades floco-decantadoras. A escada de acesso a estas unidades, parte de cima do tanque de contato existente. 44 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul FOTO 13: Sistema Miragaya - ETA 2 - Passarela metálica sobre as unidades floco-decantadoras. FOTO 14: Sistema Miragaya - ETA 2 - Unidades de filtração que operam sob carga. 45 Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul FOTO 15: Sistema Miragaya - Elevatória de água tratada - Em primeiro plano os dois conjuntos moto-bombas que compõem a EEAT, e ao fundo, as unidades responsáveis pela lavagem dos filtros. 46