som eletrônico usando equalização e gravou
em tracks diferentes para a possibilidade
de ter mais bumbo ou mais caixa conforme
necessário. Além da bateria Roland,
gravamos o baixo com o Korg do Dave e
depois o som de piano foi algo que eu criei
no Synclavier, junto com crescendos de
orquestra e o longo som de metais no meio
do single de 12 polegadas que precede a
transição para ‘Where Did Our Love Go’.
“Incluir o cover da dupla para uma
canção dos Supremes foi ideia de Marc e
Dave. O conceito geral do single foi deles, e
aquele medley no meio do track realmente
surgiu do fato de ambos terem sido DJs.
Quando eles se juntaram e começaram a
fazer seus shows, isso foi uma consequência
natural e foi ótimo. Mas criar aquele som
de metais também foi divertido. Sabíamos
que o prolongamento funcionava em toda a
canção, mas não sabíamos muito bem para
onde ele iria. Existia uma fita de controle de
pitch na frente do Dave, então simplesmente
pedimos para ele diminuir gradualmente.
Ele diminuiu bem lentamente e eu o avisei
quando a canção seguinte começou.”
Acertando com um take
Enquanto isso, nenhuma instrução
semelhante foi necessária para a voz
principal de Marc Almond.
“Quando ainda estávamos tentando
acertar o som, Marc fez um rápido ensaio e
foi sorte termos gravado, porque foi o take
que acabamos usando,” diz Thorne. “Ele
cantou com dedicação e o que você ouve
é um take completo. O compressor estava
acelerado - eu e Paul olhamos assustados
para o aparelho e ele estava prestes a fazer
algumas alterações, mas eu disse ‘Não, ele
está se saindo muito bem’. Então deixamos
assim. Provavelmente, a compressão não
ficaria muito diferente do que faríamos
na mixagem, mas, felizmente, a voz ficou
muito bem gravada, graças à gravação
bastante comprimida. Normalmente, você
comprimia um pouco na gravação e depois
comprimia só mais um pouco para combinar
“Boa parte dos melhores vocais de Marc foi
capturado no primeiro take. Ele tinha uma
maneira bem singular e espontânea de gravar.”
na mixagem, mas, neste caso, Paul acertou,
acidentalmente ou por causa de um bom
controle, ou as duas coisas.
“Depois, Marc gravou cerca de cinco
takes de ‘Tainted Love’, mas, quando
voltamos à passagem de som, percebemos
que nenhum deles capturava a energia ou
a espontaneidade do ensaio original. Nós
o gravamos com um [Neumann] U87 e um
plate EMT, com uma meia-calça esticada
em um cabide como filtro de pop. Eu e Paul
experimentávamos vários microfones em
diferentes artistas. Uma vez, até usamos
um microfone direcional da Sennheiser
em algumas sessões do Wire e, como
Paul descreveu, existia tanta presença que
parecia interno. Entretanto, naquela época,
normalmente usávamos um 87.
“Boa parte dos melhores vocais de Marc
foi capturada no primeiro take. Mais tarde,
ele comentou que achou que eu não o
pressionei muito, mas eu achei que ele não
O Synclavier
No início dos anos 1990, Mike Thorne estava
colhendo as vantagens de ter investido parte do
seu salário em equipamentos de estúdio. Em 1986,
ele construiu o seu próprio estúdio The Stereo
Society de 274m2 no bairro Greenwich Village,
complementando o seu Synclavier com um console
TAC Scorpion de 32 entradas, posteriormente
substituído por um Amek Einstein automatizado
de 80 entradas.
“O Synclavier era o melhor som de estúdio
que eu já tinha ouvido sem exceções,” ele afirma,
“então eu o usava para sequenciar e masterizar. Eu
criei algo em torno de 8000 samples neste período
e o motivo para ter ficado com o Synclavier foi
que, durante um bom tempo, eu tive um sistema
integrado com MIDI e gravação no mesmo
equipamento. Isso foi algo que o Synclavier
permitiu e eu fiquei muito feliz quando isso
aconteceu, mas, quando a empresa não se atualizou
e saiu do mercado, o meu sistema foi ficando cada
vez mais complicado.
“Em um momento, eu usava o Logic e dependia
precisava sofrer em nome da sua arte. Ele
tinha uma maneira de entregar um enorme
e espontâneo vocal principal com o qual
ele não podia argumentar. Então eu podia
fazê-lo cantar mais alguns takes e usá-los
para corrigir erros ou coisas fora do tom aqui
e ali, mas normalmente existia um take que
servia como a base principal.”
Em sua autobiografia de 1999, Tainted
do Synclavier para MIDI. Aí, há uns cinco anos,
o Pro Tools otimizou seu recurso de MIDI e ele
realmente soou ótimo, então eu passei a usar um
sistema totalmente com Pro Tools. Agora ele é bem
grande, mas eu ainda tenho o Synclavier, não só
pela sua biblioteca de sons, mas também porque
ele é um sintetizador clássico com os seus próprios
sons. Eu posso ter 16 sons individuais distribuídos
em 16 saídas individuais e controlar todos eles com
o sequenciador do Pro Tools.
“Atualmente, eu tenho dois grandes
Macintoshes – um deles com Pro Tools – e
existe um total de seis interfaces de áudio com os
habituais elementos de sincronização e MIDI.
Outro computador é o front end de um sistema
Kyma e eu estou envergonhado em dizer que não
o uso muito, mas eu adoro este setup e, tendo
seguido o caminho comercial, agora eu fico
satisfeito em usá-lo apenas como um estúdio de
projetos para os meus álbuns e para os álbuns que
lançamos pelo selo Stereo Society, de artistas que
variam de Johnny Reinhard a Lene Lovich.”
Life, Marc Almond escreveu que, além de
cantar, sua outra contribuição principal para
‘Tainted Love’ foi sugerir que ela começasse
com o imediatamente reconhecível som
‘bink bink’ que aparece em todo o track.
“Um ruído parecido com uma caixa foi
modificado com uma distinta linha de delay
– o Delta Labs DL4 – para criar aquele efeito
ressonante metálico,” Thorne explica. “Marc
sempre foi uma pessoa bastante influente.
Ele compreendia sua música. Ele não é
apenas um cantor, é um músico.”
Mediasound
Tudo isso foi oportuno para Mike Thorne, já
que ele estava trabalhando simultaneamente
com dois conjuntos de artistas em álbuns
diferentes.
“Eu estava produzindo ‘Tainted Love’
junto com ‘Marilyn Dreams’, o segundo
single da B-Movie”, ele explica. “Apesar
de estar constantemente trabalhando 14
horas ou mais por dia, eu achava que era
importante para os dois grupos descansar
um pouco e ter alguma perspectiva
para avaliar as coisas. Então, embora
‘Tainted Love’ tenha sido gravada em
aproximadamente um dia e meio, este
período foi dividido em um total de três
dias, antes de então passarmos outro
longo dia mixando o track. Paul Hardiman
configurou tudo antes de eu chegar ao
estúdio e aí eu comecei. Tínhamos um track
de nove minutos e uma longa versão de dub
para fazer [‘Tainted Dub’] e terminamos às
três ou quatro horas da madrugada.”
A versão de sete polegadas ficou com
uma duração de apenas dois minutos e
meio, e foi esta gravação do Advision
que posteriormente Mike Thorne remixou
com o engenheiro Harvey Goldberg no
Mediasound em New York, para que
depois ela fosse encaixada na versão de 12
polegadas.
“Em vez de distribuir os sons para direita
w w w . s o u n d o n s o u n d . c o m . b r / Abril 2012
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O Synclavier “Boa parte dos melhores vocais de Marc foi capturado