ENTENDIMENTO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DE IJUÍ EM RELAÇÃO À DISCIPLINA DE FÍSICA¹ Jamile Vieira Goi² Resumo: Diante do cenário atual do ensino de física nas escolas, este trabalho visa apresentar algumas concepções que fundamentam o pensar dos alunos em relação a disciplina de física em sala de aula. A partir de um estudo de caso, com estudantes do ensino médio de duas escolas pública do município de Ijuí, foram analisadas as suas opiniões, ideias, mudanças para o ensino de física. Os resultados foram surpreendentes e servirão de base para uma proposta metodológica que auxilie de forma significativa o ensino de física. Palavras chaves: Concepções, ensino de física, visão dos alunos. Introdução Basta conversar com alguns professores e alunos para notar que a Física é considerada uma das disciplinas mais complexas do Ensino Médio, a qual muitos alunos evitariam se pudessem. A confirmação deste fato pode estar no excessivo número de alunos reprovados no final de cada semestre ou ano letivo. Este fato, não é exclusivo de alunos do Ensino Médio, em nível universitário a situação não é diferente. Mesmo nos cursos ligados diretamente a Física, como é o caso da Engenharia há um grande número de reprovações a cada final de semestre. Pesquisas realizadas por Filho et al. (2011) sobre o desempenho dos alunos ingressantes de uma turma do curso de Física da Universidade de São Carlos, por um grupo de estudantes, mostraram que, ao final do semestre, 23,3% dos alunos foram desligados do Curso por não terem conseguido aprovação em pelo menos quatro créditos. Este quadro está relacionado, principalmente a má formação decorrente do Ensino Médio, em que os alunos não se apropriaram dos conceitos de Física. No Brasil, o ensino da física, enquanto disciplina específica inicia no primeiro ano do ensino médio. Tradicionalmente, o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos da disciplina de física em todos os níveis escolares é considerado complexo e difícil, sendo vista como uma das matérias que os alunos, em sua maioria, mais sentem dificuldades e mais detestam, mas por qual motivo isto acontece? Seria pela má formação dos professores? Pela falta de interesse dos alunos? Pela forma com que são conduzidas as aulas? ______________________________ 1 Este artigo foi elaborado para o Componente Curricular Prática de Ensino s/f de Estágio Supervisionado V: Trabalho de Sistematização de Curso em Física – Licenciatura da UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. ²Acadêmica do Curso de Física – Licenciatura da UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. 1 É de conhecimento geral que em muitas escolas, os estudantes cursam a disciplina de uma maneira totalmente teórica, onde o professor apresenta aulas em quadro negro e giz, sem relacionar com situações reais, cotidianas, as quais facilitariam os seus entendimentos sobre o conteúdo em estudo. Para muitos alunos, a física não passa de um conjunto de códigos e fórmulas matemáticas a serem memorizadas, e de estudos de situações que, na maioria das vezes, estão totalmente alheias as suas experiências cotidianas, em geral, estes alunos não conseguem fazer uma conexão entre a física aprendida e o mundo ao seu redor, ou seja, não conseguem relacionar conceito e contexto. Não entendem o porquê da sua inserção no currículo escolar e qual a sua função na sociedade, questionando-se, por exemplo, qual a importância do estudo da termodinâmica, em sua vida? A presença do conhecimento de Física na escola ganhou um novo sentido a partir das diretrizes apresentadas nos PCN`s, onde eles nos trazem uma “visão da Física voltada para a formação de um cidadão contemporâneo, atuante e solidário, com instrumentos para compreender, intervir e participar na realidade” (BRASIL, 2002, p.59). Desta forma, o professor deve repensar o seu modo de agir e rever alguns conceitos em suas aulas, para tentar envolver os alunos, fazendo com que os mesmos comecem a olhar a Física, não apenas pelas definições de hidrostática, eletromagnetismos, etc., mas sim pela sua importância e aplicação na produção da energia elétrica, no uso de raio laser, no simples ato de andar de bicicleta, etc. Em alguns estudos pesquisados, percebemos que a abordagem em relação à concepção dos alunos sobre o ensino de Física pode ser mostrada a partir do que propõem Ricardo e Freire (2007) ao realizar um estudo exploratório. Através da análise dos questionários, os pesquisadores apontam o Ensino Médio como o nível escolar onde os alunos mais sentem a pressão social, já que sua conclusão coincide com a idade que estarão ingressando no mercado de trabalho ou dando prosseguimento aos seus estudos. Assim a quantidade de conteúdos é mais importante que a qualidade. Segundo os autores ficou bem claro em suas pesquisas que 55,5% dos alunos não gostam da disciplina de Física, e 64,5% a relacionam diretamente a cálculos, a matemática pura, evidenciando assim, que os alunos tiveram acesso a um ensino demasiadamente preso a matematização e a aplicação de fórmulas. Destacando algumas entre as causas para explicar as dificuldades na aprendizagem de Física, Nonenmacher e Bonadiman( 2007) apontam como principais, a pouca valorização do professor, a ausência da Física Moderna no Ensino Médio, a extensa relação entre a Física e a Matemática, a pouca relação com o cotidiano do aluno e com a parte dinâmica, ou seja, experimental dos conteúdos. E propõem algumas possíveis alternativas para mudar tal cenário, como a confecção de equipamentos experimentais e a utilização dos mesmos em sala 2 de aula, nos colocando que a Física ensinada deve ser para a vida, ou seja, fundamentada e essencialmente relacionada com a existência dos alunos. Moraes (2009), também, mostra em sua pesquisa realizada com alunos da escola pública e particular da cidade de Aracaju, estado de Sergipe, que a maioria dos alunos consideram a Física uma disciplina difícil de ser entendida e compreendida, pelo fato das interpretações e dos cálculos. Mostrando assim que: [...] a Física ensinada em sala de aula ainda é voltada para os aspectos matemáticos. Isto mostra um erro grave cometido por alguns professores de física e que também está claramente abordado nos próprios livros didáticos. A partir de então, é que muitas vezes alguns alunos confundem a física com a matemática ou então não conseguem entender qual o papel da matemática na física (MORAES, 2009, p. 6). Frente a este cenário de desprendimento, este trabalho tem por objetivo levar em consideração o pensamento e as concepções dos alunos sobre o contexto de tal Componente Curricular nas instituições de ensino, para assim auxiliar no fazer pedagógico dos atuais e futuros educadores que enfrentaram esta preocupante situação em suas aulas. Aspectos Metodológicos A pesquisa se caracteriza como um estudo de caso, do tipo quantitativo e qualitativo, realizada com 93 alunos do ensino médio, de duas escolas públicas de Ijuí, a fim de coletar dados e informações acerca das concepções dos alunos sobre o ensino de física. O instrumento utilizado para coleta dos materiais foi o questionário aberto, o qual proporcionou ao aluno uma maior liberdade de resposta, podendo colocar e destacar a sua opinião acerca do assunto, pois de acordo com Amaro, Povoa e Macedo (2004/2005, p.3). Um questionário é extremamente útil quando um investigador pretende recolher informação sobre um determinado tema. Deste modo, através da aplicação de um questionário a um público-alvo constituído, por exemplo, de alunos, é possível recolher informações que permitam conhecer melhor as suas lacunas, bem como melhorar as metodologias de ensino podendo, deste modo, individualizar o ensino quando necessário. O questionário (anexo1) é composto por dez questões descritivas de respostas abertas, permitindo ao estudante construir as respostas com suas próprias palavras, já que o mesmo não pedia identificação do entrevistado. Os questionários foram elaborados e posteriormente aplicados pelos professores das turmas, durante as suas aulas. Após recolhimento destes, procedeu-se com análise dos mesmos, separando-se os dados, por meio de quadros, tabelas e gráficos cada um correspondendo a uma questão colocada nos questionários. Em relação às questões de ordem 3 qualitativa, foi feita uma análise de conteúdo, procurando salientar os aspectos mais relevantes, por vezes transcrevendo algumas respostas. Análise dos Dados A caracterização e as opiniões dos alunos foram fundamentais para a realização dessa pesquisa, os dados obtidos recebem aqui um tratamento qualitativo e o enfoque estatístico, pode reforçar alguns pontos que merecem destaque para melhor caracterizar o público alvo. Em relação à idade dos respondentes (questão 1 do questionário) a distribuição é mostrada na tabela seguinte. Idade 40 Número de Alunos 35 34 30 25 19 20 14 15 5 10 9 10 3 0 14 - 15 16 - 17 18 - 19 Tab.1- Faixa etária dos alunos Pode-se observar que a faixa etária que predomina é dos 16 á 17 anos o que corresponde normalmente aos alunos do ensino médio. Em relação ao sexo, questão 2 do questionário, a tabela a seguir (tab.2) mostra a distribuição. Diante disso, percebemos uma pequena predominância do sexo masculino, isso pode ser explicado uma vez que uma das escolas respondentes possui um curso técnico em que predomina o sexo masculino. 4 Sexo 60 54 Número de Alunos 50 39 40 30 20 10 0 Meninos Meninas Tab.2- Distribuição dos alunos por sexo Quanto da distribuição dos alunos por série, questão 3 do questionário, há uma predominância de alunos do terceiro ano do ensino médio. Tal fato pode ser explicado pelo fato da aplicação do questionário ficar a critério dos professores. Série 45 42 40 Número de Alunos 35 30 29 25 22 20 15 10 5 0 1° ano 2° ano 3° ano Tab3- Série que os alunos frequentam Quando perguntados se já tinham reprovados em alguma série (questão 4 do questionário) os dados são bastantes reveladores, conforme indica a tabela 4. 5 Número de Alunos Reprovações nas disciplinas 30 25 20 15 10 5 0 27 18 17 16 15 10 8 8 8 3 Tab.4- Reprovações Como pode-se perceber as disciplinas de exatas são as que os alunos mais reprovam, acompanhadas de português, talvez por que exigem mais raciocínio lógico e atenção por parte dos alunos. Estes resultados confirmam os dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), o Rio Grande do Sul desponta no ranking de reprovações, em uma situação bem mais alarmante do que a média nacional, em que 20,7% dos alunos cursaram em 2011, a mesma série cursada em 2010. Esta é uma situação preocupante, pois dentre os 93 alunos questionados 54% deles já reprovaram durante sua caminhada escolar. Sendo que dos 46% (43 alunos) que não reprovaram 52% (22 entrevistados) deles já realizaram prova de recuperações nas mais diversas áreas de conhecimento. Tais índices em relação ao componente de física podem ser explicados pela grande dificuldade que os alunos têm em obter aprendizagens durante suas aulas, pois quando perguntados sobre as dificuldades em relação às aulas de Física, questão 5 do questionário a tabela a seguir trás alguns dados. 6 Em relação a disciplina de física, você apresenta algumas dificuldades? Quais? 90% 80% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 15% 20% 5% 10% 0% SIM NÃO AS VEZES Tab.5- Dificuldades nas aulas de Física A partir da análise do questionário, constatou-se que 80% dos alunos apresentam dificuldades na aprendizagem relacionadas às fórmulas, cálculos, conforme se observa em alguns exemplos: Sim eu tenho dificuldade na montagem das fórmulas, mas na minha opinião essa dificuldade é porque não sou muito boa em matemática. (Aluno 1) São muitas fórmulas e cálculos para você ou seja nós temos que guardar na cabeça, cada calculo tem uma forma e são muitos.(Aluno 2) Sim, muitas dificuldades nos cálculos.(Aluno 3) Não, gosto muito de disciplina exatas, adoro cálculos é muito melhor do que ter que escrever um monte de coisa que nem biologia, química, etc... e a física é só cálculo.(Aluno 4) Sim em aplicar fórmula e decorar elas. (Aluno 5) É impossível não fazer relação entre física e matemática em uma aula, segundo Galileu Galilei, a matemática é uma linguagem da física, ou seja, a física precisa da matemática para que possa se concretizar e apreciar verdadeiramente os conceitos físicos. Assim, uma esta ligada a outra, precisamos saber como inseri lá no momento correto, pois a grande dificuldade dos alunos é que as aulas são presas a resolução de cálculos e a aplicação de fórmulas, sem aparentemente fazer relação com o conceito físico, constituindo-se em mecanização e procedimentos, propagando-se o que se tem denominado de matematização do ensino de física, decorrente da excessiva ênfase na apropriação de conceitos matemáticos para resolver problemas de Física, sem conexão com os fenômenos físicos em estudo. 7 Os alunos já ingressam no ensino médio com certo receio da disciplina, pois ela é nova em seu currículo escolar, e a partir das primeiras aulas, já a relacionam diretamente à matemática, pela questão das tais ´´ fórmulas``, mas com um diferencial, além dos cálculos, simplificações, o que percebe-se é que o aluno não faz uma interpretação, raciocínio sobre a questão, e já parte para ´´ qual fórmula devo usar? ``. Esta visão os é corroborada pelos PCNs (1999: 229) que apontam que o Ensino de Física: “enfatiza a utilização de fórmulas, em situações artificiais, desvinculando a linguagem matemática que essas fórmulas representam de seu significado físico efetivo. Insiste na solução de exercícios repetitivos, pretendendo que o aprendizado ocorra pela automatização ou memorização e não pela construção do conhecimento através das competências adquiridas.” As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006: 54) afirmam o que foi dito pelos PCNs: “(...) Na prática é comum a resolução de problemas utilizando expressões matemáticas dos princípios físicos e ao modelo utilizado. Isso se deve em parte ao fato já mencionado de que esses problemas são de tal modo idealizados que podem ser resolvidos com a mera aplicação de fórmulas, bastando ao aluno saber qual expressão usar e substituir os dados presentes no enunciado do problema.” E prosseguem, alertando que “essas práticas não asseguram a competência investigativa,visto que não promovem a reflexão e a construção do conhecimento. Ou seja, dessa forma ensina-se mal e aprende-se pior.” Percebe-se que em nossas escolas a prática é freqüente, os alunos afirmam que ´´ a física é só cálculos``, isto nos confirma que não ha relação entre o conceito físico e o modelo matemático, o desafio apenas é lançado para o aluno resolver e se ao final ele obter um resultado numérico correto, ele aprendeu. Neste caso, nos questionamos, se há uma aprendizagem significativa, nesse processo. Ao contrário de pesquisas feitas, citadas na introdução e mesmo dando mostra das dificuldades enfrentadas por parte dos alunos, os mesmos afirmam gostar das suas aulas de Física, conforme demonstra a tabela 6 a seguir. 8 Você gosta de suas aulas de física? 100% 89% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 11% 10% 0% SIM NÃO Tab.6- Gosto pelas aulas de física É opinião praticamente unânime que o processo ensino-aprendizagem se dá de uma forma mais eficaz (significativa), quando há uma boa relação entre o professor e o aluno, e quando este tem gosto pelas aulas, ao contrário de pesquisas anteriores citadas na introdução, através dos questionários (ver tabela 6), 89 % dos alunos afirmam que gostam de suas aulas de física, devido principalmente a figura do professor, o qual tem domínio do conteúdo, paciência, conforme comentários: São boas! Sim porque a professora sabe explicar o conteúdo! Fazer mais trabalhos práticos. (Aluno 6) São boas por que afinal a professora torna as aulas mais atrativas da forma como coloca o conteúdo....... (Aluno 7) Eu gosto, a professora é bem legal tem paciência, de explicar o conteúdo de física. (Aluno 8) São ótimas, aulas bem interessante bem boa de se estudar, professora bem entendida e profissional sabe explicar....(Aluno 9) Como se percebe esta relação professor-aluno é de fundamental importância, principalmente quando o educador esta disposto a ajudar o aluno no processo de aprendizagem, observa-se que eles mantêm-se próximos de seus alunos e o acolhem as necessidades dos mesmos. Apontando assim a proximidade física como uma forma de ajudar, de transmitir segurança, diante das atividades. 9 A proximidade entre os alunos e professores, proporciona inúmeras formas de interação, como diálogos, os quais facilitam ao professor melhor conhecer o aluno, e ao aluno melhor entender o ser professor, esta proximidade foi valorizada pelos entrevistados e constitui-se uma forma de interação afetiva que encoraja os alunos a investir no seu processo de aprendizagem, fazendo com que ele perceba que é importante. Em Freire (1997): Às vezes, mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. O que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por si mesmo. Nunca me esqueço, na história já longa de minha memória, de um desses gestos de professor que na adolescência remota. Gesto cuja significação mais profunda talvez tenha passado despercebida por ele, o professor, e que teve importante influência sobre min. Estava sendo, então, um adolescente inseguro, vendo- me como um corpo anguloso e feio, percebendo-me menos capaz do que os outros, fortemente incerto de minhas possibilidades. Era muito mais mal-humorado que apaziguado com a vida. Facilmente me eriçava. Qualquer consideração feita por um colega rico da classe já me parecia o chamamento à atenção de minhas fragilidades, de minha insegurança. O professor trouxe de casa os nossos trabalhos escolares e, chamando-nos um a um, devolvia-os com o seu ajuizamento. Em certo momento me chama e, olhando ou reolhando o meu texto, sem dizer palavra, balança a cabeça numa demonstração de respeito e de consideração. O gesto do professor valeu mais do que a própria nota dez que atribuiu à minha redação. O gesto do professor me trazia uma confiança ainda obviamente desconfiada de que era possível trabalhar e produzir. De que era possível confiar em min mas que seria tão errado confiar além dos limites quanto errado estava sendo não confiar. (FREIRE, 1997, p. 48). Desta maneira, percebe-se que por meio de um reconhecimento, de um gesto, de uma palavra, pode-se fazer diferença na vida de um aluno, contribuindo significantemente para sua formação. Nestes gostar das aulas, ditos pelos alunos, alguns comentários como: ´´ são ótimas, pois o profe realiza vários exemplos, e destes mesmos ele cobra em prova, e é sem muita enrolação, é simples as explicações e objetiva para respondermos, por que os cálculos são parecidos``, trazem que muitas vezes as aulas são ás melhores, pois os alunos não preocupamse com o seu conhecimento, mas sim pela sua aprovação, e este exemplo de aula de física , faz com que o aluno não precise ter a compreensão do conteúdo, apenas decoreba de uma regra e resultado.Por isso, deve-se ter muito cuidado na interpretação desta questão, pois tem alunos que gostam das suas aulas por que o professor ajuda na compreensão do conteúdo e da realidade e tem aqueles que gostam pois não precisam pensar muito, é só copiar igual e esta concluída a aprendizagem. Neste sentido, os alunos registram algumas mudanças para suas aulas, como: nas avaliações, colocaram que precisam aprender mais antes de realizarem as mesmas, para obterem um melhor aproveitamento, outro fator, foi a matemática que envolve a física, 10 gostariam de ter apenas os conceitos físicos e não mais as ´´fórmulas``, além da compreensão dos colegas e mais trabalhos práticos, ou seja, atividades experimentais, estas fundamentais para uma aula de física, pois demonstrar o fenômeno ao toque, olhos dos alunos faz com que desperte a curiosidade e o interesse deles pelo assunto, facilitando a aprendizagem. Ao mesmo tempo em que os alunos afirmam gostar das aulas de física, destacam que sentem dificuldades, nas quais 42% dos alunos (tabela7) têm dificuldades de compreender o que é proposto em suas aulas, devido a fatores ligados, a falta de atenção, a maneira como são conduzida as aulas, grandes dificuldades na matemática. O que de certo modo acaba contribuindo cada vez mais nos altos índices de reprovações do ensino médio, citados anteriormente. A partir das aulas de física, consegue entender o que é proposto? 70% 60% 58% 50% 40% 30% 24% 18% 20% 10% 0% SIM NÃO AS VEZES Tab.7- Compreensão das aulas Ao contrário de pesquisas, nas quais trazem que os alunos não acham a disciplina de física importante e não á relacionam com o seu dia a dia, a partir da questão 8,´´ você acha que a disciplina de física é importante?``, obteve-se comentários e dados surpreendentes. 11 Você acha que a disciplina de física é importante? 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 89% SIM 5,50% 5,50% DEPENDE DA PESSOA NÃO Tab.8- Importância da disciplina de física São poucos os alunos que vêem a física como algo não significativo, pode-se dizer que 11% dos alunos entrevistados não a relacionam com o seu currículo ou dia a dia, isto já é um resultado satisfatório, pois percebe-se que os alunos conseguem fazer alguma relação com a realidade, os alunos do terceiro ano, trouxeram bastante a idéia da física na eletricidade, por ser de seu conteúdo em estudo e o que pode constatar que o educador relacionou muito bem a eletricidade com a energia elétrica, transformadores, computadores, circuitos, assuntos que são hoje de maior interesse do aluno, conforme comentários a seguir: Sim, pq entendemos situações decorrentes do dia-a-dia. (Aluno 10) Sim, pois é através dela que a luz chega até nossa casas. (Aluno 11) Sim, pois ajuda a entender a vida, nos mostra o poder da força da gravidade, intensidade elétrica, resistores, resistência elétrica, que é fundamental em nossas vidas. (Aluno 12) Sim, física é importante para tudo, luz energia. (Aluno 13) Realizar tais relações em uma sala de aula é fundamental, pois no mundo em que vivemos, as informações chegam de diversas maneiras e o professor deve criar estratégias para interligar tais fatos com os conceitos físicos, para assim tentar ajudar o aluno no aproveitamento do ano letivo. E é nesse sentido que os alunos compreendem a física (questão 9), como uma disciplina cursada no ensino médio que explica os fenômenos, usada para muitas coisas, como ´´ mover motores e fazer cálculos inimagináveis”, baseada na matemática, principalmente em cálculos. Conforme comentários: 12 Uma disciplina que estuda os fenômenos. (Aluno 14) Cálculos. (Aluno 15) Compreendo que é uma matéria que indiretamente puxa outras disciplinas como matemática e química. (Aluno 16) Eu compreendo por física: -Um carro ligado ( andando ) - Algum objeto caindo. (Aluno 17) É uma disciplina e também é o estudo de várias coisas que acontece no nosso cotidiano. (Aluno 18) Diante disso, percebe-se que esta compreensão esta ligada aos seus conteúdos em estudo, conforme colocação do professor, e diretamente interligada com a matemática, assim o que diferenciam a física de outras disciplinas (questão 10) é o conteúdo, e muitas das suas explicações para os acontecimentos do nosso dia a dia, nas mais diversas áreas, como engenharias, medicina, comunicação, etc. Considerações Ao final da pesquisa, fica claro que há grandes dificuldades na aprendizagem de física por parte dos alunos, as quais decorrentes de diversos fatores faz com que o índice de reprovação e a má formação aumentam cada vez mais. Mudanças são necessárias, mas o que fazer para mudar tal cenário? Não se trata de elaborar novos planos de ensino, de modificar os conteúdos a serem trabalhados, mas sim de avaliar a prática pedagógica e a realidade da sala de aula, analisar as opiniões e sugestões dos alunos e dar ao ensino de Física novas dimensões.Valorizando as coisas simples ao nosso redor, como a conta de luz, a imagem da televisão, juntamente com seus princípios físicos, já que durante o dia realizamos diversas atividades que dependem de certos dispositivos que envolvem em seu funcionamento, a física. Nessa tentativa de aproximar a Física escolar do mundo dos alunos e de elucidar as ações pedagógicas, os PCNs (2002) sugerem que: O desenvolvimento dos fenômenos elétricos e magnéticos, por exemplo, pode ser dirigido para a compreensão dos equipamentos elétricos que povoam nosso cotidiano, desde aqueles de uso doméstico aos geradores e motores de uso industrial, provendo competências para utilizá-los, dimensioná-los ou analisar condições de sua utilização. Dessa forma, o sentido para o estudo da eletricidade e do eletromagnetismo pode ser organizado em torno de equipamentos elétricos e telecomunicações (BRASIL,2002,p.24). 13 Dessa maneira, interligar prática e teoria é fundamental para a aprendizagem, valorizando o que de mais rico que se tem em uma sala de aula, a opinião e os questionamentos dos alunos, trabalhando de forma diferenciada da relação Física/Matemática. Uma vez que, diante das grandes mudanças tecnológicas e de informação, muitas escolas terão que mudar tais pensamentos para auxiliar na adequação de seus alunos nestas transformações, pois hoje temos uma sociedade que não se assemelha mais com a do passado, como descrito por Alonso (2003 p. 27-28): Não existem verdades absolutas, tudo é provisório, gerando incerteza; O ambiente é instável, a situação e os problemas que serão enfrentados são imprevisíveis e as soluções terão de ser encontradas rapidamente pelas pessoas, portanto, de nada valem as receitas do passado, as fórmulas já existentes; A competitividade é uma marca dessa sociedade: a disputa é muito grande, vence o melhor, o mais bem preparado, o mais ágil, o mais criativo; Não basta “saber” – o conhecimento no abstrato – é necessário que ele esteja atrelado ao “fazer”, ou seja, o conhecimento só é importante se tiver utilidade e levar ao desenvolvimento de habilidades que permitam resolver os problemas concretos; As informações estão em toda parte e são acessíveis a todos; a escola é uma sob locais. Assim, pode-se ter certeza que a Física para ser aprendida e ser “adorada” pelos alunos deve estar interligada com o cotidiano dos mesmos, as coisas materiais, não mais em fórmulas abstratas, pois as aulas ministradas apenas no quadro fazem com que os alunos percam o interesse, pois estão submetidas apenas ao copiar e transcrever para o papel, sem participar de tal aprendizagem, o que, consequentemente, faz com que tenham uma visão negativa da disciplina, lhe caracterizando de ´´chata``. Já que a partir dos dados obtidos com a pesquisa pode-se afirmar que um dos principais fatores que contribuem para a dificuldade no aprendizado e a formação da má imagem da física é a difícil linguagem matemática, que ela utiliza. Assim, os estereótipos criados para designar, a Física, faz com que, o estudante que conclui o ensino fundamental e inicia o ensino médio, já venha para suas primeiras aulas com receio da disciplina, a qual é designada como sendo uma disciplina só de cálculos, pelos próprios alunos. Para mudar esta visão, o professor precisa buscar alternativas, seja inserindo as novas tecnologias em suas aulas, com laboratórios experimentais, virtuais, etc., para conseguir resgatar a imagem da Física. 14 Referências ALONSO, Myrtes et al. Gestão educacional e tecnológica. São Paulo: Avercamp, 2003. BONADIMAN, H.; NONENMACHER, S. E. B. O gostar e o aprender no ensino de física: Uma proposta metodológica. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Universidade Federal de Santa Catarina; Centro de Ciências Físicas e Matemáticas; vol.24, nº2; Florianópolis; SC; 2007,p. 194-223. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Básico. PCN + Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais – ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília, 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à pratica educativa. 6ª Ed. São Paulo: Editora Paz e Terra S/A, 1997. FILHO,Pedro P.; BERETA,Estela M.P.; MARTINS,Felipe R.; DOS SANTOS,Fernando L. de O.; SPOSITO,Fernanda; PIOVESANA,Fernando; FERREIRA, Francini; SERRA,Kaue N.; ASSATO,Mariana M.; SIMEDAN,Matheus de S.; JUNIOR,Pedro m.; PEGORIN,Willian. Universidade de São Carlos. Desempenho no primeiro semestre dos alunos ingressos em 2011. Novembro 2011. Disponível em: www.df.ufscar.br/sites/default/files/DA_1sem2011_FisicaLicNot.pdf. Acesso em: 17 jul.2012. JÚNIOR, Gabriel D. de C.As concepções de ensino de física e a construção da cidadania. Caderno Brasileiro de Ensino de Física v.19, N0.1: p. 53-66, Abr. 2002. LIBÂNIO, J.C. Didática. São Paulo, Cortez, 2006. LIMA, E. A. GAIO, D. C. FÍSICA: a importância da experimentação associada ao lúdico. Cuiabá, 2009 MORAES, José U. P. A visão dos alunos sobre o ensino de física: um estudo de caso.v.5, N°11, Disponível em :http://www.scientiaplena.org.br/sp_v5_114401.pdf. Acesso em: 25 jul.2012 RICARDO,Elio C.; FREIRE, Janaína C.A. A concepção dos alunos sobre a física do ensino médio: um estudo exploratório.Rev. Bras. Ensino Fís.São Paulo, vol.29, n.2, p. 251-266, 2007. RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Sul. Referencial Curricular - Lições do Rio Grande: Ciências da Natureza. Porto Alegre, 2009. 15 ANEXOS Anexo 1 UNIJUI - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DCEEng – Departamento de Ciências Exatas e Engenharia Acadêmica: Jamile Goi Curso: Física– Licenciatura – UNIJUÍ Caro (a) Aluno (a), Estou realizando uma pesquisa que enfoca os entendimentos dos alunos sobre o ensino de física e gostaria de contar com a sua colaboração para responder este questionário. A sua colaboração será muito importante para o êxito do trabalho de pesquisa que estou realizando. Saliento que, preservarei a sua identidade. Agradeço a sua colaboração. 1. Qual a sua idade?____________________ 2. Sexo:________________________________ 3. Qual série/ano do Ensino Médio que você freqüenta?________________________ 4. Você já reprovou em alguma série ou realizou prova de recuperação? Em qual disciplina?__________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 5. Em relação à disciplina de Física, você apresenta algumas dificuldades? Quais?______________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ____________________________________________________________ 6. Como são as aulas de Física na sua Escola? Você gosta dessas aulas? Por quê? o que mudaria nessas aulas? ___________________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 16 7. A partir das aulas de Física, consegue entender o que é proposto? ___________________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 8. Você acha que a disciplina de Física é importante? Para quê? Justifique. ___________________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 9. O que você compreende como física? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________ 10. Qual a diferença da disciplina de física para as outras disciplinas? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 17