METAIS TÓXICOS Prof. ELOISA DUTRA CALDAS Universidade de Brasília Ciências Farmacêuticas Toxicologia Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 1 Metal Ar (ng/m3) Al 3080 As 10 Ba 100 Be 0.2 Cd 1 Co 5 Cr 20 Cu Fe Mn Mo Ni Pb Sn Se V 500 4000 100 1 20 2000 50 1 30 Água (g/L) máximo média % detecção 2760 74 31 10-1100 340 43 99 1.2 0.19 5.4 120 10 2.5 48 17 2.8 112 10 25 280 4600 3230 1500 30 140 300 15 52 60 68 19 13 75 76 58 38 16 19 2 5 Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB tolerância (mg/m3)* 10 0.2 0.5 0.002 0.05 0.05 0.05 Cr VI 0.2 3.5 5.0 10 0.1 0.15 2.0 0.2 0.1 2 Chumbo metal tóxico mais abundante Fonte: alimento produto de combustão automotiva emissão industrial (industria extrativa, petrolífera, acumuladores, tintas, cerâmica, gráfica) Ingestão diária: 300 - 460 g alimento ( 220-400 g) Lei nº 9.832, de 14 de setembro de 1999 Proíbe o uso industrial de embalagens metálicas soldadas com liga de chumbo e estanho para acondicionamento de gêneros alimentícios, exceto para produtos secos ou desidratados água ( 10- 100 g) ar urbano (20 - 80 g) dióxido de chumbo tetra etila Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 3 Absorção: pulmão: concentração, volume aspirado, partícula ou vapor, tamanho da partícula • 39 - 47 % é retido gastrintestinal 10% absorvido cutânia chumbo tetraetila ~ 1% absorvido Excreção urina e fezes Distribuição 90 % chumbo sanguíneo é eritrócito (membrana e hemoglobina) ossos: 90%; como trifosfato tecidos: rins, pulmão e SNC Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB vida 200 a 500 mg/ tempo de 4 Toxicidade Efeito hematológico afeta síntese de heme inibição da enzima ácido delta aminolevulínico desidratase (ALA-D) aumento do ácido delta aminolevulíncio na urina (ALA-U) inibição de coproporfirinogen oxidase atividade da coproporfirina ferroquelatase atividade protoporfirina (zinco protoporfirina) Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 5 Pb Pb Pb ALA - D Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 6 Neurotoxicidade inorgânico: encefalopatia, irritabilidade, cefaléia, tremor muscular, alucinações, delírio, convulsão encefalopatia afeta a integridade da barreira hemato encefálica (astrócitos) edema e isquemia orgânico: alterações psiquiátricas, disfunção neuro motora afeta liberação de neuro transmissores altera o fluxo de cálcio nas células nervosas e aumenta o cálcio intracelular; se liga a calmodulina estimula a liberação de dopamina, acetilcolina e GABA SNP debilidade muscular, hiperestesia, analgesia Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 7 atravessa a barreira placentária Crianças efeitos neurológicos e neuro comportamentais alteração no desenvolvimento inteligência, baixo aproveitamento escolar, dificuldade na fala sub clínico nível sanguíneo < 300 g/L ataxia, convulsão, dor de cabeça Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 8 Toxicidade renal vitamina D3 nefropatia aguda - crianças, reversível disfunção tubular crônica - adulto, irreversível esclerose vascular e glomerular, atrofia das células tubulares, fibrose intersticial Toxicidade cardiovascular hipertensão: mais sensível efeito adverso em adultos altera sensibilidade do músculo vascular: funções de contratilidade ativadas por cálcio Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 9 Chumbo nos alimentos Óleos, gorduras e emulsões refinadas = 0.1 mg/kg Caramelos e balas, Dextrose (glucose), Cacau (exceto manteiga de cacau e chocolate adoçado), Peixes e produtos de pesca, Partes comestíveis cefalópodes = 2,0 mg/kg Chocolate adoçado = 1 mg/kg Sucos de frutas cítricas = 0,3 mg/kg Leite fluído, pronto para consumo = 0,05 mg/kg Alimentos para fins especiais, preparados especialmente para lactentes e crianças até três anos) = 0,2 mg/kg Dose tolerável semanal (TMDI) = 25 g/kg peso corpóreo Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB Portaria n º 685, de 27 de agosto de 1998 (*) 10 Agente Material Sangue Chumbo Inorgânico Urina Chumbo tetraetila Análise Chumbo VR IBMP até 40 µg/100 ml 60 µg/100 ml Ác. até 4,5 mg/g de 10 mg/g de Deltaminolevulínico creatinina creatinina ou Met. Am. Int. EAA NC T-1 SC E NC T-1 SC Sangue Zincoprotoporfirina até 40 µg/100 ml 100 µg/100 ml HF NC T-1 SC Urina Chumbo até 50 µg/g de creatinina 100 µg/g de creatinina EAA FJ O-1 EE VR - Valor de Referência da Normalidade; valor possível de ser encontrado em populações não expostas ocupacionalmente IBMP - Índice Biológico Máximo Permitido é o valor máximo do indicador biológico para o qual se supõe que a maioria das pessoas ocupacionalmente expostas não corre risco de dano à saúde. A ultrapassagem deste valor significa exposição excessiva. E - Espectrofotometria ultravioleta/visível. EAA - Espectrofotometria de absorção atômica. HF- Hematofluorômetro. NC - Momento de amostragem "não crítico" pode ser feita em qualquer dia e horário, desde que o trabalhador esteja em trabalho contínuo nas últimas 4 semanas sem afastamento maior que 4 dias. NC - Momento de amostragem "não crítico" pode ser feita em qualquer dia e horário, desde que o trabalhador esteja em trabalho contínuo nas últimas 4 semanas sem afastamento maior que 4 dias. T-1 - Recomenda-se iniciar a monitorização após 1 mês de exposição. FJ - Final de jornada de trabalho (recomenda-se evitar a primeira jornada da semana). O-1 - Pode-se fazer a diferença entre pré e pós-jornada. EE - O indicador biológico é capaz de indicar uma exposição ambiental acima do Limite de Tolerância, mas não possui, isoladamente, significado clínico ou toxicológico próprio, ou seja, não indica doença, nem está associado a um efeito ou disfunção de qualquer sistema biológico. SC - Além de mostrar uma exposição excessiva, o Indicador Biológico tem também significado clínico ou toxicológico próprio, ou seja, pode Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ indicar doença, estar associado a um efeito ou uma disfunção do sistema 11 UnB Chumbo em plasma: reflete melhor o chumbo circulante disponível para transferência para órgãos alvo Plasma Pb = -2.392 + 0.0898 x sangue Pb – Smith et al., Environ Health Perspect. 2002 Mar;110(3):263-8. Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 12 Arsênio trivalente e pentavalente (inorgânico e orgânico) Fonte: minas (cobre, zinco e chumbo) e industria:ocupacional alimento e água Biotransformação – metilação e oxi-redução MMA – ácido monometilarsônico V AsVO(OH)3 + 2e- AsIII(OH)3 + (CH3)2AsVO(OH) + 2e- CH3+ CH3AsVO(OH)2 + 2e(CH3)2AsIIIOH + CH3+ CH3AsIII(OH)2 + CH3+ (CH3)3AsVO MMA – ácido dimetilarsínico V Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 13 Absorção: • pulmões: tamanho das partículas e forma química • total absorção gastrintestinal Excreção • urina e fezes: lenta, forma orgânica e inorgânica deposita: fígado, rins, pulmões, cabelo e ossos passa pela placenta tempo de exposição: linha de Mee na unha (leuconichia) Dieta: ~50 g/dia • alimento: 0,05 a 40 g/g, principalmente frutos do mar • água: 80 – 1800 g/L • regiões com altos níveis de As na água – doença de pele Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 14 Mecanismo de ação forma trivalente a mais tóxica DL50 AsO3 = 2-3 mg/kg peso corpóreo (oral) alta afinidade por grupos sulfidrila (SH) de enzimas e proteínas CH2 SH CH2 S Ácido lipólico – cofator CH2 CH AsR CH2 SH + As-R CH (CH2)4 (CH2)4 COOH COOH S ácido lipólico decarboxilação oxidativa dos ácidos cetônicos (pirúvico) acúmulo de ácido pirúvico no sangue acetil CoA alterações no SNC ciclo de Krebs succinil CoA As5+: interfere no mecanismo de fosforilação oxidativa da glicólise – respiração celular Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 15 Toxicidade aguda: 70-180 mg – anorexia, hepatomegalia, melanose, arritmia cardíaca, convulsão, coma morte Toxicidade crônica: neurotoxicidade ao sistema nervoso central e periférico alteração sensorial, parestesia, fraqueza muscular fígado cirrose doença vascular periférica doenças de pele – despigmentação e hiperpigmentação Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 16 Carcinogênese: Homem pele - carcinoma de células basais e célula escamosa câncer pulmonar - após 20 - 45 anos de exposição bexiga, fígado e rins – água Mecanismo: iniciador? Promotor? afeta sistema de reparo, cocarcinogênico, stress oxidativo, proliferação celular Sem evidências em animais de laboratório aberração cromossômica: in vitro e evidência epidemiológica ocupacional Efeitos teratogênicos em altas doses, em animais de laboratório Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 17 Arsênio Gorduras vegetais e hidrogenadas, Gorduras e emulsões refinadas, Bebidas alcoólicas fermentadas e fermentodestiladas, Leite fluído, pronto para o consumo = 0.1 mg/kg Açúcares, Caramelos e balas, Cereais e produtos a base de cereais, Gelados comestíveis, Ovos e produtos de ovos, Mel, Peixe e produtos de peixe, Produtos de cacau e derivados, Chá, mate, café e derivados = 1 mg/kg Portaria n º 685, de 27 de agosto de 1998 (*) Dose tolerável semanal (TMDI) = 15 g/kg peso corpóreo Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 18 Exposição ambiental e ocupacional - NR 07 • Material: urina •VR: até 10 µg/g de creatinina •IBMP: 50 µg/g de creatinina •Métodos: Espectrofotometria ultravioleta/visível ou Espectrofotometria de absorção atômica. Amostragem: Final da jornada do último dia da semana. Recomenda-se iniciar a monitorização após 6 meses de exposição. Interpretação: O indicador biológico é capaz de indicar uma exposição ambiental acima do Limite de Tolerância, mas não possui, isoladamente, significado clínico ou toxicológico próprio, ou seja, não indica doença, nem está associado a um efeito ou disfunção de qualquer sistema biológico. EE Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 19 Mercúrio elementar, inorgânico e orgânico fonte - evaporação natural da crosta terreste (25000 a 150000/ano) - atividade industrial, mineração - alimentação - peixes Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 20 Hg0 (CH3 )Hg+ (CH3)2Hg Ar • Água Hg0 Hg2+ bacterias (CH3)2Hg bacterias Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 21 Inalação vapor de mercúrio: difusão através da membrana alveolar • liposolúvel afinidade por glóbulos vermelhos e SNC oxidação t1/2 ~ 35-90 dias limite permissível de exposição: • local de trabalho 0.05 mg/m3 • população em geral: 0.015 mg/m3 Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 22 Ingestão metálico apenas 0.01% absorvido inorgânico 7% absorção armazenado nos rins t1/2 ~ 40 dias orgânico 90 - 95% absorção biotransformado a inorgânico armazenado no fígado e cérebro t1/2 ~ 70 dias limite permissível de exposição: 0,01 mg/m3 excretado na urina e fezes Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 23 Mecanismo de toxicidade alta afinidade por grupos sulfidrilas em enzimas e proteínas vapor: aguda bronquite corrosiva e peneumonite intersticial SNC crônica SNC excitabilidade, tremor e gengivite, comportamento sais inorgânicos: HgCl2 nefropatia Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 24 metil mercúrio ingestão de peixe contaminado alta toxicidade neurotóxico migração neuronal anormal interage com DNA e RNA do feto comprometimento do desenvolvimento cerebral retardamento psicomotor genotóxico Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 25 Mercúrio Peixes e produtos da pesca (exceto predadores = 0,5 mg/kg Peixes predadores = 1 mg/kg Portaria n º 685, de 27 de agosto de 1998 Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 26 Menor nível de efeito adverso observado adultos - 4,3 g/dia/kg peso corpóreo gestantes – 0,8 – 1,7 g/dia/kg peso corpóreo OUTROS METAIS Cromo: Cr 3+ - mais comum Cr 6+ - mais tóxico • essencial • carcinogênico Níquel: carcinogênico, dermatite Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 27 Metais utilizados em terapia: Alumínio: hidróxido, antiácido - exposição de pacientes de hemodiálise - síndrome fatal neurológica - relacionado com doença de Alzheimer Bismuto: diarréia, doenças gastrintestinais, malária, úlcera • nefrotóxico Lítio: carbonato, tratamento de depressão •nefrotóxico, altera os sistemas cardiovascular e nervoso Antimônio: leishimaniose – antimoniato de N-metil glucamina - alterações na função cardíaca Prof. Eloisa Dutra Caldas - FAR/ UnB 28